Distopias precisam existir como manifesto do que podemos evitar que aconteça. Por isso tenho predileção por séries como Black Mirror e romances como Não me abandone jamais, em que futuros distópicos ou versões alternativas da nossa realidade são colocadas em prática e tudo parece extremo.
O conto da aia foi escrito por Magaret Atwood em 1984. Tem formato de diário e narra as memórias de Offred: uma mulher norte-americana, por volta dos trinta anos, que vive como prisioneira de um governo ditatorial-teocrático que se instalou após a queda do Congresso, da Constituição e do presidente. Na denominada "república de Gilead", mulheres são as primeiras a perderem seus direitos, porém, elas são valiosas: com a toxicidade do ambiente que provocou a diminuição populacional, ter filhos torna-se o principal projeto de Gilead para a manutenção da humanidade. Mulheres férteis são selecionadas, confinadas e instruídas como aias, e sua função social consiste em gerar bebês saudáveis para os comandantes dessa ditadura e suas esposas.
Em 2017, o livro tornou-se uma série televisiva de sucesso, que recomendo muito para mulheres, mas principalmente aos homens, se tiverem estômago para assistir.
Há um capítulo, que a série soube adaptar muito bem, em que a protagonista percebe como seus direitos básicos lhe foram arrancados da noite para o dia: ela sai para comprar cigarros e a mulher que sempre lhe atende não está lá. No lugar dela, um rapaz. O cartão não passa e, mais tarde, depois de ser demitida junto com todas as mulheres da empresa, ela descobre que todo o seu dinheiro agora pertence ao marido, essa é a nova lei.
O conto da aia é o livro que eu escolheria para salvar do fogo e proteger como se fosse minha vida, caso um dia seja necessário. É exemplo de tudo que não queremos contra as mulheres, mas pode acontecer. A qualquer tempo, em qualquer sociedade. Atwood foi genial nessa história, tão breve e com mais lacunas do que detalhes, o que só aumenta o pânico e o encantamento.
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Julian Barnes, no livro "O sentido de um fim". tradução Léa Viveiros de Castro. Rocco, 2019 https://www.instagram.com/p/B-3aH12JDyZ/?igshid=1e8u4aq2c0gms
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Rudimentos. Citações 012. Livro Amor Towles. "Regras de cortesia". Trad. Léa Viveiros de Castro
"Em recepções formais, tornara-se de certa forma aceitável, até mesmo elegante, ficar bêbado antes das oito. (...) Nos anos 1950, (...) a Europa tinha se tornado um primo pobre - só brasões, porém nenhum serviço de jantar." ~ Amor Towles ("Regras de cortesia", p. 9)
Referência:
Amor Towles. "Regras de cortesia". Trad. Léa Viveiros de Castro. Rio: Rocco, 2012. ISBN: 978-85-325-2795-0
No site da editora: <https://www.rocco.com.br/livro/?cod=1072> Acessado em 14/07/2020 13:30
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