Tumgik
Text
Fôlego,
Quem quer concluir a obra de um só, logo fica sem,
Entre um passo e outro é necessário dar folga, para si mesmo, folegar
Parar é perceber, enxergar, ouvir, sentir, tocar, cheirar, modificar as emoções geradas pelo espaço anterior que os pés estavam agorinha mesmo a tocar...
É folegando, dando uma folga, que adquirimos o sopro, o espírito e daí recebemos o ânimo, essa coisa que anima, que eleva o estado de humor,
Que transforma a estrutura, as conexões, as aferencias e eferencias nervosas, e tão logo o comportamento, a expressão, o toque, a fala, os modos, antes desorganizados, depois refinados, sofisticados
Ganhar fôlego, é preciso respirar, puxar o ar, inundar-se do gás de vida, sim, ter gás, ter energia para gastar... quase sempre quem aspira muito e muito disso necessita, possui grande alma, cheia de espírito, precisa de muito sopro, de muitas pausas, de muitos ares, de muito fôlego...
Quem respira muito vive mais, tem mais vida, quando o corpo para de respirar, de inspirar e de expirar, de folgar, de folegar, de se inspirar, de se conectar, de se perceber, ele abandona a vida, a consciência de si mesmo, morre,
Deixa de existir quando para de se perceber, sem fôlego de vida, apenas pó da terra,
Pó da terra, sopro de vida, receita da criação
Para atingir perfeição, respiração.
Não é sobre ter fôlego para chegar a um lugar e estacionar, é sobre estar presente em vários lugares, em diversos espaços, em diferentes dimensões, em vários espectros de ações, de cores, de afetos adeptos de múltiplas sensações,
Viver é construção, entre um bloco e outro de manifestação, pausa para respiração, quando não para, pira... a roda gira, a homeostase vira, diminui a saturação, agita a contração do cardíaco, o corpo estressa, esquenta, ta que nao se aguenta, começa a desfazer-se, a consciência diminui mais do que pode, do que deve, entuba, ventila, parada cardíaca, massageia, não ressuscita, não suscita de novo, não volta mais, foi forçado parado, declara a hora da partida, pra nova vida.
3 notes · View notes
Text
Hoje eu me encontrei,
Comigo mesmo e depois e ao mesmo tempo com meu pai Oxóssi, primeiro ouvi o barulho do vento tocando tambor nas folhagens, senti sua preciosa presença guerreira, ele esperou, ficou de espreita, porque meu pai é caçador, de miséria de alma! Me observou, mandou sinais sutis, mandou os outros caboclos primeiro pra meu eu sentir, eles se ajoelharam, apoiados no arco, ficaram em posição, o alvo da flecha, a cura no veneno da ponta.
Sob seus olhares e sua proteção, me encontrei, desatei, busquei o sopro, me percebi, orei, pedi e recebi.
Ele não desce, tive que subir, quando o vi, me assustei, era diferente do que previ, enxerguei um ser azul, tão preto que chegava a reluzir, me coloquei de joelhos, fechei os olhos, recebi, era Hare Krishna quem me coroava, me deu a pena do pavão pra usar na cabeça e me disse que era ela que me guiava. Quando voltei, pensei, todos os caboclos em minha companhia.
0 notes
Text
Hoje eu só queria me encontrar no seu abraço, deixar - me caído, em pedaços, me entregar aos seus cuidados, me permitir ser fraco, mais uma vez. Já estou muito cansado, de pensar tão pesado, de querer sempre mais sem nunca ser devidamente recompensado... Talvez este seja o traço errado do meu pensamento, crer que algum dia haverá recompensar, ré - com o - pensar, dar retorno ao pensamento, esta é a única premiação, como tenho me presenteado? Tantas expectativas frustradas, sonhos tomados, serei capaz de me reformar para alcançar seu estado de graça?! Nem mesmo nisso gostaria de expectar, quero apenas me fechar, por um instante, derramar, transbordar e pelo menos de relance vislumbra-lo.Quando conseguirei alcança-lo, de fato?
0 notes
Text
Escrevo, porque escrevo e quando ex crê vó eu também excreto minha alma diz amarra, não deixo mais ser escrava. É pelo dom da palavra que a desfaço e tiro no laço o cravo que crivo daquilo que me prega, caio lacaio nas letras e na fala, coloco em placa, o ritmo daquilo que é sagrado e assim não paro, não paro de viver, quando sopro meu espírito ao mundo eu não só me do-ou ou perco, o ganho como o faço e desfaço, mas eu não disfarço, refaço, as vezes rechaço, tiro a corrente dos pés, des-amargo, desamarro. A palavra que recebo mal dita, dito ao contrário, pelo outro lado me refaço e não disfarço. Abro, o meu cor ação, minha mão se ergue, mas não, não para bater ou re-bater e sim para receber e ceder a unção, re-sebo mostrar para mim, assim, como mesmo posso viver!
1 note · View note