Tumgik
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24/12.
Tudo que Mark disse na noite anterior permaneceu atormentando seus pensamentos no decorrer do dia seguinte. Era véspera de Natal, e haviam milhares de coisas para se fazer em seu estabelecimento, além de você estar responsável pela fala de encerramento do ciclo de palestras coordenado por sua mãe no centro de reuniões do Queens.
Todo o bairro estava lá reunido naquela fria manhã em Nova Iorque, incluindo Mark, que estava hospedado em um hostel há alguns metros de distância de seu prédio. Quando seu nome foi anunciado no microfone por sua irmã, você foi ovacionada por uma salva de palmas quase infinita enquanto se dirigia ao púlpito de metal. Suas mãos tremiam, em parte pelo frio e em parte pelo nervosismo, mas você respirou fundo e sorriu ao ver seus amigos próximos e Mark na primeira fileira do auditório.
— Primeiramente, eu quero agradecer a todos que estão aqui hoje. A presença de cada um de vocês aqui é muito importante e significativa, e eu não digo isso apenas por sermos uma comunidade, mas por termos laços mais fortes do que isso. Há 10 anos, nós estávamos encarando uma véspera de Natal bem diferente, com 80% da população nova-iorquina sem ter o que comer; mas nós nos unimos e fomos à luta pela nossa segurança e autonomia alimentar, e vejam só tudo o que conquistamos nos últimos anos. Hoje, temos a oportunidade de comemorarmos juntos um novo momento em nossas vidas, e a nossa sobrevivência em mais um ano que está terminando. Não irei me estender muito, mas quero que saibam que sinto muito orgulho de cada um de vocês que está aqui hoje, e agradeço imensamente pela confiança em meu trabalho. Assim, declaro encerrada com sucesso a 9ª Conferência de Segurança Alimentar do distrito do Queens. Muito obrigada!
Uma nova onda infinita de palmas tomou conta do ambiente ao final de sua fala, e ao olhar para a primeira fileira, seus amigos próximos e sua família pareciam radiantes de felicidade. Aquela cena tornou-se um momento de conforto para o resto da sua vida.
Com o final do evento, sua mãe e sua irmã vieram ao seu encontro e te abraçaram.
— Estamos tão orgulhosas de você, Y/N! — elas disseram em uníssono, e você só conseguia sorrir em resposta.
— E agora vamos para a próxima etapa de hoje: a ceia. — Taeyong disse, segurando uma de suas mãos de repente. — Está preparada, Y/N?
— Eu sempre estou, T.Y.
Você e Taeyong também se conheciam desde crianças, e junto à Mark, eram um trio inseparável e considerado brilhante. Porém, devido à perseguição do governo contra a família de Mark, ele abandonou o trio mais cedo do que gostaria, e desde então você e Taeyong acabaram se aproximando ainda mais. Ele, além de ser seu braço direito na revolução alimentar, também era influente no ramo alimentício em toda New York. Assim, nos últimos 9 anos, vocês eram os principais responsáveis por coordenar os preparativos da ceia de Natal compartilhada.
— Y/N, Mark também quer nos ajudar. O que podemos passar para ele fazer? — Doyoung perguntou, aparecendo ao seu lado acompanhado por Mark.
— Um ajudante a mais é sempre muito bem-vindo. — você respondeu, e Mark sorriu desajeitadamente. — Bom, precisamos terminar de separar as doações para começarmos a preparar tudo. Mark, você pode ajudar Chenle, Doyoung e Jungwoo com isso, por favor?
— Claro, com certeza.
— Enquanto isso, Taeyong e eu iremos começar os preparativos da ceia na cozinha do café. Quando estiverem prontos, é só levarem tudo para lá.
— Combinado. — Jungwoo e Chenle responderam, e você assentiu.
Vocês todos foram caminhando até o seu estabelecimento, onde o preparo da ceia compartilhada era realizada há 9 anos. Devido ao fato de muitas pessoas serem atendidas por essa iniciativa, era necessário iniciar os preparativos no dia anterior ao dia 25 de dezembro.
Assim, Mark foi auxiliar na colheita dos alimentos na horta comunitária junto de Chenle, Doyoung, Jungwoo, sua mãe e sua irmã, enquanto você comandava sua cozinha com o auxílio de seus fiéis companheiros Taeyong e Ten (um amigo da época do ensino médio). Pelo menos metade da população do Queens auxiliava na preparação direta da ceia natalina, enquanto os demais se responsabilizavam pela decoração do Centro de Reuniões do distrito. O trabalho em equipe era indispensável naquele momento, e felizmente todos cooperavam bastante.
— Então Mark Lee está de volta à cidade…quem diria, não é mesmo? — Ten comentou em determinado momento, e você assentiu enquanto cortava rodelas finas de cenoura.
— É muito bom tê-lo de volta. Ele fez muita falta, não é Y/N? — Taeyong perguntou, se dirigindo à você.
— Sim, é verdade. E ele também parece feliz por estar de volta.
— Y/N, devemos incluí-lo no amigo secreto, não? — Renjun perguntou, se aproximando de repente da bancada em que você estava. Ele era uma de suas amizades cultivadas na universidade, assim como Ten.
— Ah, bem lembrado! Claro, por favor o inclua no sorteio que iremos fazer mais tarde, Jun.
— Seria engraçado se você e ele fossem o amigo secreto um do outro. — Chenle disse, chegando de repente com uma caixa de madeira repleta de tomates recém-colhidos. — Inclusive, devo dizer que ele está se saindo muito bem na hora, Y/N. Ele realmente voltou com tudo!
— Obrigada pelos tomates, Chenle. O Mark nunca brinca em serviço, vão se acostumando. — você respondeu, esboçando um leve sorriso. — Bom, mas quem sabe sobre o amigo secreto, não é? Tudo pode acontecer.
— Amigo secreto? — Mark perguntou, aparecendo junto à Doyoung, que o ajudava a carregar uma grande caixa com batatas. — Ah, droga! Eu nem preparei nada…
— Fique tranquilo, Mark. O sorteio será hoje ainda, e a intenção é que seja um presente simples mesmo. — Doyoung respondeu, e você assentiu.
— O que vale nesse processo é a intenção. — Taeyong respondeu, e de repente sua voz parecia desanimada.
— Y/N, a horta é incrível! E você tem um ótimo espaço para troca de livros também…esse lugar é inacreditável. — Mark comentou, enquanto transferia as batatas para grandes bacias metálicas.
— Que bom que está gostando! Fazemos tudo com amor e dedicação por aqui, você deve estar percebendo pelo empenho do pessoal. — você respondeu, e ele assentiu. — E obrigada pelas batatas. Estão ótimas para o que iremos preparar.
Ao final da tarde, o tão esperado sorteio do amigo secreto aconteceu, liderado por suas vizinhas e amigas Kazuha e Jennifer. A troca dos presentes seria realizada no dia seguinte, antes da ceia de Natal, e a toda a comunidade parecia satisfeita com quem haviam sorteado para si.
— Y/N! — Jennifer gritou, e você se virou na direção dela. — Mark estava procurando por você. Vocês já se falaram?
— Hum, ainda não. Acho que nos desencontramos.
— Imaginei que isso pudesse acontecer, por isso pedi para que ele te esperasse no café. — ela respondeu, mexendo nas próprias mãos com insegurança. — Espero não ter agido de forma errada…
— Não se preocupe, Jen! Você foi ótima, porque estou voltando para lá agora mesmo, inclusive. — você respondeu, e ela suspirou aliviada. — Muito obrigada! A gente se vê amanhã.
— Amiga, antes de você ir…só gostaria de te dizer uma coisa: você está se saindo muito bem, como sempre. Tenho muito orgulho de você. — ela disse, e te abraçou carinhosamente. — Agora vá! Não quero tomar mais do seu tempo.
Ao voltar para o café, que ficava há cerca de 10 minutos de distância (a pé) do galpão de mantimentos em que havia sido realizado o sorteio, a primeira pessoa com a qual você se deparou foi Mark. Ele estava auxiliando as duas funcionárias do estabelecimento a carregar caixas de alimentos para a cozinha, mas parou imediatamente quando seus olhos te encontraram.
— Y/N, que bom que você está aqui! — ele disse, caminhando até onde você estava. — Imagino que a Jennifer tenha conseguido falar com você.
— Sim, ela falou sim. Está tudo bem, Markie? — você perguntou, e ele assentiu com um sorriso.
— Droga…eu não sei bem como dizer isso sem parecer intrometido, mas como você tem tantas cópias das minhas obras aqui? — ele perguntou, indicando o sebo literário atrás de onde você estava. — Eu nem sequer sabia que haviam sido publicados aqui nos Estados Unidos.
— Na verdade, eles não foram. — você respondeu. — Mas quando eu tive acesso à elas online e em inglês, fiquei absolutamente encantada, como te contei ontem. Por isso, entrei em contato com o Yuta, seu vizinho que estava no Japão até pouco tempo atrás, e pedi ajuda para conseguir trazer as obras físicas para cá. Você sabe que ele sempre dá um jeito para tudo, não é?
— Claro, sei bem disso. — ele respondeu, rindo. — Então você realmente gostou delas…
— Claro que sim! Você ainda tinha dúvidas?
— Sim, principalmente depois de eu ter revelado quem foi minha musa inspiradora para ambas…
— Sobre isso…não se preocupe. — você disse, e ele suspirou. — Não me senti ofendida, desrespeitada ou assustada. Me surpreendeu, é claro, mas fiquei feliz por você não ter se esquecido de mim e da nossa amizade, mesmo depois de tantos anos.
— Como eu poderia esquecer você, Y/N?! — ele retrucou, parecendo estar genuinamente indignado. — Você sempre foi minha melhor amiga e sempre esteve aqui por mim. Isso é algo inesquecível e que me ajudou a querer permanecer vivo, mesmo sobre tantas ameaças de morte e perseguições, apesar de eu ter fugido buscando evitar isso.
— Havia muita gente atrás de você e da sua família onde vocês estavam?
— Infelizmente sim. Todos que eram contrários ao posicionamento científico dos meus pais estavam contra nós, e infelizmente meu irmão acabou até sendo preso durante um tempo por causa disso… — ele disse, e respirou fundo. — Mas conseguimos superar isso, graças à você e ao seu movimento tão perspicaz e bem-estruturado à favor da Ciência e dos menos favorecidos por aquele regime global desumano.
— E sua família não voltará para cá?
— Agora que tudo está mais calmo, talvez sim. Mas ainda há muitas incertezas…você sabe como famílias são complicadas.
— E como sei. — você respondeu com um sorriso forçado, e ele sorriu. — Mas de qualquer forma, obrigada. É a primeira vez que sou a musa inspiradora de alguém.
— Eu quem agradeço. Todos os dias, quando eu pensava em você e lembrava dos bons momentos que tivemos conforme fomos crescendo, eu sentia como se ainda valesse a pena permanecer vivo…permanecer lutando para parar de sobreviver e passar a viver de fato, sabe? — ele respondeu, e você assentiu. — E como consequência, você acabou passando de musa inspiradora da minha vida para inspiração por trás das minhas obras. Sempre fiquei pensando se você um dia as leria, ou se a gente se encontraria em uma cafeteria bacana para conversar sobre tudo o que aconteceu.
— E veja só onde estamos hoje. — você respondeu, e ele assentiu. — Parece que seus pensamentos se tornaram realidade! Isso é incrível, Markie. — você complementou, fazendo menção para que ele se acomodasse em uma das mesas. — Irei preparar um chocolate quente para comemorarmos tudo isso então. Espere só um instante!
"Eu poderia esperar por mais milhares de anos se fosse preciso…" Mark pensou, mas não teve coragem de dizer aquilo em voz alta. Afinal, para criar coragem para dizer tudo aquilo que ele gostaria de dizer, o tempo havia sido essencial…mas ainda havia muito à ser dito. No momento certo, com as palavras certas, da forma certa.
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23/12
Entre todas as coisas que você mais amava sobre estar viva, provavelmente a que mais fazia seu coração errar as batidas devido à emoção eram as plantas. A forma de vida mais incrível dentre toda a diversidade do planeta Terra. Você deve grande parte de tudo o que tem hoje à elas, e a gratidão pela existência delas ultrapassa barreiras tangíveis: suas duas tattoos dedicadas à plantas (uma sendo um girassol próximo à sua clavícula, e outra sendo uma pequena cenoura em seu tornozelo) e o fato de elas terem mudado sua vida para sempre através da sua profissão.
Desde criança, sua paixão pela Ciência e por compreender como tudo funciona no planeta sempre fizeram com que você fizesse questionamentos complexos demais para a maioria dos adultos, e alucinantes demais para que as outras crianças acompanhassem seu raciocínio conforme você crescia. Porém, nada disso foi capaz de te fazer desanimar de continuar. O jardim de sua avó foi seu primeiro laboratório botânico, e durante seus anos de escola, você aprimorou ainda mais seus conhecimentos sobre todas as áreas dentro da botânica, desde os processos microscópicos que acontecem dentro de cada uma delas até como era possível alimentar toda uma comunidade através do cultivo delas.
E no meio de toda essa trajetória estava Mark Lee. Seu melhor amigo desde os 5 anos de idade, ele sempre esteve ao seu lado durante sua jornada como pessoa-e-cientista, te apoiando e ajudando com o que fosse possível. E ele estava prestes à retornar a New York, depois de 10 anos sem mal se comunicar por meio de mensagens com você e todos seus demais amigos.
— Y/N! O Mark me ligou...agora há pouco...ele está chegando! — Chenle anunciou, tentando recuperar o fôlego depois de entrar de correndo em seu espaço de trabalho.
— Mas já? — você retrucou, checando o horário em seu celular. — Infelizmente estou no meio da oficina de compostagem orgânica com as crianças, Chenle. Você pode ir buscá-lo na linha Astoria da estação aqui do Queens, por favor?
— Eu iria, mas ele deve estar maluco para te ver depois de tanto tempo, então acho que as chances de ele me dar uma surra seriam bem altas. — ele respondeu, e as crianças o olharam com certa surpresa e curiosidade. — Ah, desculpem crianças. Eu posso ficar com elas, Y/N. Afinal, você já me ensinou muita coisa sobre compostagem.
— Tudo bem...mas chamarei o Doyoung para te ajudar. — você disse, e olhou para as crianças com um sorriso. — Pessoal, eu volto já. Enquanto isso, tio Chenle e tio Doyoung estarão aqui para ajudá-los. Colaborem com eles, combinado?
— Combinado, tia Y/N! — elas responderam, em uníssono.
Doyoung tomava pacificamente uma xícara de café coado enquanto conversava com Jungwoo, quando você se aproximou dos dois e prometeu um pagamento extra à ele para que ajudasse Chenle. No fim das contas, não apenas Doyoung mas também Jungwoo aceitou a proposta, e você sussurrou um "muito obrigada" aos dois antes de sair correndo pelas ruas do Queens. As pessoas te cumprimentavam rapidamente pelas ruas, e você apenas acenava rapidamente em resposta, mas todos compreendiam você muito bem: não era segredo para ninguém que você estava sempre correndo.
— Y/N, seu avental! — alguém gritou em certo ponto, quando você estava na metade do caminho.
— Ah, obrigada Victoria! — você respondeu, retirando seu avental às pressas e o segurando com força com uma das mãos.
Ao finalmente chegar à linha Astoria, sua respiração estava ofegante e suas pernas e pés doíam. Enquanto você respirava fundo, encarando o teto desgastado da estação, uma mão repousou sobre um de seus ombros, e você se virou rapidamente na defensiva.
— Sou eu! Não se preocupe, Y/N! — Mark disse, e você não conseguiu evitar sorrir ao vê-lo parado em sua frente, ainda com uma das mãos em seu ombro, enquanto a outra segurava uma grande mala preta de rodinhas.
— Mark Lee...quem diria. — você disse, o puxando para um abraço. — É tão bom te ter de volta! Temos tantas fofocas para colocar em dia...
— Posso imaginar que aconteceram muitas coisas além do que eu fiquei sabendo. — ele disse, e abriu um sorriso. — Quero saber de todos os detalhes!
— E você irá saber de tudo! Onde estão suas malas?
— Eu trouxe só o essencial. E não comprei muitas coisas enquanto estive fora.
— Isso é algo tão Mark...não sei por quê me surpreendo.
— Você meio que me influenciou muito com esses papos eco-friendly e tudo o mais...foi inevitável. — ele respondeu, e você riu. — Tem algum ônibus que passa aqui perto?
— Claro! Inclusive, ele deve passar em 5 minutos. — você respondeu, e segurou uma das mãos de Mark. — Venha comigo.
Você não pôde deixar de se surpreender com o fato de Mark achar o ônibus elétrico tão rápido e eficiente, o que rendeu uma conversa breve sobre transporte público de qualidade e suas diferenças entre o continente americano e o continente asiático. Ao desembarcarem em um ponto de ônibus próximo ao seu espaço de trabalho, você e Mark foram caminhando até chegar ao seu local de trabalho, do qual você era dona. Apesar de não seguir rótulos sobre que tipo de estabelecimento era, as pessoas se referiam ao "espaço encantado da Y/N", que abrangia uma grande horta experimental, uma floricultura e um café-sebo de livros usados.
Ao perceber que Mark havia parado na porta de entrada, você o encarou com curiosidade. Seu melhor amigo parecia absolutamente impressionado, ainda mais pelo fato de o estabelecimento ser o único nas redondezas que possuía fila para entrar, mesmo sendo bastante espaçoso. Quando saiu do transe de surpresa, ele te encarou com um sorriso largo, e você notou que seus olhos brilhavam.
— Y/N, você realmente é uma superestrela! Olhe só para tudo isso! Parece um conto de fadas.
— E é um, posso te garantir. — você respondeu, e ele riu. — Entre, vou providenciar algo para você comer. Me dê sua mala, irei guardá-la na despensa por enquanto.
Enquanto Mark revia os amigos que estavam no local (Chenle, Doyoung, Jaehyun (que havia chegado enquanto você estava fora) e Jungwoo) e tomava um smoothie de melancia acompanhado de uma fatia de bolo de baunilha, você havia voltado à oficina com as crianças, e mal podia imaginar que o principal assunto entre eles era você. Mark parecia não estar interessado em nada que não dissesse respeito à você naquele momento. Apenas com o decorrer da conversa, ele demonstrou certo interesse em outros assuntos.
— Ora ora, vejam só quem está aqui. — Jaehyun disse, quando você se aproximou da mesa em que os garotos estavam, depois de dispensar as crianças.
— Preciso que você me explique melhor essa história sobre o Prêmio Nobel depois! — Mark exclamou, e você sorriu, assentindo. — Os meninos estavam destacando os pontos mais importantes sobre os últimos ocorridos aqui no Queens.
— Bom, são 10 anos de ocorridos diversos, então vamos precisar de muito mais tempo de conversa. — Jungwoo disse, e Mark riu. — Y/N, você precisa de ajuda com mais alguma coisa?
— Não Jungwoo, muito obrigada. Ellen e Rachel já chegaram, então agora podemos dar conta do recado por aqui. E também não tenho mais aulas por hoje. — você respondeu, e encarou novos clientes que haviam chegado. — Bom, preciso ir agora. Mark, quando precisar de sua mala, pode avisar à mim ou à algum outro funcionário. Até mais, meninos!
No decorrer do dia, Mark saiu para caminhar pelo Queens com os garotos, e infelizmente você teve que recusar o convite tentador de ir junto deles e esquecer de suas responsabilidades por algum tempo. Além do movimento intenso em seu estabelecimento naquele dia, você ainda recebeu uma grande encomenda da distribuidora no final do dia que foi o suficiente para terminar de drenar sua bateria social.
— Y/N, acho que já vou pegar minhas coisas e ir para o hostel. — Mark disse quando te viu voltando à recepção, e você assentiu prontamente. — Não quero te atrapalhar, então pode apenas me indicar onde devo ir para pegar minhas coisas.
— Não se preocupe Markie, você não atrapalha. Venha comigo. — você respondeu, e ele sorriu feito um bobo ao ouvir seu apelido de infância sendo mencionado em voz alta, depois de tantos anos.
— Você combinou de jantar com os garotos essa noite? — você perguntou, enquanto ele pegava suas coisas.
— Não combinamos nada para hoje, pelo menos por enquanto...então acho que irei jantar aqui por perto mesmo.
— O que você acha de jantarmos na minha casa? — você sugere, e ele parece surpreso. — Se você não estiver muito cansado, é claro. É que minha mãe e minha irmã já estão sabendo que você está aqui, e obviamente já estão me enchendo de mensagens sobre quando você irá visitá-las.
— Você não precisa me convidar duas vezes. — ele respondeu, e você sorriu. — Não recuso a companhia de vocês por nada!
Seu estabelecimento permanecia aberto durante à noite, porém seu turno terminava junto ao entardecer. Assim, você se despediu dos demais funcionários e fez menção para que Mark te seguisse até o apartamento em que você morava com sua mãe e sua irmã mais nova, localizado na rua atrás de seu estabelecimento. Vocês conversaram sobre as lojas e restaurantes que encontravam no caminho, e Mark parecia vislumbrado com o aumento das árvores nas ruas e o trabalho e equipe comumente visto entre as pessoas do bairro.
— Boa noite, Y/N! — Louis, o porteiro de seu prédio, disse. — Temos um convidado hoje?
— Oi Louis! Sim, temos. Esse é Mark Lee, meu melhor amigo de infância. — você respondeu, apontando para Mark.
— Muito prazer, senhor. — ele disse, e Louis sorriu ao apertar sua mão.
A mente de Mark encarou uma série de déja vus nos momentos seguintes. Apesar de não ser o mesmo lugar que você e sua família moravam há anos atrás, o fato de estar te seguindo despertava em Mark o conforto e a segurança que ele não sentia há muito tempo. Pela primeira vez em 10 anos, ele se sentia em casa.
— Mãe, Julie, cheguei! — você anunciou, fechando a porta e indicando um local para Mark deixar seus pertences. — E temos visita.
— Ah, céus! Mamãe, Mark está aqui! — Julie exclamou, abraçando Mark com entusiasmo. — Como você está, Mark?
— Muito bem, Julie. Como é bom te ver! E como você está?
— Ótima, obrigada. Só muito atarefada, assim como a minha irmã. — ela respondeu, e olhou para você, que sorriu em resposta. — Parece que fazem sei lá, séculos que a gente não se vê. Se bem que eu realmente só tinha 8 anos quando você foi embora do país, então faz sentido. Venham, mamãe está na cozinha.
O apartamento das três era exatamente como Mark havia projetado em sua imaginação: a maioria das luzes eram amarelas, e criavam um ambiente aconchegante em conjunto às pequenas plantas e pinturas coloridas distribuídas pela sala e cozinha. E as moradoras daquele lugar eram exatamente assim: alegres e calorosas.
— Mark Lee! Você demorou muito para retornar, meu garoto. — sua mãe disse, em tom de reprova, e Mark sorriu. — Só não irei te abraçar ainda porque não posso deixar essas panelas desassistidas.
— Não se preocupe com isso, eu entendo perfeitamente!
— Podemos ajudar com alguma coisa, mamãe?
— Claro, Y/N. Podem terminar de arrumar a mesa, por favor querida.
Enquanto jantavam a variedade de saladas e massas que sua mãe havia preparado, a conversa fluiu de forma natural durante todo o tempo. Mark contou sobre seus estudos em Linguística na Universidade Nacional de Seul e sobre as dificuldades enfrentadas durante a mudança forçada de país. Com a proibição do contato entre os Estados Unidos e demais países, vocês haviam passado 10 anos sem trocarem sequer uma mensagem, então havia muito a se conversar.
Ao final da refeição, Mark se ofereceu para lavar a louça e você ficou junto dele para ajudá-lo com a arrumação, enquanto sua mãe e Julie contavam sobre como a rotina de vocês havia mudado durante o mesmo período do outro lado do mundo.
— Mark, você precisava ver como Y/N foi corajosa em liderar o movimento de mudança no sistema alimentar e ambiental do país! — Julie disse, e sua mãe concordou.
— Eu tive muito apoio desde o início...e foi um trabalho em equipe! — você reforçou, sentindo seu rosto corar.
— Tenho certeza de que ela só está sendo modesta. Se eu bem a conheço, ela com certeza foi uma ótima líder. — Mark retrucou, olhando para você. — Eu queria muito estar aqui para ver e ajudar...
— Não se culpe por isso, querido. — sua mãe respondeu, e abriu um sorriso. — Sabemos bem que você e sua família estavam torcendo e fazendo o possível para nos ajudar, mesmo de longe.
— Você foi de grande ajuda para ajudar o sistema de políticas anti-imigrantes a ser extinto, Markie. Graças a você, os meninos puderam voltar para o país sãos e salvos. — você disse, e ele sorriu. — Mas eu gostaria que você tivesse voltado na mesma época que eles. O que aconteceu para você ter demorado tanto?
— Eu...tive algumas questões para resolver que me tomaram mais tempo do que eu gostaria. Mas isso eu posso explicar em outro momento.
— Queridos, a conversa realmente está ótima, mas preciso ir dormir agora. Amanhã tenho um ciclo de palestras importante para ministrar e Julie irá me acompanhar. — sua mãe disse, e abraçou você e Mark. — Boa noite, crianças. Até amanhã! E não suma, Mark.
— Pode deixar, não irei sumir. Bom descanso, meninas.
— Boa noite, queridas. — você disse, enviando um beijo aéreo para as duas, enquanto seguiam para seus quartos.
— Acho que é a nossa deixa para colocar a fofoca em dia. — você disse, e Mark arregalou os olhos.
— Mas você não precisa ir dormir também? Os meninos disseram que seu dia vai ser intenso amanhã. — ele retrucou, e você sorriu.
— É verdade...mas estou ansiosa para saber mais detalhes sobre os anos em que ficamos sem nos falar! Você não faz ideia do quão curiosa eu estou. — você respondeu, e ele assentiu. — Venha, podemos nos acomodar na sala. Lá fora é ótimo, mas está muito frio, infelizmente.
Assim, Mark e você se acomodaram, um de cada lado do sofá esverdeado da sala. E então, ele respirou fundo e olhou para você, com o olhar que ele costumava ter quando vocês ainda eram vizinhos, colegas de turma e melhores amigos: com genuinidade e carinho.
— Eu pensei que iria chegar aqui só depois do Natal, para ser sincero. Ter chegado mais cedo me traz muitas lembranças sobre as nossas ceias compartilhadas...eram bons tempos.
— Definitivamente eram. — você concordou, e ele sorriu. — Os Natais mudaram muito de uns anos para cá, principalmente depois da revolução que fizemos. Mas as ceias continuam sendo compartilhadas, e conseguimos prepará-la com tudo o que produzimos em cada horta e área de criação de animais livres.
— É sério? Que incrível! Que bom que irei participar nesse ano. Acho que no fim das contas, foi bom eu ter voltado mais cedo.
— É claro que foi! Será amanhã, no meu estabelecimento, por sinal. — você respondeu, e ele fez uma reverência exagerada. — Qual é, Markie! Não é tão fantástico assim. Você sabe que esse sempre foi o meu maior sonho: conseguir mudar a vida das pessoas para melhor. O café-sebo-horta compartilhada foi só uma consequência de tudo.
— Eu entendo que você não ache que seja um grande motivo para comemorar, mas para mim é. — ele disse, e você assentiu. — Quando as notícias de que vocês haviam organizado um movimento global em prol da segurança alimentar, da produção de alimento sustentável e da melhoria na qualidade de vida das pessoas, todas as pessoas ficaram em êxtase na Coreia do Sul. Lá foi um dos últimos países a aderir ao movimento oficialmente, e isso não faz nem dois anos...durante todo esse tempo, eu não conseguia dormir sem pensar em como você e os garotos estavam por aqui, porque eu estava tentando conviver com a angústia e a incerteza sobre como seria o dia seguinte. Por isso eu fico tão feliz de tudo ter dado certo, para você e para mim.
— Desculpe se eu fizer pouco caso de algumas coisas que aconteceram. É difícil para mim reconhecer que vencemos mais esse caos.
— Não se preocupe, eu entendo que é difícil. — ele respondeu, e abriu um sorriso. — Mas saiba que se tem alguém que merece tudo isso, esse alguém é você. Você e a pequena Y/N que sonhava em mudar o sistema cruel em que vivíamos.
— Você está me fazendo querer chorar Markie, e esse não era o meu objetivo hoje. — você rebateu, e ele riu. — Enfim, eu irei levar essa questão para a terapia, pode deixar. Mas agora, eu gostaria de te fazer uma pergunta.
— Claro, vá em frente.
— Eu li as 2 obras que você publicou e fiquei simplesmente encantada. A sua escrita ficou ainda mais fabulosa, como você consegue ser tão bom assim com as palavras?
— Bom...ah, que droga, você me pegou desprevenido. — ele respondeu, e você notou que as orelhas dele estavam vermelhas. — Eu não sabia que você havia lido...mas fico feliz por você ter gostado.
— É claro que eu gostei! Sempre achei incrível você me mostrar suas criações antes de revelá-las ao mundo, e senti muita falta disso. Quando os garotos me mostraram suas obras, eu fiquei muito orgulhosa, de verdade. Eu sempre soube que você seria um escritor reconhecido internacionalmente.
— Você sempre prevendo o futuro, Y/N.
— É verdade. Aliás, me identifiquei muito com as protagonistas de "Uma dose de caos" e "Sombras do amanhã"...elas são peculiares para protagonistas de romances, mesmo que ambos sejam puxados para a ficção-científica. E eu gostei muito disso.
— Que bom, porque elas foram inspiradas em você. — ele respondeu, e abriu um sorriso tímido, enquanto você tentava assimilar o que ele havia recém dito.
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a christmas apocalypse.
— writer mark lee x botanical fem reader!
sinopse: Após 10 anos desde sua radical mudança de vida, Mark Lee finalmente está de volta à cidade a qual seu coração sempre pertenceu. Porém, encarar as mudanças que a vida de sua melhor amiga de infância sofreu irá fazê-lo sair da zona de conforto mais uma vez.
observações: o idioma é pt-br, não há conteúdo explícito e será uma au curta dividida em 3 capítulos.
capítulo 1 (23/12)
capítulo 2 (24/12)
capítulo 3 (25/12)
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♡ like, reblog or @lastknss ♡
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❀ · ˚ ❛ favourite taylor swift performance outfits → 2010 NFL kick off . 
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Ever since I was 13, I’ve been excited about turning 31 because it’s my lucky number backwards, which is why I wanted to surprise you with this now. You’ve all been so caring, supportive and thoughtful on my birthdays and so this time I thought I would give you something! I also know this holiday season will be a lonely one for most of us and if there are any of you out there who turn to music to cope with missing loved ones the way I do, this is for you. There are 15 tracks on the standard edition of evermore, but the deluxe physical edition will include two bonus tracks - “right where you left me” and “it’s time to go” ⌛️ All *digital downloads* of the album will include an exclusive, digital booklet with 16 brand new photos. You can pre-order evermore now here.
📷: Beth Garrabrant
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— alessia cara × harry styles layouts
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thought of the day...
as long as harry styles once tweeted: i wish i was a punk rocker with flowers in my hair. 
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OH MY GODDDD
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Micro maltese male
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“Look at you, worrying so much about things you can’t change. You’ll spend your whole life singing the blues if you keep thinking that way”
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i wish i was a bird and could fly away to the infinity.
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sunsets are a blessing.
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appreciate all the beautiful things that you have all around you.
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em tempos difíceis, se torna cada vez mais complicado se manter forte. mais do que nunca, precisamos fortalecer a corrente do bem entre a humanidade. vamos fazer o bem, combater todo tipo de preconceito e lutar pela igualdade SEMPRE. 💛
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em meio a todo esse caos, espero que a humanidade possa fortalecer uma corrente do bem a cada dia mais, lutando por igualdade, pelo fim dos preconceitos e pela distribuição gratuita de amor.
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- camila is the cutest 💓
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- selena gomez smiling is such a bless ♥
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