Retalho de NÓS - conceito
“Nós, antes de dar início a esta costura
A cada ponto uma recordação permanente, cicatriz do agora
Passeio de linhas
De nó em nó
Desfeito os da garganta na imposição pela existência corajosa
Unindo recortes de tecidos com a dança da agulha
perfurando, abrindo caminho para a passagem resiliente
Para que possam, os fragmentos, crescerem juntos, se espalhar
Fazer ver um pouco de cada estampa,
Cada textura e cor
Costurando um a um os retalhos,
Retalhos de nós.”
A série fotográfica intitulada “Retalhos de NÓS” surge a partir da proposta da artista visual Naira Valente sendo fruto do desafio de projeto final para a disciplina de “Fotografia II” ministrada pela Docente Bruna Wandekoken. A fotógrafa retratista inspira-se inicialmente em suas particularidades para pensar então a representação daqueles a quem se assemelha, tendo como referência o trabalho “Faces and Phases” (2006) da fotógrafa sul-africana, Zanele Muholi.
A série pretende humanizar e representar personagens que fazem parte da comunidade LGBTQ+ residentes na Grande Vitória e que assim como a artista, encontram em seu cotidiano as lacunas da representação pelas barreiras da sexualidade e da cor de sua pele.
O elo condutor da série surge a partir da ideia de desconstrução do simbolismo da bandeira universal que representa a comunidade LGBTQ+, semelhante ao arco-íris, que apesar de ter 6 diferentes cores, todas são representadas de modo uniforme, buscando uma homogeneidade, o que destoa a representatividade das características individuais de pessoas que fazem parte deste recorte. Esse quadro é ainda mais discrepante ao observar a falta de representação de corpos negros que fazem parte desta comunidade.
A inquietação da artista busca retratar 6 personagens, dentre estes a si mesma, cada qual com suas particularidades, que a partir de suas cores de identificação (de acordo com escolhas pessoais) serão registradas em estúdio pela fotógrafa, para captar um pouco de seus traços pessoais em primeiro plano, tendo como plano de fundo uma bandeira de retalhos costurada à mão pela proponente, onde cada uma das cores trás uma vasta diversidade em suas tonalidades, requerendo assim uma alegoria à pluralidade desses protagonistas à frente das lentes de Naira Valente.
Ao desconstruir o símbolo de representação universal da bandeira LGBTQ+, Naira expõe infinitas possibilidades de tonalidade, forma, junções e elos, experimentando a partir do discurso, uma metáfora às cores e cicatrizes de cada indivíduo que deste projeto faz parte.
Um agradecimento especial à Dylan Muniz, Lorraine Paixão, Maria Helena, Michelly Sá e Thiê Patrocínio. Sem vocês esse projeto estaria apenas no papel. Muito obrigada!
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Poema não lido
Quem a tempos se distanciou hoje me procura, mas pra estes riscos já não estou disponível. Só sou a mesma em meus escritos de matar saudade e sanar o desejo contido.
Me leia apenas pois contigo já não lido.
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Rasteira
Eita som barulhento
De chinelo rasteiro
Que brinca com os passos
Quando arrasta os mesmos
Parece que pesa a corcunda
E a sobriedade some
A cada copo, mais ruído
Pesa o pé, pesa tudo
Parece que é bobeira
Mas a gastura né não
Tortura ao pé da orelha
E ela arrasta a chinela pelo chão
É tchachy pra cá, Tchac pra lá
Chego a me desorientar
até nota afinada essa menina faz
E eu no fim das contas, eu que sorrio pra tudo que ela faz
ainda peço mais.
Texto e pintura de Naira Valente
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#AbrigoAfetivo - Refúgio
Na defensiva até quando?
Quantos precisam de mim? Quantos?
Respiro fundo,
por mais que não me veja refletir
pelos cantos do mundo
Me agrido com as incertezas
As mesmas que me fazem voltar a mim
e para as raízes fincadas
que a cada nova jornada, mais crescem.
Sei o que me faz padecer,
sei também o que me fortalece
mas o que explicaria a tortura de minha própria mente?
Coisa que boto na cabeça é que quanto mais eu luto, mais batalha me aparece. Subo o nível e vai tudo fluindo. Deixo as preocupações serem levadas pelo vento, que aos poucos me purifica.
Texto e foto: Naira Valente
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Seja a mulher da sua vida!
Pintura por Naira Valente, 2016.
Essa obra faz parte do Zine Arte das pretas.
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Resquícios de mim
Em nenhuma das minhas infinitas versões me cubro ao acaso,
só me escondo se for por escolta
para observar e dar som ao passo.
Razoavelmente escasso,
o afeto por si tem se tornado cada vez mais necessário
mas não temos tempo pra isso,
preferimos nos caracterizar
de resistentemente imutáveis.
Fotos e texto: Naira Valente (autorretrato e relato)
Adereço: Geanna Abreu, Atelier AMAR.
ES - BR - 2017
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Afro afeto
O teu toque raso
Se faz profundo
A leveza das mãos
Que tocam o mundo
A esperança na ponta dos dedos
Aponta que os medos
Não mais afrontam.
Foto e texto: Naira Valente
Balneário de Carapebus, Serra - Novembro de 2015.
As fotos foram editadas levando em conta a preservação da identidade das participantes.
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Abrigo afetivo
Espionando em meio às trilhas marginais do Balneário de Carapebus (Serra-ES) encontro a nostalgia dos passeios de canoa na companhia de meu velho pai. Na folhagem, a cor das brincadeiras de criança indicando que já é hora de recolher os mistérios.
Foto e texto por: Naira Valente
Maio de 2017
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As tantas
As TANTAS
Cheia de incertezas
Mas ainda assim não espera
Corre atrás do que escolhe
Ainda mantendo os pés na terra
O glamour natural não nega
Que és filha vaidosa
Embora por vezes seja preciso ser mãe
A essência da infância não lhe abandona.
Modelo e texto: Naira Valente
Foto por Isaah Siham
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Mãe preta
Raízes de nossa resistência, mulheres brasileiras
Firmes na essência
Fortes de mãos dadas
Musas do cotidiano, cheias de garra
Mães estas que todas as noites tem que enxugar as lágrimas que insistem em despencar.
Sem incentivo, na madrugada correndo perigo
Ainda tem força para os opressores derrubar
E fazer no dia-a-dia a luta se consolidar!
Dedicação: Renecir <3 (mamãe)
Texto e fotografia: Naira Valente
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Recaídas cotidianas
Dividido entre funções
Cada parte de nós é para certa hora
e a vontade própria
Desta agenda fica de fora
De segunda a sábado a divisão é obrigatória
São 11 horas por dia gastos nessa trajetória
É ônibus, carro, buzina, escola
e ao chegar em casa, uma fuga ilusória
Alívio instantâneo ao consumir uma droga
Que subtrai a realidade dos problemas que ignoro
Quando o efeito passa, a culpa destroça
Por dar prioridade a vícios que me isolam
O travesseiro já encharcado
faz parte desta história
Acompanhando meus soluços
desde que esta agonia em mim mora
Pego no sono, apago por horas
Só levanto quando o despertador toca
É hora de trabalhar, para manter meus vícios em dia
E mais uma vez o ciclo se reinicia.
Texto e fotografia: Naira Valente
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Altos picos, vários riscos
Altos picos, vários riscos
Há quem se importe com isso?
Correr perigo é preciso ou os valores estão invertidos?
De “ombrinho” em irmandade ou com extensor e rolinho… a estiga pra essa noite é cumprir o objetivo!
Deixa a marca e fica esperta que a escolta é rotativa, manda o rabisco e na sequência faz vigia…
Na gangue do dedo sujo, mancha de tinta é rotina, mais um rabisco prum mundo que quer me ver caladinha.
Se apegou ao estereótipo? Eu mandei e você NEM VIU. As bruxas estão soltas, é PASSA BATIDO CREW!
Chama pra dar rolê e na “hora H” não passa o jet? Já que cê tá de miséria, nem tenta com fat cap. Mas vê se não me entope que eu não tô te dando mole, enquanto cê pensa em bitoca eu só quero mandar uns nomes. As vezes fico pensando, será que é igual com “os manos” ou os otários se aproveitam e desmerecem o nosso corre?
Sabe que a RUA COBRA então não vem de atropelo, assuma a imaturidade e vê se muda enquanto há tempo!
Texto: Naira Valente Foto: Michelly Sá
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