Anamnese
Veio uma moça apreensiva, no consultório
Dizia ter encontrado outro moço por aí, segundo o histórico
Que errava de bar em bar
Se encontrava em versos do Belchior
Até deu o que falar
Que a afinidade de energia foi súbita
E a eletricidade do sexo, absurda
Mas o encontro de almas deles foi o mais intrigante
A moça, afoita que só
Sentia-se ofegante
Contudo, nada foi constatado
Durante o exame
Exceto um torpor
Acompanhado de serenidade e bem querer
De intangível valor
Nada paroxístico de algum mal
Mas, mesmo assim
Ela perguntou:
“O que é isto que sinto no peito, doutor?”
Ternamente, disse-lhe:
Minha doce paciente, mas impaciente
Com o próprio jeito
Com a própria dor
Aferi todos os parâmetros
Notei um certo rubor
Bem aqui, um calor no peito
Como calmaria que agita navegador
Vulnerabilidade é o que sente
Seu diagnóstico é amor
— Controvérsias
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não preciso estar com você para te amar
deixe-me ver se consigo explicar
o amor romântico é uma ilusão
é um atraso, uma neblina
que impede-nos de ver tamanha perfeição
pois quando cessa o ardor no peito e a taquicardia
quando já não há borboletas na barriga
quando passa a paixão, o ciúme, o rancor
quando já não há benefício em ficar
veja bem o que sobra
é o amor
mas peraí, você já vai entender melhor
sobre esse tal sentimento que não foi falado naquela canção
em dó sustenido menor
é que o afeto verdadeiro não pede retorno
nem se importa se você é desse jeito
meio torto
não liga para quem você ama
nem com quem escolheu partilhar a vida
contanto que você esteja feliz,
Deus abençoe a tal menina
e se você resolver ir para longe
por favor, se cuide e me conte
um dia
como você se sentiu ao voar
o que eu quero pra mim
é o que eu quero pra você também
e, diga-se de passagem,
não sei quanto a você
mas eu só me quero bem
contudo, que fique claro
esta não é uma declaração de romance
e aí você pode me dizer
"ué, mas não foi você quem começou a falar desse lance?"
sei que isso não é usual
soa clichê, blergh
é estranho falar disso num mundo trivial
estou falando do amor incondicional
Controvérsias
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Eu sou apaixonada por você. Eu quero conversar contigo por vários dias, e te abraçar quando você estiver rabugento por um motivo qualquer, porque a careta que você faz é fofinha. Eu quero virar a noite com você conversando sobre a vida e o universo. Eu quero ficar ouvindo só você falar durante horas, porque sua voz é suave, calma e agradável. Eu quero observar as estrelas com você, e discutir sobre qual a constelação mais bonita. Eu quero olhar em seus olhos, e ali ficar, porque eles são intensos e me mostram uma parte da sua alma a qual você nunca se esforçou em mostrar. Eu quero saber sobre a sua cor favorita e qual cheiro te faz lembrar a sua infância. Eu quero saber de que forma o afeto te afeta. Eu quero você por inteiro, mas apenas se você me quiser por inteira também, pois se o que recebo é menos do que dou, é preferível mostrar a si mesma a porta do que ser arrastada por ela, não acha?
Controvérsias
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Eu queria poder falar que eu sou uma dessas mulheres inabaláveis, insensíveis, misteriosas, mas não sou. Eu queria empinar o nariz, bater no peito e dizer com segurança: ‘ninguém aqui vai me machucar, e homem nenhum vai me fazer chorar porque eles não valem a pena!’. Eu tenho em mente que só devo aceitar na minha vida quem me trate tal qual a princesa que sou. E, de fato, não aceito menos. Mas isso não quer dizer que eu vá deixar de me entristecer um pouco…
Controvérsias
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Talvez haja alguma coisa que você tem medo de dizer, ou alguém que você tem medo de amar, ou algum lugar que você tem medo de ir. Vai doer. Vai doer porque é importante.
John Green.
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Vulnerabilidade
Eu sei que demonstro ser uma pessoa emocionalmente distante. Assisto as pessoas semelhante a um papel de parede. Vejo suas feições, sinto suas emoções, seus esquivos, seus trejeitos, seus modos e anseios, e, muitas vezes, meus braços querem alcançá-las, tocá-las, aninhá-las em meu peito, senti-las. Quero participar das gargalhadas, quero entender, quero estar junto. Minha alma quer encontrar com a delas e dizer “ei, eu te sinto e te vejo” ou “eu nem te conheço tanto mas gosto de você e queria conhecê-lo mais”. Mas algo me prende, e eu travo. Eu quero avançar, mas paro. Lá no fundinho do meu peito, uma voz fina sopra aos meus ouvidos: “não faz nada não, é tudo em vão, todo mundo se cansa e vai embora. Eles não se importam, e você não faz diferença, de qualquer forma.” E eu queria verdadeiramente saber se elas se importariam de verdade e se eu faria diferença, ou se é só asneira que sai da minha cabeça. Ademais, também queria ser destemida o suficiente para compreender e deixar ir, caso elas não se importassem, bem no estilo “let it be”, sabe?
Li um texto esses dias que diz respeito à Teoria do Apego, a qual trata-se da existência de vários tipos de afetividade, e adivinha só? Eu me identifiquei com o tipo “assustado-evitativo”. Eu poderia descreve-lo para você, mas veja bem, o nome já se descreve sozinho. Eu gosto das pessoas e quero participar da vida delas, mas eu me embaraço e me assusto com meus próprios pensamentos. Aqui dentro é tudo uma mistura de “gosto das pessoas mas também gosto de evitá-las”. É uma faca de dois gumes a qual, de um lado, abriga um mecanismo de defesa que protege a minha vulnerabilidade, fazendo com que, desse modo, eu não sinta os outros e os veja de longe - não raro com menos empatia e mais julgamento - passando por minha vida sem que eu os toque de verdade; por outro lado, todas as vontades e sentimentos reprimidos implodem e me consomem por dentro. Só o fato de eu não compartilhá-los com outros seres humanos fazem com que eu tenha que digeri-los todos, um a um, sozinha, o que só potencializa cada coisa aqui dentro. Portanto, meu amigo, não se engane… A distância e apatia que, despretensiosamente, demonstro ter, é proporcional à quantidade de turbulência aqui dentro.
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Ela se sente o tempo todo como se tivesse que salvar a si mesma. De alguma maneira, não conseguia alcançar a felicidade. Era como se existisse um muro entre ela mesma e as coisas que colocariam-na um sorriso. Não sentia forças pra quebrar de vez os tijolos; algumas vezes, quase conseguira, quase sentira-o permeável. No meio da travessia, já sentia alguma alegria e todas as coisas boas que vêm junto, invadindo-a. O sentimento de que a vida valia a pena, de que a melancolia não merecia ser vivida. Mas depois algo a puxava para trás. E era sempre assim. Todas as vezes tentava e tentava, atravessava o muro quase que por completo, e, então, era puxada novamente. Um dia, perdida em sua melancolia percebeu que a barreira em sua frente era ela mesma. A barreira era construída por falta de amor - próprio e dos outros. Ela queria ser amada, sentir que existia no coração de alguém. Também queria se amar, mas como conseguiria, quando seu coração estava rude, áspero demais para dar bons frutos?
Junto à falta de amor, vinha a baixa auto-estima. Vinha o remorso por coisas que nunca fez. Veio os abusos, principalmente os mentais. O muro continha críticas, desrespeito, intolerância, segredos que deveriam ser guardados. Ela estava bloqueada por um muro que tornava o corpo inóspito a qualquer paz de espírito, para quem quer que o atingisse.
Mas ela precisava atravessar a barreira. Começava a compreender que tudo o que tinha que fazer era se perdoar. Se perdoar por coisas que nem tinha culpa. A depressão começava a invadi-la e a pobrezinha estava ficando sem recursos, sem meios de ajudar a si mesma. A única coisa a qual podia se agarrar era a esperança, mas esta estava presa do outro lado do muro também. Tudo que ela queria era sentir alguma coisa - dentre todas elas, a felicidade.
Já vão se fazer anos que a garota luta contra o muro. Está numa travessia que lhe parece interminável, mas se conseguir alcançar a esperança, já é o começo de um novo caminho. Neste momento, ela saberá como agir. E eu, deste lado, torço para ela conseguir.
Controvérsias
Escrevi esse texto há anos.
O muro representa o Transtorno Depressivo Maior.
A garota venceu o muro.
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Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade.
A menina que roubava livros.
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Todo dia eu penso: podia sentir menos e menos e menos. Mas não adianta, tudo me atinge, abala, afeta, arrebata, maltrata, alegra, violenta de uma forma absurda e intensa. Nasci pra ser intensa e dramática. Nunca sei direito se a vida me fez assim, as situações fizeram com que eu me tornasse assim, não sei, não sei. A última e única coisa que lembro é de sentir. Eu sinto o sentir. Sei que parece papo de louco, mas é verdade, é real, sinto demais. A realidade me consome. Mas me consome e-xa-ge-ra-da-men-te. A vida maltrata quem sente demais. Quem sente demais acaba sofrendo mais que a maioria das pessoas. Tudo importa, tudo é exagerado, tudo é sentido de corpo e alma. Alma, principalmente.
Clarissa Corrêa.
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aqueles rostos que você vê todos os dias nas ruas
não foram criados
totalmente sem
esperança: seja gentil com eles
como você,
eles não têm
escapado “
Charles Bukowski
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Um sexo casual ali, outro aqui, nada que envolva compromisso. Mas que envolve troca. Troca de prazer, troca de orgasmos, de toque, de alma. Não é estranho sentir tanto a energia de outrem e não criar um laço sequer? Eis a minha confissão: eu crio. Crio laços, mesmo que o outro não sinta, não saiba. Crio porque não sei trocar energia sem trocar almas. Mais que sentir prazer, eu gosto de conhecer o outro, de entender, saber o que o leva a pensar da forma X e quais os somatórios de equações que o levam a agir de tal maneira - característica de quem super analisa as circunstâncias, talvez. Eu passo uma noite ali, e mesmo sem dizer nada - tamanha a minha introspecção - eu interiorizo tudo. E se eu acho que fulano é um ser humano bacana, eu desejo fortemente seu bem. Mais que isso, eu sinto um carinho tão grande, o qual sinto não ser recíproco. Por quê? Porque as pessoas objetificam o outro para satisfazerem suas necessidades sexuais. Ali eu vejo uma alma, um ser humano interessante o qual decidi trocar uma energia. No entanto, o fulano me vê como um corpo, um poço a ser despejado suas ansiedades expressas de forma puramente sexual. Sendo assim, por vezes me sinto usada. E analisando a forma como o sexo casual funciona, comigo e com tantas outras pessoas, chego a conclusão de que não nasci pra ter relacionamentos vazios, superficiais, puramente carnais, e aquele que deseja usufruir da minha carne terá que aprender a apreciar o meu espírito. Eu nasci pra ser profunda, sensitiva, espiritualista. Se emano boas vibrações ao outro, não aceito menos que isso. Não aceito ser tratada como se nunca tivéssemos trocado uma intimidade. Cada um é de um jeito, não é mesmo? Felizmente, pra mim, eu sou assim! E me aceito assim. Aprendi que sentir tudo de maneira profunda não é defeito, é característica de quem tem o coração grande demais.
Controvérsias
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Tenho vontade de perguntar baixinho: você não gosta nem um pouquinho de mim? Nem sequer um tiquinho? Eu sempre me apaixono por você. Todas as vezes que te vi, eu sempre me apaixonei por você.
Tati Bernardi
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