doce-escape

[doce-escape]

Eu queria acreditar que todas as minhas versões são valentes.

Que são fortes.

Corajosas.

Destemidas.

Uma vez eu fui.

Hoje parece que não sou mais.

E aí quando você mesma é seu parâmetros de comparação…

Parece que o mundo vira muito cruel.

Como eu mesma vou ser melhor daquilo que já fui?

Eu já cheguei tão longe, mas voltei para o início.

Agora tenho medo.

Parece que antigamente, medo era uma palavra que não existia no meu vocabulário.

Se tanto fiz, como vou fazer agora?

Se deixei a tristeza tomar conta dos meus pensamentos.

Como vou lutar despretensiosamente se já chego ferida?

Quem eu era e quem eu preciso ser agora?

Qual é o botão de start da própria vida pra voltar a ser como antes?

Me olho com cuidado.

Me acalmo.

Vivo os intervalos.

Mas puta que pariu eu tô muito cansada de viver de intervalos.

Migalhas.

Instantes.

Quando é que eu volto a ser protagonista principal da minha própria vida?

Enquanto isso fico no aguardo de mim mesma.

Se é que um dia eu vou saber como voltar.

- L.

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[doce-escape]

Sobre concessões

Permissão pra ficar.

Liberdade pra ir.

Transitar entre camadas da própria vida.

Evitar falar.

Não conseguir parar de sentir.

Partir.

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[doce-escape]

Você não aguentou sustentar a responsabilidade do amor que eu tinha pra te dar.

E então você fugiu.

Largou as rédeas do amor jurado, sonhado.

Te amei por tanto tempo que cega, não consegui perceber que sutilmente você acabaria indo embora.

Você sempre fez questão de preencher todos os buracos do meu peito e com todos os meus vazios, covardemente te dei carta branca pra te pertencer.

E que erro.

Porque eu fiquei aqui e hoje mesmo na tua ausência, não deixo de te sentir sob minha pele. Não deixo de acordar desesperada à noite por sonhar mais um vez com você. Não deixo de te querer assim como queremos o sol no fim de um longo inverno.

Erro meu pensar que você teria coragem de bater no peito e assumir o amor. O meu. O teu. O nosso?

Afinal, eu tinha todo o amor do mundo pra te dar e mesmo assim você não aguentou a responsabilidade de amar.

- L.

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[doce-escape]

Eu só quero dançar com você

Te esperar chegar

Respirar sem pressa

Flutuar entre teus acordes

Olhar fixo pro teto branco, paralisar por te sentir perto

Arregalar o olho, sentir a pupila dilatar e ao mesmo tempo a pressão iniciar sob o peito

Respiração curta

Seria isso saudade? Mas você está aqui…

Você está?

Até quando ficarei presa entre as quatro paredes ocas do e se?

Dedos entrelaçados

Respiração profunda

Ar fresco vindo da janela

Eu sempre te sinto aqui.

- L.

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[doce-escape]

O amor é uma escolha

E a gente se escolheu inúmeras vezes.

A gente se escolheu quando as minhas noites eram sob telas e os teus dias eram gelados.

A gente se escolheu quando fomos buscar o meu passaporte e só deixamos a escada rolante conduzir o silêncio, ali, nós sabíamos que o amor era uma escolha.

Naquele dia, eu desejei que nenhuma tivesse aprendido a voar.

O amor é uma escolha e a gente se escolheu quando a tua pupila dilatou na caminhada pela rua durante a madrugada e depois quando choramos ao som de bossa nova.

O amor foi uma escolha quando você sentou no sofá e só com um meio olhar, sabia do buraco que acometia meu peito. Você sempre soube só de olhar. 

O amor é uma escolha. O amor foi nossa escolha. Mas escolhemos ele em fases distintas. Primeiro você escolheu. Depois eu escolhi. Depois você escolheu de novo... e eu fiquei aqui, ainda te escolhendo.

A última vez que amei assim foi no útero, ou nas noites em que sonhava com a nossa família, um casal, uma menina loira com os teus cabelos e um rapazote ruivo.

Te amo em todas as minhas escolhas e não escolhas, mas principalmente naquelas que me levaram à te encarar às 06AM de dezembro. Era natal.

Em utopias eu queria que você tivesse continuado me escolhendo. 

O mundo é grande, nesse caos,  

te amo pra sempre.

“I can’t scape the way I love you…”

- L. 

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[doce-escape]

O dia do amor deve ser comemorado mesmo quando somos consumidos pelo capitalismo?

Como já é esperado, com a chegada do mês de junho, surge a expectativa para o dia dos namorados aqui no Brasil. Para muitos, é uma data para celebrar o amor; para outros, é uma data para reforçar o fato de ser solteiro e/ou estar sozinho. Para alguns, é uma data sem importância e que pode passar em branco facilmente, afinal, o amor deve ser comemorado e demonstrado durante o ano todo, não é mesmo?

No Brasil, em meados de 1949, o dia dos namorados foi criado pelo publicitário e ex-governador de São Paulo, João Dória, como uma campanha publicitária que trazia consigo o lema "não é só com beijos que se prova o amor". Portanto, o dia 12 de junho foi escolhido por anteceder o dia 13 de junho, que é o dia de Santo Antônio de Lisboa, conhecido como Santo Casamenteiro.

Em outros lugares do mundo, o "dia dos namorados" é chamado de "Valentine's Day", em homenagem a São Valentim. Culturalmente, o dia de São Valentim é uma data comemorativa em que se celebra a união amorosa entre casais, além de ser um dia para demonstrar carinho a amigos, entre outros.

Agora, meros milleniums e mortais, no lugar de onde vos falo, dadas essas informações e sabendo que no Brasil o dia dos namorados foi planejado e projetado para aumentar as vendas, você acha justo que esse dia seja comemorado como o dia do amor?

Do meu ponto de vista, sim e não.

Não, porque o amor não está diretamente ligado a relacionamentos românticos; muitas vezes, ele nem existe neles.

Não, porque não desejo ser consumida por presentes caros, sem sentido ou sentimento algum, em um mundo atual em que é preciso dedicar 95% da sua vida pessoal ao trabalho e existir nos únicos 5% de tempo que nos restam. Não quero me deixar devorar pelo capitalismo e pelo consumo excessivo para expressar meus sentimentos.

Porém, sim, acredito que seja válido celebrar o amor, afinal, ele está presente em praticamente tudo, mesmo que às vezes o neguemos quando está à nossa porta. Não acho justo que seja comemorado apenas no dia dos namorados, uma data meramente comercial, mas sim todos os dias, nas pequenas coisas, nos mínimos detalhes. O amor é a nossa escolha de ficar em qualquer lugar ou posição, todos os dias. O amor é a nossa escolha de partir, de se retirar, todos os dias. Vejo que o amor também precisa ser comemorado quando existe dentro de nós, para nós mesmos, todos os dias. Afinal, há algum ato de amor próprio maior do que ser capaz de nos observar, sentir e comunicar? Enxergar-nos em uma situação ou lugar e sermos capazes de nos retirar? Amamos a nós mesmos o suficiente para nos colocar em primeiro lugar? Muitas vezes, não.

Muitas vezes, o amor nos escapa. Escapa do espelho. Escapa do toque. Do cheiro. Do sentir. Do viver. Por que eu devo me apegar a um amor que não me enxerga? Por que devo me contentar com uma gota de amor pela metade? Será que devo pintar o cabelo de azul para ser notada? Será que devo emagrecer ou engordar? Será que devo me moldar para caber em uma caixinha? Será que se eu for outra pessoa, tiver outro nome, outra cor de pele, o amor vai me amar um pouco mais? Esses são alguns dos questionamentos que sei que muitos de vocês já fizeram, pois eu mesma os fiz várias vezes.

No entanto, em um momento de lucidez, percebi que faz sentido olhar no espelho e ver o amor como meu melhor amigo. Afinal, se eu não me amar, quem vai me amar? No dia 12 de junho de 2023, desejo amor verdadeiro. O meu. O seu. Ao próximo. Amor para meus amigos e para os seus, para meus familiares e para os seus, para desconhecidos. No final das contas, você está preparado para oferecer amor até mesmo às pessoas que não conhece?

No dia 12 de junho de 2023, desejo poder descansar em paz, sentir o cheiro do amaciante no meu travesseiro e ter a consciência tranquila de que dei o meu melhor para as pessoas ao meu redor, sem ter me machucado. Desejo ser real. Desejo ter falhas, mas que essas falhas sejam carregadas de sinceridade e vulnerabilidade. Afinal, nem sempre conseguimos nos mostrar vulneráveis para todo mundo, não é mesmo?

Para o dia do amor, desejo me tornar vulnerável aos olhos daqueles que realmente me enxergam, ser completamente humana. Errando e tentando aprender com meus próprios erros. Acertando. Vivendo. Permitindo-me viver e ser vivida.

Hoje, nesse dia frio no Rio Grande do Sul, o amor significa para mim ser respeitada, tomar uma taça de vinho, ligar o aquecedor e ficar em silêncio no meu quarto. O amor é minha escolha diária para continuar existindo.

E para você, o que o amor significa hoje?

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[doce-escape]

RESPIRO

Mais uma vez urge a necessidade de engavetar projetos, sonhos.

Respiro.

Sensação de apenas sobreviver a esse mundo que consome, exige, esvazia.

Respiro.

Sinto a perda de mais essa luta porém dessa vez o adversário não é mais só eu mesma, mas também é o tempo, o dinheiro. o tempo gasto fazendo dinheiro. o dinheiro que some e não volta com o tempo.

Respiro.

O asfalto devora com suas curvas cinzas e indecifráveis, ele me acorda toda vez que caio em um buraco.

Desperto. mas logo adormeço.

qual é o dia da semana hoje? quem eu sou? agora é dia ou é noite? será que estou indo ou estou voltando?

Respiro.

E o ciclo se repete… e de novo e de novo.. até roubar toda a consciência.

Silêncio.

Eco.

Vazio.

E de novo.. e de novo e de novo.

Respiro.

- L.

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[doce-escape]

ONDE VOCÊ EXISTE AGORA?

Onde você existe em mim quando o amor começa a desaparecer?

Onde você existe quando a ausência rasga a minha garganta e dilacera todos os meus órgãos?

Onde você existe quando os meus restos que sobraram estão jogados pelo chão, e eu não consigo remendar parte alguma?

Onde você existe quando eu grito teu nome pelas ruas durante a madrugada?

Onde você existe quando a vida se transforma… transforma e transforma de novo, mudando completamente a minha realidade pela décima vez, e eu fico aqui, na tentativa de te esperar só mais um pouquinho

Afinal quando é que eu vou deixar de te esperar…? Quando os meus pedaços estiverem jogados pelo chão? Ou quando eu for considerada louca por sair pela cidade gritando o teu nome?

Onde você estaria se na verdade eu não estivesse naquele bar? Vestido aquela roupa? Prendido o cabelo bem no alto?

Mas onde você estava quando eu queria estar sentada na sala da tua casa, assistindo a novela das 15h enquanto dividia o café amargo com você?

Onde você estava quando faltou o teu abraço quando faltou o teu carinho e mesmo assim, eu estive aqui me perguntando onde você estava?

Onde mais você estaria se eu não estivesse aqui perguntando onde você está?

Onde você existe sem mim e até onde eu existo sem você?

- L.

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[doce-escape]

Quem é você exatamente quando o que sobrou é somente a minha voz dentro na minha cabeça gritando a saudade de nós?

Onde você existe agora?

#carteldapoesia #alone #sad #autorais #text #projetoflorejo

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Fôlego

A falta suspira transtornos tragicômicos Aquilo que petrifica os sentidos Menos meus olhos amargos Exuma-se licores de dúzias de dias atrás Eu nego com força Qualquer arbitrariedade Qualquer nome que me tenha Como o apego escolhido ao cadafalso Perdão a tudo o que testemunhei As pequenas façanhas químicas Tratadas pelo pronome do milagre Toda a exposição de feridas reinauguradas Os comícios desenham o sexo de relógios E os tampam com sua degustação Ao inventar lobby e desgosto Instigam nova tendência entre os corpos Eu nunca mais amaria outro toque Se moiras me tecessem espadas fragmentadas Supostamente, louvaria acima do céu de gesso A tempestade se desprende no céu da boca apocalipse O corpo trepida, o corpo se distância Ossos bordam novos territórios Os olhos pendem aos borrões de liquidificações Em que líquidos espessos se expressam densos Ao atraso dos teus vis coelhos Me tenha envolvido na paixão temida São apenas sorrisos anzóis Fisgando pela noite carícias enferrujadas Tudo isso que eu falo É sobre um impulso que não existe Marcados a sentença de tal possibilidade Um balé encenado de frente para o espelho

[doce-escape]

meudeuscomoeusintotuafalta

eu sinto a tua falta rasgando meu peito. eu sinto a tua falta em todos os míseros detalhes. eu sinto tanto a tua falta que começo a te colocar nos lugares e te fantasiar em situações. pra tentar parar de sentir tanta saudade. ou aumentar a saudade? a saudade é tão imensa que não consigo esquecer do cheiro da tua pele. da minha respiração na tua nuca. da tua respiração na minha nuca. nos dias de preguiça. nos dias de amor.

mas,

teve amor? faltou amor? sobrou amor? amor, não fui suficiente? será que se eu tivesse dobrado na esquina da vida antes de chegar na ponte do teu habitar, eu teria evitado esbarrar em você? eu teria deixado de sentir teus olhos? metade de mim queria ter cruzado sem te perceber. a outra está ocupada demais sentindo saudades. meu deus como eu sinto saudades. cada vez que eu penso em ti depois do banho, deitada na cama de pijama, os meus pulmões ardem. ardem por que sabem que nunca mais vão sentir teu cheiro de novo.

mas,

e você? também sente saudades? também não consegue parar de me enxergar nos olhos de outro alguém? por que eu ainda sinto teu gosto em outras bocas. o sentir é tanto que eu precisei parar de colocar outras pessoas aqui dentro. engraçado, por que antes de te conhecer, eu queria inundar os meus dias com novos ares, novas histórias. mas depois que tu passou, ficou difícil deixar alguém entrar. alguns até batem na porta. mas eu não consigo abrir. não consigo por que tu não bateu na porta. arrombou. inundou. derrubou tudo da minha casa coração antes mesmo que eu pudesse te perceber lá.

por que, se eu deixar alguém entrar, em que espaço você vai ficar?

                                                              eu ainda existo em você?

- L. 

[doce-escape]

o silêncio grita

tudo que fingimos não ouvir

tudo que fingimos não sentir

ele escancara, berra

medos e vontades

os mais sinceros e íntimos desejos do ser

vem à tona no eco do silêncio

tão alto, que berra

no frio da noite solitária

nos sonhos que mostram você

sempre

[doce-escape]

CONVICTAMENTE

Eu sempre olhei pra gente como almas gêmeas, sabe?

Ana Suy em um dos seus poemas de rasgar a alma, falou “amizade é o amor que deu certo”, e sempre que eu olhava pra nós, era exatamente isso que eu enxergava.

Eu te olhei com os olhos de ternura e amor que eu jamais olhei aos meus irmãos de sangue, afinal eles nunca compartilharam a vida comigo assim como você fez, como nós fizemos.

Eu te vivi, eu me rendi ao amor mais genuíno e sincero que senti por alguém.

Sabe aquela história que os opostos se atraem? Acreditei por um tempo isso não se encaixava quando o assunto era nós, pq o que mais fazia sentido naquela amizade era o fato de sermos exatamente iguais.

Porém, hoje eu acredito que esse tenha sido o começo do fim, ou o motivo do fim. Sermos exatamente iguais.

Pra falar a verdade, eu nunca entendi os reais motivos da tua partida, talvez eles não sejam os mesmos que eu imagino, ou talvez sejam exatamente os que fiquei por dias e dias tentando confabular.

Esse ano foi tão dolorido pra mim, desde a tua partida, na verdade, não houve um dia se quer em que não foi dolorido pensar, falar, relembrar..

Eu acho que quando a gente fala sobre os becos escuros da vida, automaticamente você conhece o caminho, tenho certeza que você já chegou lá de bicicleta.

Acontece que os caminhos escuros e sombrios nos quais me coloquei, não foi possível encontrar a saída nem mesmo com gps.

Me coloquei dentro de um beco escuro, úmido, frio e vazio, e simplesmente não soube sair de lá.

Não adiantou gritar, eu tentei por muito tempo, até perder a voz.

Não adiantou correr, pq a dor vinha antes mesmo de cansar.

Não adiantou me debater, pq as marcas, os arranhões e lesões já estavam impregnadas como tatuagem.

Em nenhuma dessas saídas eu te encontrei, então eu simplesmente optei por sobreviver ao silêncio, ao escuro e aquele beco.

Então depois de conhecer o caminho do inferno, eu comecei a pensar no orgulho.

Acho que existe muita coisa maior que o orgulho, né? Acho que quando a gente atravessa pela dor de existir, de existir em condições que a gente se odeia tanto a ponto de não querer mais nem respirar, acaba não fazendo mais sentido… sobre o que eu estava falando mesmo? Ah.. o orgulho.

Esse miserável filho de narcisismo, não faz sentido existir quando o existir não faz mais sentido.

Mas acho que esse texto era pra falar sobre você, né? Acho que me perdi de novo..

Então o ano novo pro escorpião começa sempre no aniversário, e não no dia 31 de dezembro.

Nesse meu novo ciclo, eu decidi que faria o melhor por mim, o melhor pelas pessoas que amo ou amei, e é isso que eu te desejo de aniversário.

Que você seja feliz, mas feliz de verdade. Que você se olhe no espelho e sinta orgulho de vestir tua pele, de habitar no teu corpo, de testemunhar tua vida. Que você se admire por ser quem você é, isso que verdadeiramente importa.

Paulo Freire deixa em uma carta para sua esposa Nita, todas as coisas que eu queria te dizer pessoalmente enquanto a gente mergulha os pés na água gelada do rio, mas não tive forças… “A boniteza da vida não está na compreensão rígida das coisas nem na lógica bem comportada que exigimos dos fatos, nem tampouco na nossa certeza em termo do que deve ser a própria vida. A boniteza da vida está na certeza da incerteza e na coragem de começar tudo de novo quando se pensava que já nada podíamos fazer. A boniteza da vida está em aceitar que até as sextas-feiras podem virar azuis e que nelas rosas, violetas, margaridas podem florir e sabiás podem cantar. A boniteza da vida está na capacidade de amar, apesar de tudo. A boniteza da vida está em perceber que amar é melhor que não amar, mesmo quando não amar, como tentação diabólica, pudesse parecer uma porta aberta a mil amores. Te amo convictamente.”

E é assim que me despeço, com a certeza que te amei convictamente.

Com amor, L.

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Pretérito Petrificado

Eu encho meu corpo com veneno Proclamado como ode dos trópicos Rivalizando pílulas de sal com torneiras Aço compromete-se com fulguras da apologia farmacêutica És tu o amor, és tu um romance És tu a presença, e eu o meio És tu a xamã, e eu a dança Eu espírito, tu feitiço Toda a qualquer partícula de incêndio Tomando para si a carne dos meus lábios Pouco a pouco inundando a cor de meus olhos Sentenciando as cores em uma vida nublada Eu confesso, a contradança que me invade Era sílabas hilária do meu desprezo Prezando a involuntariedade da minha vaidade Alimentada a contragosto dentro da boca de cupins Eu me pus, arrependido na página da minha história Escrevendo para fora da folha, para fora de meus olhos Mantras com os quais se arrependeriam de entoa-lo Feito somente para suspiros e suspeitas Minhas carícias, até então, trocadas com ninfas de pedra Me via, refletindo nas ranhuras provocadas pelo tempo Toda e qualquer trepidação da cidade, proclamando rachaduras Tivera como causa o meu sentimento inoportuno Como um herói moderno, eu sofro no meus sintomas inventados Meu azar com tudo que almejo, minha sorte com que sonho A minha fortuna em companhias que não me agridem O lisonjeiro ato de deixar moedas embaixo das pálpebras Eu me arrasto pelos cômodos do inferno Passando uma tormenta por vez Quando não, múltiplas vezes para me testemunhar Uma vitória plena em sinônimo ao estrago

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Ouso em dizer,

que teu abraço é a melhor casa que eu já morei.

- L.

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O amor é um pouco do real e do irreal

É estar perto e longe

É o físico mas também a fantasia

Um não funciona sem o outro, essa é a regra

O amor é um pouco eu e um pouco você

- L.

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O Vampiro de Memórias

Minha fala é ateia Meus temores cristões Meu lirismo falsificado Meu poema peça hedionda Pornográfico no ato Eu lembro e me uso Ao meu nome enfeitiçado Na blasfémia do teu estômago Ainda consegue me digerir? Mesmo me fazendo chagas? Cuspa toda a tua dissimulação Ao campo elétrico do espírito Teu corpo, hoje me parece comum Nada do que ditei na madrugada passada Teu rosto, um contorno nublado e sem formas Tua veste em tolices de tons pastéis Em mim, anjos se aproximam com duas intenções: Ou me cospem suas injúrias me perpetuando praga Ou se aproximam consumando meu sexo com seus Em qualquer momento desse espetáculo, não possuo vontades Queima a pele, queima os olhos Queima os ossos, anseios de lebre Cura com ferro dentro da minha boca Tudo aquilo que lhe fere Me toma na discórdia Inventa-me no caos Obscuro e familiar Eu sou a revolta contida O tempo desliza no meu rosto Como uma faca de dois gumes A fortuna da sua lâmina está cega Então, me sobra o sinônimo morte e vida…