Tumgik
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Oi.
olá
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Ontem, de madrugada, me peguei pensando em como seria se eu nunca tivesse sido criada em uma sociedade. Não teria um idioma; meus pensamentos seriam meus sentimentos, e gostei disso, de me imaginar sem as vozes que me assombram e de ser 100% os meus sentimentos, os quais acredito que não seriam tão ruins. Não precisaria falar para me expressar ou usar roupas que transmitissem quem sou de algum modo; eu simplesmente seria nada. Não existiriam essas regras que me deixam presa na cela que é o meu corpo e meus ossos. Ontem, de madrugada, minha professora de literatura me mandou mensagem; ela disse que lembrou de mim ouvindo um podcast. Isso me deixou triste, pois me faz lembrar que sou uma pessoa, uma pessoa que as pessoas enxergam e têm opiniões sobre. Esse aspecto é definitivamente deprimente para mim, pois sinto que sou uma piada quase todos os segundos que estou cercada por outros; sempre estou a falar ou a fazer algo estúpido. Também sinto que sou invisível, quer dizer, a parte verdadeira de mim é invisível; as pessoas só podem ver a atriz mentirosa e desgraçada que sou. Não respondi à mensagem ainda. Ontem, de madrugada, lembrei-me de quando uma colega me disse que ninguém nunca iria gostar de mim por causa das minhas cicatrizes. Isso me magoou, mas me deixou pensativa, porque gosto das cicatrizes que faço em mim mesma; gosto de passar a lâmina fundo o suficiente para deixar uma casquinha, até mesmo de ver o pus e os arranhões animalescos quando vejo meu corpo nu horrendo na frente do espelho. Passei muitos anos esperando que alguém gostasse de mim, que fosse a primeira opção e que alguém desejasse minha companhia, mas honestamente, essa escuridão dentro de mim foi a única coisa que nunca me deixou; romanticizei-a até ela se tornar a companheira do meu relacionamento abusivo comigo mesma.
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É o terceiro mês e acabei de receber alta de um hospital psiquiátrico. Não sei o que fazer com essa liberdade. Quero puxar a pelinha do lado do meu dedo e arrancar minha pele, descascar-me como uma laranja. Minhas calças já não servem mais, bloqueei minhas amigas e já me arrependi de tudo que disse. Não sei mais como escrever. Deveria relatar minha experiência no hospital, mas as paredes lá eram brancas e arranhadas, as janelas sem grades e sem espelhos - esqueci meu próprio reflexo. Agora, quando ouço piadas sobre hospícios, meu coração inflama. Nada mais faz sentido, nem os livros na estante, nem as letras no teclado. Estou perdida no labirinto da minha mente. O mês mal começou e eu me perdi no labirinto da minha cabeça, sinto uma pressão arrebatadora em cima da minha cabeça, uma tontura que borra meus olhos e me deixa desnorteada. Não sei se é minha mente pregando peças em mim ou se é meu corpo dando sinais que algo está errado. O mês mal começou e minhas cicatrizes sumiram, eu fiz outras e as pessoas perceberam, e essas pessoas ficaram com pena de mim. Minha professora de português me emprestou um livro de saúde mental e meu professor de matemática me chamou de um apelido carinhoso, como se eu precisasse disso. Eu não preciso. Não quero carinhos, livros, ou apelidos. Eu quero sentir o ardor das gotas de álcool caindo nos meus cortes quando eu me corto, ou do fósforo se aproximando da minha pele como um vaga-lume. Eu passei mal no trabalho de novo e agora não sei se vão me mandar embora, claramente estão cansados de mim e eu não quero voltar pra lá, mas eu preciso desse dinheiro. Eu me encolhi na cama, com a cabeça entre as pernas sentindo o cheiro da Coisa dentro de mim borbulhando, eu liguei pra minha mãe e disse "Está doendo muito." ela logo entendeu que era minha cabeça, já que estou queixando-me disso a alguns dias - "Eu deixei um remédio pra você por cima da mesa. Você tomou?" ouvi a voz madura e cansada dela atravessando os fios mágicos da minha cidade ecoando nos meus tímpanos, eu fechei os olhos com tanta força que você poderia ver as rugas no meu nariz. "Não é a minha cabeça. É dentro de mim, mãe. Está doendo muito dentro de mim." Ela não entendeu o que eu queria dizer, ela não entendeu que eu precisava desesperamente ser cruel comigo mesms, que eu preciso das lâminas e dos fósforos, do meu isolamento e das minhas paranoias para poder controlar a Coisa que é sedenta por isso. Fiz algo de errado, não sei o que, mas preciso me punir. Ela não entende que sinto tanta dor dentro de mim que a única maneira de lidar com isso é jorrar meu sangue pra fora em linhas finas. A colega da minha amiga perguntou para ela o que eram os machucados no meu pescoço, e ela respondeu ".. Ah, esse é o normal dela." Talvez esse seja o meu normal, e eu deveria me acostumar com ele igual as outras pessoas se acostumaram a me ver assim.
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Eu realmente odeio a minha personalidade. Sinto-me como um porco-espinho, afastando as pessoas quando elas se aproximam, e entendo o motivo, eu atiro farpas, sou uma bala ácida, por isso as meninas não sorriem pra mim e os meninos não se aproximam. Nem eles sabem o que eu sou. Um porco espinho ou uma menina normal? Quem sabe? Bloquear meus pensamentos é minha única saída, pois eles só me atormentam, é como se eu estivesse possuída. Observo os outros vivendo vidas normais, seguindo em frente, se divertindo, enquanto eu não consigo fazer o mesmo, eu me sentiria uma idiota fazendo o que eles fazem mas ao mesmo tempo eu desesperadamente quero, quero que alguém pegue a minha mão e me dê a vida que secretamente eu tenho inveja, mas é mais fácil falar pra mim mesma que acho todos fúteis e idiotas. As interações simples, como um "bom dia" ou um sorriso, me trazem surpresa, pois significam que alguém ainda me vê. No entanto, isso está diminuindo, como se eu estivesse desaparecendo da existência, deixando apenas rastros da minha sombra, ninguém parece me ver, mas a pergunta é, eu consigo me enxergar? Não tenho certeza. Quando me olho no espelho apenas vejo um borrado, e tudo que eu falo parece besteira. Minha mente está anos luz atrasada das mentes deles, eles pensam rápido, eles reagem, eles fazem.. Eu só consigo morder os lábios e bater minha cabeça na parede implorando para que esses pensamentos em volta da minha cabeça, que parecem uma coroa de espinhos me deixe em paz. Só me deixe em paz.
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Estou sozinha no meu quarto, as cortinas estão fechadas, mas as luzes do sol ainda insistem em entrar pelas brechas. Estou deitada e não tenho nem forças para balançar as pernas, me sinto incrivelmente solitária. Ontem, alguém sorriu para mim; foi estranho, pois sempre admirei essa pessoa. Foi estranho saber que ela sabe que eu existo. Sinto-me tão sozinha que é estranho pensar que alguém sabe que existo, pois sinto-me às vezes apenas uma alma perdida flutuando para fora do meu corpo. Sinto raiva; as pessoas estão falando de uma festa e todos sabem que não vou, mas por que iria? Para ficar sentada vendo todos se comportarem como os animais mais carnais do mundo? Mas queria, queria pintar as unhas de uma amiga que não tenho, comprar um vestido que não tenho. Talvez, nos meus sonhos mais distantes, alguém me chamaria para dançar. Mas isso nunca aconteceria; não sei pintar as unhas, nenhuma roupa fica bem em mim, ninguém me convidaria para dançar, pois todos acham que sou surda-muda com problemas mentais. Todos entendem a sátira, menos eu. Odeio sentir-me assim. Odeio escrever essas porcarias. Talvez um dia não seja a amiga do seu amor quebrado, talvez um dia não seja o cachorro abandonado na rua que todos acham fofo, mas ninguém leva para casa. Talvez um dia não seja o verme que anseia pela autodestruição. Sou uma poeira voando para longe de todos, vejo as pessoas preocupadas com seu futuro, todos parecem saber o que vão fazer amanhã, ou mês que vem. Eu não sei de nada, não sei que espécie sou, não sei o que será de mim.
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Eu reli o livro "O Apanhador no Campo de Centeio" nestes dias. Sabe quando você lê um livro e sente que ele foi feito para você? Sei que esse livro foi feito para mim. Mas não quero escrever sobre isso, eu quero falar sobre outra coisa para qualquer pessoa que esteja lendo isso e concorde, preciso saber que também existe outra pessoa extremamente infeliz com absolutamente tudo. Me sinto cheia de tudo, não cheia de objetos, ou dinheiro, mas cansada de tudo. Quer dizer, alguma vez na sua vida você já teve certeza de que nada vai dar certo para você? Não quero ouvir baboseiras da lei da atração ou que nós devemos correr atrás do que queremos, que é culpa do capitalismo ou do comunismo, ou que o problema sou eu, também estou farta disso. Estou no último ano do ensino médio e sempre detestei a escola, detestei mesmo. Sempre vejo adolescentes da minha idade reclamando da escola com seus malditos grupinhos, mas eles não gostam de fazer algo que demore tempo, não da escola em si. Eles gostam de se arrumar de manhã e ver os colegas quando chegam, gostam de fazer piadas e rir alto. Eu odeio isso. Mas não é só isso. É tudo. As luzes muito fortes, os motoristas de ônibus que quase nunca param quando veem você correr atrasado, cretinos que sempre só falam do que vão fazer e do quanto são bons nisso. Eu não gosto nem de carros, como diz Holden em "O Apanhador no Campo de Centeio", eu preferia ter um cavalo, quer dizer, pelo menos o cavalo é humano, quer dizer, pelo menos não iria reclamar de um risco na porta, ou do preço da gasolina, e conversar com os amigos que eu não tenho sobre a marca do meu carro. Odeio ter que fingir estar animada com algo que não estou e ouvir coisas que não quero, mas sempre me lembro de uma mulher que me disse que a vida não funciona do jeito que a gente quer, mas também não tem pessoas que dizem que podemos conseguir tudo que queremos se batalharmos muito para isso? Alguns conseguem mesmo, por isso só falam disso, se eu também conseguisse o que eu quero, também seria um deles. Mas eu só tenho isso. Esse é o caso, esse é o problema, não penso e não encontro praticamente nada em nada. Estou mal de vida e com medo do meu futuro. Para ser honesta, caso você tenha lido isso até o final, estou péssima.
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Em 2020, conheci alguém que mudou toda a minha vida e minha perspectiva sobre mim mesma. Eu já a conhecia há alguns anos, mas ficamos próximas durante a quarentena. Nunca havia tido uma amizade verdadeira; sempre foram relacionamentos superficiais que terminavam quando as aulas acabavam. No entanto, com ela, tudo foi diferente. Ela me fez enxergar de uma forma que eu não conseguia. Ela me amou, e eu a amei. Pela primeira vez na vida, pude ser eu mesma com alguém e não me arrependi disso. Mas então, baguncei tudo, estraguei tudo, fui uma babaca, magoei a pessoa que mais amava no mundo. Sei que provoquei aquilo, sei que merecia que ela me odiasse e dissesse coisas cruéis para me magoar de volta. Depois que ela se foi, entrei em uma espiral de auto-aversão, tentando encontrar pessoas que preenchessem o vazio que ela deixou. Passava noites em claro, ouvindo músicas que me lembrassem dela, escrevendo o nome dela 89 vezes na minha agenda rosa, mas não adiantava. Encontrei alguém para conversar, mas não uma amiga íntima, alguém com quem pintar as unhas dos pés em casa. Era apenas uma companhia para não me sentir completamente sozinha. Para ser sincera, eu não gostava dela de verdade; ela era legal e tudo, mas não era eu mesma. Fiz de tudo para agradá-la, mudar meus jeitos, opiniões políticas e pensamentos para ser parecida com ela e fazer com que ela gostasse de mim. Pensei que ela fosse minha amiga, mas, no fundo, ela só tinha sido um tapa buraco para a ausência de alguém que realmente me entendesse. Agora, sinto-me mal por ter tido contato com ela, pois ela conhece uma versão fictícia de mim que não existe, e ela acredita que essa versão sou eu de verdade, mas não é. Então, ela nunca realmente me conheceu. Ainda sou limpa e pura, e ainda tenho minha personalidade original sem fingimentos, certo? Quero acreditar que sim. Pensei que ela fosse um tapa buraco, mas ela acabou criando um buraco só dela, que desejo com todas as fibras do meu ser esquecer. Só queria que Deus, ou qualquer outra pessoa, me dissesse que nada disso aconteceu, e o que há de errado comigo para que tudo isso passasse. Sei que é errado, pois fui impulsiva e problemática. Depois de alguns meses sem nenhum outro remendo temporário, meus pensamentos me consomem viva.
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Passei por anos sombrios, traumáticos e difíceis recentementes. Agora a luz do sol bate de volta no meu rosto sem me queimar, mas, ninguém nunca me disse o quanto sair de uma guerra poderia ser mais difícil do que de fato passar por ela. Na guerra eu estava focada em sobreviver, tinha ondas de tristeza, melancolia e medo, mas no final do dia tudo era focado em sobreviver mais um dia, “eu sobrevivi hoje, agora é só mais amanhã. eu consigo.”. Quando a guerra é acaba, quando você finalmente vê a bandeira branca no topo da montanha, você fica aliviada, mas quando os meses passam e você tira as folhas do calendário, você fica perdido, não tem motivo pra sobreviver no dia seguinte, eu sobrevivi a minha guerra e do que isso adiantou? Os meus inimigos não sofreram como eu, as lembranças me assombram, não consigo fazer mais nada além de ter um loop do meu próprio filme de terror na minha mente, a armadura que eu usava pra me proteger durante a guerra agora é um crucifixo que afasta a todos, estou sempre à espreita nas sombras, não confiando em ninguém, com mais medo e tristeza do que antes, o lema que era para sobreviver não mais existe, os meses que passavam e eram um alívio por isso agora me assusta. Sem a guerra, qual vai ser minha vida? Qual vai ser minha história? Eu estou presa lá, vendo os meses passarem. Isso está confuso, a guerra era exterior ou interior? A guerra continua dentro de mim - isso é um fato -. Talvez tivesse sido melhor se eu não tivesse sobrevivido a aquela grande guerra.
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Hoje fiquei no trabalho, ouvindo meu chefe tagarelar - um dos olhos dele se fecha quando ele ri, e eu finjo rir também. Hoje ele disse que às vezes o trabalho parece uma onda forte indo em direção a sua casa, quebrando os vidros, os talheres, estragando seus móveis, mas na verdade é só uma brisa. Às vezes essa brisa passa por mim como um cheiro, mas eu nunca consigo realmente a sentir. Parece que ela tenta fazer com que eu sinta inveja, e eu sinto. Depois disso, fiquei encarando a tela do computador mudar, primeiro a imagem de um oceano congelado, as caixas de gelo derretendo e o sol brilhando, cegando a câmera, dez minutos depois se mudou para uma caverna com flores roxas quando escuto ele falar que eu posso ser lenta agora mas que daqui a pouco eu vou ser um polvo com vários tentáculos fazendo isso e aquilo. Eu acenei e sorri, mas eu não quero ser um polvo, eu nunca fui um polvo, eu nunca senti essa brisa, eu não quero fazer isso e aquilo, eu quero me enrolar no meu cobertor até ele tirar o meu fôlego, eu quero virar uma estátua de mármore que as pessoas param por alguns minutos, tiram fotos e saem andando, eu quero ser as folhas que caem das árvores e ficam grudadas no chão - a questão é que eu não quero fazer nada, não que eu tenha feito muita coisa - eu não fiz. Mas por tudo que já vi e senti, foi o suficiente para me fazer querer não sentir nada nunca mais. A música enquanto digito isso já tocou cinco vezes e eu estou enjoada, estou com medo do dia de manhã, meus dedos dos pés se mexendo dentro da meia e o meu sutiã me apertando. Às vezes me pergunto como é não ser uma pessoa. Eu gostaria disso.
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Tudo está girando dentro de mim, os meus órgãos estão se contorcendo e virando um só. Uma massa gosmenta dentro de mim que eu carrego como o meu próprio buraco dentro de mim. Eu sinto meu coração se apertar e apertar, é como se ele fosse um boneco de vodu e alguém colocasse agulhas pontiguadas nele. Eu ando na rua de pedra com o olhar pra baixo, não querendo olhar pra ninguém. As vezes eu acho que se tivesse um apocalipse e eu fosse a única sobrevivente, ninguém mais iria lembrar da minha existência, da minha presença inconvenience, das minhas vergonhas e da minha aparência - apesar de eu estar viva, ao mesmo tempo eu estaria morta, porque sem evidências de uma prova de que algo realmente existiu, não adianta de nada. Semana passada fui atraída por uma imagem chuvosa, as árvores sem folhas, em formas de esqueletos, as folhas marrons, verdes, vermelhas molhadas no chão, as gotas d' água caindo no chão causando círculos em formas de espirais perfeitos, me imaginei ficando tão pequena, subindo em uma dessas folhas e navegando naquela água suja que ia em direção ao esgoto mais próximo.
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Ontem eu tive uma crise de ansiedade no trabalho - me levaram para uma clínica e parecia que eu estava fora do meu corpo. Eu conseguia me ver encolhida na cadeira de metal em uma posição fetal, eu ouvia um choro alto de um bebê e eu queria mandar ele calar a boca - não tinha bebê - o choro estava vindo de mim. Eu estava chorando em público, encolhida, puxando meus cabelos, querendo virar uma poeira no ar e sair flutuando pra longe. A questão é, eu sou sensível, sensível demais pra tudo isso, pra andar no sol, pra comer, pra dormir, pra qualquer coisa. Tudo me machuca. Eu sou a flor com espinhos em um jardim com outras flores magníficas. Eu cheguei em casa e dormi, eu me senti parte da minha cama, era como se eu estivesse voando e a cama me sugava como um imã pra baixo, me prendendo e me aquecendo, longe da civilização, naquele momento eu não era nada.
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hoje eu estou escrevendo no computador do meu trabalho. (sim, agora eu tenho um trabalho e eu estou com medo de alguém conseguir enxergar essa carta melancólica que eu estou escrevendo.) os únicos sons que consigo ouvir agora são as fungadas de nariz, o barulho do teclado e sussurros. essa semana está escura e eu estou com medo das mudanças, talvez eu odeie as mudanças por que elas nunca ficam, elas vão embora quando você começa a se acostumar. gosto de pensar que ela é uma água corrente ou um pai indo embora com promessas voando no vento. eu estou cansada e quando eu durmo sinto meu corpo ficar tão pesado na cama, como se a gravidade tentasse me empurrar para o chão, o que para mim é estranho, por que sempre senti meu corpo leve como uma pena que às vezes eu achava ser possível minha alma sair do meu corpo. e a ansiedade está me batendo como se eu fosse uma pinhata com uma corda pendurada no meu pescoço, eu estou tonta e sinto os meus ossos se dissolvendo, meus órgãos estão gelados por dentro mas quando eu caminho até o ponto de ônibus o sol queima a minha pele. é possível eu estar em carne viva agora? talvez eu seja o canibal que eu vejo no escuro do meu quarto comendo a minha própria pele.
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não tem metáforas o suficiente para definir o meu sentimento agora, as minhas mãos estão suadas, meu corpo está muito apertado pra minha alma, eu quero sair do meu corpo mas é como uma jaula, eu estou presa aqui, eu não sei o que fazer. eu acho que eu virei a bagunça do meu quarto e eu estou sendo engolida pelo chão. eu vi tantas coisas doentes que minhas vistas estão negras e eu estou enjoada, a água do meu chuveiro tem ácido e os fios dos meus cabelos são larvas. isso não é justo. isso não é justo. isso não é justo. minhas lembranças são flashes distorcidos e eu não tenho certeza de nada.
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eu achei que você era igual a mim, que você era uma alma gêmea, mas na verdade você era um reflexo de um espelho quebrado, uma pessoa com uma vibora na língua exalando venenos e mentiras. eu deixei você entrar na minha vida, mas você era um mágico me iludindo e distorcendo a verdade. eu te amei de verdade, e o meu amor foi uma poção de autoestima e orgulho pra você. eu costumava pensar que eu era inteligente mas você me fez parecer a vilã de uma história distorcida. e todas pessoas que já passaram na sua vida me falaram que você não era bom, você os chamou de doidos e eu odeio o jeito que eu também os chamei de doidos. eu deveria, eu deveria ter sabido que sua simpatia era amarga e forçada. você disse que nossa amizade era de verdade, mas você não consegue ser amigo de ninguém pois iria significar que você pode ser uma pessoa comum e você quer ser diferente de todas as coisas boas, mas ainda sim, seu narcisismo disfarçado de maturidade te fala que você é uma pessoa boa.
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sflcwer · 5 months
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final de ano e o meu mau humor vem de dentro. o culpado é um deus de duas cabeças, sou eu na direita - eu sou o frio que balançou o meu cabelo enquanto eu assistia minha melhor amiga se curar e eu me envenenar. eu tentei ver se eu tive alguma vitória no meu ano mas nada, talvez a minha vitória seja conseguir me isolar de todos, que vitória patética. tem uma tumba dentro de mim, e lá está um sentimento negro que fica no meio da minha alma, mas enquanto eu cavo mais ele cresce e fica irritado e acusador. ah, não há ninguém que me entenda, minhas entranhas grudam no meu sofá de couro e eu estou vomitando os meus podres pelo ar, mas eles caem de volta sobre mim. não sou idiota - sei que estou cavando a minha miséria
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sflcwer · 5 months
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Eu imagino ela, a pele pálida, os cabelos cacheados e ela olhando para a corda na mão. Talvez ela tenha se despedido dos pais de uma maneira anônima, falado bom dia de uma maneira mais afetuosa, abraçado suas irmãs mais novas que quase sempre apenas ocorriam brigas entre as três meninas. Acho que ela ouviu os minutos do relógio bater, ela roendo a unha, agoniada com seu sofrimento que a sufocava como a corda que ela iria pegar naquela noite. - A noite chegou, sua família foi dormir. Ela caminhou no escuro do seu jardim e jogou a corda na árvore. Eu me pergunto, ela estava chorando? Estava frio? Os cabelos dela voavam? Ela se arrependeu? - Ela jogou a corda e colocou em seu pescoço, flutuando no ar, lutando contra sua respiração, o pulso parando e os minutos passando até que sua mãe a encontrasse de manhã. Um corpo fantasmagórico flutuando na névoa de uma manhã normal.
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sflcwer · 5 months
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É estranho pensar que as estações mudam como as pessoas. Aquela flor que eu vi na primavera não é a mesma do outono. Aquele meu amigo que eu conheci em abril não é o mesmo do de dezembro. Ele não precisava mudar. Nós poderíamos continuar sendo ingênuos, nos imaginando pequenos sentados em uma folha como um bote em uma corrente de água. Agora eu sou pequena sozinha, a corrente de água ficou mais forte e você cresceu. Eu me lembro que eu falei que tinha medo de lhe contar meus problemas pois um dia você iria embora com todos eles na sua mente, você disse que não iria embora e que nada mudaria. Você foi embora e levou uma parte minha com você. Eu ainda sou pequena, ingênua, intocável, eu sou a estátua da mulher de Ló, paralisada no passado enquanto eu vejo você indo pra frente.
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