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#cultura alemã
vagarezas · 9 months
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• Johann W. Goethe - Fausto
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wesselwigmargarksa · 6 months
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travelandimages · 1 year
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Blumenau e Pomerode, para quem quer curtir a cultura alemã
Blumenau e Pomerode são duas belas cidades do estado de Santa Catarina, no sul do Brasil. Ambas as cidades têm uma rica história e cultura que atraem visitantes de todo o mundo. Blumenau é mais conhecida pela Oktoberfest, que acontece todos os anos no mês de outubro e é a maior festa folclórica alemã fora da Alemanha. Fundada por imigrantes alemães no século 19, a cidade tem forte presença alemã…
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blogdorogerinho · 9 months
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Críticas – João e Maria (1983), João e Maria (1988), Os Irmãos Grimm (2005), João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013), João, Maria e a Bruxa Da Floresta Negra (2013), A Visita (2015), Maria e João: O Conto das Bruxas (2020)
João e Maria dos Irmãos Grimm Os filólogos de formação religiosa Calvinista, criadores do Dicionário Definitivo da Língua Alemã: Jacob Ludwig Karl Grimm (1785 – 1863) e Wilhelm Carl Grimm (1786 – 1859), compilaram com fidelidade os contos de fadas transmitidos oralmente de geração em geração, por camponeses, a exemplo da esposa de Wilhelm, Dortchen Wild, da empregada e a babá da família; pela…
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livrainosdomalee · 4 months
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੭       ˙ ˖ ⠀     𝑩𝑶𝑴𝑩𝑆𝐻𝐸𝐿𝐿  !     alto ,  quem  vem  lá ?  oh ,  é  mahadevi  malee  vosbein  hartmann ,  a  princesa  da  alemanha   de  vinte  e  oito  anos ,  como  é  bom  recebê-la !  está  gostando  da  frança ?  tenho  certeza  que  será  muitíssimo  bem  tratada  por  nós  aqui ,  sendo  tão  cativante  e  ambiciosa .  só  não  deixe  transparecer  ser  meticulosa  e  orgulhosa  que  sua  estadia  será  excelente .  por  favor ,  por  aqui ,  estão  todos  lhe  esperando  !    ꒰   davika  hoorne ,  ela /  dela   ꒱
* 𝐩𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐞𝐬𝐭 . * 𝐜𝐨𝐧𝐧𝐞𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧𝐬 .   * 𝐞𝐱𝐭𝐫𝐚𝐬 .  
Anatchaya Vosbein nasceu em uma família nobre tailandesa, cuja reputação foi solidamente construída no setor do turismo, uma das principais indústrias econômicas do país. Os Vosbein estabeleceram seu nome como líderes influentes, acumulando uma grande fortuna e exercendo significativa influência em sua terra natal. Dada a importância dos países europeus como parceiros econômicos da Tailândia, as viagens de negócios para destinos como a Alemanha eram comuns na vida da jovem Anatchaya. Contudo, seus pais almejavam um futuro ainda mais promissor para a filha. Em sua busca por consolidar relações e aumentar a influência da família, decidiram que um casamento com um nobre europeu seria o caminho ideal. Este plano ambicioso encontrou seu ápice quando Anatchaya conheceu Kiefer Hartmann, o príncipe da Alemanha, durante uma dessas viagens de negócios. O romance que floresceu entre eles foi mais do que uma união estratégica; foi uma fusão de culturas, tradições e amor. A jovem tailandesa encontrou em Kiefer não apenas um nobre europeu influente, mas também um companheiro apaixonado com quem compartilhava interesses e valores. O casamento entre Anatchaya e Kiefer foi um evento grandioso e emblemático que transcendeu fronteiras culturais. Pouco tempo depois, com a ascensão de Kiefer ao trono, Anatchaya e ele foram coroados rei e rainha da Alemanha, consolidando ainda mais sua posição como uma influente figura real.
A chegada de sua filha, Mahadevi, trouxe uma nova luz à vida do casal real. Para preservar as ricas origens tailandesas que fluíam nas veias da pequena princesa, Anatchaya expressou seu desejo de manter o sobrenome Vosbein, um símbolo da nobreza tailandesa, juntamente com o sobrenome Hartmann, que representava a linhagem alemã. Apesar do nome formal ser mais usado com a família, desde a infância, é carinhosamente conhecida como Malee. A criação da primogênita foi caracterizada por uma educação abrangente e rigorosa, com ênfase na história, política e diplomacia. Desde cedo, ela foi preparada para assumir um papel de liderança na monarquia e entender as complexidades da governança. Além da educação, Malee cresceu em um ambiente de luxo e prestígio. Palácios suntuosos, festas magníficas e roupas elegantes eram uma parte intrínseca de sua vida cotidiana. Essa criação fez com que a Hartmann desenvolvesse um forte apego aos bens materiais. Ela apreciava a extravagância que a cercava e se acostumou com um estilo de vida que muitos só podiam sonhar em alcançar. No entanto, a criação rígida e a educação abrangente também moldaram Malee em uma pessoa altamente capaz e preparada para enfrentar os desafios da realeza. Cresceu como uma herdeira da riqueza, do prestígio e do poder da família Hartmann, pronta para assumir seu lugar na corte real da Alemanha e continuar a tradição de sua família como líderes influentes e defensores da independência de seu reino.
( trigger : violência ) Já adulta, Malee não teve outra escolha senão aceitar o compromisso de casamento com Florian, um jovem de linhagem nobre cuja aliança política era fundamental para os interesses de seu pai. Inicialmente, Malee não protestou, entendendo a importância dessas conexões para a prosperidade da Alemanha. No entanto, o que ela não poderia prever era a amarga reviravolta que a relação tomaria. Algumas semanas após conquistar a confiança dos Hartmanns, Florian revelou seu verdadeiro caráter, manifestando-se violentamente em um momento de frustração, chegando até mesmo a tentar agredir Malee. Ele ameaçou a jovem caso ela ousasse relatar o incidente, o que levou a princesa a sufocar o ocorrido por medo de que seu pai acreditasse que ela estava mentindo para evitar um casamento que era considerado de vital importância para a Alemanha. Malee se viu confrontada com situações similares ao longo do noivado, mas, por sorte, foi seu próprio pai, o rei, que testemunhou uma dessas ocorrências e tomou medidas imediatas em relação a Florian. A atitude de Kiefer demonstrou seu compromisso com o bem-estar e a segurança de sua filha, e o casamento que fora uma aliança política se transformou em uma questão de proteção real.
Mesmo após o abalo de seu noivado, Malee demonstrou uma resiliência admirável e comprometimento em seu dever real. Ela continuou sua preparação, sabendo que um dia chegaria sua hora de assumir o trono da Alemanha. Apesar das adversidades, Kiefer manteve a intenção de encontrar uma união para sua primogênita. Foi nesse contexto que, ao ser anunciada a seleção sáfica na França, ele vislumbrou uma oportunidade para Malee visitar o país. Dada a proeminência econômica da Alemanha na Europa, não perderia a chance de permitir que um de seus filhos prestigiasse o evento francês. Além disso, essa viagem também seria uma oportunidade valiosa para Malee conhecer outros nobres de diferentes países. Kiefer reconhecia que a experiência pessoal e a interação direta poderiam desempenhar um papel crucial na busca por um casamento significativo para sua filha.
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eu-estou-queimando · 7 months
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· Apenas 70 anos atrás! Os judeus foram levados ao matadouro como ovelhas.
· 60 anos atrás! Não tínhamos país. Nenhum exército.
· Sete países árabes declararam a guerra ao nosso pequeno estado judaico, apenas algumas horas após a sua criação!
· Nós éramos apenas 650 judeus, contra o resto do mundo árabe! NENHUM FID (Exército de Defesa de Israel).
Nenhuma força aérea poderosa, apenas pessoas corajosas com nenhum lugar para ir.
· Líbano, Síria, Iraque, Jordânia, Egito, Líbia, Arábia Saudita, todos nos atacaram ao mesmo tempo.
· O país que as Nações Unidas nos deram foi de 65% do deserto. O país estava no meio do nada
· 35 anos atrás! Lutamos contra os três exércitos mais poderosos do Oriente Médio, e nós os varremos … sim … em seis dias.
Nós lutamos contra várias coalizões de países árabes, que possuíam os exércitos modernos e muitas armas soviéticas, e sempre os derrotamos!
Hoje nós temos:
· Um país
· Um exército
· Uma poderosa força aérea *
· Uma economia de estado-da-arte que exporta milhões de dólares.
· Intel – Microsoft – A IBM desenvolve produtos em casa
· Nossos médicos recebem prêmios por pesquisa médica *
Nós fizemos o deserto florescer, e vender laranjas, flores e vegetais em todo o mundo.
Israel enviou seus próprios satélites para o espaço! Três satélites ao mesmo tempo!
Estamos orgulhosos de estar no mesmo ranking que:
· Estados Unidos, que tem 250 milhões de habitantes,
· A Rússia, que tem 200 milhões de habitantes
· A China, que possui 1,3 bilhão de habitantes
· Europa – França, Grã-Bretanha, Alemanha – com 350 milhões de habitantes ..
· Um dos poucos países do mundo a enviar objetos para o espaço! Israel é agora parte da família das potências nucleares, com os Estados Unidos, Rússia, China, Índia, França e Grã-Bretanha.
Nunca admitimos oficialmente, mas todos sabem, que apenas a 60 anos atrás, fomos levados, envergonhados e sem esperança, para morrermos no deserto!
Nós extirpamos as ruínas fumegantes da Europa, ganhamos nossas guerras aqui com menos do que nada. Nós construímos nosso pequeno “Império” do nada.
Quem é o Hamas para nos assustar? Vocês me fazem rir!
A Páscoa foi celebrada; Não esqueçamos sobre o que a páscoa trata.
> Nós sobrevivemos ao Faraó.
> Nós sobrevivemos aos gregos.
> Sobrevivemos aos romanos.
> Sobreviveu à inquisição na Espanha.
> Temos os pogroms na Rússia.
> Sobreviveu a Hitler.
> Sobrevivemos aos alemães.
> Sobreviveu ao Holocausto.
> Sobrevivemos aos exércitos de sete países árabes.
> Sobreviveu a Saddam.
> Continuaremos a sobreviver aos inimigos presentes hoje também.
Pense em qualquer momento da história humana! Pense nisso! Para o povo judeu, a situação nunca foi melhor! Então vamos enfrentar o mundo.
Lembre-se: todas as nações ou culturas que uma vez tentaram nos destruir, já não existem hoje – enquanto nós, ainda vivemos!
· Os egípcios?
· Os gregos?
· Alexandre da Macedônia?
· Os romanos? (Alguém ainda fala latino estes dias?)
· O Terceiro Reich?
E olhe para nós:
> A Nação da Bíblia.
> Os escravos do Egito.
Ainda estamos aqui.
E nós falamos o mesmo idioma! Antes e agora! Os árabes ainda não sabem, mas aprenderão que há um Deus … enquanto conservarmos nossa identidade, sobreviveremos.
Então, perdoe-nos:
* por não nos preocuparmos.
* Não chorarmos.
* Não termos medo.
As coisas estão bem por aqui. Certamente poderiam melhorar.
No entanto: Não acredite na mídia, eles não dizem que nossas festas continuam a acontecer, que as pessoas continuam a viver, que as pessoas continuam saindo, que as pessoas continuam a ver amigos.
Sim, nossa moral é baixa. E daí? Somente porque choramos nossas mortes, enquanto outros se regozijam em derramar nosso sangue?. É por isso que vamos vencer, no final.
1. Levanto meus olhos para os montes e questiono: de onde me virá o socorro?
2. O socorro virá do meu SENHOR, o Criador dos céus e da terra!
3. Ele não deixará que teus pés vacilem; não pestaneja Aquele que te guarda.
4. Certamente não! De maneira alguma cochila nem dormita o guarda de Israel.
5. O Eterno é o teu protetor diuturno; como sombra que te guarda, Ele está à tua direita.
6. Não te molestará o sol, durante o dia, nem de noite, a lua.
7. O SENHOR te guardará de todo o mal, Ele protegerá a tua vida!
8. Estarás sob a proteção do SENHOR, ao saíres e ao voltares, desde agora e para todo o sempre! ( Salmo 121)
 
_Benjamin Netanyahu
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star-elysiam · 16 hours
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O anon que tocou no ponto do "padrão" Argentino/latino, esse é o "padrão" por lá pq são lugares, embora próximos, diferentes do Brasil então no Brasil vocês tem padrões mais diversos pq tem mais gente aí. Só que lá não tem e também lá não tem tanto negro, tem mais descentes de indígenas ou indígenas mesmo, asiaticos, sejam amarelos ou marrons e europeus (majoritariamente da "Europa latina") então eles são restritos a um certo "parecer".
É interessante pq, eu acho, que por causa do brasil, que nem é tão diversos assim, foi criado um imaginário de que a ameriaca do sul é diversa sendo que... Eu tinha um professor que ele morou na Argentina e ele fazia piada com isso e ele falava que a frança era mais diversa que a Argentina kkkkkkkkk
(trauma talk abaixo kkkkkkkkrying)
Eu acho interessante que se fale sobre isso devido a coisas que eu experiênciei in short o brasileiro é muito xenofóbico e agressivo (desculpa eu falar assim de vcs mas vcs entenderam.... Não são todos mas é um número grande 🤪) então eu escutava desde volta pro seu país até tipo eu apanhava mas é isso um beijo da sua euro-asiana favorita kkkkkkkk
Nossa mas quem foram os babacas que fizeram isso com você? Acho o cúmulo, o fim da picada ver brasileiro sendo xenofóbico e racista. Nossa, esse tipo de coisa me dá um enjôo, cruzes
Justamente em um país que tem uma diversidade grande sim, que de norte a sul é como se tivesse vários países dentro. Se vamos para o norte, tem uma boa influência e presença da cultura indígena, no nordeste tem a africana, no sul tem a alemã, italiana, inglesa e francesa. Até a japonesa tem, principalmente no eixo sul-sudeste
O tipo de colonização e imigração, além dos povos originários, influenciaram muito no padrão de cada país, mesmo sendo todos da america do sul
E concordo sobre a frança kkkkkkk até porquê é mais comum ter negros lá pela proximidade da Europa com o continente africano do quê com a argentina, que ta mais afastadinha
E da mesma forma que nós brasileiros temos a visão de que a maioria dos argentinos são racistas, sabemos que nem todos são assim. O mesmo vale para o brasil, nem todos são xenofóbicos e os que são, não passam de uma vergonha e escória nacional ☝️
Sinto muito por terem te tratado assim, todo amor pra você 🥺🫂
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Portugal tem uma dívida enorme para com esta Senhora traduzida em França, Espanha e Alemanha e agraciada com grau Chevalier dans L’Ordre des Palmes Académiques pelo então primeiro ministro francês (e futuro presidente da república) Jacques Chirac e pelo Presidente da República Federal da Alemanha Richard von Weizsäcker com a Verdienstkreuz 1. Klasse.
Escreveu que era juiz de si mesma e não se absolvia. Diz agora que tem 80 anos e ninguém acredita. É uma honra IMENSA tê-la aqui. Ora leiam!
[Em tempos de isolamento social ouso interpelar várias personalidades das artes e das ciências (e em outros domínios). Publicarei uma entrevista por dia ficando arquivada neste mural num álbum – Galego Armado Em Proust – criado para o efeito, podendo ser consultado sempre que queiram. Esta é a vigésima segunda entrevista].
‘[…] Outrora dancei até às cinco, até às sete, mas já namorava, e era com o meu marido. Também já com ele ia ao Hot Club, a cave dos melhores do mundo, e ficava por lá a ouvir Jazz, ou Bossa Nova, pela noite fora. Era a minha segunda vida, de noitadas e boémias…’.
1. Qual é a primeira memória que tem? Que tempo foi esse? _ Primeiras memórias: na antiga École Française de Lisboa, tinha eu três anos, a festinha de fim de ano. Por essa mesma altura brincar no pátio Bagatela, um verdadeiro pátio de vendedeiras, (nada do que é hoje como moderno edifício de luxo) com os meninos do primeiro andar, nossos vizinhos do prédio: o Vasco e a Guidinha. Será que ainda existe hoje? E os meninos?
2. Ainda se lembra do nome do primeiro namorado? _. Lembro, mas não digo.
3. Quem gostaria de ter sido aos 15 anos? E agora? _. Aos quinze anos queria fazer ballet, em Paris, com uma professora russa. Agora quero ser uma avó feliz.
4. Quem e como são os seus amigos? _ São amigos, está tudo dito.
5. É uma mulher que chora? _ Quando li O Monte dos Vendavais chorei que me fartei (tinha 17 anos); e voltei a chorar quando mais tarde vi o filme. Mas não digamos chorar, e sim comover-se. Sim, comovo-me, quando alguma coisa me toca profundamente. Pode ser o Requiem de Bach, ou o sofrimento e a perda de alguém que me seja querido.
6. Qual é o seu maior medo? _. Que sofram à minha volta. Que não venha a morrer em paz.
7. De quem mais sente falta? _ Sinto a falta de todos, quando não estão: marido, filhos, netos, amigos...
8. Qual é a sua característica mais marcante? _. Outros dirão melhor do que eu. Mas eu diria o gosto de estudar, de escrever, de trabalhar. Trabalhar é algo que considero privilégio. E que nunca falte algum sentido de humor. Não procuro respostas, são mais interrogações.
9. Qual é a sua característica que mais detesta? _ Ter carradas de alergias, a quase tudo. Uma maçada.
10. E a que mais antipatiza nos outros? _ A estupidez e a má educação.
11. Como é que lida com a frustração? _ Primeiro sofro, é uma contrariedade. Depois sigo em frente.
12. O que é que demarca o território da intimidade? _ A liberdade de ter um espaço e um tempo só nossos.
13. Que pessoa viva mais admira? _ O meu marido, um homem excecional, a vários títulos. Quando o conheci jogava hóquei em patins e tocava contrabaixo. E tinha duas paixões, o Jazz e a Bossa-Nova. Ainda hoje.
14. E a que mais despreza? _ Não desprezo ninguém, já não tenho idade para isso.
15. Qual é a qualidade que mais aprecia numa mulher? _ A inteligência e a elegância discreta.
16. E num homem? _ A cultura e o carácter. Mas tanto na mulher como no homem, a amizade leal e a capacidade de rir, mais de si do que dos outros.
17. É doce a sensação de ser mulher? _ Doce porquê? Para a mulher tudo é tão mais difícil...
18. Que mulher gostaria de ver como Presidente da República de Portugal? _ Não há mulher à vista...outrora teria sido a Prof. Teresa Santa-Clara Gomes, da Faculdade de Letras, de quem herdei a paixão pela Cultura Alemã. Uma mulher excepcional, muito à frente daquele tempo.
19. Como interpreta a frase "Não sou racista, tenho até amigos negros"? _ Uma frase infeliz. O racismo, como os outros ismos, que são vários, mostram que ainda não se evoluiu o necessário.
20. O antropólogo José Pereira Bastos defendeu que Portugal devia pedir desculpa aos ciganos. Exagero do investigador? _ Patetice, está na moda escolher e comentar os temas ditos fracturantes. As comunidades ciganas são antigas, os seus hábitos nómadas estão a evoluir, e o que é preciso é que a sociedade (o Estado) lhes garanta saúde, educação, trabalho e o respeito que todos em sociedade merecem.
21. O que responderia a quem que lhe perguntasse ‘A minha filha sente-se um rapaz. O que posso fazer?’ _. Deve ir a um bom Psicólogo, aconselhar-se com ele, dizer que idade tem a sua filha, seguir o acompanhamento feito, voltando lá já com ela, e ver depois o que sucederia. Há casos e casos.
22. Em 2020 feminismo é sinónimo de …? _ Pode ser de tanta coisa...até de ignorância, porque houve um momento histórico bem conhecido, de luta por direitos elementares negados às mulheres, mas estamos no século XXI e a fome no mundo é para mim um problema maior do que esse. Ou o do clima. Ou o da continuação de abuso dos direitos humanos, em todos, crianças e homens, não apenas nas mulheres.
23. Eu não vou em touradas! E a Yvette Centeno? _ Não vou, mas já fui algumas vezes, outrora. Gosto de ver na televisão a Tourada à Portuguesa, cavalos magníficos que desafiam o touro, cavaleiros trajados a rigor, e de grande “Arte”no toureio. Por trás desse espectáculo protege-se uma espécie ibérica, o touro, outra espécie nossa, o cavalo lusitano, e desenvolve-se paisagem e produção agrícola que dá trabalho a muita gente. Não aprecio o ser contra por ser contra. Ou são todos vegan e não comem bifinho de lombo, ainda que de vaca?
24. Laura Ferreira dos Santos na sua luta “pelo direito a morrer com dignidade” implorava “só peço o direito a não morrer aos bocadinhos.”. Eutanásia, crime ou compaixão? _ Eutanásia é um assunto científico, médico, com dimensão ética complexa, não vou dar opinião, porque a exigência de um envolve vários à sua volta. Hoje sabemos que não se morre com sofrimento, e há ainda a opção do testamento vital. Uma coisa é pedir que nos matem, outra que não nos deixem sofrer.
25. Eu preocupo-me muito com os animais, mas ser vegan não será um pouco exagerado? _. Para mim é exagerado, por várias razões, prejudica a saúde, em crianças e adultos, com o tempo; e é tão mais caro...ser vegan é por vezes outra maneira de ser diferente.
26. ‘Nasceu-te um filho. Não conhecerás, jamais, a extrema solidão da vida…’, versos de Jorge de Sena. Subscreve? _ Não. A Mécia, sua mulher de nove filhos é que poderia dizer isso...os filhos não são coisa nossa, são vidas outras, autónomas, tanto exemplo de pais ou mães com filhos e votados à extrema solidão da vida. Sena: um desabafo poético...
27. Já se sentiu roubada no seu tempo para escrever? _ Já. A vida não pára, à volta de um escritor. Mas não se trata bem de ser roubada, é antes interrompida...a escrita recupera-se, a vida nem por isso.
28. Quais são os seus escritores preferidos? E os poetas? _ São muitos, mas alguns deixaram marcas, conforme a idade em que os li: Prévert, quando era jovem, Michaux mais tarde, e René Char, Baudelaire e Rimbaud, já como estudiosa, Goethe, por razões óbvias, é a razão do meu doutoramento, os do Bauhaus, os surrealistas, são muitos e ainda leio muito, leio sempre. E faltam ainda outros, de vários continentes. Dos que traduzi (também traduzo) o mais influente foi Paul Celan. Depurei a minha escrita, ao lê-lo.
29. Alexandre O’Neill disse que achava muito mais tocante para um poeta o aperto de mão de um leitor que a crítica de um crítico. E a Yvette Centeno? _ Uma conversa, sim. Mas há críticas (raras) que nos leem por dentro. E isso faz-nos bem, sentir que comunicámos. Mas não escrevo para a crítica, quem escreve arrisca-se ao bom e ao mau, é assim, e deve continuar o seu caminho sem dar importância ao que se diga.
30. Um verso de que goste muito? _ De Sophia: ia e vinha / e a cada coisa perguntava / que nome tinha.
31. Quem é o seu compositor preferido? _ Mozart; e Wagner...
32. Com quem dançaria até às 5 da madrugada? _. Outrora dancei até às cinco, até às sete, mas já namorava, e era com o meu marido. Também já com ele ia ao Hot Club, a cave dos melhores do mundo, e ficava por lá a ouvir Jazz, ou Bossa Nova, pela noite fora. Era a minha segunda vida, de noitadas e boémias.
33. Qual é o seu maior arrependimento? _ Não tenho. Escolhi a vida que vivo (excepto este corona –vírus!). Ah, lamento não ter aprendido polaco, quando a minha mãe era viva.
34. Qual é o seu actual estado de espírito? _. Sinto que fui uma privilegiada. Vivi entre duas pátrias, Portugal e França. E sempre ligada às artes. Queria escrever, escrevo. Casei, tive filhos, tenho netos, tenho amigos, mesmo os de longe, aos oitenta anos não posso pedir mais nada.
35. Ainda se morre por amor ou isso só acontece nos poemas de Teresa Horta? _. Cada qual, poeta ou não, saberá dizer melhor. A Teresa Horta ainda está viva e escreve...poderá responder.
36. Qual a actriz que gostaria que a representasse num filme sobre si? _ Marina Vlady (mas não é do seu tempo…)
37. Uma palavra de que goste. _. Uma? Depois de tantas por aqui? Amizade.
38. Um poema que seja seu. _ “Toda a arte é limiar / toda a arte é limite”
39. Depois deste suplicio que pergunta gostaria de me fazer? _. Como é que isto lhe passou pela cabeça, Luís? Efeitos do confinamento??? E que método vais usar? Freud, Jung, Lacan, Tomatis?
Foi um privilégio ter contado consigo, muito obrigado Professora Yvette Centeno!
Luís Galego, 16.04.2020
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claudiosuenaga · 1 year
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Estamos sob a égide dos Senhores Supremos?
Por Cláudio Suenaga
Em um belo dia, de forma inesperada, imensas naves reluzentes surgem sobre as principais capitais do mundo, respondendo à velha questão se somos ou não a única espécie inteligente no Universo. Seus ocupantes, chamados de Senhores Supremos, detentores de uma tecnologia e de conhecimentos muito mais avançados, assumem o controle total da Terra de forma pacífica e em pouco tempo erradicam a ignorância, a pobreza e a guerra, inaugurando uma Era de Ouro. Porém, várias dúvidas passam a assombrar a humanidade: quem seriam os Senhores Supremos e quais seriam suas verdadeiras intenções? Qual o preço a pagar pela utopia? Como ficam a liberdade, a identidade e a cultura humanas? As respostas para essas questões eram muito mais aterradoras do que se poderia supor, ainda mais quando, cinco décadas após sua chegada, revelam sua aparência, idêntica à das imagens tradicionais do folclore cristão de demônios: grandes bípedes com cascos fendidos, asas de couro, chifres e caudas farpadas.
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Há 70 anos, o escritor de ficção científica britânico Arthur Charles Clarke (1917-2008) revelava em Childhood’s End (O Fim da Infância), o que viriam a ser os alicerces do mundo concernentes a uma nova ordem instaurada por extraterrestres chamados de “Senhores Supremos” (Overlords). Imersos que estamos em uma distopia totalitária que dia a dia vai sub-reptícia e escancaradamente eliminando excedentes populacionais e hordas de indesejáveis, enquanto brinda os resistentes com a erradicação de seus últimos resquícios de humanidade e, por conseguinte, de consciência individual, seria lícito perguntar se Clarke não teria nos alertado quanto ao nosso inevitável destino, ele que antecipou com precisão as telecomunicações instantâneas por satélites e internet, a inteligência artificial (“que iria acabar superando seus criadores”) e até mesmo as pílulas anticoncepcionais e os testes de DNA, conforme este trecho de O Fim da Infância:
“O modelo de moralidade sexual, se é que podemos dizer que existia um só modelo, havia se alterado de maneira radical. Tinha sido praticamente despedaçado por duas invenções, que foram, por ironia, de origem cem por cento humana e nada deviam aos Senhores Supremos. A primeira foi um contraceptivo oral totalmente seguro. A segunda, um método, igualmente infalível, de identificação do pai de qualquer criança, tão preciso quanto impressões digitais.”
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O enredo da invasão alienígena pacífica da Terra de Clarkecomeça na época da Guerra Fria, prevê corretamente uma corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética e a proeminência dos cientistas de foguetes alemães em ambos os programas espaciais, se projeta para o nosso tempo e culmina um pouco mais à frente, enquadrando-se, portanto, em nosso cronograma ou na Agenda dos Senhores Supremos, em um paralelo estupefaciente.
O nosso planeta, segundo Clarke, tem sido desde então governado por esses Senhores Supremos, seres de uma inteligência e tecnologia muito superiores que de imediato impedem que a humanidade se autodestrua, erradicando a fome, a pobreza, a ignorância e as doenças e trazendo segurança, paz, conforto, estabilidade e prosperidade. Uma Era de Ouro é inaugurada, mas às custas da crescente perda da liberdade (de “controlar nossas próprias vidas, guiadas por Deus”), identidade, cultura, iniciativa, criatividade e vigorosidade humanas.
A esta altura, muitos já substituíram Deus por extraterrestres,certos de que constituem uma mais lógica e até completa explicação para nossas origens. Outros continuam aferrados à crença na existência pura de um Deus único e divino e entreveem sinais e significados diabólicos em todas as ações atribuías aos Senhores Supremos, tomando-os como falso profetas. Para estes, os ETs são o prenúncio da chegada do Anticristo, e por conseguinte do Apocalipse e do fim do mundo, de modo que a humanidade precisa ser avisada da verdade o quanto antes e enquanto ainda é tempo.
A chegada dos Senhores Senhores se deu sem um aviso prévio e de maneira inesperada, quando os Estados Unidos e a União Soviética competiam para lançar a primeira espaçonave em órbita para fins militares. Foi quando gigantescas, majestáticas, reluzentes e silenciosas naves alienígenas subitamente se posicionaram acima das principais cidades da Terra. A simples constatação de que a humanidade não era a única espécie inteligente no Universo, por si só faz cessar todos os conflitos. Durante seis dias – os mesmos que Deus levou para completar sua criação –, elas permaneceram flutuado, impassíveis e imóveis, até que anunciaram que estavam assumindo a supervisão dos assuntos internacionais para evitar a extinção da humanidade:
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“Dentro daquelas naves paradas e silenciosas, mestres em psicologia estudavam as reações da humanidade. Quando a curva de tensão atingisse o máximo, entrariam em ação. Foi assim que, no sexto dia, Karellen, supervisor encarregado da Terra, se deu a conhecer ao mundo através de uma transmissão que cobriu todas as frequências radiofônicas. Falou num inglês tão perfeito, que deu início a uma controvérsia destinada a dividir toda uma geração de um lado a outro do Atlântico. O contexto de sua fala foi ainda mais surpreendente do que sua emissão. Era a obra de um autêntico gênio, mostrando um domínio completo e absoluto dos assuntos humanos. Não podia haver dúvida de que sua erudição e seu virtuosismo, os estarrecedores aspectos de um conhecimento ainda inexplorado, tinham o fim deliberado de convencer os homens de que estavam na presença de um extraordinário poder intelectual. Quando Karellen terminara, as nações da Terra souberam que seus dias de precária soberania haviam chegado ao fim. Os governos internos, locais, continuariam retendo os seus poderes, mas, no campo mais amplo dos assuntos internacionais, as decisões supremas não mais caberiam aos humanos. Argumentações, protestos, tudo era inútil. Dificilmente se poderia esperar que todas as nações do mundo se submetessem docilmente a uma tal limitação de seus poderes. Contudo, a resistência ativa apresentava sérias dificuldades, pois a destruição das naves dos Senhores Supremos, mesmo que possível, aniquilaria as cidades situadas abaixo delas.”
A inspiração para essa imagem das naves pairando sobre as cidades, veio a Clarke durante a Batalha da Grã-Bretanha (de 10 de julho até 31 de outubro de 1940) na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em um entardecer em uma colina que tinha vista para Londres, quando soltaram vários balões barragem prateados que “capturavam os últimos raios do Sol e se pareciam com uma frota de naves alienígenas” suspensa sobre a cidade. A Batalha da Grã-Bretanha foi uma das mais importantes da Segunda Guerra, travada entre a Luftwaffe e a Força Aérea Britânica (RAF – Royal Air Force), que representou o primeiro movimento alemão com o objetivo de invadir as ilhas britânicas. Os balões barragem eram balões enormes utilizados como defesa contra aviões. Eles possuíam um cabo que os ligava ao solo ou a edifícios e que servia como obstáculo contra aviões. Algumas versões carregavam pequenas cargas explosivas. Clark lembra que sua primeira ideia para a história se originou dessa cena, com os balões gigantes se tornando naves alienígenas no romance.
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Balões barragem flutuando sobre Londres durante a Batalha da Grã-Bretanha, uma das mais importantes da Segunda Guerra Mundial, travada entre a Luftwaffe e a RAF, que representou o primeiro movimento alemão com o objetivo de invadir as ilhas britânicas. O Palácio de Buckingham e o Memorial Victoria podem ser vistos. Foto: Fatos Militares.
A humanidade acabou aceitando a presença dos Senhores Supremos “como parte da ordem natural das coisas, e em um espaço de tempo surpreendentemente curto, o choque inicial passou e o mundo continuou como antes”:
“No primeiro ano de sua chegada, o advento dos Senhores Supremos tinha feito menos diferença do que seria de esperar para a vida dos humanos. Sua sombra estava em todo lado, mas era uma sombra discreta. Embora fossem poucas as grandes cidades da Terra onde os homens não pudessem ver uma das naves prateadas reluzindo contra o zênite, passado algum tempo elas começaram a ser encaradas com naturalidade, como se fossem o sol, a lua ou simples nuvens. A maioria dos homens provavelmente não se dava conta de que os seus cada vez melhores padrões de vida se deviam aos Senhores Supremos. Quando paravam para pensar nisso – o que era raro – percebiam que aquelas naves silenciosas tinham trazido a paz ao mundo pela primeira vez na história e sentiam-se gratos.”
Como bons liberais da velha cepa, os Senhores Supremos interferem minimamente nos assuntos humanos, permitindo que estes conduzam seus negócios à sua maneira. Direta e abertamente, intervêm apenas duas vezes: na África do Sul, onde, algum tempo antes de sua chegada, o apartheid havia entrado em colapso e sido substituído por uma perseguição selvagem à minoria branca; e na Espanha, onde acabaram com as touradas.
A guerra ia se tornando uma vaga lembrança que se diluía no passado. As cidades tinham sido reconstruídas, abandonadas ou deixadas como cidades-museus. A produção tornara-se quase totalmente automatizada: “as fábricas-robôs produziam bens de consumo em tão grande escala, que todas as necessidades comuns à vida eram virtualmente gratuitas. Os homens trabalhavam apenas para obter os artigos de luxo que desejavam – ou não trabalhavam.”
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O mundo tornara-se um Estado único: “Os antigos nomes dos velhos países ainda eram usados, mas só como zonas postais.” Assim Clarke descreve essa utopia:
“Não havia ninguém na Terra que não falasse inglês, que não soubesse ler, que não tivesse um aparelho de televisão, que não pudesse ir ao outro lado do planeta em vinte e quatro horas no máximo... O crime praticamente desaparecera. Tornara-se ao mesmo tempo desnecessário e impossível. Quando ninguém sente falta de nada, não há por que roubar. Além do mais, todos os criminosos em potencial sabiam que não conseguiriam escapar à vigilância dos Senhores Supremos. Nos primeiros tempos de seu domínio, eles haviam interferido de maneira tão eficaz em favor da lei e da ordem, que a lição nunca mais fora esquecida. Os crimes passionais, embora não inteiramente extintos, eram quase desconhecidos. Com a remoção de grande parte de seus problemas psicológicos, a humanidade estava muito mais sensata e menos irracional. O que nas eras anteriores se chamaria vício, agora não passava de excentricidade – ou, na pior das hipóteses, maus costumes.”
Aquele ritmo louco que caracterizara o século XX havia diminuído e a vida agora era mais calma e tranquila: 
"O homem ocidental reaprendera – o que o resto do mundo jamais esquecera – que o ócio não era pecado, desde que não degenerasse na preguiça. Fossem quais fossem os problemas que o futuro pudesse trazer, o tempo ainda não pesava nas mãos da humanidade.”
Por outro lado, a nova sociedade tinha muito mais mobilidade: 
“Graças à perfeição do transporte aéreo, todo mundo podia ir para onde quisesse quando bem desejasse. [...] O carro aéreo não tinha asas, nem quaisquer superfícies visíveis de controle. Até mesmo as lâminas giratórias dos velhos helicópteros haviam desaparecido. Contudo, o homem não descobrira a antigravidade; só os Senhores Supremos detinham esse segredo.”
As religiões, como seria de esperar, perderem o sentido com a chegada dos Senhores Supremos, e a humanidade tornara-se inteiramente secular:
“De todas as fés religiosas que haviam existido antes da chegada dos Senhores Supremos, apenas uma forma de budismo purificado – talvez a mais austera das religiões – sobrevivia ainda. Os credos baseados em milagres e revelações tinham caído por terra. [...] No espaço de alguns dias, todos os inúmeros messias da humanidade tinham perdido a divindade. À luz fria e desapaixonada da verdade, crenças que haviam sustentado milhões de pessoas, durante dois mil anos, evaporaram-se como o orvalho matinal. Todo o bem e todo o mal que tinham provocado foram, de uma hora para a outra, empurrados para o passado, destituídos de qualquer poder. A humanidade perdera seus velhos deuses. Era agora suficientemente velha para precisar de deuses novos.”
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Crédito: Syfy.
A queda das religiões fez-se acompanhar, antitética e simultaneamente, pela da ciência, das artes e da cultura em geral: 
“Havia muitos técnicos, mas poucos se aventuravam para além das fronteiras do conhecimento humano. A curiosidade persistia e havia tempo para explorá-la, mas faltava o estímulo para as pesquisas científicas fundamentais. Parecia fútil passar toda uma vida pesquisando segredos que sem dúvida os Senhores Supremos já tinham desvendado eras antes. Esse declínio fora parcialmente disfarçado por uma enorme florescência das ciências descritivas, como a zoologia, a botânica e a astronomia de observatório. Nunca houvera tantos cientistas amadores coligindo fatos para seu próprio gáudio; mas havia poucos teóricos correlacionando esses fatos. O fim das lutas e dos conflitos de todas as espécies fora também o fim virtual da arte criadora. Havia miríades de executantes, amadores e profissionais, mas nenhuma obra significativa nos campos da literatura, da música, da pintura ou da escultura viera à luz durante toda uma geração. O mundo continuava vivendo das glórias de um passado que jamais voltaria. Ninguém se preocupava com isso, exceto alguns filósofos. A raça humana estava por demais interessada em saborear a recém-descoberta liberdade, para ver além dos prazeres do presente. A utopia chegara finalmente; a sua novidade não fora ainda ameaçada pelo inimigo supremo de todas as utopias – o tédio.”
Em suma, “sob muitos aspectos, o aparecimento dos Senhores Supremos criara mais problemas do que resolvera”, e quando acabaram com muitas coisas más, muitas das boas foram-se junto:
“O mundo é agora plácido, incaracterístico e culturalmente morto; nada de realmente novo foi criado desde a chegada dos Senhores Supremos. E a razão é mais do que óbvia. Não há mais nada por que lutar e existem demasiadas distrações e diversões.”
Clarke parece estar descrevendo a profusão de ofertas desse gênero do mundo atual, sorvida diariamente por muitos bilhões para os quais é mais fácil receber pronto do que buscar saber: 
“Já pensou que, todos os dias, umas quinhentas horas de rádio e televisão são transmitidas pelos vários canais? Se uma pessoa resolvesse não dormir e não fazer mais nada, mesmo assim não poderia acompanhar mais do que um vigésimo dos diversos tipos de diversão que nos são apresentados ao mero girar de um botão! Não admira que as pessoas se venham transformando em esponjas passivas – absorvendo e não criando. Sabia que o tempo médio passado por uma pessoa em frente da televisão é, agora, de três horas por dia? Em breve as pessoas não terão mais vida própria. Vão passar a vida acompanhando os diversos seriados e novelas apresentados pela televisão!”
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Crédito: Getty Images.
Os Senhores Supremos que tinham respostas e soluções para tudo, paradoxalmente não viam nesse declínio um problema, e mesmo com sua formidável inteligência, pareciam não compreender que estavam destruindo a alma humana. E a humanidade, “acostumada que estava a confiar neles e a aceitar, sem questionar, o seu altruísmo sobre-humano”, permaneceu impassível. Os Senhores Supremos querem ajudar a humanidade, mas criam algumas restrições a esta, como a continuidade da exploração do espaço:
“Um século antes, o homem pusera o pé na escada, que o levaria às estrelas. Nesse exato momento – teria sido coincidência? – a porta de acesso aos planetas fora-lhe fechada na cara. Os Senhores Supremos haviam imposto poucas proibições a qualquer forma da atividade humana (as guerras eram, talvez, a maior exceção), mas as pesquisas espaciais tinham praticamente cessado. O desafio apresentado pela ciência dos Senhores Supremos era demasiado grande. Momentaneamente, ao menos, o Homem perdera o ânimo e voltara-se para outros campos de atividade. Não havia sentido em desenvolver a construção de foguetes espaciais, quando os Senhores Supremos tinham meios de propulsão infinitamente superiores, baseados em princípios de que nunca haviam dado, sequer, uma ideia. O homem continuava, portanto, a ser um prisioneiro de seu próprio planeta. Um planeta muito mais justo, mas muito menor do que um século antes. Ao abolirem a guerra, a fome e a doença, os Senhores Supremos tinham também abolido o espírito de aventura.”
A expectativa era a de que os Senhores Supremos, envoltos por ares misteriosos, se deixassem ver e desembarcassem das suas reluzentes naves totalmente lisas e sem quaisquer emendas. Mas, cinco anos depois, a humanidade continuava esperando, assombrada pela dúvida quanto às verdadeiras intenções dos Senhores Supremos e até quando suas políticas iriam coincidir com o bem-estar dos homens.
O Senhor Supremo Karellen, o “Supervisor da Terra”, que fala por trás de uma tela de vidro unilateral apenas para Rikki Stormgren, o Secretário-Geral das Nações Unidas, diz a ele que os Senhores Supremos só se revelarão em 50 anos, quando a humanidade terá se acostumado com a presença deles. Stormgren contrabandeia um dispositivo para a nave de Karellen em uma tentativa de ver a sua verdadeira forma. Ele consegue vê-lo parcialmente, fica chocado e opta por ficar em silêncio, ciente dos graves problemas que adviriam caso suas aparências fossem expostas naquele momento.
Os Senhores Supremos precisavam antes garantir que os seus planos a longo prazo fossem implementados, e o primeiro passo, “naturalmente”, seria a criação de um “Estado Mundial”, isso mesmo. Eis mais um acerto preciso de Clarke, ou melhor dizendo, anúncio, como se ele já soubesse desses planos, maçom que era e coligado aos Senhores Supremos deste mundo. A mudança seria feita de modo tão “imperceptível” que poucos se dariam conta quando ela se realizasse, e “depois disso, haverá um período de lenta consolidação, enquanto sua raça se prepara para nos conhecer. E então chegará o dia que lhes prometemos.”
E quando esse dia finalmente chegou, no início do século XXI, 
“Havia apenas uma nave, agora, flutuando sobre Nova York. Na realidade, como o mundo acabava de descobrir, as naves que se viam sobre as outras cidades do homem nunca tinham existido. No dia anterior, a grande frota dos Senhores Supremos dissolvera-se no nada, dispersando-se como se fosse neblina, sob o orvalho da manhã. [...] As grandes naves não tinham, então, sido mais do que símbolos e agora o mundo sabia que todas, menos uma, não haviam passado de naves-fantasmas. Contudo, com sua presença apenas, tinham mudado a história da Terra. Agora, sua tarefa estava terminada e o que se haviam proposto repercutiria por séculos e séculos.”
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Crédito: Syfy.
Seria esta mais uma “antevisão” de Clarke que se confirmará, ou seja, o uso da tecnologia Blue Beam (Raio Azul) para projetar holograficamente uma falsa invasão alienígena nos céus que colocará a população amedrontada à inteira mercê dos governos e dos verdadeiros “Senhores Supremos”?
“As naves de abastecimento, indo e vindo pelo espaço distante, tinham sido reais; mas as nuvens prateadas que haviam pairado, durante toda uma vida, sobre quase todas as capitais da Terra, tinham sido uma ilusão. Como essa ilusão fora criada, ninguém sabia dizer, mas parecia que cada uma dessas naves não passara de uma imagem da nave de Karellen. Não fora, porém, apenas um jogo de luzes, pois até o radar tinha sido logrado, e havia ainda homens vivos que juravam ter ouvido o estrépito do ar sendo rasgado pela frota, ao penetrar nos céus da Terra.”
Assim como no livro a população foi sendo ao longo de cinquenta anos sutilmente condicionada – a “ponto de quase não ser reconhecida” – a aceitar os Senhores Supremos, por mais aterradora que fossem suas aparências, para o que “tudo de que se precisa é um conhecimento profundo da estrutura social, uma visão clara do objetivo em mente e poder”, nós também temos sido nas últimas décadas pela mídia e pela indústria cultural e de entretenimento, a ponto de hoje todos aceitarem placidamente e sem impedimentos a ideia de contato e convivência com seres de outros planetas.
O ardil psicológico usado por Karellen foi o de ter convidado duas crianças para serem as primeiras a vê-lo e interagirem diretamente com ele:
“Acenando alegremente para a multidão e para os pais aflitos – que, demasiado tarde, tinham provavelmente se lembrado da lenda do flautista de Hammelin – as crianças começaram a subir rapidamente a íngreme encosta. Mas suas pernas não se mexiam e logo se tornou claro que seus corpos estavam inclinados em ângulo reto com a estranha prancha, que parecia ter uma gravidade própria, capaz de neutralizar a da Terra. As crianças estavam ainda gozando aquela estranha experiência e imaginando o que as estaria atraindo para cima, quando desapareceram no interior da nave. Um grande silêncio caiu sobre o mundo inteiro durante vinte segundos – embora, mais tarde, ninguém pudesse acreditar que tão pouco tempo se tivesse passado. Então, a escuridão da grande abertura deu a impressão de avançar, e Karellen surgiu à luz do sol. O menino estava sentado em seu braço esquerdo, a menina, no direito – ambos demasiado ocupados brincando com as asas de Karellen, para repararem na multidão que os olhava. Foi um tributo à psicologia dos Senhores Supremos e a todos aqueles anos de cuidadosa preparação o fato de apenas algumas pessoas terem desmaiado. E, ainda, em todo o mundo, foram poucas as pessoas que sentiram o antigo terror perpassar-lhes, por um horrível instante, a mente, antes que a razão o banisse para sempre. Não era uma ilusão. As asas encouradas, os pequenos chifres, a cauda eriçada – nada faltava. A mais terrível de todas as lendas criara vida, emergira do passado desconhecido. E, contudo, lá estava, sorrindo, numa majestade de ébano, com a luz do sol fazendo brilhar o seu tremendo corpo e uma criança humana confiantemente pousada em cada braço.”
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Crédito: Syfy.
Sim, a compleição de Karellen era idêntica à dos demônios medievais, estando além, portanto, de qualquer uma que poderia ser imaginada ou aceita, embora se explicasse o temor e a repulsa que sentíamos por eles por uma espécie de “memória racial”: 
“Presumia-se, naturalmente, que os Senhores Supremos, ou seres da mesma espécie, tinham entrado em violento conflito com o homem primitivo. O encontro devia ter ocorrido num passado remoto, pois não deixara vestígios na história. Era outro enigma, para cuja solução Karellen não ajudava em nada. [...] Talvez achassem a Terra fisicamente desconfortável para seu tamanho, e a existência de asas indicava que vinham de um mundo de gravidade bem mais baixa. Nunca eram vistos sem um cinturão cheio de mecanismos complicados que, conforme se acreditava, controlava-lhes o peso e permitiam comunicar-se uns com os outros. A luz do sol resultava-lhes dolorosa e nunca ficavam mais de uns poucos segundos expostos a ela. Quando tinham que ficar ao ar livre durante um espaço maior de tempo, usavam óculos escuros, que lhes davam uma aparência algo incongruente. Embora parecessem capazes de respirar o ar terrestre, carregavam às vezes pequenos cilindros de gás, que utilizavam ocasionalmente.”
Supôs-se que vistos de longe 
“por selvagens ignorantes e apavorados, os Senhores Supremos podiam ter sido tomados por homens alados, dando origem ao retrato convencional do Demônio.” De perto, porém, não se podia classificá-los em nenhuma árvore evolutiva conhecida, ou seja, “os Senhores Supremos não eram nem mamíferos, nem insetos, nem répteis. Não se tinha sequer a certeza de que fossem vertebrados: sua carapaça dura podia muito bem ser a sua única forma de sustentação. [...] O famoso esporão da cauda, mais que uma ponta de flecha, parecia antes um grande diamante achatado. Seu propósito, dizia-se, era dar estabilidade ao voo, como as penas da cauda de uma ave. Baseando-se nos escassos fatos conhecidos e em suposições como aquelas, os cientistas tinham concluído que os Senhores Supremos provinham de um mundo de baixa gravidade e atmosfera muito densa.”
Clarke chega a sugerir que os Senhores Supremos fossem clones:
“Ninguém jamais conseguira distinguir ao certo um Senhor Supremo do outro. Todos pareciam saídos do mesmo molde. E talvez, graças a um processo biológico desconhecido, fossem mesmo.”
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Arte de Franco Brambilla. 
A “problemática reprodutiva” dos Senhores Supremos evoca o Admirável Mundo Novo (1932) de Aldous Huxley, em que as crianças são fabricadas em frascos de vidro e criadas em centros especializados, ao passo que a viviparidade – termo científico utilizado intencionalmente por Huxley em referência à horrível obrigação animal de passar por um ventre feminino para nascer – é vista como algo infame e do passado, persistindo apenas em estado de vergonhosa sobrevivência em algumas reservas de selvagens. Na distopia de Huxley, o apogeu da civilização corresponde à implementação da esterilização generalizada, sucedida pelo desaparecimento da família, do casamento e de todas as formas de relação de parentesco, que se tornam obscenidades. Os Senhores Supremos revelam ser estéreis, não passando de “parteiras”: 
“Apesar de todos os seus poderes e de seu brilho, os Senhores Supremos estavam numa espécie de beco sem saída evolutivo. Eram uma raça nobre e grande, superior, em quase todos os aspectos, à humanidade; entretanto, não tinham futuro e tinham consciência disso.”
Toda aquela bondade e benevolência veio com um preço, que aos poucos começa a ser pago pela humanidade. As crianças, até então fora de questão, passam a ser objetos de grande interesse dos Senhores Supremos, que já tinham se revelado interessados ​​em pesquisas psíquicas como parte do estudo antropológico dos seres humanos. Quando se pensa nos conhecimentos científicos dos Senhores Supremos, chega a parecer estranho que eles se interessem por fenômenos psíquicos.
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Crédito: Syfy.
Rupert Boyce, um prolífico colecionador de livros sobre o assunto, permite que um Senhor Supremo chamado Rashaverak estude esses livros na biblioteca de sua casa. Para impressionar seus amigos com a presença de Rashaverak, Boyce dá uma festa, durante a qual ele usa um tabuleiro Ouija comumente usado para conjuração de espíritos e demônios, em uma meta-referência à presença demoníaca do Senhor Supremo. Jan Rodricks, um astrofísico e cunhado de Rupert, pergunta o nome da estrela natal dos Senhores Supremos. A futura esposa de George Greggson, Jean, desmaia quando o tabuleiro Ouija revela um número que não tem significado para a maioria dos convidados. Então Jan o reconhece como um número de um catálogo estelar e descobre que é consistente com a direção em que as naves de suprimento dos Senhores Supremos aparecem e desaparecem. Com a ajuda de um amigo oceanógrafo, Jan embarca em uma nave de suprimentos dos Senhores Supremos e viaja 40 anos-luz até seu planeta natal. Devido à dilatação do tempo da relatividade especial em velocidades próximas à da luz, o tempo decorrido na nave é de apenas algumas semanas, enquanto na Terra decorrem 80 anos.
Embora o homem comum lhes fosse grato pelo que tinham feito em prol do mundo, é claro que os Senhores Supremos não agradam a uma certa porção que forma um grupo de resistência chamado a Liga da Liberdade. Os que percebem que a inovação humana está sendo suprimida e que a cultura está se tornando estagnada, estabelecem a Nova Atenas, uma colônia em uma ilha no meio do Oceano Pacífico dedicada às artes criativas, à qual se juntam George e Jean Greggson. Os Senhores Supremos escondem um interesse especial pelos filhos dos Greggsons, Jeffrey e Jennifer Anne, e intervêm para salvar a vida de Jeffrey quando um tsunami atinge a ilha. Os Senhores Supremos os têm observado desde o incidente com o tabuleiro Ouija, que revelou a semente da futura transformação oculta dentro de Jean.
Bem mais de um século após a chegada dos Senhores Supremos, crianças humanas, começando com os Greggsons, começaram a exibir clarividência e poderes telecinéticos. Aquilo não era um patamar além no degrau evolucionário, mas o começo do fim da civilização, o fim de tudo o que os homens tinham conseguido desde o começo dos tempos:
“No espaço de alguns dias, a humanidade perdera seu futuro, pois o coração de qualquer raça é destruído e sua vontade de viver desaparece, quando os filhos lhe são tirados. Não houve pânico, como teria acontecido um século antes. O mundo estava como que entorpecido, com as grandes cidades paradas e silenciosas. Apenas as indústrias vitais continuavam funcionando. Era como se o planeta estivesse de luto, chorando por tudo o que nunca mais haveria de vir. E então, como fizera certa vez, numa era já esquecida, Karellen falou pela última vez à humanidade.
– Meu trabalho aqui está quase terminado – disse a voz de Karellen, através de um milhão de rádios. – Por fim, após cem anos, posso lhes dizer qual foi esse trabalho. Tivemos que esconder muitas coisas de vocês, da mesma forma que nos escondemos durante a metade de nossa estada na Terra. Sei que muitos de vocês achavam isso desnecessário. Já se acostumaram a nossa presença, não podem imaginar como seus ancestrais teriam reagido a ela. Mas, pelo menos, podem entender o que nos levou a nos escondermos, saber que tínhamos um motivo para o que fizemos. O segredo máximo que escondemos de vocês foi o objetivo de nossa vinda à Terra, coisa sobre a qual vocês nunca se cansaram de especular. Não podíamos revelá-lo porque o segredo não nos pertencia.”
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Arte de Vincent Di Fate. 
Como um autêntico “mensageiro da decepção”, para usar um termo de Jacques Vallée, Karellen admite que a estada deles se baseou “num VASTO ENGANO, NUM ESCONDER DE VERDADES” para que seus objetivos fossem alcançados. As peças faltantes começam a aparecer aí e vamos compreendendo de fato no que consistia o plano dos alienígenas, não propriamente deles, mas no que já havia sido planejado há tempos pela “Mente Suprema” de toda a Criação:
“Para entender, precisam voltar ao passado e recuperar muita coisa que seus ancestrais teriam achado familiar, mas que vocês esqueceram – e que nós, em verdade, deliberadamente os ajudamos a esquecer, pois toda a nossa estada aqui se baseou num vasto engano, num esconder de verdades que vocês não estavam preparados para enfrentar. [...] Vocês descartaram todas as superstições; a ciência era a única religião da humanidade, [...] o destruidor de todas as outras crenças. As que ainda existiam, quando nós chegamos, já estavam moribundas. A opinião geral era de que a ciência podia explicar tudo. [...] Não obstante, seus místicos, embora perdidos nas próprias ilusões, viram parte da verdade. Há poderes mentais e poderes extramentais que sua ciência nunca poderia ter abrigado sem ficar definitivamente abalada. Através das idades, tem-se sabido de inúmeros fenômenos estranhos – telecinésia, telepatia, precognição – a que vocês deram nomes, mas que nunca conseguiram explicar. A princípio, a ciência ignorou-os, chegou mesmo a negar-lhes a existência, apesar do testemunho de cinco mil anos. Mas eles existem e nenhuma teoria do universo pode estar completa sem mencioná-los. E por isso viemos – ou melhor, fomos enviados – à Terra. Interrompemos seu desenvolvimento em todos os níveis culturais, mas principalmente no campo das pesquisas dos fenômenos paranormais. Tenho perfeita consciência de que também inibimos, pelo contraste entre nossas civilizações, todas as outras formas de realizações criativas. Mas isso foi um efeito secundário e não tem importância. Agora, devo dizer-lhes algo que vocês talvez achem surpreendente ou mesmo incrível. Todas essas potencialidades, todos esses poderes latentes, nós não os possuímos nem os compreendemos. Nossos intelectos são muito mais potentes do que os seus, mas existe algo em suas mentes que sempre nos escapou. Desde que chegamos à Terra que os estamos estudando. Aprendemos muito e vamos aprender ainda mais, mas duvido que alguma vez descubramos toda a verdade. Nossas raças têm muito em comum, e por isso fomos escolhidos para essa tarefa. Sob outros aspectos, representamos os fins de duas evoluções diferentes. Nossas mentes chegaram ao fim de seu desenvolvimento. O mesmo, em sua forma atual, aconteceu com as suas. Contudo, vocês podem dar o pulo para próximo estágio e é nisso que reside a diferença entre nós. Nossas potencialidades estão exaustas, mas as suas ainda não foram exploradas. Estão relacionadas, de um modo que nós não entendemos, com os poderes que mencionei – os poderes que estão agora despertando em seu mundo."
Karellen admite que tudo o que fizeram para trazer paz e justiça e melhorar o padrão de vida na Terra, foi para afastar a humanidade da verdade e assim cumprir o objetivo determinado pela Mente Suprema:
“Somos seus guardiães – e nada mais. Várias vezes vocês devem ter querido saber qual a posição que minha raça ocupava na hierarquia do Universo. Assim como estamos acima de vocês, também há algo acima de nós, servindo-se de nós para seus próprios fins. Nunca descobrimos o que é, embora há séculos sejamos seu instrumento e não ousemos desobedecer-lhe. Temos recebido ordens, ido para mundos em estágio primitivo de civilização, guiando-os por uma estrada que nunca poderemos trilhar – a estrada pela qual vocês estão agora seguindo. Repetidas vezes estudamos o processo que ajudamos a promover, esperando poder aprender a escapar de nossas limitações. Mas só conseguimos vislumbrar os vagos contornos da verdade. Vocês nos deram o nome de Senhores Supremos sem fazerem ideia da ironia desse título. Acima de nós está a Mente Suprema, utilizando-nos como o oleiro usa seu torno. E sua raça é a argila que está sendo torneada. Acreditamos – embora não passe de uma teoria – que a Mente Suprema esteja procurando crescer, estender seus poderes e aumentar seu conhecimento do universo. A essa altura, deve ser a soma de muitas raças e ter deixado muito para trás a tirania da matéria. Tem consciência da inteligência, onde quer que ela esteja. Quando soube que vocês estavam quase prontos, mandou-nos para cá, a fim de prepará-los para a transformação que ora vai acontecer.”
Como Rashaverak explica, o tempo da humanidade como uma raça composta de indivíduos únicos com uma identidade concreta está chegando ao fim. As mentes das crianças se comunicam e se fundem em uma única e vasta consciência de grupo. Se o Pacífico secasse, as ilhas que o pontilhavam perderiam sua identidade como ilhas e se tornariam parte de um novo continente; da mesma forma, os filhos deixam de ser os indivíduos que os pais conheceram e passam a ser outra coisa, completamente alheios ao “velho tipo de humano”.
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Crédito: Syfy.
Para a segurança das crianças transformadas – e também porque é doloroso para seus pais ver no que elas se tornaram – elas são segregadas em um continente à parte. Não nascem mais crianças humanas e muitos pais morrem ou se suicidam. Os membros da Nova Atenas se destroem com uma bomba atômica:
“Mas outros, que tinham olhado mais para o futuro do que para o passado, e haviam perdido tudo o que fazia a vida digna de ser vivida, não desejavam ficar. Partiram sozinhos ou com amigos, segundo sua natureza. Foi assim com Atenas. A ilha nascera do fogo; no fogo escolheu morrer. Os que desejavam partir, partiram, mas a maioria ficou, para esperar o fim entre os fragmentos de seus sonhos despedaçados.”
Jan Rodricks sai da hibernação na nave de suprimentos e chega ao planeta dos Senhores Supremos. Os Senhores Supremos permitem a ele um vislumbre de como a Supermente se comunica com eles. Quando Jan retorna à Terra, aproximadamente 80 anos após sua partida no tempo terrestre, ele encontra um planeta alterado inesperadamente. A humanidade efetivamente se extinguiu e ele é agora o último homem vivo. Centenas de milhões de crianças – não cabendo mais no que Rodricks define como “humano”  – permanecem no continente em quarentena, tendo se tornado uma única inteligência se preparando para se juntar à Mente Suprema:
“Foi então que Jan lhes viu os rostos. Engoliu em seco e forçou-se a continuar olhando. Eram mais vazios do que os rostos dos mortos, pois até um cadáver tem alguma marca lavrada pelo tempo em suas feições, que fala apesar dos lábios inertes. Naqueles rostos, não havia mais emoção ou sentimento do que na expressão de uma cobra ou de um inseto. Os próprios Senhores Supremos eram mais humanos do que eles.
– Você está procurando por algo que já não existe – disse Karellen. Lembre-se, eles não têm mais identidade do que as células de seu corpo. Mas, unidos, formam algo muito maior que você.”
Alguns Senhores Supremos permanecem na Terra para estudar as crianças a uma distância segura. Quando as crianças evoluídas alteram mentalmente a rotação da Lua e fazem outras manipulações planetárias, torna-se muito perigoso permanecer. Os Senhores Supremos que partem se oferecem para levar Rodricks com eles, mas ele escolhe ficar para testemunhar o fim da Terra e transmitir um relatório do que vê.
Antes de partirem, Rodricks pergunta a Rashaverak que encontro os Senhores Supremos tiveram com a humanidade no passado, de acordo com a suposição de que o medo que os humanos tinham de sua forma “demoníaca” era devido a um encontro traumático com eles no passado distante; mas Rashaverak explica que o medo primordial experimentado pelos humanos não era devido a uma memória racial, mas a uma premonição racial do papel dos Senhores Supremos em sua metamorfose:
“Você já teve a prova de que o tempo é muito mais complexo do que sua ciência poderia imaginar. Porque essa memória, essa recordação, não era do passado e sim do futuro – dos anos finais, quando sua raça soube que tudo terminara. Fizemos o que pudemos, mas não foi um fim fácil. E, por estarmos presentes, identificamo-nos com a morte de sua raça. Sim, embora ela só fosse ocorrer dali a dez mil anos! Era como se um eco distorcido tivesse reverberado pelo círculo fechado do tempo, do futuro até o passado. Não chamemos a isso recordação e sim premonição.
Era difícil assimilar a ideia e Jan ficou um momento em silêncio. No entanto, já devia estar preparado, pois tivera provas suficientes de que causa e acontecimento podiam inverter sua sequência normal. Devia haver uma memória racial, independente do tempo. Para ela, futuro e passado eram como que a mesma coisa. Era por isso que, milhares de anos atrás, os homens já tinham vislumbrado uma imagem distorcida dos Senhores Supremos, através de uma névoa de medo e terror. 
– Agora entendo  –  disse o último homem.”
Os Senhores Supremos estão ansiosos para escapar de seu próprio beco sem saída evolutivo estudando a Supermente, então as informações de Rodricks são potencialmente de grande valor para eles. Karellen olha para trás, para o retrocesso do Sistema Solar, e faz uma saudação final à espécie humana. Por rádio, Rodricks descreve uma vasta coluna em chamas ascendendo do planeta. Conforme a coluna desaparece, Rodricks experimenta uma profunda sensação de vazio quando as crianças vão embora. Então, os objetos materiais e a própria Terra começam a se dissolver em transparência. Rodricks não relata medo, mas uma poderosa sensação de realização. A Terra evapora em um flash de luz:
“A Terra está se dissolvendo, já quase não tenho peso. Vocês tinham razão: eles acabaram de brincar com os seus joguetes. Só faltam alguns segundos. As montanhas já estão se dissolvendo, como se fossem anéis de fumaça. Adeus, Karellen, Rashaverak, tenho pena de vocês. Embora não consiga entender, eu vi o fim de minha raça. Tudo o que nós alcançamos subiu em direção às estrelas. Talvez fosse isso o que as velhas religiões queriam dizer. Mas numa coisa erraram: pensavam que a humanidade era muito importante, mas somos apenas uma raça em... vocês sabem quantas? Só que agora nos transformamos em algo que vocês nunca serão.”
Em seu pacto com os Senhores Supremos, a humanidade perdeu não só sua identidade, cultura e existência independente, mas sua própria alma. Como no mito de Fausto, o preço pela boa vida, aquele que os Senhores Supremos não comentaram, seria o mais caro de todos.
A narrativa de Arthur C. Clarke nos faz refletir sobre o quanto estamos à mercê de nós mesmos e que embora pareça haver muitos caminhos, na verdade há apenas um. Mais do que escrever obras de ficção científica circunscritas à mitologia ocidental contemporânea, no sentido antropológico do termo, Clarke dedicava-se a expandir ao máximo as perspectivas do futuro antecipando nosso inevitável e previamente traçado destino. O fim de nossa “infância” ou de nossos inacabados questionamentos sem os quais é impossível ir adiante, é transcendência da humanidade, que se converge no mesmo final de 2001: Uma Odisseia do Espaço. Havia só um acontecimento reservado à humanidade, e esse acontecimento não teve lugar na aurora da história, mas no seu fim.
Várias tentativas de adaptar O Fim da Infância como um filme ou minissérie foram feitas. O diretor Stanley Kubrick manifestou interesse na adaptação durante a década de 1960, mas em vez disso optou por adaptar o conto “The Sentinel”, que mais tarde se tornou 2001 (1968). Roland Emmerich fez a chegada de seus aliens em Independence Day (1996) lembrar bastante a de O Fim da Infância. Em 1997, a BBC produziu uma dramatização de duas horas para o rádio de Childhood’s End, adaptada por Tony Mulholland. O Syfy Channel produziu uma minissérie para a televisão de três partes e quatro horas de Childhood’s End, que foi transmitida de 14 a 16 de dezembro de 2015.
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blogdojuanesteves · 6 months
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BASIC FORMS > BERND & HILLA BECHER
*CLÁSSICOS
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Os alemães Bernd (Bernhard,1931-2017) e Hilla Becher (1934-2015) foram fotógrafos que juntos produziram uma extensa  documentação tipológica de estruturas industriais na Alemanha e em outros países da Europa e nos Estados Unidos. Suas imagens têm um caráter que chamamos de "straight" ou seja sem firulas ou maneirismos, observando sempre um plano direto, em preto e branco, que serviram como estudos do que eles chamaram de "Escultura Anônima", um registro das relíquias arquitetônicas em extinção, como minas de carvão, siderúrgicas, caixas de água, silos de grãos e tanques de gás entre outras construções. 
A importância da dupla pode ser avaliada pela Bienal de Veneza de 1990 que  concedeu o Leão de Ouro da Escultura para eles. No pavilhão alemão daquele ano, foram expostas as séries de instalações arquitetônicas, cujo o mainstream da pesquisa da arquitetura não dava muita importância. Esculturas, no entanto, os Bechers nunca criaram. Eles simplesmente fotografaram as estruturas industriais abandonadas. Sem eles, realmente teriam continuado anônimas, no paradoxo do título de suas séries. Entre os inúmeros livros publicados, encontramos a reedição de seu Basic Forms ( Prestel London, 2020), originalmente publicado em 2014 pela Schirmer/Mosel Verlag Munich como Basic Forms- of Industrial Buildings, uma síntese de 40 anos de trabalho pelo mundo em busca da representação de tipologias e topografias peculiares.
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Hilla e Bernd conheceram-se quando estudavam pintura na Kunstakademie Düsseldorf (Academia de Belas Artes de Dusseldorf) instalada na cidade dividida pelo rio Reno, com a Altstadt (Cidade Antiga) na margem oriental e as modernas áreas comerciais. Seguiram um romance que os levou a uma carreira colaborativa. Eles contam: “Tomamos consciência de que estes edifícios eram uma espécie de arquitetura nômade que tinha uma vida comparativamente curta – talvez 100 anos, muitas vezes menos, e depois desaparecem. Parecia importante mantê-los de alguma forma e a fotografia parecia a forma mais adequada.” Seus métodos e técnicas de trabalho influenciaram uma geração de fotógrafos hoje conhecida como Escola de Düsseldorf, que inclui nada menos que os consagrados alemães Andreas Gursky, Thomas Struth, Thomas Ruff e Candida Höfer. Suas obras estão incluídas nas coleções do Art Institute of Chicago, do Museum of Modern Art de Nova York, da National Gallery of Art de Washington, D.C. e da Tate Gallery de Londres, entre inúmeras importantes instituições do mundo. 
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O inventário fotográfico destas estruturas industriais é sem dúvida uma das realizações mais interessantes e significativas da produção fotográfica dos séculos XX e XXI. Apoiando-se na ideia da tipologia e uma visão comparativa, o casal entrou sistematicamente no assunto revelando constantes variações destes complexos que nunca eram chamados de "arquitetônicos" muito menos interessantes para a arte estabelecida à época do início desta produção ( anos 1960 aos 2000) construindo uma impressionante coleção de séries tipológicas, criando assim uma inestimável enciclopédia fotográfica sobre a cultura industrial de uma época final que combina a taxonomia científica com o empirismo estético. O levantamento mostrado em Basic Forms, segundo seus editores, ilustra ambos: as "formas básicas" da arquitetura industrial anônima e o conceito estético da fotografia de Bernd e Hilla Becher.
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Basic Forms contém um texto instigante do belga Thierry de Duve, professor visitante de Arte Moderna e Teoria da Arte Contemporânea, nas universidades de Lille III e Sorbonne, ambas na França, além de crítico de arte e curador, como do  Pavilhão belga Na Bienal de Veneza de 2003, e autor de livros importantes como "Pictorial Nominalism; On Marcel Duchamp's Passage from Painting to the Readymade (University of Minnesota Press, 1991),"Bernd and Hilla Becher" (Schirmer Art Books, 1999), entre dezenas de outros, publicados na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
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As fotografias são feitas com uma câmera que utiliza negativos no formato grande 20X25cm, no início da manhã, em dias nublados, para eliminar sombras e distribuir a luz de maneira uniforme. O tema é centrado e enquadrado frontalmente, com suas linhas paralelas dispostas em um plano o mais próximo possível de uma elevação arquitetônica. Nenhum ser humano e nenhuma nuvem ou pássaro no céu interferem na rigidez. A imagem não transmite nenhum humor, nem o menor toque de fantasia que perturbe sua neutralidade ascética. Raramente a recusa do Fotografte ( o fotografado) subjetivo é feita e a Sachlichkeit (Objetividade) da lente da câmera foi perseguida de forma tão sistemática, reflete Thierry de Duve.
Considerando a possibilidade de uma fotografia ser totalmente desprovida de estilo, a dos Bechers poderia ser entendida deste modo. Um trabalho que segundo a crítica pertence à tradição arquivística da fotografia na qual o francês Eugène Atget (1857-1927) e o alemão August Sander (1876-1964) – fotógrafos que fizeram questão de não serem artistas e se destacaram, embora hoje sejam considerados como tais. "As fotos de Bernd e Hilla poderiam ser descritas como puros documentos se não houvesse algo que nos impedisse de colocá-las, sem mais delongas, na categoria da foto documental." diz  Duve.
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O crítico em seu texto explora o ideal da imagem conceitual e recorre a um provérbio chinês apócrifo: “Quando o homem sábio aponta para a lua, o tolo olha para o seu dedo”. No caso dos fotógrafos, o tolo olha para a fotografia e o sábio para o que esta mostra. "O tolo pergunta por que essas imagens são “arte”, enquanto o sábio vê nelas um testemunho indiscutível do mundo real. "No entanto, o mais sábio dos homens sábios é um tolo, porque para saber que o dedo está apontando para a lua, ele deve primeiro olhar para o dedo. É um dos paradoxos da fotografia que um elemento giratório balance incessantemente o espectador de uma representação para um uso estético da imagem e vice-versa.
Mesmo que os Bechers tenham profundo conhecimento da sua profissão é difícil chamá-los de fotógrafos. No mundo da arte onde os seus trabalhos circulam, onde é visto e vendido, as pessoas os descrevem como artistas, acrescentando ocasionalmente “que fazem uso da fotografia”. Para de Duve, "a obra do casal abriga uma emoção contida, melancolia sem nostalgia, dor histórica, guerras de classes travadas ou sustentadas, admiração pela arte multifacetada do engenheiro, lucidez, dignidade, respeito pelas coisas, humildade e auto-anulação que só tenho uma coisa a dizer sobre isso : esta é uma arte genuinamente grande, daquelas que não tem necessidade de ter o seu nome protegido ao ser colocada num museu, porque já pertence à nossa memória coletiva."
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As fotografias, nas paredes de um museu ou galeria são “arte”. Inseridas nas páginas deste livro fazem fronteira com o documento etnográfico, mas em ambos os casos, são fotografias e não pinturas ou gravuras. Mostram aquilo que a luz gravou em sua superfície. O filósofo americano Charles Sanders Peirce (1839-1914) um dos pioneiros da Semiótica - classificou a fotografia como um sinal por conexão física que, como fumaça ou pegadas na neve, é ao mesmo tempo um índice do objeto ao qual se refere e um indicador apontando para ele. É a existência real dos seus referentes, porque como eles estão relacionados por um nexo causal que pode operar em contiguidade espaço-temporal ou em contiguidade quebrada e assemelham-se aos seus referentes. Aqueles que figuram na classificação de Peirce tanto como ícones quanto como índices. Esse é o caso da fotografia. Faça uma fotografia de uma torre de água, no sentido de representá-la e mostre-a, diz o crítico. Ela é a representação de como faria um desenho com uma ligeira diferença que é a causalidade fotoquímica.
O projeto de quase uma vida de Bernd e Hilla Becher ao documentar a paisagem industrial do nosso tempo assegura sua posição no cânone dos fotógrafos do pós-guerra. Ao reunirem ao mesmo tempo arte conceitual, estudo tipológico e documentação topológica, certamente nos aproxima da grande mostra New Topographics Photographs of a Man-Altered Landscape, no museu de fotografia da George Eastman House, em Rochester, Nova York, entre outubro de 1975 e fevereiro de 1976, com curadoria de William Jenkins, na qual os dois tiveram importante papel na ruptura da história da fotografia e as representações não tradicionais da paisagem. A visão romântica e transcendente deu lugar às indústrias austeras, a expansão suburbana e cenas cotidianas, elaboradas por fotógrafos como eles e seus companheiros da mostra original: os americanos Robert Adams, Lewis Baltz (1945-2014), Joe Deal (1947-2010) , Frank Gohlke, Nicholas Nixon, John Schott, Stephen Shore e Henry Wessel (1942-2018).
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Sintetizadas a um estado essencialmente topográfico e transmitindo quantidades substanciais de informação visual, mas evitando quase inteiramente os aspectos de beleza tradicional, emoção e opinião são características que resumem estes trabalhos. Entretanto, ao olhar as formas capturadas pelos Bechers fica difícil não realizar a beleza (melancólica) e ímpar contida- principalmente pelo seu caráter tipológico nelas representadas-  ao incorporaram igualmente uma precisão técnica excepcional, expressa nos negativos de grande formato e filmes lentos. 
O livro Bernd & Hilla Becher, Life and Work (MIT Press, 2006) de Susanne Lange, historiadora da fotografia, uma bem documentada biografia, discute as dimensões funcionalistas e estéticas do tema do casal, em especial a tipologização na obra deles, que considera uma reminiscência dos esquemas classificatórios dos naturalistas do século XIX e o estilo de construção industrial anônimo preferido pelos arquitetos alemães.  Ela argumenta que os tipos de edifícios industriais impõem-se à nossa consciência como a catedral o fez na Idade Média, e que as fotografias do casal - que à primeira vista parecem registar apenas uma paisagem em extinção - servem para examinar esta configuração das nossas percepções.
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Em 1922, se pergunta Thierry de Duve, quando o arquiteto suíço Le Corbusier (Charles-Edouard Jeanneret-Gris,1887-1965) procurava o caminho para uma nova arquitetura, ou antes, em 1919 quando o arquiteto alemão Walter Gropius (1883-1969) fundou a Bauhaus, quais eram os seus referentes, que modelos citavam para uma arquitetura ainda por nascer? Ele responde: "O mais conhecido foi tirado da América industrial e celebrado tanto pelo primeiro quanto o segundo: o silo de grãos. Se você adicionar armazéns, fábricas, transatlânticos, pontes, torres de água, torres de resfriamento e gasômetros, logo temos uma tipologia de edifícios  técnicos inteira, composta de "edifícios industriais", "construções" e “estruturas”. Como devemos chamar toda essa arquitetura anônima sem consciência de si mesmo?"
As imagens  de Bernd e Hilla Becher estão entre essas obras, diz  Duve. Não desconsidera uma modernidade que, na arquitetura como em outros campos onde a arte e a política se encontram, começou por celebrar um futuro melhor e termina ou esgota-se no desencanto do pós-modernismo, completa o pensador.  Mas leva-nos de volta ao lugar onde começou a utopia da arquitetura moderna e onde, apesar de ter falhado em Sarcelles ou Brasília, acrescento, a Cidade do Amanhã ainda guarda a recordação da utopia.
Imagens © Bernd e Hilla Becher. Texto © Juan Esteves
Infos básicas:
Editora Prestel, Londres
Design: Schirmer/Mosel
Impressão EBS, Verona, Itália
Papel Gardamatt
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bunkerblogwebradio · 6 months
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“Dez grandes mentiras” sobre Israel
“Todos os países do mundo têm uma constituição que define suas fronteiras, mas isso não se aplica a Israel. Israel é um projeto expansionista que não reconhece fronteira alguma, e sua lei é completamente racista; de acordo com esta lei, Israel é um país para judeus, e os cidadãos não-judeus não são considerados humanos. Tal lei é uma contradição frente à democracia.”
Israel é um projeto expansionista que não reconhece fronteira alguma
Michel Collon, um jornalista e autor belga, criticou a mídia europeia em seu livro “Israel, let’stalk about it”, de estar “mentindo” há décadas para as pessoas com o intuito de fornecer suporte a Israel.
Collon, em seu livro, relacionou “10 grandes mentiras” disseminadas pela mídia ocidental com objetivo de “justificar a existência e ações de Israel”, as quais são apresentadas concisamente abaixo:
1. A primeira mentira é que o Estado de Israel foi estabelecido em reação ao massacre de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Esta noção é completamente errônea. Israel é, de fato, um projeto dominador que foi aprovado no Primeiro Congresso Sionista, na Basiléia, Suíça, 1897, quando judeus nacionalistas decidiram ocupar a Palestina.
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2. A segunda justificativa para estabelecer e legitimar Israel é que os judeus estão retornando para a terra de seus antepassados, de onde foram expulsos no ano 70 DC.
Isto é uma lenda. Eu tenho conversado com o famoso historiador israelense Shlomo Sand e outros historiadores, e eles todos acreditam que não aconteceu nenhum “êxodo”, portanto, não tem sentido falar em “retorno”. As pessoas que moram na Palestina não deixaram suas terras na antiguidade.
De fato, os descendentes de judeus residindo na Palestina são as pessoas que sempre moraram na Palestina. Aqueles que reclamam querer retornar a sua terra são originários da Europa ocidental e oriental e do norte da África.
Sand diz que não existe nação judaica. Os judeus não têm uma história, língua ou cultura em comum. Eles têm somente coisas em comum em sua religião, e religião não faz uma nação.
Segundo um artigo publicado pela revista alemã Der Spiegel, Shlomo Sand afirma que “nós não somos um povo, nós não temos direito a estas terras. Se isso for ensinado nas escolas israelitas haverá paz.” – NR.
3. A terceira mentira é que imigrantes judeus ocuparam a Palestina; ela era um país vazio e desocupado.
Entretanto, existem documentos e evidências que provam que no século XIX, produtos agrícolas da Palestina eram exportados a diferentes países, incluindo a França.
4. Quarta, algumas pessoas dizem que os palestinos deixaram seu país por vontade própria.
Isto é mais uma mentira, na qual muitas pessoas acreditaram, incluindo eu mesmo. Durou até quando os próprios historiadores israelenses, como Benny Morris e Ilan Pappe, disseram que os palestinos foram expulsos e banidos de suas terras pelo uso da força e do terror.
5. É dito que Israel de hoje é a única democracia no Oriente Médio e deve ser protegida; é o “governo da lei”.
Mas em minha opinião, não é somente o não-governo da lei, mas é o único regime onde a lei não define seu território e fronteiras. Todos os países do mundo têm uma constituição que define suas fronteiras, mas isso não se aplica a Israel. Israel é um projeto expansionista que não reconhece fronteira alguma, e sua lei é completamente racista; de acordo com esta lei, Israel é um país para judeus, e os cidadãos não-judeus não são considerados humanos. Tal lei é uma contradição frente à democracia.
6. É triste que os EUA tentam proteger a democracia no Oriente Médio protegendo Israel. E nós sabemos que a ajuda financeira anual dos EUA a Israel é de 3 bilhões de dólares. Este dinheiro é usado para bombardeamento dos países vizinhos.
Mas a América não está atrás de estabelecer democracia no Oriente Médio; ela quer o fluxo livre de petróleo.
7. Eles fingem que os EUA (a UE – NR) buscam um acordo entre Israel e Palestina
Isso está completamente errado e é uma mentira. O ex-representante da política externa da União Europeia, Javier Solana, disse a Israel que “vocês são os 21º país da União Europeia”. As indústrias bélicas europeias cooperam com as indústrias militares israelenses e as suportam financeiramente. Mas quando os palestinos elegem seu governo, a Europa não o reconhece e dão luz verde para Israel atacar a Faixa de Gaza.
8. Quando alguém conversa sobre estes fatos e a história de Israel e da Palestina, quando alguém revela os interesses dos EUA nesta situação, eles te chamam de antissemita para te manter em silêncio.
Mas nós devemos dizer que quando criticamos Israel, isso não é racismo ou antissemitismo. Nós criticamos um governo que não acredita na igualdade entre judeus, cristãos e muçulmanos, e desta forma destrói a paz entre os seguidores destas diferentes religiões.
9. A mídia de massa diz que os palestinos provocam a violência e o terrorismo. Nós dizemos que o exército de ocupação de Israel é violento, a política que tem roubado as terras e os lares dos palestinos é violenta.
10. Uma questão que é levantada é que não há nenhuma maneira para resolver esta situação, e não há solução para o ódio e rancor causados por Israel e seus cúmplices.
Mas há uma solução. A única coisa que pode parar este processo é a pressão pública sobre os cúmplices de Israel nos EUA e na Europa e outras partes do mundo; pressão pública sobre a mídia de massa que se abstém de nos dizer a verdade sobre Israel; e usando a internet e outras mídias para divulgar as reais notícias sobre a Palestina.
presstv.ir
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destinoperfeito · 8 months
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Destinos Africanos: Namíbia e a Tribo Himba
O país perfeito para quem curte aventura, natureza e cultura.
Nós, do blog @pegasus-viagens e do blog @destinoperfeito em colaboração, vamos apresentar algumas informações desse país.
Localizado no sul da África, chamado Namíbia, próximo a Zimbábue, tem incríveis parques de safari e povos e tribos locais, como a tribo Himba.
Primeiramente, vale ressaltar que a moeda oficial da Namíbia é o dólar namibiano (NAD), mas o rand (ZAR), moeda oficial da África do Sul, também é aceita no país. E uma vantagem é que lá não precisa de visto para entrar no país.
A Namíbia é um país quente, então é importante beber bastante água mineral para se manter hidratado, também é obrigatório ter o Certificado Internacional de Vacinação contra febre amarela para entrar no lugar, e é recomendado também vacinas contra hepatite A, febre tifoide e encefalite japonesa, mesmo não sendo uma exigência.
E agora, para quem busca se aprofundar culturalmente, vamos se aprofundar nas características da Tribo Himba. A característica mais marcante deles é seu tom de pele e cabelos avermelhado, devido ao "Otjize”, uma pasta de manteiga, gordura e ocre vermelho, que pode ser perfumado com resina aromática, usado pelas mulheres aplicam duas vezes ao dia nas tranças e no corpo para se protegerem do sol e como símbolo da vida.
A tribo vive em comunidades mais isoladas no ambiente deserto e assim eles mantêm suas tradições, mas ainda assim são ameaçadas por problemas atuais e que remontam à 1904, quando foram vítimas de um genocídio pela colonização alemã.
Por isso, é necessário que essas comunidades sejam valorizadas para não acabarem desaparecendo como tantas outras durante a história. Por hoje é isso, logo aparecemos de novo, até mais!
Gostou de saber um pouquinho mais sobre esse continente extraordinário? Nos siga para acompanhar mais!
(Em colaboração com o @pegasus-viagens)
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pegasus-viagens · 8 months
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Destinos africanos: Namíbia e a tribo Himba
O país perfeito para quem curte aventura, natureza e cultura, localizado no sul da África, chamado Namíbia, próximo a Zimbábue, tem muito mais que incríveis parques de safari e povos e tribos locais, como a tribo Himba. Por isso nós, do blog @pegasus-viagens e do blog @destinoperfeito vamos estar mostrando para vocês algumas informações desse país.
Primeiramente, vale ressaltar que a moeda oficial da Namíbia é o dólar namibiano (NAD), mas o rand (ZAR), moeda oficial da África do Sul, também é aceita no país. E uma vantagem é que lá não precisa de visto para entrar no país.
A Namíbia é um país quente, então é importante beber bastante água mineral para se manter hidratado, também é obrigatório ter o Certificado Internacional de Vacinação contra febre amarela para entrar no lugar, e é recomendado também vacinas contra hepatite A, febre tifoide e encefalite japonesa, mesmo não sendo uma exigência.
E agora, para quem busca se aprofundar culturalmente, vamos se aprofundar nas características da Tribo Himba. A característica mais marcante deles é seu tom de pele e cabelos avermelhado, devido ao "Otjize”, uma pasta de manteiga, gordura e ocre vermelho, que pode ser perfumado com resina aromática, usado pelas mulheres aplicam duas vezes ao dia nas tranças e no corpo para se protegerem do sol e como símbolo da vida.
A tribo vive em comunidades mais isoladas no ambiente deserto e assim eles mantêm suas tradições, mas ainda assim são ameaçadas por problemas atuais e que remontam à 1904, quando foram vítimas de um genocídio pela colonização alemã.
Por isso, é necessário que essas comunidades sejam valorizadas para não acabarem desaparecendo como tantas outras durante a história. Por hoje é isso, logo aparecemos de novo, até mais!
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miscigenacaonobrasila · 9 months
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Afinal, o que é o brasileiro? - As migrações como projeto de nação
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Dois conceitos problemáticos – assimilação e aculturação –, mas cuja compreensão histórica é importante para pensarmos nas discussões relacionadas às migrações e como o migrante é interpretado no que diz respeito à uma identidade nacional. A transformação do Brasil em um estado independente no início do século XIX gerou diversas inquietações e debates entre aqueles que governavam a nova nação. Esse povo não era somente aquele que já se constituía no país. A política inicial do Império Brasileiro visava migrantes dispostos a ocupar regiões de fronteiras do país, especialmente no sul, e em pequenas propriedades rurais.
Decorrem desse exemplo observações acerca da busca pelo branqueamento da população brasileira, pensando ainda nos debates relativos ao fim da escravidão no país. A ideia essencial era ver o migrante estrangeiro, branco e europeu como o responsável por melhorar ou civilizar o Brasil, ou seja, aqueles que aperfeiçoariam uma nação imperfeita e «desafricanizariam» o Brasil. Em meados do século XIX, podemos utilizar como exemplo a atração de sulistas estadunidenses, derrotados na Guerra Civil americana, que receberam subsídios e terras no interior do estado de São Paulo e a visão negativa sobre a migração chinesa.
Segundo o fazendeiro de café Luis Peixoto de Lacerda Werneck
"Os protestantes alemães eram moralizados, pacíficos e trabalhadores, enquanto os chineses eram homens-animais cujo caráter é apresentado por todos os viajantes com cores desfavoráveis e terríveis. Seu torpe egoísmo, o orgulho, uma insensibilidade bárbara alimentada pela prática do abandono ou trucidamento dos filhos. A cultura chinesa iria degenerar a população brasileira, que já havia sofrido a disformidade do indígena e do africano."
No final do século XIX, as migrações para o Brasil se transformam em um fenômeno de massa e se destacam as chegadas de migrantes provenientes de países do sul da Europa, como Itália, Espanha e Portugal.  Ao mesmo tempo, as migrações desses povos eram importantes para o Brasil em um contexto de recrudescimento e até proibição da migração subsidiada de alemães. É ainda nesse cenário que se intensificam no Brasil as teorias raciais vinculadas ao darwinismo social e que buscavam uma solução para o processo de miscigenação no país. Essa solução era teoria do branqueamento, ou seja, a entrada de milhares de migrantes europeus em território brasileiro resultaria, em algumas gerações, na transformação/branquidão da população do país e, por consequência, em uma pretensa nação mais civilizada .
Jeffrey Lesser aponta que essa sociedade pluralista colocava a branquidão no topo e a negritude na base e que a fluidez desses termos e dos seus significados fizeram com que o Brasil se tornasse uma nação multicultural. As elites japonesas costumavam também promover o Japão como o país «branco» da Ásia, o que pode ter contribuído nas negociações para a promoção da migração japonesa para o Brasil. J. Amândio Sobral, inspetor da agricultura do estado de São Paulo, na ocasião de sua visita ao Kasato Maru, navio que trouxe o primeiro grupo oficial de migrantes japoneses ao Brasil, disse que «a raça é muito diferente, mas não inferior». Conseguimos observar, por meio desses exemplos, como as teorias raciais e, particularmente, a ideia de transformar o Brasil em uma nação mais branca estavam diretamente relacionadas a um projeto político que entendia a migração como uma forma de civilizar o país.
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heidiinativa · 1 year
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Não é surpresa contar com a presença de ADELHEID LENORA ZWEIBRÜCKEN no Instituto de Rosis esse ano! Todos sabem que ela é uma DUQUESA, vinda da ALEMANHA, porque aqui as fofocas correm rápido. Ouvi dizer que apesar de seus 20 anos, ela pode ser bastante TEMPESTUOSA quando está de mau humor, mas seu AUTRUÍSMO compensa. Além disso, se parece muito com uma celebridade do Antigo Mundo chamada SADIE SINK. Você não acha?
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∘ pinterest. ∘ wanted connections. ∘ playlist.
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I.┊INFORMAÇÕES GERAIS! ˊˎ
alcunha: heidi
pronomes: ela/dela
orientação sexual: heterossexual
nacionalidade: alemã
aniversário: 15/04
zodíaco: áries
título: duquesa da alemanha
educação: instituto de rosis
módulo atual: III
optativas: poções medicinais e história do antigo mundo.
extracurriculares: astrologia, arquearia e artes marciais.
II.┊PERSONALIDADE! ˊˎ
( + ) traços positivos: altruísta, criativa, leal, determinada.
( - ) traços negativos: impulsiva, tempestuosa, indisciplinada, teimosa.
III.┊HISTÓRIA! ˊˎ
Não se sabe ao certo a origem de Adelheid, mas os funcionários mais antigos do orfanato Queen’s Garbit afirmam que foi difícil acreditar que um bebê em seu primeiro ano de vida e com sérios problemas de desnutrição ainda estivesse viva quando foi deixava na porta da instituição sem nome ou precedentes familiares. Tudo que foi deixado com a pequena de belos cabelos flamejantes foi um cordão de ouro com um dragão entalhado em seu centro. Os mais religiosos acreditavam que a garota era um milagre, mas com o passar dos anos e conforme ia crescendo, sua personalidade se distanciava de qualquer ligação divina. Era indisciplinada e vivia cumprindo detenção, além de ter costumes ditos inadequados para uma menina. 
Não tinha perspectiva de ser adotada, pelo menos não enquanto seu histórico rebelde persistisse, mas ironicamente foi exatamente esse traço de sua personalidade que chamou a atenção de ambos os governantes da Alemanha durante uma visita ao orfanato. A adoção de Heidi aos dez anos de idade foi motivo de questionamentos, afinal, como poderia uma “selvagem” ser membro efetivo da realeza alemã? Ainda assim, os dois homens acreditavam ter visto algo de especial na garota. E é exatamente isto que a faz ser profundamente grata a eles. 
Apesar de dedicada, seus primeiros anos no seio da família Zweibrücken não foram fáceis. Era inteligente, mas sua forte tendência a indisciplina se mostrou um problema para seus tutores e, principalmente, para os conselheiros da monarquia que receavam a possibilidade – mesmo que ínfima – de Adelheid ascender ao trono. Por um tempo tentou se adequar aos padrões estabelecidos, mas nada parecia suficiente e permaneceu sendo alvo de críticas constantes, ainda mais quando demonstrou interesse por ideias abolicionistas em relação aos veneficus. Em contrapartida, seus pais a encorajavam a ser quem era de verdade, sem cercearem sua liberdade e lembrando da importância dela e dos irmãos protegerem o povo do país que tinham sido incumbidos de proteger.  
Uma pessoa que não sabe seguir regras é incapaz de governar, é o que eles dizem. Mas conhecimento é poder, e isto Adelheid fez questão de obter com os livros que lê fervorosamente. A grande questão está no medo de terem um governante que não são capazes de controlar; e a ruiva se recusa a ser controlada. Entrou para o Instituto de Rosis com o forte objetivo de se capacitar caso um dia ocupe o trono, além de desejar ardentemente provar para si e para os outros que merece o sobrenome que carrega, afinal, não nasceu uma Zweibrücken, mas certamente se tornou uma. 
IV.┊HEADCANONS! ˊˎ
⤳ pratica equitação desde os doze anos e tem um cavalo chamado morfeu;
⤳ ainda usa o colar que foi deixado com ela no orfanato;
⤳ é comum vê-la andando por aí com os pés descalços;
⤳ permanece nutrindo ideias sobre o fim da escravidão dos veneficus, mas guarda estas apenas para si;
⤳ é naturalmente curiosa e adorar aprender coisas novas, principalmente sobre a cultura de outros reinos;
⤳ gosta que a chamem de heidi, mas não se importa quando os pais ou os irmãos a chamam pelo nome completo;
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minasnews-blog · 10 months
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Bicentenário da imigração alemã no Brasil
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Como parte das comemorações pelos 200 anos do início oficial da imigração alemã no Brasil que acontecerá em 25 de julho de 2024, daremos início a uma série de publicações sobre a história e missão dos alemães e de suas heranças culturais transmitida a seus descendentes e que já se incorporaram à cultura brasileira.
Para tanto fomos atras dos principais historiadores desse tema, diretores de museus de imigração de diversas cidades, buscamos informações sobre como começou esse movimento em inúmeros estados (RS, SC, PR, SP, RJ, ES, MG) pesquisamos vídeos antigos, fizemos entrevistas ao longo de vários anos.
Convidamos essa comunidade a acompanhar e compartilhar esse processo que tanto engradece o nosso país.
Veja mais em:
200 anos de imigração alemã (@memoriadaimigracao) | Instagram
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