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depredando · 1 year
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James Cameron lançará 4 filmes para dar sequência a “Avatar” (2009): é crível uma leitura decolonial e antimilitarista deste blockbuster em série?
 LEIA O ARTIGO EM A CASA DE VIDRO: https://acasadevidro.com/avatar
"O cineasta canadense James Cameron – nascido em 1954 em uma província de Ontario – é um fenômeno de bilheteria como poucos na história da indústria do entretenimento: Avatar (2009), com rendimentos de quase 3 bilhões de dólares, e Titanic (1997), que faturou 2 bilhões e 200 milhões, estão entre os 3 filmes mais rentáveis de todos os tempos. Agora, ele anuncia seu plano de lançar mais 4 sequências de seu maior sucesso: The Way of The Water (2022), The Seed Bearer (2024), The Tulkun Rider (2025) e The Quest for Eywa (2027). Na iminência desta enxurrada de Avatares, pareceu-me uma boa ideia reconsiderar criticamente o filme que agora nos aparecerá como o primeiro de uma série de 5 arrasa-quarteirões." - Leia no site d' A Casa de Vidro o artigo de Eduardo Carli de Moraes >>> https://acasadevidro.com/avatar
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“O que me surpreendeu no arrasa-quarteirão e papa-dólares Avatar, lá em seu lançamento em 2009 (que em 2022 vive um revival nas salas de cinema), foi a surpresa de perceber nele vibrações “decoloniais”. O filme que à época levou Cameron para além das alturas de sucesso comercial e crítico que tinha conquistado com o épico melodramático e papa-Oscar Titanic, tinha o curioso caráter de denúncia contra uma certa cultura hegemônica no meio social do qual o filme é proveniente. Avatar é uma estranha obra cultural que eclode dentro de uma indústria movida a lucro mas que surpreendentemente mostra-se como um soco no estômago do que Angela Davis chamaria de “o Complexo Industrial Militar”.
Curioso fenômeno: um crown-pleaser, vendedor de ingressos a rodo, não costuma confrontar o establishment ideologicamente. E Avatar ousa ser claramente um acusação contra a invasão imperial que os seres humanos machos e estadunidenses, fundamentalistas de mercado e fanáticos do extrativismo, realizam no Planeta Pandora. É uma hecatombe ecológica e um etnocídio brutal o que estão em tela. Os seres humanos, no filme, aparecem como ecocidas vomitadores de chamas e balas, perpetradores de genocídio e desmatamento. Eles buscam acalmar suas consciências pesadas pelo fardo do assassinato em massa cometido contra as populações nativas do planeta invadido perguntando: ora, não são apenas árvores, não são apenas índios, que importa massacrá-los?!?
Emblema fílmico do colonialismo, a obra é “didática” ao mostrar a invasão dos humanos como algo visto pelo viés dos Navi (as criaturas de peles azuladas e olhos verdes que povoam Pandora) como uma chocante intervenção alienígena. O desfecho do filme Avatar – atenção pro spolier! – mostra os humanos tomando um pé na bunda e sendo enfiados num foguete de volta pra casa. Os Navi dão um chega-pra-lá no imperialismo. Vazem, canalhas! Os minérios são nossos! A Resistência anti-colonial triunfa (ao menos por enquanto).
A graça do filme começa por aí: os seres que mais se parecem conosco, os espectadores, são os vilões do filme, e nós somos interpelados com um chamado ético para identificar-nos com os Navi. O “povo indígena” invadido e ameaçado, que vê a biodiodiversidade que sustenta sua existência coletiva começar a ser massacrado pelo ecocida invasor, é não apenas descrito com deslumbrância acachapante, mas sua sabedoria ecológica supera em muito a humana.
Os humanos é que são aqui os aliens. Com ganância nos corações e atirando muitas balas por seus rifles, estes trigger-happy humans representam para os Navi a hecatombe na forma de uma força bélica alienígena, vinda de fora do mundo.
Jake Sully, o protagonista do filme (interpretado por Sam Worthington), já de partida é descrito como alguém que foi moído pelo status quo da máquina bélica da Yankeelândia: está numa cadeira de rodas, seu irmão morreu recentemente, e ele vê-se confrontado com toda a prepotência tóxica do general que manda e desmanda nas tropas. Tem hora que Avatar beira a vibe de Full Metal Jacket de Kubrick – as opressões relacionadas com a rigidez da hierarquia militar fazem com que sujeitos subjugados a esta maquinaria busquem rotas de fuga.
Avatar é a rota de fuga de Jake Sully neste épico espacial, nesta odisséia em Pandora. Seu alter-ego, seu avatar, a partir de quem ele pode andar, voltar a pular e a corre com uma agilidade que sua condição de paraplégito impede, o seduz como uma fuga para um mundo melhor. Ele é um militar mutilado, sugado pelos assuntos da guerra por ser um peão nela. Mas… vive nesta guerra a posição rara, extraordinária, do invasor que acaba aliado ao povo invadido e que acaba por liderar a Resistência contra o invasor. Não apenas sua mutilação, suas pernas imóveis, seus ferimentos de batalhas pregressas, conduzem-no a uma consideração negativa do belicismo dos U.S.A. (United States of Aggression), mas também o enamoramento em que ele sucumbe diante da mocinha Navi chamada Neytiri (interpretada por Zöe Saldaña).
Avatar mostra o conluio do fundamentalismo de mercado com o Estado capitalista imperial invadindo o mundo Pandora de maneira semelhante ao que ocorre na conquista de Marte descrita nas Crônicas Marcianas de Ray Bradbury (obra-prima da literatura fantástica). Jake Sully consegue esquivar-se do destino comum do soldadinho máquina-mortífera, exterminador de quem difere dele, pois sua disability, sua deficiência, o torna muito mais um objeto de chacota dos outros soldados do que alguém que tenha “glória” no Exército. Se Avatar certamente pode ser descrito como sci-fi, como estou convicto, não é apenas pelo futurismo envolvido nestas star wars, mas é também pois o filme questiona o campo científico que está enrolado no rolê todo. A ciência é descrita aqui como mancomunada ao aparato bélico, mas também é mostrada em seus ímpetos de biohacking, de reinvenção da carne, numa ânsia de formar uma Cronenbergiana new flesh.
Neste seu O Vermelho e o Negro futurista, Jake Sully é seduzido por estes dois mundos: o Exército e a Ciência. Eles o puxam em suas direções, mas ele também, neste meio campo onde está sendo disputado pelas Forças Armadas e pelo Laboratório de Ciências Cibernéticas, está em sua própria jornada existencial de busca por “redenção” – e novas pernas, de preferência.
Este paralítico das pernas, este ser que não anda senão por procuração (através de seu avatar), quer ser Ícaro. Seu avatar poderá planar nos céu sobre dragões. Mas ele, Jake Sully, morreria sem oxigênio se precisasse andar 10 passos até a máscara – como naquela dramática cena, no fim do filme, em que ele quase morre sem ar com a máscara de oxigênio a poucos centímetros de distância. O filme coloca em tema, pois, o que sociólogos tem chamado de gameficação, ou seja, o desejo de fuga ou escape de condições degradadas ou mutiladas de existência, causadas justamente pelo predomínio do capitalismo heteropatriarcal belicista, fugas estas que envolvem uma outra vida que o sujeito “comanda” a partir de seus avatares eletrônicos. Só que Cameron dá concretude a isto ao invés de propor apenas um simulacro.
Parece-me que Jake Sully, por seu corpo queer, é um corpo um pouco estranho ao sistema de guerra: por ser um mutilado ainda imiscuído nos combates, uma cicatriz viva das agruras bélicas e das feridas fundas que estão em sua carne, ele é atraído pela ciência alternativa dos indígenas.
Jake Sully se interessa no que ela pode ter de mais interessante para ele, pragmaticamente: a cura. A xamânica cura de quem está conectado à Internet da Natureza. Há quem taque pedras em James Cameron por este seu suposto “eco-sentimentalismo”. Mas vejamos mais a fundo. A jornada toda de Jake controlando remotamente seu Avatar evidencia, é claro, sua pertença à classe dos militares – ele se apresenta aos Navi como warrior. Mas ele parece muito mais atraído pela classe científica e também pela classe dos médicos ou curandeiros. Apesar das desavenças que possui com a cientista-chefe interpretada por Sigourney Weaver, vê-se que Jake está mais alinhado a ela do que ao general.
Ele prefere enlaçar-se em afetos ardentes com uma Navi, que talvez possa curá-lo, muito mais do que adere ao projeto do Exército. Ele é um pouco como um corpo estranho no setor bélico onde desenham-se os últimos modelos de robôs de guerra a serem comandados no combate contra os Navi, em prol de seu deslocamento forçado, para que os poderes colonizadores se apossem dos recursos minerais. Se não quiserem sair do caminho, serão chacinados – dizem os humanos ao Navi. Não surpreende que Jake fique um pouco envergonhado por ser humano e passe para o lado dos Navi, como um herói da resistência anti-colonial. Ironia da história, que a História registra muitos episódios parecidos.
Avatar, assim, fala sobre o passado: ensina de maneira acessível o que significou a Conquista da América, ainda que seu enredo esteja situado no futuro. O passado da invasão imperialista do “Novo Mundo” – também maravilhosamente cinematografado por Terence Mallick em The New World, um dos que rivaliza com Cameron pelo posto de mais impecável cineasta tecnicamente falando.
Está em Avatar também uma ressonância da invasão da América no massacre dos nativos, a chacina dos indígenas (Navi). Matá-los não é algo que o poder invasor-imperial se proíba. Para acessar as riquezas minerais do subsolo, os humanos-alienígenas impõe em Pandora um regime de genocídio. Ou os Navi vazam daquela terra, ou os humanos vão torrar tudo com seus mísseis teleguiados e lança-chamas. Tem hora que Avatar quase fede a gás lacrimogêneo (se o cinema apelasse a nosso olfato, em algumas cenas passaríamos mal de tanta tosse!). E a gente acaba torcendo pelos Navi – cheios de piedade pelos indígenas de pele azulada que os humanos desapiedados massacram sem dó em prol dos lucros.
Para além disto, o filme inclui ainda pitadas de ecologismo e doutrinas hippie-chique: Cameron irá descrever os Navi como profundamente conectados com a biodioversidade de seu mundo – e os invasores humanos como destruidores do ecossistema deslumbrante onde os Navi existem. Ou seja, Avatar talvez participe de um movimento que inclui Greta Thunberg, Fridays for Future, New Green Deals: prepara o terreno para uma espécie de tomada do mainstream pela cultura pop environmentaly conscious.
Os que estão cientes das monstruosidades relacionadas ao desmatamento, ao extrativismo, à extinção de espécies animais e vegetais, podem encontrar em Avatar enredo que enreda os sistemas produtivos humanos, e as ideologias a eles grudadas, na teia mortífera de uma destrutividade insana. Avatar registra estas atrocidades com aquelas cenas perfeitamente coreografas, maravilhosamente montadas, que fazem Cameron superar o excesso de Rambices de Aliens (o segundo filme da série inaugurado por Ridley Scott com Alien – 8º Passageiro). Deixando Tarantino no chinelo, chutando para escanteio o cinema ultra-violento do autor de Kill Bill, Cameron faz um uso da violência fílmica que é ético e pedagógico.
Agora, ao fim de 2022, James Cameron pousa novamente no cenário cinematográfico. Traz na bandeja a sequência de Avatar, O Caminho das Águas, e promete ainda outros dois (pelo menos). Teremos, assim, no mínimo uma tetralogia – como Matrix já é. Reassitir o filme de 2009 vale a pena, por todas as razões que tentei expor acima, mas por uma última que me parece crucial: este ecologismo hippie-chique que o filme veicula com seus deslumbrantes efeitos visuais fala sobre o amor inter-espécies, aproximando-se assim do que Donna Haraway conceitua sob o nome de “espécies companheiras”. Jake Sully e sua namoradinha Navi simbolizam um pouco deste amor que atravessa a fronteira da espécie. Um amor para além do especismo. O filme ainda sugere em Pandora a existência de algo parecido com o Reino dos Fungos em nossa Terra: no subsolo, uma espantosa Internet conecta o mundo vegetal numa web que é quase world wide. Os Navi de Pandora estão plugadões nesta Internet que não necessita de modem, mas sim de uma cosmovisão que nos antene e sintonize com o cosmos complexo que habitamos.
Para os Navi, como Jake aprendeu, a energia não se possui, a energia só se usufrui provisoriamente. A energia flui. Nossos corpos interdependentes dançam na realidade e a interconexão não é wishful thinking, é fato da existência. A interconexão é coisa da Vida. Teria Joseph Campbell adorado este filme?
James Cameron nos fornece representações muito vívidas disto, da interconexão como fato da vida. Por isto as chamo de cenas “pedagógicas”, no sentido de que tem o poder de ensinar, ou a pretensão de educar, quando mostra por exemplo a conexão entre os Navi e seus “dragões de estimação”. Há operando em Avatar um sistema de plugagem biológica, organismos plugando-se uns nos outros, e é isto que Jake Sully, o forasteiro do mundo humano, paraplégico em busca de redenção, começa a tentar dominar, tendo sua namorada por mestra, iniciadora, parceira xamânica. Ele que em Pandora “esconde-se” por dentro, como piloto oculto, de uma criatura feita à imagem e semelhança de um Navi.
Avatar parece pintar diante de nossos olhos, através das funduras de seu 3D, uma espécie de Antropoceno modelo exportação: a humanidade levando para outros rincões do Universo o que fudeu seu planeta de origem, entregando às corporações mineradoras e ao aparato industrial-militar do Estado neoliberal-neofascista os destinos do povo infeliz que leva sua vida em meio à Árvore Sagrada,sob a qual as toneladas de riqueza mineral de mais de 1 trilhão de dólares repousa, convocando a carnificina.
Não sabemos pra onde irá o enredo de Avatar, mas James Cameron parece ter apostado as fichas do resto de sua vida na transformação da série de filme no seu Star Wars, rivalizando com Lucas, ou no seu magnum opus potencialmente “triunfador” sobre a tetralogia Matrix.
Com seu gosto pela bombast, seu ecologismo hippie-chique, seu “lirismo” neo-romântico e tecno-xamânico, o “cara” vem aí para balançar de novo o cinema mundial com sua megalomania. Neste caso, estamos diante de um artista com poder raro de enfeitiçar as massas e de consagrar-se como autor de alguns dos maiores sucessos comerciais da história da 7a arte, pau a pau com Spielberg.
Por tudo isto aqui esboçado, fiquemos atentos! Avatar é mais que o popcorn descartável com que normalmente a indústria de Hollywood nos empanturra. Algo do destino da consciência das massas no futuro imediato está inextricavelmente linkado com a recepção que centenas de milhões de consciências, plugadonas na cultura pop contemporânea, farão desta re-entrada em cena de Avatar. Ela se faz em um momento chave do Antropoceno, quando estamos perto do ponto-de-não-retorno e onde o cinema talvez se alce à pretensão de que não pode mais se esquivar: ensinar alguns caminhos para fora do buraco do já-corrente Caos Climático.
Os caminhos que nos serão sugeridos, é evidente, estejamos prontos a criticá-los! Mas sem ignorar que a maioria dos espectadores irá sugar estes filmes com os afetos mais do que com o cérebro, com a ânsia do coração mais que com a frieza de uma razão criticante. E que talvez esta seja a lição que Avatar nos lança: através da ficção científica, pode-se ensinar algo relevante para nossa sobrevivência em meio à teia de interconectividades que as atitudes hegemônicas de extrativismo, desmatamento, poluição, ecocídio e genocídio estão aniquilando.
Por Eduardo Carli de Moraes Outubro de 2022
QUERO LER MAIS!!!
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agroemdia · 4 months
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Governo federal institui Selo Indígenas do Brasil
Selo é uma demonstração de valorização e do reconhecimento da importância dos povos indígenas, destaca Palácio do Planalto
A partir de agora, os produtos produzidos por indígenas terão identificação própria. É o Selo Indígenas do Brasil, instituído pela Portaria Interministerial MDA/MPI/Funai nº 1, de 4 de janeiro de 2024. Para receber o selo instituído pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e pela Fundação Nacional dos Povos indígenas (Funai), o…
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delgadomkt · 2 years
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O potencial da mineração em Mato Grosso
O potencial da mineração em Mato Grosso
Mato Grosso se tornou referência nacional no extrativismo mineral, contribuindo para a economia do mercado interno e, principalmente, para a geração de empregos e renda na região. Apesar da mineração brasileira ainda permanecer ligada a questões como: falta de segurança na regulamentação, impactos ambientais e desastres naturais, Mato Grosso se destaca no cenário nacional, mostrando que ainda é…
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2biologia · 8 months
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QUAL DEVE SER MAIS SECO, VOCÊ OU O CERRADO?
Podem ficar despreocupados ,pois o cerrado é um bioma extremamente seco no inverno, sem geadas ou com geadas muito pouco frequentes que vão dos meses de junho á agosto. Vale ressaltar seus dias chuvosos que provocam bastante frio e é normalmente mais rigorosa nos meses de agosto e setembro.
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CARACTERÍSTICAS DA SUA FLORA.
Diferente do que muitos pensam ,o cerrado não possui uma aparência semelhante a África. A sua Flora consiste em :árvores de pequeno porte, caule retorcido e casca e folhas grossas.A vegetação por sua vez ,apresenta 11 fisinomias e as principais são:Formação Savânicas; Florestais e Campestres. A ocupação e o uso do seu solo estão vinculados com ás atividades agropecuárias , pastagens e as culturas anual perenes.
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REGIÕES PREDOMINATES.
O Cerrado é considerado um dos maiores biomas do Brasil,com cerca de 25% do território nacional,predominante nos seguintes Estados: Tocantins; Goiás; Mato Grosso do Sul; Sul do Mato Grosso; Oeste de Minas Gerais; Distrito Federal; Oeste da Bahia; Sul do Maranhão; Oeste do Piauí e porcões.
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Impôrtancia da Hidrográfia.
O cerrado fornece água ,ou por nascentes de diversos rios ,comtribuindo para importantes bacias hidrográficas do País ,ou sendo por águas subterrâneas. Ao sul, há nascentes de rios da bacia do Paraná; a Sudeste, do Paraguai; ao Norte, da bacia Amazônica; a Nordeste, da Paranaíba e a Leste, do São Francisco.
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ASPECTOS CULTURAIS.
Muitas famílias tiram seu sustento atravez da agricultura familiar; do artesanato e do extrativismo,com profundo conhecimento sobre a natureza usando seus nutricionais como remédios medicinais. Vivendo assim em harmônia com o meio ambiente.
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MAMÍFEROS PRESENTES NO CERRADO.
Esses são os mamíferos mais conhecidos que estão presentes no Bioma, tendo como principal o lobo guará que é condireado o símbolo do Cerrado e os demais que são: há onça pintada, tatu-canastra, veado-mateiro, raposa-do-campo, gato-do-mato, macaco-prego, tamanduá bandeira, lontra, catitu, queixada, paca, dentre muitos outros.
NÃO ESQUEÇAM DE AVALIAR SE GOSTARAM DO BLOG, E ME DIGAM SE FICOU TUDO BEM ESCLARECIDO <3.
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VÍDEO LEGAL E EXPLICATIVO PARA MAIS INTERESSEs.
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brasil-e-com-s · 1 year
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Organizações 'Tabajara' _ Ninguém explicou melhor do que Alexandre (em alusão às táticas de uma fictícia organização criada pelo programa de humor do "Casseta & Planeta" em que tudo o que empurravam ao público e tramavam dava errado).
O termo foi usado por ele sem segundas intenções, mas isso não importa agora, porque essa foi a cultura que queriam que nós adotássemos, depreciar o nacional.
E aqui mesmo, nessa rede, o Tumblr, é o que se faz _ quantos brasileiros, aqui, escrevem em inglês quando sabemos que são brasileiros?
É a velha babaquice do 'lá fora é melhor'. Então, vai para lá ou fique aí _ fica entre os "coaching de sucesso para te explorar" e os muros que são levantados para te separar.
Eu que conheço muita coisa, digo que, brasileiros que pensam assim, são uns idiotas. É assim que vi que somos vistos "lá fora".
Então, vai ou fica lá, onde famílias são separadas, filhos de um lado e pais do outro, para não contaminar o país deles e nem trazer problemas "territoriais e políticos". O Brasil, espero, aprendeu a lição de que tem que começar a proteger os seus territórios e não confiar em militares e grandes empresários que vivem para ter sempre mais.
Nós, brasileiros, vamos reverter isso agora e tenho certeza que o próprio Alexandre concordaria.
😃 Por trás da empreitada estão as "Organizations" que ganham muito com as divisões internas dentro dos países que possuem as riquezas minerais que eles exploram ou tentam explorar."
Nada tem a ver com 'ofensa aos povos ancestrais', é preciso entender, no mínimo, uma piada infeliz da qual muitas vezes ninguém pára para meditar.
E estender o assunto é desnecessário, uma vez que até mesmo o povo brasileiro, que não precisa de terceiros para explicar nada, uma vez que É O POVO quem sofre diretamente todas as artimanhas dessa chuva de importação de costumes, culturas e ideologias políticas, que não são naturais do Brasil, mas de nações estrangeiras.
O povo, que não está no Governo, ou na área do Judiciário, já sabe há muito tempo que todas essas armadilhas, sutis, essas armações que envolvem dividir a opinião e a vida política interna _ não digo nem os políticos do Brasil, mas na América Latina têm interessados ESTRANGEIROS _ que soltam o dinheiro aos políticos e empresários corruptos para causar divisões nos países da América do Sul e Latina, e é o que temos visto e acompanhado em diversas tentativas de desestabilização e de golpes de Estado em mais de um país da América Latina nesses últimos anos, mais intensificado.
Leis mais severas quanto ao permissividade dada à intromissão política, o estabelecimento dos grupos de investidores e empresas estrangeiras que bailam sem controle, é o que vai ajudar a reconstruir o Brasil sem interferências alheias. Na esfera física e na digital, onde eles têm agido sem a devida fiscalização.
O Brasil vinha sendo "comido pelas beiradas" nas áreas de pouco controle, onde extrativismo, garimpo, e outras atividades estavam sendo ignoradas por governos vendidos. O resultado agora está aí. É preciso reverter para ontem esse dano nacional.
Lembro de um estrangeiro, que falava feito um papagaio por horas nos cafés do centro, e ele dizia em voz alta, que a "América Latina" é uma pérola no campo do mundo, o sonho dos países que não tem o que produzir mas tem dinheiro para gastar. Nunca esqueci. É o que assistimos recentemente. Antes, durante e depois da confusão que iniciou a óbvia identificação de empresas partícipes do golpe (financiadoras), inúmeras delas demitiram em massa, declararam falência por rombo, e outros problemas administrativos para se resguardarem. E é por aí que o fio tem que ser puxado.
Assim como tem que ser puxado a real intenção da Turquia e dos países árabes em afundar um navio com produtos altamente tóxicos pela Marinha brasileira em rápida decisão.
Parem de se concentrar no simples e corra atrás do composto. É lá que está o "Saba Bodó".
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MUDANÇA SISTÊMICA - A evidência esmagadora dos impactos das mudanças climáticas estabelece claramente as causas estruturais da crise climática. O capitalismo, como sistema global e institucionalizado de organização econômica que busca o crescimento econômico e a concentração da riqueza como único objetivo, está destruindo a vida no planeta.  
Se quisermos abordar as causas estruturais das mudanças climáticas, devemos buscar mudanças sistêmicas. Embora não tenhamos clareza em detalhes sobre o que isso significa, sabemos que devemos passar por uma transição que reestruture as formas de organização socioeconômica e restaure a harmonia com a natureza, ao mesmo tempo em que provoque justiça social e equidade.  
Essa mudança sistêmica deve eliminar o capitalismo e suas relações de poder, assim como o extrativismo predatório, o patriarcado, o racismo, o colonialismo, o especismo e a discriminação de classes. Deve ser uma mudança que coloque o comum, o coletivo, a comunidade, o cuidado e as redes de vida no centro da organização econômica e social, onde se distribui a riqueza, consome-se o necessário e se proporciona uma vida digna, em especial, às populações historicamente excluídas, deslocadas e impactadas pelo sistema de acumulação de riqueza. Um sistema que respeite os direitos humanos das comunidades indígenas e ancestrais, mulheres, camponeses, trabalhadores e os direitos da natureza. 
Baixe o Glossário da Justiça Climática:bit.ly/GloJustClima
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CAMBIO SISTÉMICO -  La abrumadora evidencia de los impactos del cambio climático constata con claridad las causas estructurales de la crisis climática. El capitalismo, como sistema de organización económico, global e institucionalizado, que busca como único fin el crecimiento económico y la concentración de la riqueza, está destruyendo la vida en el planeta. 
Si queremos abordar las causas estructurales del cambio climático debemos buscar un cambio sistémico. Aunque no tengamos claridad en detalle de lo que esto significa, sabemos que debemos pasar por una transición que reestructure las formas de organización económico-social y restablezca la armonía con la naturaleza, al mismo tiempo que conlleve justicia social y equidad. 
Este cambio sistémico debe eliminar el capitalismo y sus relaciones de poder, así como el extractivismo, patriarcado, racismo, colonialismo, especismo y el clasismo. Debe ser un cambio que ponga lo común, lo colectivo, lo comunitario, el cuidado y las redes de vidas en el centro de la organización económica y social, donde se distribuyan las riquezas, se consuma lo necesario y se brinde una vida digna, en especial, a las poblaciones históricamente excluidas, desplazadas e impactadas por el sistema de acumulación de riquezas. Un sistema que respete los derechos humanos de comunidades indígenas, ancestrales, mujeres, campesinas/os, trabajadoras/es y los derechos de la naturaleza.
Descarga el Glosario de Justicia Climática: bit.ly/GloJustClima
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SYSTEMIC CHANGE - The overwhelming evidence of the impact of climate change undoubtedly confirms the structural causes of the climate crisis. Capitalism–regarded as an economic and organisational system, global and institutionalised–is destroying life on Earth solely to make some achieve financial growth and wealth concentration. 
If we are to address the structural causes, a systemic change must be introduced. Even if we lack thorough understanding as to what this means, we acknowledge that there is an overriding need for a transition not only to reconstruct forms of social organisation and restore harmony in Nature but also to attain social justice and equity. 
Such a change must eradicate capitalism and power relations as well as extractivism, patriarchy, racism, colonialism, speciesism and class discrimination. It must establish the common, the collective, the communal, care, and webs of life as the core values of a socio-economic organisation which distributes wealth equally, encourages adequate food consumption, and provides a fulfilling life principally to historically marginalised groups–displaced and enduring the consequences of a wealth accumulation system. There is a need for a model which respects human rights of indigenous communities, women, country people, workers as well as the rights of Nature. 
 Download the Climate Justice Glossary: bit.ly/GloJustClima 
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Extrativismo predatório
O extrativismo predatório está enraizado na história do Brasil. O próprio nome do país vem de uma árvore nativa, pau-brasil, que foi o primeiro bem natural explorado pelos colonizadores. O interesse no pau-brasil era a resina vermelha da madeira, usada para produzir um corante para tingir tecidos. A exploração foi intensa. Leia mais (04/21/2024 – 06h00) Artigo Folha de S.Paulo – Equilíbrio e…
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ambientalmercantil · 15 days
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flavia0vasco · 29 days
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SEQÜÊNCIA 10 - A ILHA DO PESCADOR
Até arribar por sobre as águas o quanto pôde, uma corda testou antes sua briga com o destino, quando lançada aos pés do ubá e recuperada em meio à remação. Fora presa a uma árvore e atada no assento, salvando André da descida. Algum salvador a arrastava agora pra perto, deixando-o em segurança. Ia enrolando-a numa pedra tombada pontiaguda, cravada no solo, que servia de apoio. Não fosse isso não sabia no que ia dar. No pulo pra ribanceira, dificultado pela tralha que levava, um galho de árvore foi estendido até ele pra que se aproximasse mais e se visse livre do perigo. A lama afundou seus pés, e olhos perturbados interrogaram sua presença.
Respirou fundo por instantes, até se recuperar, e antes dele a figura a sua frente se acalmou. Era um aborígene semi-nu sem saber como se comunicar, depois que viu que isso não era possível. Através de gestos pôs André a segui-lo.
Foram deixando pra trás o barulho do aguaceiro. Apenas o chacoalhar das folhas sobre suas cabeças tilintando. O último refúgio dos ribeirinhos pra aquém das águas do mar, era no entroncamento do delta com o estuário. Lá, um imberbe lograria um jeito de André fretar nave que o levaria pelo oceano até o posto baleeiro - Terêncio lhe apaziguara o espírito. Pra isso, além do nome espalhado que este tinha, André foi obrigado a memorizá-lo num dialeto local, e também levou a fotografia do amigo pra servir de ligação com aquela gente. Era um mundo desconhecido, aquele. Era preciso ganhar alguma confiança. A imagem digital não mentia. De cara, intrigou os adultos, e roubou assustadoramente as crianças, as mais curiosas. Mas, muitos a temiam, achando que por detrás dela, se escondia na verdade a alma capturada do agora temido Terêncio. Tinham medo de também terem suas almas roubadas com aquele negócio estranho, a câmera digital. Acabavam saindo de perto, vendo na fotografia um sinal de mau agouro, como um objeto mágico poderoso que os impedia inclusive de tocá-lo, quanto mais de o destruir. Como se fosse uma velha crença sobrevivida, e perpetuada desde seus antigos ancestrais indígenas.
Por seu lado, o contato, mesmo fugidio, com a floresta e seu povo, deixou em André impressões:
“A floresta estava marcada com suas superstições, tangíveis em sua essência mais pura, virgem e natural. Isso me fazia querer registrar imagens munidas de uma certa ‘aura’, contida certamente nas rezas, rituais de cura, na sobrevivência em meio ao modo de vida tradicional, vivida no roçado do arroz, do feijão, da mandioca, do milho ... e, na pesca artesanal, caça e extrativismo vegetal. Mas, como um estranho eu não podia. Eu era uma ameaça a esse equilíbrio”.
Em suma, André foi repudiado e temido como um feiticeiro. Um só ribeirinho não ficou presa de tal crença. E foi Curimã. Foi ele quem o ajudou. De apelido emprestado de uma espécie de peixe dali, esse viajante nativo cresceu travando contato com o litoral entre uma subida e outra do rio. Ia lá em busca do óleo de baleia. Para suas residências mal iluminadas. Uma chalana motorizada dava cabo da empreitada. Era grande o suficiente para entulhar 20 barris de óleo, o que correspondia a 1 mês de consumo por habitação. O que o obrigava a idas e vindas ao longo do ano para manter o estoque.
Traquejava o linguajar caiçara nesses anos de aprendizagem e camaradagem. Era por ele e por Terêncio que corriam as histórias do Pescador em meio à gente do interior. Faziam segredo de suas fontes como se suas palavras chegassem carregadas pelo vento, mágicas, sendo guardadas em suas cabeças e coração. Cabia a eles espalhá-las como sementes e fecundar a imaginação daquele povo. Mas, tinham entre o mundo dos vivos um guia espiritual acima de autoridade que bebia daquela mesma água de sabedoria herdada pelo tempo, e que se difundia em meio a uma tradição oral passada de pai para filho. Eles, os três, eram guardiões dessas histórias ... e era a partir do litoral, onde o Pescador fez sua morada na ilha, que todo esse repositório de crenças e estórias cabia na figura de um só homem trabalhador, simples, humilde e calado. Daí pro mundo o mito do Pescador se espalhou milagrosamente para além das fronteiras da imaginação.
Assim, foi com Curimã também que André se comunicou, tal como com Terêncio. Ambos tinham na raiz de sua sabedoria ancestral os traços lingüísticos próprios da origem longínqua do Pescador para além dos confins da ilha. Encarregavam-se de transmitir essa tradição a iniciados de seu tempo como se fossem verdadeiros xamãs. Pertenciam à linhagem dos dotados de dons sobrenaturais que descendiam de Criolo e a contemporânea cigana.
No Brejo d'as Águas rezava uma lenda, dizia Curimã, que o Pescador fez chover a cântaros feito um dilúvio a fonte que inundava o rio e o cardume de betaras se multiplicou pra matar a fome do ribeirinho que sofria de escorbuto e não podia arar nem plantar nem colher o alimento tão debilitado estava pela pandemia. A noite era enferma e a insônia agoniada, o calor febril chupava o caroço da fruta até desidratá-la e subia da cratera da terra esturricando o que visse pela frente, e era mato e era gente. Era a seca rondando feito praga no ar fremindo os corpos. Nunca se vira coisa assim, por esses cantos. O evento castigou com uma sentença antiga brotada da alma da inconsciência coletiva das baleias, segundo a qual tirar a vida de um bebê recém-nascido no dia da oferenda do baleote para os deuses das baleias trazia um azar e uma punição de morte no seio da coletividade transgressora. Esse era o tabu. E cabia ao assassino a sina de viver na pele de um pescador um ancestral imemorial das baleias exilado para todo o sempre. É que a criança morta era para ser em seu destino um pescador. E sem pescador não tinha pesca, e sem a pesca a fome reinava. As oferendas é que garantiam a salvação por meio das preces ao Omni, deus supremo das baleias, que aparecia do nada pra alimentar sua prole pescadora raquítica. A cada ano ele fazia um milagre, o da multiplicação dos peixes. E chegou o tempo do pescador que não veio. E a chuva não veio. O chão crestou. O rio secou. A água parou. O peixe sumiu. A hora parou. Tudo ficou suspenso. Foi a geração perdida. Aquele ano a seca vingou. E a fome vingou. A sobrevivência restou num pacto jorrado do sangue do recém-nascido natimorto. Um substituto benfeitor se encarregaria da pescaria à altura. E o pedido era feito à Dracca. O barqueiro Creonte se encarregaria de abrir o Portal do Tempo e enviar o semeador. É que além dos peixes ele traria a abundância nos campos do milho. O alimento sagrado reservado ao deus das baleias para agradecer a conquista de um arauto da fartura. O totem era o milho. E pra cumprir o pedido a prole se absteria do alimento durante 15 solstícios de verão. Mas, a ofensa a Omni não foi de todo aplacada pelo pacto. Ficou vaticinado de que uma nova seca inclemente se abateria sobre aquele povoado. E se refletiria no ciclo evolutivo das baleias. Uma nova adaptação entraria em curso e uma cadeia alimentar toda modificada se encarregaria de nutri-las e gestar baleotes fortes. Garantindo-lhes a sobrevivência e supremacia no mundo dos mamíferos e outorgando-lhes uma inteligência ímpar de conexão interplanetária e energética, inclusive com um aparelhamento como nunca visto antes do seu sistema de comunicação, que se elevaria à condição de música, capaz de sinfonias complexas e magistrais.
Coube ao Pescador os peixes espalhar e o milho prover às baleias. E o equilíbrio se restabeleceu.
***
O ubá cedeu lugar à catraia movida a motor e vela. Carimã, um remeiro dos bons, foi escalado pro circuito marítimo não a salvo de inconvenientes e sobressaltos, ou peças pregadas a experientes navegadores do mar. A travessia requeria mais que sabedoria, coragem. Impunha-se uma forte corrente marítima quente, sob influência da qual se encontrava a floresta, plainando no ar as massas de ar dela derivadas, e que caracterizavam aquele clima quente e úmido. Convinha ser presto em atravessar, e cauto em manobrar no vencer as águas. Para além do continente, outro território se desvelava, a leste, sob o domínio de outro povo singular em sua constituição primordial entre a natureza e o homem: os caiçaras.
Cena “X”: (Plano Panorâmico) André e o remeiro na catraia, em alto-mar.
Presidia certa inquietação no mar. Bolsões de ar, conferindo acalentado rubor às faces, deram lugar a frígidos arrepios na pele. E, os descalabros do termômetro em queda, que outrora, do hemisfério caiçara traziam as gaivotas para o veraneio nos açudes e rios da floresta, fez-se sentir. O céu estancava inerte na imensidão. Por ora, petrificado, erigia em si ergum, uma catedral do silêncio.
Uma avalanche inaudível de nuvens algodoadas, amontoadas de negro azul, cingiu de sombras a enclausurada visão. Mediante um pensamento temeroso e outro cumpria a respiração suspensa tomar, para superar - de todo - o pavor do derradeiro livramento não alcançar. Pra todos os longes urdia fazer o céu desabar. Livres não estavam com esses rogatórios ensimesmados de, sob a circunferência de suas cabeças, não se porem protegidos à santidade como à coroa de um monge. A essa hora viam próximo, como nunca anunciado, o vaticínio do prelúdio de uma hecatombe sobre o mar.
O primeiro clarão ressoou seco, mudo. O motor já rompia as bordas do pequeno golfo, vencida a foz mista, quando soprou a primeira brisa. Veio refugada. De supetão. E de viés. Sem se necessitar do propulsor, obrigou-se o lançar velas, pra corrigir o rumo. E em pouco tempo, não só a correnteza aumentou, como lhe fez forçosa a ventania. A margem de manobra era infinitamente épica para as dimensões da embarcação. Teriam que remar a toda velocidade, e ao limite de suas forças, por horas a fio, para darem sinal de vida junto à armação baleeira, caso o pior se confirmasse.
A noite cairia tão logo o ocaso se pusesse. E saberiam se estariam vivos até lá. Até se cumprir a metade de todo um dia, a visibilidade poderia, eventualmente, lhes render o que faltaria de força, e restituir sucessivamente a esperança. A carta da liberação de um tarô, como que aberta, na previsão da jornada, lá pela réstia da madrugada, quando partiram, sob bons augúrios, não os poupou do desatino repentino da natureza bravia, pouco depois, em uma de suas (im)perfeições mais implacáveis: o tufão. Mais uma prova, de que vacilantes, éramos. Certeira, era ela. Sempre. A Natureza. A fazer-nos duvidar de nossos cálculos a priori incertos, ainda que munidos de certa previsão. Respeito, nós lhe devíamos sempre; mas, de certeza se tinha, que de sofrer vive o pescador do mar. Não por serem certos os percalços de seu ofício, mas por ser triste a sua sina. Assim, como certa a sua glória ao morrer no lançar-se sobre as águas do mar no cumprimento de seu dever:
♫♪ “É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar”. ♪♫       
Como um mote do homem do litoral da Bahia que vive da pesca, nos lábios do cantador, a morte é doce nos braços de Iemanjá, a Senhora das Águas. Mas, aqui o remeiro navega, normalmente, em águas doces, ribeirinhas. Não conhece o traiçoeiro mar. Os caiçaras, sim: destes, porém, são outras as lendas e crenças, diferentes das da Bahia. Algumas, só, parecidas. Povos primitivos, os caiçaras se constituíram desde tempos imemoriais junto ao litoral, ligados à pequena pesca, agricultura itinerante, artesanato e extrativismo vegetal.  Certo era que no trato com o mar em horas de pescaria tinha de se haver também com o imprevisto, e até com o infortúnio como manda o refrão. Seu melhor amigo era traiçoeiro. Podia lhe pregar uma peça. E fazer ver entre os companheiros soçobrar um à morte, como findou Pedro, em meio à tempestade, numa trágica peça musical entoada na conhecida canção praieira. Na minha lembrança, nada mais comovente que ouvir de um narrador baiano a história de Pedro, o pescador, e seus amigos Lino, Chico e Zeca, junto à amada Rosinha, que endoidecia na falta do seu amado. Foram inconsoláveis, os companheiros, em cortejo, por entre o povo da vila abrindo caminho até a igreja, a chorar a morte do querido pescador.
E o remeiro corajoso, conhecedor, mas não adestrado em águas oceânicas turbulentas, para além de seu habitat, foi, em tempestade ter, a certo modo, o mesmo fim - ainda que em nada se igualasse a sua pescaria no interior da floresta à do povo do litoral. Engolido foi pelas águas salgadas, sem peixe do mar pescar, nem história de pescador do mar carregar. Mas, cumpriu seu dever, eventual, de leva-e-traz entre os dois destinos da ilha. Embarcou, em vias de despropósito, e em ventura solitária, a cargo de André, garoto misterioso, até quase o outro ponto extremo da ilha, como se fizesse mais uma de suas travessias entre um ponto e outro do rio, no transporte de pessoas, cargas e víveres. Em sua lida, não contumaz, fadou à fatalidade.
Ambos, temendo não sobreviverem ao endemoniado furacão, achavam que teriam suas chances subtraídas, se caíssem às portas do grande olho da ventania. Ainda a certa distância dele, era imprevisível o rumo que ele iria tomar. E dito e feito, pesando a má sorte contra todo o peditório, o redemoinho os alcançou, e fez a nau voar no ar, desembestada, rota feita a engrenagem e estilhaçado o mastro à vela; em trapos, o pano encardido. Rastejantes e curvos, os navegantes contra os uivos lancinantes do mau tempo e assovios cortantes como vidro, nada puderam. Cravantes as unhas e os dedos das mãos no vão dos bancos, sem onde mais se aterem, renovaram logo os rogos a todo vapor. O furioso golpe das sucessivas voltas atordoou o estado de consciência de ambos, mas coube ser o remeiro, - antes que desfalecesse - ser lançado às alturas, abrupta e longemente, rodopiando à mercê do bote, em que se transformara a catraia, deixando pra trás qualquer esperança de salvação. André ainda tentou com um solavanco alcançar-lhe a mão desesperada, mas a dura “parede de concreto” do furacão, formada pelo negrume dos estilhaços de água, pedra, terra e areia, levou para fora do campo de visão o pobre. E, cuspiu-o, sufocando-o, estrupiado e morto na tangente centrífuga daquele tortuoso e impiedoso “pião” giratório.
André só não repetiu na pele essa cena, quem sabe, talvez, por pôr em questão sua falta de fé: esse instante, subjugado às mãos de um poder assolador fora da magnitude humana e alheio a qualquer possibilidade de controle, ultrapassa as raias da razão, e inaugura um estado de forças e poderes desconhecidos, cuja comprovação é de natureza intraduzível e improvável.
Jogada em tempo a mochila nas costas, mergulhou a cara no piso da catraia e orou. Não uma missa, um rosário, uma prece, um Deus ... mas um pensamento sem nome e infindo, verdadeiro, sem tempo nenhum a lhe tomar, senão apenas a presença de um absoluto e desconhecido BEM. Por quem se reconheceu rodeado, quando ao tornar a cabeça pra cima, descortinou sobre si, revolta e súbita, uma abertura, em que mirou nela, num relance, o céu azul e límpido. Sentiu, nesse instante, algo possante recolher-se à mão, como quando do calor que sentira ao pousar ali o Pescador a moeda, daquela vez. E abriu-a. Lá estava ela. A moeda. Como um milagre. Agora já nada o atingia. A própria nave a flutuar incrédula sobre as águas abaixo. Até pousar sobre a superfície, fixa. Por um ínfimo instante isso se deu. Lembrou então de Caronte, o condutor de almas, e do canoeiro ... . Então, como no Portal do Tempo, o círculo torvelinho acima se fechou, abruptamente. E antes que diminuísse de todo a sua força, mudou de rumo ribombando a embarcação para fora de si, e chacoalhando impiedosamente André, em seu interior. Este só não foi atirado para além dela, porque amarrou-se o quanto antes no amarrador de proa para do impacto se proteger. No impulso de toda expulsão, a partir do centro, ele trombou fortemente a cabeça contra a carcaça da catraia, desfalecendo imediatamente.
A passagem paga salvou-lhe a vida, como se lhe garantisse o atendimento de um único pedido a que tivesse direito. Isso o guia da barca, nem o pescador lhe haviam dito, nem diriam. Apenas o seu coração saberia quando cobrá-la, a moeda – sua fé. E isso ele agora entendia. Mais ainda quando abriu os olhos, e se deu conta de que não estava mais no mar. Pelo menos não em alto-mar, mas na praia. Em algum ponto dela, guardada apenas por uma cabana de madeira.
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capitalflutuante · 2 months
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O setor externo foi responsável por dois terços do crescimento econômico de registrado em 2023, enquanto a demanda interna respondeu pelo restante. Da alta de 2,9% observada no ano passado, 2 pontos percentuais foram puxados pelo comércio com outros países, enquanto 0,9 ponto percentual saiu de consumidores e setor produtivo brasileiros.  Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as exportações brasileiras cresceram 9,1%, puxadas pela desvalorização do real ante o dólar e pela alta do preço das commodities no mercado internacional, que favoreceram os setores da agropecuária e do extrativismo mineral. "A agropecuária também depende muito do clima. No ano passado, tivemos condições climáticas muito boas. E a gente tem bastante investimento nessa área", explicou a pesquisadora do IBGE Rebeca Palis. "Há bastante tempo nossa pauta exportadora é muito baseada em commodities. Então tanto a produção da agro, principalmente milho e soja, quanto a parte extrativa foram muito exportadas". O que também contribuiu para o bom desempenho do setor externo foi a queda de 1,2% das importações, o que favorece positivamente o cálculo do PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos no país).  Já a demanda interna foi puxada principalmente pelo aumento de 3,1% do consumo das famílias. "Em 2023, continuamos com melhora no mercado de trabalho, crescimento da massa salarial real, aliado a medidas governamentais, ou seja, os programas de transferência de renda às famílias. Além disso, tivemos um arrefecimento importante da inflação média, que em 2023 ficou em 4,6%, contra 9,3% do ano de 2022", destacou Rebeca. O consumo das famílias poderia ter crescido ainda mais se não fossem o elevado grau de endividamento dessas pessoas e o patamar da taxa básica de juros, a Selic, que ficou em média em 13% em 2023, acima dos 12,4% de 2022. O consumo do governo cresceu 1,7% em 2023 e atingiu o maior patamar da série histórica do PIB, iniciada em 1996. Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (investimentos) teve uma queda de 3% no ano, devido ao desempenho negativo dos investimentos em construção (-0,2%) e em máquinas e equipamentos (-9,4%). Produção Pelo lado do setor produtivo, a principal contribuição para o PIB nacional veio da agropecuária, que cresceu 15,1%, a maior variação desde 1996. A segunda atividade de maior impacto no PIB de 2023 foi a indústria extrativa mineral, com alta de 8,7%, principalmente devido ao desempenho do setor petrolífero. Também houve destaque para o setor de eletricidade, água, gás e esgoto, que avançou 6,5%. Junto com o extrativismo mineral, este segmento sustentou o crescimento de 1,6% do setor industrial brasileiro, já que tanto a indústria da transformação quanto a construção tiveram quedas, de 1,3% e 0,5%, respectivamente. Os serviços apresentaram crescimento médio de 2,4%, puxado principalmente pelas atividades financeiras, de seguros e de serviços relacionados (com alta de 6,6%). Os demais segmentos dos serviços apresentaram altas entre 0,6% (comércio) e 3% (atividades imobiliárias). O PIB per capita cresceu 2,2% em 2023, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE.  Trimestre O crescimento de 2,9% no PIB, em 2023, que colocou a economia brasileira em seu maior patamar desde o início da série histórica (em 1996), pode ser explicado pelo desempenho do país no primeiro semestre, com altas de 1,3% no primeiro trimestre e 0,8% no segundo trimestre, em relação aos trimestres anteriores. No segundo semestre, o Produto Interno Bruto manteve-se estável, sem altas ou quedas nos terceiro e quarto trimestres.  Com informações da Agência Brasil
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vitrinedogiba · 3 months
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agroemdia · 5 months
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Aplicativo auxilia manejo sustentável de açaizais nativos na Amazônia
Ferramenta pode ser baixada de forma gratuita e funciona em sistemas Android para celular ou tablet, mesmo sem acesso à internet
Foto: Vinicius Braga/Embrapa A tecnologia de manejo de mínimo impacto de açaizais nativos passa a contar com uma solução digital para facilitar a sua aplicação. Em parceria com a empresa Equilibrium Web, a Embrapa Amazônia Oriental disponibiliza ao setor produtivo o aplicativo Manejatech-açaí. A ferramenta pode ser baixada de forma gratuita e funciona em sistemas Android para celular ou tablet,…
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dfsoberano · 5 months
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Governo retoma programa de fortalecimento da agroecologia
O governo federal anunciou a retomada do Programa de Fortalecimento das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, o EcoForte. A iniciativa, criada inicialmente em 2013, incentiva a produção sustentável de alimentos saudáveis. O compromisso  foi firmado na noite dessa segunda-feira (20), na cerimônia de abertura do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, no Rio de Janeiro.  O…
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palavradigital-blog · 5 months
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Governo retoma programa de fortalecimento da agroecologia
O governo federal anunciou a retomada do Programa de Fortalecimento das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, o EcoForte. A iniciativa, criada inicialmente em 2013, incentiva a produção sustentável de alimentos saudáveis. O compromisso  foi firmado na noite dessa segunda-feira (20), na cerimônia de abertura do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, no Rio de Janeiro.  O…
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ocombatenterondonia · 5 months
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Governo retoma programa de fortalecimento da agroecologia
O governo federal anunciou a retomada do Programa de Fortalecimento das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, o EcoForte. A iniciativa, criada inicialmente em 2013, incentiva a produção sustentável de alimentos saudáveis. O compromisso  foi firmado na noite dessa segunda-feira (20), na cerimônia de abertura do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, no Rio de Janeiro.  O…
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A dívida ecológica é a dívida que os países do Norte têm com os povos e países do Sul. É uma responsabilidade com o planeta devido à destruição gradual como efeito das formas de produção e consumo. Foi gerado nos tempos coloniais e continua a aumentar até hoje. 
Isso inclui a responsabilidade pelo saque, usufruto, destruição, devastação (extrativismo de petróleo e de minérios, destruição de florestas e da biodiversidade), assim como a poluição da natureza. Também é gerado por trocas ecologicamente desiguais, pois a produção para exportação (principalmente de matérias-primas) é realizada sem levar em conta os danos sociais e ambientais que gera, como a apropriação intelectual e o usufruto do conhecimentos ancestrais relacionados às sementes e às plantas, ao uso e degradação da terra, do solo, da água e do ar para o estabelecimento de monoculturas, à poluição pelo depósito de lixo e resíduos tóxicos em países do Terceiro Mundo, entre outros efeitos do capitalismo industrializado e global, colocando em risco a soberania alimentar e em geral os meios e modos de vida das comunidades locais. 
A dívida ecológica inclui a dívida climática, que é a apropriação ilegítima da atmosfera e da capacidade de absorção de dióxido de carbono do planeta (solos, florestas, oceanos) a partir da extração e queima desproporcional de combustíveis fósseis. A poluição atmosférica é a principal causa do efeito estufa e da consequente crise climática que afeta principalmente os povos mais vulneráveis do Sul
 Baixe o Glossário da Justiça Climática:
bit.ly/GloJustClima
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DEUDA ECOLÓGICA Y DEUDA CLIMÁTICA - La deuda ecológica es la deuda que tienen los países del Norte con los pueblos y países del Sur. Es una responsabilidad con el planeta, por la destrucción gradual como efecto de las formas de producción y consumo. Se genera en la época colonial y se sigue incrementando hasta nuestros días. 
Esta incluye la responsabilidad por el saqueo, usufructo, destrucción, devastación (extractivismo petrolero y minero de los bosques y la biodiversidad) y contaminación de la naturaleza. También se genera por el intercambio ecológicamente desigual, ya que, la producción para la exportación -principalmente de materias primas-, se realiza sin tener en cuenta los daños sociales y ambientales que genera, tales como, la apropiación intelectual y el usufructo de los conocimientos ancestrales relacionados con las semillas y las plantas, el uso y la degradación de las tierras, suelos, agua y aire para establecer monocultivos, y la contaminación por el depósito de basuras y residuos tóxicos en los países del Tercer Mundo, entre otros efectos propios del capitalismo industrializado y global, poniendo en riesgo la soberanía alimentaria y en general, los medios y modos de vida de las comunidades locales.
La deuda ecológica incluye la deuda climática, que es la apropiación ilegítima de la atmósfera y la capacidad de absorción de dióxido de carbono del planeta (suelos, bosques, océanos) proveniente de la extracción y quema desproporcionadas de los combustibles fósiles. La contaminación atmosférica es la principal causa del efecto invernadero y de la consecuente crisis climática que afecta principalmente a los pueblos más vulnerables del Sur.
Descarga el Glosario de Justicia Climática:
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ECOLOGICAL DEBT AND CLIMATE DEBT   - The ecological debt is what countries from the North owes to the ones in the South. It is the North’s duty to our planet, considering that the Earth is being gradually destroyed as a result of production and consumption systems. Such environmental damage can be traced back to colonial times and is still increasing in severity. 
 Acts of plundering, usufruct, destruction, devastation, and pollution of Nature form part of this debt, which has also been engendered by the unfair ecological exchange since goods production for export–principally, commodities such as raw material–is carried out without considering social and environmental damage such as intellectual property theft and usufruct linked to ancestral knowledge of seeds and plants, the use and degradation of land, soil, water, and air to practise monoculture, rubbish and toxic waste dumping in Third World countries and other effects characteristic of global and industrial capitalism. As a consequence, local communities’ food sovereignty is in jeopardy. 
Climate debt is part of ecological debt. In essence, climate debt refers to criminal conversion of the atmosphere and the Earth’s capability to absorb CO2 arising out of fossil fuel extraction and burning. Air pollution is the main cause of the greenhouse effect and the consequent climate crisis which affects the most defenceless nations from the South.
 Download the Climate Justice Glossary:
bit.ly/GloJustClima
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