menos é mais
Menos é mais, sendo que menos é sempre menos que num mais é mais e multiplica-se.Entre o menos e o mais, de um tio que faz multiplicar o que divide, por vezes faz fastio!
menos é mais
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pergunto-me se servi apenas como combustível desmazelado ]
afim de dilatar seu ego,
se fui luxúria em forma de sujeito,
carne de quarta e fotografias impudicas
meio ao teu fastio.
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antesala nupcial (meu inferno astral)
a ideia do sexo
viola minha mente
fico desmiolado
imaginando bundas
bocas e bocetas
cabelos, olhos e narizes
uma namorada faz falta
mais por conta da companhia
sim, porque o sexo se consome
e permanecem as memórias
as boas e doces lembranças
de conversas, carinhos e palavras
sinto-me sozinho demais
mas tudo bem, não faz mal
desfruto meu tempo de forma otimista
imaginando um casamento puro
suave, doce, afetuoso e eterno
uma mulher que me faça um homem melhor
uma companhia agradável para os problemas
vez por outra amaldiçoo deus
por ser tão insensível
a respeito de minhas urgências
ele sabe do que preciso
mas parece um carrasco
deixou-me em uma miséria sem fim
encarnei a própria solidão
molestado por memórias pungentes
atormentado por cheiros feminis
possuído por uma gota do sentir
a visão do teu corpo na praia
teus olhos azuis e profundos
você me olhava e sorria
seu pai e seu irmão
e você deitada com a sua mãe
na minha frente
as duas de bruços
com as bocetas na minha cara
dava quase pra sentir suas fragrâncias
com a brisa à beira-mar
isso realmente não se faz
por mais loucura que pareça
eu fiquei olhando
pra boceta da sua mãe
tão linda quanto a sua
imaginando um cheiro forte
que me tirava do sério
sua bunda pro alto
e você sabendo
que eu olhava desesperado
você rebolava discretamente
e com a sua mãe
abriam as suas pernas
seu pai e seu irmão
jogando bola na orla marítima
e meu caralho duro e melado
por dentro da minha sunga
seu rosto lindo sorrindo pra mim
só consigo imaginar seus lindos olhos
e me bate uma deprê insuportável
um impulso suicida hediondo
não resolverá
talvez me perca pra sempre
de você
talvez nunca mais me recupere
desta dor insuportável de amor
o pior de tudo e mais doloroso
é que você é ciumenta
e acabou com a minha vida
não tenho mais vitalidade
estou sempre no fastio
após me masturbar
você sempre afasta as mulheres
e me mantém enfermo
teu ciúme é criminoso
veja o que podes fazer por mim
vou definhando silenciosamente
à tua espera desesperado
há dezoito longos anos
quando pensas em mim
durante essa longa distância
nesse mar de fogo das saudades
tu te masturbas?
se tu és virgem…
deves brincar com tua boceta
e com o teu cuzinho
pensar nisso me transtorna
mas o que me deixa mais doente
é imaginar que teu nome é maria
que és a mãe de jesus
casada com josé
e que desejas meu pênis
isso, de todas as formas
fraciona e delinque a minha mente
fragmenta minha vida
reduzindo-me a pó de ossos
vou sobrevivendo neste inferno
que queima meus olhos, minha mente
e consome toda a minha alma
saber que você geme escondida
pensando no meu santo membro
implorando pelo meu corpo
pelas minhas mãos
que porra louca, amor!
você foi criada pra mim
pelo seu filho, pelo seu pai
e por mim
mas é casada com josé
como vamos resolver isso, amor?
você me dirá que assim como você
josé é santo e virgem
mas ele te ama, minha paixão
como solucionaremos isso
acho que desistirei de você
não darei esse desgosto a josé
sou um homem devassado, pervertido
promíscuo e depravado
às vezes penso mesmo
que sou um demônio irascível
acorrentado em mil cadeias
privado de sexo
quero pombas giras
quero menininhas de oxum
filhas geniosas e picantes
de iansã
quero sentir a maresia
dos sexos de mulheres de iemanjá
quero a maturidade irresistível
das senhoras de nanã
não quero passar
por esta situação delicada
despojar você de josé
amo mais ele que você
porque você só me faz mal
você é safada e cruel
teu olhar de monalisa satânica
meu deus o que digo?
tu te tornaste meu pior inferno
e logo eu que não mereço
maldade de criatura alguma
logo eu que te criei do meu seio
porque fazes isso comigo, amor?
me deixas abandonado ao azar
anos a fio, definhando
escrevendo palavras insanas
sem o menor sentido
minha família e meus amigos
pensam que eu sou louco
tudo isso você me faz
mas estou de posse ainda
de minha razão
e minha libido é um delírio
porque nosso leito é divino
e nossas urgências depravadas
quero sua boca
para dizer-me palavras doces
mas a quero inteira
na cabeça do meu pau taurino
você é safada demais, sua louca
e eu nunca prestei
quero boceta e cuzinho
desejo seus cabelos no meu peito
seus beijos
sua pernas, suas coxas
toda a tua lascívia
luxúria sem fim
rio de janeiro,
5 de outubro de 2O23.
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A multidão e a vida na rua, o burburinho, a movimentação, a novidade dos objetos, a novidade da situação—toda essa vida mesquinha e esse farelório cotidiano, que há tanto tempo aborrece o petersburguês ocupado e azafamado, que passa a vida toda procurando inutilmente, mas com ansiedade, um meio de encontrar paz, tranquilidade e repouso em algum ninho aconchegante, conquistado com seu trabalho, suor e por vários outros meios-, toda essa prosa vulgar e esse fastio suscitavam nele, ao contrário, uma sensação de alegria radiante e serena.
— A Senhoria
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O rapaz que repousa e combate na minha cabeça me acorda de madrugada e me lembra de ser inconformado, pois o em volta é inacabado e em arestas expostas, no incompleto pulsar de meu coração de cumprir algum dever.
O rapaz desce ao meu coração para apaziguá-lo em breve instante e acelerá-lo pela certeza do desigual, que traz o sofrer, que faz mães chorarem, pais traçarem rostos de desesperança e filhos e filhas caminharem como imperfeitos sob os olhares da injusta justiça vinda detrás dos vidros temperados, retratos que me param os pulmões revoltados com o ar de tanta desalma.
Apressado, o rapaz transcorre minhas vias respiratórias e me libera o oxigênio do trabalhador que nunca descansa, dos ansioso pela lição que ainda nem se avista, impaciente e insatisfeito, esfomeado por soluções para estancar o grito dos estômagos vazios, que fazem o meu anestesiar em fastio de vida.
É quando o rapaz, na contracorrente do desânimo, me alimenta com perguntas ainda sem resposta, mas com debates despertos a serem digeridos, articulações a surgir, a fermentar e a provocar refluxos no caminho inverso ao que o belo jovem cumpriu, me voltando ao cérebro, esquentando neurônios, açoitando a mente, que mete as esporas no raciocínio, acusando, defendendo, questionando.
Todo dia o rapaz, soldado de sono leve, me sopra que perdão sem justiça é engodo, que amor sem partilha é ego, que vontade sem coletivo é solidão, que caminhar sem compromisso com o do lado é estacionamento, que silêncio sem escutar o grito da verdade é prostração.
O rapaz me espeta para dizer o que é omitido, perguntar o que é incômodo, sem medo da face troncha da perseguição.
O eterno pensar demais, muito mesmo, do crânio esquentar, do difícil habitar em mim, me é sina pelo tal rapaz.
Meu cérebro que nem um 8 deitado, infinito, quando termino já recomeço, para emendar.
Rapaz ideoso, como me definia minha vó.
Exeuê Babá, Oxaguiã, nosso (meu) senhor da ousadia de não contemporizar.
#oxalá #oxaguiã #orixá #matrizafricana #axé #umbanda #candomblé #batuque #saravá #povodeterreiro
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Quando um artista se apaixona por ti, tu vives pra sempre. Quando um artista transcreve-te em um bloco de notas, tu deixas de seres físico para tornar-se um conjunto de palavras românticas ou com fastio. Quando você é a vítima do amor de alguém que cria arte, você é morfologicamente imortal. Porque quando tu és alguém tão importante para um deles, tu te tornas a obra destes, a escultura destes, o poema destes. Tudo o que fazemos gera algum impacto na vida de alguém, e tu guardará recortes teus em cada palavra que escrevo em teu respeito. Tu vives em textos, fotos, vídeos, acordes, notas, música. Vives na arte do meu pensamento. Ser amado por um artista é uma experiência que poucos são dignos de vivenciar, embora que ser odiado por um seja trocentas vezes mais impactante e fácil.
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FAMÍLIA É UM PRATO DIFÍCIL DE PREPARAR
Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar, tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini; Família à Belle Meunière; Família ao Molho Pardo, em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.
O ARROZ DA PALMA
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in questo spazio sento che posso essere sincera, e liberarmi delle cose più brutte.
Mi infastidiscono un sacco di cose:
Mi infastidice il tuo sminuire ciò che provo, facendomi sentire ridicola, immatura, bambina. T'avrei voluto vedere parlare di una cosa del genere con mio fratello.
Mi da fastidio che tu abbia sentito l'esigenza di parlare e non abbia chiamato me, che ero la persona con cui questo casino è avvenuto.
Mi da fastidio che tu dica che sono l'unica in grado di calmarti, quando oggi è stato palese che non è così.
Mi da fastidio che questa cosa, che dovrebbe essere un momento intimo, privato e sereno, in realtà non è nulla di tutto questo: tutti sanno tutto, e la nostra intimità è dominio comune.
Mi infastidisce che parliamo di ogni problema come se fossimo una coppia in crisi matrimoniale.
Mi da fastidio che tu abbia bisogno di parlarne con così tanta gente. Mi fa fastidio che tutti debbano sapere i fatti miei.
Mi da fastidio che ciò che fanno gli altri sia normale mentre ciò che penso io non lo debba essere mai.
Mi da fastidio che credi di avere sempre ragione, mi da fastidio il tuo modo di parlare: parli dei problemi facendo inutili romanzi ritardando un sacco il punto del discorso.
Mi da fastidio quando discutiamo e ti senti vincente, andando via o non rispondendo
Mi da fastidio stare male per te, e avere questi pensieri per la testa
Mi da fastidio dover piangere adesso, perché domani accade una cosa che aspetto da un sacco di tempo, e non riesco a provare alcuna emozione di gioia a tal proposito
Mi dai fastidio perché rivoglio pensare solo a me, voglio avere le notti libere per pensare, scrivere, riflettere, anche annoiarmi, e non pensare invece a cose del genere.
Mi da fastio la tua insistenza nel contraddirmi dicendo che alcune cose siano normali perché le fanno gli altri.
Mi da fastidio aver ritenuto che la storia della tua amica potesse farmi stare meglio.
Mi fa fastidio l'immagine che hai restituito a lei di me.
Mi da fastidio dover pensare a queste cose, avere questo nodo in gola, non aver passato la serata con mia madre, non avermi fatto asciugare i capelli per badare alla tua cazzo di storiella a lieto fine, non star dormendo in vista di domani.
Eh che cazzo
Volevo davvero questo ?
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Ventre Livre, o melhor remédio para as crianças!
Na nossa história, a data de 13 de maio registra um fato importante para a economia e a sociedade brasileira como um todo. Nesse dia, em 1888, era promulgada a Lei Áurea, pondo fim à escravidão no Brasil imperial. Pelo menos, no papel. Na prática, a mão de obra negra continuou sendo explorada entre nós, a escravidão permaneceu e surgiram outras formas de exploração.
Como em muitos outros países, cujas economias dependiam do sistema escravista, o processo para se chegar à Lei Áurea foi gradual, sempre como resposta a movimentos cada vez mais fortes em defesa da mão de obra livre. As pressões internacionais para a abolição dos escravos surgem no início do século 19 e, no Brasil, ações nesse sentido aparecem décadas depois. Antes da Lei Áurea, vieram a Lei Eusébio de Queiróz (1850) e a Lei dos Sexagenários (1885), passando pela Lei aprovada em setembro de 1871, a Lei Rio Branco, mais conhecida como Lei do Ventre Livre.
Em poucas palavras, a Lei do Ventre Livre declarava livres os filhos de mulher escrava que nascessem a partir de 28 de setembro daquele ano. Essas crianças, também chamadas de ingênuos, ficavam em poder dos senhores de suas mães até a idade de 8 anos. A partir daí, o senhor podia entregá-las ao governo em troca de uma indenização ou usar sua força de trabalho até que completassem 21 anos. A prestação dos serviços só seria suspensa caso fosse provado que esses menores sofriam ‘excessivos’ maus-tratos por parte de seus senhores.
O Império também tinha o direito de ficar com os menores e usá-los em estabelecimentos públicos, seguindo o ditado pela então Diretoria de Agricultura, órgão responsável pela aplicação da lei a partir da reforma ministerial acontecida em 1873.
A título de curiosidade, 50 anos depois, em 1923, os jornais publicavam informações sobre os benefícios que a Ventre Livre trazia à sociedade em geral. Mas não se referiam à lei de mesmo nome. Podia-se ler: “Às vezes, sem saber por que, nós nos sentimos de repente muito incomodados e indispostos, com moleza e grande abatimento geral, com mal-estar em todo o corpo e preguiça para fazer qualquer esforço, até dores e peso no estômago, na cabeça e no ventre, enfim sem vontade nem coragem nenhuma de trabalhar!”.
O texto continuava: “Isto acontece muitas vezes na vida sem que a gente espere nem saiba por quê. Sempre que estas perturbações aparecerem, assim de repente, a pessoa deve ter logo certeza de que o seu estômago e intestino estão muito sujos e cheios de materiais podres. Neste mesmo dia, comece a usar Ventre-Livre meia hora antes do almoço e do jantar, para evitar que apareça qualquer complicação perigosa e moléstia interna”.
E, mais adiante: “Ventre-Livre é o único remédio que cura indigestão, a vontade exagerada de beber água, estômago sujo, ânsias, agonias, vômitos, arrotos, empachamentos, dores, cólicas e peso do estômago, calor e ardência do estômago, gosto amargo na boca, o fastio e a falta de apetite, as cólicas e dores de barriga, a inflamação do baço e dos intestinos, as doenças do fígado, as dores, cólicas e peso do fígado, hemorroidas e prisão de ventre!”.
A propaganda terminava afirmando que “Ventre-Livre é também o melhor remédio para as crianças!”.
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Fastio
A Vila da Fábrica, meu lugar, vive estes tempos sombrios.
Meu bairro está de luto.
Morreram quatro nesses becos, caminhos vazios.
Pessoas que tinham família, amigos, vizinhos.
Que posso fazer além de sentir um pesar... tardio?
Penso neles, em sua tristeza, sua existência
Por um fio.
Eu choro e emudeço e sinto dor: um fastio.
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tô meio doente e tô com fastio
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Derrubar árvores: uma irritação - de Thomas Bernhard
Sentado em um canto escuro da sala durante um jantar na casa de um casal de amigos, o narrador de Árvores Abatidas observa calado os convidados da festa, pessoas que há muitos anos atrás foram sua companhia mais frequente: artistas da cena contemporânea de Viena. Isolado e calado na maior parte do tempo (e do livro), é o seu fluxo de pensamentos que conta a história dos personagens presentes, detonando-os impiedosamente.
Lançado em 1984, o livro escrito pelo Thomas Bernhard ficou marcado como um retrato marcante da burguesia ocidental. Mais especificamente uma classe artística que se diz intelectual.
O narrador (uma espécie de alter ego de Bernhard) lamenta ter aceitado o convite do chamado jantar artístico na casa do casal Auersberger, onde todos aguardam a chegada de um ilustre convidado, o ator que está fazendo sucesso com a peça O pato selvagem de Henrik Ibsen. Ele passa metade da festa sentado numa poltrona sem falar com ninguém, enquanto despreza tudo e todos.
A sua crítica é direcionada à turma de artistas de que um dia ele fez parte e hoje considera vazia em seu esnobismo.
“Todas essas pessoas na sala de música sempre fingiram viver — eles nunca viveram realmente, eles nunca levaram uma vida real. (…) Eles sempre viveram de acordo com a moda, disfarçando-se na moda e se tornando escravos da moda para se exibir.”
Morando há alguns anos em Londres, o narrador retorna à Viena para o velório de Joana, sua melhor amiga, que havia cometido suicídio. Velório que aconteceu no mesmo dia do jantar, e foi onde ele recebeu o convite para a festa de recepção ao ator renomado. Portanto, todos ali presentes na sala estavam horas antes no cemitério.
Bernhard provoca com essa dualidade. É possível dois eventos tão díspares coexistirem? Será que as pessoas fingiam tristeza durante o funeral ou estavam forçando alegria durante o jantar?
“Tudo neles era artificial, enquanto o cemitério parecia o lugar mais natural do mundo.”
A morte é mais real do que a vida?
Real irreal
O narrador julga fazer parte de uma existência simulada, uma vida fingida, que não é real. Para ele, tudo naquela turma, o jeito como andam, como falam, tudo era artificial.
Em certo momento ele observa a vasta estante de livros dos Auersbergers, contendo coleções de livros dos seus antepassados para mostrar erudição e conhecimento. A moda de mostrar livros (que não são lidos) nunca passa, basta ver o plano de fundo das inúmeras lives de hoje em dia, a estante está lá como ostentação do saber. Nunca houve um tempo em que não estivesse na moda fingir ter conhecimento.
“Eles sempre se exibem porque não têm capacidade para a realidade. Tudo sobre eles sempre foi mostrado: suas relações sociais significam nada além de mostrar, e o mesmo vale para suas relações um com o outro, suas relações conjugais: eles sempre deram um show de casamento porque nunca foram capazes de sustentar um real.”
Os artistas têm mesmo uma camada particular de impostura em comparação às outras. A criação é parte intrínseca do artista, e muitas vezes acaba inventando a si mesmo, fazendo da própria vida uma extensão da sua arte. Mas não é a potência de invenção que incomoda o narrador. Sua crítica se refere mais à falsidade, ao cinismo, à hipocrisia, à dissimulação.
Entendo ele. É do mundo fingido que ele não aguenta mais. O mundo das aparências e dos interesses que as movem. Também passeio pela bolha artística contemporânea e sinto o mesmo fastio do teatro de aparências. Em determinado instante da leitura me perguntei se era eu que estava lendo o livro ou o livro que estava me lendo. Eu mesmo estou cansado de usar as máscaras que criei para participar desse baile. Acredito que esse cansaço revela que o momento em que percebemos que estão todos usando máscaras, fingindo ser quem não são, é um momento de adeus.
O lenhador
Para podermos conviver uns com os outros, é preciso existir um acordo tácito onde aceitamos o mundo de fantasias, mesmo que não concordemos com os seus fundamentos, ou melhor, que a ficção que eu acredite não seja a mesma ficção que o outro acredita, mas é preciso fingir acreditá-las, ou acreditar que são reais, para que haja qualquer convivência possível.
É assim que se dá a vida na civilização. Mas há uma saída? Ou apenas a despedida?
Durante o jantar, o renomado ator diz estar cansado da cidade e que a felicidade está em “entrar na floresta, nas profundezas da floresta, render-se à floresta, a floresta virgem, a vida de um lenhador.” (Holzfällen é o título original, significa o ato de cortar madeiras, o trabalho do lenhador. A tradução americana adotou Woodcutter que é lenhador). A natureza selvagem é o único lugar onde não existe artificialidade, pois, afinal de contas, não há humanos. Longe das pessoas, o ator, um especialista na arte de performar, de fingir ser o que não se é, diz ser o único lugar onde se pode descansar. Descansar de quê? Da farsa.
“Toda a minha vida tem sido uma farsa. A vida que vivo não é real, é uma vida simulada”, percebe o narrador ao final.
Mas o que é real?
Toda experiência de vida é formada em grande parte, em grandessíssima parte, por ficção. O amálgama do real com as coisas imaginadas é tão forte que nem questionamos mais a natureza das coisas. Dinheiro, por exemplo, não passa de um pedaço de papel impresso onde eu e você concordamos que carrega um valor. E é a força da crença compartilhada que dá poder para esse pedaço de papel. Nem vou falar sobre acreditar em mensagens das estrelas ou em um criador do universo, da vida e tudo mais.
A boa é estar de bem com as nossas criações. É bacana quando as coisas que inventamos pra gente nos potencializa, nos torna melhores e, vou dizer hein, nos deixa mais felizes. Durante um tempo esse mesmo baile de máscaras que o narrador agora despreza foi o seu universo, foi com quem ele compartilhou desejos e planos. Pode acontecer de um dia deixarmos de acreditar naquilo que por um tempo acreditamos com todas as forças. Mas tudo bem. Criaremos outras. Toda bolha tem seus códigos e todo mundo tem suas máscaras. Talvez a vida real não seja tão real assim. Vestimos a farsa que combina melhor com a cor dos nossos sonhos.
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Porque o que mais custa a suportar não é a derrota ou o triunfo, mas o tédio, o fastio, o cansaço, o desencorajamento. Vencer ou ser vencido não é um limite. O limite é estar farto.
Vergílio Ferreira
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paradeiro
minha saudade sabe teu endereço.
meus desejos moram no teu pensamento.
teu sorriso é autorização para meus segredos.
tua mão é luva para os meus dedos.
teu fogo eu apago com saliva.
tua pele eu toco como um maestro.
meu orgulho morreu de fastio.
meu abraço é ambidestro.
nossa janela tem sol e chuva.
nossa estrada tem vento e curva.
nosso paradeiro não tem telhado.
nossas paredes têm as cores da lua.
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🙏
LEITURA I Num 21, 4b-9
«Quem era mordido, olhava para a serpente de bronze e ficava curado»
Leitura do Livro dos Números
Naqueles dias,
o povo de Israel impacientou-se
e falou contra Deus e contra Moisés:
«Porque nos fizeste sair do Egipto,
para morrermos neste deserto?
Aqui não há pão nem água
e já nos causa fastio este alimento miserável».
Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas
que mordiam nas pessoas
e morreu muita gente de Israel.
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo:
«Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti.
Intercede junto do Senhor,
para que afaste de nós as serpentes».
E Moisés intercedeu pelo povo.
Então o Senhor disse a Moisés:
«Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste.
Todo aquele que for mordido e olhar para ela
ficará curado».
Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste.
Quando alguém, era mordido por uma serpente,
olhava para a serpente de bronze e ficava curado.
Palavra do Senhor.
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Ao deslizar dedos sobre a pele quente
No toque consciente da canícula
Penso nas tuas mãos frias nos dias em que não guardavas debaixo da língua
Palavras em brasa
Os sonetos eram outros, outrora
Não tínhamos medo da rima molhada e
Deus estava encaixado nas palavras cruzadas fáceis dos jornais obsoletos à nascença
Com que cedíamos inteiros à sedução do silêncio.
Hoje, em insónia estival
Sou menos impermeável a ti.
O cair dos teus olhos inclina-se para os meus sonhos e
Os cavalos relincham diante do precipício dos recantos em ruínas
Que guardam ferozmente o teu odor
O teu pescoço
Onde penduro as pérolas das noites em claro
Diante de infernos primordiais que não te rosam a tez.
Ensimesmada
Em ti não durmo ou desperto
Em ti não fico ou despeço e
Febril aliterada
Multiplico em dois o pão dos nossos lábios.
Ao deslizar dedos sobre a pele quente
Sob peitos alheios
Descanso crente fervente
De que a cama morna por todo, tal como o jejum ou o fastio
Penitencia.
17.08.2022
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