Tumgik
#escritacurativa
poesiaelas · 2 years
Text
Sim, eu falo sozinha baby.
Tumblr media
14 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Eu estou presa em uma queda livre que nunca parace ter fim. Eles continuam suas vidas como se tudo ao redor não fosse nada, mas eu continuo caindo.
Sorriem, saem, dançam, amam, mas eu continuo aqui, cercada por muralhas. Estou cercada por todos os lados e ainda continuo escutando que não sou suficiente.
Quem sou eu? Me pergunto enquanto olho no espelho essa versão de mim mesma.
Quebrada, vulnerável e sozinha. Será que ainda consigo sair?
Desejo sim voltar a ser eu. Me levanto, mesmo quando todos tentam me colocar para baixo. Estou levantando aos poucos e a vida enfim parece seguir.
Juntei todos os pedaços de quem fui para me tornar quem eu quero.
Eles não podem mais me prender, eu me libertei das correntes. Agora eu posso voar, agora eu sei que posso ir aonde quiser.
Yulle Santos
13 notes · View notes
reginamoraesbh · 4 years
Text
Tumblr media
A escrita como processo curativo
Foram mais de 50 anos ouvindo falar sobre a história da vida de Anne Frank e seu famoso livro. Nunca o havia lido. Não por falta de interesse, mas por pura procrastinação não deliberada, daquelas coisas que a gente vai adiando sem perceber.
Por uma conjunção de fatores, e após ganhar o livro de presente de uma grande amiga, decidi lê-lo. Não havia melhor hora para isso. Nada acontece por acaso – definitivamente a cada dia que passa, tenho mais certeza de que essa expressão não é um clichê. É a vida (sempre astuta e manhosa) me entregando, de acordo com a sua conveniência e não a minha, determinados eventos no exato momento em que se necessita deles.
Um diário escrito por uma menina judia, entre seus 13 e 15 anos, coincidentemente presa num confinamento, claro que em condições extremamente piores e mais aterrorizantes do que este que tem sido imposto à humanidade inteira por causa da pandemia do Covid 19, desde o início de 2020. Um conteúdo que se pretendia que permanecesse nos limites de sua vida privada e que foi escrito de maneira despretensiosa. É disso que se trata o livro. Mas o que mais me chama a atenção para a história de Anne é como a escrita do seu diário a salvou e a redimiu, de certa forma, para sempre.
A poeta mineira Conceição Evaristo, de origem pobre e etnia negra, ensina, com uma sabedoria infinita, que “a escrita tem o poder de diluir a dor”. Apesar de Anne Frank ter morrido em 1945, um ano antes de Conceição Evaristo nascer, este sentimento é algo que, para mim, as conecta e que me leva à reflexão proposta aqui.
Não consigo explicar com clareza o que sempre me fez gostar ou querer escrever. Sempre gostei de ter e escrever diários. Os que escrevi (principalmente ao longo da minha adolescência e juventude) nem os tenho mais. Mas este é um modo de me expressar que nunca me abandonou.
Luis Felipe Angell de Lama, escritor peruano também conhecido pelo pseudônimo Sofocleto, revela que “escrever é uma maneira de falar, sem sermos interrompidos”. Talvez esteja aí uma das maiores motivações de quem se sente impelido a escrever, sobretudo quando se trata de aliviar o sofrimento.
O que me leva a crer que escrever é catarse: é exorcizar-se, desapegar-se, entregar-se, revelar-se sem pudor. Até mesmo sem se importar se algum dia o que foi escrito será lido por alguém. “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância”, assim se expressa Fernando Pessoa, um de meus escritores e poetas preferidos, sobre o ato de escrever. A escrita é libertadora neste sentido, ela importa, na verdade, mais para quem escreve do que para quem lê.
A própria Anne Frank relata em seu diário que o melhor de tudo é que ela pode escrever, ao passar a viver totalmente escondida por dois anos, até que ela e sua família fossem levados para um campo de concentração nazista. Segundo ela, se não pudesse escrever se sentiria asfixiada por completo. Entendo-a perfeitamente. Quem já leu o livro, possivelmente irá compreender que ela teria morrido ou se matado caso não tivesse conseguido se expressar através dos seus escritos.
Júlio Cortázar, escritor argentino e um dos mais aclamados autores latino-americanos de todos os tempos, costumava dizer que se sentia obrigado a escrever um conto, a fim de evitar que algo muito pior acontecesse. Com ele mesmo provavelmente.
A escrita torna-se um potente bálsamo quando se está diante de situações que ou não podem ser vividas de outra forma ou se deseja tentar traduzir em palavras sentimentos com os quais torna-se impossível lidar total ou parcialmente. Expressar-se através da palavra ou da interação com outrem pode ser importante, mas não funciona para todos ou em todos os momentos. Sob esse aspecto, não é raro que se torne caso de vida ou morte deixar que a pena fale mais do que a língua. Para não se sufocar de vez, é necessário respirar. Ou escrever. O que dá no mesmo.
Saramago, autor de tantos títulos complexos a olhos que se lançam sobre sua leitura numa primeira tentativa (já que não é possível ler Saramago apenas uma vez para entendê-lo), preconizava que “escrevemos porque não queremos morrer. É esta a razão profunda do ato de escrever”. Vou além, com a devida licença de Saramago, e digo que este “morrer” a que ele se refere possui, para mim, dois importantes significados: o de escrever, na tentativa de não morrer sufocado, como eu já disse antes, com o que se necessita que seja posto para fora; e talvez a prepotência de se achar no direito de pensar que, apesar de morrer ser um fato inevitável, o que se deixa escrito permanece eterno.
A maturidade, os acontecimentos vividos, a imensa dificuldade em lidar com a complexidade que é a vida, quando se pensa muito, quando se estuda, se lê muito e se informa muito, quando se questiona quase tudo, quando se chega à conclusão de que quase nada pode ser controlado, mesmo quando obssessivamente planejado, me trouxe até aqui. Ao ato de desejar escrever. Na esperança de que este é um caminho para a salvação. Não a salvação do ponto de vista espiritual, mas de augúrio, de sublimação do que se sente e se vive.
Tenho alma e atitude inconformistas por natureza. Recentemente, minha mãe me contou que, quando eu era um bebê, tinha que lidar constantemente com minhas inúmeras birras e pirraças e pensava consigo que “essa menina já nasceu brigando com o mundo”... Ter tido conhecimento disso, embora talvez mais tarde do que deveria (aqui cabe a pergunta: “mais tarde” como se não se tem controle sobre nada???) contribuiu muito para que eu hoje possa compreender e até tentar conviver mais pacificamente com quem sou, quem me tornei e por quê.
Percebo que essa minha eterna sensação de incompletude me levou, entre outras razões, a buscar me revelar também pela escrita. Não importa se boa ou ruim aos olhos de um eventual leitor. O que importa é não enlouquecer, não me esvair em mim mesma.
Clarice Lispector – uma das autoras que mais me inspira, me provoca, me joga no abismo e depois me resgata (me resgata mesmo?) cada vez mais questionadora do mundo, das coisas, das pessoas e do sentido de viver e de pertencer a esse mundo e da qual até já perdi a conta de quantos livros li (o último, que li em agosto desse ano, foi “A paixão segundo G. H.”, um verdadeiro soco na boca de qualquer estômago) -, disse uma vez: “Eu quero a verdade que só me é dada através do seu oposto, de sua inverdade. E não aguento o cotidiano. Deve ser por isso que escrevo”.
Acho que é isso.
Criado em: 18/10/2020
Foto: Regina Moraes (Out/2020)
5 notes · View notes
milpalavraspordia · 4 years
Photo
Tumblr media
🧡 Você sente saudades do quê? De quem? 🧡 . Esta é a minha família, a pequena sociedade em que aprendi a ser humana, sensível e afetuosa. Sou fruto desse afeto que se multiplica a cada dia. Escolhi esta foto para representar as saudades, pois essas são as pessoas de que mais sinto saudades. São mais de três meses sem contato, mais de cem dias de distância dos abraços, sorrisos, cheiros, colos. Me pergunto quando poderemos nos abraçar sem medo novamente... . . #milpalavraspordia #saudades #isolamentosocial #fiqueemcasa #emcasa #quarentena #blogsdovp #powerbvp #sincronistas #sincroninsta #precisavaescrever #escritacurativa https://www.instagram.com/p/CCDrt2QjXDp/?igshid=9wdtfcepxmf7
0 notes
algumasobservacoes · 4 years
Photo
Tumblr media
#TBT de um daqueles momentos "Vamos?VAMOS!". 😍💚 Amiga de desabafos, de torcida e de escrita. ✍️🏾 Aliás, vocês já leram o "Sobre o que estava tentando dizer", livro que escrevi junto com a @elizzabarreto? Se a sua resposta foi "não", o link está te esperando na bio. 😉 . . . #throwbackthursday #throwback #amizade #escritacurativa #escritorasbrasileiras #escritoras #mulheresqueescrevempoesia #mulheresqueescrevem #sobreoqueestavatentandodizer #soetd #ElizzaBarreto #FernandaRodrigues #FêEscreve #selfie https://www.instagram.com/p/CBCAE0anT6C/?igshid=1q8yjy4w3y31i
0 notes
omarquehabitaemmim · 4 years
Photo
Tumblr media
O que fazer com o que ficou do que acabou?
“O que me dá raiva são as flores e os dias de sol, São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós São seus olhos e mãos e seu abraço protetor É o que vai me faltar o que fazer do meu amor...”
50 Receitas - Leoni.
Como administrar a frustração, a angústia, da não continuidade de algo que tinha tudo pra fluir e seguir o fluxo natural da coisa toda?
O que fazer com o não dito, não feito, não vivido?
Tá tarde e me pego pensando em todas as oportunidades que não expressei o que de fato queria ter expressado, mas ao mesmo tempo, penso também que, o pouco que expressei, também foi motivo para afastar. Mas, pera, por que coisas boas causam afastamentos? Não é justamente o “bem” que devemos espalhar pelo mundo, impactar vidas mostrando quão bom aquela existência causa em nós?
Ao mesmo tempo, penso que algumas atitudes - até de não tomar alguma atitude - por medo do que iria parecer, a maneira como seria interpretada, geraram uma reação ao contrário do esperado.
E se não tivesse deixado o medo dominar? E se não deixasse a insegurança tomar conta? E se a ousadia tão afirmada com palavras, mas perdida nas ações, tivesse acontecido? E se ousássemos mais? E se não ficássemos pensando nas possibilidades de dar errado?
E se?
Céus, a cabeça de quem pensa demais realmente não para... A gente acaba se perdendo em tantos pensamentos que a linha de raciocínio se perde. Assim como esse texto provavelmente está se perdendo. Assim como eu nitidamente me perdi na caminhada.
Retornando ao começo... O que fazer com o que não aconteceu? Ou melhor, o que fazer com o que aconteceu?
Lembranças são cruéis. Expectativas também. Palavras mais ainda. Sorrisos então, nem se fala.
Eu sinceramente queria colocar tudo pra fora. Todos os pingos nos is. Queria vomitar cada palavra, cada sensação causada, cada pensamento gerado em cima dos fatos ocorridos. Da mãos dadas no shopping. Do beijo roubado. Dos segredos nos olhares. Das confissões na mesa do café. E também daquelas no sofá da sala de espera do cinema. Ah, preciso falar também da ligação pra minha mãe. E da malícia no olhar pra me levar pro “esconderijo” no shopping. Já falei da confissão sobre paixão pela minha bunda? Teve também a mensagem deixando claro que gosta de mim. E aquela do ciúmes pelo fotógrafo. E a outra reclamando do sumiço. As ligações inesperadas pra compartilhar o dia e a correria pra buscar móveis também. O jeito de deitar no meu colo na cafeteria depois de um dia difícil de trabalho. Teve a vídeochamada no Natal também. Teve o olhar completamente sem graça, lindo e rendido quando ganhou doces. E o jeito de demonstrar que sabe ser carinhoso. E o café na cama na primeira noite. E as fotos. Os vídeos. Mais fotos. Mais vídeos. Áudios. O olhar fixo enquanto estava distraída vendo treino no celular. A tentativa de roubo da pulseira. A chantagem com o café. A informação sobre começar a procurar outra box de crossfit. E a cafeteira elétrica que se iria ganhar. E como o pijama perfeito é a sua camiseta. O empenho em conquistar aquilo lá que a gente sabe que vai ser bem difícil. A pergunta sobre saudade. A afirmação. O desejo desesperado e afobado e incontrolado. Ai meu Deus, eu estou rindo.
Eu estava rindo... E no meio da risada me dei conta de como eu realmente queria compartilhar tudo, relembrar tudo, só com você e para você. Fiquei triste de novo. Segurando pra não chorar.
Esses dias estava pensando a cena que devia estar sendo pra quem nos olhava andando de mãos dadas... Será que conseguiam entender a infinidade de segredo que havia ali? A parceria? A cumplicidade? O encaixe perfeito? Será que conseguiam perceber a profundidade daquele momento? Estávamos indo cometer nosso melhor crime: matar a saudade, o desejo, o desentendimento, a frustração. Ou será que eles já conseguiam ver que, na verdade, era a última vez? Que era a despedida?
E acabou daquele jeito:
- Me avisa quando chegar em casa.
- Você também.
Ei, cheguei. Não esquece de avisar quando chegar também. Espero que dê tudo certo aí e que feche logo. Tô na torcida!
Silêncio.
- Cheguei, deu tudo certo. Fechamos.
- Que maravilha! Quando muda? Essa semana?
- Não, fevereiro.
-Ah, entendi... Vai dar tempo de ter um respiro.
Silêncio.
Silêncio.
Silêncio.
...
Silêncio.
O que fazer com o que ficou?
Esses dias li uma frase assim: As vezes a gente quer mandar uma mensagem pra dizer o quanto alguém nos machucou, quando no fundo é nítido que essa pessoa já sabe. Só perderíamos tempo.
É bem verdade, mas eu queria. Queria falar tudo. E mais que isso, queria perguntar tudo. Por que? Como? Já foi? Simples assim? Aliás, talvez a melhor pergunta fosse: me ensina a superar assim? Me mostra como conseguiu? Preciso aprender isso. Ou então, me ensina como disfarçar e ignorar o que sente? Me ensina a ser indiferente?
Meu racional me grita tantas coisas que eu já sei, mas meu emocional insiste em lembrar, procurar um caminho, uma saída, uma possibilidade. Preciso confessar que estou presa nessa guerra.
Parece que quanto mais aprendo e me convenço de que as coisas estão aí, claras e estampadas, e que eu mereço muito mais, aquela velha ilusão de esperar, aguentar e aquela outra coisinha que não quero falar, insistem em aparecer e assoprar na minha cara...
Como é mesmo o nome daquela coisa? Não me diga... Não me diga que está com esperança.
É, estou.
Conforme havia previsto anteriormente, me perdi no rumo do texto. De qualquer forma, também estou perdida nos sentimentos e pensamentos. A linha de raciocínio também está perdida. E provavelmente a nossa história. Ou não.
Talvez o tempo, que também foi falado, o momento, chegue. Ou talvez também tenha sido descartado. Vai saber.
Pode ser que a gente se encontre e se veja novamente com um olhar mais maduro. Mais firme. Mais certo. Sem medo. Sem receio. Sem reservas. Só com coragem. Ou curiosidade. Ou saudade. Vontade. Desejo.
Nem era pra ter virado ferida. Era pra ser coisa boa. Falamos tanto que seria gostoso. E não é? Não foi? Onde nos perdemos?
Preciso parar. Chega.
O que fazer com o que ficou do que acabou?
0 notes
fernandakeid-blog · 4 years
Text
Rosa do Deserto
Perco o sono, vago pela casa e absorvo o completo silêncio. Sinto o cheiro do incenso aceso. Não sei por quanto tempo. Inspiro e fecho os olhos.
Em uma velocidade frenética, viajo para o interior do meu interior. Ouço o som dos meus próprios passos. Correndo, busco ar em meus pulmões. A cada passo, eu avanço rumo à vastidão.
A vastidão de tanto ver me cega e não tem fim, tampouco início.  
Saio do meu próprio diário, que foi perdido na areia de um deserto árido...tenho a mais vasta e bela paisagem na minha frente.
Leio-me. Mergulho nas profundezas da alma...vejo onde já estive. Busco a paz, a calma, o renascimento.
A imagem me diz muito. Olho para o infinito. Gosto de estar ali, sozinha.
Espero que alguém me leia. Não sou só lamento. Sou broto de rosa do deserto em terreno árido. Nem as lavas do meu vulcão me impedem de brotar. Ninguém pode amputar as minhas raízes.
Sou desejo. Sinto gosto de melaço bem doce. Posso contemplar, esperar.
Eu espero. Não há mais pressa. Só querença.
Nada me impede de querer. Vou para qualquer lugar, onde eu possa sonhar. Lá onde ninguém agride, onde não há combate, onde posso cantar mesmo sem canções, onde posso escrever na rocha ou na própria areia.
A vista contemplativa de nunca alcançar parece longe. Com espírito e corpo associados, eu deliro, embriagada de palavras ainda embaralhadas.
Um facho de luz ilumina a nublada cegueira. Tudo é tão amplo, agora...
Aprendo a voar em silêncio. A vida mesmo suspensa flui, o Universo roda e eu busco regar a terra seca com palavras suaves a mim mesma.
Com a cruel fluidez do tempo, almejo o perdão.
Apesar da penúria e da secura, sou poeta e, então, extravaso-me em palavras.
Em uma breve alucinação, misturo-me à areia do deserto e encontro uma ternura intensa, um calor amigável e palpável, onde o espaço e o tempo parecem não ter mais função, mas onde encontro o rastro de quem já fui e de onde já estive.
Sem nada, nem ninguém me olhando, não preciso posar. Sou minha própria pele camuflada na areia. Sou minha própria pele que ainda se irrita com alguma aridez escancarada.
Perdoo-me, uma vez mais...
Não me importa que o caminhar seja lento e que a velocidade seja menor do que o meu querer.
Olho para o céu e consigo ouvir o eco dos meus pensamentos e, com o brilho das estrelas que ressaltam aos olhos do breu, desando em suspiros, lágrimas, arrepios e aplausos, quando percebo que tanto silêncio já me disse muito.
Incendeio-me com suavidade em palavras...lá onde a vida continua.
1 note · View note
poesiaelas · 2 years
Text
Não quero manter esse elo.
Adeus.
Tumblr media
2 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Tumblr media
153 notes · View notes
reginamoraesbh · 4 years
Text
Tumblr media
LUTO
28 de outubro. Faz 3 anos hoje. Ela manuseia com nostalgia algumas cartas e retratos e pensa consigo mesma: parece que foi ontem.
No meio de uma “DR” que eles nunca haviam tido antes, ele, que até aquele momento só ouvia calado, comunicou com certa tranquilidade na voz entre um gole de cerveja e outro, que o casamento de décadas acabara. Para ele.
A mudez trocou então de interlocutor. Ela, atônita e, ao mesmo tempo, tentando pensar rápido e sem saber o que dizer, calou-se. Um filme passou em sua cabeça nesse momento. Um filme de uma vida inteira.
Incrédula, e colocando na conta do cansaço e das perdas acumuladas para ambos naquele intenso ano, o motivo do desabafo que terminara de ouvir, ainda pôs-se a contra-argumentar, na certeza de que tudo aquilo não passava de um despropósito, algo totalmente fora de contexto.
Não era sobre isso que ela planejara falar. E muito menos o que esperava escutar. Afinal, ela mal se recuperara dos recentes tombos que havia levado, ainda se encontrava lambendo feridas mal fechadas... como ele podia ter dito aquilo? Como podia ser tão cruel?
Não. Não era ele. Quem acabava de dizer aquilo que os ouvidos dela se recusavam a ouvir e registrar não era aquele com o qual vivia há tantos anos, o parceiro com quem lutara junto tantas batalhas do mesmo lado da trincheira... com quem construiu tanto. O que teria acontecido e o que lhe teria escapado? Onde foi que ela havia errado tanto? Não... É claro que ele ia retirar o que disse, refletiu ela, acalmando-se.
Ela sabia que aqueles últimos anos não tinham sido exatamente os melhores de todos os que passaram juntos. Mas sabia também que bastaria que conversassem como sempre fizeram, que se entendessem bem como sempre se entenderam, que fizessem um ajuste aqui e ali e pronto: estaria superada uma crise como aquela que, se por um lado nunca haviam atravessado antes, por outro iria valer muito como aprendizado e, principalmente, para fortalecer o que sempre tiveram de mais precioso e do qual tanto se orgulhavam: permanecer juntos, sob qualquer circunstância, para sempre.
Como imaginar o cenário aterrador de seguir sua vida sem a pessoa com a qual havia combinado de morrer junto? Um cuidando do outro? Isso nunca passou pela cabeça dela antes, nem nos seus piores pesadelos! Havia um pacto entre eles: o do amor inabalável. Não poderia permitir a nenhum dos dois romper com esse combinado antes da hora... Ela estava segura disso, pois sempre cumpriu sua parte no pacto.
Precisava agir logo, disse para si mesma, angariando forças. Ela nascera marcada para a guerra. Paramentada com lança e escudo desde a barriga da mãe. E chegara o momento de enfrentar, provavelmente, uma das mais importantes de sua vida. Ela não ia desistir tão fácil. Não foi talhada para isso. Com calma e alguma estratégia, ia conseguir fazê-lo recuperar o juízo.
No entanto, com o passar dos dias, o que lhe pareceu, inicialmente, ter sido apenas um desabafo de última hora ou um ataque isolado de impaciência foi se materializando cada vez mais numa verdade para a qual ela não havia se preparado para encarar...
Ele havia reunido coragem para dar um grande passo ao expressar em poucas palavras (mas certeiras como um morteiro) que desejava uma nova vida. Sem ela. E, apesar dela conseguir enxergar nos olhos dele a conhecida ternura de sempre e até uma profunda dor por vê-la sofrer, ela pode comprovar, através desse mesmo olhar, que não haveria recuo nesse passo tão ousado para os dois.
E logo ela que se gabava de ser tão visionária, tão hábil em antever tudo, em ler com facilidade as entrelinhas, em compreender os não ditos melhor do que o que é dito... logo ela, uma expert em relacionamentos, em pessoas e comportamentos... viu-se obrigada a aquiescer para si mesma que, desta vez, falhou imensamente.
Era tarde. Nada mais havia a ser feito. Não cabia mais nenhuma luta ali. Sentindo-se cansada, depôs seu escudo e sua lança. E, com os pés bem fincados numa nova e inesperada realidade que se descortinava diante do seu completo estupefato, engoliu em seco a sua derrota. Esta batalha ela perdeu. Para sempre.
Autoria: Regina Moraes - Outubro/2020
Foto: autor desconhecido
3 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Mais autorias no Instagram @poetisa_noturna
Tumblr media
47 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
As vezes a gente sente falta daquele carinho, dos olhares profundos antes de finalmente o beijo acontecer, do friozinho na barriga, das brincadeiras e dos telefonemas que duram horas mesmo quando ficamos em silêncio, dos abraços apertados e das risadas.
Yulle Santtos
32 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Eu faço da leitura meu esconderijo e da escrita o meu abrigo. É nas entrelinhas que encontro paz e alívio.
Yulle Santtos
47 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Mais autorias no Instagram @poetisa_noturna
Tumblr media
11 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Mais autorias no Instagram @poetisa_noturna
Tumblr media
3 notes · View notes
leituraeasaida · 4 years
Text
Mais autorias no Instagram @poetisa_noturna
Tumblr media
2 notes · View notes