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#guilda anansi
lobamariane · 14 days
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biblioteca pública do estado da bahia
Há 3 anos atrás a Guilda Anansi iniciava a primeira temporada da Rádio Café Antonina, espaço audiovirtual de programação diária onde partilhávamos rastros e aprofundamentos de nossas pesquisas continuadas, revolvendo nossa existência poética pra gerar nutrição e saúde em meio ao caos pandêmico.
Minha primeira transmissão como âncora no programa diário Fios do Imediato foi dedicado à Biblioteca Pública do Estado da Bahia, também conhecida como Biblioteca dos Barris ou Biblioteca Central, localizada no centro antigo de Salvador. Um lugar especial não apenas por se tratar da primeira biblioteca pública da América Latina mas por ser um lugar de memória que resiste ao longo do tempo aos avanços nefastos do sistema vigente que apaga histórias e produz consumismos. Para mim, trata-se de um templo onde tive o prazer de crescer e me apaixonar pelas letras.
A cada revisita me lembro que o caminho é mesmo de lembrar, de não deixar o papel mofar, de escrever pra enraizar.
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Ao mesmo tempo vejo dentro dessas salas muitas páginas carregando histórias escritas por mãos brancas que costuraram seus livros em cima da vida de quem estava aqui muito, mas muito antes da primeira folha de papel, antes da primeira carta do inferno colonizador. As encruzas, elas estão em todos os lugares.
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O caminho que busco traçar não me furta de rasgar quantas páginas forem necessárias fazendo o rasgo ecoar no silêncio úmido do quadrilátero da biblioteca central. Esses dias Amanda deu uma chave que talvez caiba aqui. "Voz é poder". Acho que é sobre isso que sonho quando penso na velha Salvador, quando revolvo o seu chão em busca da terra fértil para plantar meu caminho, chão onde antes só via grandes lacunas por não me saber filha dessa mesma terra.
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arthmarcus · 2 months
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Perfil: Theatre Du Soleil
pesquisa de autoria sobre grupos teatrais – Arthur Marcus e Mariane Lobo – Théâtre du Soleil
O grupo teatral "Théâtre du Soleil" nasceu em 1964 quando a mente realizadora de Ariane Mnouchkine se juntou com jovens artistas franceses para dar vida ao sonho de viver o teatro em seus dias, como labor, alimento e expressão
Ariane Mnouchkine tinha 25 anos quando propôs a criação do Théâtre du Soleil. Nascida em berço artístico, é filha de mãe atriz inglesa e de um pai produtor cinematográfico judeu russo que se encontraram na França.
Após conhecer o teatro feito em Oxford, na Inglaterra, enquanto cursava literatura inglesa, Ariane Mnouchkine se apaixonou pela arte cênica e quando retornou para Paris para supostamente dar continuidade a seu curso de psicologia, recorreu a amigas e colegas que se interessavam por teatro, em uma época marcada pela presença de movimentos estudantis na Europa, para criar a "Associação Teatral dos Estudantes de Paris", ou ATEP. Foi em 1961 que Ariane, já dedicada ao teatro, dirigiu "Gengis Khan" apenas com artistas amadores, o segundo espetáculo da ATEP, realização que se tornaria o broto para o nascimento do Théâtre du Soleil.
Nos dois anos seguintes, Ariane Mnouchkine realizou uma sonhada viagem para a Ásia, em sua investigação pessoal pelos diversos tipos de teatro e espetacularidades presentes no Oriente místico. Ao retornar, em 1963, Ariane se reuniu com suas parcerias da ATEP, e com a sua bagagem de fruição oriental, criaram enfim o Théâtre du Soleil.
No começo, o Théâtre du Soleil contava com dozes artistas presentes. Segundo Ariane Mnouchkine, eram um grupo de jovens queriam viver uma vida "simples": ser feliz e viver fazendo teatro em conjunto, se alimentavam de um deslumbramento ignorante, tinham consciência de que não sabiam muito sobre a vida e isso impulsionava sua vontade de viver e consideravam isso sua sorte. Não eram inocentes e tinham uma ambição pelo teatro, almejam ser o melhor grupo de teatro da França, quiçá do mundo.
Em 1970 a sorte sorriu para o Théâtre du Soleil, com um dos adventos mais importantes da história do grupo: a recepção da "La Cartoucherrie", uma antiga fábrica de armas e pólvora descontinuada desde o final da década de 1940. A trupe aproveita o espaço ao máximo, desde antes de suas reformas, quando tinha problemas estruturais graves como a ausência de eletricidade e goteiras constantes, até hoje, o lugar se transformou e abriga grupos teatrais, de ensino-aprendizagem e de investigações continuadas dentro das artes cênicas. Em dezembro do mesmo ano, o grupo realizou o espetáculo "1789 A revolução deve parar na perfeição da felicidade" consolidando para o público sua relevância artística e de seu espaço de fazer teatral dentro da cena francesa.
Para Ariane Mnouchkine, o Théâtre du Soleil é um espaço de criação compartilhada, onde o papel da direção se transforma, seu objetivo enquanto diretora é "dar boas ferramentas a bons atores" em uma "busca sincera por instantes fundamentais" pelo verdadeiro teatro. Ariane acredita que um espetáculo teatral nasce da necessidade de exprimir algo, acredita que o teatro carrega uma verdade transformada, entre a vida e a poesia, nos levando a perceber o íntimo que nos toca enquanto pessoas que partilham dessa existência.
A música também é fundamento dentro da poética do Théâtre du Soleil. Em 1978 Ariane Mnouchkine conheceu Jean-Jacques Lemêtre, artista da música, multi-instrumentista e compositor, e desde então Jean-Jacques participa de todas as encenações do grupo criando a música para a cena, a sonoridade do Théâtre du Soleil, compondo com a direção de Ariane Mnouchkine e desenvolvendo uma pesquisa sobre a música para o teatro dentro da poética de criação compartilhada urdida no grupo.
O Théâtre du Soleil mantém a sua poética de criação em grupo até hoje, através de jogos, investigações com o corpo em busca de exprimir em cena aquilo que precisa se comunicar. Ariane Mnouchkine, Jean-Jacques Lemêtre e outras pessoas que integram o grupo compartilham seus conhecimentos ao redor do mundo, através de vivências, oficinas, estágios e outros encontros em que a presença em carne rege os processos de ensino-aprendizagem.
O Théâtre du Soleil segue sendo um exemplo histórico de grupo teatral que conseguiu se sustentar e estabelecer uma longevidade poética e estrutural, inspirando e ensinando novas gerações de artistas sobre a real possiblidade de viver com o exercício de seus dons.
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lobamariane · 1 year
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Serpente
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Se consultarmos o que existe de registro das histórias criadas pelos povos originários para explicar o início da vida na terra logo vamos dar de cara com uma serpente.
No primeiro episódio da série Flechas Selvagens chamado A Serpente e a Canoa, Ailton Krenak narra rapidamente algumas dessas histórias de forma que é impossível não estabelecer conexões, costuras entre ideias similares nascidas de povos de diferentes pontos geográficos do mundo. O entendimento sobre as serpentes é tão importante que a cristandade precisou vilipendiar esse símbolo para que seu plano de dominação e invasão de um deus sem nome pudesse ter algum sucesso.
Quem me falou sobre as serpentes foi Amanda, primeiro através do pensamento de Antonin Artaud, depois através da bruxaria .Só muito mais tarde compreendi que as duas vias-serpentes formavam uma só estrutura num entrelaçamento que lembra outro par de serpentes, o par que carrega e transporta nossas informações genéticas.
"Se a música age sobre as serpentes, não é pelas noções espirituais que ela lhes traz, mas porque as serpentes são compridas, porque se enrolam longamente sobre a terra, porque seu corpo toca a terra em sua quase totalidade; e as vibrações musicais que se comunicam à terra o atingem como uma sutil e demorada passagem; pois bem, proponho agir para com espectadores como para com as serpentes que se encantam e fazer com que retornem, através do organismo, até as noções mais sutis." Antonin Artaud
No lugar onde cresci mora uma serpente conhecida como Dique do Tororó. Ao longo dos anos aprendi a brincar de dar voltas no seu corpo cheio de curvas. Aprendi a olhar para as suas águas escuras e fazer perguntas.
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Até que um dia eu sonhei com ela, uma serpente verde esmeralda, escamas aveludadas, olhos vermelhos e brilhantes. Era dia estávamos na beira de um rio, havia uma cachoeira com uma gruta ao fundo. Eu estava dentro d'água quando a serpente subiu pelas minhas costas e soprou três perguntas no meu ouvido. Desde então, artista que sou, me dedico a respondê-las. E desse jeito ela nunca mais foi embora.
Hodie Mihi Cras Tibi Que saia pela boca O santo que habita em ti
Hodie Mihi Cras Tibi Serpentes nos abracem Noite nos revele
Oração da Roda Gigante, Amanda Maia
E ela continuou aparecendo em pensamentos, mensagens, sinais, flechas, até que costurei a canção que dediquei a 12ª edição do Sarau Boca Acesa, ação de movimento e provocação de artistas nesse agora, realizado pela Guilda Anansi como parte do ministério da Tradição da Mariposa. 
"Serpente,vem me perguntarsinto o seu rastejartoco a pele da Lua"trecho de Serpente, Mariane Lobo
Se, como diz Krenak, todos os seres são textos diferentes que compartilham a mesma Fonte, a Vida, quantos mistérios existem em cada degrau da escada espiral formada pelas serpentes que formam nosso DNA? Como não perguntar?
~ a primeira imagem é do lambe serpente mariposa que colei no ponto de ônibus da praça castro alves.
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arthmarcus · 2 months
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À alma e seus fios puxados
relato de bordo - Guilda Anansi - Gramofone Giralua
Quando o sol transitou ao fogo que dança, antes da renovação da lua ao mesmo palco, refleti muito sobre as cordas puxadas e cantadas. Cada nota que soa com intenção marca o tempo criando memórias emocionadas, mobilizadas intimamente por suas infinitas possibilidades de reverberação.
No dia em questão a arte sorriu e a música dançou, estava com as pessoas da guilda onde vivo e nós tivemos a experiência de presenciar a expressão artística de Hellen Karoline, uma das artistas que partilha essa aventura de aprender e viver a construção da existência poética dentro do Coletivo-Guilda Anansi; uma pessoa que, embora não nos conheçamos há tantas revoluções, percebemos nossos caminhos irmanados, dada a similaridade mística e profunda de nossos itinerários.
Presenciar a apresentação de Hellen no Restaurante da Nam, um estabelecimento liderado por uma mulher cozinheira que trabalha muito, com o coração sempre doce, foi perceber o tempo sendo marcado a cada corda puxada, a cada nota cantada e palavra proferida, foi sentir a comunicação da arte acontecendo, com o mundo, com a rua, através dos desejos sinceros de uma jovem artista que escolheu entoar em voz alta certas mensagens engarrafadas, músicas que em seu canto evocaram sensíveis memórias antigas enquanto criavam novas da mesma natureza.
A tarde aos poucos deu lugar à noite; navegando em oceanos de estrelas profundas, ainda resolvemos amálgamar a experiência do dia vivido assitindo a um filme chamado "Rudderless" que fala sobre fios puxados, canções entoadas e certas idiossincrasias da vida humana.
Viver experiências encantadas pela música sempre me faz pensar como a vida é intensa e sensível, não frágil, mas sua sensibilidade é o que a faz ser viva, é o que provoca o sentido das boas experiências, emoções intensas e sentimentos profundos, a sagrada comunicação com outros seres vivos, outras pessoas. O que seria de nós sem semelhantes? Afinal a intenção da Arte é comunicar e isso faz com que seja um elemento fundamental na existência humana.
Viva Hellen e sua audácia de manifestar sua existência poética no meio da rua para se comunicar com o mundo. Viva a magia de puxar cordas, fios, notas e marcar o tempo. Viva a aventurança de desejar o sensível!
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arthmarcus · 2 months
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Sensações depois do espelho
relato de acontecimento - laboratório de investigação cênica 001 - 13.11.2021
Os aromas já haviam sido feitos para que a vida pudesse dançar. Saímos de dentro de uma taça de vidro, eu e ulteriores navegantes que partilharam essa aventura investigativa. A diretora desse carro movido por luzes e sombras requisitou: maleta de mão; espelho; caderneta; papel de bilhete; caneta; vela; maquiagem para retoque; itens certamente não aleatórios para arquitetar essa dança.
Eu já havia feito o pacto mas não tinha me dado conta, percebera ali a chama que se instalou em minhas entranhas, sem queimá-las. Aprendi muito naquela noite. Atuar é agir, e para aprender é necessário respeitar as ações para que os aprendizados que se desprendem sejam revelados; acima de tudo é preciso jogar. Me jogar, me entregar sentindo o meu corpo em movimento, realizar as ações com toda a intenção de ser.
Quando meus olhos miraram o espelho naquele momento, eu entendi. Aprendi mais sobre o que sou através da alteridade vista no reflexo do que não era, mas era.
Retribui o sorriso a Dioniso, que se despediu em uma névoa aquosa.
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lobamariane · 2 years
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uma visão de Perséfone e outras sementes
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revérbero • reflexão • 05.06.2022 • domingo do sol • côncava crescente em leão • aprendizados da primeira semana da lunação gêmeos-câncer
A Lunação ar mutável-água cardeal começou no dia 30 de Maio, uma segunda-feira, dia da Lua. Aprendi que se estamos sob o céu escuro da Nova, estamos num momento de plantar sementes daquilo que desejamos que cresça. 
E é assim. A cada novilúnio mais uma oportunidade de aprender com o ciclo lunar. 
Na Lunação passada escrevi aqui alguns lembretes que gostaria de ter em mente ao longo da jornada Touro-Gêmeos e entre outras coisas mencionei o aprender a comunicar. "Estou aprendendo a relatar meus aprendizados". Desde então a cada sábado de saturno eu costuro uma revisão dos conhecimentos compartilhados por artistas da Guilda ao longo da semana através do nosso canal de transmissão audiovirtual, a Rádio Café Antonina, no programa diário Fios do Imediato¹ (se você ainda não conhece a rádio, recomendo essa leitura aqui).
Aprendi com minha guia, Amanda, que Saturno é o "Tempo contado pra frente", um dia de cada vez, sem atalhos, impossível de contornar. E a cada dia que passa essa impressão vai ficando um pouquinho mais marcada em mim. Entendo nesse agora que o cotidiano como padrão de ações vazias pautadas pelo Sistema não existe, outra chave-lembrete constante de Amanda. Existe sim o dia vivido, celebrado e contado um após o outro, um conectado ao outro, alimentando o meu período de existência no fluxo eterno da vida. E acredito que esse está sendo um grande aprendizado de todo sábado em que me proponho a puxar o fio dos últimos sete dias, lembrar do que fiz, o que disse, o que ouvi, momentos que me marcaram, humores, rastros.
E agora avanço mais um pouco ao compartilhar por escrito aqui no Farol o que se desprendeu de mim através das ações e pensamentos da Guilda a cada semana, levando adiante aquele lembrete lá da lua nova passada. Aprender a relatar o que aprendi.
***
Junho começou. Aquele mês que representa um grande ponto de checagem de onde estamos agora, o "meio do ano", carrega também egrégoras muito antigas que podem enriquecer no mínimo com ideias interessantes, os nossos dias. No Fios do Imediato da última segunda-feira, ainda no finalzinho de Maio, a Sereia Mística nos contou sobre algumas dessas egrégoras que mostram Junho como o mês dos portais internos. Aqui no Hemisfério Sul, nesse mês as noites chegam cada vez mais cedo até o auge do Solstício de Inverno, quando acontece a noite mais longa do ano.
E essa semana foi de fato dedicada a preparação para a chegada da estação mais fria e escura aqui na Casa Anansi. Podemos observar a mudança no caminho do sol, como lembrou o Contramestre no Fios que apresentou na terça-feira, e a partir daí nos mover, neófitos que somos. No último Diálogo Vertiginoso² sobre Bruxaria, realizado pela Guilda Anansi uma vez a cada lunação, Amanda voltou a falar do inverno e da Roda do Ano como um todo a partir da história de Perséfone. E aqui vale outro lembrete da Grã da Mariposa: deusas e deuses são criações humanas. É sobre o ser humano lendo o mundo. Hellen, a regida por Mercúrio até alertou: vertigem é a "sensação de movimento ao acessar conhecimentos novos" e depois ainda disse mais "o Diálogo Vertiginoso é um mergulho profundo e súbito". Mesmo assim, ali enquanto ouvia a Bruxa Mariposa destrinchar passo a passo a descida de Perséfone até o lugar onde se tornaria Rainha ao acender o Sol de dentro, fui surpreendida pela vertigem. Desejei o mergulho ao absorver os ensinamentos de Perséfone, a vi no espelho, na pergunta constante, "Sou eu?". Mas não é só sobre mergulhar, Amanda lembrou, é importante mergulhar sabendo que vai buscar. E aqui eu aproveito para reforçar perguntas que ela nos lançou para nortear a descida:
E se há um viés sombrio, acolher, repelir ou dançar?
Alimentar vendavais ou combater tempestades?
Ser silêncio ou aprender a correr?
Deve-se amar todas as estações?
Aprender a fiar é um plano?
E isso ainda é só um recorte de todas as portas que se acenderam pra mim a partir desse momento.
***
Somos uma guilda de artistas que têm o teatro como grande amálgama místico, um grande trançado de linguagens. Vivemos em constante busca de compreensão sobre onde estamos agora e Arthur reverberou essa busca na quinta-feira quando compartilhou em seu Fios o trabalho de Julieta Grispan, artista argentina e uma das criadoras da revista Teatro Situado, projeto iniciado em 2020 com o desejo de compreender o estado do teatro da américa latina antes e durante a pandemia. Entre os objetivos apontados por Julieta com a criação da revista um chamou a minha atenção, a vontade de "confirmar coincidências" entre diferentes agrupamentos de teatro que se movem na contemporaneidade. Senti que ouvir Arthur partilhar esse achado já era uma confirmação de coincidência. Encontrar outros artistas que desejam falar das urgências do agora é sempre bálsamo e motivação para seguir.
Para além do Fios do Imediato, alguns programas acontecem uma vez a cada Lunação. Um deles foi transmitido na mesma quinta-feira. O Céu Mundano, apresentado por Amanda e Arthur, é dedicado a abordar a astrologia como leitura do céu a partir da episteme da Bruxaria Mariposa. O tema da vez foi Vênus e suas audácias: girar ao contrário em relação a todos os outros planetas do sistema solar, ser duas estrelas, reunir em si a egrégora das deusas nascedouro que se espalharam pelo mundo com tantas faces, tantos nomes. Muito além do "planeta do amor" que costumam dizer por aí, a Vênus no mapa é uma coordenada com a qual podemos aprender sobre os pactos que firmamos, os interesses de conexão, a afetividade e suas interseções, aprender sobre política e articulação da linguagem.
E na sexta-feira dia de Vênus, Larissa, a feiticeira venusiana da Anansi, compartilhou um recorte do que se desprendeu dela a partir do Diálogo Vertiginoso sobre Perséfone. Repito aqui a pergunta que ela escolheu para reverberar: "se sabe o que veio buscar, qual foi a jóia que coletou?". A descoberta da relação entre busca e caminho citada por Larissa me lembrou uma vez mais Inteireza, canção também de tantas faces, escrita por Amanda e lançada ao mundo pelo Gramofone Giralua: "rumar interessa mais do que o prêmio". Mais um sopro pra frente.
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Se ponho tudo o que ouvi nos últimos sete dias na palma da minha mão, me vejo cheia de perguntas para queimar. Olho com cuidado para as sementes que quero aquecer. Nesse domingo, vejo só um sorriso fino de luz da côncava crescente e lembro que se trata apenas do início.
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Na foto que ilustra esse escrito, a ideia que brotou da visão de Perséfone e que acompanha os Fios do Imediato que puxarei ao longo da Lunação Gêmeos-Câncer deste ano que aos pouquinhos vai virando. Lembrete do desejo de acender o Sol de dentro.
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¹ Fios do Imediato é o programa diário da RCA, apresentado cada dia por um artista da Guilda Anansi. ² Diálogos Vertiginosos é uma série de partilhas presenciais sobre linguagens artísticas contemporâneas realizada pela Guilda Anansi com mediação da pesquisadora Amanda Maia. Os diálogos acontecem esteados na episteme de resistência animista salvaguardada pela Tradição de Bruxaria Mariposa, valendo-se de amálgamas entre arte e hierofania descobertos nas fronteiras demiúrgicas e alicerçados na causa da liberdade das mulheres.
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lobamariane · 2 years
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fazer pra saber
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relato • acontecimento • 01.02.2022 • terça-feira de marte • novilúnio em aquário • lunação aquário-peixes 
Fizemos o caminho mais longo até a Theia Acesa, a primeira de seu nome, tão desejada mesmo quando não sabíamos nada sobre ela. Movida sim pelas urgências desse agora mas também pela saudade dos momentos de partilha entre mulheres, grande tesouro que vi Amanda encontrar, é que me coloquei em movimento e caminhei até a noite de 25 de janeiro de 2022.
Foi um caminho longo até entender (ou apenas começar a compreender) a chave que abre a carta enviada às mulheres notórias, convidadas para o evento. Perder o medo de ser real, pra mim, envolve o reajuste de foco da nerdice e o desapego de afetos vazios em capas de revista e sites bonitos.
E dessa vez tinha algo mais, um espetáculo inteiro, um altar a ser construído. E talvez seja essa a maior revolução da Theia, desde a sua primeira manifestação, em 2018. Havia muito o que desaguar naquelas conversas longas, mas não havia o teatro pra unir as potências de tantas águas num encontro único e que não se repete. O rio é uma "água que não volta", como disse Bethânia em alguma canção, e Amanda já tinha me contado que o solo do teatro é água.
Ver o pátio da Casa Anansi tão cheio de mulheres era uma novidade. Depois de dois anos de pandemia, me sinto mesmo reaprendendo a entrar em contato com o mundo externo para além das virtualidades. Não fui tão bem sucedida nessa interação, apenas no final troquei abraços e palavras com algumas das convidadas. Queria muito o Altar, não com ansiedade paralisante, mas com concentração profunda, queria fazer pra saber.
O que viam as convidadas nos espelhos que subiam até a casa do sonho? Eu via o mundo lá fora se fechando enquanto o Barco Alado abria portais protegidos pela Medusa que desenhava a Medusa na noite escura.
Fui buscar minha carteira e encontrei Amanda no corredor com seu baú. Sorri como quem via tudo brilhar e segui para resgatar Zeddy. 
Duas moças me assistiram, para além de Larissa que me aguardava virar Luiza e Jonatas que estava na sua estação. As duas moças me olhavam com atenção, queriam saber e busquei puxar cada uma o mais perto possível porque eu também queria que elas soubessem, que aquilo não podia ser um segredo, tinha que reverberar.
Zeddy foi embora, as duas moças desceram para o tapete vermelho enquanto eu e Larissa subimos para o muro-sofá-branco. Antes dali apenas uma conversa rápida entre nós foi ajuste de combinados, nem todos seguidos até o final. Ainda assim, me diverti trocando palavras e olhares e rascunhos de toques e dança com Larissa. E esse é outro ponto sobre essa noite. Senti que um fio novo reforçava o laço entre as aprendizes de demonauta do Barco Alado. Não vi mas ouvi um ou dois sorrisos das moças que assistiam.
Depois de descer do sofá voltamos para a varanda e para a noite advento festa de bruxas. Arthur veio explicar as mudanças no roteiro, Jacquelline apareceu para informar os dois grupos que aguardavam a cena do Abacateiro. Não senti quebra de fluxo, mesmo na espera. Tudo estava acontecendo, eu ouvia a casa falar por todas as bocas.
Subimos todas pra encontrar Celeste. Me surpreendi com o vazio de elementos, revi Celeste como quem reencontra alguém realmente marcante então mesmo sem nada ali eu a via andar por cima de cacos fazendo a porcelana tilintar. 
E nenhum filme de bruxas conseguiria reproduzir o acendimento total da fogueira na plenária após a mostra caótica. Indo direto ao ponto, como pedia a lua escorpiana, vi Amanda alcançar as convidadas tão rapidamente. Aquela foi a prova de que toda mulher sabe do que estamos falando, o que estamos fazendo é mostrar as fogueiras que elas já sentem, em queimadura ou calor.
Mesmo tão diferente de tudo o que veio antes, consegui sentir aquela sensação familiar de Theia, de mulheres completamente diferentes conversando sobre, hoje nós sabemos, suas interseções incendiárias. Era impossível imaginar algo como o que aconteceu. A gente precisava fazer pra saber.
{nos olhos encantados de Izabella, fios de serpentes e o fogo aceso ao centro}
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arthmarcus · 2 months
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Perfil: Jean Jacques-Lemetre
pesquisa de autoria sobre grupos teatrais - Arthur Marcus e Mariane Lobo - theatre du soleil
Jean-Jacques Lemêtre nasceu em 25 de Janeiro de 1952, sob a regência do Sol em Aquário e Lua em Capricórnio. Filho de mãe cigana, habita a encruzilhada musical desde criança, se interessando pelo canto gregoriano e aprendendo a tocar diversos tipos de instrumentos musicais, de corda, percussão, sopro, sempre interessado pelos diversos tipos de timbres, instrumentos e propostas musicais existentes no mundo, curioso por musicalidades existentes além da Europa, onde cresceu.
Jean-Jacques se tornou compositor musical e suas criações nasceram para as mais diversas saídas possíveis, desde músicas de concerto, área onde também construiu relevância como maestro, até música para televisão, cinema e teatro, onde desenvolveu uma grande pesquisa sobre música para a cena.
Foi quando conheceu Ariane Mnouchkine, diretora e encenadora do grupo "Theatre Du Soleil", que Jean-Jacques começou a dedicar sua música ao teatro. Em 1978 entrou para a trupe, estreando no espetáculo "Moliére" e desde então participa de todas as encenações, como compositor, cantor, instrumentista, criando a música para a cena, a sonoridade do Theatre Du Soleil, compondo com a direção de Ariane Mnouchkine.
A poética de Jean-Jacques se tornou relevante para o pensamento da música e do teatro devido à investigação que traçou sobre temas como laboratório, sonoridades não cotidianas, intuição, presentificação e música para a cena. Ao longo da vida também cria, modifica e coleciona diversos instrumentos musicais buscando encontrar a materialidade do som.
Jean-Jacques Lemêtre trabalha com o Theatre Du Soleil, toca e compõe musicalmente até hoje, além de realizar o ofício de professor ensinando e guiando novas gerações de artistas, realizando oficinas ao redor do mundo, prática presente na poética de grupo do Soleil.
Uma de suas oficinas mais conhecidas se chama "O corpo musical", e esta chegou ao Teatro Vila Velha em Salvador, BA. Perguntei a Jonatas Pinheiro, artista da música na Guilda Anansi, que teve a experiência de participar da oficina em 2013, quais foram as impressões deixadas por Jean-Jacques durante o momento de ensino-aprendizagem.
"... Eu já conhecia um pouco de sua história, sabia que ele era ligado a teatro e a Ariane Mnouchkine. Conhecer ele já foi muito interessante, porque ele é muito grande, e muito cênico por si só, tem uma barbona branca, um cabelo branco, uma sobrancelha angulosa.
As oficinas caminharam por essa mistura de música com cena, por uma proposta bem dele. Aconteceram exercícios baseados em pequenas cenas criadas na hora e alguns exercícios musicais no corpo, envolvendo coordenação motora, muito ligadas ao ritmo, baseadas em uma pesquisa desenvolvida no Theatre du Soleil.
Tudo era falado em francês e havia a figura de um artista que traduzia o que era dito do francês para o português e vice e versa. Eu tive a oportunidade de fazer a oficina junto com diversas pessoas do mundo da arte, tanto de música, como de teatro, haviam professores e estudantes de da escola de teatro, estudantes da escola de música, e todo mundo era envolvido com a Cena de alguma forma."
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