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#riobaldo e diadorim
algumaideia · 9 months
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tenho uma pequena divagação sobre grande sertão veredas que eu acabei de ter e eu achei que seria interessante compartilhar com vc. gostaria de falar também, que eu acabei de ler o livro, primeira leitura. hahah importante levar isso em consideração
fala-se muito sobre os sentimentos de não aceitação do riobaldo na história, mas eu parei para pensar no que diadorim pensava. pois vamos imaginar que ele fosse mesmo uma mulher que se vestia de homem por quaisquer razão que fosse: o que diadorim pensava sobre os sentimentos que riobaldo tinha por si? se ela sendo mulher e desconfiando que aquele amigo dela a via como homem e isso não o impedia de sentir atração e afeto por ela? pq ela também teria, dado as circunstâncias, a ideia que o próprio riobaldo disse algumas vezes: que o amor entre dois homens não podia acontecer; era impossível. e ela via no riobaldo momentos de ciúme que ele teve (lá no começo qnd alguém mencionou um fulano que era amigo do diadorim e o riobaldo deu umas voltas mas no fim confessou que o que ele sentia era ciúmes e até "confrontou" o diadorim, sabe? eu adoro essa cena) - e o que será que ela pensava? tipo algo, "esse homem que me vê como homem e age desse jeito comigo?"
ou ainda. diadorim que não era mulher - não se sentia, não queria ser - encima de todas essas questões que eu falei. além disso ainda o fato de ele não se sentir mulher e viver como homem pq era o que ele era de fato, e como se já não bastasse isso olha só: ele gosta de homens também.
eu fiquei me perguntando isso sem nenhum fim ou conclusão então as ideias estão meio jogadas mesmo hahah
Oii!!!
Sua pergunta me deixou muito feliz!!
Então eu fui reler a parte em que o Riobaldo chama o Diadorim de meu bem sem querer e a reação do Diadorim é de desprazer. Depois parece q ele dá uma risada sem graça.
Além disso eu não consigo chegar na conclusão se o Diadorim sabia que o Riobaldo gostava dele, pq apesar do Riobaldo ser muito romântico na cabeça dele, fora dela ele não é.
Eu não tenho uma boa resposta pra essa pergunta até agora, desculpa :(
Mas assim, se vc ler a parte em que o Riobaldo chama o Diadorim de meu bem e comenta sobre os olhos dele, você vê o Diadorim desconfortável e desprazido. Qnd eu leio essa parte eu me lembro de quando aqueles homens chamaram ele de delicado e ele saiu na porrada. Não posso dizer como o Diadorim viu esse momento, mas qualquer que foi a interpretação dele, ele não gostou.
Eu acho que independe de do Diadorim ser homem ou mulher ele teria que ter uma pequena jornada para entender e aceitar que o Riobaldo gostava dele como homem e tá tudo bem com isso, de mesmo modo que o Riobaldo precisava lidar com sua homofobia internalizada.
Eu pessoalmente, vendo o Diadorim como um homem trans, acho que se o Riobaldo beijasse o Diadorim ou tornasse os sentimentos dele claros como água o Diadorim ia empurrar ele e ir embora. Depois dele processar tudo ele iria voltar e então eles teriam um relacionamento amoroso.
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geekpopnews · 2 months
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Grande Sertão | Filme de Guel Arraes ganha pôster e data de estreia
Com direção de Guel Arraes, o livro "Grande Sertão: Veredas", clássico da literatura de Guimarães Rosa, ganhará uma adaptação para o cinema. Caio Blat e Luisa Arraes fazem parte do elenco principal do filme. #cinemanacional #GrandeSertão
O livro “Grande Sertão: Veredas”, clássico da literatura de Guimarães Rosa, ganhará uma adaptação para o cinema com o título “O Grande Sertão”. O longa conta com a direção de Guel Arraes e tem estreia nacional marcada para o dia 30 de maio. Os personagens principais ganharão vida com Caio Blat e Luisa Arraes, que interpretam Riobaldo e Diadorim, respectivamente. A história, com tom épico de…
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aesrot · 1 year
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Oi! Tudo bem?
Vim aqui discutir se o Diadorim gosta ou não do Riobaldo. Eu sei que durante o livro a gente só tem o ponto de vista do Riobaldo e talvez a vontade que ele tinha de ter o seu amor correspondido tenha atrapalhado um pouco como ele se lembra da sua vida porém tem alguns momentos que me fazem pensar que o Diadorim gostava também do Riobaldo só que como a situação dele era mais complicada (por causa do seu gênero e ser filho do Joca Ramiro) ele era mais reservado.
Eu acho que o Diadorim gostava do Riobaldo por causa daquele pacto de não fazer sexo, de como ele reagiu com a Nhorinhá, Otácilia, a maneira que ele reagiu quando o Riobaldo falou que daria a pedra pra Otácilia e uma cena que me marcou muito que foi quando o Diadorim voltou após ter sido ferido, e ele não estava bem, meio magro, e foi sorrindo até o Riobaldo perguntando se ele tinha sentido falta dele.
Diadorim é definitivamente mais sutil e tipo nós só sabemos que o Riobaldo amava o Diadorim por causa dos pensamentos dele o que a gente não tem do Diadorim.
O que vc acha?
(desculpa por vir aqui do nada e te mandar um textão confuso)
Oie!! Então, apesar de eu amar um narrador não confiável, dessa possibilidade de que o Riobaldo pode ter influenciado sua narrativa com suas expectativas e sentimentos, eu ainda acho que Diadorim amou ele também. Só que ele tem muita prática quando se trata de agir de acordo com o que se é esperado de um jagunço, justamente por seu segredo.
Diadorim passou muito tempo reafirmando sua identidade como homem, tanto que ele fica bem defensivo quando alguém tá perto de desconfiar de algo (tipo aquela cena q um jagunço fala q o Diadorim é 'delicado', por ter feições mais suaves, e ele tá pronto lutar com o cara no mesmo instante). Ele já tem muito a perder se isso fosse trazido a tona, então ele não pode tomar riscos assim, não numa sociedade tão heteronormativa, cercada de pessoas que acreditam tanto na virilidade como inerente ao homem.
E eu acho q isso se aplica também aos seus sentimentos: ele, sendo reconhecido como homem pelos seus companheiros, tinha noção de que se ele tivesse algum afeto com o Riobaldo, tudo podia ir por água a baixo. Claro, eu não acho que Diadorim achava que o Riobaldo ia expor pra todo mundo que ele era possivelmente homosexual, mas tinha um risco ali também. Ainda mais se os afetos o levassem a momentos mais íntimos, o que traria atenção pro corpo dele, também muito arriscado. E mesmo se isso não fosse um problema, só por ter relações entre dois homens já era perigoso demais pra ambos. Claro, tem alguns momentos q eles parecem estar bem íntimos, tendo uma relação bem mais complexa que os outros jagunços têm entre si.
Acho que Diadorim, mesmo que amasse o Riobaldo, não se permitiria uma abordagem direta, não enquanto eles estivessem em risco, pelo bem dos dois. Ou ainda, talvez ele achasse que Riobaldo só o enxergava como um grande amigo (a famosa friendzone), já q ele teve seus casos com outras mulheres (ainda mais com Otacília, que podia oferecer tudo que ele jamais poderia) e tinha medo de perder tudo isso se o Riobaldo descobrisse ou desconfiasse de seus sentimentos.
Minha análise tá beeeem fraquinha pq li o livro faz um tempo já, e li pra uma matéria da faculdade, focando mais nos paralelos entre o livro e Brasil colônia/república e tals; então lembro bem pouco da relação entre eles. Tô planejando reler em breve, aí vou poder dar uma resposta mais elaborada.
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thinkingjasico · 2 years
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Estou lendo Grande Sertão Veredas. Não tenho com quem falar sobre isso. Estou surtando.
Acho q se fosse escrever a fic Jason seria Riobaldo, e Nico Diadorim.
Diadorim virou um dos meus nomes favoritos...
Diadorim é lindo demais! E sim por favor, Jason com certeza é o riobaldo e o Nico o diadorim. Eu queria ter talento pra fazer fanart de jasico inspirada neles 😭😭
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Justo a mim coube ser eu! Engraçado… Quando eu fecho os olhos o mundo desaparece. Sinto falta de ser olhado com desejo, como se fosse possível arrancar a minha pele e devorar minha alma apenas com os olhos.
Quantas chances
desperdicei
(Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém
​​​​​​
Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia.
Legião Urbana, em Quase sem querer.)
Ouça o silêncio que faz minh’alma e a bagunça que está em seu âmago. Embaraço o laço da minha solidão qu’o vazio presume ser a dor do mundo,
Cola sua boca na minha, encosta seu corpo no meu. Me abraça forte e diz que tudo ficará bem.
Ela tem o sorriso mais lindo que eu já vi, desses sorrisos que são capazes de iluminar um dia cinza. Um sorriso capaz de trazer paz para aqueles dias tão conturbados, um sorriso que contagia até o mais mal-humorado.
estou inquieta e certa de fato ser Riobaldo junto ao seu juízo caótico. Se Deus existe o diabo está frito, se o bom se fode então seremos maus. Há pequenos refluxos que desdém a mágoa, não vejo ninguém, mas sinto alguém.
É inconstante e perplexo, são essas páginas, são essas baianas. Ai! Acho que uivou um vento por aqui, mas acho que não, era só Riobaldo tentando persuadir seu coração de que não está apaixonado.
Quem me dera poder não sentir, não amar, apenas fingir. Mas você entrou com tanta velocidade, com tanta voracidade na minha vida e bagunçou todinha ela, causando-me sensações que há muito tempo não sentia por outro alguém. E assim, como entrou, você saiu, não permaneceu.
O jagunço acerta em meu peito e eu morro. A filosofia me renova, o sertão é o mundo. Diadorim não respira mais e dói em mim, dói em Riobaldo. Então vou seguindo essa vereda até que o real renasça.
Rogerio Messineo Luchi
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fugereurbem · 2 months
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NAO
a mulher pede riobaldo em CASAMENTO. ele olha pra trás. CHAMA DIADORIM. e faz os dois interagirem. dps fica especulando como ela parece odiar ele e ele parece sentir raiva dela. os dois Ciumentos por riobaldo. to chocada com esse puto
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revistaclubinho · 3 years
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A tríade do amor em "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa
A obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, reúne temas como a memória, as contradições entre vida e morte, bem e o mal e os dilemas das ações do protagonista. No presente trabalho, serão analisados conceitos acerca do embate entre o sagrado e o profano, Deus e o demônio por meio do pacto que o personagem Riobaldo faz com o diabo enquanto ainda era jagunço. Este pacto é, de certa forma, o tema central do romance, uma vez que o narrador expõe seus questionamentos e suas reflexões sobre a sua conduta social e suas ações e, ao longo do romance, tenta negar o pacto feito exclamando que Deus é pacífico e acreditando na misericórdia divina. De acordo com o estudo de Rossi, o sertão possui uma carga negativa, sendo comparado com coisas ruins e até mesmo com o diabo, “Riobaldo enaltece, de certa forma, a figura do diabo com a menção constante em seu relato: “o diabo na rua, no meio do redemoinho”, sendo ele o lado escuro dos homens e muitas vezes, o próprio sertão” (ROSSI, 2020, p. 101). Na obra, o diabo consegue conquistar aos poucos o que quer com o uso de suas artimanhas e precaução, por isso a figura demoníaca é retratada com poderes místicos e sagrados.
Para Riobaldo, “viver é um negócio muito perigoso”, portanto o personagem nega a existência do diabo e de seu pacto com ele. A partir da conversa com um interlocutor, Riobaldo tenta organizar suas memórias e os fatos acontecidos. Essa narração dos acontecimentos e recordações de Riobaldo possuem um tom mítico e são paralelas às noções de bem ou mal.
O monólogo do personagem provoca no leitor uma confusão acerca das memórias narradas, gerando uma certa ambiguidade no sentido do texto. Ao recordar os fatos da sua vida, Riobaldo tenta compreender suas ações enquanto jagunço, contrapondo-se com a pessoa que tornou-se. O enredo da narrativa é construído por Riobaldo ao relembrar suas memórias, tais como: a morte da mãe, o amor por Otacília, o sentimento por Diadorim, a descoberta de que seu padrinho era na verdade seu pai biológico e a angústia da negativação da existência do diabo e do pacto feito, evidenciando assim a misericórdia de Deus. É por meio de seus relatos que Riobaldo embrenha-se na descoberta por si mesmo.
Com as reflexões de Riobaldo, aparece também o questionamento ideológico sobre a existência de Deus ou do diabo e concepções acerca do sertão, de como o ambiente sertanejo o moldou para ser forte e sobreviver. Devido às reflexões, a obra consta com duas fases do personagem: o Riobaldo jagunço, permeado pelas descobertas e o Riobaldo narrador, experiente, vivendo com a consequência de suas ações.
Em Grande Sertão Veredas, a figura do demônio não aparece propriamente dita, apenas materializa-se no redemoinho, como é exposto no livro. Riobaldo, portanto, sente que o diabo está presente e acaba aceitando a efetivação do pacto. É possível inferir também que para o personagem alcançar a plenitude de sua vida, ele precisará passar pelas travessias sendo uma delas a amorosa. O conflito neste sentido aparece no triângulo amoroso entre Riobaldo, Otacília e Diadorim. Na obra, a questão da dualidade faz-se muito presente, no âmbito da travessia, pode-se dizer que Riobaldo passará pela escolha entre o amor celestial de Otacília e o amor profano de Diadorim. Segundo Carlos Silva, o pacto de Diadorim é o que faz Riobaldo sofrer e nas palavras do autor:
Diadorim se mostra benevolente e terrível. Ao mesmo tempo em que não mantém uma postura de piedade diante do inimigo, parecendo inumana, com Riobaldo ela sustenta um relacionamento terno e de grande intimidade com a natureza. E assim se apresenta duplamente poderoso devido a sua natureza andrógina, configurando-se um caráter demoníaco e angelical, algo de maravilhoso e terrível, a encarnação do Diabo (feminino). (SILVA, 2007, p. 45).
Como Diadorim carrega consigo o caráter demoníaco e angelical, essa contradição coloca Riobaldo em um paradoxo entre o bem e o mal, o céu e o inferno. Para Silva (2007), Otacília assemelha-se a figura feminina sagrada de Maria, submissa e moral, enquanto Diadorim espelha-se em Lilith, a tentação do diabo. O personagem de Diadorim possui caráter paradoxal pela sua própria natureza, por ser mulher travestida de homem para ser jagunço, carrega consigo a contradição entre bem e mal, Deus e diabo, vida e morte, amor e ódio. Infere-se também que o diabo aparece em diversas formas na obra. Tanto em Diadorim, com seu lado feminino e delicado e em Reinaldo Diadorim com seu lado guerreiro e corajoso, quanto no amor entre Riobaldo e Diadorim como jagunço, pois a homossexualidade vai contra o que é aceito pela religiosidade, sendo uma forma demoníaca.
Ainda na relação do diabo na obra, é possível destacar que o caráter da androginia de Diadorim pode ser considerado demoníaco nesse contexto. A dicotomia presente em Diadorim faz com que o personagem seja comparado com Lilith pois ambas possuem a androginia presente. A característica de sedução é fortemente presente em Diadorim, uma vez que Riobaldo sente-se dominado por ela. A mulher tendo o poder de seduzir é capaz de levar o homem ao pecado, e é isso que acontece na obra rosiana. Diadorim é apontada como ponto principal para levar Riobaldo a compactuar com o diabo para vencer a batalha contra Joca Ramiro. Sobre a dicotomia andrógina, infere-se que Riobaldo e Diadorim são ambos demoníacos, pois ao estarem juntos formavam a junção entre masculino e feminino. Neste aspecto, Diadorim é a mulher que seduz o homem e o afasta do caminho divino.
Em contraposição está Otacília, sendo a mulher semelhante à Maria, Eva, que é responsável por aproximar o homem do mundo divino. O personagem de Otacília é descrito como uma flor branca, representando a pureza, a castidade, portanto Otacília possui papel de mulher para casar.
Otacília cumpre aqui todas as funções da mulher oficial, a escolhida para o casamento, que traz para o marido, além das virtudes pessoais , bons dotes patrimoniais. Ela é ao longo de todo romance altamente idealizada pelo herói como a destinada para ser a santa de sua casa e mãe de seus filhos. (RONCARI, 2005, p. 197)
Portanto, a tríade do amor presente em Grande Sertão Veredas é expressa pelo conflito entre o homem, as duas mulheres e os amores carnais que aparecem em sua vida, como Nhorinhá, mas principalmente entre a mulher sagrada e a mulher profana. Essa espécie de travessia no âmbito amoroso de Riobaldo é o que faz com que ele seja levado finalmente do caos para a purificação.
Referências:
BRAGA, Heloísa Alves. As máscaras do diabo em Grande sertão: veredas. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Letras Belo Horizonte, 2012. 104f.
RONCARI, L. A tríade do amor perfeito. Scripta, v. 9, n. 17, p. 194-200, 13 out. 2005.
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 19 ed, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
ROSSI, Francieli Santos. Reflexões acerca da travessia de um Grande Sertão Veredas. In: VILALVA, Walnice. Cartografias literárias e o domínio arquitextual da narrativa. Tangará da Serra: UNEMAT, 2020.
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blogdavania · 3 years
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Ai que Inveja...
Acompanhando as festividades do dia de Bloom na Irlanda, me deu uma inveja deles...
Fiquei pensando quantos personagens da literatura brasileira poderiam virar dias comemorativos, afinal somos um povo tão festeiro.
Me perdoem os outros personagens incríveis, mas alguns me vieram imediatamente à lembrança e são meus prediletos.
Poderíamos ter dias de casais, Riobaldo e Diadorim do Rosa o inventor de palavras, Rodrigo Cambará e Ana Terra do épico Érico Veríssimo.
Quem sabe o dia da Gabriela e sua brasilidade explícita andando pelas ruas de Ilhéus.
Como esquecer da doçura de Macabéa da imensa Clarice Lispector, e do trio, Lorena, Lia e Ana Claudia, as meninas de Lígia Fagundes Telles.
Poderíamos organizar uma eleição, os mais votados ganhariam seus dias, e teríamos efemérides literárias durante o ano todo.
Quantos votos teria o nosso Machado, as memórias de Brás Cubas e a loucura lúcida de Simão Bacamarte.
Escolhi finalizar, e a esse dia eu jamais faltaria, com o meu querido Mario de Andrade e seu Macunaíma, a nossa mais completa tradução.
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semtituloh · 3 years
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Romance de Riobaldo e Diadorim
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algumaideia · 1 year
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@manifestosimaginarios e @thinkingjasico uma humilde contribuição para esse pequeno fandom... a ideia é que o Diadorim sobreviveu a última batalha.
Inspirado nesses trecho do livro: "Mas, dois guerreiros, como é, como iam poder se gostar, mesmo em singela conversação – por detrás de tantos brios e armas? Mais em antes se matar, em luta, um o outro. E tudo impossível."
...
O lago estava calmo e inquieto. Patos entravam, nadavam e saiam voando dele. Prestando atenção era possível ver os peixes indo de um lado pra o outro, sendo assustados por qualquer movimento, e os cágados quase disfarçados em seu habitat natural. Os mosquitos em nuvens as vezes incomodavam os presentes me busca de alimento. Uma brisa refrescante fazia com que folhas caíssem em direção à água. O Sol brilhava fortemente, daquele jeito que fazia suar só por estar parado. O céu coberto de nuvens indicava uma chuva que podia não se formar. As árvores faziam uma sombra tão necessária, e seus tons muitos tons de verde refletidos no lago davam uma beleza a mais para o afastado local.
As margens do corpo d’água, Riobaldo e Diadorim estavam sentados ligeiramente afastados. Era como se a brisa conseguisse apagar todo o calor gerado pelo clima abafado. Estavam silenciosos, de modo que poderia se pensar que tinham feito um pacto de não falar nada e somente apreciar a natureza.
Esse acordo não dito foi quebrado por Diadorim. Franzia suas sobrancelhas, como se incomodado pela paz do local que estava.
“Engraçado. Nunca imaginei que viveria para ter uma vista dessa como minha realidade todo dia. Sempre achei que morreria antes que tivesse a chance de aposentar como jagunço, não chegaria a ser velho.” Uma risada amarga foi com a mesma rapidez com que chegou. “Mas agora aqui estou eu, novo e incapaz de ser jagunço.”
Riobaldo olhou para o seu estimado e querido amigo com preocupação e carinho. A dor física e emocional de Diadorim era visível e ele não sabia como retirá-la ou diminui-la. Ele também não tinha ideia de como lidar com seus próprios pensamentos negativos que muitas vezes olhava a vida como se ela fosse um pesadelo onde tudo dava errado.
Sem saber o que mais poderia fazer para mostrar apoio pelo Diadorim, Riobaldo segurou sua mão. Imediatamente, com surpresa, Diadorim olhou para Riobaldo. Seus olhos verdes eram mais bonitos que qualquer um presente nas plantas ao redor deles. Riobaldo sempre se perdia e se apaixonava por eles. Ambos mal sentiam que respiravam, só sentiam suas mãos juntas.
“Diadorim.”
Quase disse meu amor, entretanto conseguiu conter o instinto, e para o Riobaldo Diadorim significasse mais, transmitia mais. Teve medo, mais do que o presente nas batalhas onde quase morreu, mas reuniu toda a frustração de todas as vezes que se acovardou diante daqueles olhos.
“Como você acha que dois guerreiros podem se amar? Com tanto sangue, lutas, armas em seus passados, em suas mentes?”
“Eu gostaria de saber o mesmo, Riobaldo.”
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je-suis-romantique · 5 years
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Carta aos brasileiros
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"Ler é um ato político. Não é por acaso que nossos adversários, ao mesmo tempo que tentam criminalizar a política e impedir toda e qualquer forma de ativismo, atacam com tanto ódio o saber e o conhecimento. Querem mais armas e menos livros. Mais jovens presos e abatidos por disparos de helicópteros, do que com acesso ao ensino público de qualidade. Disparam sua artilharia pesada contra a educação como um todo, e a universidade em especial. Agridem a ciência, estrangulam a pesquisa.
Ler é resistir. E nós resistimos nas trincheiras cavadas com tanta garra e tanto carinho por gente que nem Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e cada professora e cada professor anônimo deste país, que nossos adversários tentam inutilmente destruir. E nós resistimos, porque a vida nos ensinou, e porque aprendemos com nossos mestres.
Nossos adversários odeiam o fato de termos criado mais universidades e institutos tecnológicos do que todos os que governaram antes de nós. Distribuímos bolsas de estudo, garantimos acesso ao crédito estudantil e colocamos jovens negros e pobres no ensino superior como nunca antes na história. Criamos políticas públicas de acesso ao livro e à leitura e espalhamos bibliotecas pelo país afora.
A educação foi e será sempre a nossa maior riqueza e a nossa principal forma de resistência. É por isso que nossos adversários se surpreendem e se assustam quando uma juventude esclarecida enche as ruas em defesa da educação, lutando contra os retrocessos de um governo que tem o povo brasileiro como seu principal e mais temido inimigo.
Ler é ser livre. Estou há mais de um ano preso pelo “crime” de sonhar e trabalhar pela construção de um país onde um pai de família não fosse mais obrigado a escolher entre comprar um pão ou um caderno para seus filhos. Onde uma mãe de família não tivesse que partir um lápis no meio para que seus filhos pudessem estudar. Por esse “crime” estou preso, e, no entanto, mais livre do que nunca, graças aos livros e à leitura.
Nestes 13 meses de quase solidão – não fossem as visitas de parentes e amigos e o carinho da incansável vigília na porta do cárcere em Curitiba – tenho lido muitos livros. Cavalguei com Riobaldo e Diadorim pelas veredas do grande sertão de Guimarães Rosa. Cruzei o Atlântico em navio negreiro ao lado de Luísa Mahin, no extraordinário romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves.
Navego nas águas da ficção, mas tenho, sobretudo, me dedicado aos livros dito políticos – com a ressalva de que se ler é um ato político, todo livro é político, seja ele de poesia, romance, contos, filosofia, sociologia, economia ou ciências políticas.
Mas é o livro propriamente político, razão de ser desse Salão, que quero saudar agora. É principalmente graças aos livros que, quando a justiça for restaurada neste país, sairei da prisão sabendo mais do que quando entrei.
Um abraço a todos e todas, e viva o livro!
Luiz Inácio Lula da Silva
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Grande Sertão: Veredas | João Guimarães Rosa
“Um dia, sem dizer o que a quem, montei a cavalo e saí, a vão, escapado. Arte que eu caçava outra gente, diferente. E marchei duas léguas. O mundo estava vazio. Boi e boi. Boi e boi e campo. Eu tocava seguindo por trilhos de vacas. Atravessei um ribeirão verde, com os umbùzeiros e ingazeiros debruçados - e ali era vau de gado. ‘Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago...’ - foi o que pensei, na ocasião. De pensar assim me desvalendo. Eu tinha culpa de tudo, na minha vida, e não sabia como não ter. Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo; que, quando notei que estava com dôr-de-cabeça, e achei que por certo a tristeza vinha era daquilo, isso até me serviu de bom consolo. E eu nem sabia mais o montante que queria, nem aonde eu extenso ia. O tanto assim, que até um corguinho que defrontei - um riachim à tôa de branquinho - olhou para mim e disse: - Não... - e eu tive que obedecer a ele. Era para eu não ir mais para diante. O riachinho me tomava a benção. Apeei. O bom da vida é para o cavalo, que vê capim e come. Então, deitei, baixei o chapéu e tapa-cara. Eu vinha tão afogado. Dormi, deitado num pelego. Quando a gente dorme, vira de tudo: vira pedras, vira flôr. O que sinto, e esforço em dizer ao senhor, respondo minhas lembranças, não consigo; por tanto é que refiro tudo nestas fantasias. Mas eu estava dormindo era para reconfirmar minha sorte. Hoje, sei. E sei que em cada virada de campo, e debaixo de sombra de cada árvore, está dia e noite um diabo, que não dá movimento, tomando conta. Um que é o romãozinho, é um diabo menino, que corre adiante da gente, alumiando com lanterninha, em o meio certo do sono. Dormi, nos ventos. Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo - Deus estável. Ouro e prata que Diadorim aparecia ali, a uns dois passos de mim, me vigiava. 
Sério, quieto, feito ele mesmo, só igual a ele mesmo nesta vida. Tinha notado minha ideia de fugir, tinha me rastreado, me encontrado. Não sorriu, não falou nada. Eu também não falei. O calor do dia abrandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice, querendo me contar coisas que a ideia da gente não dá para se entender - e acho que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali, esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento, feito um decreto: - Que você em sua vida toda toda por diante, tem de ficar para mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!... - que era como se Diadorim estivesse dizendo. Montamos, viemos voltando. E, digo ao senhor como foi que eu gostava de Diadorim: que foi que, em hora nenhuma, vez nenhuma, eu nunca tive vontade de rir dele. 
(...) Aquele lugar, o ar. Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim - de amor mesmo amor, mal encoberto em amizade. Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo. Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei - na hora. Melhor alembro. Eu estava sozinho, num repartimento dum rancho, rancho velho de tropeiro, eu estava deitado numa esteira de taquara. Ao perto de mim, minhas armas. Com aquelas, reluzentes nos canos, de cuidadas tão bem, eu mandava a morte em outros, com a distância de tantas braças. Como é que, dum mesmo jeito, se podia mandar o amor? O rancho era na borda-da-mata. De tarde, como estava sendo, esfriava um pouco, por pêjo de vento - o que vem da Serra do Espinhaço - um vento com todas almas. Arrepio que fuchicava as folhagens ali, e ia, lá adiante longe, na baixada do rio, balançar esfiapado o pendão branco das canabravas. Por lá, nas beiras, cantava era o joão-pobre, pardo, banhador. Me deu saudade de algum buritizal, na ida duma vereda em campim tem-te que verde, termo da chapada. Saudades, dessas que respondem ao vento; saudade dos Gerais. O senhor vê: o remôo do vento nas palmas dos buritis todos, quando é ameaço de tempestade. Alguém esquece isso? O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega o silêncio põe no colo. Eu sou donde eu nasci. Sou de outros lugares. Mas, lá na Guararavacã, eu estava bem. O gado ainda pastava, meu vizinho, cheiro de boi sempre alegria faz. Os quem-quem, aos casais, corriam, catavam, permeio às reses, no liso do campo claro. Mas, nas árvores, pica-pau bate e grita. E escutei o barulho, vindo do dentro do mato, de um macuco - sempre solerte. Era mês de macuco ainda passear solitário - macho e fêmea desemparelhados, cada um por si. E o macuco vinha andando, sarandando, macucando: aquilo ele ciscava no chão, feito galinha de casa. Eu ri - ‘Vigia este, Diadorim!’ - eu disse; pensei que Diadorim estivesse em voz de alcance. Ele não estava. O macuco me olhou, de cabecinha alta. Ele tinha vindo quase endireito em mim, por pouco entrou no rancho. Me olhou, rolou os olhos. Aquele pássaro procurava o que? Vinha me pôr quebrantos. Eu podia dar nele um tiro certeiro. Mas retardei. Não dei. Peguei só num pé de espora, joguei no lado donde ele. Ele deu um susto, trazendo as asas para diante, feito quisesse esconder a cabeça, cambalhota fosse virar. Daí, caminhou primeiro até de costas, fugiu-se, entrou outra vez no mato, vero, foi caçar poleiro para o bom adormecer. 
O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente - ‘Diadorim, meu amor...’ Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim escorreu figurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apartado completo do viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas - como quando a chuva entre-onde-os-campos. Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim - que não era de verdade. Não era? A ver que a gente não pode explicar essas coisas. Eu devia de ter principiado a pensar nele do jeito de que decerto cobra pensa: quando mais-olha para um passarinho pegar. Mas - de dentro de mim: uma serepente. Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava.
O que sei, tinha sido o que foi: no durar daqueles antes meses, de estropelias e guerras, no meio de tantos jagunços, e quase sem espairecimento nenhum, o sentir tinha estado sempre em mim, mas amortecido, rebuçado. Eu tinha gostado em dormência de Diadorim, sem mais perceber, no fofo dum costume. Mas, agora, manava em hora, o claro que rompia, rebentava. Era e era. Sobrestive um momento, fechados os olhos, sufruía aquilo, com outras minhas forças. Daí, levantei. 
Levantei, por uma precisão de certificar, de saber se era firma exato. Só o que a gente pode pensar em pé - isso é que vale. Aí fui até lá, na beira dum fogo, onde Diadorim estava, com o Drumõo, o Paspe e Jesualdo. Olhei bem para ele, de carne ôsso; eu carecia de olhar, até gastar a imagem falsa do outro Diadorim, que eu tinha inventado. - ‘Hê, Riobaldo, eh, uê, você carece de alguma coisa?’ - ele me perguntou, quem-me-vê, com o certo espanto. Eu pedi um tição, acendi um cigarro. Daí, voltei para o rancho, devagar, passos que dava. ‘Se é o que é’ - eu pensei - ‘eu estou meio perdido...’ Acertei minha ideia: eu não podia, por lei de rei, admitir o extrato daquilo. Ia, por paz de honra e tenência, sacar esquecimento daquilo de mim. Se não, pudesse não, ah, mas então eu devia de quebrar o morro: acabar comigo! - com uma bala no lado de minha cabeça, eu num átimo punha barra em tudo. Ou eu fugia - virava longe no mundo, pisava nos espaços, fazia todas as estradas. Rangi nisso - consolo que me determinou. Ah, então eu estava meio salvo! Aperrei o nagã, precisei de dar um tiro - no mato - um tiraço que ribombou. - ‘Ao que foi?’ - me gritaram pergunta, sempre riam do tiro tôlo dado. - ‘Acho que um macaquinho miúdo, que acho que errei...’ - eu expendi. Tanto também, fiz de conta estivesse olhando Diadorim, encarando, para duro, calado comigo, me dizer: ‘Nego que gosto de você, no mal. Gosto, mas só como amigo!...’ Assaz mesmo me disse. De por diante, acostumei a me dizer isso, sempres vezes, quando perto de Diadorim eu estava. E eu mesmo acreditei. Ah, meu senhor! - como se o obedecer do amor não fosse sempre ao contrário... O senhor vê, nos Gerais longe: nuns lugares, encostando o ouvido no chão, se escuta barulho de fortes águas, que vão rolando debaixo da terra. O senhor dorme em sobre um rio?” 
Grande Sertão: Veredas - João Guimarães Rosa, 22ª edição (2019), p. 209-212. 
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thinkingjasico · 2 years
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O que você acha dessa ideia sobre a história do Riobaldo e Diadorim?
"Aquele sentimento nasceu justamente da capacidade instintiva dos corpos de se reconhecerem como desejosos um do outro. Diadorim era mulher. Riobaldo não sabia disso, mas seus poros, os aguçados sentidos internos de sua constituição corpórea sabiam."
Nossa eu acho que a história deles seria perfeita tirando isso. Porque eu poderia ver diadorim como um homem trans e o relacionamento deles seria um relacionamento gay. Mas isso acaba com essa ideia (ou é só homofobia internalizada talvez?). Tô curioso pra saber o que você acha
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migalhas-literarias · 6 years
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Travessia. 
“AMIGO MEU, J. Guimarães Rosa, mano-velho, muito saudar! Me desculpe, mas só agora pude campear tempo para ler o romance de Riobaldo. Como que pudesse antes? Compromisso daqui, obrigação dacolá… Você sabe: a vida é um Itamarati – viver é muito dificultoso. Ao despois de depois, andaram dizendo que você tinha inventado uma língua nova e eu não gosto de língua inventada. Sempre arreneguei de esperantos e volapuques. Vai-se ver, não é língua nova nenhuma a do Riobaldo. Difícil é, às vezes. Quanta palavra do sertão! A princípio, muito aplicadamente, ia procurar a significação no dicionário. Não encontrava. Pena o título: Grande Sertão: Veredas. Nenhum dicionário dá a palavra “vereda” com o significado que você mesmo define à página 74: “Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico. O resto pequeno é vereda.” Tinha vezes que pelo contexto eu inteligia: “ciriri dos grilos”, “gugo da juriti” etc. Mas até agora não sei, me ensine, o que é “arga”, “suscenso”, “lugugem” e um desadôro de outras vozes dos gerais. Tinha vezes que eu nem podia atinar se a palavra era nome de bicho vivente, plantinha ou coisa sem corpo nem côr nem coragem, abstrato que se diz, não é? Ou é? Ou será? Ainda por cima disso, você fez Riobaldo poeta, como Shakespeare fez Macbeth poeta. Natural: por que um jagunço dos gerais demais do Urucuia não poderá ser poeta? Pode sim. Riobaldo é você se você fosse jagunço A sua invenção é essa: pôr o jagunço poeta inventando dentro da linguagem habitual dele. O vocabulário dele já é riquíssimo, dá a impressão que não ficou de fora nenhuma dicção de seus pagos e arredores; aumentado com os neologismos, sempre de boa formação lingüística, ficou um potosi, nossa! A gente acaba tendo que entregar os pontos, nem que seja um Gilberto Amado. O diabo é que depois de ler você a gente começa a se sentir e cantar eu sou pobre, pobre, pobre, rema, rema, rema, ré. Só que acho que não precisava contar de um rojão só, como o Joyce do último capítulo de Ulysses, as 594 páginas da história de Riobaldo. Quantas horas levaria? Eu levei dias para ler. Ainda bem que você virgulou tudo, minudente. E o caso de Diadorim, seria mesmo possível? Você é dos gerais, você é que sabe. Mas eu tive a minha decepção quando se descobriu que Diadorim era mulher. Honni soit qui mal y pense, eu preferia Diadorim homem até o fim. Como você disfarçou bem! nunca que maldei nada. Amigo meu J. Guimarães Rosa, mano-velho, o menino Guirigó e o cego Borromeu são duas criações geniais. Aliás todo esse mundo de gente vive com uma intensidade assombrosa. E o sertão? O sertão é uma espera enorme. E o silêncio? O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega o silêncio, põe no colo. Tão deleitável tudo, nem que estar nos braços da linda moça Rosa’uarda, ou de Nhorinhá, de Ana Dazuza filha, ou daquela prostitutriz que proseava gentil sobre as sérias imoralidades. Ah Rosa, mano-velho, invejo é o que você sabe: O diabo não há! Existe é o homem humano. Soscrevo.”
Carta de Manuel Bandeira para João Guimarães Rosa sobre o Grande Sertão: Veredas, 13/3/1957.
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chiga666 · 3 years
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Estava pensando nesse livro hoje! Pensava em como o que eu sinto por ele é inexplicável. Em uma prova eu deixei um P.S. tentando explicar essa sensação maravilhosa. Em suma, escrevi que o amor que sinto por esse livro é inexplicável. Se compara ao amor que Riobaldo sentia por Diadorim. Amo esse livro como se ele fosse gente. Queria abraça-lo, beijá-lo... conversar com ele. Esse livro de fato é um indivíduo complexo e dotado de uma razão que transcende o conceito de vida. Uma amiga muito querida me indicou essa aula, por isso lhe sou grato @tsukishiro77 https://youtu.be/kP8yy5CGSdk #literatura #literaturabrasileira #guimaraesrosa #gtandesertaoveredas https://www.instagram.com/p/CQ2obn-nwTA/?utm_medium=tumblr
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helenisticaa · 3 years
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quando olho para este bordado eu enxergo a mancha que nele se formou quando, depois de pronto, na tentativa de apagar os riscos que ficaram no tecido, passei sobre os contornos a lápis uma escovinha com água e sabão. na embalagem dizia que a caneta era resistente à agua, mas a escrita que eu tinha feito, de maneira tão minuciosa para nada borrar, foi se dissolvendo fora do meu controle, já de cara na primeira escovada. vi uma letra estourar e, se esparramando, trazendo a próxima junto dela, tal qual uma onda faz no mar. larguei de pronto a escova, interrompi meu movimento. mas não funcionou. você sabe, água, se encontra brecha, passa, vaza e penetra onde for; não há contenção. o que eu senti naquele instante não sei nomear. urgência, desamparo, raiva, frustração?
eu paralisei. 
olhei para aquelas três primeiras linhas do meu presente. a realidade era a de que a fala de riobaldo sobre diadorim em “grande sertão veredas” estava, parte dela, deformada em terracota, e não tinha modo de reverter. me restou aceitar a imperfeição. recortei um pedacinho de outro tecido, reescrevi matematicamente na mesma caligrafia por cima dele, remendei o incidente, de modo que o que antes era estrago, transformou-se em retalho. uma camada outra. a mancha, se você olhar por trás, continua lá. e atinge em mim agora com outro significado: travessia. se um dia você ler esse livro de joão guimarães rosa, você vai ver que é disso que o narrador, riobaldo, fala quando diz que “o real não está no início nem no fim”.
esses bastidores todos eu conto para te dizer que enxergo nesse bordado a mancha que você pinta em mim. a travessia que você me proporcionou - me proporciona - nesse mundo que, cada vez se mostrando mais em camadas, transforma a mulher que helenística habita aqui. nesse ano atípico - não preciso comentar - eu me vi sim em momentos de urgência, desamparo, raiva e frustração. mas o que desfrutei ao sentir as manchas pelo outro lado, o que sinto agora, está em outra dimensão. o amor que em mim brota [todo dia] por você está em você; e em você independentemente. não importa onde você estiver, com quem você for se relacionar, o que você for comer, para onde irá viajar, eu quero que você seja sempre feliz. eu quero o teu bem, meu bem.
não sei se esse amor tem nome, ele é inédito para mim. (seria ele o que chamam de amor incondicional?). é um amor que não aprisiona, mas que liberta: a sua mancha aguada encontrou brecha em mim e penetrou de um jeito tão espontâneo, tão bonito e tão cheio, que eu me sinto transbordar.
te agradeço por me atravessar.
amo você,
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