Tumgik
drinkmyintensity · 3 years
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Superar.
v.t.d. Ter domínio de; vencer, subjugar, dominar, dobrar: superar a resistência do adversário. Fazer desaparecer; remover, resolver: superar todas as dificuldades.
Reli novamente esta manhã,
tentando entender o que esperam de mim.
Talvez eu devesse simplesmente seguir...
Mas as cicatrizes permanecem aqui.
E doem.
Arranha em meu peito saber que estás solto agora.
De relance, vejo tua foto.
O desconforto retorna.
Não há justiça ou paz.
E o adversário segue no páreo.
Do outro lado,
há apenas eu:
Sozinha.
Me sentindo novamente invadida.
Pouco lhe importa o mal causado.
Você segue em frente.
E eu fico para trás.
E para trás.
E para trás.
E vou ficando...
Até deixar de estar.
Me engasgo com todas as palavras não ditas.
E faleço pela falha tentativa de recuperar o ar.
Em meio ao clima fúnebre, pergunta-se:
Oh, pai! Por que desconsideraste a lei natural da vida?
Mas não o culpe.
Foram vocês que me enterraram aqui.
E me fizeram desistir de estar.
Talvez, 
em outra vida,
eu hei de superar.
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drinkmyintensity · 5 years
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ㅤ Essa é você. Você nunca imaginou que retornaria para este momento. Mas cá estamos de novo. Não é adorável estar só? Os mesmos olhos melancólicos de antes. Os dedos passeiam entre o teclado, em busca de palavras que pareçam ter algum significado. Achou mesmo que seria diferente? Você acredita e cai nas mesmas armadilhas. A espera de algo que nunca terá. Você nunca se cansa, não é? Doa, doa, doa... Até não restar mais nada de si. Patética. Quando vai se recuperar? Ele está indo, então comece a estar. Afoga-se nesse turbilhão de pensamentos. Aos poucos, vai deixando de acreditar... Deixando de lutar. Finge que não precisa de mais ninguém. Segue atuando, como se estivesse tudo bem. Você se permite, deixa a solidão te envolver. A abraça da mesma maneira que um filho abraça a mãe. Carente até pela escuridão que a envolve. Não há cura. Quanto mais tenta, mais se machuca. Pergunta-se quanto tempo vai demorar para aquilo ter um fim. Anseia pacientemente por ele... Mas ele nunca chega. E você está tão cansada.
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drinkmyintensity · 6 years
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Fantasma egoísta.
Anos se passaram desde que ele se foi... A noite tornou-se gélida, imersa em solidão. As memórias se enfraqueceram. Seu espectro tornou-se cada vez mais desvanecido. Mas ainda o venerava, como uma verdadeira divindade. A sua presença ainda a assombrava, despertando o que havia de pior nela: a incerteza. A sensação de nunca poder deixá-lo de fato para trás. Pendências. A porta permanece entreaberta. Mas apenas para ela. E enquanto ela fica lá, em um eterno limbo, a espera de algo que nunca virá. Ele segue para o seu latíbulo, sem sequer se importar. Talvez um dia, em um breve momento de coragem, ela também deixe de estar.
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drinkmyintensity · 6 years
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Nudes
Você nunca entendeu. E talvez jamais entenda o porquê alguns anseiam mais por fotos do que por toques. Talvez você tenha aversão desse tipo de pessoa, que é incapaz de enxergar o que tem de fato. Que não se satisfaz de verdade com os toques, os beijos... E prefere apenas observar.
E para esses observadores, eu vos digo: há coisas melhores. Experimente se entregar a algo real. Penetrar alguém, sentir aquele íntimo quente e molhado, pulsando de desejo por você. Note o quão prazeroso é observar de pertinho. Ouvir os gemidos abafados pela respiração ofegante. As palavras involuntárias, num misto de dor e desejo. Os mamilos ouriçados, roçando no teu peitoral enquanto ela cavalga sobre você. O suor escorrendo pelos corpos, exaustos, mas sem pretensão de parar.E os olhos revirando de tesão. Uma explosão de sentimentos, que jamais poderia ser captada em uma simples foto.
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drinkmyintensity · 6 years
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Você nunca foi perfeita, embora almejasse ser. Cometeu erros e acertos. Amou e foi amada, na mesma intensidade que foi odiada. Se esforçou, tentando ser o bastante para alguém que de fato não se importava. Ainda que dormisse e acordasse pensando nessa pessoa, desejando estar ao lado dela 24 horas, todo santo dia. Foi intensa até o último momento. Jogou o orgulho fora, só para tentar salvar o resquício do que desejava manter. E então um dia deixou de insistir. Aprendeu a aceitar. Parou de tentar argumentar ou de se culpar. Era hora de seguir.
Em meio a tanta mágoa, você finalmente se permite. Mesmo com medo, você se entrega. Volta a se despir das inseguranças, desejando que dessa vez seja diferente, que você seja o suficiente. Talvez você nunca tenha sido para a pessoa errada... Mas agora você é. Você sente.
Dessa vez, sente-se desejada de verdade. Aquele olhar de desejo a instiga. Por meses implorou por isso... E finalmente o tem. Um leve estranhamento surgiu. Afinal, como ele pode querê-la? E ainda a achar linda todos os dias... E desejar estar com ela todos os dias, na mesma intensidade que ela deseja. E estar. Independente dos afazeres e dos problemas, a pessoa deseja a sua presença. E a quer, com todos os erros e acertos. Entregou-se para ele de todas as maneiras possíveis. E continuará se entregando... Feliz em saber que finalmente encontrou alguém realmente feliz e satisfeito por tê-la em sua vida.
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drinkmyintensity · 6 years
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Relacionamento abusivo. Foi isso que você me disse, sugerindo que eu estivesse presa, mas você se esqueceu que eu já estive em um. E eu sei reconhecer outro. Advinha só? Eu acordei e notei quem era o verdadeiro abusador por aqui. Sugando as minhas forças, exigindo de mim o que eu não queria corresponder. E não importava o quanto eu me doasse, afinal, sempre poderia dar mais. Você nunca se contentou... Você queria tudo. Aos poucos eu fui sumindo, entregando o pouco que restava para você. E cada vez mais eu ia murchando, acreditando que era alguém ruim por não retribuir da forma que você queria. Por não ser como você esperava. E então você disse que sentia muito, mas dessa vez que não acredito. Você só está arrependindo pois não me tem mais nas suas mãos. E independente do que você diga... Nunca mais terá. E cada vez você me tem menos. Cada vez você me distancia mais. Você não desiste. Inicia o seu discurso sobre o quanto ninguém me amaria como você. Advinha só? Eu não preciso do seu amor. E eu não sou obrigada a amá-lo ou perdoá-lo. Pode continuar a contar sobre o quanto eu parti o seu coração, afinal, eu fui a única a fazê-lo. E mesmo que você signifique muito para mim, eu já não estarei mais aqui. Esconda a parte que você mentiu. Esconda que você traiu. Me torne a vilã. E eu finjo que acredito nessa merda que você chama de amor.
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drinkmyintensity · 6 years
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   Querido estranho, noite passada encontrei suas mensagens. Tenho algumas suspeitas, mas decidi ignorá-las, pois já não importa mais quem seja. 77 dias se passaram. E metade deles foram o suficiente para fazer com que eu me perdesse. Morte. Mágoas. Traições. Mentiras. Tudo contribuiu para o que eu me tornei. Então lhe apresento a nova eu. E acredite em mim, você não gostaria de conhecê-la. Tudo que ela faz é seguir, sem se importar no quão ferida ficará. Tornou-se ainda mais masoquista. Vive a vida no modo automático, sem aquela intensidade que ela costumava ter. E no final do dia ela deita a cabeça no travesseiro, almejando um propósito que a faça continuar. Peço que mantenha as suas expectativas sobre quem eu fui, apaixona-se por quem você quer que eu seja... Mas saiba que tudo que restou foi isso. Essa garota buscando migalhas de uma falsa paz de espírito. Não há perfeição. Tão pouco ambição. Subiu as poucas barreiras que lhe restavam, almejando proteger o resto de sua alma, antes que essa também ficasse para trás. Pois embora se preocupe com os outros, raramente lembra de se proteger. As pessoas ainda magoam, estranho. E se você tivesse oportunidade, também o faria. Pois não importa o quão bela seja a tua intenção, algo sempre acontece. Estamos sempre querendo mais... Nada é o suficiente para nós, não é mesmo? A casca esconde toda essa mistura de sentimentos e vontades que carregamos em nosso íntimo, esperando que ninguém jamais enxergue. Pois dificilmente alguém compreenderia a escuridão que carregamos. Há uma enorme gratidão pelos teus sentimentos, mas uma observação válida: eles não são meus. Você não pode amar algo sem conhecê-lo. Ainda assim, você insiste que me conhece. E em todos esses anos, eu apenas lhe mostrei o que eu queria que enxergasse. Eu apenas lhe disse o que julguei ser conveniente. E eu lhe convidaria para ver o que escondo aqui dentro, mas não faria diferença. Então eu guardo... E pouco a pouco vou sumindo, me afogando nesse mar de coisas que eu queria ter dito.
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drinkmyintensity · 7 years
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Pouco a pouco as dores viram água, viram memória. As memórias vão com o tempo, se desfazem. Mas algumas não encontram conforto, só algum alívio nas pequenas brechas da poesia. Você é a minha memória inconsolável, feita de pedra e de sombra. E é dela que tudo nasce e dança.
Elena
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drinkmyintensity · 7 years
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   Transformou a mente em um armário bagunçado, revirando as memórias em busca do primeiro sinal. A primeira recusa. A primeira ausência. No final das contas, nunca foi apenas coisa da sua cabeça. Era real. Observava as fotos que ele havia lhe dado, tentando imaginar a hora exata que seus toques deixaram de ser almejados. Você está me deixando ir... Em algum momento ele decidiu partir. E ele foi. Ironicamente ele a trancou do lado de fora, ainda que tenha sido ela a abrir a porta.     Recordava-se do dia que o deixou entrar. A primeira vez que verdadeiramente despiu-se das amarras. Deu-lhe tudo o que tinha de bom e ruim. Ouviu diversas vezes sobre o envelhecerem juntos... Agora estava parada no tempo. As noites já não eram mais as mesmas. O frio começou a tomar conta, se alastrando em seu peito. Foi deixada para trás. E lá ficou esperando por algo que a trouxesse um pouco de vida. Sentia-se como um zumbi, andando meio viva pelas ruas. Algo estava faltando. Um vazio se alastrou em seu peito.     A menina, que costumava ser tão intensa, tornou-se apreensiva. Perdeu sua essência. Era incapaz de se jogar nos braços de alguém novamente. Tornou-se uma garotinha assustada, receosa de que lhe roubassem o pouco que lhe restava. Lembrou-se do quanto implorou para que ele não a magoasse... E ainda assim ele o fez. Desejou ter tido alguém que realmente quisesse ficar, que não estivesse ao seu lado enxergando-a como um verdadeiro martírio.     Ocultou o que havia em seu peito e seguiu atuando. Cada vez mais dissimulada. Os toques, os beijos... Nada a tocava verdadeiramente. Mesmo depois de todo esse tempo, ela ainda estava ali. Recusando-se a aceitar o fato de ter sido usada, imaginando as cenas e consertando-as da melhor forma que podia.
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drinkmyintensity · 7 years
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The first. Recordou-se daquele dia e dos primeiros sentimentos que ele lhe trouxe. Ainda que o atraso fosse rotineiro em sua vida, culpou a insegurança. Após o abandono de F, era a primeira vez que alguém lhe despertava algo. Sentiu-se bem, menos solitária. Acabou nutrindo algo além do esperado. Indagou-se se ele também se sentiria daquela forma, embora não levasse fé naquilo. Ele era bom demais. Jamais pensou que haveria uma recíproca. Então o medo de ser rejeitada começou a se alastrar. Talvez, se nunca tivesse ido, não estariam tão fodidos. Talvez. Jamais saberiam. Assim que chegou na estação e o fitou, ela soube que aquilo seria um problema. Mas ainda assim, permitiu que ele entrasse em sua vida. E para a surpresa de ambos, algo floresceu. Mesmo diante de tantas diferenças, a paixão os envolveu. Ela o desejou por inteiro - corpo e alma. Ignorou cada defeito que pudesse incomodá-la. Riu. Chorou. Brincou. Amou. Foi amada. Embora tentasse, não soube controlar as expectativas. Almejou demais. Queria que ele a salvasse, sem se preocupar do quão pesado aquilo poderia ser. Recusava-se a aceitar aquela distância. Ironicamente, de tanto querê-lo por perto, acabou afastando-o. E mesmo agora, amando-o o suficiente para deixá-lo ir, ela ainda o queria. Ainda acordava pela manhã desejando ver seu rosto. Ainda tocava-se desejando que ele o fizesse. Nem mesmo suas noites estavam libertas daquela presença tão assombrosa. Tornou-se um fantasma. The last. Respire. Tentou lembrar a si, enquanto o ar fugia de seus pulmões. O choro compulsivo durou o resto do dia. Permitiu que a dor transbordasse de dentro de si, deixando seus orbes marejados por lágrimas. Observou a porta por horas, esperançosa que ele retornasse. Mas isso não ocorreu. Ele se foi. Ainda tentou pateticamente trazê-lo de volta. Expôs tudo que havia em seu íntimo, mas já era tarde. Tudo o que eles haviam sido desapareceu, deixando apenas duas pessoas fragilizadas, repletas por inseguranças, que poderiam ser amenizadas se os dois se permitissem. Arrependeu-se amargamente de cada erro. Olhou por outro prisma, buscando por alguma solução… Mas não havia. Antes mesmo do término, a infelicidade pairou sobre a relação. Mesmo quando ele estava ao seu lado, sentia-o ausente. A única coisa que desejava era ter a presença do rapaz ao seu lado. Porém, ao invés disso, a solidão voltou a abraçá-la como uma velha amiga. E embora tentasse fazê-lo entender, era inútil. Não o culpava pelo fim, reconhecia as falhas. Mas enxergava também cada deslize que os levou até aquele momento. Embora quisesse lutar para tê-lo de volta, finalmente notou que aquilo seria o melhor para ele. Recusou-se a magoá-lo novamente. Sabia que mesmo se fizesse algum esforço, os problemas permaneceriam. Então continuou seguindo o plano, fingiu que desejava aquilo, evitando reagir sobre a situação. Apenas desejou a felicidade do rapaz, ainda que colocasse a própria em risco para isso. Evitou pensar na dor que aquilo lhe traria, vivendo um dia de cada vez.
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drinkmyintensity · 7 years
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    Ele a fitou com aquele olhar vazio, ela sabia o que aquilo significava. “Corra!” Implorou para si, mas seu corpo parecia não compreender as próprias ordens. Paralisada. Permanecia da mesma forma há horas ─ encolhida no canto do banheiro, amedrontada. “Vá. Embora. Por. Favor.” Pediu a ele pela décima vez, mentalmente esgotada. A voz falhava, envolvida pela mágoa que transbordava em seu peito. As mãos permaneciam sobre a garganta, procurando algum vestígio de algo que ainda estivesse errado.     O soco sobre sua traqueia havia sido tão forte que resultou em alguns instantes sem conseguir respirar ─ foi nesse momento que notou o quão sério aquilo havia ficado. Chorou de soluçar assim que o ar retornou para os seus pulmões, pensou que ali seria o fim (o que não pareceu uma ideia desagradável). Ele se abaixou de frente para ela, acariciando seus fios loiros. Cada toque fazia com que a angústia em seu peito disparasse. Os soluços se intensificaram com a proximidade do rapaz. Não o reconhecia mais. Em algum momento, o rapaz gentil transformou-se em um verdadeiro monstro. Ele a olhava sem entender. “Sinto muito. Você me forçou a fazer isso.” Justificava-se, culpando-a mais uma vez por não satisfazer suas expectativas. Recusava-se a aceitar tudo que estava acontecendo. Nunca havia feito nada que a fizesse merecer aquilo, seu único pecado foi amá-lo intensamente. E ainda o amava. Por de trás de toda aquela armadura e das provocações destiladas por sua língua afiada, ela o desejava, mesmo que jamais admitisse. Ela precisou se escolher dessa vez, antes que fosse tarde demais.      Almejava ser livre. E era. Como um pássaro selvagem, recusava qualquer tentativa de ser aprisionada em uma gaiola. Até que ele apareceu e roubou isso dela. Se apaixonou de maneira breve e intensa. Uma paixão infantil, resultado de uma exacerbada idealização. Ele foi o seu primeiro. O primeiro toque. O primeiro namorado. A primeira transa. Talvez por isso se incomodasse tanto ao ver o que ele havia se tornado - ou melhor, o que ele havia escondido tão bem por de trás daqueles orbes amendoados -. Entregar-se a alguém - de corpo e alma - e receber isso em troca fez com que uma fobia de relações amorosas viesse a tona. Passou a se auto sabotar, recusando-se a aceitar qualquer tentativa de se manter feliz. Aos poucos, o sentimento que jazia no peito dela começou a se desmanchar. Tentou se afastar do rapaz, em busca da própria felicidade. Porém, ele se recusou a aceitar o fim. Ainda que fosse tarde demais, pois a chama havia se apagado. 
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drinkmyintensity · 7 years
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   Dissimulada. Deixou que ele entrasse, desatou as amarras. Abriu as pernas e as portas de sua vida. A imagem pueril foi desaparecendo. Fingiu não notar, tão bem quanto fingia gozar. Se contrai toda e se deita, fingindo exaustão, ainda que estivesse pronta para outra. E fingindo continua ali, enquanto vai deixando de estar. Os gemidos falsos abafam a distância das almas. A proximidade dos corpos já não lhe traz nenhuma sensação de paz ou conforto. Não há sentimentos. Tudo que lhe restou foi o resto. O resto do que já haviam sido. E do que se recusavam a ser. Insistiam naquele jogo, como se alguém fosse sair vitorioso.     Pouco a pouco, o tesão abre espaço para que a mágoa entre. Sorrateira, ela faz do peito da moça sua nova morada. Os corpos se chocam violentamente. Brigam entre si, irritados pela lembrança do que já havia sido. Os antigos afagos, os beijos… A única coisa que restou foram os tapas. Daqueles dado de mão cheia, provocando um misto de gemido e dor. Não havia mais afeto. Ansiava por algum toque acompanhado de ternura. Embora o tesão ainda se fizesse presente. O desejo a consumia, abafado por toda aquela dor.     E no meio daquele movimento de vai e vem, ela se foi. Agarrou-se nos trapos que restaram de si. Perdida, tentou se refazer. Quebrada, fingia estar nova. Renascendo das cinzas novamente, como uma fênix. Mas dessa vez renasceu gemendo, sendo invadida sem nenhuma ternura. E continuou ali, a espera de algo que nunca veio. Migalhas de afeição. Ao final, se aconchegava em seu peitoral, em uma tentativa frustrada de ignorar a distância. Insistente. Tentava derreter a frieza que o envolvia e falhava todas as vezes. Algumas pessoas eram mais intensas que outras. Discreta, deixou que os sentimentos transbordassem pelos olhos. Limpou os resquícios das lágrimas e voltou a mergulhar em toda aquela hipocrisia. Carpe noctem, ele lhe dizia.      Não havia vencedores. Era uma disputa desnecessária, sobre quem conseguia machucar mais o outro. Sentia um alívio ao enxergar a dor estampada na face do parceiro. Envolvia-se com alguém que a feria e gostava disso: pequena garotinha masoquista. A autoflagelação se tornou rotineira, uma espécie de passatempo. Os golpes desferidos em sua pele acobertavam as dores de seu peito. Castigando a casca para salvar o pouco que ainda havia ali dentro, se é que ainda havia alguma coisa.     No final do dia, uma nova despedida era feita, embora soubesse que de nada adiantaria. Voltaria a hora que ele quisesse, como uma cachorrinha obediente. Dançaria conforme a música, se assim ele quisesse. Submissa a todo aquele desejo. Estava aprisionada, vivendo uma eterna relação de amor e ódio. E gostava disso. 
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