Tumgik
#escrita criativa
cachorrodivagador · 4 months
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Sorrir nas dificuldades é um sinal de força, porque os fortes conseguem sorrir até mesmo no inferno.
— Jean (Cachorro Divagador)
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O abraço é o instante em que duas almas se falam sem o uso das palavras; o beijo é quando elas se tocam.
A.Christo.
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intensidadeworld · 2 months
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As vezes mesmo que você queira algo com toda a força do mundo, é preciso dizer Adeus...
porque Amar, também é deixar ir.
_intensidadeworld
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ilustre-miuca · 1 month
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Do meu pai para mim
Do meu pai
Eu herdei a alergia.
Os espirros incessantes,
Os olhos inchados
E os remédios em cima da penteadeira.
Do meu pai,
Não recebi a herança.
Não herdei o mal gosto,
E não mantive a sua prepotência.
Do meu pai
Eu ganhei a sua raiva do mundo
A lembrança da ausência
E a tristeza dos olhos.
Do meu pai
Eu ganhei de presente
O que eu não queria ganhar.
E agora,
Tenho dentro do meu peito
Um grande cavalo de troia.
Milca Batista
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aninhapimentel · 1 month
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Querido e amado coração..
Ando pensando muito em vc, queria saber como vc está
se recebeu a minha carta que lhe escrevi, se me perdoou e se ainda me ama... sei
que vc tá sempre ocupado pois são 24 hs na luta e não posso esperar mais do que isso, mais quero que saiba que mesmo sabendo que vc anda sempre ocupado não te esqueço, falo isso porque lembro que no nosso ultimo encontro lhe magoei e te fiz sofrer e nisso vc acabou ficando quieto, calado, pensativo e evitando novas emoções, então por saber disso tudo me sinto na obrigação de lhe procurar e saber como vc está.
Gostaria que me respondesse pois estou preocupado.
Deixo aqui meu amor por vc e lembrando que sem vc eu não vivo.
Espero que do fundo do meu peito esquerdo vc esteja bem.
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haruthinks · 1 year
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(descrição de imagem: retângulo azul claro tendo nas bordas duas formas geométricas arredondadas em um azul levemente mais escuro para decoração. uma foto de um óculos fechado com a escrita "haruthinks" embaixo indicando o autor do post. em seguida, o título da série "guia para escrever personagens cegos ou com baixa visão", seguido de uma linha para separar o texto do indicador da parte "parte 4: bengalas, cães guia e O&M (orientação e mobilidade). fim da descrição de imagem).
guia para escrever personagens cegos ou com baixa visão parte 4: bengalas, cães guia e O&M (orientação e mobilidade).
opa, aqui estou eu para a parte 4 da tradução desse guia escrito originalmente (em inglês) por mimzy cujo blog você pode acessar clicando aqui. já postei as 3 primeiras partes no meu blog, mas se esse post é o primeiro que você vê da série, você pode encontrar os outros 3 aqui:
parte 1: construção de personagem (link)
parte 2: escolha de narrativa, descrições visuais e verbais e interações sociais (link)
parte 3: clichês para evitar (link)
mimzy é uma pessoa com deficiência visual que está escrevendo seu próprio livro de fantasia, e ao decorrer de sua jornada na escrita já escreveu dois personagens cegos.
segue os famosos disclaimers: eu não sou uma pessoa cega e nenhuma das experiências trazidas nesse guia são minhas. esse post se trata de uma tradução de um guia escrito por uma pessoa cega. acho que esse tópico é de extrema importância, não apenas para aprender a como escrever personagens cegos de uma forma mais coerente e respeitosa, como apenas para saber mais sobre. digo aqui também que fiz essa tradução da forma mais fiel possível, mas caso haja algum termo incorreto, por favor, fale comigo! sem mais delongas, vamos a parte 4!
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a partir daqui começa a tradução. o guia foi escrito em primeira pessoa por se tratar muito das vivências pessoais de mimzy, então irei traduzir em primeira pessoa também. retorno a dizer que NÃO SÃO minhas experiências.
o que é orientação e mobilidade (o&m)
orientação e mobilidade (ou o&m) é a habilidade de entender e navegar pelo mundo com segurança e confiança, tendo perda de visão.
irei citar a definição do vision aware (portal online e gratuito que informa pacientes, parentes próximos e mais sobre possíveis tratamentos, além de mais informações).
orientação: se refere à habilidade de saber onde você está e para onde você quer ir. seja andando de um cômodo para o outro, andando no centro da cidade ou no shopping.
mobilidade: se refere à habilidade de se deslocar com segurança e eficiência de um lugar para o outro. exemplo: conseguir andar pela rua sem tropeçar ou cair em degraus de escada e mudanças de piso, como atravessar ruas e usar transporte público de maneira segura.
o&m pode envolver:
✓ aprender a como usar uma bengala e qual seria a mais adequada para você.
✓ se deslocar com segurança entre obstáculos utilizando sua bengala. isso inclui escadas, rampas, elevadores, calçadas irregulares e curvas, e também como andar entre uma multidão e entre móveis/mobília.
✓ aprender estratégias seguras para atravessar a rua.
✓ planejar rotas para destinos, sejam eles novos ou recorrentes.
✓ usar tecnologia como gps e aplicativos como uber.
✓ acessar o transporte público de maneira segura.
✓ como pedir ajuda quando preciso.
✓ como lidar com guias que enxergam (humanos).
um adendo a comunidade cega e seu relacionamento com bengalas
A Escola para Cegos Perkins (ou Perkins School for the Blind, uma renomada instituição estadunidense voltada para a educação de jovens e crianças com deficiência visual) estima que apenas 2 a 8% da comunidade cega conta com a bengala para se locomover. o resto depende na visão restante, cães guias e guias que enxergam. porém, estima-se que apenas 2% da comunidade cega se apoia em cães guias. e para conseguir um cão guia, a pessoa precisa passar pelas aulas de o&m e usar a bengala por 6 meses antes de poder se inscrever para ter um cão guia.
notas da tradutora: pesquisei como se dá esse processo no brasil e é bem similar, porém aparentemente não precisamos da etapa de utilizar a bengala por 6 meses. mas sim, é preciso realizar o treinamento de o&m, ter mais de 18 anos, ter condições financeiras e psicológicas para cuidar de um cachorro, e mais. você pode ler um pouco mais nesse portal oftalmológico aqui.
isso significa que 90% da comunidade cega não utiliza bengalas. eu não sabia desse dado até começar a pesquisar para esse guia, e esse número me assustou. sério, mesmo que eu já tenha me locomovido sem a bengala antes, eu não consigo imaginar voltar a não usar. mesmo que eu só precise da bengala em alguns momentos, eu não consigo não usar nas situações que eu realmente preciso. ter uma bengala facilitou muito a minha vida, além de deixá-la mais segura também.
eu não sei a que atribuir esses números. talvez aos conceitos de deficiência visível x invisível, capacitismo internalizado, ou o sentimento de "não ser cego o suficiente" para usar uma bengala. além de tudo, a acessibilidade e informação para a comunidade cega saber mais sobre, e também onde comprar uma.
como se aprende o&m? como meu personagem vai aprender?
seu personagem vai ter que encontrar um instrutor de orientação e mobilidade que vai ensiná-lo as habilidades pessoalmente. o instrutor de o&m é um adulto que enxerga e que possui um diploma de bacharel na área, além de passar pelo treinamento de o&m estando vendado, que geralmente possui um requerimento mínimo de horas para conseguir o certificado de instrutor (um programa exige 400 horas de treino de o&m vendado antes de conseguir a licença).
esse é o processo para se tornar um instrutor nos estados unidos, em outros países isso pode variar.
notas da tradutora: pesquisei sobre o processo de se tornar instrutor de o&m no brasil e devo dizer que não achei muita coisa. mas, pelo que eu vi, aparentemente o curso não precisa ser superior para conseguir a licença. posso estar errada, caso você saiba mais informações, favor comentar que eu insiro aqui!
para encontrar um instrutor de o&m, seu personagem precisa entrar em contato com uma escola, fundação ou instituto para cegos. é possível encontrar a instituição mais perto de você através de:
✓ pesquisas no google;
✓ indicação de um oftalmologista;
✓ ajuda de um assistente social;
✓ a escola/universidade pode tentar entrar em contato com alguma instituição por você.
infelizmente, não há uma abundância de escolas e fundações por aí, então a mais próxima do seu personagem pode ser bem longe. a mais perto da minha casa fica a 45 minutos de carro, para algumas pessoas pode ser até horas de viagem.
mas isso é, novamente, a minha experiência nos estados unidos. leve em consideração que é um país muito grande e tem um espaço maior entre uma cidade e outra. então uma viagem de 4 a 6 horas pode não significar muita coisa aqui (por mais que seja bem inconveniente para uma pessoa cega que não pode dirigir), mas em outros países, uma viagem de 6 horas pode significar cruzar várias fronteiras, além de que podem ter outros tipos de programas sociais.
notas da tradutora: esse último parágrafo se trata da experiência pessoal de mimzy, não minha. já disse antes, mas não custa repetir.
não existe um banco de dados completo com todas as escolas para cegos disponíveis, nem um site com todas as opções de locais possíveis. por exemplo, a escola que eu fui não estava listada na maioria dos sites que eu encontrei, mesmo que tenha 7 filiais em diferentes lugares.
isso é mais um desabafo sobre como é difícil encontrar serviços para pessoas com deficiência, tem pouquíssimos recursos que sejam acessíveis por aí. se você me perguntar, eu diria que já passou da hora de ser mais fácil entrar em contato com sua comunidade cega local. serviços de acessibilidade deveriam estar disponíveis de forma bem mais fácil e simples.
se a sua história se passa em um lugar real, então pesquise por "escola para cegos (cidade/estado/país)" e você deve encontrar alguma que seja na área.
o que uma escola para cegos pode dar ao seu personagem?
bem, além de ajudar o seu personagem a se conectar com um instrutor de o&m, uma escola para cegos pode oferecer outras aulas de reabilitação e também acesso a outros recursos. essas aulas de reabilitação podem incluir:
✓ aprender a escrever/ler em braile e também usar máquinas de braile;
✓ aulas de tecnologia com leitores de tela, lupas e etc no seu computador e celular (na minha escola há cursos separados para android, ios, etc);
✓ habilidades de independência (cozinhar, limpar, organizar, planejar compras de alimentos e medicações);
✓ cuidado próprio (dança, arte, música, defesa pessoal).
recursos adicionais nessas escolas podem incluir:
✓ encaminhamento para receber ajuda para lidar com a perda da visão;
✓ acesso a biblioteca de audiobooks e livros em braile;
✓ acesso a dispositivos para ampliação (como lupas) e máquinas de braile (tipo uma máquina de escrever, só que em braile).
algumas escolas oferecem um tipo de ensino fundamental e médio, onde as crianças e adolescentes cegos iriam aprender ao invés de uma escola comum.
algumas escolas também possuem alojamentos onde os estudantes podem ficar enquanto estão fazendo os cursos de reabilitação, especialmente se a perda de visão for repentina e severa. nesse caso, eles moram no campus e vão para as aulas. outras escolas vão oferecer apenas aulas, então seu personagem teria que encontrar um transporte para todas as visitas. várias escolas também possuem especialistas em reabilitação ou instrutores de o&m que podem visitar o aluno em casa.
minha escola tinha as duas últimas opções, aulas presenciais ou o instrutor iria de encontro ao aluno. como era uma viagem de 45 minutos de carro até lá e eu precisava que alguém me levasse sempre, eles mandavam um instrutor até a minha casa.
toda quarta de 15h ela dirigia até a minha casa para me dar aulas de como usar a bengala. essas aulas incluíam me levar para diferentes lugares para praticar certas habilidades (como usar escadas comuns e escadas rolantes no shopping, ou passar por um lugar movimentado, ir até um ponto de ônibus para aprender a pegar um de forma segura e a comunicação que eu deveria ter com o motorista para informar onde era minha parada.
ela também trazia vários tipos de bengala para que eu experimentasse e decidisse qual funcionava melhor pra mim.
os vários tipos de bengala
bengalas longas são utilizadas para tatear a área logo na frente do usuário enquanto ele anda. esse é o tipo de bengala que o público geral tem mais familiaridade. porém, há vários sub tipos de bengalas longas. elas também podem ser chamadas de bengala branca ou bengala de sondagem.
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(descrição de imagem: homem usando calça jeans andando na calçada com uma bengala branca e vermelha. fim da descrição de imagem).
"bengala branca" pode ser um termo impróprio por duas razões: primeiro, o conceito da bengala padrão para cegos pode ser diferente em alguns países. nos estados unidos, o padrão é uma bengala branca com a ponta vermelha. em uns países o padrão é a bengala toda branca e em outros países a bengala completamente branca pode significar que o usuário é cego, enquanto a bengala com a ponta vermelha significa que o usuário é surdo-cego.
a segunda razão é que algumas empresas como a ambutech permitem que os clientes customizem as cores de sua bengala. por exemplo: molly burke tem uma bengala rosa choque. a minha bengala branca tem uma ponta roxa. mas também podem haver bengalas completamente pretas, ou toda azul marinho, ou toda vermelha, etc. a ambutech também dá a opção para os clientes colocarem fita refletiva de cores neons nas bengalas para fazer com que elas sejam mais visíveis de noite.
"bengala de sondagem" não é um termo que eu já ouvi pessoalmente, mas é um termo utilizado pelo vision aware no site deles.
três tipos principais de bengalas longas
bengalas não dobráveis: uma bengala que não é dividida em seções, não pode ser dobrada ou desmontada.
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(descrição de imagem: homem de calça jeans com uma bengala não dobrável branca com o cabo vermelho. fim da descrição de imagem).
bengalas dobráveis: uma bengala que possui de 3 a 6 seções, dependendo do tamanho dela. quanto mais alta a bengala, mais seções ela terá. as seções são partes separadas que são feitas para serem unidas depois, elas são conectadas por uma espécie de corda elástica bem resistente.
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(descrição de imagem: uma bengala dobrável branca com a ponta amarela, com 5 seções. fim da descrição de imagem).
bengalas telescópicas: uma bengala onde as seções deslizam pra dentro uma das outras ao invés de serem dobradas, como um telescópio. a seção mais grossa é o cabo da bengala e a mais fina é a ponta.
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(descrição de imagem: três imagens, uma em cima da outra, de uma bengala telescópica azul. na primeira foto, a bengala está completamente retida. na segunda, as seções estão parcialmente pra fora. e na terceira, as seções estão completamente pra fora e a bengala está travada. fim da descrição de imagem).
além disso, também temos a bengala de identificação. a função dessa bengala é identificar o usuário como cego. não é utilizada da mesma forma que as bengalas longas são, pois ela não foi feita para tatear os próximos passos do usuário. porém, ela pode ser usada como uma bengala para apoio. por conta disso, ela é mais desejada pelos idosos, não apenas porque eles formam uma grande parte da comunidade cega, mas também porque seria benéfico uma bengala de apoio, assim também como uma bengala para identificá-lo como uma pessoa cega caso eles precisem de alguma assistência.
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(descrição de imagem: bengala de identificação com o cabo curvado. toda branca com uma ponta vermelha. fim da descrição de imagem).
observação: do que eu ouvi da comunidade cega, algumas pessoas preferem as bengalas sólidas/não dobráveis do que as telescópicas ou dobráveis. a razão para isso é que uma bengala não dobrável transfere vibrações melhor do que as outras duas. é dito que quanto mais seções uma bengala tem, menos precisas as vibrações serão.
alguns usuários de bengala se treinam para entender as vibrações da superfície que a bengala está tocando. isso diz a eles que tipo de superfície eles estão (madeira, concreto, mármore...), se tem algum objeto próximo à bengala, etc. pessoalmente, eu uso a bengala apenas para identificar a superfície que estou andando, ainda não tenho essa habilidade de o&m para conseguir identificar vibrações de objetos ou paredes próximas.
as vibrações da bengala são informações para somar aos outros sentidos sendo utilizados na locomoção.
partes da bengala: materiais, cabo, pontas, seções e elástico
material
os três materiais mais comuns são alumínio, fibra de carbono e fibra de vidro. cada material tem seus prós e contras.
a bengala ideal é leve e durável. ela precisa ser resistente o bastante para aguentar bater em algo sólido sem quebrar ou envergar.
✓ alumínio: é resistente e durável, porém pesado. se danificado, é mais provável que envergue do que quebre. uma curva pode ser endireitada, mas é preciso de uma força considerável.
✓ fibra de carbono: é leve e durável. é mais forte que fibra de vidro e, assim como o alumínio, é mais provável que envergue do que quebre.
✓ fibra de vidro: é leve, mas meio rígida. se quebrar, se estilhaça.
cabos e elásticos
enquanto algumas bengalas possuem materiais diferentes para o cabo (como plástico, madeira, cortiça...), o mais comum é um emborrachado preto com mais ou menos 25cm.
aqui está um exemplo de uma bengala com um cabo de madeira.
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(descrição de imagem: uma bengala dobrável com 4 seções, branca com uma ponta vermelha. possui também um cabo de madeira com um elástico preto ligado a ele. fim da descrição de imagem).
os benefícios do cabo de emborrachado preto é que é mais fácil de segurar, principalmente se suas mãos suam bastante. também não mostram arranhões e outras marcas de uso. creio que também devem ser mais baratos de serem produzidos, então, convenientemente, é o mais comum.
preste atenção no elástico preto ligado ao cabo na foto acima, percebe como tem tipo um nó "não amarrado" no final? ele serve para guardar a bengala dobrável, colocando todas as partes juntas.
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(descrição de imagem: uma bengala dobrável de 4 seções, dobrada e guardada com um elástico preto. fim da descrição de imagem).
outras funções do elástico incluem colocar no seu pulso enquanto usa a bengala, ou pendurar enquanto não está usando.
altura da bengala
a altura ideal da bengala vai depender da altura do seu personagem. para a maioria das pessoas, é preferível ter uma bengala mais ou menos da altura do ombro. talvez o seu personagem precise de uma bengala mais longa se anda mais rápido, com passos largos. ou uma bengala mais curta se prefere segurar a bengala num ângulo mais baixo que o normal.
o que quero dizer com segurar a sua bengala em um certo ângulo é que o mais usual é segurar a bengala na sua mão dominante e posicioná-la em frente do seu umbigo, movendo para um lado e para o outro conforme se anda. outros jeitos tradicionais de segurar a bengala seriam segurá-la com a palma da mão virada pra cima, ou até mesmo segurar na seção mais próxima do cabo como se estivesse segurando um lápis enorme.
dependendo da altura do seu personagem, a bengala dele pode ter entre 3 e 6 seções. a seção de cima inclui o cabo e a última, a faixa colorida (tradicionalmente vermelha, a não ser que seja personalizada), e por fim, a ponta.
as seções da bengala são geralmente meio refletivas, independente da cor. se você segurar uma bengala na luz, vai poder observar pequenas partículas de brilho refletidas ali, como um glitter bem fino. esse detalhe é bem importante na produção de bengalas, pois faz com que elas sejam mais visíveis de noite, principalmente se algo como um farol de um carro acaba refletindo na bengala enquanto a pessoa atravessa a rua. isso pode ser ampliado adicionando fitas refletivas através da haste da bengala, como dito anteriormente.
ponteiras de bengala
existem vários tipos de ponteiras para bengalas.
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(descrição de imagem: 4 tipos diferentes de ponteiras de bengala num fundo azul, com escritas. da esquerda para a direita: ponteira marshmallow ou cogumelo, ponteira roller, ponteira fixa e ponteira deslizante. fim da descrição de imagem).
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(descrição de imagem: uma ponteira marshmallow roller num fundo branco. fim da descrição de imagem).
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(descrição de imagem: uma ponteira bundu basher num fundo branco. para quem não está familiarizado com o nome, é uma ponteira longa e curvada que se assemelha a um taco de hóquei. fim da descrição de imagem).
notas da tradutora: eu não consegui de forma alguma achar o nome traduzido de bundu basher, perdão. não sei nem se esse tipo de ponteira existe no brasil, só sei que não consegui achar o nome em português.
algumas dessas ponteiras são melhores para o "método toc-toc", meio que sair dando batidinhas nos lugares onde você planeja pisar. também podem ser usadas para sentir o formato de objetos, escadas e etc.
✓ ponteira de marshmallow e ponteira fixa: essas não devem ser esfregadas nas superfícies, pois vão gastar muito mais rápido. existem ponteiras melhores para isso.
✓ ponteira roller, marshmallow roller e deslizante: essas são melhores para o método de rolar, que é o método que eu uso. elas não são boas para tatear com batidinhas, mas dá pra fazer em alguma emergência.
✓ ponteira bundu basher: a ponteira de taco de hóquei é melhor para pairar um pouco acima do solo e tocar de leve em objetos. ela pode dar batidinhas, mas não deve ser esfregada no chão como uma ponteira roller.
depois de usar muito, as ponteiras vão se gastar e vão precisar ser trocadas. as partes da ponteira com mais contato com o chão, geralmente as bordas, vão ficar arranhadas e eventualmente vão parecer que foram lixadas.
não tenha medo, as ponteiras da bengala podem ser removidas e trocadas quando gastam, sem necessidade de trocar a bengala inteira. algumas ponteiras se encaixam, outras se penduram como num gancho. você pode ver esse gancho na imagem da ponteira marshmallow roller.
ponteiras são vendidas por mais ou menos 5 a 10 dólares nos estados unidos, tirando o frete. então é indicado comprar várias ponteiras reservas junto com sua bengala. eu troco a minha ponteira (marshmallow roller) a cada 6 meses. não sei se isso é considerado muito ou pouco.
notas da tradutora: assim como tudo, aqui no brasil as ponteiras são mais caras. as rollers custam, em média, 40 a 50 reais na internet (fora o frete).
detalhes sensoriais/como é usar uma bengala
todo tipo de superfície tem uma sensação e um som diferente ao tocar ou rolar a bengala por cima. é essa diferença que diz muito sobre o ambiente que a pessoa cega está. isso informa quando você sai da calçada e pisa na grama, quando você entra em casa porque a superfície muda de concreto para madeira, carpete ou azulejo. esses pequenos detalhes também se tornam uma espécie de marcadores, sendo bem úteis para perceber os lugares pra onde se vai com frequência.
por exemplo: uma semana antes das aulas começarem, eu costumo ir até o campus e aprender todas as rotas que me serão necessárias. eu aprendi que alguns caminhos possuem rachaduras enormes na calçada que são distintas o suficiente para que eu use aquilo como marcador pra saber onde eu estava. também tinham alguns caminhos que mudavam de concreto para pedregulho, ou concreto para grama.
carpete
o som é bem suave, e se seu personagem estiver usando uma ponteira roller por cima dele, vai soar como um "swish-swish" bem quieto. os tons das batidinhas dependem do quão grosso o carpete é, quanto mais grosso, mais suave o som. se ele é muito grosso, as batidinhas quase não vão fazer barulho. mas se for muito fino, então o som vai ser mais alto, mas ainda discreto. se seu personagem rolar a ponteira no carpete, ele vai sentir uma certa resistência, pois o roller se move mais devagar em cima do carpete. quanto mais grosso e peludo o carpete for, mais resistência a ponteira vai ter.
piso de madeira
as ponteiras fazem um ruído quando rolando por cima de pisos de madeira. quanto mais lisa a madeira, menos ruído. há uma pequena vibração vinda da ponteira, passando pelo corpo da bengala e chegando até sua mão enquanto você rola por pisos de madeira. bem pequena mesmo, quanto mais sensível seu personagem for a vibrações, mais ele vai sentir. dar batidinhas faz sons mais "ocos" na madeira. às vezes soa meio estalado se você bater com força. as sensações são mais fortes ao dar batidinhas. madeira mais velha é mais suave, já as novas são mais fortes e causam mais vibrações na bengala.
azulejo
depende do tamanho dos azulejos e a largura do rejunte, mas não é um sentimento agradável. azulejos possuem rejuntes, que são aquelas pequenas "divisórias" entre um e outro. quanto menor os azulejos, mais "grosseiro" e óbvio o rejunte vai ser para uma pessoa cega, causando muita vibrações. a vibração de cada impacto vai direto para sua mão. o som é meio chiado, imagine 50 salto alto andando em um azulejo que você vai ter uma ideia do som. já azulejos maiores com rejuntes mais suaves não são tão ruins. dar batidinhas no azulejo com a bengala soa como um passo forte de um salto alto, cada batida um passo. pisos de azulejo são geralmente encontrados em banheiros, cozinhas e locais industriais onde o cômodo vai ter paredes mais rústicas (como mais azulejo, concreto, etc) e poucos móveis, então o som ecoa ainda mais.
linóleo
é uma superfície lisa e nivelada, dá a sensação da bengala estar deslizando quando a ponteira rola no piso, mal causa vibrações. os sons da rolagem são bem suaves pela falta de impacto ou textura. porém, os sons das batidinhas são um pouco mais altos. não são tão estalados quanto os do azulejo ou mármore, mas quase.
mármore
é parecido com o linóleo por ser bem liso. a bengala desliza enquanto rola. os sons das batidinhas são fortes. já que pisos de mármore são mais comuns em lugares mais chiques como shoppings, casas luxuosas ou escritórios, lugares que geralmente possuem tetos altos e paredes mais grossas com decoração mínima, os sons podem ecoar.
concreto
estarei me referindo a concreto de estacionamentos e prédios industriais, não de calçadas. vai depender do quão velho é o concreto e como ele é mantido. concreto velho com várias rachaduras e mini crateras tem uma sensação bem diferente de um concreto que foi colocado há menos de um ano. com concreto velho, há um ruído alto enquanto a ponteira da bengala rola pelas rachaduras e texturas do chão, e essas vibrações vão direto para a mão de quem usa a bengala. concreto novo tem uma sensação mais parecida com mármore ou linóleo. os sons das batidas são altos em concreto velho e mais agudos em concreto novo.
calçadas
são feitas de concreto, mas na minha experiência elas têm uma sensação um pouco diferente. calçadas tem uma superfície mais "areosa" ou "pedregosa", mais rústica, seca. tem mais vibrações quando rolando a ponteira e as batidinhas são mais altas. e, porque ficam do lado de fora, provavelmente você não vai ouvir nenhum eco ao menos que você esteja andando num beco ou entre dois prédios.
asfalto
é uma das piores superfícies, em minha opinião. asfalto é o material utilizado em estradas e é feito pra ser rústico e pedregoso para que os pneus dos carros consigam agarrar nele e não perder tração enquanto andam. quanto mais velho e danificado, mais grosseiro. por causa disso, as vibrações são muito mais fortes, às vezes é irritante. não consigo rolar minha bengala pelo asfalto porque minhas mãos não conseguem suportar essa intensidade de vibrações. os sons são ruídos maçantes. infelizmente, o asfalto é uma superfície inevitável, a não ser que seu personagem consiga descobrir um jeito de nunca ter que atravessar a rua ou andar num estacionamento.
observação 1: as linhas brancas ou amarelas que foram pintadas no asfaltado às vezes têm uma sensação mais suave por conta do material da tinta e porque foram adicionadas depois que o asfalto já estava ali.
observação 2: existe uma coisa vinda de uma empresa chamada tarmac que é similar ao asfalto e usada com um intuito parecido. são mais comuns no reino unido (eu acho), mas não sei dizer se já andei em um desses então não tenho nenhuma experiência pessoal para dar sobre isso.
cascalho
é outra dessas superfícies diabólicas. cascalho é feito de pedras soltas e é mais comum em estradas rurais, entradas de garagem e algumas paisagens. como as pedras estão soltas, se torna meio difícil de confiar. faz um som de trituração. se você rolar a bengala, é bem capaz de acabar jogando algumas pedrinhas e poeira por aí. se você der batidinhas, você vai ouvir um "crunch", mas talvez seu cérebro não acuse o cascalho de primeira, até você andar nele e perceber as pedras nas solas seus sapatos.
lascas de madeira
não tive nenhuma experiência com esse tipo de superfície depois da perda de visão, então estou usando minhas memórias de brincar em parquinhos na época da escola porque o chão do parque era de lascas de madeira. eu diria que esse piso é um híbrido entre cascalho e piso de madeira. a superfície é solta e rolar a bengala nele vai afastar algumas lascas soltas e também poeira. provavelmente soaria similar a andar na areia, eu acho, porque lascas de madeira são muito mais suaves que cascalhos, mas não tão consistentes quanto madeira. se choveu recentemente, então soaria ainda mais suave.
estradas de terra
são menos diabólicas que asfalto e cascalho. podem ser grosseiras como todas as estradas são, mas o material não é tão duro e sólido. rolar a bengala por ela vai soltar um pouco de poeira num dia seco, mas se choveu alguns dias antes vai ser possível ouvir um som mais suave enquanto a ponteira rola por cima da terra úmida. batidinhas também soaram bem suaves.
terra de jardinagem
é bem mais suave que a terra da estrada, quase não faz som e é facilmente espalhada pela ponteira quando rolada. tem um pouco de resistência, mais ou menos a mesma que em areia ou grama. batidinhas praticamente não têm som, mas talvez você sinta uma certa resistência da ponteira conforme ela "afunda" na terra.
lama
eca. só consigo imaginar isso entrando na ponteira da minha bengala e o quão nojento isso seria. o som e a sensação depende muito do quão molhada a lama é. lama molhada soa pegajosa, tem meio que uma sensação de apertar algo molhado se você rolar ou der batidinhas com a bengala. seu personagem talvez não identifique na mesma hora até começar a escorregar na lama enquanto andam, experiência própria. já a lama mais seca soa mais suave e tem uma sensação quase sólida embaixo da bengala. lama molhada tem mais resistência para uma ponteira roller, além disso, superfícies com lama são geralmente desniveladas pela camada de cima do piso ter sido movida pela lama. então é normal ter mudanças de nível quando andando principalmente em morros com lama.
poças
tem um som mais pegajoso ao rolar a bengala por cima, já se utilizar batidinhas, tem um som mais como um "splash". quanto mais funda a poça, mais alto vai ser o som e mais resistência vai ter. não gosto dessa textura/experiência.
neve
não tenho experiência com neve desde o começo do desenvolvimento da minha cegueira, então não sei como é andar sobre uma com uma bengala. gostaria que algum leitor cego pudesse me informar para que eu editasse depois. meu melhor palpite é que deva ter um som crocante, mas suave. ainda mais suave que o som de passos na neve. deve ter muita resistência e rolar a bengala por cima deve ser quase impossível, principalmente se é uma neve muito profunda ou muito condensada.
grama
um dos que eu mais odeio. tem muita resistência, é pior que um carpete gasto. é bem macio e não faz muito som, mas se está molhada você pode ouvir um "crunch" maior.
superfícies com folhas
esse depende de que tipo de superfície as folhas estão. elas iriam deixar o cimento mais suave, mas teria um som mais alto na grama. se as folhas forem grandes e curvadas, elas seriam mais fáceis de afastar com a bengala. já folhas menores e mais retas são mais difíceis. folhas mais secas vão fazer um barulho meio crocante embaixo da sua bengala. é divertido, se seu personagem for o tipo de pessoa que gosta de pisar em folhas de propósito então ele vai gostar. porém, se não consegue ver as folhas, talvez tire um pouco da diversão e se torne mais uma surpresa.
areia
eu nunca levei minha bengala para a praia porque a areia da praia é tão fofa e solta que já é difícil se manter em pé com um bom equilíbrio. a areia fica sempre afundando embaixo do seu pé, ao menos que você esteja perto da água e ela tenha deixado a areia mais firme. por isso, uma bengala não é muito útil na praia, sem mencionar que areia não é algo que você quer entrando nas articulações de sua bengala (se for dobrável), pois a areia corrói as articulações, sejam elas de plástico ou de metal. se eu levasse minha bengala para a praia, provavelmente faria um som extremamente suave de areia passando por cima de areia, parecido com as pegadas, mas provavelmente mais baixo porque uma bengala é mais leve.
nota: minha mãe me perguntou como é passar com a bengala por cima de cocô de cachorro ou de chiclete no meio da rua. não tenho como responder porque nunca aconteceu comigo, mas use sua imaginação!
a invenção do piso tátil
eles são incríveis! pisos táteis são aqueles retângulos amarelos ou cinzas com alguns "carocinhos" que você vê em rampas que vão dar em estacionamentos, ou antes de atravessar uma rua. em 1965, um engenheiro japonês chamado seiichi miyake usou seu próprio dinheiro para desenvolver um tijolo tátil que você pudesse sentir mesmo pisando com sapatos. ele fez isso porque um amigo estava perdendo a visão e ele queria ajudá-lo. essa invenção é incrível e acessível para todos, até mesmo para os cegos que não usam bengala ou cão guia. pisos táteis literalmente salvam vidas. antes de ter minha bengala, se eu sentisse um desses "carocinhos" embaixo dos meus sapatos, eu sabia que eu deveria parar imediatamente porque estava prestes a chegar na estrada. já que menos de 10% da comunidade cega usa bengalas ou cão guias, os pisos táteis são os apoios mais acessíveis disponíveis.
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(descrição de imagem: um retângulo amarelo de piso tátil localizado no canto da calçada informando que está próximo à estrada. também há uma pessoa com uma bengala branca com ponta vermelha, sentindo a textura do piso. fim da descrição de imagem).
nota: parecido com isso, a maioria das portas em prédios comerciais (ao menos onde eu moro) possuem uma placa de metal na entrada para segurar a porta no lugar, evitando rachaduras embaixo. o som e textura do metal quando passando a bengala por cima é distinto o suficiente para indicar a pessoa cega que chegaram na entrada da loja.
manias de cegos
tem uma sessão nesse guia sobre manias de cegos, mas essas vão ser focadas especialmente em bengalas.
→ não. toque. na. minha. bengala. não faça isso.
a ameaça acima vem do fato de que a bengala de uma pessoa cega é o porto seguro dela, uma extensão de seus corpos, seus olhos. muitas vezes a única coisa que vai garantir que vão conseguir chegar em algum lugar com segurança. por causa disso, pessoas cegas odeiam que toquem em suas bengalas ou cão guia (quando em serviço), sejam eles estranhos, amigos não muito próximos ou até alguns parentes.
nota importante: isso é algo universal para pessoas com deficiência, não toque seus objetos auxiliares de mobilidade, isso é abuso. tocar a cadeira de rodas de alguém ou empurrá-los por aí sem a sua permissão é abuso. mover a cadeira de rodas de alguém enquanto o usuário está em pé é abuso (a maioria dos usuários de cadeiras de roda não são paralíticos, mas isso não é da conta de ninguém). não importa se a cadeira de rodas está no caminho, a pessoa precisa dela ali, não toque. tocar ou pegar a bengala de apoio de alguém é abuso. pegar ou mover o andador de alguém é abuso. tocar o aparelho auditivo de alguém é abuso. tocar o tanque de oxigênio ou cânula de alguém é abuso.
voltando ao assunto...
→ ficar de bobeira com sua bengala enquanto espera na fila. eu geralmente apoio meu queixo na bengala ou me apoio nela.
→ girar e brincar com a bengala quando ninguém está vendo. eu nunca faria isso na frente de alguém porque eu não quero ninguém achando que é um brinquedo e que podem tocar nela.
→ andar com a bengala dobrável pendurada no pulso pelo elástico quando dentro de uma loja ou coisa do tipo.
→ manter a bengala ao alcance de seu braço o tempo inteiro, mesmo em situações onde você não precisa dela. por exemplo: se estou na sala de aula e preciso sair da minha mesa, eu levo minha bengala comigo mesmo que eu conheça minha sala o suficiente para não precisar dela. nunca deixaria na mesa (isso não se aplica a minha casa e na casa de alguns poucos amigos em quem confio).
→ ter um lugar específico dentro de casa para guardar a bengala. no meu caso, é em cima de uma cômoda antiga, na sala. se eu tivesse colegas de quarto, minha bengala ficaria dentro do meu quarto.
→ pessoas com bengalas dobráveis desenvolvem uma memória muscular de dobrar e desdobrar a bengala, então fazem sem nem precisar pensar nisso.
→ desdobrando a bengala: seguro o cabo preto entre meu polegar e a palma da minha mão, com meus outros dedos dobrados por cima das 3 sessões restantes, com a ponteira pra cima. eu tiro o elástico pela ponteira, afrouxo meus 4 dedos e rolo meu pulso para o lado oposto. com isso, a sessão vermelha desdobra e trava no lugar com a sessão vizinha. rolando o pulso para o outro lado, a próxima sessão branca consegue desdobrar e travar no lugar. rolando o pulso novamente e a última sessão vai travar no lugar.
→ às vezes eu apenas seguro o cabo preto e deixo as sessões desdobrarem sozinhas, mas esse método é menos controlado e tem o risco de bater em algum lugar ou em alguém.
→ dobrando a bengala: começo com o cabo preto, levantando ate que as "juntas" da bengala destravem. dobro, seguro as duas sessões na minha mão e levanto a segunda sessão, afastando da terceira, então dobro. segurando todas as sessões com minha mão, as destravo da sessão vermelha.
→ pessoas com bengalas não dobráveis gostam de apoiar suas bengalas em paredes ou objetos quando não estão usando. cantinhos são populares. mas a frustração quando a bengala simplesmente cai sozinha é um saco.
→ sentar com a bengala entre as pernas, tipo um cara que senta todo aberto. a ponteira da bengala fica apoiada em um lado do pé para manter a estabilidade e o corpo da bengala apoiado no ombro ou no joelho oposto.
→ uma alternativa a ficar com as pernas abertas é ficar com a bengala apoiada no ombro, a ponteira em cima dos dedos do pé, e segurada com as mãos, ou com o braço, ou o cotovelo.
nota: há um tempo eu estava procurando por fotos de alguém usando uma bengala para usar como referência em um desenho. só encontrei três e duas delas eram fotos promocionais do demolidor. sem ofensa ao charlie cox, mas ele não é cego e ele não usa uma bengala no dia a dia dele. ele não tem o relacionamento que alguém cego tem com uma e o conceito de um quinto membro, e é bem aparente. então as fotos eram inutilizáveis.
no carro com uma bengala não dobrável
→ carros com o assento do passageiro na direita: a ponta da bengala vai bem pro cantinho, do lado direito do pé, com o cabo preto apoiado no ombro ou no cinto de segurança. fica um pouco acima do encosto da cabeça. quanto mais longa a bengala, mais difícil vai ser guardá-la no carro.
→ mão inglesa (ou australiana, ou japonesa): a mesma coisa, só muda que ao invés de ser na direita, vai ser na esquerda.
→ banco de trás: horrível. tem bem menos espaço para os pés e se você está num sedan quase não tem espaço atrás do seu ombro para o cabo da bengala. coloco minha bengala na diagonal com o cabo apoiado no ombro mais perto da porta.
por causa disso, ninguém com uma bengala não dobrável vai querer sentar no banco de trás.
sobre cães guia
meu conhecimento sobre cães guia está limitado sobre o que pesquisei, pois não tenho nenhuma experiência pessoal com eles. irei dar aqui alguns fatos básicos. "Guiding Eyes for the Blind" estima que existem 10 mil duplas de cães guias + pessoa cega por aí. isso é tipo 2% da comunidade cega e com baixa visão.
o treino de um cão guia
o treino de um cão guia é o treino mais difícil para os cachorros. a maioria dos que entram no treinamento são "descartados" e ou vão para outro tipo de serviço como cães de terapia, ou viram cães familiares normais.
cães guia passam por dois ou três anos de treino, incluindo o treino como filhotes. socialização básica, comportamento adequado quando em serviço e o treinamento de guia de fato. a maioria de cães de serviço só passam de um ou um ano e meio treinando antes de começarem a exercer.
o custo médio do treino, manter e alimentar o cachorro, contas veterinárias e etc deve dar algo entre 30 e 40 mil dólares. embora algumas organizações de treinamento de cães de serviço exigem que a pessoa pague o custo do treinamento do cachorro (geralmente algo em torno de 15 a 30 mil dólares), existem organizações de cães guia que doam seus cachorros para clientes cegos e qualificados. essas organizações pagam pelos custos dos cães através de angariações de fundo e caridade. felizmente para essas organizações, cães guias são uma causa muito respeitada e têm muita caridade direcionada a ela, enquanto outros cães de serviço possuem menos interesse quando se trata de caridade.
organizações de cães guias possuem um processo de aplicação, requisitos e uma lista de espera antes que você possa ser pareado com um cão guia.
requisitos para se ter um cão guia
precisa ser legalmente cego e ter pelo menos seis meses de treinamento de O&M com uma bengala e demonstrar habilidades suficientes para andar por aí sozinho. também pedem que você seja responsável o suficiente para cuidar de um cachorro de forma independente, ou seja, ser capaz de manter a rotina de treinamento do cão assim como financiar a alimentação e contas veterinárias dele.
a razão pela qual exigem treinamento com bengala antes de ter um cão guia é porque o cachorro não pode fazer tudo por você. você, o dono do cachorro, é responsável por saber onde você está e como ir até onde quer chegar.
cachorros não conseguem ler placas de "pare" e nem identificar quando o semáforo está vermelho ou verde. eles também não possuem GPS para achar uma rota e nem irão aprender essa rota em uma só tentativa. também não vão saber exatamente pra onde você quer ir quando você diz "starbucks", "livraria" e te guiar. isso é sua responsabilidade, por isso você precisa saber quando é seguro atravessar a rua, como aprender novas rotas e como se manter nessa rota. o cão guia também não sabe se comunicar com motoristas de ônibus e não sabem qual número de ônibus usar ou quando pedir parada.
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wellasdiniz · 1 year
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POEMA: 11. A Mentira que Conto Para Mim.
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Ontem eu menti pra mim, disfarcei que não percebi. Em vez de enfrentar os meus medos, eu fugi.
Eu podia ter me pressionado, exigido a verdade, sem me esconder. Mas é mais fácil ignorar o que incomoda e seguir, sem me priorizar, sem me ver.
Agora pouco eu menti pra mim, tô viciado em me enganar.
Eu tenho consciência da minha verdade, mas vou deixando a mentira rolar. Eu quero ver até onde isso vai dar, até quando eu vou suportar.
Dizem por aí que a mentira tem perna curta, mas será que a verdade virá me encontrar? E se ela vier, para onde eu fujo além de mim? Terei que me encarar e enfrentar?
Eu já me acostumei com as minhas mentiras, elas até me fazem dançar.
Vivo em um mundo inventado, só meu. Orbitando em torno do meu eu.
Uma fábula criada, que me conto todos os dias. Uma vida inteira em segundos, antes de dormir.
Até que acordo e encaro as minhas verdades.
Um mundo de mentiras é fácil de construir, mas impossível de sustentar.
@wellasdiniz
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athaisandrade · 5 months
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(…)
Só queria poder voltar a ser como eu era antes com toda a ingenuidade que existia em mim, só queria que ele pudesse ser como ele era antes, antes mesmo de eu conhecê-lo, antes que o mundo o estragasse, agora só ficaram só os cacos de nós dois.
É uma prisão amar tanto alguém e não conseguir entregar o seu coração, no meio de muros e barreiras criada pelo tempo em que não nos conhecíamos, mas o meu amor não será passageiro, por você eu chorarei para sempre, vou manter sempre as memórias frescas na minha memória como farpas que dilaceram a minha alma.
Eu sei que em breve você irá me esquecer, mas de você também nunca esperei muita coisa, se hoje estou aqui foi porque eu escolhi, eu escolhi sofrer longe, e não perto, sempre tem dor, mas uma diferente da outra, espero te ver um dia, mesmo que seja de longe, só pra eu ter a nostalgia de quando eu ia te ver nos finais de semana.
Eu não me apaixonei por nada que eu criei de você, eu me apaixonei pela verdadeira pessoa que você é, eu sou como você e você é como a mim, dois monstros não poderiam se encontrar, e no final arrancamos o coração um do outro com as mãos.
Minha felicidade nunca estará completa porque você não está mais aqui, e não sei quantas mais eu vou escrever pensando em você.
- Thais Andrade.
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alteregoapollo · 1 year
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― 📌 ―
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✨ Por que VOCÊ deve ler "No próximo inverno" e "Beijos na esquina da Rua Cintilante" ✨
Um post informativo e atualizado!
― "O que são as historias?"
NPI e RC são projetos de paixão sendo escritos há mais de um ano cada.
O meu objetivo é espalhar a representatividade que eu não consumi enquanto crescia, sendo com personagens queer e neurodivergentes ou com esses mesmos personagens sendo brasileiros, vivendo em cidades reais do Brasil e constantemente fazendo referências ao nosso precioso Brasilcore.
Sem queerbait ou a fetichização de relações não-héterocis, tento trazer um slice of life sobre crescimento pessoal resolução de conflitos internos e uma historia de cura com personagens que estão longe de serem perfeitos!
Ambas as histórias trazem tudo citado acima, com o bônus de alguns projetos secundários, eastereggs e "AU's" espalhados durante (e dentro) da produção.
Continua lendo? Dá uma olhada nas sinopses pra especificar um pouquinho mais cada história!
― A sinopse de No próximo inverno
Maia, Daniel, Thiago e Leo, juntam-se ao longo dos anos na escola em São Paulo, Capital.
O grupo vive uma vida relativamente sem muitos problemas, ou pelo menos ao se observar externamente.
São os que encantam não só funcionários, professores e senhorinhas da secretaria, mas também todos os alunos com quem têm contato na escola que frequentam.
Aqueles que tocam na roda do intervalo, organizam pegadinhas e trazem um grill para fazer um belo misto quente no meio da aula.
Tudo anda bem até metade do primeiro ano do ensino médio, quando Leo desaparece misteriosamente e sua ausência é investigada tarde demais.
Para os três e todos os que o conheciam, Leo está morto.
Enterrado por uma grande camada de luto, culpa, "e se's" e a incerteza de onde realmente teria ido parar.
Cada um do seu jeito, lidam com o luto de formas diferentes,e assim a história vai se desenrolando num complexo de flashbacks, triângulos amorosos e piadas fora de hora.
🥇 Classificada como Destaque do mês de setembro (2021) na @WattpadLGBTQ-LP com mais três categorias de temas Queer! 🥇
― A sinopse de Beijos na esquina da Rua Cintilante
Amigos desde que poderiam se recordar com clareza, André, Giordano e seu irmão gêmeo 'Lê' traziam uma mistura de cores não tão harmoniosas.
André possuía no coração aquele verde esperançoso que nascia junto das plantas na primavera, em contraste ao azul profundamente melancólico de Giordano e roxo "meio a meio" que Lê carregaria em silêncio por anos.
Separados logo após completarem doze anos, um mês antes do primeiro natal que André passaria apenas na companhia de suas pelúcias, a história do mesmo universo de "No próximo inverno" acompanha as memórias de tempos felizes, ofuscadas pelo próprio passar do tempo.
Os verões correndo descalços no asfalto quente e lambendo o sorvete que escorria por entre seus dedos melados, tornariam-se apenas lembranças distantes e carinhosas, intensificadas pela dor da madrugada onde Ariadne teria roubado o carro de seu marido, carregando os filhos consigo para o mais longe o possível.
― Onde você pode encontrar as historias?
Por enquanto, estão disponíveis de graça no Wattpad, que pode ser acessado como aplicativo ou por navegador.
Eu planejo (se tudo der certo) um dia poder publicar essas historias, mas isso já é um sonho distante.
― Achou interessante?
Dê uma chance pras historias lá no Wattpad: @ Alteregoapollo_
⚠️ Nota-se que NPI, apesar de ainda estar em produção, vai ser inteiramente revisada após a finalização, tendo em vista que começou a ser escrita há mais de dois anos atrás!
Por isso, peço desculpas por qualquer inconveniência na leitura dos capítulos iniciais, já que a minha escrita evoluiu ao longo do processo de escrita de ambas as histórias ε-(´∀`; )
Não se esqueça de deixar seu 🩷 e 🔃, isso ajuda a divulgar o post, as histórias e, consequentemente, a minha paixão pelo que faço.
Obrigado por ler! (*´▽`*)💕
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angel-s2-blog2 · 8 months
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Você gosta de mim nos dias de semana. Gosta de mim no seu carro, te dando toda atenção e amor que você não consegue dar para si mesmo.
Você gosta de mim quando me beija, quando me toca, quando sente meu sorriso satisfeito contra seus lábios por finalmente estar recebendo minha dose de nicotina vinda da sua boca.
Você gosta de mim quando ouve "Ooh.. você conseguiu ficar com aquela garota? Deus, que sorte!"
Você gosta de mim quando eu finjo não entender de um assunto para que você se sinta mais inteligente do que eu me explicando como se eu fosse somente uma pequena tola — eu sou, por você, mas nós dois sabemos que você nunca foi mais inteligente do que eu.
Você gosta de mim quando eu rio das suas piadas que todo mundo ignora, gosta que eu o faça se sentir engraçado, visto, notado.
Você gosta de mim quando me deixa brava, gosta de me ouvir expressar tudo o que penso pelas minhas palavras muito bem calculadas ou pelas minhas feições transparentes e sinceras, você gosta de como é fácil me ler.
Porque você sabe nunca conseguirá ser assim. Transparente e sincero. Não comigo, não com os outros; mas consigo. Nunca terá a coragem que eu tenho de sentir o que eu sinto mesmo quando dói,mesmo quando queima, mesmo quando mata, nunca terá a bravura de me sentar frente a você e dizer, e pedir, e implorar por mais — até para ser patética é preciso coragem, não é mesmo? — Você diz que não gosta de mim o suficiente para algo, mas toda a sua família sabe da gente. Seus amigos evitam olhar nos meus olhos com a desculpa de que não querem te machucar e você me olha com curiosidade, desejo e afeição e...e você demostra morrer por dentro com a ideia de que desejo outra pessoa.
Você deseja todo o meu desejo porque te faz se sentir desejado.
Por um tempo, achei que só ter você nos dias de semana era o suficiente. Querer era o suficiente, para aquietar minha solidão devoradora, para saciar minha alma faminta e ansiosa por um amor que eu sempre achei não merecer. Mas não são. São mentiras cruéis que eu invento para mim para então ser capaz de lidar com a sua crueldade fantasiada de inocência! Com as suas mentiras fantasiadas de sinceridade!
Você finalmente me deu AQUELE motivo pra partir, e ironicamente é justamente não me deixar ir. Despretensiosamente cruel, eu diria. E então, aqui eu anuncio:
Maldito seja o livro inexistente que eu me permiti escrever! Maldita seja a fogueira de ilusões inexistentes que não queimou minhas palavras existencialmente fantasiosas — na verdade, as alimentou, com existentes e — quase — eternas esperanças.
Maldita seja minha mente sonhadora e criativa que mesmo depois de tudo, continua deixando você passar pela porta e adentrar nas minhas paredes como uma erva daninha, como um parasita. Maldita seja minha paixão pelas histórias que nunca serão escritas, ahhh... Como eu queria que fossem escritas!
Maldita seja a existência de um coração sedento, vívido e esperançoso batendo fortemente dentro do meu peito.
Maldito seja meu livro de histórias; que segue vazio.
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cachorrodivagador · 3 months
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Os fortes não são temidos e respeitados por nunca chorarem ou reclamarem, mas sim porque quando param de chorar ninguém consegue parar eles, só conseguem sair do caminho.
— Jean R. Gattino
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Na curva suave de teu quadril
Delineio meu território:
Reinvento um novo tempo de floração.
Penetro
Entre os traços desta vertiginosa
Confluência de desejos,
Renasço poesia ,vida , inspiração...
Dentro de ti encontro
Um novo tempo para os sentidos;
Nova leitura para meus sentimentos.
A.Christo.
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bia-sa · 6 months
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MENTORIA DE ESCRITA CRIATIVA
- Para projetos não terminados
- Para quem quer aprender a escrever
- Para quem quer melhorar a escrita
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A mentoria de escrita criativa é um serviço que estou oferecendo, afinal estou desempregada e preciso ajudar a pagar as contas de casa. Contigo, eu vou:
- Para quem tiver com um projeto não terminado de ficção, eu ofereço uma leitura crítica do material já escrito, incluindo anotações de ideias.
- Te ajudo a criar metas realistas e criar uma rotina para você atingi-las e terminar seus projetos.
- Te ajudo com outline e brainstorms, independente de qual tipo o seu processo criativo é.
- Caso seja necessário e/ou desejado, te darei aulas de escrita criativa semanalmente. Com exercícios e teoria de narrativa. Tudo adaptado ao que você quer e precisa.
- Acompanhamento semanal dos seus projetos.
Extra: análise crítica de textos terminados.
O pagamento é mensal e, pela quantidade de coisas que estou oferecendo, o preço é 250 reais
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Tá, mas quem eu sou?
Meu nome é Bia Sá, nasci em 28 de novembro de 1995. Sou formada em Letras – Produção Textual e pós-graduada em Literatura, arte e pensamento contemporâneo, pela Puc-RJ. Dou aulas de escrita criativa desde 2019, pesquiso sobre escritoras mulheres e, de vez em quando, escrevo crônicas, poesias e artigos sobre escrita e literatura para o médium e para o substrack.
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Escrevo space opera, hopepunk, fantasia épica, mulheres LGBTQIA+ protagonizando aventuras em qualquer lugar, em qualquer tempo, sempre com bastante drama e questões pessoais. E tbm escrevo poemas, crônicas e ensaios. Ah, e, aparentemente, voltei a escrever fanfics de Percy Jackson.
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PROJETOS PUBLICADOS:
Uma rachadura entre nós (2021):
Uma mulher cede ao pedido de três adolescentes e conta a história de como suas mães se conheceram. Uma história de mundos paralelos, duas melhores amigas e um amor não correspondido. Uma história que começou quando um aplicativo de socialização interdimensional foi criado e a Terra deixou de ser uma.
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Essa noveleta faz parte da coleção Espectros de roxo e cinza, uma coleção com protagonistas assexuais e escrita somente por escritories ace.
Para conhecer um pouco mais sobre esse projeto.
Na tempestade vermelha (2023):
A minha publicação mais recente é também sci-fi, dessa vez escrito para a antologia Sai-fai: ficção científica à brasileira, organizada pelo Museu do Amanhã.
O meu conto se chama Na tempestade vermelha. Em formato de podcast, Ruby conta a história de como sobreviveu à maior tempestade de Júpiter.
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Palavras inacabadas (2023 - atual):
Essa é a minha newsletter no Substrack. Lá, escrevi e publiquei crônicas às 18h, aos sábados. No momento, estou reformulando as ideias para ela, por exemplo, quero muito escrever uma coluna sobre Bullet Journal e uma sobre crítica literária feminista, além de manter as crônicas, só mudar a periodicidade.
Enquanto isso, você pode ler o que já está lá.
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Você tbm pode me encontrar:
- Instagram
- Twitter
- Youtube (tem uns vídeos que eu editei lá)
E é isso... Sintam-se à vontade para me chamar no privado para conversar sobre a mentoria ou sobre qualquer outra coisa XD
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intensidadeworld · 6 months
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O que sou agora são apenas fragmentos de uma criança inocente que um dia foi feliz. mas que conheceu a dor cedo demais, escureceu os olhos e fechou o coração para todo o sempre.
_intensidadeworld
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teceladashistorias · 2 years
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Como descrever cenas sem entediar seus leitores
A descrição de personagens e dos ambientes são pontos importantes para a constituição de um livro, talvez por isso sejam os que mais dão trabalho para os autores. Muitos se perguntam o quanto deveriam descrever as situações para que os leitores possam entender bem o que está sendo passado, já que se escrever demais fica muito entediante de ler, mas se escrever pouco a cena parece incompleta.
Há tipos narrativos que é ilógico manter muitas descrições, devido a forma como o texto é estruturado, como contos e poemas. No entanto, para a criação de um livro, o equilíbrio entre descrever e imaginar deve ser levado bastante em conta.
O importante é saber como descrever, como você pode tomar uma cena sem levá-la aos extremos. A descrição deve ser fluída o bastante para que o leitor não se sinta exausto ao procurar absorver aquelas palavras, mas densa o suficiente para que não pareça que foi feita de qualquer jeito.
Em alguns tipos de livros é comum encontrarmos esse tipo de apresentação de personagem, por exemplo:
Olá, meu nome é S/N. Tenho pele morena, 1,60 metros e por isso todo mundo diz que estou mais perto do inferno. Olhos azuis e cabelo castanho, sou nem muito cheio e nem muito magro, já falei que sou órfão? Pois é…
O exemplo não é um erro por si, mas a forma que foi construído é um pouco mecânica e pode chocar alguns leitores. Há formas melhores de apresentar seu personagem sem quebrar com a narrativa e forçar seu leitor a formar uma imagem naquele momento.
Vamos usar o mesmo exemplo e descreve-lo de forma mais natural:
Dezesseis anos atrás eu nasci, e meus pais tiveram a brilhante ideia de me chamar de S/N. Não faço ideia do porquê desse nome… Talvez meus olhos azuis lembrem minha mãe do seu antigo irmão, que tinha as íris da mesma cor. Talvez eles decidiram que esse nome tinha um significado de alguma forma. Não posso perguntar para eles… Já que passei minha vida inteira morando em um orfanato. Posso apenas imaginar, se minha pele morena veio da minha mãe ou do meu pai, se meus cabelos escuros lembravam algum avô, se eles me deixaram porque não se importavam ou se era por me amarem tanto que queriam me dar uma oportunidade melhor.
Bem, tudo o que realmente tenho deles é meu próprio nome.
Perceba que nesse exemplo mais aprimorado não temos apenas a descrição do personagem, mas que ele também está conversando com o leitor, se abrindo e expondo levemente sua personalidade. O leitor se torna uma parte ativa da história sem nem ao menos perceber, pois há um significado em ouvir aquele desabafo.
No primeiro exemplo, apesar de ser mais curto e direto, é como se o personagem estivesse fazendo uma entrevista de emprego para o leitor, e apresentando apenas suas características físicas, enquanto no segundo exemplo há um diálogo silencioso. O leitor assume o papel de confidente do personagem, aquele que pode entender seus segredos, desejos em inseguranças.
O mesmo pode acontecer com cenários, é diferente escrever:
O céu estava azul, o carro que me levava para a escola era uma van branca e amarela e no caminho eu vi a senhora Tonks tentando tirar seu gato da árvore. Sou muito distraída.
E escrever:
Quando eu saí de casa olhei para o céu limpo de nuvens, apaixonada pelo seu brilhante azul. A antiga van amarela e branca buzinou para chamar minha atenção e caminhei para ela a passos apressados, entrando pelas portas quase que enferrujadas e procurando meu acento livre. Consegui sentar perto da janela, por sorte, e quando o veículo começou a andar eu fiquei distraída com meus fones de ouvido, imaginando cenas em minha mente conforme olhava para o exterior em movimento.
Só tome muito cuidado para não estender demais, cenas maiores do que isso acabam tornando tudo mais cansativo para os leitores, e eles irão sentir a necessidade de pular alguns parágrafos que consideram desnecessários. Assim, todo o seu trabalho terá sido em vão!
Vou mostrar o mesmo exemplo anterior, descrito em exagero:
Quando eu saí de casa olhei para o céu limpo de nuvens, apaixonada pelo seu brilhante azul, os raios do sol quase me cegaram, mas eu não me importei. Estava praticamente hipnotizada pela beleza do ciano brilhante e natural acima de mim. A antiga van amarela e branca buzinou para chamar minha atenção, com o mesmo motorista de sempre, o senhor O’conell fazendo uma careta enquanto olhava para mim pela janela. Caminhei para o veículo a passos apressados, entrando pelas portas quase que enferrujadas, evitando me cortar com elas, e procurando meu acento no meio daquele oceano de adolescentes irritantes que não paravam de conversar alto. Consegui sentar perto da janela, por sorte, e quando o veículo começou a andar eu fiquei distraída com meus fones de ouvido que tocavam um metal pesado, imaginando cenas em minha mente conforme olhava para o exterior em movimento, como uma vizinha velha presa ao tentar tirar seu gato de uma árvore, será que ela se apaixonaria pelo bombeiro gostosão?
Perceba como o mesmo exemplo de 3 linhas conseguiu ser transformado de formas diferentes com apenas um pouco mais de imaginação. Mas saiba que: tanto a falta quanto o excesso fazem mal.
Um leitor corajoso até poderia ler o maior parágrafo e se divertir, mas raramente são aqueles que conseguem acompanhar o ritmo se a história for muito extensa.
Uma ação tão simples como entrar em uma van para ir até a escola não merece uma descrição detalhada. Apenas que seus pontos sejam apresentados sem quebrar com o ritmo da narrativa já estabelecida. Você quer capturar seu leitor e deixar que a mente dele imagine o caminho, e para isso apresente apenas alguns detalhes essenciais de maneira fluída. Não cite personagens que só vão aparecer uma vez na história, não é necessário inserir o nome de alguém que logo será esquecido. A personagem também pode adorar o azul sem parecer uma louca hipnotizada, e você consegue apresentar uma personalidade distraída sem exagerar, apenas focando em alguns pensamentos básicos.
Encontrar um ponto de equilíbrio entre fala, descrição e descrição excessiva é essencial. Não é sempre que acertamos, por isso todo livro precisa ser revisado e editado.
Uma organização de cartões com as principais características dos seus personagens e cenários vai te ajudar melhor a saber o que realmente precisa ser posto em seu livro. Conheça seus limites e saiba qual o melhor estilo de escrita para você, isso ajudará sua história a se desenvolver e seus leitores terão apreciação pelo esforço.
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aninhapimentel · 2 months
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Quando coloco o que sinto numa folha de papel percebo que ali me sinto mais segura sobre o que se passa dentro de mim.
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