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joseabraoportfolio · 6 months
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10 restaurantes para conhecer em Gramado
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José Abrão Goiânia – Que Gramado (RS) é um dos destinos turísticos mais famosos e românticos do Brasil já é de conhecimento geral. Naturalmente, a cidade abriga centenas de bares, restaurantes e cafés: são 384, para ser mais exato. Se destacar em meio a um universo tão vasto é a parte mais difícil. Separamos aqui algumas sugestões para todos os gostos e todos os bolsos: das tradicionais cantinas e chocolates artesanais até chopes e o famoso xis gaúcho; confira: Cantina Pastasciutta Com 42 anos de tradição, a Pastasciutta agora tem duas unidades na cidade, mas recomendamos a que fica de frente para a rodoviária, por ser a mais antiga e charmosa. O local é todo pintado nas cores da bandeira da Itália e você vai encontrar nas suas paredes internas mensagens, assinaturas e rabiscos dos milhares de turistas que passaram por lá ao longo dos anos. Quando as paredes estão cheias, eles repintam e começam de novo. O carro chefe da casa é um prato com três medalhões de 150g de carne servidos com molho de quatro queijos. Mas o cardápio é enorme e variado, sempre com uma ou duas novidades, como a deliciosa codorna com conchiglione. As opções podem ser desfrutadas com um dos vinhos da adega ou com um dos vinhos da própria casa. Um prato muito bem servido e que dá tranquilamente para duas pessoas sai por cerca de R$ 250.
Nonno Mio Do outro lado da rua da Pastasciutta está o Nonno Mio, também com mais de 40 anos de história. O principal atrativo da casa é o rodízio de galeto: você pode comer à vontade não apenas o galeto, mas diversas massas, acompanhamentos e entradas, como a deliciosa sopa de capeletti e a ainda melhor maionese caseira feita sem ovos. Tudo isso sai por R$ 130 por pessoa, o que é efetivamente barato para Gramado. Caso não esteja com tanta fome, também estão disponíveis outros pratos, incluindo galetos individuais, que custam cerca de R$ 80 e servem tranquilamente uma pessoa.
Restaurante Höppner Com 63 anos no mercado, o Hotel Rita Höppner foi pioneiro na hotelaria e turismo no município e assim também foi seu restaurante. O local exala o charme do passado no seu estilo e acabamento e tem a oferecer aos clientes o melhor da culinária alemã. A principal oferta é o festival alemão que custa R$ 195 mais 10% por pessoa com reposição à vontade. São servidos na mesa pretzels, chucrute, salsichas alemãs, spätzle, zürcher de filé e legumes. As opções de prato principal são: pato ao molho de frutas vermelhas, Schnitzel com cogumelos serranos e o famoso eisbein (joelho de porco) com apelstrudel de sobremesa. Há também opções de pratos individuais, incluindo o próprio eisbein, que sai por R$ 92.
La Caceria Se você quiser experimentar algo realmente diferente e único, só podemos recomendar o La Caceria, restaurante especializado em carnes de caça há 25 anos. Aqui você poderá desfrutar de deliciosos pratos com carne de avestruz, faisão, coelho, javali, perdiz, jacaré e mais. Entre os destaques do cardápio estão marreco ao chocolate, bife Wellington de avestruz, faisão ao molho de champignon e jacaré recheado com pinhão e queijo brie. O local é todo decorado como uma cabana de caça, possuindo diversas armas históricas e reais nas paredes. Há também uma enorme variedade de vinhos e até mesmo de charutos, incluindo sucessos como Hoyo de Monterrey, Partagas Double Corona e Cohiba Robusto. Como é de se esperar, este menu mais diferenciado sai mais caro, com pratos individuais que custam cerca de R$ 250.
Cucina Boniatto Se você quiser uma experiência mais pessoal e intimista, a família Boniatto está pronta para te receber: Luiggi, Jonas, Miriam e Khananda recepcionam os clientes apenas por meio de reservas e cozinham e atendem as mesas de forma pessoal e informal. É quase como fazer uma refeição na casa da nonna! Além disso, as massas artesanais da casa são deliciosas e todas harmonizam perfeitamente com um vinho recomendado por Luiggi e que cabe no seu bolso. Um prato muito bem servido para duas pessoas sai entre R$ 100 e R$ 200.
San Tao Serra e Mar Para quem quer experimentar algo que não sejam massas, o San Tao Serra e Mar oferece uma variedade de pratos especializados em frutos do mar. Há também opções de carnes, mas recomendamos a deliciosa lagosta ao molho de mandioquinha com cogumelos ou, se não, a principal atração da casa: a parrillada de frutos do mar para duas (R$ 469) ou quatro pessoas (R$ 769). Para duas pessoas, o prato oferece uma espetada de camarão, um churrasco de salmão, polvo em brasas, peixe do dia e como acompanhamentos mix de cogumelos, legumes defumados e batatas ao murro. Para beber, o destaque é o cardápio especial em parceria com a Johnnie Walker, com drinques próprios usando o famoso uísque.
White Fly Supondo que você já se cansou de alta gastronomia e agora só queira tomar uma cerveja, comer um petisco e relaxar: temos o lugar perfeito. A especialidade do White Fly é um mix com 10 torneiras de chope artesanal de marcas produzidas na região da Serra Gaúcha. Para acompanhar, há opções de hambúrguer, pizzas, carnes defumadas e muito mais. Os preços também são camaradas, especialmente para Gramado, com a conta fechando abaixo de R$ 100, dependendo do quanto você quer comer e beber.
Capannone Sud A cidade de Gramado também está cheia de cafés, mas vamos recomendar a Capanonne Sud, que fica próximo à famosa rua coberta, bem ao lado da tradicional Casa da Velha Bruxa. O local fica aberto o dia todo e oferece um menu variado, todo produzido na casa, incluindo croissants, pizzas, bolos, tortas e até gelatos. Recomendamos fortemente os chocolates quente e o gelato. O preço também é bom para a região e para a variedade ofertada: dá para fazer um lanche caprichado e delicioso por R$ 50.
Miroh! Chocolateria Gramado também é uma cidade cheia de chocolaterias artesanais deliciosas, mas a grande maioria delas foram compradas e começaram a produzir em escala mais industrial. Caso você queira uma experiência mais artesanal e, melhor ainda, assinada por um chef, a sua melhor opção é a Miroh!. O premiado chocolate artesanal traz o nome do chef Ricardo Campos Raudenberg e o local também oferece um delicioso croissant e um chocolate quente. Há uma unidade no centro, mas recomendamos a que fica de frente para o Lago Negro para você desfrutar de uma bela vista enquanto aprecia seu chocolate. Os produtos são caros, mas ficam em valores próximos aos das chocolaterias maiores de Gramado, com uma barra de chocolate 42% de 80g saindo por R$ 29,90.
Gnomo Lanches Como um grande apreciador do pit dog goiano, você também pode conhecer o primo gaúcho do nosso podrão no Gnomo Lanches. A lanchonete popular oferece uma enorme variedade do famoso xis gaúcho, versão sulista do pit dog igualmente recheado. Para acompanhar, sugerimos coisas leves, como a torre de batata frita e o chope por litro. Não tem como errar. O preço também é popular e dá para comer bem por R$ 50.
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joseabraoportfolio · 6 months
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"Nós do Centro-Oeste ainda somos muito pouco lidos", avalia Paulliny Tort
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José Abrão
Goiânia – A escritora Paulliny Tort estará em Goiânia para uma roda de conversa sobre seu livro de contos Erva Brava, finalista do Prêmio Jabuti 2022. O evento será no sábado (16/9), às 17h, na Livraria Tekoá, no Coletivo Centopeia.
Publicado pela editora Fósforo, o livro Erva Brava reúne histórias de Buriti Pequeno, cidade fictícia localizada em Goiás, e de suas gentes e costumes. Em entrevista exclusiva ao jornal A Redação, a autora falou um pouco sobre a obra e seu processo de escrita. Paulliny também fez uma análise do cenário literário fora do eix Rio-São Paulo e avaliou que o espaço para escritores do Centro-Oeste ainda é pequeno. "Ainda somos muito pouco lidos", pontua. Confira entrevista completa:
Quando se vê pessoas do Sudeste se referindo à obra Erva Brava, é comum chamarem de ‘regional’. Queria saber o que você acha dessa percepção de que o que acontece fora do Eixo Rio-SP é “regionalismo”. Existe essa tendência de trazer esse rótulo para a literatura produzida fora desses grandes centros, mas confesso que não me sinto incomodada, desde que isso desperte interesse pelo livro. Guimarães Rosa também foi rotulado dessa maneira. Num país que lê tão pouco, qualquer sombra de interesse pela literatura já é válida. Se esse rótulo faz com que as pessoas se aproximem do livro, eu não me perturbo. Nós aqui do Centro-Oeste ainda somos muito pouco lidos. Entendo que é problemático, que é uma redução do nosso trabalho, mas nós precisamos conquistar leitores de ficção e, se é por esse caminho, que seja.
Ao mesmo tempo, para além disso, é reconfortante ler histórias que não se constrangem em dizer que são do Centro-Oeste. Esse recorte de alguma forma atrapalhou na hora de encontrar uma editora e publicar? O livro foi apresentado pela Fósforo pela minha agente literária, a Mariana Teixeira Soares, do Rio de Janeiro. O livro Erva Brava foi a estreia do catálogo de ficção nacional da Fósforo. Eles escolheram esse livro. Quando compraram a ideia da obra Erva Brava foi justamente por achar que o livro passava a mensagem que a editora queria para o mercado. Acho que isso mostra uma mudança do mercado nos últimos anos. Acho que o sucesso do Torto Arado, do Itamar [Vieira Júnior], também teve um papel nisso, assim como as editoras independentes que vez ou outra estão emplacando autores em prêmios nacionais e esses autores não são necessariamente do eixo Rio-SP.
Algo que chama a atenção é que cada conto do livro aborda temas muito pertinentes e muito presentes na vida brasileira e os textos carregam um comentário social forte. Como você escolhe esses temas e como abordá-los de forma orgânica? Não é o autor que escolhe o tema, é o contrário. Eu escrevo sobre as coisas que eu vi, que eu vivi, que eu li e que me tocaram de uma maneira profunda. A construção da palavra passa por uma série de escolhas, mas o tema vem de uma forma muito inconsciente. Depois que o livro estava pronto e publicado, eu comecei a ver muitos elementos familiares, minhas tias-avós muito presentes, coisas que minha avó, que era da cidade de Goiás, me contava. Eu escrevi sobre aquilo que me toca de verdade e talvez por isso o texto não ganhe um tom muito panfletário. Além disso, dois elementos são muito importantes na minha escrita: o espaço e o personagem. O personagem em ação no espaço é o que conduz esses contos enquanto o tema se infiltra nisso a partir da vivência dos personagens. Isso ajudou com que os contos fiquem mais naturais.
Obviamente tenho que perguntar sobre a indicação ao Jabuti. Gostaria de saber como foi isso, como você se sentiu e se acha que isso bota alguma pressão ou expectativa na sua escrita. O Jabuti com certeza ajuda o leitor a comprar aquele livro e investir o tempo dele naquela leitura. São muitas obras sendo publicadas e não é fácil a gente se orientar e saber aquilo que a gente vai gostar. Um livro de ficção custa, em média, R$ 60 e nem todo mundo tem condição de fazer esse investimento sem ponderar um pouquinho. Então a gente precisa chegar nesse livro por alguma indicação.
Mas então não dá uma pressão em relação ao próximo livro? O tema do meu próximo livro, pra mim, é próximo ao de Erva Brava, talvez o leitor ache um tema muito diferente. O autor tem que escrever sobre aquilo que pulsa dentro dele, independente das expectativas. É um romance, estou escrevendo desde 2021. Poucos meses depois de entregar o original de Erva Brava eu finalizei a primeira versão desse romance, só que eu escrevo muitas versões, eu reescrevo muitíssimo. Ainda vai um tempo considerável em cima dele.
Você integra uma geração de escritoras brasileiras que têm se destacado cada vez mais no mercado literário. Nessa turma incluo também Ana Paula Maia, Carla Madeira, Aline Bei e Micheliny Verunschk. Você acha que é um novo momento de destaque para a mulher na literatura brasileira? Eu sempre tomo cuidado para não falar de algo que não sei a fundo e que não pesquisei. Nós temos uma série de pesquisadoras nas universidades brasileiras debruçadas sobre isso. A impressão que a gente tem é que é um momento muito favorável para a autoria de mulheres, só que a gente tem que tomar muito cuidado para não virar uma literatura de nicho: que mulheres têm que escrever sobre tais temas. Vejo com certa cautela uma segmentação de uma literatura “feminina” porque isso também pode ser uma armadilha. Um modismo passa, uma onda boa passa, e a gente quer a permanência dessas autoras no mercado com a visibilidade que estamos tendo hoje, mas sem paternalismos. Tem que se olhar mais para o texto do que para as autoras.
O último conto do seu livro me lembrou o final de Cem Anos de Solidão. Eu quero saber se foi a inspiração por trás do destino de Buriti Pequeno. Talvez inconscientemente. Sou uma super leitora de Gabriel García Márquez. Cem Anos de Solidão foi uma leitura muito marcante pra mim e é óbvio que Macondo foi uma inspiração para o livro. Eu titubeei em escolher em que cidade ia se passar essas histórias. Pensei: bom, Macondo está aí, por que não criar a minha cidade? E eu tinha vontade na minha escrita de fazer algo para ser destruído, construir algo que depois colapsasse, acabasse, e eu queria brincar com essa ideia de impermanência.
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joseabraoportfolio · 6 months
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LGPD: impulso necessário para a segurança dos consumidores no varejo
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José Abrão
Goiânia – A crescente digitalização do varejo trouxe inúmeras vantagens para consumidores e empresas, permitindo uma experiência de compra mais eficiente e personalizada. No entanto, essa revolução tecnológica também trouxe consigo preocupações relacionadas à segurança e à privacidade dos dados dos clientes, dos colaboradores e das próprias empresas. É nesse contexto que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) desempenha um papel vital para o setor varejista.
A LGPD estabelece diretrizes rigorosas para a coleta, armazenamento e processamento de dados pessoais. No varejo, isso se traduz na necessidade de as empresas obterem consentimento claro dos consumidores para o uso de seus dados, bem como na obrigatoriedade de garantir a segurança dessas informações. Uma das principais implicações da LGPD para o varejo é a ênfase na transparência. As empresas são agora obrigadas a informar de maneira clara e acessível como os dados dos clientes serão usados. Isso não apenas reforça a confiança dos consumidores, mas também permite que eles tenham mais controle sobre suas informações pessoais.
A importância da LGPD para o setor varejista é evidente na crescente conscientização dos consumidores sobre a proteção de dados. É o que explica Thaís Taveira, advogada especializada no assunto. “O consumidor está cada vez mais consciente, e aqueles que compram on-line querem ter a privacidade e segurança dos seus dados garantidos. Vender um produto na internet demanda um relacionamento com o cliente e implica na captação de muitos dados, como onde mora, idade, sexo, tendências de consumo”, pontua. Aqueles que têm uma loja on-line, independente do nicho, precisam se adequar a essas regras, garantindo a segurança dos dados de clientes e dos próprios colaboradores.
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Advogada Thaís Taveira (Foto: divulgação)
“Empresas de pequeno porte têm um processo de adequação mais simples, mas também precisarão fazer adequações. O que não se pode fazer é ignorar a existência dessa lei e deixar de tomar as medidas que ela impõe”, completa Thaís. A não adequação pode custar caro ao empresário: multas, invasões de hackers e bloqueio do banco de dados são alguns exemplos do que pode acontecer. “Mas, na minha visão, o dano reputacional advindo de um vazamento de dado é a pior das consequências, pois uma vez que a imagem da empresa é abalada, especialmente na era do cancelamento digital em que vivemos, a empresa corre o risco de perder a confiança do consumidor”, arremata a advogada.
Por isso é tão importante que comerciantes e lojistas se resguardem: o prazo para a adequação terminou em agosto de 2023, mas a adaptação é sempre constante. A LGPD incentiva o aprimoramento das práticas de segurança de dados no varejo. As empresas estão investindo em tecnologias e processos que protegem os dados do cliente contra ameaças cibernéticas, reduzindo assim o risco de violações de dados. Leia mais  LGPD: empresas precisam se adequar à proteção de dados para evitar sanções
Na prática
Quem se mantém atualizado colhe os resultados. É o que garante  Aníbal Bento, diretor administrativo do Fujioka. “Nós já estávamos trabalhando desde o início, fazendo todo o trabalho de limpeza, de cuidado, não solicitando os dados que não eram necessários e contratamos uma consultoria para nos orientar na parte técnica e também na parte jurídica. No mundo atual não tem como trabalhar sem dados, mas queríamos desde o princípio não ir de encontro com a lei. A ideia é estar sempre melhorando”, explica. 
Com quase 60 anos de história, a empresa onde Aníbal Bento trabalha já lidava com dados sensíveis desde antes da LGPD e bem antes da revolução digital. “Nós lidamos com fotografia, já tínhamos cuidado há muitos anos, porque lidamos com a imagem das pessoas. Depois de um tempo, aquilo era eliminado para que não tenha a possibilidade de ter um vazamento”, ressalta o gestor. 
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Aníbal Bento, diretor administrativo do Fujioka (Foto: divulgação)
Além de reforçar o sistema, foram tomadas medidas junto aos colaboradores e aos gestores para garantir a preservação das informações, como a criação de um comitê de segurança e o engajamento direto dos recursos humanos por meio de treinamentos, endomarketing e outras práticas. “Mesmo passado esse tempo todo, ainda estamos aprendendo. É uma mudança cultural, mas entendemos que já avançamos bastante”, completa Bento.
Desafio
“Para o empresário, essas novidades são sempre complicadas: ele já está preocupado tentando sobreviver e, então, tem que lidar com grandes mudanças”, conta Eberth Motta, presidente da CDL Jovem e responsável pelo e-commerce da Óticas Brasil, empresa familiar com 60 anos de trajetória. “Aqui somos uma empresa um pouco maior, já tínhamos uma equipe de TI, então até que foi uma adaptação mais natural”, relata.
O gestor avalia que o setor varejista enfrenta desafios maiores na hora de se adequar devido à sensibilidade dos dados com que lida. “O e-commerce tem uma situação muito séria porque tem os dados completos de venda das pessoas. Se essa pessoa utilizou comigo um dado de pagamento, esse dado não pode ser compartilhado. Eu preciso sistematizar processos para garantir essa confidencialidade”, aponta Motta. Porém, ele avalia que uma vez que o responsável pela empresa é orientado, o caminho e as ferramentas para a adequação são mais simples do que aparentam. “Para o site, você precisa criar uma política de privacidade, e felizmente já existem diversos textos base, simples e objetivos disponíveis na internet, precisando apenas ser adaptado à realidade e ao negócio dele”.
Ele explica que, caso os pequenos e médios lojistas ainda estejam confusos com as mudanças, basta procurar a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). “A CDL tem materiais que ensinam sobre LGPD, temos cursos na nossa Escola de Negócios para auxiliar esse micro e pequeno empreendedor que quer buscar essa atualização. Quem está nessa luta, porque já venceu o prazo em agosto de 2023, pode procurar a própria ANPD. Eles possuem materiais para isso”, orienta. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) é a agência nacional estabelecida para fazer a fiscalização e aplicar sanções para quem descumprir a lei.
Motta, no entanto, critica que ainda falta informação. “Quando há grandes mudanças como essa, uma crítica que eu faço é que parece que sobra fiscalização e falta orientação. Seriam necessários mais espaços proporcionados pelo governo para auxiliar as pessoas a fazerem essas adequações, que são, de fato, muito importantes”, salienta.
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Eberth Motta, presidente da CDL Jovem (Foto: divulgação) 
Desrespeito
Mesmo com todas as regras postas, não é incomum que a LGPD seja descumprida de forma descarada por vendedores que fazem contato direto com o cliente por WhatsApp, e-mail ou telefone, principalmente nos setores de telefonia, farmácias e concessionárias de veículos, mesmo após a solicitação para que o contato seja interrompido.
Para além do lado técnico, também é preciso adequar pessoas. “Talvez esse seja um ponto de maior desafio para o varejo porque as empresas trabalham com muitos vendedores que têm metas e precisam vender. O pessoal fica receoso que essa adequação vai inviabilizar o contato com os clientes, mas não é assim, existem meios para fazer isso”, explica o advogado Rafael Maciel, especialista em direito digital.
“Isso gerou uma preocupação, principalmente no varejo, em relação ao envio de e-mails para os clientes, em ações direcionadas de marketing, etc. A adequação gera e fortalece uma relação de confiança com o cliente, que é o titular dos seus dados”, explica o advogado. Segundo ele, o descumprimento não é apenas contra a lei, o que pode gerar consequências para a empresa, mas também é contraprodutivo: ao insistir no telemarketing invasivo, o vendedor rompe com a confiança do cliente, o que gera antipatia pela empresa.
Para mudar isso, segundo ele, é um assunto de RH e não tecnológico. “É uma questão de conscientização. Uma rotina de aprendizagem e de gerar uma cultura para todos na empresa. Não adianta nada colocar um sistema todo robusto de proteção, mas que internamente você não tem boas práticas”.
Além disso, Maciel destaca que a adequação nunca acaba. “Você inicia um projeto de adequação e vai melhorando, porque amanhã a empresa vai ter outros funcionários que precisam ser treinados, depois  muda de software e precisa mapear se ele te atende”, destaca. A única constante é a mudança e os lojistas que queiram se aprimorar no mercado digital e não sofrer punições precisam abraçar esta nova era junto aos seus vendedores.
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joseabraoportfolio · 8 months
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Aline Bei: "Literatura oferece muito a quem adentra os seus mistérios Acesse em https://aredacao.com.br/cultura/194026/aline-bei-literatura-oferece-muito-a-quem-adentra-os-seus-misterios
A escritora Aline Bei, autora dos livros “O Peso do Pássaro Morto” (Editora Nós, 168 páginas) e “Pequena Coreografia do Adeus” (Companhia das Letras, 264 páginas), está em Goiânia nesta sexta (25/8) a convite do Serviço Social do Comércio (Sesc) Goiás. Ela participa do Circuito Literário Sesc, em que oferece uma oficina de escrita pela manhã e um bate-papo literário às 19h no Teatro Sesc. Em entrevista exclusiva ao jornal A Redação, a autora falou sobre suas obras, seus projetos futuros e muito mais. A primeira pergunta tem que ser sobre suas escolhas formais para a narrativa: a interação entre o texto e o espaço em branco na página é uma característica marcante de seus livros. Como você desenvolveu essa abordagem única para a escrita? Imagino que isso será abordado na sua oficina em Goiânia, gostaria de saber o que você planejou para essa “aula”. Eu sinto que esse modo de escrever vem de duas forças principais: a primeira é a poesia, a poesia como um engano, como algo que eu tinha imaginado que fazia quando comecei a escrever. E por ter imaginado que era poetisa, eu comecei a me dar muita liberdade na folha, comecei a encontrar um ritmo conciso para narrar as minhas histórias. E outra força foi o teatro. A minha primeira formação é em Artes Cênicas. Acho que o modo que o meu corpo foi atravessado pela experiência do palco marca o modo como até hoje eu olho para as palavras e manejo as palavras na folha. Como uma forma, também, de narrar, de fazer com que a escrita seja uma experiência, mais do que uma contação de histórias, para que possa ter suas próprias texturas, inclinações. Para que cada página possa ser única, uma experiência visual para o leitor. Na minha oficina eu vou falar um pouco sobre isso, sobre esses processos de construção que me guiam. Seus livros também são marcados por protagonistas complexas, gostaria de saber um pouco como você as constrói. A questão da perda é central em muitos de seus trabalhos. Minha construção de personagem é muito importante para mim, não só das minhas protagonistas, mas das outras pessoas que habitam o livro. A minha pesquisa é sempre muito mais extensa do que eu coloco ali na folha. Acho que eu tenho um desejo grande de encontrar personagens que não sejam facilmente compreendidos e resolvidos pelo leitor, mas que possam também desafiar o modo como a gente compreende a nossa própria humanidade. Os personagens precisam ser regidos por forças contraditórias, eles precisam ser vulneráveis quando estão sendo compostos e maleáveis às situações que estão sendo postas. Como você acha que a literatura pode ajudar as pessoas a compreender e lidar com essas emoções difíceis?
A literatura não tem um papel, mas ela acaba oferecendo muito para quem adentra o seu mistério. Não só a literatura, mas as artes no geral, são muito bem-vindas para nos tirar certas certezas e nos tornar mais sensíveis ao mundo. Isso vai ao mesmo tempo nos deixando mais corajosos para viver e mais vulneráveis, como se soubéssemos que realmente a vida não é só para nós, que é difícil e pesada em alguns momentos. Essa revelação que a literatura nos dá nos ajuda a viver de uma forma mais leve, mais dentro de quem somos.   Ainda dentro deste escopo, como a escrita desempenha um papel na sua própria jornada de autodescoberta?   A escrita tem sido uma descoberta muito bonita, não só das minhas matérias internas e de tudo que me habita, que eu apenas precinto, mas que a escrita vai puxando para fora, transformando em algo que tem vida própria. A escrita como gesto, como ato, incorporado na minha rotina, é algo que me assusta e me assombra até hoje, porque não é uma coisa que eu sabia sobre mim. Eu não sabia que eu escrevia, nem que se tornaria tão importante na minha vida. Eu sempre fui leitora, mas ser leitora não me levou exatamente a escrever, acho que muito pelo contrário. Há um momento em que ler te coloca em um lugar em que aquilo não te pertencesse de tão bonito e forte que são as obras com que a gente entra em contato. O que me aproximou da escrita foi a ausência do teatro e a aproximação de pessoas que escreviam na minha faculdade de Letras. Você integra uma geração de escritoras brasileiras que têm se destacado cada vez mais no mercado literário. Nessa turma incluo também Ana Paula Maia, Carla Madeira e Micheliny Verunschk. Você acha que é um novo momento de destaque para a mulher na literatura brasileira?
Acho que sim. Acho que estamos vivendo um momento muito bonito na nossa literatura contemporânea, com escritoras e escritores muito interessantes, com pesquisas originais, muito comprometidos com o texto. Eu sou absolutamente fã dessas autoras que você citou e eu acho que é muito a gente estar produzindo, desdobrando a nossa pesquisa nos livros, e estando tão bem acompanhada por autoras e autores excepcionais. Fico muito orgulhosa de fazer parte dessa geração com esse novo olhar para a literatura contemporânea.   Você publicou dois livros de sucesso e conquistou muitos leitores. Isso trouxe alguma pressão adicional ao escrever? Como você lida com as expectativas dos leitores?   Quando eu estava escrevendo “Pequena Coreografia do Adeus”, senti muito esse peso, da expectativa pelo que eu estava escrevendo, e isso foi bem difícil de lidar. Num primeiro momento eu tentei ignorar esse sentimento e isso me atrapalhou muito. Quando eu acolhi esse medo, foi melhor, e eu consegui acessar o livro com mais profundidade. E agora no processo de escrita do meu terceiro livro, sinto que aprendi muito, nesses dois trabalhos, a respeito do meu próprio processo. E aprendi muito a me respeitar, a me escutar, e a entender que um livro se faz muito mais em um tempo próprio do que em um tempo que está relacionado aos meus desejos e ansiedades. Eu tenho aprendido a me recolher um pouco mais e deixar que o livro ganhe espaço e cresça ele mesmo pelas suas próprias pernas.   Qual conselho você daria para jovens escritores e como você enxerga o mercado literário no Brasil hoje? Vale a pena buscar as editoras ou o melhor caminho é a autopublicação?   O conselho para quem está começando a escrever é realmente escrever. Às vezes a gente passa tempo demais pensando no pós-escrito: o que a gente vai fazer com o livro que a gente nem começou a escrever. E a gente escreve o livro com muita reescrita, escrevendo livremente, tentando encontrar no gesto da escrita um terreno muito próprio para comunicar suas sensibilidades, suas impressões de mundo, a história que você quer contar. [Aconselho] se ocupar primeiro do essencial: da escrita, estudar bastante, ler muito, estar vivo e forte nos lugares em que você habita para deixar que a vida te mostre muitas coisas que a gente precisa compreender e que só no dia-a-dia nós vamos compreender e saber que tudo isso alimenta a nossa escrita. A questão da publicação vai se resolvendo, as respostas vão aparecendo para cada pessoa, mas o principal é a escrita.   Quais são seus projetos futuros? Há algo novo que você possa compartilhar com seus leitores?   Meu terceiro livro é muito sobre silêncio, um trabalho mais maduro. Estou escrevendo o meu terceiro livro há dois anos. Fiz uma pós em escritas performáticas pela PUC-Rio e acabei de me formar, em julho. Foi um encontro com muitos artistas e professoras que admiro muito e que me ajudaram a dar conta desse material que se insinua para mim. Acho que é isso que posso falar por enquanto. 
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joseabraoportfolio · 8 months
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Goiás abriga 6 mil imigrantes, mas falta integração de serviços públicos Acesse em https://aredacao.com.br/noticias/193457/goias-abriga-6-mil-imigrantes-mas-falta-integracao-de-servicos-publicos
José Abrão Goiânia – No final dos anos 1920 ou início dos anos 1930, ninguém sabe ao certo, Abrão Jorge Muniz, que, aliás, nem era esse seu nome de batismo, decidiu escapar das instabilidades do Líbano, então uma colônia francesa, saindo, acredita-se, da região da vila de Chadra para Conquista, em Minas Gerais, onde abriu comércio e outras empreitadas que seriam tocadas com seus seis filhos, todos homens. O caçula, nascido no Brasil, foi chamado José Abrão, meu avô, como eu, José Abrão, que escrevi esse texto em português do Brasil e não em francês, nem em árabe. E, a exemplo do que vimos no retrato de muitos brasileiros, comigo é assim: a história da imigração se mistura com a da própria família desde sempre. O Brasil sempre foi destino de expatriados, desterrados e degredados. São milhões em busca de uma vida melhor e outros tantos milhões trazidos à força, em grilhões. Engana-se quem pensa que a imigração por aqui virou história do século XX, particularmente em Goiás: terra nova de oportunidades há quase 100 anos. Promessas de paz, emprego e qualidade de vida atraem centenas de estrangeiros de todo o mundo para a capital goiana todos os anos. Alguns dos fluxos maiores já são bem conhecidos, como os venezuelanos e haitianos, mas outras nacionalidades, religiões e etnias se misturam e se encontram por aqui: sírios, afegãos, colombianos, bolivianos, argentinos, espanhóis, portugueses, britânicos, nigerianos, angolanos, entre tantos outros. Segundo dados de setembro de 2022 da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Goiás (Seds), existem 6.384 estrangeiros em Goiás. Destes, 3.152 são venezuelanos, sendo 600 indígenas.
“O Brasil foi formado pela migração. Por isso o Brasil é tão rico na diversidade e, também por isso, a importância de tentar incluir todo ser humano que queira pertencer ao Brasil de alguma forma. Cabe a nós cuidar, zelar e fazer com que se sintam integrados à nossa sociedade”, diz Michel Magul, membro do Grupo de Diálogo Inter-Religioso formado pela Igreja Católica Apostólica Ortodoxa de Antioquia São Nicolau, Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese de Goiânia e Igreja Metodista do Setor Leste Universitário. “Hoje o trabalho se expandiu e não é só para quem é refugiado e imigrante de outros países, mas também pessoas de outros Estados”, completa ao citar a importância das ações da iniciativa.  O grupo se formou originalmente em razão das demandas da população haitiana na capital e foi crescendo com o tempo. Avançou tanto que as iniciativas hoje fazem a ponte dos imigrantes com o poder público. “Nós temos uma lei de imigração extremamente moderna, com uma visão social e de desenvolvimento humano fantástica. Essa preparação para o ingresso de fato, para a recepção do imigrante, existe na lei. Existe também a planificação e diretrizes a serem seguidas, mas ainda não foram executadas”, diz Magul. Roberto Portela é vice-coordenador da Pastoral do Imigrante de Goiânia e membro da pastoral nacional. Além de compor o Conselho Estadual de Imigração, atua na pastoral desde 2010. Durante a pandemia, foi convidado para a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (Smdhpa) para implantar em Goiânia um sistema de políticas para imigrantes e refugiados. De acordo com ele, há um trabalho em andamento no sentido de construir uma política municipal de migração. "Deixar tudo no papel para estruturar saúde, assistência social, educação, meios de vida, tudo o que a prefeitura deve oferecer ao cidadão. A secretaria não executa todos esses papéis diretamente, então nosso papel é de articulador das demais secretarias para a implementação desses serviços”, explica.    “Essa implementação deve ser em rede porque são demandas sistêmicas. O que a secretaria pode fazer diretamente é dar apoio e assistência ao imigrante na obtenção desses serviços. Eu pessoalmente acompanho o migrante, quando ele necessita, como mediador linguístico e cultural, na tomada de serviços municipais, estaduais e federais. No que ele precisar nesse acesso aos serviços públicos, a gente se dispõe a mediar”, completa.   Tanto Magul quanto Portela concordam que o que falta, além de uma implementação de grande escopo por parte do governo federal, é uma integração entre os serviços públicos oferecidos para o acolhimento desses imigrantes. Enquanto isso, tanto o Estado quanto o município se esforçam para atender à demanda, do mesmo modo que agentes públicos e voluntários tentam fazer essa conexão. “Falta ao poder público uma estrutura de integração porque é ela, de fato, que faz a pessoa criar autonomia. Quando o cidadão tem renda, domina a língua e a burocracia, ele não depende mais das instituições para viver em sociedade”, pontua Portela.
Políticas de acolhimento A superintendente de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Ana Luísa Freire, relata que o Governo de Goiás busca atender os imigrantes mais vulneráveis que chegam ao Estado. Ela conta que entre as demandas prioritárias está a obtenção de documentos, seguida pelo aprendizado de língua portuguesa, para que essas famílias possam começar a se integrar com a sociedade. “Fazemos inicialmente a regulamentação dos documentos desses imigrantes, construindo a ponte com a Polícia Federal. A partir dessa documentação, que é fundamental, o imigrante passa a ter direito a tudo, com exceção do direito ao voto, inclusive já podem acessar benefícios como dos programas sociais Mães de Goiás e Bolsa Família”, conta. No momento, 309 mulheres, mães estrangeiras, recebem mensalmente um valor financeiro disponibilizado pelo programa Mães de Goiás.
Em relação à língua portuguesa, os resultados são vistos por meio de parcerias. “Temos uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação e com a Universidade Federal de Goiás. A UFG oferta estas aulas de forma gratuita, muitas vezes até com aulas no endereço dos imigrantes para facilitar esse aprendizado”, conta a superintendente da gestão estadual. Outra parceria é com a Secretaria da Retomada, que oferta cursos técnicos e profissionalizantes para que estes imigrantes possam obter renda. Após a conclusão do curso, a Seds dá R$ 5 mil para o migrante recém-formado. “Esse valor é para que ele possa começar o próprio negócio. No caso do curso de panificação, por exemplo, ele [o migrante] já investe o dinheiro para poder comprar equipamentos e a produzir em casa”, explica Freire. Os imigrantes também participam da feira de artesanato Goiás Feito à Mão, que ocorre a cada dois meses, em que podem expor e vender seus produtos. “A inserção é demorada, mas há uma melhora, e nosso papel é dar para essas pessoas dignidade para que possam se sentir pertencentes”, completa Freire. Na prefeitura de Goiânia, além do apoio da Smdhpa, a Secretaria Municipal de Educação (SME) iniciou ações para acolher as crianças estrangeiras que chegam à cidade. “O trabalho começou a ser construído em abril deste ano. Já foi produzido um documento inicial de orientações para recepção e acolhimento de crianças imigrantes na nossa rede e, a partir dele, já estabelecemos uma parceria com a UFG e a Faculdade de Letras. Com isso, foi iniciada uma pesquisa de prática curricular em 10 escolas da rede municipal que possuem maior número de estudantes imigrantes para coleta de dados e levantamento de informações para a língua portuguesa de acolhimento”, menciona Warlúcia Pereira Guimarães,  gerente de Formação de Profissionais de Educação e responsável por coordenar o Grupo de Trabalho de Imigrantes da pasta municipal.  Segundo Guimarães, a prefeitura já atua no sentido de capacitar e preparar os educadores e espera intensificar e aprimorar essas práticas a partir dos dados obtidos nestas 10 escolas da rede municipal. “Estamos iniciando os trabalhos. Na medida do possível e num curto espaço de tempo, estamos conseguindo realizar algumas ações, embora saibamos que ainda há muito mais que precisa ser feito. Nossa ideia é que em 2024 nós tenhamos a produção de um material para orientar os professores sobre a língua portuguesa de acolhimento para trabalhar com estes alunos imigrantes”, afirma.
De acordo com Freire, a implementação da língua portuguesa de acolhimento nas escolas é, de fato, a principal frente de atuação no momento. “A língua portuguesa curricular parte do pressuposto que a pessoa já fala a língua. A língua portuguesa de acolhimento é uma metodologia de trabalho para que o professor possa trabalhar com a criança imigrante. Ela tem toda uma dinâmica diferenciada para que o estudante possa ter o conhecimento da língua portuguesa”, explica Guimarães. Recepção Apesar dos entraves e dos gargalos envolvendo a integração dos serviços públicos, os envolvidos com ações de acolhimento de imigrantes são unânimes ao citarem Goiânia como uma cidade acolhedora. “Goiânia é uma cidade extremamente hospitaleira, que tem na sua formação um grande vínculo com a imigração. Existe, com certeza, a xenofobia, mas esta não é a característica marcante do povo goianiense e do povo goiano”, avalia Michel Magul.
Além de atuar como voluntário pela causa do imigrante, ele mesmo é um estrangeiro. “Eu nasci em Buenos Aires, morei no Líbano por quatro anos e estou no Brasil há 13 anos. E me sinto brasileiro. O que há de melhor no Brasil é o próprio povo brasileiro, e isso nós temos que destacar. O Brasil é o mundo: temos todos os continentes em um só, na sua diversidade. Sou grato ao país e a tudo que ele fez por mim. Quero retribuir sendo voluntário nessas causas porque hoje sou produto do Brasil, pelas oportunidades que me foram oferecidas aqui”, diz. Segundo Magul, é gratificante ver sua história se repetindo com outros imigrantes que, assim como ele, chegaram “sem falar um ‘a’ em português”, e que agora já estão nas universidades, no mercado de trabalho e nas escolas goianienses. Portela completa que muito se avançou, mas ainda há espaço para muita melhora para que estas pessoas sejam devidamente incluídas na sociedade brasileira e, em especial, na goiana. “Pela nossa construção histórica de sociedade, a gente nota parte da população querendo ajudar muito, ser muito solícita, mas outra parte olha o migrante como algo que não faz parte da sociedade. Isso é refletido em toda a prestação de serviço, seja privada ou pública. Falta a gente comunicar mais, capacitar mais os agentes públicos nesse acolhimento”, finaliza. 
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Uso de RPG na psicologia atrai o interesse de crianças e adolescentes
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RPGs, ou Role-Playing Games (Jogos de Interpretação de Personagens, em português), são um gênero de jogos em que os participantes assumem papéis de personagens fictícios em um cenário imaginário ou baseado em uma narrativa pré-estabelecida. Nesses jogos, os jogadores dão vida aos personagens, tomando decisões que afetam o desenvolvimento da história. Embora o conceito de interpretar personagens possa ser rastreado até a Antiguidade, o que conhecemos como RPG hoje surgiu em 1974 com "Dungeons & Dragons" (D&D), criado por Gary Gygax e Dave Arneson. D&D foi fortemente influenciado por jogos de guerra e histórias de fantasia, como O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.   Para além das mesas entre amigos e familiares, o RPG tem sido usado como uma ferramenta terapêutica na Psicologia e em outros campos relacionados à saúde mental. O RPG terapêutico envolve a utilização dos elementos do jogo para ajudar os pacientes a lidarem com questões emocionais, desenvolver habilidades sociais, melhorar a autoestima e explorar e resolver problemas pessoais. É importante ressaltar que o RPG terapêutico é conduzido de forma diferente do RPG de entretenimento tradicional. O foco principal não é apenas no jogo em si, mas na experiência terapêutica que ele proporciona.   Os psicólogos Sérgio França e Bruno Pontes são dois dos sócios de uma clínica em Goiânia que adotou o RPG como ferramenta para a terapia de grupo para o público infanto-juvenil. Os dois se conheceram na faculdade, em um laboratório de pesquisa de analistas do comportamento, e ambos já conheciam e jogavam RPG. A aplicação é feita em intervenções de grupo por meio da análise do comportamento aplicada, atendendo principalmente crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista (TEA) e com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).   Os profissionais atendem atualmente cerca de 20 pacientes divididos em diversos grupos. “O RPG chama muito a atenção porque suas qualidades terapêuticas são quase evidentes: muita comunicação, interação, requer o desenvolvimento de habilidades sociais. Nenhuma simulação e outros estilos de jogos lidam com interação social do mesmo jeito”, avalia Bruno Pontes.    “O centro das nossas intervenções é a motivação. Vamos utilizar dessa empolgação que os jogadores têm para que a aprendizagem ocorra de forma mais fácil, fluida e permanente. Passamos, então, a adaptar e desenvolver sistemas com foco no desenvolvimento dos objetivos terapêuticos”, relata Sérgio França. Para isso, os dois psicólogos utilizam cenários e formatos baseados em D&D e Pathfinder: fantasia heroica em que os jogadores derrotam dragões, salvam reinos e obtêm tesouros. Para jogar, basta ter dados, papel e caneta: os jogadores fazem de conta e rolam os dados para superar desafios.
Esta perspectiva atrai o interesse dos jogadores, porém o sistema é severamente modificado para que possa atender às demandas de cada um para atingir os objetivos terapêuticos de forma gamificada. Inicialmente, é feita uma entrevista com os pais e, a partir disso, são iniciadas terapias individuais por alguns meses para que sejam observadas as habilidades e necessidades dos pacientes, que mais tarde serão inseridos em grupos com jogadores com os mesmos interesses e idades.   Os 'RPGs heroicos' costumam ter muito foco na ação e no combate. Na versão adaptada de Bruno e Sérgio, são as interações que viram o foco. “As sessões ainda vão ter momentos de combate, mas em uma escala muito menor. As narrativas vão levar os jogadores a necessariamente buscarem resoluções mais pacíficas, envolvendo interações sociais e comunicação. Aí, quando eles se saem bem nesse engajamento, eles são recompensados dentro do jogo, validando aquela ação”, explica Bruno.   Dessa forma, os momentos de combate e ação acabam sendo mais como recompensas, e não desafios: resultado de terem conquistado o verdadeiro objetivo de alcançar as resoluções terapêuticas dentro do cenário apresentado.   Interesse renovado e perspectiva acadêmica A psicóloga Lenita Lencioni faz atualmente uma especialização em teoria cognitiva-comportamental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) com o objetivo de dar continuidade ao mestrado e doutorado. Sobre o RPG, ela garante que os resultados são satisfatórios quando o assunto envolve saúde mental e interações. “O RPG sempre fez parte da minha vida, desde os 12 anos de idade, e sempre gostei bastante, sempre foi uma experiência muito importante e que me ajudou a me desenvolver socialmente, a ser uma pessoa mais cooperativa. Você percebe os frutos quando adulto: a importância de perseverar, de ter objetivos, e meu objetivo é poder compartilhar isso com as pessoas e permitir que crianças e adolescentes possam ter esse desenvolvimento da mesma forma que foi pra mim: aprendendo e me divertindo”, relata.   Lenita segue pesquisando alguns artigos que falam da relação desse mundo com a psicologia, mas o que ela mais conhece até agora é experienciado e aplicado. “Eu utilizo o RPG na terapia, na abordagem cognitiva-comportamental, como uma técnica de ludoterapia, que é psicoterapia voltada para o tratamento psicológico de crianças,  e quero consolidar essa maneira de atender de forma científica e teórica. As pesquisas ainda são muito frescas e recentes”, conta. No momento, ela utiliza em sua prática clínica o sistema Hero Kids, um jogo de RPG voltado especificamente para crianças.
 De fato, apesar de o RPG ser estudado academicamente de alguma forma desde o começo dos anos 1990, os artigos e pesquisas ainda são dispersos, atomizados em diferentes áreas, recortes e com lacunas de tempo entre eles. Um novo interesse surgiu no Brasil e no exterior desde meados dos anos 2010, mas ainda está distante de ter um corpo vasto.   “Talvez existia uma resistência por parte da academia em relação ao tema, a gente sabe que por muito tempo houve um preconceito grande com esses jogos, mas, percebendo a necessidade de diminuir a exposição das crianças ao meio eletrônico, e por estar se tornando muito popular, acho que é um momento de grande abertura em relação a isso”, avalia Lenita. “O que ainda impede um pouco é o fato de as pessoas não conhecerem e não saberem como funciona, mas ainda assim vejo que muita gente tem curiosidade e vontade de conhecer e jogar, mas há uma escassez de narradores de jogo e de mesas, o que impede uma adesão de mais pessoas”, completa.   Na sua experiência, inclusive, Lenita relata que o jogo tem uma alta capacidade de engajamento, o suficiente para que os jovens esqueçam das redes sociais. “Quando a gente tem uma narrativa bem consolidada e um jogo envolvente, que flui, ninguém pega no celular. Através da ludoterapia, eu tenho uma gama de ferramentas para usar. Podemos desenvolver algumas técnicas para abordar  demandas específicas de cada paciente, em um mundo que o paciente tem afinidade e com o qual ele vai se engajar, criando um espaço seguro por meio da narrativa”, conclui.
Os psicólogos Sérgio e Bruno relatam que também querem buscar levar o tema para o mestrado e doutorado. Enquanto isso, buscam encontrar melhores metodologias e formas para coletar e registrar dados. Segundo Sérgio, ter um respaldo acadêmico irá conferir solidez ao tema e à abordagem, além de silenciar possíveis críticas. “Quando a gente tem, de fato, um método de pesquisa com resultados objetivos e quantificados e isso é apresentado em forma de artigo e validado pela comunidade, isso melhora nossa prática como terapeutas para observar quais são os melhores caminhos para que tenhamos os melhores resultados possíveis”, explica. “E isso gera modelos que podem ser aplicados e replicados pela comunidade”, completa Bruno.   Influências Como dito por Lenita, o RPG atualmente passa por um momento de redescoberta e popularidade. Esse renascimento tem a ver com alguns fenômenos de cultura pop. O principal é Stranger Things, da Netflix. No seriado, os personagens não apenas jogam D&D como usam o cenário para nomear e interpretar os acontecimentos e aventuras da própria série.
Outro fenômeno, mais restrito aos adolescentes, é A Ordem Paranormal, uma websérie brasileira criada pelo streamer Rafael "Cellbit" Lange e dirigida por Júlio Taubkin, na qual uma equipe de influenciadores joga RPG de mesa em um sistema e cenário criados por ele. O show começou a ser transmitido em 29 de fevereiro de 2020 pelo canal da Twitch de Cellbit e atrai centenas de milhares de fãs.   E a prática tem gerado resultados. “Em poucos meses, as famílias elogiaram muito e notaram mudanças no comportamento dos filhos nas interações com os pais, com os colegas. Eles estavam fazendo interações mais assertivas”, conta o psicólogo Bruno. “Tivemos um aumento muito grande no relato de evolução. Como as mudanças ocorrem mais rápido, os familiares percebem com mais facilidade, justamente por causa deste engajamento: os jogadores saem da sessão comentando, falando de suas experiências”, pontua.   Sérgio salienta que, na visão dele, o ponto mais forte da abordagem com o RPG é o engajamento criado pelo formato, capaz de gerar efeitos duradouros. “Muitos pacientes chegam falando pra gente que querem muito ter amigos, mas que têm muitas dificuldades na escola e que se sentem muito só. Ouvimos este tipo de relato com frequência. Então eles encontram aqui um ambiente validante em que engajam em uma atividade divertida que desenvolve novas habilidades e cria novos vínculos”, finaliza ao destacar que é crescente a procura pelo método.
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Pedro Wilson sobre trabalho no Iphan: “Patrimônio está além dos prédios" Acesse em: https://aredacao.com.br/cultura/192581/pedro-wilson-sobre-trabalho-no-iphan-patrimonio-esta-alem-dos-predios O arquiteto e teórico francês Henri Lefebvre defende ao longo de sua obra que os espaços são produzidos: eles são mais do que meras paisagens ou construções, pois só ganham sentido quando habitados, usados, transformados pelos seres humanos e pela cultura. Os espaços são plurais e precisam ser vividos. O recém-empossado superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás e ex-prefeito de Goiânia, Pedro Wilson, tem um pensamento muito semelhante.   “Muitas vezes o pessoal percebe o patrimônio apenas como prédios, e não é só prédios. É também uma paisagem”, argumenta ao destacar que a paisagem, planejada e pensada, é também composta pelas pessoas que as ocupam. “O que nós vamos agregar nesse período nosso é que nós vamos trabalhar a ideia de cultura no sentido material e imaterial”, completa o superintendente.   Em entrevista exclusiva ao jornal A Redação, Pedro Wilson destacou que o Instituto já está tocando junto aos órgãos municipais e estaduais dois grandes projetos: a recuperação das ruínas de Ouro Fino, na cidade de Goiás, e o restauro da Praça Cívica, em Goiânia, obra esta que o superintendente assegura que será concluída a tempo do aniversário da capital, em outubro. “É um compromisso da prefeitura e ela tem dado sinais nesse sentido”, diz. Ao AR, Pedro Wilson citou que a obra será seguida pelo restauro completo do Museu Zoroastro Artiaga.
Esse é só o início dos trabalhos da gestão. É que o superintendente tem planos muito maiores. Na cidade de Goiás e em outros municípios do interior, por exemplo, as equipes técnicas especializadas do Iphan serão ampliadas. "Lá [na cidade de Goiás] nós não temos um arquiteto, não temos um engenheiro. Agora vai ter. O presidente Lula autorizou a contratação desses quadros. Nós precisamos municiar esses municípios de gente que entende”. Segundo o superintendente, “muitas coisas só se resolvem no susto". "Providências só são tomadas após o susto, e nós queremos prevenir o susto. Queremos fazer o trabalho de educação patrimonial, trabalhar com grupos de artesanato, com as prefeituras e câmaras de vereadores para serem sujeitos do planejamento urbano e no processo histórico dos elementos que povoam essas cidades”. Seguindo a política para além dos prédios, Wilson também quer valorizar povos marginalizados pelo tempo. “Nós vamos trabalhar muito com os indígenas e com os quilombolas. São duas populações em Goiás que nunca receberam um olhar adequado”, ressalta. Segundo Wilson, o Iphan deve fazer um esforço para fortalecer a demarcação desses povos tradicionais, assim como a sustentabilidade material desses povos. “Não apenas pela perspectiva da cultura, mas também da economia criativa, que permita que eles sobrevivam com sua própria produção”. Na capital Para além da Praça Cívica, Wilson planeja recuperar ou requalificar, em parceria com a prefeitura e com os governos estadual e federal, marcos culturais e arquitetônicos da cidade, como o museu a céu aberto da Praça Universitária, o Bosque dos Buritis, a Avenida Anhanguera e a Praça do Trabalhador, entre diversos outros pontos. “Estamos lutando para recuperar murais que foram produzidos pelos artistas Clóvis Graciano e Elder Rocha Lima na Praça do Trabalhador que foram alvos do CCC - Comando de Caça aos Comunistas - e foram retirados nos anos 1960”, conta. Outra frente é o projeto Cara Limpa, para limpar as fachadas art déco cobertas por banners em Goiânia, lançado originalmente na gestão de Wilson na prefeitura e que nunca foi pra frente. “Eles pedem que toda a pintura seja bancada. A visão de colaboração é muito difícil. Mas já existem empresários que topam fazer uma espécie de mutirão sobre isso”. Além disso, o superintendente do Iphan em Goiás salienta que é fundamental fazer uma campanha de conscientização sobre a importância histórica e dos monumentos da capital. “Nós temos que fazer uma campanha educativa e também aplicar a lei quando necessário. A prefeitura ou o governo do Estado pinta a Praça Cívica e logo ela está pichada. Temos que descobrir uma forma educativa para, trabalhando junto com parceiros, conscientizar as pessoas em prol da cidade de Goiânia. Afinal, a cara da cidade de Goiânia vai durar até quando se a destruição continuar nesse ritmo?”, questiona.
No interior Por fim, ao se pensar no interior do Estado, Wilson salienta que é importante desenvolver outras localidades além de Pirenópolis e Goiás, resgatando e valorizando a memória de diversos locais, como a Casa JK, em Anápolis. “O lugar foi marcado por Juscelino ter assinado o documento de mudança da capital. Você vai na Europa, qualquer coisa que uma personalidade fez, eles já montam tudo e isso atrai o turismo, que é uma consequência natural. Nós vamos fazer também o museu Bernardo Sayão na cidade de Ceres. Estamos falando de uma figura muito importante para Goiás”, exemplifica. Outro interesse da nova gestão do Iphan é tentar resgatar o interior histórico de Goiás em municípios como Pilar de Goiás, Jaraguá, Catalão, entre outros. “Essas cidades têm casarios. Queremos trabalhar com as prefeituras e com as secretarias e tombar o que for possível”, revela.  Wilson também quer fazer parcerias para fortalecer o ecoturismo, tendo em vista a preservação das tradições ribeirinhas dos rios Araguaia e Tocantins, assim como incentivar a espeleologia e a visitação das diversas cavernas em Goiás, atrações turísticas ainda pouco exploradas no Estado. Lefebvre escreve que os espaços só fazem sentido se vividos. E, da mesma forma, apenas se forem lembrados. Se depender de Pedro Wilson, quem sabe, o patrimônio histórico de Goiás acabe menos “desmemoriado”.
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Trabalho com a terra ajuda a transformar vida de adolescentes infratores
Acesse em: https://aredacao.com.br/noticias/191406/trabalho-com-a-terra-ajuda-a-transformar-vida-de-adolescentes-infratores Goiânia – “Afagar a terra/Conhecer os desejos da terra/Cio da terra, propícia estação/E fecundar o chão”. O refrão de O Cio da Terra, de Milton Nascimento e Chico Buarque, ilustra bem o poder terapêutico e transformador do trabalho com a terra. E é exatamente nesse contexto que a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) e a Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) realizam cursos para reeducandos dos Centros de Atendimento Socioeducativo (Cases) de Goiânia e Anápolis.   O trabalho é recente. Começou em 2022, mas os frutos já são colhidos, literalmente. Os cursos são de olericultura e de panificação, com cerca de 40 horas de duração, ministrados na própria Emater, em Goiânia. A iniciativa foi idealizada por Robson Luiz de Morais, engenheiro agrônomo com mestrado em educação de adultos, atuação em agricultura familiar, hoje atuando como assessor de projetos sociais da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa).   “Quando apareceu essa oportunidade de trabalhar com jovens adolescentes reeducandos, achamos algo muito salutar, já que poderíamos levar a oportunidade de ocupação e de emprego para esses jovens na área agrícola, que é muito forte em Goiás. Por que esses jovens não poderiam ter essa oportunidade de aprendizado, de conhecimento e formação de competências na área agrícola?”, pondera. Robson conta que ambos os cursos fizeram sucesso imediatamente entre os jovens atendidos por um fator muito simbólico: “poder alimentar as pessoas [com seu trabalho]”.   “O jovem vem, faz o curso de hortas, cumpre o tempo dele, volta para casa no interior e lá na cidade dele tem o escritório da Emater. Então ele pode contar com a assessoria técnica para a horta que ele vai construir lá no lote ou trabalhar nessa área na cidade. Então ele não fica abandonado, podendo mais tarde dar continuidade [no seu aprendizado]”, pontua Robson, lembrando que a Agência tem atualmente 200 escritórios espalhados por Goiás.
“O que mais importa pra gente é que esse jovem veja que ele tem um futuro, que pode ser planejado e que pode ser melhor do que o problema que ele teve, e que o Estado se importa com ele, que ele é importante. Agregamos para que quando ele encontre uma oportunidade, ele tenha competência para agarrá-la e levar adiante”, relata o o assessor de projetos sociais da Seapa. Atualmente, a Emater planeja construir uma horta permanente no próprio Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Goiânia, no Conjunto Vera Cruz,  para que os jovens possam atuar diretamente nela com mais facilidade e por mais tempo. “Além da horta produzir alimentos para a cozinha, para alimentar os próprios jovens, queremos com ela produzir uma cesta de verduras que possa ser doada para as mães desses garotos e garotas. O objetivo é simbólico: olha, mãe, esse produto aqui quem fez foi seu filho. Ele está aprendendo um ofício, produzindo alimento para outras pessoas, [fazendo uma] coisa boa. Esse jovem pode ser um futuro agricultor”, conclui Robson. O curso de olericultura na iniciativa é ministrado pelo engenheiro agrônomo Jean Louis Martins, que está na Emater há 30 anos. “A experiência foi a melhor possível: os garotos são muito comportados, muito interessados e muito inteligentes. Gostei muito de trabalhar com eles. Trabalhar com terra, com planta, é uma coisa prazerosa, foi muito proveitoso até aqui. Vi o interesse deles em aprender uma coisa nova”, conta.
Jean Louis avalia que os cursos são para os jovens infratores uma chance de mudar a vida. “A gente tem uma tendência a condenar as pessoas. Todo mundo corre risco de errar na vida. Esses meninos, eu conversava com eles nos intervalos e muitas vezes eles têm histórias tristes. Antes de julgar, precisamos ter empatia pelo outro. Todo mundo merece uma oportunidade”.   Educar para mudar A superintendente do Sistema Socioeducativo da Seds, Kérima Ferreira Sobrinho, afirma que todo o formato socioeducativo tem cunho pedagógico para qualificar e capacitar o adolescente para que, quando ele sair da sua internação, ele tenha capacidade de conquistar uma vaga de emprego. “Atualmente, a maioria dos nossos adolescentes já consegue uma ocupação antes mesmo de sair da internação. Hoje nós temos adolescentes fazendo curso superior, outros que foram aceitos na categoria de base de clubes goianos. Essas parcerias são de extrema importância para oferecer a eles opções de independência financeira. Às vezes, quando eles saíam da internação, só tinham como voltar à delinquência. Agora, eles possuem outras opções para conquistar um emprego e não voltar à infração”, relata.
Segundo a superintendente, a maior parte dos adolescentes hoje nos Cases está em sua primeira internação. As medidas socioeducativas, principalmente os cursos ofertados, são o caminho para evitar a reincidência. Kérima conta que a horta teve aderência imediata. “Os adolescentes têm muito interesse em mexer com a terra: é terapêutico e profissionalizante. A gente consegue fornecer hortaliças para o restaurante que faz a comida dos adolescentes, conseguimos vender em algumas feiras, conseguimos doar para as famílias dos adolescentes no momento da visita, mostrando o que eles produziram. Isso faz com que a estadia deles dentro do sistema socioeducativo seja, de fato, produtiva”. Kérima conta que há alguns meses, no Case Goiânia, os adolescentes tiveram a oportunidade de fazer uma pequena lavoura de milho que cultivaram, colheram e depois fizeram uma pamonhada na unidade. “Ao trabalhar a terra, eles aprendem a cuidar. Quando eu falo cuidar é cuidar do outro, da planta, do ambiente. É só isso que pode transformar. Isso o resgata, isso transforma e pode mudar a história dele. Mudar a trajetória de uma pessoa é garantir um futuro melhor para a próxima geração, que vai ter uma nova oportunidade de vida, rompendo com o ciclo da violência”, avalia. “Muitas vezes esse adolescente só vai encontrar seus direitos dentro do sistema socioeducativo: ele evadiu da escola, não tem um ambiente familiar saudável, não tem qualificação. Quando chega lá dentro, ele vai ter atendimento psicológico, de saúde, vai retomar seus estudos, vai ter uma oportunidade de aprendizado. Pela primeira vez, ele vai ser visto”, conclui a superintendente.  Cidadania que alimenta sonhos Coordenadora de cursos e profissionalização do Case Anápolis, Lilane Victor Santos pontua que o projeto das hortas é uma forma de preparar o jovem para um futuro de oportunidades. “Nós trabalhamos com adolescentes que trazem na construção de suas histórias a desigualdade, a injustiça social, ausência da garantia de direitos fundamentais e a falta de oportunidades. Os cursos profissionalizantes trazem um norte, uma expectativa de vida para eles. É o que vai trazer um apoio para a vida deles”, conta ao relatar que testemunhou bom exemplos ao longo do período de trabalho com os menores infratores. 
Além dos cursos da Emater, o sistema socioeducativo possui uma série de outras parcerias e cursos, como confecção de roupas, bordado e serigrafia; mecânica de motos; robótica, por meio do programa Sukatech, e mesmo o casqueamento de equinos, oferecido pelo Senar.
Um dos bons exemplos citados por Lilane é J.L.O., de 18 anos. O jovem está há um ano internado no Case de Anápolis. Ele relata ter ficado muito feliz com o curso e já faz planos para quando deixar a unidade socioeducativa. “Quando eu sair daqui eu quero abrir um restaurante para mim”, revela. Ele conta que sempre teve interesse em trabalhar no campo, mas nunca pensou que teria uma oportunidade. “Gosto muito de roça. Eu não pensei que faria esses cursos aqui dentro. Eu gosto muito daqui, agora estou fazendo um curso de mecânica de motocicletas no Senai, fazendo curso de robótica na Sukatech em Goiânia”, acrescenta. 
J.L.O. conta que é com o que aprendeu com os cursos que se mantém ocupado. É nesse trabalho que, de fato, ele prende sua atenção e não vê a hora passar. No resto do tempo, conforme pontua, se dedica a sonhar e a fortalecer a fé. “Se Deus quiser, vai dar tudo certo”, arremata.
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Profissionalização aquece turismo em Goiás após a pandemia Acesse em: https://www.aredacao.com.br/turismo/188519/profissionalizacao-aquece-turismo-em-goias-apos-a-pandemia “Abrimos as portas já durante a pandemia, em dezembro de 2020, então passamos por etapas de ocupação muito restritas. Todo o ecossistema do turismo foi impactado”. A afirmação é de Ana Clara Lima, proprietária da Villaê Pousada, em Pirenópolis, um dos mais movimentados destinos turísticos de Goiás. O relato da empresária reproduz o depoimento de empresários de todas as partes do mundo, porém, os pequenos negócios, principalmente aqueles ligados aos setores de turismo e entretenimento, sentiram um baque ainda maior entre 2020 e 2022. Agora em 2023, esses setores dão sinais de reaquecimento, e não é à toa: além de uma demanda acumulada, ações de capacitação e fomento ajudam prefeituras, comunidades tradicionais, guias e donos de pousadas e restaurantes a recuperar a economia de suas cidades, assim como a renda e o trabalho de suas populações. Um projeto guarda-chuva de tudo isso no Estado foi o Goiás Turismo 4.0, lançado em 2021 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Goiás (Sebrae GO) em parceria com a Goiás Turismo, com estratégia de inteligência de gestão, mapeamento, estudos e análises. A iniciativa se desdobrou em 2022 e em 2023 no Programa de Qualificação Turismo Goiás 4.0, oferecendo qualificação com cursos especializados para gestores de turismo, além de palestras e oficinas com convidados renomados. Não demorou para que os resultados começassem a ser colhidos. O turismo goiano cresceu 16,6% em 2022 em relação a 2021, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A receita proveniente do setor teve alta de 33,1% no Estado no mesmo período. Em dezembro do ano passado, o turismo em Goiás teve uma expansão de 6,2%, maior que a média nacional, que foi de 3,2%. Ainda segundo o IBGE, em 2023 o setor em Goiás já acumula um crescimento de 10,8%. "Mais de 90% dos negócios de turismo são pequenas e microempresas. Nós atuamos na formatação de novos produtos, capacitação e profissionalização", enfatiza Priscila Vilarinho, analista e gestora de Turismo do Sebrae Goiás. "Nosso índice de crescimento do turismo tem sido acima da média nacional. O aumento do turismo regional por acesso rodoviário mostra que Goiânia, Anápolis e Brasília estão consumindo os destinos mais próximos", acrescenta. Realidade experimentada e comemorada por quem mantém pousadas e hotéis no interior do Estado. "A sensação de instabilidade parece que deu uma acalmada. Sinto que as pessoas estão com mais confiança e o turismo está retornando. Entramos em junho com a expectativa alta, já que começa a época de alta demanda, que segue até outubro”, conta Ana Clara, que destaca a movimentação mais intensa na cidade de Pirenópolis. Outra iniciativa do Sebrae Goiás foi uma parceria com diversas prefeituras para prestar consultoria e cursos para a população. A ação também visa desenvolver um plano para o turismo para os próximos cinco anos, e Pirenópolis está entre as cidades contempladas.  Foram oferecidos programas de qualificação, com cursos técnicos e profissionalizantes, além da Sala do Empreendedor, que busca auxiliar os trabalhadores  informais do setor de turismo a se formalizarem e se tornarem mais capacitados. “Todas estas iniciativas estão tentando profissionalizar cada vez mais o turismo aqui da cidade, toda a cadeia em todos os seus níveis. Eu mesma participei do programa de agente local de inovação. Há uma forte movimentação no sentido de desenvolver um olhar de longo prazo para a cidade”, completa Ana Clara. Além disso, Pirenópolis é uma das 11 cidades do programa Futuro do Brasil de turismo inovador, desenvolvido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Sebrae. Ana Clara conta que o município já sente os efeitos do projeto. “É um programa sério que leva a cidade para outro patamar e que está preocupado com o crescimento turístico e também com sustentabilidade”. Outro local que passou pela consultoria para desenvolver seu novo plano municipal de turismo e que já começa a colocá-lo em prática é a cidade de Goiás. “Essa parceria com a prefeitura constatou que o plano municipal de turismo era antigo e defasado, então juntos nós construímos o que, de fato, o turismo precisava para crescer na cidade de Goiás. Foi uma construção coletiva muito bonita mesmo. Ele foi acatado por todos e hoje já estamos discutindo estratégias para alcançar as metas do plano”, conta Jonathan Soares Campos, fundador da Goyazes Turismo, que atua na cidade de Goiás e, principalmente, em experiências no Caminho de Cora Coralina. Segundo Jonathan, houve uma grande preocupação em capacitar e incluir a população local do centro histórico. “O plano qualifica os moradores da cidade de Goiás para receber turistas, para empreender no turismo, e suas empresas turísticas são orientadas e apoiadas pela prefeitura e pelo Sebrae. Goiás é uma cidade muito tranquila, muito pacata e muito segura. A maioria dos empresários e do povo daqui preza muito por isso. Se a gente souber direcionar agora o fenômeno turístico de forma responsável, vamos conseguir construir diversos produtos muito ricos, muito benéficos para a cidade”, avalia. Chapada dos Veadeiros
Também há a intenção de atrair para o Estado mais gente de fora do país, buscando fontes para além de Goiânia e Brasília. O Brasil já recebeu 2,3 milhões de turistas estrangeiros nos três primeiros meses de 2023, número superior ao período de pré-pandemia, segundo a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Com isso em mente, a Agência e o Sebrae realizaram entre os dias 22 e 29 de maio uma press trip: uma viagem com jornalistas internacionais convidados da Argentina, do Chile e do Peru que conheceram Brasília, Pirenópolis e a Chapada dos Veadeiros. A região da Chapada, inclusive, tem crescido com foco no turismo ecológico e também cultural, tanto pelo contato com a natureza quanto com as comunidades tradicionais do Quilombo Kalunga.  Richard Avolio, dono da pousada Vale das Araras, em Cavalcante, atua na área há mais de 20 anos. Além de hospedagem, ele oferece trilhas e passeios em cachoeiras aos visitantes em sua Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Em maio, ele foi até Bonito (MS) participar de um ciclo de debates chamado Inspira Ecoturismo, também realizado com apoio do Sebrae. O objetivo foi agregar mais ideias para atração de novos visitantes à cidade goiana.
  “Os setores de turismo e de entretenimento foram os mais afetados pela pandemia. Reabrimos em abril de 2022, tivemos um fluxo muito alto, uma procura muito expressiva. De lá pra cá estamos batendo alguns recordes de ocupação”, relata Richard. “As pessoas vêm aqui conhecer a cultura, participar da vivência. Há essa outra vertente que é um componente forte do ecoturismo também. O ecoturismo é tendência, e sentimos isso desde a reabertura. As pessoas estão buscando mais experiências e o turismo está aí para desempenhar esse papel. No caso do turismo ecológico, podemos oferecer um contato imersivo com a natureza e com povos tradicionais”, completa. Adriano Paulino da Silva, presidente da Associação Comunitária Kalunga do Engenho II (AKCE), também em Cavalcante, é condutor de visitantes no quilombo e relata que o apoio e a capacitação ajudaram na retomada das atividades de forma sustentável e que beneficiou toda a comunidade. “O impacto que o turismo trouxe para a nossa região é grande. Nós executamos um turismo de base comunitária em que a gente aprende cada vez mais todos os dias, são sempre experiências novas. O turismo traz empreendedorismo para nós de forma direta e indireta. Temos guias, restaurantes, pousadas e traslados. É uma cadeia gigantesca muito importante no nosso dia a dia”, afirma.
Adriano também fez uma capacitação do Sebrae através do RuralTur. “Foi muito importante para ver como o turismo era organizado e estruturado. Quando voltamos para casa, percebemos algumas falhas que conseguimos corrigir para melhorar cada vez mais a experiência do nosso turismo. Foi uma oficina que beneficiou o nosso turismo de base comunitária, incluindo toda a comunidade”. Segundo Adriano, a estruturação permitiu oferecer uma vivência especial aos visitantes. "Proporcionamos experiências por meio da nossa culinária, da história e da cultura do nosso quilombo. É uma experiência, de fato, única. O turismo é muito importante para nós não apenas economicamente, pois nos estimula a preservar [o meio ambiente]. É algo que vem melhorando cada vez mais”, completa ao destacar que a ideia é buscar ações que sempre estimulem cada vez mais a atração de novos visitantes às terras goianas.
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Mães com nanismo enfrentam preconceito e falta de informação na gravidez Conheça alguns casos e possíveis complicações Acesse em: https://aredacao.com.br/noticias/187286/maes-com-nanismo-enfrentam-preconceito-e-falta-de-informacao-na-gravidez José Abrão Goiânia – O nanismo refere-se a um grupo de condições médicas que afetam o crescimento e o desenvolvimento ósseo, resultando em uma estatura muito baixa. Existem cerca de 250 mil pessoas com nanismo no mundo. Por ano, uma em cada 25 mil crianças no mundo nasce com acondroplasia, o tipo mais comum de nanismo. Além disso, 80% das crianças que nascem com acondroplasia possuem pais de estatura mediana. Mães com nanismo podem enfrentar dificuldades e complicações durante a gestação e no parto, além de outras barreiras para além da saúde, como o preconceito e a falta de informação, seja por parte da comunidade médica ou pela sociedade como um todo. Durante a gravidez, a mulher com nanismo pode, por exemplo, enfrentar dificuldade para respirar ou para se mover, além de dores ou problemas circulatórios e respiratórios. Isso justamente em razão da estatura. Pelo tamanho menor da pelve, a maioria dos partos é feita por meio de cesariana. "As complicações que podem surgir na gravidez vão depender de qual é a origem desse nanismo”, explica Rayana Maia, médica geneticista e docente do curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O que muita gente não sabe é que os casos de nanismo podem ser muito diversificados: existem mais de quinhentos tipos dessa condição e a herança genética pode não ser tão determinante quanto as pessoas pensam. São probabilidades variadas e, tanto pais quanto profissionais da saúde, precisam estar informados. Em razão dessa variedade, é complicado até mesmo prever a incidência da mutação sem fazer um estudo genético. “A probabilidade de ter filhos com nanismo vai depender da origem do nanismo na família”, explica a médica. Ela orienta que as mulheres com nanismo façam uma avaliação clínica antes de engravidar para ajudar a entender quais pontos específicos podem apresentar complicações. Além disso, consultar um geneticista é fundamental. “Para aconselhamento genético antes de engravidar e acompanhamento conjunto na gestação”, orienta a especialista. Casos e casos A industriária Maria Thereza Coelho, de Catalão, tem nanismo. O marido dela não tem. O casal teve três filhos: a mais velha não herdou a mutação, mas os dois mais novos, sim. Segundo Maria Thereza, na primeira gravidez, o médico sequer tocou no assunto. “Ele nem mencionou a questão do nanismo, nem foi cogitado, e quando ela nasceu também não falaram nada”, relata. Com o segundo filho, a situação foi diferente. “Por volta de 28 semanas de gestação, o médico que fez o ultrassom disse que o bebê ia ter má formação cerebral, problemas de estômago, um rim maior do que o outro... Ele quase chegou a sugerir que o bebê seria incompatível com a vida”, lembra. Com medo, o casal procurou outro médico. As características visualizadas pelo primeiro profissional nada mais eram que sinais da herança genética: membros menores. “Eu fiz ultrassom com um médico que simplesmente não tinha o preparo para fazer o diagnóstico de nanismo”, diz Maria Thereza. A criança nasceu saudável após 39 semanas de gestação. A bancária Fabíola Dreher Guimarães e o marido dela têm nanismo, mas a filha deles, não. Quando engravidou, a bancária decidiu fazer o estudo genético para saber se sua filha herdaria a mutação. “O preconceito é tão grande que o médico geneticista quando viu que ela tinha chance maior de nanismo sugeriu que interrompêssemos a gravidez. Foi muito pesado isso”, conta. Na ultrassom de 28 semanas, conforme relata a bancária, foi identificado que a bebê não tinha nanismo porque o tamanho dos ossos dos membros não estava menor. Não houve nenhum problema na gestação e a menina nasceu após 39 semanas de espera. O parto, porém, foi complicado. “Não havia espaço entre as vértebras, tomei 10 raquianestesias e ainda assim não pegou. Aí eu tomei a geral. A minha filha nasceu dormindo porque pegou a anestesia nela”, completa Fabíola. A bebê estave em risco, mas tudo terminou bem. Parte disso só foi possível devido à relação próxima dela com sua ginecologista, que foi devidamente orientada sobre as complicações que poderiam acontecer. “Como eu já fazia parte do grupo Nanismo Brasil, eu já tinha alguma bagagem. A ginecologista buscava as informações comigo, tirava todas as dúvidas comigo, ela procurou o conhecimento sobre nanismo para me atender, e isso é difícil hoje”, pontua Fabíola. As mães como Fabíola e Maria Thereza relatam histórias parecidas: o ônus de se informar e se inteirar de todos os fatos, dados e questões envolvendo o nanismo recaiu sobre elas, que criticam o desinteresse dos médicos. As mães frequentemente recorrem a redes de apoio como o Instituto Nacional de Nanismo, o grupo Somos Todos Gigantes e o projeto Nanismo Brasil, que contribuem para que outras mães não enfrentem as mesmas experiências negativas. “A gente se depara com médicos que não têm o preparo [para lidar com o tema]. Hoje nós somos multiplicadores de informação para as famílias que estão chegando. Sempre que levo meus filhos ao médico, a gente faz um breve relato das comorbidades e agravos que eles podem ter e os médicos falam ‘você é bem informada'. A gente tem que se agarrar às informações para poder levar para as outras pessoas”, relata Maria Thereza. “A falta de interesse dos médicos é muito grande, muitas colegas têm dificuldades no parto porque o obstetra acha que é só abrir e tirar e não procura se informar sobre as peculiaridades do nanismo”, adiciona Fabíola. “Nanismo é uma condição rara e, por isso, temos muita dificuldade de encontrar médicos que dominem o assunto. E também é difícil encontrar informações na literatura médica que compartilhem a experiência de determinados casos justamente por serem raros. Então, não faz parte da rotina de muitos especialistas que não trabalham com condições raras”, explica a Dra. Rayana. Ela orienta as mães a procurarem especialistas ou médicos com experiência, mas chama atenção da comunidade médica para que, ao se deparar com um caso de nanismo, deve ir além para realizar suas atribuições de forma eficiente. “É importante que o médico pesquise na literatura, procure se informar para entender quais as possíveis complicações para cada caso”, finaliza.
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LGPD: empresas precisam se adequar à proteção de dados para evitar sanções Acesse em: https://aredacao.com.br/noticias/185997/-lgpd-empresas-precisam-se-adequar-a-protecao-de-dados-para-evitar-sancoes José Abrão Goiânia – Em setembro de 2020 entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que tem como objetivo garantir a proteção dos dados pessoais dos cidadãos brasileiros. Ela estabelece regras sobre a coleta, armazenamento, uso e compartilhamento de dados pessoais. O objetivo principal da LGPD é proteger a privacidade e os direitos fundamentais das pessoas em relação aos seus dados pessoais, garantindo que esses dados sejam tratados de forma adequada e segura por empresas, organizações e entidades governamentais. A LGPD cria uma série de obrigações jurídicas para empresas que processam dados pessoais no Brasil, independentemente de onde a empresa esteja localizada e de qual seja seu tamanho e prevê sanções e penalidades para as empresas e organizações que não cumprirem as suas disposições. Em fevereiro deste ano, foi publicado o regulamento da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), o que permite o início da aplicação das sanções administrativas da Lei. “Nós nunca tivemos no Brasil a cultura de se preocupar com a proteção de dados. Você chega em uma farmácia, o atendente te pede o seu CPF pra comprar uma dipirona e você não estranha, você só diz”, comenta Thaís Oliveira, advogada especializada em proteção de dados e CEO da InPrivacy, empresa de consultoria voltada para a cibersegurança.  “Com o avanço da tecnologia e todas as nossas relações comerciais migrando para o ambiente digital, essa segurança de dados se torna indispensável”, completa. A finalidade da lei é prevenir fraudes e mitigar a ocorrência de danos, assim como roubos, abusos, vazamentos. “Tendo uma empresa, você precisa adotar na prática algumas exigências, como o encarregado de dados, um funcionário que é responsável por intermediar a comunicação entre o titular de dados e a ANPD”, explica Oliveira. Existe um certo passo a passo para ficar dentro da lei. “Em primeiro lugar, é preciso conhecer na sua organização quais dados pessoais você tem sob o seu poder. O trabalho de adequação começa com o diagnóstico da empresa e quão próximo ela está de acordo com a LGPD”, conta a advogada. “Então é feito um mapeamento dos dados, todo o percurso que ele faz dentro da empresa, em cada departamento e se você tem autorização para lidar com esses dados”, continua.
Depois são feitas adequações documentais; de políticas de privacidade e termos de consentimento. Isso vale para os funcionários e para os clientes. A LGPD estabelece uma série de exigências e obrigações para as empresas que tratam dados pessoais, como: a coleta e o tratamento dos dados pessoais só podem ser realizados com o consentimento explícito do titular dos dados, ou seja, a pessoa deve ser informada de forma clara e detalhada sobre o uso que será dado aos seus dados e devem ser transparentes sobre as informações coletadas, como elas serão utilizadas, armazenadas e compartilhadas. Além disso, precisam implementar medidas de segurança adequadas para proteger os dados pessoais do acesso não autorizado, perda, alteração ou divulgação e notificar os titulares dos dados em caso de violação de segurança que possa comprometer a privacidade e integridade dos dados pessoais. Os titulares dos dados têm o direito de solicitar o acesso, a correção, a exclusão ou a portabilidade de seus dados pessoais e as empresas e organizações devem nomear um encarregado pelo tratamento de dados pessoais, que será responsável por receber as solicitações dos titulares, orientar os funcionários sobre as regras da LGPD e garantir que a organização esteja em conformidade com a lei. Para quem não se adequar ou descumprir a lei, pode ser multado em R$ 50 milhões por infração ou em até 2% do faturamento. Além da possibilidade de sofrer a suspensão ou proibição do tratamento de dados, podendo ter o banco de dados bloqueado ou excluído. A infração também pode ser publicizada, isto é, divulgada publicamente, podendo causar impactos negativos na sua imagem e reputação. “Eu percebo como profissional que atua na área que as empresas ainda não se conscientizaram disso”, diz Oliveira. “Aos pouquinhos, as pessoas, que são titulares de seus dados, estão se conscientizando de seus direitos e estão entrando na Justiça para defender seus dados pessoais”, diz. A advogada salienta que é fundamental que as empresas, além de adequação tecnológica e jurídica, também treinem seus funcionários. “O treinamento é muito importante porque 95% dos vazamentos ou invasões acontecem por falha humana. Às vezes a empresa até tem a tecnologia necessária, mas peca em preparar seus funcionários”, aponta. Como se proteger O consultor técnico e CTO da InPrivacy, João Paulo Rodrigues, atua há 14 anos no mercado de cibersegurança e afirma que a maioria das empresas de médio e pequeno porte ainda não se adequou à LGPD. Ele enumera alguns passos para garantir a segurança mínima do tratamento de dados nas corporações. “É preciso fazer uma adequação técnica e organizacional para garantir o mínimo de segurança da informação como por exemplo ter um bom firewall bem configurado com seu servidor para fazer uma filtragem; um proxy para fazer o controle de acesso e ter um antivírus corporativo instalado nas máquinas”, diz. Já algumas outras medidas de segurança podem ser tomadas não apenas pelas firmas, mas por todas as pessoas, inclusive fora do ambiente de trabalho, utilizando seus dispositivos pessoais. “O que pode ser feito é o uso de senhas fortes, isso é uma prática que todos devem ter, assim como autenticação de duas etapas”, aponta João. Outra medida é “manter as suas senhas salvas em um local seguro e criptografado, existem aplicativos ‘cofre’ que já fazem isso de forma gratuita”. Segundo o técnico, muitas pessoas ainda salvam suas senhas no bloco de notas e salvam no próprio computador, sem nenhuma proteção. Mas, acima de tudo, João afirma que “o usuário precisa ter uma malícia e desconfiar de tudo que recebe por e-mail, por WhatsApp, de todo link e boleto que recebe. Essa conta é realmente da minha empresa de telefonia? Meu banco realmente me enviou esse e-mail?”. Por fim, é importante ter um antivírus e fazer um backup simples. Segundo João, até no Google Drive já serve: “você pode salvar na nuvem o que você precisa para, caso sofra um ataque, ter suas informações importantes salvas em algum lugar. Essas medidas já resolveriam a maioria dos problemas”.
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Implementação do Novo Ensino Médio divide educadores em Goiás Acesse em: https://aredacao.com.br/noticias/183007/implementacao-do-novo-ensino-medio-divide-educadores-em-goias José Abrão Goiânia – O Novo Ensino Médio é uma reforma educacional sendo implementada no Brasil, com o objetivo de oferecer aos estudantes uma formação mais flexível e que se adapte melhor às suas necessidades e interesses. Aprovada originalmente no governo Temer, em 2017, sua implementação começou em 2019 e agora, após a pandemia, entrou em uma nova fase de intensificação. Originalmente prevista para ser totalmente aplicada nacionalmente até o final de 2022, o novo prazo agora é até o final de 2024. Entretanto, 55% da população está pouco ou nada informada sobre o modelo, segundo pesquisa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). Entre os principais aspectos dessa reforma, podemos destacar o aumento da carga horária mínima para 1000 horas e a criação de trilhas ou itinerários formativos. Através deles, os estudantes poderão escolher conjuntos de disciplinas e atividades relacionadas a uma determinada área de conhecimento. Os itinerários são: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Formação Técnica e Profissional. O conteúdo passa a ser dividido entre disciplinas obrigatórias (formação geral básica) e optativas (núcleo de flexibilização). As obrigatórias incluem Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Inglês. As demais disciplinas poderão ser escolhidas pelo estudante conforme seu itinerário. A reforma também prevê um aumento das escolas de tempo integral, com carga horária mínima de 1400 horas. Instigante no papel, a proposta divide educadores, pais e estudantes quanto à sua aplicabilidade devido às limitações das próprias escolas, tanto públicas como privadas, aumentando a desigualdade entre os alunos da rede estadual de ensino e os que frequentam colégios particulares. Outras questões também se impõem, como o fato de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deve ser reformulado, podendo ficar dissonante do modelo proposto pelas trilhas optativas de conhecimento. A superintendente de Ensino Médio da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Osvany Gundim, está otimista apesar dos desafios. “Com o período pandêmico tivemos entraves, mas acredito que estamos caminhando bem para efetivar essa implementação”. Osvany afirma que o Estado tem conseguido até agora atender a demanda por profissionais e chama atenção para o concurso realizado no ano passado para a contratação de cinco mil professores. Quanto às críticas em relação a disciplinas que tiveram a carga horária reduzida, Osvany declara que a Seduc “sempre teve muito zelo para executar todas as leis da forma mais compatível para todos. Quando penso em componentes curriculares que perderam aula na formação geral básica, dentro das eletivas do núcleo de flexibilização, criamos um núcleo dirigido para o acréscimo de carga horária desses componentes. Ele possibilita essa ampliação. E as trilhas já contemplam todos esses componentes. Primeiro eu vou considerar os anseios dos estudantes e depois vou ajustar a condição de oferta”, garante. Impacto no Enem O diretor de Formação do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), João Coelho, tem uma visão mais cética da situação, inclusive no andamento da implementação. “Os professores têm tentado se adaptar ao regime e incluindo as mudanças em seus planos de aula. Mas os efeitos de todo o processo não podem ser vistos agora, talvez daqui a dez anos, porque é todo um ciclo que tem que se desenvolver para que possamos ver os efeitos disso”, avalia o professor. O docente também critica os interesses políticos por traz da reforma ao reduzir na grade disciplinas como sociologia, filosofia e artes. “Certos conhecimentos serão suavizados, mas quando o aluno for fazer o Enem ou outras provas de seleção, estes conhecimentos não serão suavizados. Se eu tiro matérias que estão no Enem e deixo os alunos escolherem, se o aluno fizer uma escolha equivocada ele pode ter prejuízo na prova”. De fato, a prova do Enem é composta por questões de diversas áreas do conhecimento, incluindo Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. Se um estudante escolher um itinerário formativo que não enfatiza uma dessas áreas, ele pode ter mais dificuldades na hora de responder às questões correspondentes no exame. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) é o órgão responsável pela organização da prova e nos últimos anos só fez algumas alterações superficiais ao exame, como a inclusão de novas competências e habilidades, o aumento do número de questões de Ciências Humanas e a aplicação da prova em dois dias consecutivos. No entanto, até o momento, não há informações oficiais de que o Inep esteja planejando alterações significativas nas provas do Enem, como a mudança do formato, conteúdo ou metodologia de avaliação. “A tendência é que não se aprenda nada” Miriam Fábia Alves, professora da Faculdade e Educação da Universidade Federal de Goiás (FE-UFG) e membro do Fórum Nacional Popular de Educação, relata que os temores apontados em 2016, quando a reforma ainda era uma proposta, estão se materializando na implementação. “Ela focou muito na questão curricular mas não responde aos históricos problemas que o Ensino Médio tem. As redes de ensino possuem uma série de limitações que não foram resolvidas”, diz Miriam, salientando questões como falta de profissionais e de infraestrutura. “Os problemas históricos foram agravados e foram complicados por jovens que estão vindo aí de dois anos de pandemia já com várias dificuldades acumuladas”, aponta, salientando os dois anos de Ensino Remoto Emergencial que afetaram principalmente os estudantes mais pobres, com difícil acesso ao conteúdo, aos materiais e à internet. “[Então eu] acirro as desigualdades educacionais e aumento a desigualdade social, o acesso ao mercado de trabalho e aos bens culturais”, analisa. A professora também critica a falta de integração do modelo proposto, que amplia o leque de opções. Ao seu ver, o leque é tão grande que acaba por não dialogar entre si: “Temos um currículo muito fragmentado, levando à fragilidade da formação geral dos estudantes, que lhe assegure inserção no mercado de trabalho e a continuidade dos estudos. A tendência é que não se aprenda nada: nem formação geral, nem específica, nem profissional”. Levando tudo isso em consideração, Miriam também afirma que há uma péssima questão de timing ao tentar forçar uma reformulação de grande escopo logo depois da pandemia e de um período bastante conturbado no cenário nacional. “É uma irresponsabilidade imensa com essa juventude e com o futuro da nação. Nesse momento, temos a oportunidade de fazer a diferença na formação desse jovem, mas se insiste em um formato que é ruim. É um momento muito ruim. Acho que nossa posição é clara contrária à reforma e que ela não deveria ser implementada agora. Uma mudança de fôlego desse tamanho impacta [toda a sociedade]. Não é o momento”, avalia. Por fim, há movimentos em disputa nesse momento: alguns pedem revogação, outros pedem adequações, uma “reforma dentro da reforma” para corrigir diversos fatores, e outros ainda que acha que a reforma tem méritos importantes e que deveria ser implementada e testada. O professor João Coelho enverada pelo caminho da adequação. “Teria que ser feita uma nova reforma colocando em pautas todos os problemas apontados, suspendendo esse novo Ensino Médio até que houvesse uma formulação que não colocasse os alunos em condições desiguais. Essa política pode trazer um prejuízo muito sério a longo prazo, tanto na educação pública quanto privada”, analisa. Miriam Fábia defende a revogação, mas reconhece ser o caminho mais improvável: “Mesmo se houver interesse por parte do MEC, ainda é algo que teria que passar pelo Congresso Nacional, o que é sempre mais complicado”.
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joseabraoportfolio · 1 year
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Imagens feitas por IA levantam questões éticas e trabalhistas entre artistas
Especialistas debatem impacto tecnológico
Disponível em: https://www.aredacao.com.br/cultura/179158/imagens-feitas-por-ia-levantam-questoes-eticas-e-trabalhistas-entre-artistas José Abrão Goiânia – Você deve já ter reparado uma moda que tomou o Instagram nas últimas semanas. De repente, seus amigos estavam postando imagens deles mesmos que lembravam obras de arte feitas em diversos estilos. Ao procurar a fonte, a surpresa: o conteúdo é produzido por Inteligência Artificial (IA) em softwares específicos, alguns deles até pagos. Essa febre passageira nas redes sociais gerou uma resposta por parte dos artistas, especialmente no Twitter, com a tag #HumanArtists. Desenhistas, pintores, ilustradores e designers postaram suas obras e seus processos criativos, urgindo que a comunidade aprecie produções humanas e, se for comprar arte, que prestigie as reais. Por si só isto já gera um estranhamento: existe arte que não é humana? Perguntas perenes sobre o assunto retornaram por meio desta discussão: afinal, quem decide o que é arte? “Não existe uma resposta objetiva sobre isso: tentar responder o que é arte, é discutir o sexo dos anjos. Não há necessariamente uma posição clara se é arte, mas podemos valorar isso dentro de uma gradação de originalidade, de sofisticação estética, mas a arte nunca esteve dissociada de um contexto, nunca é apenas o objeto em si”, pondera o professor da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (FIC/UFG) e doutor em Arte e Tecnologia pela Universidade de Brasília (UnB), Marcilon Almeida. O artista goiano Marcelo Peralta era antes arquiteto e fez o caminho contrário: pela profissão, já está acostumado a usar programas e a desenhar em plataformas eletrônicas ou digitais. Sua arte, porém, acabou nascendo do reencontro com o analógico e técnicas tradicionais de pintura e desenho. “Tenho aversão nenhuma à tecnologia. Algumas das minhas obras foram feitas em computador, mas porque é uma técnica que casa com a linguagem que quero. Não concordo que podemos chamar isso apenas de ferramenta, acho que é algo que chega com um propósito de substituição não só do artista, mas do trabalho do ilustrador, do designer”. Ética e autoria Para Peralta e Marcilon, os principais pontos que precisam ser debatidos está em como os programas produzem as artes: a partir de bancos de dados utilizando imagens puxadas da internet sem critério, autorização e sem respeitar direitos autorais. “O que está em discussão, de fato, é que certas imagens feitas utilizando IA estão trazendo em si status de objeto artístico. Isso abre questões muito interessantes, especialmente porque estas tecnologias precisam ser treinadas por milhares de obras de arte feitas por pessoas que vão fornecer as bases estéticas para esse algoritmo”, diz Marcilon. Ou seja, é preciso discutir de forma mais ampla sobre a ética do processo, porque isso é feito de forma exploratória. Esses artistas deram autorização para que suas obras fossem usadas dessa forma para alimentar a máquina? Algumas empresas estão falando em dar a opção de recusar que suas criações sejam usadas no banco de dados que o software usa para aprender, mas como isso vai ser feito? “Você vai ter que ficar de olho no mundo inteiro, vigiando se suas obras não estão sendo usadas e contar com a boa vontade das empresas. Elas sabem que o que estão fazendo é apropriação indevida de direito autoral e que o que estão fazendo é antiético”, analisa Peralta. Para o artista, há como contornar isso. “Ao invés de opção para sair, seria melhor fazer uma opção para entrar; criar esses bancos de dados respeitando os direitos. Toda vez que ele for usado, os artistas que toparam participam recebem alguma coisa”, sugere. “Existem formas de tentar chegar a um consenso, mesmo não sendo uma solução perfeita”, completa. Marcilon argumenta que contexto e sofisticação permanecerão guias da autoria. Se a ferramenta produz uma obra, certamente não é arte, mas se um artista usa a ferramenta para fazer a obra, é outra coisa. “Um artista que utilize estas ferramentas para gerar um objeto artístico é diferente de uma imagem reproduzida de forma aleatória, sem questão artística e descontextualizada. O contexto é o que ainda define o significado da arte, principalmente na produção contemporânea”. Questões trabalhistas Outra preocupação é como a novidade vai impactar o mercado não apenas artístico, mas corporativo, afetando o trabalho de ilustradores e designers. Para Peralta, a ameaça ao mercado de trabalho é real. “Para um operário de fábrica de carros, houve uma grande diferença entre uma chave de fenda e o dia em que chegou um braço mecânico na linha de produção. Isso não vai acontecer agora [no universo criativo], mas é um processo que deixa claro para onde vai levar”, preconiza. O artista sugere que é necessária organização ao redor de legislação que abarque a novidade, mas entende as dificuldades, já que a tecnologia avança num passo impossível de acompanhar. “Esse processo é novo, é tudo terreno inexplorado, e é um momento de febre do ouro. Isso tem que ser adaptado e precisamos fazer parte do processo para que não seja tão predatório, que seja democratizado.” Historicamente, a tecnologia redefine profissões e fazem com que outras novas surjam. Desta forma, Marcilon não acredita que os humanos deixarão de fazer arte nem que ela perderá seu valor, mas que todo o processo criativo e de apreciação artística deve acabar ressignificado. “A criatividade humana tem idiossincrasias que são difíceis de serem reproduzidas por IA. Ela é muito boa para fazer determinado tipo de imagem, mas não todas. O trabalho artístico humano vai permanecer por muito tempo ainda.”
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Descuido ainda ronda casos de HIV/Aids em Goiânia
Conscientização é ferramenta mais importante
Disponível em: https://aredacao.com.br/vida-e-saude/179764/descuido-ainda-ronda-casos-de-hiv-aids-em-goiania José Abrão Goiânia – Dezembro Vermelho é uma campanha dedicada à conscientização sobre a Aids. No primeiro dia do mês, é celebrado o Dia Mundial do Combate ao HIV, o vírus da imunodeficiência humana, que pode levar ao desenvolvimento da síndrome da imunodeficiência humana (Aids). A epidemia explodiu em meados dos anos 1980 e sua exposição nos meios de comunicação turbinou um grande pânico moral, impactando principalmente grupos vulneráveis, como os homossexuais masculinos. Em Goiânia, atualmente o descuido ainda é um fator que ronda os casos da doença. Após 35 anos de epidemia, o HIV/Aids parece ter sumido da mídia, o que preocupa especialistas pelo registro de aumento de casos em nível mundial. Segundo dados da Unaids, grupo que monitora a doença pela Organização das Nações Unidas (ONU), há cerca de 38,4 milhões de pessoas no mundo viviam com HIV em 2021. Por outro lado, enquanto a preocupação com a doença parece ter diminuído no imaginário das pessoas, o estigma e o preconceito com os soropositivos permanece, alimentado, ainda, por imagens chocantes de três décadas atrás de celebridades acometidas pela doença. Em 2022, grandes avanços foram feitos: pessoas soropositivas têm vidas normais sem o risco e transmitirem o vírus. Métodos avançados de prevenção e redução de danos evitam que as cenas de antigamente se repitam. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia (SMS), a capital notificou 5.098 casos de infecção pelo HIV no período de 1º de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2021. Entre 2012 e 2016, foram registrados aumentos de notificação, começando em 110 e chegando a 709 após quatro anos. Depois, houve queda, chegando a 492 notificações em 2020 e 493 em 2021. Testagem feita na Rua do Lazer, no Centro de Goiânia (Foto: SMS) Segundo a gerente de Vigilância de Doenças e Agravos Transmissíveis da SMS, Camila Batista da Silva, houve uma redução de 45% na média nos últimos 10 anos, mas a diferença de um caso entre 2020 e 2021 deve ser levado em consideração. “Os dados de 2022, que fecham no dia 31/12, nos mostrarão se houve um incremento pelo aumento da oportunidade de testagem ou se foi um aumento das pessoas portadoras do vírus”, explica. Camila lembra que estes são os casos de pessoas soropositivas e que há uma distinção enorme entre ter o HIV e Aids. “A partir do momento que eu tenho HIV, o vírus está incubado no meu sistema imunológico e eu posso transmitir para outras pessoas, mas não tenho a imunidade tão comprometida ao ponto de uma gripe ser uma ameaça. Na Aids, é a doença em si, em sua forma mais crítica. O vírus se replica tanto que eu não consigo mais ter um sistema imunológico ativo que pode ser acometido por diversas doenças oportunistas, sendo a principal delas a tuberculose, mas até uma gripe simples pode ser fatal devido ao grau de comprometimento”, descreve. Além de ser responsável pela investigação e notificação obrigatória de HIV/Aids, Camila conta que a prefeitura também desenvolve uma série de ações de testagem e acompanhamento: “Só esse mês, fizemos na Rua do Lazer nossa tenda para testar, fizemos no Senac, isso facilita para o paciente ter o acesso ao teste. Porque, muitas vezes, se a pessoa tem que ir até a unidade de saúde, ela pensa, ‘e se der positivo?’. Com nossas ações, a pessoa passa pela rua e pode ter o resultado em 20 minutos”. Ainda segundo a gerente, o HIV/Aids é considerado uma doença controlada, mas “temos que ficar em alerta para vermos se os dados analisados em 2022 mostram um aumento significativo”. Uma das preocupações é com a população em situação de rua. O acompanhamento hoje é feito pelo Consultório na Rua, uma van que percorre toda Goiânia. “Todo usuário que vai para a rua, mesmo se não tiver documentação, é acompanhado. O consultório sabe o nome e tem o histórico de todos os pacientes e acompanha vacinações, medicamentos, quando precisa encaminhar para uma unidade de saúde”, conta Camila. A principal preocupação agora é com a conscientização para evitar o aumento de notificações. Segundo a enfermeira, as novas infecções são registradas na população entre 20 e 29 anos. “São jovens que não tiveram contato com o estigma do HIV nos anos 1980 e 1990 e por isso negligenciam o uso do preservativo”, alerta. Prep e Pep Um dos grandes avanços no combate ao HIV veio por meio do Prep: a Profilaxia Pré-Exposição. É quando a pessoa ainda não teve contato com o vírus, mas pode fazer uso desse medicamento contínuo para se prevenir da doença. Ele é para uma população específica, que pode estar em risco, chamada de públicos-chave. São quem, segundo os dados da SMS, possuem maior vulnerabilidade. “Profissionais do sexo; homens que fazem sexo com homens; a população de rua; pessoas trans e usuários de drogas injetáveis. Estes usuários podem ir ao CRBT [Centro de Referência em Diagnóstico Terapêutico] e receber uma cartela mensal para fazer uso diário do medicamento, disponibilizado gratuitamente pela prefeitura”, orienta Camila. Existe também a Pep: Profilaxia Pós-Exposição, quando já houve uma exposição ao vírus por relação sexual ou mesmo por acidente biológico em um laboratório, por exemplo. “Esse medicamento precisa ser tomado entre duas e 72 horas após a exposição e então por uso contínuo por 28 dias. Não é feito no CRBT, mas em unidades de saúde de emergência”, explica a enfermeira. Em Goiânia, assim que uma pessoa testar positivo, ela deve ir ao CRBT, no Setor Sul, onde terá acompanhamento com infectologista, assistente social, psicológico e toda a equipe técnica preparada para receber esse paciente. E, então, começará o "medicamento da tarde", que são quatro antibióticos de uso contínuo para que o vírus se torne indetectável no sangue do paciente e para que ele não possa transmitir o vírus para outras pessoas. Acolhimento e vulnerabilidade Para além do atendimento oferecido na saúde pública, há o desafio de acolher e conscientizar a população para impedir, de forma crucial, a propagação do vírus. “Enquanto não reduzirmos a vulnerabilidade, não conseguiremos vencer a epidemia da Aids”, resume Tâmara Gonçalves, uma das diretoras do Grupo Aids Apoio Vida Esperança (Aave). A organização não-governamental foi criada em 1995 em meio à explosão de casos no Brasil com o intuito de acolher a população mais afetada. O grupo hoje atende cerca de 200 pacientes e suas famílias e se especializa em pessoas em situação de grande vulnerabilidade social, com foco em inclusão e capacitação, além de um trabalho externo de conscientização em Goiânia e região metropolitana. “Nós atendemos aqueles em situação de extrema vulnerabilidade. São pessoas pobres, de baixa escolaridade e discriminadas. É bem rotativo, porque a partir do momento que a pessoa participa das nossas atividades e melhora sua questão psicológica, ela começa a trabalhar e nisso entram outras pessoas. Sempre temos demanda”, relata Gonçalves. A ONG oferece cursos, oficinas e oportunidades para pessoas soropositivas, além de atendimento social, jurídico, psicológico, alfabetização, inglês básico, oficina de informática, cursos profissionalizantes e técnicas de artesanato. Ainda segundo a diretora, houve um aumento na procura pelo grupo durante a pandemia da covid-19 porque as vulnerabilidades aumentaram: “Muita gente perdeu o emprego. Pessoas soropositivas que não procuravam e agora procuram”. Assim como Camila, Tâmara conta que percebeu uma “banalização” da doença conforme os jovens perderam o medo do vírus. “A Aids não diminuiu, na verdade, aumentou entre os adolescentes e jovens, especialmente em grupos mais vulneráveis. E quanto mais vulnerável o grupo, maior a taxa de transmissão, porque são pessoas sem acesso à saúde, ao teste e à informação”, diz. Desta forma, o grupo também atua fora da instituição com o objetivo de propagar informação. “Fazemos palestras informativas e preventivas, além de eventos de massa, levando à conscientização sobre a doença. Não basta combater, temos de evitar que novos casos se espalhem”, finaliza Gonçalves.
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SAÚDE
Novembro Azul: “Não existe idade para começar a se cuidar”, diz urologista
Mês conscientiza sobre câncer de próstata Disponível em: https://aredacao.com.br/vida-e-saude/177704/novembro-azul-nao-existe-idade-para-comecar-a-se-cuidar-diz-urologista José Abrão Goiânia – O Novembro Azul, instituído no Brasil desde 2003, é uma programação de saúde dedicada à prevenção do câncer de próstata. E não é à toa: segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a incidência da doença no Brasil é de 29,1%. Esse câncer mata cerca de 16 mil homens por ano no país. Para o doutor Peterson Freitas Moreira, urologista com atuação em uro-oncologia, membro da Sociedade Americana de Urologia e da Sociedade Europeia de Urologia, a tendência é este número aumentar: o câncer de próstata está associado ao envelhecimento e a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado, o que requer maior atenção e acompanhamento médico. Por outro lado, os números têm aumentado porque, felizmente, com o passar dos anos, mais homens tem procurado o urologista e feito os exames anualmente desde cedo. “Há uma maior incidência também porque estamos conseguindo fazer um diagnóstico mais rápido”, relata Peterson. Segundo o médico, o câncer de próstata ocorre basicamente por alguns fatores. O primeiro é genético: “se você tem histórico em parentes de primeiro grau, é bom ter em mente que há um risco maior de desenvolver a doença e, portanto, começar a prevenção o mais cedo possível, aos 40 anos”. O segundo principal fator tem a ver com alimentação, principalmente ao consumo de carne vermelha. “Como nosso país ingere muita carne, temos uma incidência maior. Fazer uma dieta mais balanceada e com a associação de peixes e vegetais tem um papel bom na prevenção, juntamente com a prática da atividade física”. Porém, Peterson destaca que a melhor prevenção é através do acompanhamento clínico. “Caso um tumor apareça, ele pode ser identificado o mais cedo possível. O câncer de próstata é silencioso: sem sintomas, sem queixas. Quando o paciente começa a sentir alguma coisa, ele já está avançado. Começar o acompanhamento aumenta as chances de um diagnóstico precoce e aumenta a chance de cura”. Saúde masculina Até relativamente pouco tempo atrás, homens costumavam só procurar o médico quando algo já estava errado. “Isso é uma questão cultural. O homem era visto como chefe da família e como aquele que não ficava doente. A saúde preventiva da mulher existe desde os anos 1950. Para os homens, isto não existia. Fomos começar a ter campanhas de conscientização pela saúde preventiva masculina a partir dos anos 1990”, lembra o especialista. Ele relata que, de lá pra cá, houve uma mudança perceptível no comportamento. “As campanhas começaram falando sobre o câncer de próstata, mas isso se abrangeu para que o homem tenha na sua mentalidade a preocupação de cuidar da sua saúde como um todo. Não existe idade para começar a cuidar da saúde: o acompanhamento e os cuidados de prevenção devem começar já na infância”. Peterson aponta que é comum que mulheres comecem a fazer um acompanhamento com o ginecologista na puberdade, o que ainda não é comum para os homens, mas devia ser. “Precisamos ficar atentos a quadros que podem se manifestar nessa faixa etária. É importante que eles vão ao urologista nessa fase para já fazer alguns estudos em relação a questões de fertilidade e saúde sexual para prevenir patologias que podem ocorrer nessa faixa etária”, explica. Além disso, doenças associadas a uma idade mais avançada, como problemas cardíacos, vem pegando de surpresa homens com 30 anos ou menos. “Vemos que algumas doenças estão surgindo com o mau comportamento na sociedade: alimentação ruim, pouca atividade física. Essa imobilidade pode trazer doenças associadas. Além de cultivar bons hábitos, é importante que o homem tenha a mentalidade de se cuidar desde cedo”, resume Peterson.
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HISTÓRIA E MEMÓRIA
Museu do Ipiranga concilia tradição e modernidade com maestria em São Paulo
Monumento é parada obrigatória para turistas
Matéria disponível em: https://aredacao.com.br/turismo/177216/museu-do-ipiranga-concilia-tradicao-e-modernidade-com-maestria-em-sao-paulo José Abrão São Paulo – O Museu do Ipiranga foi reaberto recentemente após longos nove anos de reformas para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. E não foi apenas uma obra estética: o vasto acervo do museu e suas exposições em cartaz passaram por amplo processo crítico e ressignificação, mesclando elementos tradicionais presentes na celebração do centenário em 1922, como o protagonismo paulista e os bandeirantes, com novas perspectivas históricas e a inclusão dos papéis desempenhados por negros escravizados, indígenas e trabalhadores caboclos e imigrantes na formação, ocupação e construção do que é o Brasil. Quem visitar o museu agora poderá conferir 11 exposições, tendo como principal destaque “Para Entender o Museu”, que reconta a trajetória do próprio Ipiranga; “Passados Imaginados”, que reconcilia a história da ocupação de São Paulo na visão de 1922 e na contemporânea “Uma História do Brasil”, que ocupa as principais salas do museu, reconta a Independência e possui o quadro mais famoso do acervo: Independência ou Morte!, de Pedro Américo. Algo que chama imediatamente a atenção são os recursos de inclusão para pessoas com deficiência (PCDs). São mais de 300 recursos multissensoriais, além de 70 peças multimídia com legendas em Libras. Os mais interessantes e inovadores são dezenas de objetos que podem ser tocados, dando uma nova dimensão aos visitantes cegos para além da audiodescrição.
“O restauro foi acompanhado por aportes importantes de tecnologia e acessibilidade. Estas são as chaves mestras que definem o novo Museu do Ipiranga em relação ao anterior, que não tinha essa estrutura toda”, conta Amâncio Jorge de Oliveira, vice-diretor do Museu do Ipiranga. “Essa foi uma preocupação de todo o projeto, inclusive no sentido de que o recurso de acessibilidade fosse inserido de forma muito orgânica. Isso tem rendido um reconhecimento importante por parte da população”, avalia. O Ipiranga é o mais antigo museu de São Paulo e planos para a sua construção existem desde o Primeiro Reinado. Sua conclusão, porém, só veio em 1895 e foi desde o início planejado como um monumento em celebração à Independência: quase às margens do riacho mais famoso do Brasil, o museu ficava num descampado fora da capital paulista. Com muita dificuldade, ele foi erguido e eventualmente o bairro do Ipiranga surgiu ao seu redor. Antes em um local ermo, o museu acabou engolido pelo veloz crescimento urbano. Gerido pela Universidade de São Paulo (USP), o monumento, seu jardim de inspiração francesa e o mausoléu de Dom Pedro I estão todos inseridos no Parque da Independência e permanecem uma visita obrigatória para todos os turistas. No momento, cerca de 3.500 itens estão em exposição, mas o acervo total é composto por aproximadamente 450 mil peças.
Raízes brasileiras A visitação começa pelo novo espaço de acolhimento construído entre o jardim e o subsolo do museu. Para chegar ao salão de entrada, é preciso subir uma escada rolante que passa pelos seus alicerces: pedra, argila e tijolos profundos, entranhando a História do Brasil reproduzida acima com a terra abaixo. Esta conexão permanece nas principais exposições atualmente em cartaz que ocupam o térreo do palácio. A primeira delas, “Para entender o museu”, mostra todos os percalços para a construção de um monumento tão grande. Estão presentes maquetes, inclusive de designs e plantas descartadas, tijolos e materiais de construção originais e todos os obstáculos contornados ou superados desde bem antes da sua inauguração no final do século XIX. As inspirações e aspirações europeias da construção – principalmente francesas ou italianas – se chocam com as da construção do lado de dentro: a do imaginário da identidade nacional. Isto está presente na exposição “Uma História do Brasil”, no saguão, nas escadarias e no Salão Nobre, ocupados por aqueles que foram eleitos, então, heróis nacionais: os bandeirantes, cujas estátuas cercam a de Dom Pedro I, com seus nomes e principais conquistas. Entre elas está, inclusive, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, sobre a marca: “Goyaz, 1744”.
No Salão Nobre estão presentes quadros clássicos de Pedro Américo, assim como outras grandes obras em escultura e pintura retratando o processo de Independência do Brasil. O teto, por sua vez, é decorado com as figuras que se destacam como patronos da Independência, como José Bonifácio, muitos deles também presentes na tumba de Dom Pedro I. A construção deste imaginário e da identidade nacional é mostrado e confrontado na exposição seguinte, “Passados imaginados”. Nela, estão presentes diversas pinturas e cenas clássicas que a maior parte das pessoas vão reconhecer dos livros de História, protagonizadas por bandeirantes e pela igreja. Desta vez, porém, a exposição confronta essa visão elitista, apresentando o tempo todo contrapontos e visões de povos indígenas e o papel dos negros durante o processo de ocupação territorial brasileiro. “Isso é um pouco resposta do movimento crítico a monumentos históricos que fazem menção aos, digamos, protagonistas dominantes no processo político. Portanto, há necessidade da inserção de outros olhares dentro do processo do desenvolvimento da sociedade brasileira”, explica o vice-diretor Amâncio. “Este contraponto foi construído em conversas com grupos focais. Isto foi feito de uma maneira dialógica, para que essa diversidade fosse incluída, em diálogo com estes segmentos da sociedade. Isso também é algo inovador: tentar aprender a História a partir de outras perspectivas. O museu teve a preocupação em dar luz a estas outras visões”. Entre os contrapontos está a reprodução de uma obra do artista goiano Rustoff, chamada Fake Hero, que retrata a estátua do bandeirante conhecida dos goianienses que fica no cruzamento da Avenida Goiás com a Avenida Anhanguera dentro de uma caçamba de lixo.
É uma abordagem interessante e inovadora considerando o momento de tensionamento político no Brasil. “O museu foi muito hábil e os curadores estão de parabéns no sentido de conseguir apresentar estas perspectivas sem que nenhuma visão fosse ofuscada. Não há a supressão de uma perspectiva tradicionalista em prol de uma progressista, e vice-versa. Isso marca de fato a diversidade política e da sociedade brasileira”, diz Amâncio. Segundo o vice-diretor, o equilíbrio foi alcançado de tal forma que a exposição foi bem recebida por todo o público. “A museografia foi muito feliz na maneira em que abordou a História e seus atores protagonistas, trazendo ao mesmo tempo elementos inovadores importantes. Temos sido muito bem recebidos, tanto pelo lado progressista quanto pelo lado conservador, porque há uma pluralidade de visões muito clara. Essa engenharia é uma coisa muito complicada, ainda mais em um cenário tão polarizado. Por isso, a destreza dos curadores foi muito grande”. A exposição também reaproveita e ressignifica parte daquela feita no centenário da Independência em 1922, tendo como principal destaque uma maquete do centro de São Paulo em 1841 pelo holandês Henrique Bakkenist. Uma projeção 3D conta o processo de feitura da maquete e apresenta o que foi exagerado e o que foi deixado de fora na obra de arte, como elementos camponeses que foram removidos ou as torres das igrejas, que foram aumentadas. História feita no dia a dia A maior parte do primeiro e segundo andar, que abrigam mais sete exposições, possuem uma nova abordagem da historiografia. Elas se afastam de elementos tradicionais, como arquitetura, obras de arte e documentos, em prol de contar a História através de peças do cotidiano: objetos comuns como ferramentas, roupas e peças de decoração que ajudam a construir a imagem mental e a narrativa de como a sociedade brasileira do passado vivia. As mais marcantes são as opositoras “Mundos do Trabalho” e “Casas e Coisas”. A primeira reconta o processo de ocupação e interiorização do Brasil, especialmente os desafios para fazer avançar a infraestrutura básica dos portos até os rincões do sertão. Fotografias e objetos originais retratam a difícil construção de rodovias e ferrovias, assim como funcionavam os eixos econômicos brasileiros, como o ciclo do café e da cana-de-açúcar. A exposição também apresenta os trabalhadores por trás destes objetos, principalmente caboclos e imigrantes.
Do outro lado, em “Casas e Coisas”, podemos reconstruir a vida doméstica dos últimos 150 anos, principalmente da classe média e alta brasileira. Além dos objetos e roupas empregadas, destacam-se a principal moda da alta sociedade brasileira do início do século XX: os palacetes. Outros destaques ficam por conta de itens de decoração, principalmente bibelôs, hoje em dia profundamente kitsch, e do recorte de gênero: o que homens e mulheres do século passado gostavam, o que colecionavam, o que faziam em casa? Gigante pela própria natureza O Museu do Ipiranga, com seus 6.800 metros quadrados, incluindo o jardim, é grande demais e possui tesouros demais para caber tudo em um texto só ou valer apenas uma visita. Atualmente em exposição ainda estão uma impressionante coleção de medalhas e moedas que incluem peças de Roma Antiga e do Império Bizantino. Há também uma bela mostra sobre a disputa e a tensão entre a Igreja Católica colonial com os povos indígenas. Ainda, vale conferir os belíssimos retratos feitos por Van Emelen, de pessoas comuns ao longo do século XX, sem contar o mirante no terraço do museu. Isso é o que podemos resumir em menos de 2000 palavras. O resto, você precisará descobrir sozinho. Serviço Endereço: Rua dos Patriotas, nº 20, Ipiranga, São Paulo- SP Horário: Terça a domingo, das 11h às 17h Lote semanal de ingressos toda sexta-feira, às 10h, no site do museu Entrada gratuita até 6 de dezembro
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Ideologia de gênero: proibição é inconstitucional, dizem especialistas Acesse em: https://aredacao.com.br/noticias/173584/ideologia-de-genero-proibicao-e-inconstitucional-dizem-especialistas José Abrão Goiânia –  A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou no dia 24 de agosto o projeto de lei 0994/19, de autoria do deputado Henrique César (PSC), que proíbe o ensino da "ideologia de gênero" nas escolas das redes pública e privada de ensino em Goiás. Segundo o texto aprovado, "o planejamento educacional deverá abordar matérias que garantam a neutralidade ideológica, respeitando os direitos das famílias e dos educandos, a receberem a orientação sexual de acordo com as convicções morais de seus pais ou responsável legal". No dia seguinte, a Defensoria Pública de Goiás (DPE-GO) enviou ofício ao governador Ronaldo Caiado recomendando o veto integral do projeto de lei, por ser, conforme foi pontuado no documento, "inconstitucional". Segundo a advogada coordenadora da área jurídica da Aliança Nacional LBGTI, diretora jurídica da Associação Brasileira de Famílias Homo-trans-afetivas, Conselheira seccional da OAB-GO e vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal da OAB, Amanda Souto, "o projeto de lei apresentado é ilegal tanto na questão formal quanto em relação ao mérito". “No aspecto formal, há um vício de iniciativa: essa matéria só pode ser discutida pela União. O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu isso em dezenas de ações julgadas com esse tema. Muitas leis já foram aprovadas nesse sentido de impedir o ensino de gênero e sexualidade nas escolas e em todas que o STF julgou, o Tribunal declarou que são inconstitucionais por vício de iniciativa por ser uma matéria privativa da União”, explica. Além disso, segundo Souto, o projeto de lei estadual vai de encontro a duas leis federais: Plano Nacional de Educação (PNE) e a Lei Maria da Penha. “O PNE estabelece que o ensino deve ser pautado pela não discriminação. Na Lei Maria da Penha, pra citar outro exemplo, também é estabelecido que as escolas devem ensinar equidade de gênero. Então temos leis federais que vão no sentido oposto dessa lei estadual, que não pode ir contra elas”, diz. Quanto ao mérito, Souto argumenta que o projeto fere princípios constitucionais, como o princípio da não discriminação, o da liberdade de expressão, e a liberdade de cátedra do professor. “Então, quando você segrega uma população inteira, isso claramente não está buscando o bem de todos, conforme estabelecido na Constituição. Estes são argumentos utilizados pelo próprio STF ao julgar diversos projetos com a mesma temática nos últimos 10 anos. Essa matéria não deve ser debatida nos Estados e municípios e, quanto ao mérito, ela é inconstitucional porque as leis não podem ser discriminatórias”, resume. Souto não acredita que a lei seja sancionada, mas caso ocorra, é possível questionar a constitucionalidade desse tipo de lei de diversas formas, pelo Tribunal de Justiça ou através de cortes superiores, por diversas entidades, associações ou partidos políticos. “Eu já fiz um requerimento junto à OAB-GO para que analise essa matéria para que, caso esse projeto seja sancionado, a OAB esteja autorizada a entrar com ação de controle de constitucionalidade. Estes pareceres devem ser emitidos nesta semana e devemos votar no Conselho se devemos entrar com ação ou não”, completa. Educação inclusiva Segundo a pedagoga Gisele Marcondes, especialista em Psicopedagogia, Neuropsicologia e Reabilitação Neuropsicológica e que atua em clínica e assessoria escolar desde 1990, “gênero e sexualidade como processos educativos estão presentes nas nossas vidas nos mais diversos contextos, inclusive na escola, falemos ou não sobre eles”. “As pessoas, muitas vezes, têm uma ideia muito equivocada sobre o lugar destes temas na escola. É uma questão de informação, as escolas não vão ensinar ninguém a ‘ser gay’. É exatamente a falta de informação, de conhecimento, que gera o preconceito e a discriminação”, resume a pedagoga. Para a especialista, ensinar e discutir gênero na escola têm funções muito importantes, como ensinar o respeito ao próximo. “A Escola tem a função de acolher a todos. Sendo assim, se faz necessário que no ambiente educacional, esses profissionais repensem suas práticas, desenvolvendo o pensamento crítico e gerindo uma escola também mais crítica e pautada na cidadania e nos direitos humanos, sendo agentes da transformação social”, avalia. Marcondes salienta que a realidade cotidiana brasileira é marcada por violência de gênero e sexual pautada em preconceito e discriminação. “Isso é realidade também no ambiente escolar”, salienta ao pontuar que o local pode, nesse contexto, se tornar ambiente propício para o bullying homofóbico. “Estas crianças sofrem demais, e não só por ofensas por parte dos outros alunos, mas muitas vezes por parte de professores e coordenadores que não estão capacitados para lidar com estes estudantes de maneira inclusiva”, completa. Como consequência, ela explica, os alunos podem desenvolver transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão e automutilação. “Discutir gênero na escola é uma forma de combater a violência por meio da educação”, pontua. Para Gisele, é necessário, em primeiro lugar, capacitar os educadores para que possam acolher estas crianças no ambiente escolar. “Até para que tenham recursos para apresentar aos pais e responsáveis de que na escola estes jovens serão tratados com respeito e que o preconceito não será admitido”, conclui. Afinal o que é ideologia de gênero? Conselheira seccional da OAB-GO, Amanda Souto relata que este tipo de projeto que discute ideologia de gênero se tornou mais frequente a partir de 2015, conforme o assunto começou a ser propagado pela internet. O problema é que a ideologia de gênero, de acordo com a advogada, não tem definição porque não existe: “É uma falácia. Pergunte para qualquer um o que é ideologia de gênero e não vai ter resposta. É um termo genérico criado como um espantalho para justificar ataques contra a população LGBTQIA+”, explica Souto. A expressão já foi definida como "falácia" por diversos estudos científicos na área de gênero e sexualidade, educação, psicologia e pedagogia. Entre algumas publicações recentes estão Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros, de Eggert e Reis (2017); “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo, de Campana e Miskolci (2017) e O discurso cristão sobre a “ideologia de gênero”, de Maria das Dores Machado (2018). A pedagoga Gisele Marcondes argumenta que o termo surge como ponto focal reacionário frente aos avanços do movimento LGBTQIA+. “A constituição do núcleo familiar mudou. Antes era só o papai, a mamãe e os filhinhos, a família tradicional conservadora. Com o passar do tempo, essa formação familiar vai se modificando: casais que se divorciam; casais que se divorciam e formam novas famílias. E, mais recentemente, o reconhecimento do casamento LGBTQIA+ e outros avanços que têm permitido que as pessoas sejam mais verdadeiras”, explica. “Existe ainda muito tabu e preconceito sobre estas questões de sexualidade, identidade e gênero, mas isso sempre existiu, às escondidas: só que agora as pessoas têm mais liberdade para serem elas mesmas. Estas questões estão presentes na vida das pessoas e nas famílias”, completa. “Todas as ideias propagadas neste projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa de Goiás partem de um pressuposto falso: é uma desinformação usada para fomentar um projeto legislativo que ativamente persegue certo grupo de pessoas na sociedade”, enfatiza a conselheira da OAB-GO. “Esse tipo de projeto é baseado em pânico moral: você elege um grupo ou ideia que é vista como inimiga da sociedade e vai atacar esse grupo ou ideia. Vão dizer, neste caso, que as crianças estão sendo doutrinadas e transformadas em LGBTQIA+, só que isso não é verdade. Quando falamos sobre ensino de igualdade de gênero, estamos simplesmente defendendo ensinar o respeito, nada além disso”, finaliza.
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