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#cambaleante
sabrinarismos · 1 month
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sua presença embebeda meus sentidos e saio, cambaleante, em direção aos seus braços. o meu lado da cama quando contigo é sempre o errado, de quem nem deveria estar aqui e está por não resistir ao gosto do erro. desde que te conheci me convenci de que amor é igual ao vinho tinto que guardou para mim, que subia tão rápido quanto minha alegria ao te ver. me ensinou a degustar de tudo que não pude antes, que minha juventude tímida não me permitiu ter. me mostrou paisagens e sabores, lugares e amores. sempre em constante estado de alteração, te seguir era fácil e eu jamais diria algo diferente de um sonoro e afetuoso “sim”. éramos assim, fomos muito tempo, até o gosto ficar amargo demais. nada disso se repete hoje, aqui, enquanto você me degusta como um vinho barato e ruim que seus pais jamais beberiam, que você não gosta, mas é o que tem. não tão diferente de ti, o gosto também não me agrada, assim como aquela fronha branca manchada de tonalizante e os cigarros no lixo. nada aqui é meu além da minha oscilação e meus questionamentos básicos. o problema de ter aprendido que amor é como vinho foi te amar na embriaguez a ponto de não saber lidar com sobriedade diante do que viramos. nosso amor virou ressaca suave, rebatida no dia seguinte, para evitar o inevitável - para não doer. e é por isso que bebo do teu gosto, me embebedo do teu toque, para sentir algo que até parece amor. [e não é.
refeita
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encorajador · 10 months
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não tive preparo para o que viria. não fui amparado quando caí. não houve ajuda, não houve quem se importasse. e mesmo assim eu consegui, aos poucos, me reerguer e continuar caminhando, mesmo que cambaleante e fraco. segui em frente não por ter vontade, mas sim pela falta de alternativas. todo esse esforço me ensinou muito e desenvolveu o meu caráter. descobri coisas e quis esquecer outras; conheci pessoas e também quis desconhecer. tudo foi e é cansativo, nem sei como cheguei aqui, apenas vim querendo viver e, quem sabe mais adiante, encontrar uma motivação para voltar a sonhar. hoje faço tudo o mais diferente possível daquelas atitudes burras do meu passado tenebroso, cujo ainda insiste em aparecer vez ou outra como uma sombra fantasmagórica entre os cantos escuros existentes no fundo dos meus pensamentos. creio que nem tudo foi em vão e se eu sou forte agora, é porque eu lutei e me feri muito para estar aqui. doeu, chorei e sofri. queria não ter passado por isso, mas agora não me afeta tanto quanto antes. aprendi com a dor e o seu terror.
— encorajador
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donararanha · 3 months
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Ara estava sentada em uma pedra, próximo a cachoeira, olhando fixamente para um ponto. Havia bebido duas ou três taças de vinho, o que para ela, era a maior bebedeira que já havia tido na vida. Soluçando, tentou-se levantar, mas o chão molhado e a falta de equilíbrio de embriaguez, fizeram a mesma agarrar-se na pessoa que passava para obter apoio. Assim que recuperou o equilíbrio, soltou-o e ela se curvou, cambaleante. - Peço desculpas, eu escorreguei.
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thefallen · 3 months
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Desde a viagem no tempo (era maluquice só de pensar naquelas palavras), Vincent não estava nada bem. O humor mil vezes pior do que antes, a concentração indo parar na esquina. Estava meio cambaleante enquanto andava pelo campus depois de assistir aulas das quais havia esquecido todo o conteúdo há anos. E agora nem se lembrava onde era a droga da cafeteria direito! Só queria comer um pouco e esquecer da vida, droga. ─ ... Ow. Você. Rapidinho. ─ indicou para MUSE com uma das mãos, pedindo para que parasse e conseguisse se aproximar. ─ Tá indo pra cafeteria? Ou lá perto? Porque... ─ que desculpinha ia arranjar agora? ─ ... Eu queria companhia. Então vou com você. ─ ah, sim. Vincent Kingsley, procurando por companhia. Independente do quão fora de seu caráter normal aquilo era, não parecia ser uma opção para MUSE de aturar Vincent, era mais uma obrigação mesmo.
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ou comente um local + o nome do seu personagem para ganhar um starter fechado!
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thebclly · 3 months
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assim que entrou no uber de volta para casa, celeste deu graças aos céus por ter finalmente saído daquele ambiente. tudo bem que seus anos na ucla foram repletos de grandes memórias, mas em seu eu parecia ter algo inacabado e como resolver problemas não era seu forte, para si era melhor fugir e continuar sua vida pacata e solitária. "alexa, tocar coldplay" "this is coldplay no spotify." a voz robotizada soou enquanto a mulher tirava seus saltos e caminhava meio cambaleante para o banheiro, iniciando seu ritual de skincare com muita calma. logo celeste estava deitada em sua cama, rindo de algumas conversas idiotas que teve durante a noite e agradecendo ao universo por não ter trocado contato com ninguém. "alexa, volume 2." e passado alguns minutos, celeste adormeceu.
"que versão ridícula é essa?" a loira levantou sua cabeça reclamando da versão de viva la vida que tocava no ambiente e dessa vez com um volume bem mais alto, sentindo uma dor nas costas descomunal, sem tirar seu tapa olhos começando a tatear sua cama que agora parecia dura demais para uma cama, encontrou seu telefone e retirou a mascara de apenas um olho, quando se deparou com o wallpaper que fazia aniversário sua tela em 2014. celeste rapidamente tirou o restante da máscara e se deu conta de onde estava. "que porra..." a loira olhou para baixo e estava com as mesmas roupas todavia parecia com a pele bem mais visçosa e jovem. rapidamente ela deslizou seu indicador pela tela de seu celular, que automaticamente abrira a câmera frontal exibindo sua feição de dez anos atrás. "QUE PORRA É ESSA?" celeste olhou em volta e quando vira a pessoa ao seu lado levou outro susto. "Meu Deus... o que ta acontecendo?"
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thcdora · 3 months
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         𝑾𝑯𝑬𝑹𝑬    .    pista de dança improvisada .           𝑾𝑰𝑻𝑯    .    giselle  !
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theodora   poderia   jurar   que   estava   …   flutuando   !   talvez   —   e   em   sua   cabeça   era   um   grande   talvez   —   a   culpa   pudesse   ser   do   vinho   que   parecia   tão   doce   aos   seus   lábios   .   no   entanto   ,   logo   adiciona   uma   nova   possibilidade   à   sua   lista   de   incertezas   ébrias   ;   talvez   fosse   apenas   o   efeito   de   giselle   !   doce   e   arrebatadora   ,   de   maneira   que   apenas   a   amiga   conseguia   ser   .   seus   olhos   encontram   os   dela   depois   de   muito   empenho   ,   praticamente   escaneiam   a   pista   em   busca   daquela   presença   brilhante   com   sua   visão   limitada   .   seus   passos   até   ela   ,   embora   cambaleantes   ,   carregam   toda   a   austeridade   que   apenas   uma   filha   de   ares   seria   capaz   de   demonstrar   naquele   estado   ,   seus   olhos   cerrados   quando   aponta   o   indicador   na   direção   dela   ,   acusatória   .         ❝         você   ,   por   quê   …         demanda   quando   perto   o   suficiente   ,   a   maneira   que   apontava   para   ela   não   tarda   a   ser   desfeita   ,   especialmente   quando   basta   poucos   instantes   para   ter   seus   braços   jogados   sobre   os   ombros   de   giselle   ,   um   desejo   de   proximidade   mesclado   com   um   passo   em   falso   que   a   faz   vacilar   .         ❝         te   esperei   nos   meus   sonhos   e   você   não   apareceu   .         diz   emburrada   ,   seu   rosto   próximo   o   suficiente   do   dela   para   encostar   a   pontinha   de   seus   narizes   ;   o   seu   ,   inclusive   ,   franzido   para   demonstrar   sua   insatisfação   .   que   logo   é   substituída   por   um   sorriso   brilhante   .         ❝         ou   será   que   eu   ‘   tô   sonhando   agora   ?
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refeita · 2 years
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ei, você
Quis te ligar na madrugada e deixar mais um recado, mais um dos incontáveis não ouvidos, carregando o pedido de mais uma visita. Toda a tecnologia que nos cerca não é capaz de convencer alguém que não quer aparecer, ou não pode. Repito a mim mesmo que você está vivendo da melhor forma, que a rotina esmaga tudo, que talvez isso te impeça de me enviar um simples sinal. Repetir não me tira a falta do teu hálito de menta pela manhã, tão perto do meu, se mesclando. Sua perna encaixada na minha era tão certa quanto o tempo que passa por nós e me deixei levar pela ilusão de permanência, essa sensação ampla de que seus braços foram feitos para estarem juntos aos meus. Quis te ligar, mandar mensagem e aparecer na sua porta com biscoitos caseiros e flores. Você me chamaria de cafona, entraríamos juntos sob o olhar curioso do porteiro e faríamos amor antes mesmo de acabarem os biscoitos. É tentador recorrer a você porque já vivemos isto antes, lembra? Já estivemos separados por alguns pensamentos enevoados e dúvidas, a mercê da sua mudança de ideia. Suas palavras macias poderiam se tornar cortantes, mas logo amaciavam depois. Suas mãos quebravam meu coração em cacos indistintos e depois faziam mosaico multicolor de meu amor. Quando seu cheiro me envolve como um campo florido não há lembrança que me tire de suas mãos, seduzido pela presença do seu desejo tão intermitente. Nosso emaranhamento pode até ser poético, mas você nasceu para dizer adeus. Nasceu para romper com a beleza quando se visse compelida a amar de volta. Me digo todas as verdades que sei dentro do meu coração, porém nenhuma delas me tira a saudade avassaladora da sua existência colada a minha. Ainda que no fim do dia restem dúvidas cambaleantes a respeito do porque te deixei entrar mais uma vez, nenhuma delas torna uma má ideia te deixar partir mais uma vez meu coração.
[it must be nice to love someone who lets you break them twice]
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seamusteach · 6 months
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Seamus Teach avaliava aquela festa com uma nota seis, sendo, na verdade, generoso demais em sua pontuação. A tradição piegas, que tentava invocar emoções em todos, era totalmente desnecessária. Apesar de ter cedido secretamente à pressão do momento, fazendo um pedido ao universo, ele negaria até a morte qualquer indício de fraqueza. Sua imagem de vilão estava longe de ser manchada. Entre as excentricidades das bebidas de Wonderland, tudo parecia monótono. Contudo, o repentino ar gélido que envolveu o jardim e as lanternas caindo como pássaros sem vida trouxeram uma ponta de esperança ao pirata. Talvez, finalmente, a festa alcançasse um clímax real, reservando a verdadeira emoção para o momento derradeiro. O frio não o incomodava; ao contrário, a mudança abrupta do ambiente para um nível de tensão incomum e a extinção da fogueira provocaram um arrepio de pura expectativa em Teach.
O caos desencadeado pela ressurreição controlada de Jhonathan, um dos alunos mais excêntricos de Tremerra, gerou confusão generalizada. Enquanto o corpo do aluno se movia como uma marionete descontrolada, proferindo palavras aparentemente sem sentido, Seamus estava mais focado na turbulência ao seu redor do que na profecia proferida. Quando o baque surdo do corpo de Jhonathan atingiu o solo, Teach viu-se imerso em meio ao caos. O desespero tomava conta de todos, alguns atacando sem controle, outros correndo em busca de salvação no melhor estilo "salve-se quem puder". E Seamus faria o mesmo se não fosse pelo fato de que seu próprio corpo começou a gerar clones de forma desenfreada, inundando o jardim com versões de si mesmo. Cada cópia consumia parte de sua vitalidade, deixando-o cambaleante até encontrar uma árvore para se apoiar. "Voltem aqui, pestes!" rugiu, sua voz perdendo parte do brilho de sua habitual arrogância. Os clones, porém, pareciam indiferentes às ordens do corpo original, rindo enquanto se dissipavam na multidão. Em uma tentativa de recuperar o controle, Teach se pôs a andar, mancando e com dificuldade, encontrando uma de suas cópias distraída jogando lama nos outros. Ele a agarrou e a absorveu de volta, recuperando um pouco de sua vitalidade e permitindo recuperar o fôlego para caçar mais cópias de si mesmo para o desgosto geral.
Enquanto caminhava, lutando para manter a sanidade, focava em recuperar seus clones quando, de repente, um ataque surpresa atingiu seu ombro, dentes ou garras de origem animal. A visão turvou, sangue escorrendo, e a dor aguda o fez praguejar. Um lobo, provavelmente o maldito do @cachorrao. "Filho da puta!" Sua mão pressionou o próprio ombro, tentando conter o sangue, enquanto a dor latejava, e a visão de Seamus turvava como se ele tivesse ingerido um barril de rum. Precisava encontrar suas cópias antes que se tornasse uma presa fácil no meio daquele caos enlouquecido.
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A vida tá fria,e não tem relação com o inverno,na real já tinha esfriado, mesmo antes do inverno chegar,meu coração tremia de um jeito bem estranho, medo do presente já cambaleante não ter um futuro,sabe quando alguém vem te ignorando e resolve dizer sempre que é falta de tempo, mesmo tendo tempo de sobra pra outras pessoas,e você se esforçando pra ser sempre uma boa pessoa, não cobrar e nem brigar, vendo seu mundo desmoronar, sentindo seu amor te deixar,se fazendo a mesma velha pergunta de sempre,ela não me te mais ou talvez nunca chegou a te amar,te tratando com menos um, menos dois ou menos três graus de frieza,saber que tudo que ela dizia ou fazia era pra te manter por perto para alguns momentos,as vezes de solidão e as vezes de tristeza,pior de tudo isso é aquele nosso olhar vazio pela janela,se remoendo por dentro,saber que ela é o maior amor da sua vida,mas você nunca será o maior amor da vida dela,e esse frio na barriga que só aumenta, assim as borboletas que sinto no estômago toda vez que penso nela, irão morrer congeladas antes da chegada da primavera.
Jonas R Cezar
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xolilith · 2 years
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Oi xuxu, poderia escrever um smut da rosé sendo uma sereia ?
Wildest Dreams - Rosé
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n/a: anon, vou confessar pra vc q a primeira vez que eu vi seu pedido eu pensei: "como eu vou escrever um smut com uma sereia, meu deus?". mas depois eu tive uma epifania e pensei "incrível". vc não especificou como queria o smut e eu fiz como uma "impressão" kkkk espero que vc goste aaa 💜
Boa leitura!
🧜‍♀️
Você caminha cambaleante pela areia fria daquela noite. O álcool ingerido há algumas horas antes ainda fervia no sangue, proporcionando uma visão turva e uma capacidade cognitiva reduzida. 
A brisa morna vinda do mar toca sua pele, e a bruma da água, os pés. E se você estivesse nas mínimas condições de apreciação, amaria aquilo. Contudo, um sussurro consegue tirá-la daquele estado absorto. 
Uma voz doce cantarola seu nome, suavemente. 
Você franze o cenho, aperta os olhos na direção da água, tentando enxergar da onde vinha o som e por um segundo acredita estar ficando louca. 
Num ponto próximo da superfície, a água começava a efervescer, assumindo um brilho diferente. Não se baseava mais no reflexo da lua, mas era como se alguém de dentro da água despontasse uma iluminação mais clara que o líquido. Uma névoa se forma, como se fosse mágico. 
Até que o inesperado acontece. Uma mulher imerge da água. 
Os cabelos embotados de água caíram pelos ombros e se espalhavam na água como uma pelagem esbranquiçada e lisa. 
O tempo pareceu correr devagar naqueles instantes.
Os olhos profundos a fitaram com uma intensidade inominável. Apenas num repuxar dos lábios, sem mostrar os dentes, ela lhe dirige um sorriso mais eufônico do que qualquer coisa. Uma sensação estranha e nova toma seu corpo.
Porém, isso não se torna nada, quando em um movimento ela retorna para água num mergulho e, por um momento, uma calda, como a de um maldito peixe, fica à mostra. 
A luz da lua reflete nas escamas em tons de roxo, variando em sombras mais suaves até o final da extensão num violeta forte. Fica lentamente sobre o ar, antes de retornar às águas densas. 
Porém, tão rápido como começa, também termina. 
O cheiro de maresia invade seu olfato, o barulho das ondas quebrando ao bater nas dorsais ajuda no despertar. Causa um desconforto na pele o excesso de areia que estava em cima de você com o movimento do vento. Toda a claridade do sol incomoda as retinas quando você abre os olhos. 
É dia. 
Parecia ainda ser cedo, visto que a praia ainda estava vazia e aquela brisa quente ainda vinha do mar em direção da terra. 
Ao fitar o extenso tapete de água, não consegue tirar da cabeça o que viu, tem certeza do que viu. 
Os olhos, o sorriso. Não foi efeito do álcool. 
Permanece concentrada, tentando entender o que aconteceu, tentando repassar com os mínimos detalhes o que viu. Fica ali por um tempo, até que desiste e arrasta-se para casa com aquela incógnita. 
Apesar de existir aquela exatidão, com medo de ser chamado de louca, não conta pra ninguém sobre o ocorrido. E, até mesmo, em algum momento do passar do tempo, começa a duvidar da própria sanidade, porém não evita voltar ao mar. Passava horas e mais horas encarando a água em busca de mais um vislumbre. 
Os dias caminham vagarosos e aos poucos você tenta esquecer e aceitar que talvez o álcool tenha causado aquele delírio. Só que aquela situação ganha um novo patamar. 
Aqueles mesmos olhos oblíquos e intensos começam a aparecer nos seus sonhos. O sorriso convidativo e a voz sussurrada começaram a preencher o universo onírico. 
E durante quase toda noite ela passa a se fazer presente como a primeira vez na realidade. 
Todas as vezes baseava-se nela parcialmente imersa na água, apenas naquele encarar que se tornava longevo. A pele reluzindo à lua, molhada. Um brilho singular como se fosse próprio da pele pálida. 
E você permanecia parada, hipnotizada pela sereia. Acordava sempre com cheiro de maresia na ponta do nariz e aquele arrepio na espinha. 
E isso se repetiu até aquela noite. 
A praia está vazia como o normal. É noite. O sopro morno vem da água e toca sua pele coberta pela fina camisola. O som do quebrar das ondas mistura-se à quietude do lugar. 
Seus olhos captam o exato momento da efervescência da água e mais uma vez aquela espécime se faz presente. 
Absolutamente instigante e linda. Faz você ter vontade de caminhar até a água, mergulhar e descobrir qualquer coisa que ela tem para oferecer, mas você permanece ali, observando. 
Entretanto, aquela noite tinha algo para oferecer. A sereia tinha algo mais para oferecer para que seus pensamentos voltassem ainda mais a ela. 
Dessa vez, ela sai da água. A calda dá lugar a pernas magras e longas. O corpo pálido e nu cintila à luz da lua. Lisa como uma pérola. 
E você não sente receio com o aproximar, mas, estranhamente, uma ansiedade. 
Quando perto o suficiente. O fitar se faz, longo e profundo como as ondas do mar. Não evita sentir a excitação. Era a primeira vez tão perto daquele olhar tão magnetizante. 
Ela toca sua bochecha com a ponta dos dedos frios, como se estivesse fascinada, dedilha a mandíbula. E as íris da sereia seguem a ação. 
O toque desce às clavículas, até que ela olha em seus olhos outra vez. 
– Você pode me chamar de Rosé. – A voz corta o silêncio, ecoa baixa e melódica. 
– Rosé... – Repete, como se degustasse o gosto da palavra. 
Os dedos da sereia brincam com as alças do tecido da sua roupa, e você não reluta quando a peça desliza pelo corpo e exibe sua nudez. 
– Nós não usamos isso no mar... – Esclarece. –  Eu posso tocar você? – Pede, com uma pontinha de receio, mas sorri quando você assente. – É tão macia... – Refere-se a tez. Te surpreende quando, após inclinar a cabeça e suspirar, ela estende a língua sobre um dos seus mamilos, envolve o broto sorvendo suavemente. 
Aí é você quem fecha os olhos, suspira. Ela inverte a mama, faz o mesmo carinho. 
– Eu acho que quis fazer isso desde a primeira vez que te vi, apesar de gostar da nossa brincadeira com os olhos. – Ela confessa. –  Tocar você... 
– Porque não fez antes? 
– Não queria te assustar. 
Agora, com a pouca distância, conseguia ver bem como as íris oscilavam num monocromático violeta, com as pupilas dilatadas que a puxavam como um vórtice. 
– Você é tão... – Não termina a sentença porque as palavras fogem. Não consegue encontrar palavras para descrever. 
– O quê? Me diz... – Aproxima o rosto do seu. Os lábios roçam suavemente, as respirações em consonância. – Porque eu posso dizer muito sobre você, humana. Por exemplo, agora, como sua boca parece tão deliciosa. Me dá vontade de beijar e beijar... 
– Eu quero, Rosie... – Fala, com um monte de desespero. Fecha os olhos antecipadamente. – Faz. Por favor. 
As mãos dela seguram seu rosto e você não demora a sentir o calor dos lábios contra o seus, a língua quente e afoita contra a sua. Sente-se tonta. Como se estivesse mergulhando nas águas daquele mar, com a água envolvendo todos os músculos do seu corpo de maneira densa. 
Quando o ósculo finda, seus lábios afagam a mandíbula o busto da sereia e, Rosé, não pode se sentir mais satisfeita com sua gana por ela. Expõe mais o pescoço, sorri presunçosa, com as mãos na sua cintura, trazendo-a para mais perto. 
O ar que envolve vocês parece ser tomado por aquele desejo irresistível e arrebatador. Reagem como um processo de combustão. 
E você tem consciência do que faz, do espaço ao seu redor, mas não se sente receosa. Ao contrário, todo o corpo arrepia sensível; os sons que desprendem da garganta manhosos ou até mesmo suas mãos que acumulam conhecimento sobre o corpo da sereia. 
Estende a língua, serpenteia pela pele que tem um gosto salgado por conta do sal do mar. As curvas sutis as quais parecem ainda mais atrativas sob a palma da sua mão. 
Os lábios cheios tornam outra vez contra os seus demasiadamente ébrios. 
Te conduz a deitar sobre a areia. Os grãos incomodam um pouco, mas a sensação é superada. 
Ela desce até o meio das suas pernas, movimenta a língua entre as carnes do seu sexo. Embebeda-se com o líquido abundante que você expele. Os seus dedos emaranham-se no cabelo longo que beirava um branco límpido e brilhoso, aperta, enlevada, sussurrando "Rosie" arrastado e ofegante. 
O corpo magro a sobrepõe outra vez. Senta-se, um pouco na diagonal, em cima de onde antes acariciava com a língua. 
E é tão bom como o corpo dela começa a movimentar-se em cima do seu. A fricção gostosa entre os dois sexos estimula o nervinho inchado e sensível; enevoa seus pensamentos. Te fazendo gemer arranhada e incoerente. 
A sereia esfrega o quadril mais rapidamente. Aperta os próprios seios entre os dedos. 
O ápice vem outra vez, fugaz. Toma seu corpo, estremece. Você arqueia as costas, apertando as pálpebras firmemente. 
Rosé trêmula acima de você, jogando a cabeça para trás, igualmente extasiada. Os segundos que se estendem são preenchidos pelas respirações ofegantes e satisfeitas. 
Você permanece com os olhos fechados, porque aquilo não parecia real, mas o inclinar sobre você te fazem abri-los. Rosé sela os lábios num átimo. Você pisca os olhos devagar. Ela lhe dirige o mesmo sorriso de todas às vezes, mas com um vestígio amoroso. 
E é a última coisa que você vê antes de acordar num sobressalto: O sorriso dela. 
O peito queima ofegante. Você esfrega as pernas, constata a umidade excessiva. Existe uma fina camada de suor na sua pele, uma vertigem que nubla os pensamentos e tudo que ecoa na sua mente é o nome da sereia:
Rosé 
Rosé
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sabrinarismos · 2 years
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Sua presença embebeda meus sentidos e saio, cambaleante, em direção aos seus braços.
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ibokkun · 1 year
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Adeus! És cara demais para mim que sejas minha
E é muito provável que conheças quanto vales;
O alvará do teu valor te libera;
Minhas ligações a ti estão por demais determinadas
Como posso te Ter, a menos que o permitas?
E quanto a essas riquezas, onde está o meu mérito?
A causa desse rico presente em mim está faltando,
E assim a minha patente vai de volta cambaleante.
Tu mesmo destes teu próprio valor não conhecendo,
Ou então fui eu, a quem o destes, com quem te enganastes;
Assim o teu grande presente, tendo sido outorgado por erro,
Volta para casa de novo, ao ser feito um julgamento melhor.
Assim eu te tive, como um sonho adulador
Ao dormir um rei, mas, acordando, não é nada disto.
- Shakespeare
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ohsanatano · 8 months
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THE CLONE WARS O FILME - PARTE 1
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POV'S OHSANA:
"OHSANA! POR TUDO O QUE É MAIS SAGRADO! ACORDA OHSANA!" Ahsoka gritou que nem uma louca quando senti uma sacudida forte em meus ombros, me fazendo abrir os olhos na hora.
"O que?! O que foi?!" Indaguei em alerta, me pondo sentada num movimento abrupto, sentindo o meu coração batendo célere com o despertar súbito. 
"UMA DESGRAÇA ESTÁ PRESTES A ACONTECER, OHSANA! A GENTE TÁ CAINDO!" Ahsoka comunicou ofegante, sem parar de sacudir os meus ombros.
C-caindo?!?! Tipo... acidente aéreo pra morte certa?!?! Mas que...?!?!
"O QUE?!?!?!" Engasguei me levantando de súbito da cadeira, mas logo em seguida, caí sentada no chão, fracassando na minha tentativa desengonçada de ficar em pé. "COMO FOI QUE ISSO ACONTECEU, AHSOKA!?!?!" Ralhei agoniada segurando seus braços, me esforçando para me segurar das sacolejadas violentas que a nave dava.
"FOI HORRÍVEL, OHSANA! MUITO HORRÍVEL! A NOSSA BOLEIA FOI ATINGIDA POR UMA BASE INIMIGA DURANTE O POUSO!" Ahsoka explicou atropelada nas palavras, tomando fôlego logo depois. "AGORA ESTAMOS CAINDO PRA MORTE CERTA!" Acrescentou ligeira e angustiada em meio a iluminação vermelha da cabine que oscilava de forma estranha, como se as lâmpadas pudessem estourar a qualquer momento.
Não pode ser!!! Ela deve estar brincando com a minha cara! Não! Ela não brincaria com uma coisa dessas! Não comigo!
"O PILOTO!!!" Verbalizei gasguita, sentindo as minhas pernas bambas ao me agachar.
"C-COMO?!?!" Ahsoka indagou num erguer de pseudo sobrancelhas estupefato, agarrando os meus braços. 
"CADÊ O PILOTO, AHSOKA?!? O QUE HOUVE COM ELE?!?!?!" Questionei me levantando num tremilico, empurrando-a no chão. "E-EU TENHO O DIREITO DE FALAR COM O PILOTO!!!" Esgoelei deixando-a gaguejar sozinha, me guiando atrapalhada até a cabine do piloto com as mãos na parede.
"O PILOTO MORREU!!!" Ahsoka comunicou me forçando a virar de fronte para ela.
Isso não tá acontecendo!!! Isso. Não. Tá. Acontecendoooooo!!!!
"MORREU?!?! COMO ELE MORREU?!?!?!" Questionei aos berros me agarrando com força nos seus antebraços, separando bem as pernas para não ceder aos sacolejos.
"E-ELE ESTAVA TENTANDO DESVIAR A NAVE DOS ATAQUES E... E ACABOU SENDO DECAPITADO POR UM TIRO DE FUZIL À DISTÂNCIA!!!" Ahsoka gritou trêmula, mantendo as pernas firmes para continuar de pé junto comigo.
"UM TIRO DE FUZIL?!?!" Arfei chorosa pondo a mão esquerda na boca, fincando as unhas da mão direita em seu antebraço.  "SIM!!! CHEGA EU VI A CABEÇA DELE VOANDO NA LATERAL DA BOLEIA!!!" Ahsoka sublinhou num tom de voz bem agudo e choroso enquanto abria e fechava a mão numa linguagem explosiva, gesticulando o que vira.
OH, NÃO!!! COITADO DO PILOTO!!!
"E... E O COPILOTO?!?!?!" Questionei com um fio de esperança. 
"TEVE O MESMO FIM QUE O PILOTO!!!" Ahsoka respondeu direta num tom de voz bem grave, num ar bastante tenebroso.
Em reflexo, vocalizei um "Oh!!!" desconsolado com essa última.
Pela Força!!! Que cena horrível a minha irmãzinha presenciou!!! Como eu fui capaz de dormir assim?!?! Como?!?!
"E-ENTÃO... NÃO TEM NINGUÉM PILOTANDO ESSA NAVE!?!?!?!" Indaguei engolindo em seco com o que ela responderia. "NINGUÉM!!! ESTAMOS SOZINHAS NESSA!!!" Ahsoka confirmou entre respirações pesadas o que eu mais temia, tremendo feito um bambu enquanto se segurava em mim.
Eu sabia! Eu sabia que era cedo demais! Que éramos jovens demais! Nós nunca deveríamos ter vindo pra cá! Se tivéssemos ficado no Templo... ainda estaríamos vivas e felizes da vida! E teríamos continuado assim por muitos anos! Bem diferente do que estamos passando agora!!!!
Isso é tudo culpa do Mestre Yoda!!!!
"NÃO!!! NÃO PODEMOS MORRER ASSIM!!!" Esgoelei me soltando abrupta dos seus antebraços, derrubando-a no chão com força. "TEMOS QUE SOBREVIVER POR NOSSA CONTA!!!" Falei correndo cambaleante até a estante de emergência. "VAMOS PULAR DESSA NAVE!!!" Decretei tirando dois paraquedas, levando um debaixo de cada axila ao andar trôpega até a minha irmã. "É SÓ A GENTE SALTAR E SEGURAR AS MÃOS UMA DA OUTRA!!!" Apaziguei sem muita firmeza, jogando um paraquedas em seu colo.
"NÃO ADIANTA, OHSANA!!! CHRISTOPHSIS INTEIRA ESTÁ CERCADA!!!" Ahsoka advertiu jogando o seu paraquedas para o lado, correndo até mim.
"CERCADA?!?! MAS EU PENSEI QUE OS GENERAIS TINHAM TUDO SOB CONTROLE!!!!" Reverberei quando ela me impediu de pôr o meu paraquedas.
"ANTES DO PILOTO MORRER, ELES NOS CONTACTARAM!!! MAS ANTES MESMO QUE PUDESSEM TER ALGUMA AJUDA, FORAM FUZILADOS!!!" Ahsoka revelou puxando o meu paraquedas das minhas costas, arremessando-o para longe.
"NÃO!!!" Vocalizei pondo as mãos na boca, incrédula e amedrontada com tudo isso.
"SIM!!!'' Ela enfatizou tenebrosa. ''E MESMO QUE NÓS SAIAMOS DESSA NAVE COM VIDA, TERÁ UM EXÉRCITO DE DROIDS ASSASSINOS NOS ESPERANDO LÁ EMBAIXO!!!" Ahsoka acrescentou apontando o braço para baixo.
Pela Força...
Quando embarcamos nessa nave para Christophsis, me senti cansada na metade da viagem e resolvi dormir um pouco, aqui no assento mesmo da boleia. Mas eu... eu não pensei que... que eu fosse me desligar tanto... a ponto de acordar e... e saber que estou passando pelos meus últimos momentos de vida...
Que por sinal, estão sendo os mais traumáticos e perturbadores!
E o pior... nem ao menos tivemos a chance de nos defender.
O piloto se foi... e o copiloto também! Se ficarmos... morreremos. E se pularmos... também morreremos. Então... a única coisa que nos resta fazer agora... é escolher a forma menos dolorosa e mais rápida de morrer.
Peraí!!! Então é isso?!?! Vamos morrer?!?!?!
De repente, o forte sacolejo da nave me tirou dos pensamentos, sem contar a sirene alta e perturbadora que começou a ecoar pela cabine.
Após me atentar aos sinais sonoros e visuais... me lembrei de imediato de que... ainda estávamos caindo para a morte certa. 
Nessa hora, irrompi num grito apavorado e me estatelei na parede metálica da nave, tentando conter inutilmente o meu coração que pulava violentamente para saltar da boca. 
"PENSE NA COR AZUL, OHSANA! PENSE NA COR AZUL!" Me auto tranquilizei com os olhos cerrados, numa tentativa não muito eficaz de me acalmar. Ainda mais numa hora como essa.
Em meio ao meu mantra a nave sacolejou com mais violência, me fazendo gritar aguda ao sofrer uma inércia pesada. Por pouco, Ahsoka me segurou e me livrou de cair de cara no chão. 
"O-OHSANA..." Ahsoka começou a falar antes de ser interrompida pela sirene que soou mais alto pelo ambiente de iluminação vermelha.
Nós duas sabíamos que isso tudo... era um sinal de que nos aproximávamos com mais rapidez da morte.
"NÃAAAAAO!!!! EU SOU JOVEM DEMAIS PRA MORREEEEER!!!!" Berrei num lamento, agarrando-a num abraço desesperado.
Eu geralmente nunca abraço. Exceto numa emergência. E se isso não for uma emergência... é uma catástrofe.
"EU SINTO MUITOOOOOO!!!!" Ahsoka deu as condolências finais, me abraçando com mais força.
"AHSOKA!!! ANTES DE MORRERMOS, EU QUERO QUE SAIBA DE UMA COISA!!!" Esgoelei em meio ao som agudo e repetitivo da sirene.
"FALA LOGO!!!" Ahsoka pressionou num berro, certa de que eu daria um discurso longo.
"SEMANA PASSADA, EU FIZ XIXI NA CAMA!!! E QUANDO VOCÊ SAIU DE MADRUGADA PARA IR BEBER ÁGUA, EU TROQUEI NOSSOS COLCHÕES E COLCHAS DE CAMA PARA TE FAZER PENSAR QUE TINHA SIDO VOCÊEEEE!!!" Confessei cheia de vergonha, mesmo sabendo que seria a última vez que eu sentiria isso.
Após fazer minha confissão, Ahsoka afrouxou o abraço e fincou as mãos nos meus bíceps, me forçando a olhar nos seus olhos.
Detesto quando me obrigam a olhar nos olhos...
"COMO É?!?!" Ahsoka vociferou entalada com o que eu disse. "ENTÃO FOI VOCÊ!!!" Bradou, me sacudindo pelos braços como se eu fosse uma boneca de pano. "O TEMPLO INTEIRO RINDO DE MIM! ME TAXANDO DE MIJONA! E-E EU DESCUBRO NO MEU LEITO DE MORTE QUE NA VERDADE A MIJONA É VOCÊ!?!?!" Gritou enfurecida, me chacoalhando com mais furor.
"AHSOKA, ME DESCULPA!!!" Roguei fincando as mãos nas suas, tentando fazê-la parar de me bulir.
"COMO PODE FAZER ISSO COM A SUA IRMÃ, OHSANA!?!?! COMO PODE FAZER ISSO COMIGO?!?!?!" Ahsoka engasgou indignada, parando de me chacoalhar só para me encarar nos olhos.
"DESCULPA!!! É QUE EU NÃO GOSTO DE PASSAR VERGONHA!!!" Dei a minha pior justificativa, me dando conta disso bem tarde demais.
Essa foi a gota d'água para a minha irmã. Bastava olhar para a sua cara escancarada e sem ar.
"E EU, OHSANA?!?! ENQUANTO À MINHA DIGNIDADE?!?!" Ahsoka indagou competindo voz com o som ensurdecedor da sirene.
"FOI MAL!!! É QUE EU TAVA TÃO DESESPERADA PARA SALVAR A MINHA QUE EU ESQUECI DA SUA!!!" Me defendi com razão visível, protegendo os meus ouvidos do barulho enlouquecedor da sua voz gritando em couro com a sirene.
"ENTÃO A DESCULPA É ESSA?!?!" Ahsoka sibilou em meio à chacoalhada da nave, se esforçando sobre os joelhos para não despencarmos juntas no chão. "COMO PÔDE ACHAR QUE A SUA REPUTAÇÃO É MAIS VALIOSA DO QUE A MINHA?!?!" Ralhou injuriada com o meu egoísmo aparente.
Eu não acredito! Eu fui uma irmã egoísta! Egoísmo não é um modo Jedi! Ohsana má! Ohsana má!
Droga! Por que é que meus argumentos nunca tem respaldo algum?!?!?
"QUEM LIGA PRA REPUTAÇÃO AGORA, AHOSKA?!?!? QUANDO A GENTE MORRER NÃO VÃO ACHAR NEM RESTOS DOS NOSSOS CORPOS!!!" Tranquilizei aos berros de um jeito bem torto.
Tá legal... isso... não amenizou em nada o problema. Mas eu tentei!
"EU VOU TE DESFIAR ATÉ QUE NÃO LHE SOBRE RESTO NENHUM!!!" Ahsoka rugiu ameaçadora, puxando os meus montrais.
"AI!!!" Verbalizei chorosa, sentindo a dor aguda do puxão.
"NÃO ADIANTA CHORAR!!!" Ahsoka vociferou puxando os meus montrais com mais força, literalmente, querendo me desfiar pela cabeça. 
"POR FAVOR, ME PERDOAAAAA!!!!" Roguei no momento em que a luz vermelha da cabine começou a oscilar com mais intensidade, abraçando-a pela última vez antes de morrer.
Eu a apertei com tanta força em meus braços, que ela começou a se esforçar desesperadamente para se soltar de mim.
Nesse momento, uma voz metálica e feminina começou uma contagem regressiva. 
Sinalizando... a autodestruição iminente da nave.
Agora, é só questão de segundos para a gente cair e explodir no solo de Chistophsis.
''Dez... nove...''
"ADEUS, IRMÃAAA!!!!" Irrompi numa despedida esganiçada, sufocando-a em meu abraço.
''Oito... sete...''
"Mas o que é que está acontecendo aqui?!?!" Uma voz masculina bem grave indagou estupefata atrás de nós. 
''Cinco... quatro...''
"NÃO TÁ ÓBVIO?!?!" Esganiçei soltando Ahsoka do abraço, em seguida, tampei os olhos com as mãos. "O PILOTO E O COPILOTO FORAM MORTOS NUM ATAQUE AÉREO!!! AGORA NÃO TEM NINGUÉM PILOTANDO ESSA NAVE!!! E AGORA VAMOS TODOS MORRER!!!" Respondi resumidamente a pergunta para seja lá quem tenha perguntado, com a voz bastante embargada.
''Três... dois...''
E sem ao menos recuperar o fôlego, explodi num grito estrondoso e apavorado, me agachando no canto da nave. 
E ainda com os olhos tampados, continuei gritando... no aguardo do pior.
''Um...''
Uh... ué... essa não deveria ser a parte em que a nave se choca com o solo e explode com todos nós dentro?! Por que ainda não morrermos?! Me questionei cessando o grito na hora, descendo lentamente as mãos pelo rosto para destampar os olhos.
Assim que me permiti enxergar o cenário ao meu redor, olhei para os lados e vi que a luz vermelha da cabine ainda oscilava de forma estranha, sem contar, que a sirene ainda apitava. E vi também que... a boleia ainda estava intacta?!
Então... o pior que estava prestes a acontecer... não veio. A explosão não aconteceu!
Como assim não aconteceu?!
Ainda agachada no canto da nave, visualizei Ahsoka me encarando em pé a três metros de mim, que por sua vez... soltou uma gargalhada estrondosa e começou a se contorcer descontroladamente. E na tentativa de abafá-la, pressionou as mãos na boca. 
D-do que é que ela tá rindo?!?! Me perguntei estupefata antes de involuntariamente, fazer contato visual com... um soldado clone que se segurava numa corda de apoio com a mão direita, pois segurava um fuzil na mão esquerda.
"V-você... cof, cof...!!!" Verbalizei entre tosses descontroladas após gritar muito, como se estivesse libertando um bloqueio na garganta. Em seguida, me levantei com os joelhos bambos. "Quem é você...?! Cof, cof...!!!" Exigi saber num tom de voz rouco e trêmulo, apontando para o soldado que apareceu. Andei cambaleante até ele.
Apesar de estar blindado da cabeça aos pés com a sua armadura, senti que seu olhar me encarava numa confusão visível. "Uh... eu sou CT-1917, criança." O Clone Trooper se apresentou hesitante, como se a minha pergunta não fizesse sentido algum. 
CT-1917?! O... o copiloto dessa nave?!?! Tá vivo?! Mas como?! Mas a Ahsoka disse que... Hã?!?!
"O-o que?!" Entalei andando vacilante e ligeira até ele. 
Assim que cheguei bem perto dele, gesticulei para que o soldado se colocasse semi ajoelhado na minha frente. Mesmo sem entender o que eu pretendia com isso, ele o fez sem hesitar. E com as mãos bem trêmulas, removi seu capacete sem ao menos pedir licença. 
Feito isso, olhei um bom tempo para o seu rosto sem piscar. 
"Uh... aconteceu alguma coisa, criança?" Quis saber o copiloto, se sentindo levemente desconcertado com o meu olhar afiado em seu rosto.
"Shsh!!!!" Verbalizei pousando o polegar em seus lábios, obrigando-o a ficar quieto em meio à minha análise.
Depois de fazer um breve estudo por aqui... pude concluir seis coisas:
Primeira coisa: Esse cara é mesmo o CT-1917.
Segunda coisa: Ele está aqui. Vivo. Na minha frente.
Terceira coisa: Ele nunca foi decapitado.
Quarta coisa: O mesmo posso dizer do piloto, que igualmente, passa bem. Logo... a nave nunca foi atingida por um tiro de fuzil. Tão pouco, esteve sob ataque. A mesma, permanece voando normalmente, sequer está caindo. 
Quinta coisa: Isso tudo não passou de uma brincadeira de mal gosto de uma togruta imatura e estúpida.
Sexta coisa: Eu estou prestes a correr o risco de ser expulsa da Ordem Jedi. O motivo? Homicídio.
Sim, foi isso mesmo o que eu disse.
"Ahsoka... " Rosnei devolvendo o capacete do soldado clone para a sua cabeça, em seguida, girei os calcanhares para encará-la.
"Hehehehe... " A delinquente riu amarelada, dando passos cuidadosos para trás.
"Você... me... paga... " Grunhi cerrando os punhos com força ao lado do corpo, caminhando ameaçadora em direção à minha presa. 
"C-calminha... Ohsaninha... foi só uma brincadeirinha..." A individual tentou inutilmente me apaziguar, pondo as palmas das mãos na frente do corpo.
"Um... dois... " Contei rangendo os dentes, lhe dando vantagem para correr.
"O-Ohsana... v-vamos conversar... " A sem vergonha rogou amedrontada.
"VOCÊ VAI VEEEEEER!!!!" Rugi pulando violentamente em cima dela, fazendo-a colidir as costas com força no chão metálico.
E sem pensar duas vezes... comecei a estapear todas as partes do seu rosto.
"OHSANA!!! AI!!! NÃO!!!! AU!!!" Ahsoka começou a gritar cruzando os braços em X na frente do rosto, bloqueando os meus golpes.
"TÁ DOENDO TÁ?!?!?!" Cuspi batendo em seus braços com mais intensidade.
"MUITO!!! AI!!! AU!!!" Ela berrou chorosa em meio às surras dolorosas e incessantes que eu lhe dava.
"ÓTIMO!!! PORQUE A VAI PIORAR!!!" Vociferei esmurrando-a com um pouco mais de violência.
Nessa hora, Ahsoka chutou o meu estômago com as duas pernas, me arremessando para longe. Depois de voar de ré, bati o dorso contra a parede de metal. 
Devo admitir que esse forte impacto não doeu nenhum pouco.
Mediante isso, me levantei do chão sem esforços.
 "VOCÊ ME PAGA AHSOKA TANO!!!" Esgoelei correndo atrás da delinquente pelo curto espaço da cabine.
"AAAAAHHHH!!!!" Ahsoka gritou apavorada. "CÁRTER!!! SOCORRO!!!!" Implorou correndo até o clone trooper CT-1917, cujo havia apelidado de "Cárter" durante a viajem. 
"Mas o que é isso?!" Cárter indagou em alerta correndo de encontro com Ahsoka, removendo o capacete antes de largá-lo no chão juntamente com o fuzil.
"C-CÁRTER! POR FAVOR! NÃO DEIXE ELA ME PEGAR!" Ahsoka suplicou se escondendo descaradamente atrás do soldado.
"NÃO SE ESCONDA NÃO!!! EU VOU TE PEGAR!!!" Aterrorizei correndo atrás dela em volta do clone trooper.
POV'S NARRADOR:
"M-mas que...?!" CT-1917 tentou formular alguma coisa perante a cena, mas mal sabia por onde começar em meio a uma situação que obviamente... nunca havia passado antes.
Separar uma briga de duas meninas não fazia parte do seu treinamento.
Mas mesmo assim... precisava contornar a situação o quanto antes. 
Caso o contrário...
Essa briga tosca entre irmãs... irá terminar num duelo sangrento de sabres de luz.
E essa... seria uma cena catastrófica que não estava disposto a pagar para ver.
POV'S OHSANA:
"NÃO, OHSANA!!! NÃO!!!" Ahsoka rogou chorosa e grave enquanto corria agarrada ao clone trooper, fazendo-o covardemente de escudo.
"VENHA CÁ, SUA DIABINHA!!! VENHA CÁ!!!" Esgoelei perseguindo-a em círculos em volta do soldado.
"CÁRTER!!! ESCREVA O QUE EU TÔ TE DIZENDO: SE ELA ME PEGAR, ELA ME MATA!!!" Ahsoka esganiçou assombrada, agarrando o braço do soldado sem parar de correr.
"ISSO É VERDADE!!!" Reforcei tenebrosa, tentando agarrar seus montrais.
"EI, EI, EI, EI, EI!!! NINGUÉM VAI MATAR NINGUÉM AQUI!!!" CT-1917 se interpôs entre mim e ela, estendendo os braços para nos separar. 
"ISSO, CÁRTER!" Ahsoka apoiou num brado vitorioso e ofegante.
"NÃO ACABOU AINDA NÃO, AHSOKA TANO!!!" Rugi na intenção inversa de acalmá-la, me jogando na frente do soldado para pegá-la.
Em resposta, Ahsoka irrompeu num gritinho assustado, se escondendo atrás do seu escudo improvisado.
"QUAL É A RAZÃO DE TUDO ISSO?!" CT-1917 exigiu saber, bloqueando o meu ataque contra a sem vergonha.
"Eu não fiz nada demais! Eu só queria me divertir um pouquinho com a minha irmãzinha antes de pousarmos!" Ahsoka se explicou num tom de voz agudo, segurando o braço esquerdo do homem para se proteger.
"Se divertir?!" Engasguei rouca e ofegante, abaixando o braço do clone para encará-la na cara. "Acha divertido rir da minha angústia?! Do meu medo?!" Indaguei sem nenhuma retórica. "Você me acorda!!! Diz que o piloto e o copiloto foram decapitados por um tiro de fuzil!!! Que a nave tava caindo e que íamos morrer!!!" Acusei respirando pesadamente. "Como pode achar isso divertido, Ahsoka!?" Perguntei exigindo uma resposta muito boa para isso.
"Uh... nossa." O Clone Trooper verbalizou desacreditado com o que contei. "Você disse isso mesmo para a sua irmã?" Perguntou numa posição mediadora, se mostrando levemente chocado com a coragem que ela teve de fazer isso comigo.
"Fiz... " Ahsoka confessou um pouco envergonhada. Mas SÓ um pouco!
"Então... você admite que se aproveitou da turbulência que a nave passou agora há pouco e... usou isso para inventar toda essa história de ataque aéreo?" Ele quis saber.
O que?! Então todo aquele sacolejo violento... era... uma simples turbulência?!?! Mas que togruta mais cretina!!!!
"Aham." Ela confessou enquanto esfregava o braço. "Fora também que... usei um gravador de áudio para salvar a voz do google tradutor feminina e... fazê-la contar regressivamente... para simular uma autodestruição. Só para a pegadinha ficar mais real." Admitiu de quebra.
Então aquela voz metálica e feminina da contagem regressiva... também era mentira?!?! Ahsoka!!! Sua sacana!!!
Cárter arregalou os olhos e piscou algumas vezes. Provavelmente, não achou que ela fosse confessar assim tão fácil. "E por que é que é que você fez isso?" Quis saber num tom de voz firme.
"Mas eu já falei, eu só queria me divertir um pouquinho." Ahsoka sintetizou aguda se auto abraçando, olhando para o lado num encolher de ombros.
"Ah, sim. É claro." CT-1917 proferiu coçando a cabeça brevemente antes de usar novamente o braço como barreira. "E você se sente arrependida por isso?" Perguntou pausadamente, encarando-a num arqueado de sobrancelha.
Após ouvir a sua pergunta, cruzei os braços com força, bufando alto.
"Uh... não muito." Ahsoka respondeu arrastada, remexendo os dedos.
Não?!?! Mas que égua!!!
Nessa hora, olhei fissurada para a cara de pau da criatura, descruzando os braços abruptamente.
O soldado não pôde disfarçar o choque com a sua resposta. No entanto, não estava disposto a se conformar com ela. "E você pode me dizer por quê?" Pediu com autoridade, mas sem elevar a voz.
Curiosa com o que a delinquente responderia, eu a encarei fuzilante.
"Porque ela é muito ingênua. E isso é muito engraçado de se ver." Ahsoka respondeu num risinho curto e descarado.
EU SOU O QUE?!?! AAAAARGH!!!!
"SUA ÉGUAAAAA!!!!" Xinguei me arremessando por cima do braço do Clone Trooper que nos separava, agarrando-a pelos seus chifres curtos.
"AI, AI, AI, AI!!!!" Ahsoka reverberou de dor em meio aos puxões que sofria.
Numa tentativa impulsiva e afligida de me fazer soltá-la, a criatura curvou o peso do seu corpo para trás e fincou as mãos em meus braços. 
Enquanto isso, no fundo senti pena do Clone Trooper que gritava e tentava nos separar desesperadamente. No entanto, eu estava disposta a desfiar a minha irmã, até não sobrar nem as roupas dela!  
Nessa hora, a boleia sacolejou numa turbulência tão intensa que acabou fazendo Cárter perder o equilíbrio e cair sentado no chão metálico, em seguida, ele rolou para o lado e colidiu as costas contra a parede.
Já eu e Ahsoka, usamos involuntariamente o corpo uma da outra para não ceder à chacoalhada em meia à briga, já que eu não soltei seus chifres por nada.
Em meio ao cabo de guerra violento que parecia não ter fim, minha irmã me atacou com uma cotovelada no estômago, e num espasmo, senti uma breve falta de ar nos meus pulmões, por conta do comichão da pancada que me percorreu. Isso me fez soltar seus chifres na hora, no entanto, agarrei sua testeira e a puxei com força de seus montrais. 
Nessa investida surpresa, acabei rolando de costas no chão e caí sentada. Fracassando oficialmente em ganhar essa briga.
Quando Ahsoka pensou em comemorar a sua vitória no cabo de guerra, seu sorriso se esvaiu na hora assim que olhou para um ponto específico na minha direção. Ao acompanhar o seu olhar, vi que... ela focava em sua testeira que estava em minhas mãos. E não era um simples adorninho de cabeça. 
Era a sua testeira de Aprendiz Padawan. Cujo ela tanto venera desde que a recebeu junto comigo. Era praticamente o seu xodó.
Nesse momento, rolei sucessivamente os olhos para o adorno e para a cara da Ahsoka (que por sinal, passou de laranja escuro para branca de tão pálida que estava).
Foi nesse breve estudo, que eu soube como fazê-la pagar 50% por tudo o que me fez. Agora, sua testeira de Aprendiz Padawan estava em minhas mãos.
"O-Ohsana, não!" Ahsoka exclamou trêmula, levantando as mãos na frente do peito no momento em que comecei a me reerguer lentamente do chão.
"Vai pagar... " Rangi num tom de voz baixo entre dentes, fechando uma mão em cada extremidade da testeira. 
"O-Ohsana! P-peraí! V-vamos conversar!" Ahsoka gaguejou tentando inutilmente um entendimento, sem tirar os olhos do seu adorno cheio de significado.  
Que agora... estava tão indefeso em minhas mãos. 
"Pensastes antes de me fazer de trouxa!" Rebati furiosa num tom de voz sombrio, estendendo a testeira na frente do rosto.
"Ohsana! Foi mal!" Ahsoka suplicou veemente pelo meu perdão. 
Nessa hora, meu coração bateu ainda mais acelerado e comecei a suar frio.
Isso significa... que em meu âmago... eu não queria mais fazer isso.
No entanto, cerrei os olhos e expirei fundo pelo nariz, deixando os meus sentimentos de lado.
Eu já cansei de ser boba!
"Agora é tarde." Sublinhei tenebrosa, encarando o ponto central do seu rosto numa feição fria. E mesmo com as mãos bastante trêmulas... não hesitei em puxar as extremidades de sua testeira para baixo, partindo-a no meio sem dó e piedade.
"OOOH!!!!!" Ahsoka arfou em choque cobrindo a boca com as mãos, tremendo feito um bambu.
E para deixar mais claro o meu recado, atirei os restos de seu adorno no chão, sem nenhum pingo de remorso. Fazendo suas metades deslizarem até encostar em seus pés. 
Ahsoka assistiu toda a cena numa feição pasmada e escancarada, como se estivesse passando um filme em sua cabeça. 
Provavelmente, um filme das primeiras e das últimas horas que ela e a testeira passaram juntas. Mesmo com um forte tremilico nas pernas, ela desabou sobre os joelhos, e lentamente, estendeu as mãos para segurar o adorno quebrado.
"NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO!!!!!!!!!!" Ahsoka irrompeu num luto pesado, jogando a cabeça para trás enquanto fechava as peças com força em seus punhos.
Num impulso instintivo, tampei os ouvidos numa careta franzina e enrijecida (para me poupar ao máximo do seu som vocal maçante).
Por que eu fui esquecer o meu protetor de ouvidos no Templo!? Questionei me sentindo burra por isso, encarando a togruta que gritava um "Não!" bem pungente e prolongado.
"Assassina!!!" Ahsoka bradou enfurecida estendendo sua testeira partida na minha direção, tinindo as partes em seus punhos num ato dramático. 
"Hahá! Agora é que você vai ver o que é um assassinato!!!" Vociferei partindo para cima dela, lhe arrancando um grito aterrorizado.
"BASTA MENINA!" Cárter bradou agarrando os meus braços ao se interpor na minha frente, me impedindo de atacá-la.
"Valeu Cárter... valeu... " Ahsoka agradeceu ofegante, esfregando os pontinhos doloridos em sua cabeça (da surra que lhe dei há alguns minutos). "Poxa vida! Olha só o que essa doida fez com a minha testeira de Padawan!" Acusou chorosa, mostrando a peça partida para o soldado. 
Doida?! Doida é ela de ter me provocado!!! Rosnei me bulindo inutilmente para avançar nela, pois CT-1917 me segurava com vontade. A criatura sequer olhava para mim!
"Uau. Isso é o que eu chamo de estrago." O Clone comentou cerrando os dentes numa careta enquanto me prendia. Com certeza, estava se perguntando como consegui quebrar um objeto tão resistente.
"Estrago?!?! Estrago é pouco!!! Ela praticamente violou o coitadinho!!!" Melodramatizou tentando colar as metades numa esperança desesperada. Ao fazer isso, gemeu sentindo dor nos braços por conta da força que fazia, e teve que largar o adorno quebrado no chão.  "Ai... olha aqui ó! Tá roxo!" Reclamou mostrando os braços para o Soldado, apontando para as manchas roxas que eu deixei por toda a extensão deles.
"Tudo bem, tudo bem. Nada que uma garrafa de bacta não resolva." O Clone assegurou soltando lentamente os meus braços, que já estavam dormentes demais para tentar revidar agora. "Cuidaremos desses hematomas agora mesmo." Tranquilizou tocando um pontinho roxo do braço dela, fazendo-a soltar um "Au!" Agudo. "Feito isso, não preciso pedir que parem com toda essa algazarra e se entendam, não é mesmo?" Disse revezando olhares com nós duas.
Nessa hora, Ahsoka me deu um sorriso de canto labial cúmplice. 
Em resposta, eu a encarei com olhar fervente e cruzei o braço direito na frente do esquerdo. Lhe dando uma banana.
"Oh!!!" Ahsoka verbalizou pondo as mãos no peito, chocada com a minha ofensa. "Olha aí, ó! Ó o gesto dela aí!" Apontou indignada. Pois eu nunca fizera isso antes. Muito menos, com ela.
Apesar dos esforços de Cárter para não contorcer o lábio numa risada, estava na cara que havia achado o meu gesto obsceno engraçado. Mas logo em seguida, limpou a garganta e se concentrou. "Ahsoka, não faça esse gesto obsceno para a sua irmã." Censurou numa feição rígida.  Pff!!!!
"É Ohsana. Ahsoka é aquela sujeitinha ali." Corrigi apontando para a figura idêntica à mim.
"Ah, sim, claro. Perdão." Ele se desculpou tossindo um pouco, na intenção de disfarçar o vacilo dado.
Se bem que... a cada dez pessoas, nove cometem esse erro típico entre a gente.
Por mais que eu seja Ohsana, e a outra seja Ahsoka... sempre vão achar que eu sou ela... e vice-versa.
"Seja como for, o recado está dado." CT-1917 recapitulou com solidez, limpando a garganta logo a seguir. "Vamos. Temos que cuidar desses hematomas." Chamou gesticulando a cabeça em direção à cabine médica. Onde com certeza, terá um kit médico cheio de bacta esperando por ela. "E você, menina." Dirigiu-se a mim, me fazendo fitá-lo atenta, mas não muito nos olhos. "Tente ficar em paz com a sua irmã." Aconselhou num aceno de cabeça. "Diferente de você, ela é que é a doidinha." Sussurrou o mais inaudível possível, piscando o olho direito com um certo... humor.
Depois dessa, ergui o lábio num sorriso involuntário e olhei para o chão. Me sentindo feliz com a descoberta recente... de que até os soldados brincam às vezes. 
"Ei!" Ahsoka se pronunciou ligeiramente ofendida, fincando as mãos na cintura.
Cárter não hesitou em rir um pouco. "Tô brincando, tô brincando." Apaziguou dando tapinhas em seu ombro, em seguida, recolheu seu capacete e seu fuzil, se lembrando por pouco de carregá-los consigo. "Vamos logo." Chamou dando as costas, caminhando até à cabine da enfermaria. 
Ahsoka o seguiu ligeira, como se temesse ficar sozinha comigo por muito tempo.
Hoje ela escapou... mas o que é dela está guardado!
                                                                                               ******
POV'S AHSOKA:
Como se não bastasse ter apanhado feio da minha própria irmã há dois minutos atrás, ainda tive que me preparar para ouvir muitas do Mestre Yoda. 
É impressionante! Assim que entrei na ala da enfermaria e me sentei na maca, recebi seu contacto. Segundo ele, foi só para saber como estava sendo a nossa longa viagem (até porque... Ohsana detesta ficar parada no mesmo lugar por muitas horas.) 
Descobrimos isso da pior maneira... urgh!!!. 
Que o Conselho Jedi me perdoe, mas... quem ele pensa que engana?! É óbvio que Mestre Yoda teve algum tipo de sonho, visão ou coisa do tipo de nós duas brigando e resolveu averiguar com os próprios olhos!
Sim! Ele literalmente... adivinhou o pequeno... ocorrido.
E infelizmente, não pude negar nada, até porque... Mestre Yoda já viu meus hematomas. E ainda, Cárter fez questão de relatar o seu testemunho.
Então eu não tive outra opção a não ser contar tudo de forma rápida e detalhada. No entanto, mesmo depois de eu ter explicado tudo... sua cara não era a das melhores. Embora ele não grite e nem nada do tipo.
"Algo em sua defesa tem a dizer, jovem Tano? Hum?" Quis saber a pequena imagem holográfica de Mestre Yoda, que me encarava fixo enquanto se sustentava sobre a sua bengala.
Nessa hora vi a chance de limpar um pouco a minha barra, ainda que bem improvável. Já que eu sei bem como tudo isso vai terminar.
A Ohsana é a vítima. E eu... sou a irmã malvada.
Mas eu precisava tentar, né. 
"Mestre Yoda... " Comecei arrastada para encontrar as palavras certas, limpando a garganta antes de continuar. "Eu não fiz nada demais. Há alguns dias eu estava apenas navegando no youtube como quem não queria nada e acabei vendo uma certa... pegadinha. Então eu achei engraçada e quis fazer igual." Justifiquei num encolher de ombros, dando um sorriso labial sem graça. 
"Então, admite você que conteúdo infame da internet copiou e reproduziu apenas por própria diversão, hum?" O Grão-Mestre reformulou levemente chocado com todas as palavras que eu disse.
"Qual é, Mestre!" Exclamei enquanto o droid médico AZI-3 (que estava bem do meu lado) molhava um punhado de algodão numa vasilha de bacta. "Foi só uma brincadeirinha!" Me defendi agitada. "Au!!!" Verbalizei sentindo uma dorzinha latente em alguns pontos do meu braço direito. "Ai, ai... " Gemi quando o droid médico começou a pressionar um algodão esférico embebido nos meus hematomas.
"Enxergar consegue, minha jovem? Hum?" Mestre Yoda se pronunciou apontando para os meus braços machucados.
"O que? Os meus braços cheios de manchinhas roxas?" Perguntei num palpite bem óbvio e irônico. "Ui... " Miei quando o droid AZI-3 começou a repetir o mesmo tratamento nada suave em meu braço esquerdo. 
"Também." O sábio Jedi concordou num aceno único de cabeça. "Em outras palavras, de seus atos as consequências sofrendo está. Isso, enxergar deveria." Disse num sorriso de canto labial relaxado, na intenção de me dar uma lição de moral.
"É, eu tô sentindo as consequências. E elas doem muito... ai... " Choraminguei em meio ao processo de cura do droid médico, que foi escovando o meu rosto com uma bola nova de algodão embebida em bacta. 
Nem percebi que Ohsana conseguiu me acertar embaixo do olho. Ainda por cima no esquerdo!
"Das questões físicas muito além isso vai, jovem Ahsoka." Disse a figura holográfica se referindo aos meus machucados. "Pior do que hematomas externos você carregar, muito pior é sua irmã mágoa de você guardar. Esse, é o real hematoma que você mesma precisa tratar." Discursou batendo levemente sua bengala no chão.
"Espera aí?! O senhor está querendo que eu peça desculpa?! Pra Ohsana?!" Indaguei desacreditada com o que ele estava me pedindo, me remexendo inquieta na maca. "Au!!!" Vocalizei num ranger de dentes quando AZI-3 pressionou um pouco mais forte um punhado de algodão no hematoma debaixo do meu olho esquerdo.
"Que sim é evidente!" Mestre Yoda confirmou levemente surpreso com o jeito que eu reagi.
Droga!
"Então é isso?! Ohsana vai ficar impune?!" Questionei indignada por ele sequer levar em conta o fato de ela ter me batido.
"A questão essa não é, minha jovem." O Grão-Mestre rebateu erguendo o dedo indicador na minha direção. 
Pela Força! Eu... eu tenho inveja dessa garota! Ela sempre se safa muito fácil!
"Então qual é?!" Implorei para entender a onde ele pretendia chegar, me sentindo confusa com toda essa discussão. 
"Não estou dizendo eu que me orgulho de sua irmã ter revidado à sua travessura, hum." A pequena figura de cor secundária frisou olhando para o lado, como se a imagem da minha irmã gêmea tivesse se materializado na sua mente. "O que querendo dizer estou é: ela o que fez com você foi só a colheita inconsequente do que você mesma plantou." Discursou pausadamente, voltando a olhar para mim. 
Argh!!! Ele acabou de passar na minha cara que se eu não tivesse feito aquela pegadinha com ela, eu não teria levado uma surra!!!
Por que os mais velhos sempre fazem isso de um jeito tão difícil?!?!
Nesse caso... eu terei que usar de suas próprias palavras para vencer essa causa. Eu não posso levar toda a culpa!
"Então, nesse caso... " Comecei num estalado de língua, rolando os olhos para cima numa reflexão fingida. "Se a Ohsana plantou essas manchinhas... " Continuei, sublinhando bem os braços feridos. "Então é melhor ela colher as consequências dela, né?" Argumentei num sorriso labial travesso, sugerindo que ele a castigue e a faça pagar pelo que fez.
Mestre Yoda me encarou num erguer de pseudo sobrancelha analítico antes de se pronunciar sobre isso.
Será que eu finalmente o deixei contra a parede?! Me perguntei esperançosa. A ponto de fazê-lo pensar tanto... hihihi.
"Assim sabe você que não funciona, criança." Ele refutou sobrepondo lentamente uma mão na outra em sua bengala.
E voltei a estaca zero. Choraminguei desfazendo instantaneamente o meu sorriso. E quando me chama de criança então...  Acrescentei revirando os olhos desgostosamente.
"Urgh! Eu desisto!" Exclamei cruzando os braços com força, virando a cabeça para o lado.
"Jovem Ahsoka, entendê-la procure." Mestre Yoda pediu numa súplica. Obviamente, não estava nenhum pouco satisfeito com a minha reação.
Mas também! Vive defendendo aquela minha versão melindrosa! Como queria que eu reagisse?! Feliz da vida?!
"Entender o que, Mestre?!" Indaguei chorosa e confusa, voltando a olhar nos seus olhos holográficos.
"Porque você a feriu que Ohsana acabou lhe ferindo. Simples isso é de compreender." A pequena imagem virtual argumentou como se tentasse enfiar uma coisa óbvia na minha cabeça. 
"Eu a feri?! Eu apanhei mais do que bati!" Exclamei injuriada na minha defensiva.
"Ouve bem, jovem Tano. Lembrá-la devo que de marcas deixadas em você não falo eu. Importância, elas não têm." Mestre Yoda frisou dando dois passos para frente com a ajuda de sua bengala. "Estas, facilmente se curam com soluções curativas, vê?." Disse olhando para um ponto específico em meu corpo assim que o droid médico terminou de me tratar.
Nessa hora, passeei os olhos por mim mesma e... vi que as manchas roxas que até então salpicavam os meus braços... haviam milagrosamente desaparecido. E quando virei a cabeça na direção de um pequeno espelho na parede... vi também que o hematoma roxo que estava debaixo do meu olho esquerdo também sumiu.
Pela Força! Não é que esse bacta funciona mesmo! Exclamei olhando boquiaberta para os meus braços e rosto.
Bom, eu posso até ter entendido a parte em que o fato de eu ter ganhado marcas não são mais um problema (já que elas sumiram). Mas no fundo... sinto que essa não é a lição principal que Mestre Yoda quer enfiar na minha cabeça.
Quando o encarei num silêncio confuso, ele entendeu que precisava ser mais específico no que queria me passar. "Engraçado acha mesmo o que com sua irmã fez, hum?" Quis saber mesmo sabendo o que eu responderei.
"Olha, sinceramente, sim." Respondi tentando soar o mais natural o possível, mesmo ciente de que não era bem o que ele queria ouvir. "E eu não tenho culpa se ela não tem senso de humor!" Murmurei me auto abraçando, virando a cabeça numa careta fechada.
"Hum." Mestre Yoda verbalizou semicerrando os olhos. "Engraçado não achei eu." Deu sua opinião numa postura severa. "Brincadeira essa que fez você com Ohsana, o medo da perda, da morte e da impotência desencadeou nela. Isso  dificulta ainda mais o desenvolvimento PsíquicoJedi dela, mais do que sempre complicado foi." Explicou de forma... resumida e pesada a consequência da minha pegadinha.
Mas do jeito que sou teimosa...
"Mas Mestre, todo mundo passa por isso depois de uma zoeira. É normal sentir essas coisas todas, mas depois... rimos de tudo e passamos a lembrar disso como uma brincadeira boba em nossas mentes! É sempre assim!" Argumentei de um jeito descontraído. Embora seja um pouco difícil vencer uma discussão assim.
"Jovem Ahsoka, preciso lembrá-la de que normal isso não é para uma criança como Ohsana?" O Grão-Mestre perguntou parecendo preocupado com o que eu disse.
É... agora que ele falou... o que eu fiz não foi muito... saudável. Refleti sentindo a ficha cair dos meus olhos na mesma hora. A consequência psicológica que eu causei nela... foi o tipo de ferida interna que acabei deixando na minha irmã. Pensei comigo mesma, matando de imediato o seu enigma de nível fácil que falava: "Porque você a feriu que ela feriu você."
Essa era a mensagem que Mestre Yoda estava me passando esse tempo todo. Mas fui teimosa e egoísta demais para entender.
"Não, Mestre." Respondi à sua pergunta depois de uma boa reflexão, me auto abraçando culposa.
"Muito bem. Entendendo agora está você, minha jovem." Mestre Yoda parabenizou num sorriso satisfeito.
"Sim, eu entendi. Mas Mestre... " Comecei hesitante, tentando não pensar muito em mim agora. Não posso falar nada egoísta dessa vez. "Como esperamos que o mundo a trate como um indivíduo normal se... tudo o que é normal para todos nessa galáxia é estranho e anormal para ela? O senhor não acha que... o que eu fiz com a intenção de ser zombeteira acabou sendo... um jeito indireto de prepará-la para a vida?" Questionei num sorrisinho sem graça, remexendo o pé esquerdo enquanto contorcia as mãos para trás.
"Entendo eu onde quis chegar, jovem Ahsoka. Mas deixe que a própria Força a guie e a prepare para a vida exatamente como deve ser." Disse o Grão-Mestre naturalmente, como se no fundo, enxergasse um futuro certo para Ohsana.
"Tá, mas... isso é uma ordem, Mestre?" Perguntei demorada, remexendo os meus dedos indicadores.
"Não. Isso, conselho é de alguém que com a vida e com as dificuldades, sabe lidar muito bem. Não 100%, mas o suficiente para meus jovens Jedi entender e orientá-los." Mestre Yoda refutou num sorriso apaziguador, sobrepondo as duas mãos em cima de sua bengala. 
Ah, já que é um conselho... melhor segui-lo agora, né?
"Então... eu vou nessa. Tô indo ver como é que tá minha irmã." Comecei a me dispensar após ouvir tudo o que eu precisava.
"Faça isso, minha jovem." Mestre Yoda reforçou orgulhoso. "Mas lembre-se: uma criança normal jovem Ohsana sempre será, assim como você. Diferente é o que ela é. Palavra-chave essa guardar você deve. Entendeu?" Reforçou seguido de uma pergunta.
"Sim, Mestre." Prometi numa reverência breve.
"Que a Força esteja com você, jovem Tano." Disse Mestre Yoda antes de encerrar a ligação, me deixando na companhia do droid médico. 
"Prontinho, moça! Está novinha em folha outra vez!" Exclamou AZI-3 enquanto descartava os rolos de algodão usados no lixo. "Já pode ir se não estiver doendo mais nada." Autorizou guardando seu kit médico na estante.
"Muito obrigada." Agradeci saindo de cima da maca, em seguida, comecei a me dirigir até à saída. 
"Disponha, criança." O pequeno droid refutou logo atrás de mim.
É Padawaaaaan! Corrigi mentalmente enquanto me retirava da sala médica.
                                                                                          ******
Assim que me retirei da enfermaria, já pude ver Ohsana sentada de costas para a parede com os joelhos abraçados. Sem contar... que ela se bulia para frente e para trás, como uma idosa numa cadeira de balanço.
Quando Ohsana se mexe inquieta nessa posição... é porque não está nada bem com ela.
E tudo por minha causa, é claro.
Eu mesma causei todo esse rebuliço em nós duas, logo, cabe à mim me acertar com a minha irmã.
O pior que pode acontecer é ela não me perdoar agora e passar dias sem falar comigo, mas eu precisava tentar.
"Vamos lá, Ahsoka! Agora é com você!" Me encorajei antes de respirar bem fundo e caminhar na direção dela.
POV'S OHSANA:
Desde que Ahsoka se trancou naquela enfermaria, tive tempo suficiente para refletir sobre o que eu fiz, sobre o que ela fez, e sobre tudo que tem acontecido nesses últimos anos.
Desde sempre, Ahsoka age de uma forma... muito arteira (mais precisamente, desde que erámos bem pequenas), e isso sempre me incomodou muito, nunca foi segredo pra ninguém. No entanto, hoje foi a primeira vez em que me senti irritada num nível extremo. Tanto que até... fiz a sua testeira de Aprendiz Padawan pagar pelas suas ações. Fora que também dei uma baita surra nela. 
Ahsoka e eu sempre fomos bem grudadas a vida inteira. Saímos juntas de Shili para ir morar no Templo Jedi em Coruscant, aprendemos os caminhos da Força juntas, compartilhamos o mesmo clã, buscamos nossos cristais kyber e montamos juntas os nossos sabres de luz, dormimos no mesmo quarto, usamos as mesmas roupas, treinamos juntas nas aulas de duelos ao ar livre, sempre ficamos em dupla nas excursões para Younglings... e agora, subimos juntas para o nível de Aprendiz Padawan.
Não estou dizendo que a nossa união é um problema, muito pelo contrário, isso sempre foi a peça chave para o nosso desenvolvimento dentro da Ordem Jedi (sem contar que Mestre Yoda sempre nos apoiou nisso). Em outras palavras: eu não teria aprendido tanta coisa sem a Ahsoka. E sem mim, ela não teria se desenvolvido tanto em certos pontos.
O que eu estou querendo dizer é: a nossa união não é o empecilho da questão. E sim, a nossa separação.
Não me refiro ao fato de que em poucas horas... seremos treinadas por Mestres diferentes e seguiremos o resto de nossas trajetórias para nos tornarmos Cavaleiras Jedi por caminhos distintos. Nós duas sempre soubemos que isso iria acontecer.  Eu me refiro ao fato... de que a minha condição psíquica é que tem me separado do mundo. E o pior... tem me separado da Ahsoka.
Desde que fui diagnosticada aos quatro anos de idade com Transtorno de Espectro Autista (TEA) Nível 1, sempre tive ciência de que a minha vida nunca foi fácil e nunca será. A minha psicopedagoga me explicou com clareza que isso não irá me privar de viver uma vida saudável, e muito menos, irá me impedir no meu treinamento Jedi. Ela até disse que eu tenho grandes chances de me tornar uma Cavaleira excepcional. Mas também disse, que em algum momento, essa minha... deficiência, pode comprometer as minhas habilidades comunicacionais e de interação com outros indivíduos. 
E infelizmente... isso tem incluído a minha interação com a minha irmã.
Eu sempre fui muito reativa com esses tipos de travessura que Ahsoka faz comigo. Mas nunca cheguei a reagir de uma forma tão violenta com ela.
A gente sempre bateu uma na outra em nossas típicas brigas de irmã, é claro. Mas... não a ponto de eu acabar lhe enchendo de hematomas feios e... de quebrar vingativamente a sua testeira de Aprendiz Padawan. 
Poxa... a minha afinidade por Ahsoka sempre tornou a minha condição tão mais leve... e então de repente... foi como se essa leveza tivesse sido quebrada por uma brincadeira (que eu não gostei nenhum pouco!). Tanto que até perdi a linha com ela.
É esse tipo de coisa que me deixa tão inquieta e apavorada. Hoje, eu reagi com a força dos braços. Mas amanhã... posso reagir com um sabre de luz.
Me arrepio toda só de pensar. Ás vezes... eu fico desejando tomar o controle dessa nave e dar meia volta. Penso que eu nunca devia ter saído do Templo Jedi. Tudo lá é bem mais simples quando estou perto da minha psicopedagoga... e perto de Mestre Yoda. Só eles realmente me entendem e sabem do que eu preciso.
Não estou dizendo que minha irmã não se importa comigo. Eu sei que ela me adora assim como eu a adoro muito. Mas sei que Ahsoka ainda está se esforçando sacrificadamente para tentar entender que não sou como ela. Ambas sabemos que não vejo o mundo como ela vê.
Embora nós sejamos iguais por fora... nossas mentes são bem diferentes.
"Ohsana." Ouvi a voz de Ahsoka me chamando a alguns metros atrás de mim.
Pela Força! Ela já saiu da enfermaria?!
Eu sei que eu deveria ter me virado assim que escutei seu chamado... mas preferi me fazer de surda e ficar aqui, me balançando lentamente para frente e para trás feito uma velhinha. Fazer isso enquanto encaro a parede metálica... me acalma um pouco. 
Ainda não me sinto pronta para olhar pra ela. Seria vergonhoso demais fazer isso depois de tudo.
POV'S AHSOKA:
Mas que ótimo. Agora ela está fazendo ouvido de mercador. Suspirei num revirar de olhos exausto. Por que ela sempre faz isso?! Me questionei ao pôr a mão esquerda na cintura, mesmo sabendo exatamente o motivo. Eu não posso desistir na primeira tentativa! Prometi para mim mesma (e para Mestre Yoda) que irei acertar as coisas com a minha irmã! Relaxa Ahsoka, Ohsana não pode se esconder para sempre. Mesmo que ela queira muito. Me tranquilizei respirando bem fundo.
"Tudo bem. Não precisa se virar agora." Garanti humorada, andando a passos cuidadosos até ela. "Posso muito bem ficar... bem aqui." Falei me sentando de costas para Ohsana, encostando levemente em seu dorso. A mesma parou de se bulir na hora. "E então? Podemos bater um papo, maninha?" Perguntei numa tentativa descontraída de começar uma conversa.
POV'S OHSANA:
Pela Força! Mas que criatura mais insistente! Ela sabe muito bem que quando eu faço isso, é porque eu quero ficar aqui, quietinha, sem ver ninguém.
Pff! Até parece que você não conhece a sua irmã. Reforcei para mim mesma enquanto olhava de esguelha para Ahsoka, que estava bem atrás de mim, encostada nas minhas costas.
Quando ela me pediu permissão para "Batermos um papo", não consegui dizer nada, nem mesmo um "Não, não podemos conversar.". Sequer me mexi para desencostá-la de mim.
No momento estou me sentindo tão... mal. Não sei se é raiva... culpa... ou... um pouco dos dois.
Eu até queria conversar sobre a briga, mas... tem que ser agora?! Será que não podíamos simplesmente... ficar cada uma na sua até chegarmos ao nosso destino?!
Talvez se eu continuar submersa aqui no meu silêncio... ela desista de querer falar comigo.
Embora esse seja o jeito mais difícil de vencê-la, será pelo cansaço e pela impaciência.
POV'S AHSOKA:
Mas será que ela não vai mesmo dizer nada?! Ela nem sequer tentou me expulsar de suas costas!
Talvez o negócio seja bem mais sério do que eu imaginava. Embora esse seu silêncio profundo me deixe com ataque de nervos, eu preciso ser tolerante nessa hora. 
Pois se eu bem a conheço e sei o quanto ela me conhece... Ohsana está tentando me vencer pelo cansaço e me deixar impaciente. Só para me fazer desistir de tentar um entendimento!
Mas que danadinha!
"Qual é, Ohsana, converse com a sua irmã." Insisti apelativa, me recostando mais relaxada em seu dorso como se ela fosse um encosto de sofá. "Uma hora a gente vai ter que falar sobre isso." Falei me referindo à briga que eu causei, jogando a cabeça para trás.
É impressionante como Ohsana mais uma vez preferiu ficar calada! Sério! Como é que ela consegue ficar assim por tanto tempo?! Sinto como se eu estivesse conversando com um amigo imaginário! Isso é estranho demais!
Ela está me fazendo parecer uma idiota! Mas esse é o fardo de eu ter zoado minha irmã com TEA.
Mas é como Mestre Yoda disse: isso tudo é só uma consequência do que eu plantei. E agora, eu mesma vou ter que colher.
Dei um suspiro baixo antes de me pronunciar. "Olha, Ohsana... antes que me julgue, só vim aqui para te dizer que... eu sinto muito, muito mesmo por ter te zoado agora há pouco. Eu reconheço que foi uma brincadeira de muito mal gosto contra você." Comecei a me desculpar com calma. Quando comecei a falar, olhei disfarçadamente de esguelha, e vi que Ohsana ainda permaneceu quieta. Mas em resposta, ela deitou a cabeça de lado em seus joelhos, como se quisesse aguçar melhor o seu ouvido esquerdo. 
Agora, não me importo mais se ela responderia ou não. O importante, é que ela está ouvindo cada uma de minhas palavras em alto e bom som. E isso me deu mais ânimo para continuar. 
"Sem contar que eu nem cheguei a pensar em seus sentimentos e em como seriam gravemente afetados. E... acabei brincando com eles de forma muito errada nessa minha... pegadinha boba." Falei com pesar, rolando os olhos para baixo ao flexionar as pernas na frente do peito, abraçando os joelhos logo em seguida. "Ohsana, eu sei que você deve estar pensando mil coisas horríveis sobre mim agora, tipo... achar que eu fiz tudo aquilo porque sou sua inimiga (o que não é verdade!). Mas eu só quero que saiba que a minha intenção nunca foi te rebaixar, nem te deixar mais fraca, e tão pouco te deixar insegura, é que... " Continuei falando enquanto ela apenas me ouvia em silêncio, tentando encontrar palavras adequadas para me explicar. "Às vezes eu me empolgo tanto... que acabo exagerando na dose, se é que você me entende, né?" Me justifiquei numa risada sem graça ao me recordar da vez em que explodi bombinha de papel perto da sua cama, pois sons altos e secos a deixam muito pirada desde sempre. Nessa hora, virei o pescoço por cima do ombro para olhá-la por alguns segundos. Como ela permaneceu na mesma (de costas caladona), tomei a liberdade de continuar falando. Pelo menos... até sair alguma coisa da minha boca que a faça reagir. "E nessa minha empolgação elevada... eu me esqueço de que você não é... " 
"Normal." A voz de Ohsana me cortou curta e rouca, me fazendo virar o corpo de fronte para ela na mesma hora. Milagrosamente, ela não estava mais de costas para a parede, agora, estava de frente para mim.
Pela Força! Finalmente ela disse alguma coisa! Ornei por dentro num alívio imenso.
"O que?" Perguntei confusa com o que a ouvi pronunciar, me posicionando com as pernas entrelaçadas.
"Você ia dizer que sempre se esquece de que eu não sou normal." Ohsana reformulou com a mesma rouquidão, abraçando os joelhos com mais força enquanto olhava para mim. Tá que ela não olha nos meus olhos por mais de dez segundos, mas tudo bem. Sempre foi assim.
Mas por que é que ela pôs uma palavra nada a ver na minha boca?! Eu jamais ousaria chamá-la de anormal!
"Não! Eu não ia dizer isso!" Rebati injuriada pela sua conclusão precipitada de palavras. "Na verdade, eu ia dizer que me esqueço de que você não é como eu. Não fisicamente, é claro." Corrigi um pouco mais calma.
Ohsana soltou um "Pff!" num revirar de olhos aborrecido. "Dar no mesmo." Murmurou deitando a cabeça de lado, usando os braços cruzados em cima dos joelhos como travesseiro.
Droga! Ela tem razão! Exclamei por dentro me sentindo uma irmã horrível, passando as mãos pelos montrais num suspiro infeliz.
Eu não queria desistir dela assim tão fácil, ainda mais agora que ela finalmente resolveu falar comigo. Mas infelizmente... não sei mais o que dizer. E Ohsana não parecia muito a fim de falar nem mais uma palavra.
Então não pude fazer outra coisa a não ser... me levantar, dar as costas e caminhar até a cabine da enfermaria. Se Ohsana quer ficar ali no cantinho, quietinha, eu tenho que respeitar isso. 
Quem sabe o droid médico não esteja se sentindo sozinho e queira conversar? Me perguntei num otimismo irônico, pois na real, eu queria mesmo é conversar com a minha irmã.
Quando estiquei o braço para abrir a porta da cabine, senti... um aperto bem forte no peito... e... um nó no estômago... seguido de uma leve latejo na cabeça, me fazendo congelar os dedos no momento em que eu ia começar a digitar as combinações do painel.
Minha irmã não está nada bem. 
E é inadmissível da minha parte... deixá-la aqui sozinha.
"Por que é que eu não sou como os outros Padawans?" A voz de Ohsana perguntou num tom bem tristinho no momento exato em que me virei de fronte para ela.
Oh... por que é que ela fez uma pergunta tão difícil? Justo para mim? Não teria sido mais fácil ter deixado essa pergunta para Mestre Yoda? Me questionei num misto de impotência e tristeza, encarando-a sentada na mesma posição encolhida no canto da nave.
Sinto impotência... por não saber bem o que dizer sobre isso. E tristeza... por ela estar triste. 
Mas mesmo assim... eu não podia deixar que minha irmã continue assim.
"Oh, Ohsana... " Vocalizei o mais dócil o possível, andando ligeira até ela. Finalmente me sentando ao seu lado. "Eu... eu não sei." Respondi o mais sincera o possível, mas mesmo assim, me sentindo muito envergonhada pela resposta rala. "Q-quer dizer... e-eu até sei, m-mas... " Tentei melhorar um pouco a minha retórica, mas pela carinha tristinha da Ohsana... só consegui engrossar ainda mais o caldo dessa conversa sem gosto. "Argh! Eu sou péssima para consolar!" Explodi chorosa ao jogar a cabeça contra a parede, escondendo o rosto atrás das mãos.
"Tudo bem, talvez eu é que seja uma togruta difícil de entender." Disse Ohsana com desânimo num suspiro rouco, me fazendo tirar as mãos do rosto para olhá-la.
Seu silêncio me deu um pouco mais de tempo para pensar no que ela disse.
"Ohsana, alguém muito sábio já me disse uma vez... " Comecei dando um crédito breve para Mestre Yoda. "Que cada um tem a sua dificuldade, não importa o tamanho dela. Mas não são todos que decidem se esforçar para vencer a barreira que cada um tem dentro de si. A maioria prefere... guardá-la e conviver com ela pelo resto da vida, por mais que a mesma dificulte tudo." Discursei filosófica, mas tentando ao máximo ser objetiva.
"Então você está dizendo que minha deficiência... é uma dificuldade irreversível que eu tenho que aceitar e guardar pelo resto da minha vida?" Ohsana perguntou numa feição sem esperança ao abraçar seus joelhos com mais força, como se o brilho que havia nela... tivesse sido apagado.
Pela Força... o que foi que eu disse?!
"Não! Não é isso! Não estou te jogando praga!" Neguei ligeira no desespero de manter acessa a fagulha da nossa conversa, me ajoelhando ao seu lado. "O que eu quero dizer é que... as pessoas que não são como você é que mantém uma dificuldade e passam por ela." Expliquei com um pouco mais de clareza. "Mas isso que você tem desde que nasceu, não é um problema. É um desafio de uma vida inteira que terá pela frente." Enfatizei tocando a sua mão com veemência. Nessa hora, ela piscou um pouco enquanto amassava a face numa careta, como se eu tivesse jogado areia em seus olhos. Até que achei a sua carinha um pouco engraçada.
"Entendi, mas... 'desafio' não é bem a minha palavra favorita." Disse Ohsana numa careta enrijecida, como se tivesse chupado um limão bem azedo. 
Agora sim a conversa estava tomando um rumo interessante e menos melancólico. 
"Maninha, eu não sei se já te contaram, mas... ser uma Jedi já é em si um desafio e tanto." Comentei numa risada curta. "Você não gosta de ser Jedi?" Perguntei na intenção de fazê-la pensar um pouco.
Depois de ouvir essa, Ohsana rolou os olhos para o canto e começou a se bulir um pouquinho. Se eu conheço bem seu comportamento... estava refletindo.
"Agora você está me confundindo!" Ela exclamou sacudindo a cabeça de um lado para o outro. "Q-qual deles é o meu desafio?! O-o meu TEA o-ou o meu papel na Ordem Jedi?!" Questionou agoniada desmanchando o abraço que dava em seus joelhos, deslizando as pernas até deixá-las esticadas horizontalmente no chão.
Ah, essa é bem fácil de responder.
"Os dois são o seu desafio." Respondi naturalmente num sorriso caloroso.
Minha irmã escancarou o rosto e piscou muito, como se tivesse se dado conta desse pequeno pormenor (que nem é tão pequeno assim!) nesse exato momento. 
"Pela Força! Eu... eu não posso com tudo isso... é muita coisa para mim... " Ohsana disse voltando os olhos para suas botas, juntando duas mãos bem inquietas no colo.
"Como não pode?!" Questionei pasmada com a sua atitude. "Mesmo com autismo você foi submetida á testes rigorosos para se preparar e chegar até a aqui como Padawan!" Sintetizei  numa risada nervosa. "Você não acha que devia dar esse intenso desafio por vencido?!" Questionei chocada, pois foi como se ela tivesse desconsiderado tudo o que passou.
"Sim, teve todo aquele treinamento de Youngling... e também aquela parte de achar o meu próprio cristal kyber e dele construir o meu próprio sabre de luz." Ohsana relembrou aos poucos, olhando para a sua arma embainhada na cintura.
"E mais, da turma inteira você foi a primeira a achá-lo em menos de vinte minutos naquela caverna em Ilum!" Relembrei para elevar a sua moral, me perguntando até hoje como ela conseguiu achar seu cristal assim tão depressa.
"Mas isso não conta. É fácil quando o cristalzinho canta, tudo o que eu tive que fazer foi seguir o som." Ohsana contestou não muito animadora, dando a entender que aquele cristal veio fácil para ela.
Tá complicado viu! Bufei cruzando os braços. Mas eu não podia parar por aqui.
"Tá, mas e aquela vez em que você terminou de montar o seu sabre de luz num recorde de uma hora!" Relembrei outro evento numa animação elevada, fazendo-a comprimir o rosto numa careta, pois o volume da minha voz ficou muito alto aos seus ouvidos. "Sério, aquilo foi incrível!" Exclamei mudando para um tom sussurrante. "Nenhum outro Jedi superou esse recorde! Nem mesmo Aquele!" Reforcei dando enfase ao Jedi que muito em breve... será o meu Mestre.
"Pff! Eu só consegui terminar o meu sabre de luz primeiro porque eu comecei a montá-lo primeiro, é uma lógica bem simples de entender." Ohsana refutou com os seus argumentos realistas e sem graça, cruzando os braços na frente do peito. "E não é um bicho de sete cabeças quando se tem um manual enorme no meu lado ensinando o passo a passo." Acrescentou num sorriso labial não muito curvado, desfazendo-o bem rápido. 
Poxa vida! Será que pra ela foi tudo de mão beijada?!
"E o que me diz desse grande passo que você está dando agora? Em breve você será uma Aprendiz Padawan, será que você tem noção do que é isso?! Não são todos que conseguem chegar nesse nível. Você aguentou bem os testes." Dei a minha tacada final de incentivo. Torcendo para que ela não tenha mais nenhum argumento chato contra essa última.
Como esperado, Ohsana não rebateu de primeira. Demorou um pouco mais para se pronunciar sobre isso. "Ahsoka, eu... não vou negar que esse foi o maior passo da minha vida. Eu fiquei muito feliz quando Mestre Yoda me promoveu a Padawan, de verdade." Admitiu num sorriso não muito animado. Sem dúvida, havia um porém. "Mas é que eu não me sinto... pronta, sabe." Contrapôs arrastada, como se fosse bem difícil explicar.
"Não?!" Entalei embasbacada. "Mas você é tão boa em duelo de sabre de luz! Tão concentrada na Força! Você treinou tanto!" Bombardeei otimismo, pousando minhas mãos nas suas. "Como acha que é por falta de preparo?!" Questionei ansiosa para ouvir o que ela diria dessa vez.
"Ah, Ahsoka, você sabe... esse meu jeito... " Ohsana tentou explicar, batendo seus pés um no outro. "E se o meu Mestre não querer me treinar por me achar complicada?" Conjecturou bem receosa.
"Pff! Como se seu Mestre fosse ter alguma opção!" Refutei numa risada sincera. "Quer dizer, a possibilidade de seu Mestre querer te treinar não é uma coisa impossível de se acontecer." Conjecturei numa hipótese otimista.
"Mas a possibilidade de meu Mestre não me querer também é real." Ohsana rebateu num tom de voz rouco e gélido, abaixando a cabeça ao por as mãos juntas sobre o colo.
É, isso... também é verdade. Mas eu não vou ajudá-la a por mais lenha nessa fogueira que ela mesma está construindo.
"Ohsana, tenha fé." Pedi num conselho de irmã, erguendo sua cabeça com cuidado. Não que eu esteja esperando que ela me olhe nos olhos, mas é porque eu não aguento vê-la assim de cabecinha baixa. "Você será uma Padawan incrível, isso o seu próprio treinamento garante." Dei todo o meu apoio moral, encostando brevemente a ponta do meu dedo indicador em sua testa. "Mestre Yoda é muito sábio. Não tenho nenhuma dúvida de que ele fez a escolha certa sobre você." Falei passando ao máximo de sinceridade que havia em meu coração, na expectativa de acalmar esse receio inquieto que se alojou em seu peito.
"Ouvir isso... é muito bom." Ohsana disse num tom de voz baixo, mas havia esperança em seu olhar. E aos poucos, foi relaxando o corpo contra a parede. "Muito obrigada pela força." Agradeceu se colocando de joelhos, me puxando num abraço leve. Como ela não é muito fã de abraços apertados, eu preferi não arriscar e... retribui com tapinhas nas costas mesmo.
É muito bom ficar de bem com a minha irmã outra vez. Até porque... essa será a última vez que ficaremos assim, tão juntas. Em breve, seguiremos o resto das nossas trajetórias com Mestres diferentes.
Sabe, quando cada uma partir para a sua própria direção... eu vou sentir falta de como nós fazíamos tudo juntas... de como nos divertíamos e aprendíamos juntas... de como nós passávamos horas e horas conversando durante a aula... de como nós treinávamos nossos duelos com sabres de luz... vou sentir falta até de como nós brigávamos por causa de bobagem.
Sei que a gente tem a chance de se ver e de interagir no Templo Jedi, mas em tempos difíceis como esses... vai ser um pouquinho complicado.
Embora nós duas sempre tivemos ciência de que em algum momento esse dia chegaria... é bem difícil acreditar que na maioria das vezes... não teremos uma a outra em nossos treinos como Aprendiz Padawan.
Mas apesar dessa real possibilidade, Ohsana e eu estamos psicologicamente preparadas para quando essa fase da nossa vida chegar, disso eu tenho certeza absoluta.
Além do mais, estou muito empolgada com o fato de finalmente sair do Templo Jedi e viver aventuras heroicas. 
"Então esse abraço significa que eu estou perdoada?" Perguntei esperançosa quando me soltei do leve aperto. Minha irmã entendeu na hora que eu me referia àquela pegadinha infame que fiz com ela.
"Claro que te perdoo, maninha!" Ohsana respondeu risonha, sacudindo um pouco os meus braços. "Ah, e... a proposito... " Começou se levantando devagar, para não cair em meio à movimentação da nave. "Sinto muito por ter quebrado a sua testeira." Se desculpou se envolvendo num auto abraço, encarando os próprios pés. "É que eu fiquei com tanta raiva... que nem pensei no que estava fazendo." Se explicou num tom de voz baixo e rouco. "Achei que se eu a quebrasse... me sentiria melhor depois da ira extrema que acabou me causando." Justificou se sentindo muito envergonhada. "Mas... ter feito isso... só me deixou ainda pior." Contrapôs com remorso.
Pois é, a minha testeira... eu já tinha me esquecido dela. Lembrei do ocorrido cruel ao passar a mão pelo meu montral desnudo. Eu gostava muito dela! Exclamei tentando ao máximo não me deixar corroer pela perda daquela peça.
"Tudo bem." Apaziguei arrastada num tom de voz agudo, me pondo de pé. "Eu nem ligo mais." Falei num dar de ombros fingido, pois no fundo... eu ligava muito.
"Tem certeza?" Ohsana questionou pondo as mãos na cintura, desacreditada com a minha resposta. "Então... " Começou a dizer enquanto remexia por dentro do seu cinto de utilidades. "O que eu faço com isso?" Perguntou puxando... a minha testeira de Padawan do cinto, erguendo-a na altura do rosto.
Pela Força!!!!
"Ah! Eu não acredito! Você... como?!" Engasguei ao tomar a peça em minhas mãos, notando claramente que suas metades não estavam mais partidas ao meio. O adorno... estava do jeito que eu recebi.
"Enquanto você estava na enfermaria, eu fiquei me sentindo muito mal pelo que eu fiz. Então eu peguei as duas partes quebradas e... as colei com Cola Maluca." Ohsana explicou sorrindo amarelo ao dar tapinhas em seu bolsinho do cinto de utilidades.
Cola Maluca?! Mas por que é que eu não pensei nisso antes de me lamentar dramaticamente naquela hora?! É a cola que sempre usamos para colar objetos impossíveis.
Foi muito útil quando nós acabávamos quebrando alguma coisa, principalmente, quando duelávamos nos corredores sagrados do Templo Jedi e... uma de nós acabava acertando um vaso de planta ou um jarro muito valioso. Ou até mesmo uma janela!
"E então? O que achou? Acha que alguém vai perceber que eu o quebrei algum dia?" Ohsana perguntou remexendo os dedos ansiosamente.
"Tá brincando?! Você fez um trabalho perfeito!" Respondi eufórica ao analisar brevemente a testeira. Nem mesmo restos de cola seca havia no objeto.
"Olha, você não sabe o quanto isso me deixa bem mais aliviada." Ohsana disse num riso curto, mas alegre ao juntar as mãos na frente do corpo.
POV'S OHSANA:
"Você é a melhor irmã Jedi da galáxia!" Ahsoka exclamou num brado alegre e ensurdecedor, pulando em cima de mim... me abraçando?!
"Ahsoka! Não!" Gritei entre risos nervosos, tentando empurrá-la pra longe.
Eu sei que ela é minha irmã, mas... todo esse toque... e esse aperto excessivo... me faz eu me sentir numa lata de sardinha oleosa! Isso me dar muito faniquitoooooooo!!!!
"Ah, Ohsana! Me deixa ser feliz, vai!" Ahsoka refutou sem parar de me abraçar, ignorando o meu desconforto.
"Tá, mas não dar pra ser feliz sem me espremer tanto?!" Questionei dobrando os esforços dos meus braços para tentar me livrar do seu calor togruta. 
"Não dá não!" Ela refutou me abraçando com um pouco mais de força.
Pela Força! Se ela continuar me comprimindo desse jeito... meus bofes vão saltar pela boca que nem creme dental em tubo de pasta de dente!!!!
"A-Ahsoka! Para! Já tá bom!" Roguei em meio à sua gratidão exagerada, espremendo o seu rosto para afastá-la de mim.
"Tá bom, sua chata! Eu parei!" Ahsoka exclamou fingindo estar com raiva, finalmente me soltando do seu aperto fatal. Em seguida, pôs a sua testeira de Aprendiz Padawan em seus montrais.
"Não sou chata, você que é teimosa!" Refutei escovando as mãos pelo meu corpo, tentando remover o máximo de calor togruta que ela me passou. "E também muito grudenta!" Acrescentei numa careta cheia de gastura.
Em resposta, Ahsoka simplesmente riu.
"Qual é a graça?" Perguntei pausada numa cara fechada, semicerrando os olhos em sua direção. 
"Ohsana, a gente dividiu a mesma barriga por nove meses! Já devia ter se acostumado com o meu... 'grude'!" Ela respondeu risonha num argumento um tanto... bom, mas não muito convincente para alguém como eu.
Yuk!!!! Como foi que eu aguentei passar duzentos e setenta e cinco dias... presa numa bolsa de agua quente tão apertada?! Ainda mais com uma outra togrutinha, que por sinal é o meu grudinho?! Me questionei sentindo um calafrio na espinha só com o pensamento perturbador.
"Que horroooor." Choraminguei numa careta numa leve crise de náuseas.
Após sacudir a cabeça, vi que Ahsoka me olhava com um sorriso labial travesso. 
"O que é?" Perguntei com desconfiança voltando a visão para o meio dos seus olhos, entrelaçando os braços num ato involuntário. 
"Vem cá me dar abraço!" Ahsoka exclamou abrindo os braços, andando lentamente em minha direção.
Argh!!! Mas que coisa!!!
"Ahsoka, não." Verbalizei numa advertência, dando um passo para trás.
"Calma! Eu tava só brincando." Ela garantiu pondo as mãos na cintura, fechando a cara num bico.
Em resposta, bufei num revirar de olhos exasperado. "Será que você não pode parar de brincadeira, ficar sentada e simplesmente aproveitar o resto da viajem?!" Indaguei num apelo ao começar a caminhar até o meu assento.
"Eu até tento, mas parece que a gente nunca chega!" Ahsoka refutou hiperativa, se recostando na parede com os braços cruzados sobre o peito.
"Crianças, aqui quem fala é o piloto." A voz metálica do Clone Trooper, que pilotava a nave, ecoou alto pela cabine. Quando Ahsoka e eu olhamos em volta, vimos que a voz vinha do painel de chamada externa. "Vocês podem me ouvir?" Perguntou na intenção de ter certeza se havíamos recebido o contacto.
Ahsoka e eu andamos ligeiras até chegar no painel.
"Sim, soldado. Nós podemos ouvi-lo." Respondi assim que apertei o botão de contato, para que ele pudesse ouvir a minha voz de onde estava. 
"Ótimo." Disse o Piloto num tom de voz firme, mas satisfeito. "Só passando para pedir que, se estiverem em pé, por favor, voltem para os seus assentos e ponham o cinto." Pediu com precisão. "Em cinco minutos passaremos por uma outra turbulência antes de pousarmos." Avisou pausadamente.
"Tudo bem, soldado. Pode deixar." Assegurei automaticamente. 
Quando minha irmã e eu começamos a nos dirigir aos bancos, freamos os calcanhares abruptas e nos entreolhamos escancaradas, em seguida, viramos o corpo, voltando ligeiras para o painel.
"Como é?! Nós estamos pousando?! É isso?!" Ahsoka perguntou atropelada após afundar o dedo no botão de contato. Ambas aguardamos ansiosas pela sua resposta, torcendo para que não tenhamos ouvido errado.
"Positivo." O Piloto confirmou naturalmente num curto espaço de tempo.
Ahsoka e eu trocamos olhares recíprocos e arregalados, com lábios dilatados num O.
"Pela Força! Pela Força! Pela Força!" Arfei consecutivas vezes pulando no mesmo lugar, sacudindo as mãos inquietamente.
"Viu só? Finalmente a gente vai pousar!" Ahsoka comemorou risonha ao cruzar os braços, se divertindo com a minha reação.
"Sim!" Exclamei ansiosa. "E agora?! O que é que a gente faz?!" Perguntei perdida em meio às sensações que me deixavam bem tonta.
"Calma." Ahsoka proferiu dócil entre risos, encostando a ponta do dedo indicador em minha testa como se quisesse desligar algum botão dentro de mim. "Agora, nós vamos fazer exatamente o que o piloto mandou: ir para os nossos assentos, colocar o cinto e aguardar o pouso bem quietinhas até passar a turbulência." Ditou me guiando com cautela até às cadeiras.
"Ah, tá." Verbalizei demorada, me deixando ser levada pela minha irmã.
Quando cada uma se acomodou no próprio assento, pusemos o cinto para garantir a nossa segurança. Cinco minutos depois, uma turbulência balançou a nave durante o início do pouso, e isso... me deixou um pouquinho zonza. Eu até pensei em usar o meu remédio para enjoo, mas preferi deixá-lo para uma ocasião três vezes mais turbulenta e demorada.
Durante a aterrissagem, uma ansiedade louca invadiu o meu âmago. Por um lado, era boa, pois eu não aguentava mais passar tantas horas dentro de uma nave de ataque classe Nu, fora que estou muito feliz por finalmente estar prestes a conhecer o meu Mestre. Mas por outro lado, a ansiedade era ruim. Eu não sei explicar... é que... a possibilidade de não ser uma boa Padawan... de não ser compatível com o meu Mestre... de eu não me sentir à vontade com ele... ou vice versa... me assustava muito.
Sabe... eu sei que passei nos testes com êxito... tive a aprovação do Conselho Jedi e tudo mais... é só que... a patente de Comandante/Padawan confiada à mim... é "apenas" (com muitas aspas!!!) mais uma provação nessa minha vida complicada.
E essa provação iminente... decidirá a próxima etapa do meu futuro. Então... ou eu passo por cima dela com as minhas  habilidades... ou me perco nela por não saber usá-las.
Pela Força! Até quando eu serei testada?! Já se passaram catorze anos nisso! Essa... essa minha sina nunca acaba?! Explodi por dentro numa crise de ansiedade, no entanto, fiz com que fosse momentânea. Calma, Ohsana. Pense na cor azul... Me auto acalmei num mantra antigo, inspirando pelo nariz e expirando pela boca lentamente.
Depois de alguns minutos de turbulência, a boleia finalmente entrou em estado de estabilidade motora. Assim que me concentrei para sentir as vibrações leves que ocorriam dentro e fora do veículo, percebi que o transporte descia numa aterrissagem lenta. Até que finalmente... pousamos em solo firme.
Definitivamente, nós chegamos em nosso tão esperado destino.
Christophsis. 
Onde nossos respectivos Mestres... nos aguardam.
"Atenção, crianças." Ecoou a voz do Piloto no painel de chamada externa, literalmente, ganhando a nossa atenção. "Pouso realizado com sucesso." Comunicou o óbvio por questões de protocolo. "Permissão para desembarque. Câmbio, desligo." Autorizou antes de encerrar o contacto.
"Uhu, até que enfim." Ahsoka comemorou aliviada, se libertando do cinto de segurança que a prendia.
"Sim. Até que enfim." Repeti sua fala num tom de voz rouco e temeroso, tirando meu cinto sem pressa.
"E então? Pronta para dizer olá à fase mais divertida, a maturidade?" Ahsoka perguntou com animação, se pondo de pé junto comigo.
"Não." Respondi numa sinceridade automática, encarando o chão numa face franzina.
Ás vezes eu consigo negar o que eu realmente sinto e penso das coisas, mesmo com muita dificuldade. Mas tem vezes que é impossível mentir.
Embora eu não esteja mantendo contato visual, senti que Ahsoka me encarava.
"Relaxa, você vai se sair muito bem." Ouvi ela dizer num tom humorado. "É só lembrar de tudo o que aprendeu e... se entregar por inteira para o que ainda vai aprender." Aconselhou num astral elevado, me passando a mesma energia bem aos poucos. "Sua mente é tão vasta quanto uma memória RAM! Não vai precisar se esforçar tanto, tem uma inteligência nata." Disse numa espécie de comparação muito esquisita.
Esse comparação do meu cérebro com uma memória RAM... é só porque eu sempre tirei boas pontuações nos testes sobre a história da Ordem Jedi?! Ou é porque eu sempre fui mais adiantada nos treinos que eram impostos pelos Younglings?! Me questionei num esforço sofrido de tentar entender o que ela disse. Não, eu não nunca faço nada tão miraculoso assim. Eu apenas... presto atenção nas aulas, anoto tudo e... ponho em prática. Analisei brevemente, descartando a possibilidade de levar isso como um elogio.
Quando ergui os olhos, vi Ahsoka soltando um suspiro alto e grave enquanto jogava a cabeça para trás. "Eu já devia saber que você não ia entender essa última parte, mas tudo bem." Disse com tolerância, sorrindo engraçada. "Tudo o que você precisa saber é: seja tudo aquilo que se espera de você." Recomendou com firmeza e entusiasmo, talvez... resumindo tudo o que havia me falado.
"É. Até que isso... faz sentido. Muito sentido." Concordei absorvendo com cautela o seu conselho, me sentindo bem mais confiante.
"Obrigada, de nada." Ahsoka refutou risonha, soando convencida por talvez estar se sentindo... uma conselheira excepcional. 
"Espera aí... por que você disse 'obrigada' sendo que... eu é quem deveria ter dito?" Indaguei um pouco confusa.
Nessa hora, Ahsoka riu tão alto mais tão alto... que me fez tampar os ouvidos. "Você é uma gracinha!" Exclamou diminuindo o riso aos poucos, até neutralizá-lo por completo. "E então? Vamos lá?" Chamou gesticulando a cabeça em direção à rampa de embarque/desembarque, que ainda não havia descido.
"Vamos." Respondi ficando ao seu lado.
No momento em que devíamos estar andando até à porta, Ahsoka estranhamente continuou imóvel, me encarando do pescoço para baixo. "Uh... você não está se esquecendo de nada, Padawan Tano?" Indagou pondo as mãos na cintura, entortando a boca como se tivesse algo muito errado comigo.
"Ah... deixe eu ver... " Comecei rolando os olhos para o meu corpo baixo. "Meu sabre de luz está aqui... " Falei ao tocar a minha arma que estava embainhada na cintura. "Meu comunicador está sincronizado... " Continuei, apertando o botão de contacto algumas vezes do aparelho em meu pulso. "Meus apetrechos estão aqui... " Expressei certeza absoluta assim que apalpei o meu cinto de utilidades. "Não, não esqueci de nada não." Respondi a sua pergunta primária após checar tudo.
"Uhum, tem certeza?" Ahsoka perguntou numa insistência acirrada, me olhando franzina.
"Bem, exceto os meus tampões de ouvido." Falei ao me recordar de que os deixei no Templo Jedi.
"Sei... e o que mais?" Ahsoka questionou como se quisesse me fazer enxergar alguma coisa... óbvia. Mais?! Mas que mais?! Entalei num arqueado de pseudosobrancelha confuso.
Como Ahsoka percebeu que eu jamais iria adivinhar num curto espaço de tempo, revirou os olhos num suspiro derrotado. "Onde está a sua fita quebra-cabeças?" Perguntou cruzando os braços sobre o peito, com os olhos semicerrados numa expressão interrogadora.
Ah, então era... isso. Concluí comigo mesma ao ter a ficha caída.
"Ela... está bem aqui no meu bolso." Respondi remexendo por dentro do meu cinto de utilidades. "Olha." Falei erguendo a fita na frente do rosto. "Eu tirei porque ela fica pinicando o meu peito, não gosto de dormir com isso." Justifiquei ao recordar que dormi um pouco no começo da viagem.
"E você vai colocá-la agora, né?" Ahsoka perguntou numa preocupação leve.
"Claro." Garanti num sorriso amarelo curto.
"Quer ajuda para encaixá-la?" Quis saber se mostrando prestativa.
"Não, não precisa. Eu consigo." Refutei rindo um pouco, escondendo a fita num punho fechado.
"Tá bem então, senhorita independente!" Ahsoka brincou num sorriso orgulhoso e jocoso.
"Olha, se você quiser ir na frente... pode ir." Sugeri pondo os braços para trás. "Sabe o que é que é... é porque eu vou demorar um pouquinho." Expliquei me sentindo sem jeito, sorrindo sem graça. 
"Uh... tá bom." Ahsoka proferiu conformada. "Mas não demore tanto, tá?" Recomendou andando de ré até a saída. "Não pega bem deixar o seu Mestre esperando logo no primeiro dia." Advertiu apontando o dedo indicador para mim numa piscadinha, estalando a língua num sorriso.
"Certo! Prometo te alcançar!" Tranquilizei num sorriso bobo observando-a se afastar.
Assim que Ahsoka deu as costas e ficou de fronte para a rampa de embarque/desembarque (no aguardo de sua descida), andei ligeira até a cabine de lavabo e fechei a porta logo atrás de mim.
Apesar de ser um pouco complicado colocar a fita sozinha, preferi recusar a ajuda de Ahsoka. E é exatamente por isso, que escolhi pôr a fita de frente para o espelho oval. Levei um bom tempo para encaixá-la na parte central superior do meu top, pois o tecido da roupa era um pouco resistente ao alfinete. Mas apesar da dificuldade, consegui grudá-lo no canto que deveria estar.
Me lembro como se fosse ontem... no dia em que eu recebi a confirmação do meu laudo de  TEA, minha psicopedagoga confeccionou essa fita para mim. O motivo disso? Tentarei explicar de uma forma rápida e direta. Ela é carinhosamente chamada de: fita quebra-cabeças. Como o óbvio já mostra, é uma fita (ou laço, se quiserem chamar assim). O pequeno tecido era de poliéster, e é dobrado num formato que assumia uma silhueta simples de peixe. Toda a composição dela é formada por vários desenhos preenchidos e repetitivos (e um tanto engraçadinhos) de quebra-cabeças (da cor amarela, azul, laranja e vermelha). Essa composição representa justamente a reflexão, o mistério e a complexidade do autismo (sendo ironicamente representados por quebra-cabeças). As diferentes cores e formas que compõem os desenhos, representam a diversidade de qualquer criatura viva que tem essa síndrome. 
Resumindo: esse laço sinaliza esperança - esperança por meio de pesquisa (por parte dos especialistas em TEA) e da conscientização (por parte de todos que me cercam).
Quando eu era bem pequena (por volta dos quatro anos de idade), o Conselho Jedi aprovou que eu passasse a usá-la. Ou seja, sou obrigada a ficar com isso grudado na minha roupa o tempo inteiro, se necessário, vinte e quatro horas por dia (exceto no banho! Não posso enfiar um alfinete na minha pele!). 
Em suma: foi uma forma mais prática e objetiva que o Conselho encontrou para me identificar numa espécie de... crachá. A grosso modo: para que por onde quer que eu vá, todos saibam que eu tenho TEA sem ser forçada a me justificar com palavras.
Sei que o Conselho não me faz usá-lo por mal, mas... ultimamente, eu tenho repensado um pouco sobre esse meu crachá. Antes eu o achava lindo e fofo, até me sentia hipnotizada pelas suas cores vibrantes. Mas atualmente... me sinto ridícula com essa fita, até mesmo... infantilizada. Mais dia e menos dia, farei quinze... dezesseis... dezessete e dezoito anos. 
Até quando vou ter que ficar com isso grudado no meu peito?! Até eu me tornar uma Mestra Jedi?! Ou pior! Até o resto da minha vida?! Entalei engolindo em seco só de pensar na real hipótese. 
Pela Força... o tempo passando e eu aqui! Me corroendo antecipadamente de frente para o espelho do lavabo! Meu Mestre está me esperando! Não posso deixá-lo esperando! Arfei me lembrando tardia de que eu já devia estar lá fora conhecendo o meu futuro Mestre.
Num espasmo desesperado, corri ligeira até a porta do lavabo. No entanto, freei os calcanhares na hora.
Ah, sim... o meu Mestre finalmente vai me conhecer. Sintetizei sem muito ânimo, voltando a ficar de frente para o espelho. 
Em outras palavras: ele vai conhecer o seu fardo. Não que ter um Padawan em si seja um mar de rosas, mas... um Padawan com TEA vai tornar tudo bem mais complicado do que já seria com um Padawan normal.
Sei que todos enfiam na minha cabeça que eu sou normal e que sou apenas diferente, mas... não é assim que eu vejo as coisas.
Assim que o meu Mestre bater os olhos nesse meu crachá... saberá na hora que tenho Espectro Autista. Então... nossa relação de Mestre e Aprendiz será bem conturbada. Não só pelo fato de que posso ser rejeitada, mas pelo fato de que... caso meu Mestre aceite me treinar... ele sempre vai se sentir que estará pisando em ovos comigo.
O que quero dizer é: meu Mestre não irá me tratar como uma Aprendiz promissora que precisa de treino, dedicação e tolerância. Ele vai me tratar... como se eu fosse uma criança portadora de uma síndrome irreversível necessitada de cuidados especiais.
Se ao menos eu fosse saudável e cheia de espírito como a Ahsoka é...  Suspirei utópica ao encarar brevemente o meu reflexo idêntico ao dela, pousando inquieta as mãos na pia.
Espera um pouco... e se eu... pudesse ter a chance de ser exatamente como a Ahsoka?! Quer dizer, não só fisicamente, mas... em tudo?! Reverberei esperançosa. Se eu disfarçar ao máximo o meu comportamento estranho e peculiar... e me esforçar no que eu puder para agir normal assim como ela age... sem dúvida, meu Mestre vai me enxergar exatamente como eu preciso ser enxergada! Arquitetei numa visão otimista. Mas é claro! Por que será que eu não pensei nisso antes!? Me questionei me sentindo burra por não ter tido essa ideia antes de me desesperar.
Então, disposta a executar o plano... removi cuidadosamente a fita quebra-cabeças que se prendia num alfinete em meu top, desgarrando-a com facilidade.
Sem esse crachá, meu Mestre jamais poderá imaginar que eu tenho TEA. Logo, ele me verá como uma togruta normal e sem defeitos.
"Me perdoe, Mestre Yoda, me perdoe Dra. Audrey (que fez esse laço com tanta dedicação)." Pedi desculpas no fundo do meu coração antes de enfiar o laço no bolsinho do meu cinto de utilidades. "Mas é para o meu próprio bem." Justifiquei como se, de onde estivessem, pudessem me ouvir. "Eu estou indo, Mestre." Proferi na tentativa de amenizar o meu atraso. "Prepare-se para conhecer a Padawan mais normal da galáxia." Soltei confiante ao começar a caminhar de cabeça erguida até à saída do banheiro, atravessando a passos largos o vão da porta.
Quando fechei a porta logo atrás de mim, franzi o rosto numa feição desconfortável ao sentir uma iluminação solar natural em meus olhos, tive que piscar várias vezes para a minha vista se acostumar. Bom, é o que acontece quando se passa muitas horas dentro de uma nave escura com luz vermelha. A iluminação que me incomodou de início se dava por conta da rampa de embarque/desembarque que já estava abaixada, permitindo a entrada de ar e luz solar no transporte.
Se a rampa está baixa, Ahsoka obviamente já deixou esta nave. E se Ahsoka deixou esta nave, ela com certeza já se esbarrou com o Mestre dela. E se o Mestre dela já a conheceu, sem dúvida já está na hora de o meu me conhecer.
Então, sem mais delongas... comecei a caminhar até a saída, parando na beirada da rampa de embarque/desembarque. Na esperança de localizar a minha irmã, olhei analítica pelo perímetro de Christophsis. No entanto, não vi nem sinal dela por perto.
Nesse caso, entre procurar Ahsoka e o meu Mestre... será mais produtivo e vantajoso optar por procurar aquele que vai supervisionar o meu treinamento Jedi.
"Vamos lá, Ohsana. Vai dar tudo certo." Me auto encorajei respirando bem fundo.
Em seguida, desci pela rampa a passos cuidadosos, mas confiantes. Até finalmente pisar no solo firme de Christophsis.
Que a Força esteja comigo. Roguei iniciando a busca pelo meu Mestre.
Não será tão difícil encontrá-lo. Afinal, qualquer um consegue avistar um Jedi no meio de vários soldados clones. Pensei positiva durante a minha caminhada pelo solo de concreto do planeta, notando que haviam muitos Clone Troopers caminhando pelo perímetro. Será como encontrar um pontinho de tinta preta num papel inteiramente branco. Comparei com humor moderado.
                                                                                               ******
Pelo tempo que eu estou andando, já vão fazer quase sete minutos de caminhada. Até agora, não vi nem ao menos sombra de Jedi por aqui. Não encontrei nada além de Clone Troopers armados espalhados pelo planeta e destroços de prédios, que provavelmente, se originaram da intensa batalha que houve aqui pouco antes de nós chegarmos. Mas isso não é o mais estranho. 
O mais estranho... é que eu já devia ter me reunido com o meu Mestre.
Será que eu estou indo para a direção certa?! Ou não?! E se eu estiver perdida?! E se ele... já deixou esse planeta e fiquei para trás?! 
Calma, Ohsana. As vezes nem tudo é o que parece. Me auto apaziguei tentando não sucumbir ao fato tenebroso de que eu posso estar perdida e sozinha em Christophsis. Por mais que aparente muito. Acrescentei numa pegada racional e não muito otimista. Pela Força! Se eu realmente me perdi (o que é uma hipótese tola!)... eu tenho que dar um jeito de me encontrar!
Já sei! Vou contactar Mestre Yoda! Sem dúvida, ele fará questão de vir para cá e me ajudar! 
Não, Ohsana! Você ficou doida?! Como é que você tem coragem de pensar em obrigá-lo a sair do Templo Jedi para vir até aqui?! Você faz ideia de quantas horas de viagem são de Coruscant até Christophsis?! Censurou-me a minha consciência no momento em que disquei o canal de chamada do meu comunicador, me fazendo encerrá-la na hora.
Então... eu vou fazer contato com o Almirante Wullf Yularen lá do cruzador que nos trouxe! Ele vai saber exatamente como me situar! E com certeza, saberá onde devo me encontrar com meu Mestre!
Nem pensar, Ohsana! Qual é o seu problema?! Não percebe que o Almirante pode estar bem ocupado nesse exato momento para dar atenção à uma togruta perdida?! Cancela! Fui advertida novamente pela minha consciência. Logo, cortei o contacto com o cruzador da órbita de Christophsis. 
Ah! Eu posso muito bem ligar pra Ahsoka! Sem dúvida, ela já deve estar com o Mestre dela! E os dois juntos vão poder me localizar e...  
Caramba, Ohsana! Deixe a sua irmã fora disso! Será que você ainda não entendeu que ela tem o dever dela e você o seu?! Como ousa envolvê-la em seus problemas logo no seu primeiro dia como Padawan?! Pode esquecer! Mais uma vez, tive meu montral puxado com força pela minha consciência. 
Então a coisa mais convencional a se fazer nessas horas, é ligar para a minha psicopedagoga, e lhe pedir uma orientação sobre isso...
Por que é que todas as minhas soluções sempre se resumem a ligar para alguém?! Mas que ridículo! Exclamei por dentro ao me dar conta do que faria, recolhendo o meu dedinho nervoso que estava prestes a discar o número da Dra. Audrey. Isso vai tudo contra o que eu planejei para mim hoje! Como eu vou poder conquistar a minha independência psíquica e emocional se eu continuar exigindo alguém à minha disposição?! Onde já se viu um Jedi fazer isso?! Ah, é mesmo, eu sou a única Jedi que faz isso! Explodi me sentindo uma besta quadrúpede, esfregando as mãos pelo rosto.
Eu precisava pensar numa solução independe/inteligente o mais rápido possível para me reunir logo com o meu Mestre. Caso o contrário... andarei em círculos por Christophsis inteira pelo resto da minha vida. E ainda correrei o risco de ser vista como uma Padawan desleixada que não sabe nem usar o seu próprio senso de direção.
Quer dizer... isso se eu não conseguir passar despercebida pelos soldados clones que rondavam pelo perímetro. Ao que parece, ninguém pareceu me notar. 
E é melhor que continue assim... Roguei por dentro antes de me chocar contra alguma coisa que vinha da direção paralela à minha.
Por conta do forte impacto oco que sofri... acabei caindo estatelada no chão, colidindo o meu corpo traseiro com o concreto. Depois dessa queda... cerrei os olhos e franzi o rosto com força, não só pela luz solar que me incomodava, mas pela dor latente que foi percorrendo todo o meu dorso. Foi como se... todos os meus ossos traseiros tivessem sofrido inércia (como uma bola de raquete que foi... mas voltou por conta da corda que a prendia no mesmo objeto) e voltado para o lugar.
"Ai... " Gemi aguda num desconforto horrendo, me sentindo incapaz de me levantar e abrir os olhos.
"Menina! Ei, menina! Pode me ouvir?" Uma voz de tonalidade grave proferiu firme e preocupada, em meio à um leve burburio de vozes com timbres repetidos que foram brotando aos poucos à minha volta.
"Uh... posso... " Respondi a sua pergunta numa sinceridade automática, mesmo sentindo um pouco de dor.
Mas quem disse isso?! Questionei atordoada por não saber, e tão pouco ver, quem havia me feito essa pergunta.
"Tudo bem." A mesma voz exprimiu, parecendo aliviada. "Consegue levantar?" Perguntou na mesma tonalidade calma, mas precisa.
"Sim." Respondi bem arrastada, em seguida, comecei a me posicionar sentada com muita cautela, sustentando o corpo com as mãos para trás. 
Como fiquei um pouco curiosa para saber quem estava se dirigindo à mim, resolvi arriscar abrir os olhos lentamente. Quando separei as pálpebras e me permiti enxergar o ambiente à minha volta... visualizei um homem (mesmo estando semi-ajoelhado, pude calcular brevemente que tinha um metro e oitenta e três de altura). Sua pele apresentava um tom um pouco bronzeado, e seus olhos eram castanhos. Seu cabelo era ralo, e ainda possuía uma coloração amarelada. Quando passeei os olhos brevemente pelo seu corpo, vi que estava blindado com uma armadura de coloração azul e branca.
Ao fazer uma rápida análise, deduzi o óbvio: que eu não esbarrei numa coisa. Esbarrei em alguém. E esse alguém... era um clone ARC Trooper, mais precisamente... o Capitão do Batalhão 501°. 
Foi com ele que troquei palavras nesses últimos dois minutos.
E agora?! O que eu faço?!
    POV'S NARRADORA:
Mesmo depois de terem conseguido fazer com que as tropas inimigas recuassem, ainda não era o fim da batalha. Por isso, Rex seguiu ordens diretas de seu General para reagrupar com sua tropa. O plano atual consistia em ir ao terraço de um prédio abandonado mais próximo. De lá, conseguirá ter uma visão ampla de tudo e de qualquer movimentação suspeita. Inclusive, do acampamento rival. Dessa forma, estariam prontos para uma segunda rodada.
O ARC Trooper não tinha tanta presa para chegar ao local combinado com os seus soldados, caminhava preciso, mas sem sair por aí empurrando os outros. 
No entanto, isso não o impediu de acidentalmente... se chocar com uma criança togruta que estava andando em direção paralela à sua. Diferente dele, ela andava ligeira e olhava para todos as direções, exceto para frente. Sem dúvida, foi isso que acabou ocasionado o acidente de colisão de corpos. Rex não sofreu nenhum tipo de dano com o choque (apenas o seu capacete, que caiu oco no chão), tanto que até continuou em pé. Mas a menina estava tão desorientada, que acabou perdendo o equilíbrio das pernas com a colisão e caiu de costas para o chão de concreto.
"Droga!" Rex praguejou assim que entendeu totalmente o que tinha acontecido. "Como foi que eu não vi essa criança aqui na minha frente?!" Se perguntou se sentindo um desatento, levando as mãos à cabeça. Se sentiu ainda pior ao ver que a menina nem se mexia, e que tão pouco, abria os olhos. Sem esperar muito, se pôs semia-joelhado perto dela, analisando um jeito de tentar socorrer a jovem togruta. Mesmo querendo muito ajudá-la, pensou muito bem antes de tentar tirá-la do chão, ou até mesmo antes de tocá-la. Pois imaginou a possibilidade de ela ter fraturado ou torcido algum osso durante a queda. Até porque, a menina possuía uma estatura baixa e magra.
Em pouco tempo, alguns clone troopers dos batalhões 501° e 212° perceberam que aconteceu algo estranho, e se aglomeraram em volta da adolescente caída e do Capitão. Todos começaram um leve falatório.
Mesmo muito nervoso, Rex precisava manter a calma. Não queria se precipitar sem nenhuma precisão. Logo, o melhor jeito que conseguiu de tentar ajudar a criança, foi checar a sua consciência. Em função disso, experimentou tentar manter uma conversa com ela. Fez perguntas simples, mas importantes. Primeiro: perguntou se a menina estava bem. Segundo: perguntou se era capaz de se levantar. Para o seu alívio, a mesma respondeu positivo para as duas.
Quando a pequeninha se pôs sentada sobre os braços para trás e abriu os olhos, Rex notou que ela o olhava analítica, sem dúvida, estudando-o. Assim que a adolescente terminou de analisá-lo, a mesma assumiu uma cara bem estranha e desviou o olhar.
De início, Rex estranhou sua reação, mas depois, deduziu que a menina parecia encabulada por estar passando por isso. "Tudo bem, menina? Se machucou?" Quis saber, se mostrando preocupado.
A jovem continuou com o olhar desviado, e permaneceu parada sentada na mesma posição. Nessa hora, Rex sentiu como se estivesse falando com uma boneca de plástico sem vida alguma.
Por que é que ela não me responde? Será que eu falei muito baixo? Ou será que... ela está me deixando no vácuo? Se questionou num arqueado de sobrancelha, pasmado com a mudez dela.
POV'S OHSANA:
Ohsana, o soldado te fez uma pergunta... por que é que você simplesmente não responde?! Sacudiu-me o lado direito da minha consciência. 
Eu não sei... eu simplesmente... não consigo... não sai...!!! Justifiquei me sentindo muito errada.
Pois é melhor que saia logo! Quer que ele descubra que você tem TEA?! É isso o que você quer?! Perguntou sem nenhuma retórica a minha consciência direita.
É... eu não posso me dar ao luxo de ficar nesse... meu mimimi agora. 
Seja tudo aquilo que se espera de você. Ecoou forte o conselho que Ahsoka me deu pouco antes de deixar a nave.
Se eu realmente quiser ser tratada como uma togruta normal, a hora é agora.
"Não... eu... não me machuquei não." Respondi à sua pergunta, mesmo com as cordas vocais bem ressecadas. 
Tudo bem que ainda não voltei a olhar nos seus olhos, mas falar já foi bom começo.
Apesar de não conseguir ver a sua face, pude sentir que o Capitão pareceu convencido e satisfeito com o que retribui. Para o meu alívio, não senti nenhum resquício de desconfiança da parte dele.
POV'S NARRADORA:
"Ótimo, que bom que está bem." Rex ornou aliviado por ouvir exatamente o que precisava, pois ainda se sentia um pouco culpado por ter a derrubado no chão. Como não ouviu nenhuma resposta da parte da menina, aproveitou para se pronunciar sobre o ocorrido. "Olha, eu sinto muito. Não vi que você estava aí. É que você é tão pequenina." Pediu desculpas de um jeito descontraído, na intenção de aliviar o clima. 
No entanto, sentiu que nada do que falou agora... pareceu entrar nos ouvidos da garota. Pois ela sequer virou o pescoço para frente para olhá-lo.
Mas... eu já pedi desculpas. Por que é que a guria não quer olhar na minha cara?! Questionou num erguer único de sobrancelhas, se sentindo intrigado com a falta de reciprocidade visual dela. Ah, talvez ela só seja uma menina tímida. Sem dúvida, não deve estar sendo fácil aceitar que levou um tombo no meio de uma praça (embora destruída pela guerra). Conjecturou um pouco menos intrigado, visto que a timidez existe em qualquer um. Ainda mais numa criança.
"Ei, não precisa ficar com vergonha. Quem nunca já caiu?" Rex tranquilizou firme, mas numa pitada de humor. "Vem cá, deixe eu olhar bem para você... " Disse no mesmo tom ao posicionar os dedos indicador e polegar na ponta de seu queixo, na intenção de erguê-lo.
Contudo, quando começou a forçar os dedos para cima a fim de erguer o seu queixo junto... a cabeça dela sequer saiu do lugar. 
M-mas que... ?! Entalou embasbacado ao tentar novamente levantar o seu queixo. No entanto, continuou travado. Que coisa mais estranha! Parece um... um droid carente de desengripante no pescoço! Exclamou tentando mais uma vez forçar um contato visual. Mas nada de seu queixo levantar.
POV'S OHSANA:
Pronto. Agora ele está tentando me fazer olhá-lo nos olhos! E agora?!
Como assim e agora?! Não é óbvio?! Olhe pra ele ué! Bradou a minha consciência direita.
Eu sei o que eu devia fazer, mas... eu não quero! Olhar nos olhos de alguém me deixa tão... desconfortável! Não consigo fazer isso por mais de dez segundos!
Tá, mas você vai querer explicar isso pra ele, Ohsana? Indagou o lado direito da minha consciência com intolerância. 
Não, óbvio que não! Eu preciso ser forte e encarar o problema de frente! 
Literalmente. 
Tudo bem, Ohsana, é só olhá-lo nos olhos o máximo que você puder! Não vai doer nada! Encorajei-me em meio... às tentativas sacrificadas que o Soldado Clone fazia para conseguir erguer meu queixo. No mínimo... não vou me sentir muito bem. Engoli em seco.
Depois de expirar bem fundo pelo nariz, me esforcei ao máximo para relaxar a cabeça, dessa forma, permiti que o Clone ARC Trooper erguesse lentamente o meu queixo. 
E quando pensei que não... já estávamos tendo contato visual.
Nos primeiros cinco segundos que fiquei olhando dentro dos seus olhos castanhos, não me senti tão mal assim. Mas quando se passou seis... sete... oito... nove segundos... foi como se o jogo de nível fácil tivesse subido radicalmente para o nível hard.
Eu sei que ele só deve estar fazendo isso para ver se eu realmente estava bem, se eu tinha arranhado o rosto ou coisa assim. Também sei que ele só está querendo me ajudar, mas... 
Eu nunca me senti tão invadida!
A medida que o olhar do Capitão se demorava em toda a extensão do meu semblante inquieto... minha cabeça pulsava num espasmo desesperado para virar o rosto em direção ao chão, mas ao mesmo tempo... eu ansiava para continuar resistindo ao sacrifício.
Aguenta firme, Ohsana! Aguenta firme! Roguei para mim mesma, me sentindo mais e mais estreitada com a situação desconfortável da qual estou me submetendo. 
POV'S NARRADORA:
Depois de um longo esforço para fazer a jovem togruta olhá-lo nos olhos, Rex finalmente havia conseguido. Levou pelo menos uns trinta segundos para se certificar de que não haviam lesões graves ou superficiais no rosto da menina. 
É, não sei quem teve mais sorte. Eu por não ser o responsável por feri-la, ou ela por não ter ganhado um nariz quebrado. Rex pensou consigo mesmo após analisar bem toda a face da adolescente, já que a mesma se chocou com força contra o seu corpo blindado.
Como já teve uma comprovação visual de que ela não estava machucada, Rex tirou os dedos polegar e indicador debaixo do seu queixo. Quando finalmente se viu liberta, a criança virou de imediato o rosto para o lado e rolou os olhos em direção ao chão, disfarçando ao máximo o alívio de ter quebrado o contato visual torturante.
"Você é osso duro na queda, menina. Nem se machucou." Comentou numa espécie de elogio, tentando amenizar a aparente tensão que percebia na jovem.
Ela, por sua vez, preferiu não dizer nada. Embora quisesse muito.
Rex se sentia levemente intrigado com a reação aparentemente inanimada da pequena. Até agora, só havia escutado nove palavras saindo da boca dela, e isso já estava o deixando um pouco nervoso. Mas apesar disso, não iria simplesmente desistir de conversar com ela e... deixar ficar por isso mesmo. Então, voltou a pensar na hipótese de que a jovem togruta esteja apenas com vergonha te ter caído de um jeito aparentemente tão bobo. Não que ele pensasse assim, mas supôs tal coisa da parte dela. No seu ponto de vista, talvez seja isso que esteja fazendo com que a mesma preferisse ficar de cabeça baixa.
"Tudo bem, menina. Eu não vou contar para ninguém que você caiu." Rex fez seu juramento pousando a mão no ombro da togruta, mantendo a mesma posição semi-ajoelhada para igualar sua altura com a dela. Mesmo não recebendo o olhar da pequenina, se esforçou para passar sinceridade através das palavras e do toque. Não queria fazê-la pensar que não a levava à sério.
POV'S OHSANA:
Bom, antes se passar por uma garotinha bem tímida, do que ser descoberta com síndrome. Refleti olhando o posicionamento do Soldado pelo lado positivo. Já foi uma vitória e tanto ter conseguido manter contato visual por mais de dez segundos. Ainda bem que ele soltou o meu queixo! Pensei que fosse durar uma eternidade! Ornei aliviada, pois senti que iria surtar se eu o olhasse por mais tempo.
Agora que a situação de pânico já havia passado... senti o meu corpo relaxando aos poucos. E foi aí... que me senti mais à vontade para falar alguma coisa.
"Uh... " Verbalizei erguendo a vista para o ponto central do rosto do Capitão (olhando para todos os cantos da sua face, menos para os olhos). "Eu sei que o senhor não vai contar que eu caí." Sintetizei crente do seu juramento. "Mas eu acho que eles já viram." Adverti num sorriso franzino, me referindo à aglomeração de soldados clones que formavam um círculo em volta de nós, a maioria ficou cochichando.
Pela Força, se já fiz essa plateia toda... imagine se soubessem que eu não sou comum. Eu estaria perdida!
O Soldado Clone reagiu espantado por eu ter vocalizado alguma coisa depois de ficar um bom tempo em silêncio. Mas logo em seguida, ele se concentrou em absorver a informação verbal que acabei de repassar. No momento em que começou a limpar a garganta, notei de imediato que estava prestes a se pronunciar. "Muito bem, acabou o seriado!" Dirigiu-se ao seu Batalhão numa tonalidade bem alta, me fazendo tampar os ouvidos num movimento automático. "Vamos lá, circulando!" Bradou numa ordem rigorosa, dispersando-os num gesto tátil. "E o restante de vocês." Apontou para uma porção de soldados à sua esquerda. "Reagrupar agora mesmo no ponto de encontro! Fiquem lá e aguardem as ordens do General!" Ordenou ligeiro e direto, direcionando o braço numa direção específica.
"Senhor, sim senhor!" Refutou num couro a mesma porção de soldados ao assumirem uma posição de sentido, em seguida, deram as costas e seguiram pelo rumo que lhes foi ordenado.
Quando a plateia em volta se desmanchou por completo, o Capitão Clone voltou novamente a sua atenção para mim.
Eu não tinha muita vontade de manter uma conversa, mas esse Clone...
"Me... me desculpe, senhor. Eu... eu devia ter prestado mais atenção." Roguei por remissão exprimindo muita culpa, olhando sem jeito para os pés dele.
Estaria se saindo muito melhor se ao menos tentasse olhá-lo nos olhos. Alfinetou-me o lado esquerdo da minha consciência. 
Eu sei! Choraminguei rolando hesitante a visão para cima.
"Tudo bem, filha. Não esquenta com isso não." O Capitão refutou num sorriso labial curto, sacudindo um pouco o meu ombro. "Quer ajuda para levantar?" Perguntou se pondo em pé, estendendo a mão para mim.
"Não, senhor. Eu... eu posso me levantar sozinha." Rebati me levantando com cuidado. Mesmo com as pernas um pouco bambas, não me senti incapaz de manter uma caminhada futura. Quando comecei a escovar as mãos na minha saia traseira para remover a poeira, senti o olhar do Clone em mim.
"Como se chama, menina?" Ele quis saber enquanto eu passava as mãos nos braços para me limpar.
"Hã?" Verbalizei numa cara franzina assim que terminei de remover a poeira de mim.
Seu nome! Ele quer saber o seu nome! Chacoalhou-me a minha consciência direita.
Ah, tá.
"Uh... Ohsana." Me apresentei arrastada, pondo os braços para trás ao rolar os olhos para baixo.
Nessa hora, o soldado soltou um riso curto, mas cheio de humor.
O que é  tão engraçado?! Será que fiz alguma coisa muito bobinha?!
" 'Ohsana' deve ser o nome mais bonito da sua lista, eu suponho." O ARC Trooper comentou jocoso.
Depois de pensar um bocado, presumi que... ele deve achar que tenho mais de um nome. Mas por que ele achou isso?! Ah, mas também! Esse seu "Uh... Ohsana." soou de um jeito que parecia que você tava escolhendo um nome, né! Broncou o lado esquerdo da minha consciência, me lembrando o quão lesada posso parecer as vezes.
Mas é que eu sou assim mesmo! Não tenho como evitar! Me justifiquei chorosa. Não Ohsana! Você pode! É só você querer! Me corrigi ligeiramente.
"É, 'Ohsana' é bem melhor do que 'Ahsoka', se o senhor quer saber." Refutei na esportiva, sorrindo forçada.
O Clone ARC Trooper riu novamente, só que mais descontraído. Nessa hora, senti que eu estava me saindo muito bem sendo "Ohsana: a togruta normal".
"Rex." Ele proferiu direto, mas relaxado enquanto pegava o seu capacete do chão.
"Hã?" Exprimi visivelmente confusa com o que acabei de ouvir.
Rex?! O que é que é um Rex?! Me questionei alheia. Pensei que meu TEA fosse de Nível 1! Exclamei em pânico, me sentindo burra por não saber o significado de três letras. 
"Meu nome é Rex." O Clone proferiu com autoridade, mas tolerante enquanto colocava o capacete debaixo do braço.
Nossa, mas como eu sou... argh!!!!! Rex é o nome dele sua estúpida!!!!
"Aaaaah." Vocalizei aguda e prolongada, olhando perdida para o capacete dele. "Uh... então... 'Rex' deve ser o nome mais bonito da sua lista, eu suponho." Comentei num riso fingido ao permanecer os olhos no mesmo ponto, na tentativa desesperada de afundar o meu *momento burrice* no lago do esquecimento.
"Bom... 'Rex' é bem melhor do que 'CT-7567', se a mocinha quer saber." O Capitão Clone argumentou num sorriso de canto labial cheio de travessura, se colocando semia-joelhado novamente para ficar na minha altura.
Depois desse trocadilho recém-inventado por nós dois (de uma forma descontraída e acidental)... soltei uma gargalhada num espasmo inevitável. Mas felizmente... não foi uma vocalização ensaiada. Foi real. 
Essa... foi... a primeira vez que me senti feliz e à vontade desde que deixei o meu ninho Coruscant. 
Depois de alguns segundos rindo com a nossa piada interna, um som agudo e sucessivo perturbou os meus ouvidos, me fazendo tampá-los na mesma hora e parar de rir. Levei um bom tempo para me dar conta de que o som vinha do comunicador de Rex.
"Que ótimo." Rex exprimiu numa careta ao afundar o dedo indicador no botão de contacto. "Capitão Rex na escuta, qual é o problema?" Atendeu numa tonalidade autoritária e atenta.
Para mim não me restou outra coisa... a não ser ouvir bem quietinha toda a conversação.
"Tudo em ordem por enquanto, senhor, estamos em posição. Mas o inimigo parece quieto demais." Informou uma voz de timbre idêntico ao do Capitão.
"Muito bem, soldado. Me aguardem e permaneçam em suas posições." O Clone ARC Trooper ordenou com precisão numa feição bem tensa.
"Sim senhor, Capitão. Câmbio desligo." Proferiu a voz antes de encerrar a chamada.
Rex se pôs de pé num suspiro exausto, como se estivesse prestes a enfrentar uma espécie de Segundo Round. Bom, pelo pouco que ouvi, algo de errado não está certo. Tanto que todo aquele nosso momento de descontração foi instantaneamente quebrado.
"Problemas, não é?" Perguntei remexendo os dedos num impulso incontrolável, olhando para as minhas botas.
"Sim, menina." Rex refutou arrastado, como se fosse algo bem difícil de admitir. "Problemas que logo serão resolvidos." Acrescentou dando tapinhas em meu ombro. Quando ergui um pouco os olhos para cima, vi seu lábio curvando num sorriso esperançoso.
Assim eu espero. Ornei do fundo do meu âmago, desejando que as Guerras Clônicas sejam apenas... problemas que os Jedi logo irão resolver.
Como não falei mais nada depois dessa, Rex tomou a iniciativa de se pronunciar. Sei disso porque ele limpou a garganta. "Eu preciso ir. O dever me chama." Enunciou tirando um pouco de poeira da sua ombreira, tentando soar jocoso em meio à situação.
Oh, eu... estava gostando tanto da companhia dele. Lamentei por dentro ao abaixar a cabeça, piscando um pouco. Mas ele é o Capitão do Batalhão 501°, né. Jamais o General dele poderia deixá-lo perder horas e horas conversando com uma garotinha que só conheceu há dez minutos.
"E você, criança?" Rex indagou numa tonalidade curiosa.
"Uh... eu o que?" Refutei numa pergunta extremamente confusa, pois não fui capaz de interpretar o que ele quis dizer.
"Você sabe para onde deve ir?" O Clone questionou enquanto limpava o seu capacete da queda que levara. "É que... não é comum ter uma criança andando por essas áreas tão restritas." Explicou seu questionamento num argumento razoável e perspicaz. "Fiquei curioso." Disse bem direto, mas sem fazer eu me sentir invadida. 
"Bom, eu... eu sei, mas também não sei." Enunciei respondendo a sua pergunta inicial.
Pela cara que o Capitão fez... foi como se eu tivesse falado togruti. "Menina, não tem como você dizer que sabe e não sabe para onde está indo. Ou você sabe ou você não sabe." Ele rebateu numa espécie de correção, como se eu tivesse falhado feio em alguma concordância verbal.
Mas eu não errei!
"Na verdade, eu posso sim afirmar que 'sei' e 'não sei' onde eu estou indo. O que eu quero dizer é: eu digo que *sei* porque eu SEI para onde eu devo ir. Mas também digo que *não sei* porque eu NÃO SEI como chegar a onde eu devo ir." Argumentei tentando passar o máximo de clareza o possível, olhando em seus olhos para dar mais ênfase.
Assim que a informação penetrou em seu Cérebro, o Clone ARC Trooper piscou algumas vezes numa feição boquiaberta, como se eu tivesse dito uma coisa extremamente inteligente que só os poucos percebem.
"Garota esperta." Rex exclamou num elogio, rindo um pouco.
Mas eu não disse nada demais. Só expliquei melhor o que eu quis dizer, só isso. Pensei com modéstia nata, pois não me imagino com a mente melhor do que a dos outros.
Quando lhe devolvi um sorriso amarelo e fiquei quietinha, ele tomou a iniciativa de falar. "Então você está dizendo que sabe para onde deve ir, mas se perdeu. Não é?" Indagou dedutivo.
"Exatamente." Admiti arrastada e envergonhada enquanto remexia os dedos inquieta, pois meu esforço de tentar parar de andar em círculos por conta própria... foi por água baixo desde que esbarrei nele. Não que ele seja o culpado, eu é que sou.
"Não faz mal, estou aqui para ajudar." Rex disse tolerante, como se lesse os meus pensamentos. Embora a minha cara tenha entregado tudo. "Para onde você tem que ir exatamente?" Indagou de forma pausada.
"Ah, eu... eu tenho que me encontrar com o meu Mestre, mas... não faço ideia de onde ele pode estar agora." Respondi muito sem jeito.
"Seu Mestre?" O Soldado Clone questionou parecendo bem confuso. Talvez eu não tenha sido muito clara.
"É, eu... eu fui promovida a Padawan há pouco tempo e... preciso me reunir com o meu Mestre o quanto antes para... começar logo a nova fase do meu treinamento Jedi." Especifiquei além da conta o real motivo de eu estar em Christophsis.
"Ah, então você está procurando o General." O Capitão deduziu o óbvio como se uma lâmpada tivesse acendido sua mente confusa.
"Isso."  Confirmei num aceno de cabeça consecutivo e otimista.
"Muito bem. Os Generais foram fazer contacto com o cruzador do Almirante Wullf que está na órbita. É só você virar a primeira esquerda logo depois daquele segundo prédio abandonado bem ali, aí depois segue em frente." Deu a direção apontando para o ponto específico ao longe. "Não tem erro." Me assegurou como se adivinhasse o meu péssimo senso de direção.
Primeira esquerda, segundo prédio, siga em frente. Memorizei três vezes, até finalmente enfiar a informação em meu cérebro.
"Muito obrigada, Rex." Agradeci assim que me lembrei das palavrinhas mágicas que aprendi quando era mais nova.
"Disponha, criança." Rex refutou pousando a mão em meu ombro, satisfeito por ter conseguido me ajudar. "Bom, já que cumpri com essa pequena missão. Vou ter que cumprir a próxima." Rex pensou alto, novamente escovando a sua ombreira com o tato. "Tchau, menina." Despediu-se numa saudação de soldado, em seguida, deu as costas e começou a seguir seu caminho.
Eu sei que eu geralmente não me dou com pessoas que acabei de conhecer e... tão pouco mantenho uma conversa com elas, mas... algo em meu peito balançou quando o assisti indo embora. É como se... eu não quisesse deixá-lo ir sem dar a minha última palavra. 
Caramba! Isso é muito legal e esquisito!
"Rex!" Chamei em voz alta, me surpreendendo com o meu próprio tom. Quando o Clone ARC Trooper se virou para me encarar, desviei os olhos para baixo. Mas depois, fiz um esforço para olhá-lo nos olhos. "Eu... gostei muito de te conhecer, Rex. De verdade." Admiti num sorriso franzino bem tímido, encostando os dedos um no outro. Em seguida, posicionei o braço numa saudação de soldado.
Não sei por que, mas senti como se tivesse pegado Rex de surpresa com o que eu disse. Sem dúvida, ele não esperava que eu fosse me sentir tão... cativada com um clone.
"Também gostei de te conhecer, Ohsana." Rex retribuiu numa confissão jocosa ao falar meu nome pela segunda vez em uma conversa, curvando o queixo num breve aceno antes de novamente dar as costas e continuar o seu percurso.
"Ele tem uma cara muito séria? Tem. Parece que é chato? Parece. Mas é um clone legal? É." Resumi para mim mesma enquanto observava as costas do Soldado que seguia o seu rumo.
Já que consegui uma orientação. Não me restou mais nada a não ser seguir o meu rumo.
Pela primeira vez, fui capaz de manter uma conversa sem dar indícios de problema mental. De fato, é tudo mais difícil sem a minha psicopedagoga e sem Mestre Yoda do meu lado. Mas devo confessar que... até que não foi tão difícil assim.
Não se empolgue tanto não, Ohsana. Esse foi só o Primeiro Round. Martelou o lado esquerdo da minha consciência, me impedindo de cantar vitória.
Agora, está na hora de enfrentar o Segundo Round: passar com a mente ilesa pelo meu futuro Mestre. 
Embora eu já tenha ciência de que... não será nada fácil enganar Obi-wan Kenobi.
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textandoaqui · 8 months
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Circos de soberba
.
Sou uma boa observadora e nada me causa mais vontade de manter distância do que a soberba. Simplesmente abomino.
. E vejo tanto por aí que fico assustada, me perguntando o porquê de tanta vaidade e arrogância. Falas eivadas de 'eu' e sempre seguindo um manual impositivo, fundadas num ego cambaleante que tanto exige e que tão pouco tem a oferecer. Autoafirmação delirante, reis na barriga e aquela sensibilidade extrema a qualquer um que não os coloque no pedestal. . Desculpem-me, mas não gosto de gente assim. Não esperem nenhuma validação da minha parte. E é pessoal, se não admiro, não há qualquer razão para ter por perto. . Não sou plateia pra esse tipo de circo.
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fabiocollares · 1 year
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Não Coma Cachorro Quente na Madrugada. Pode Matar!
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(Homenagem ao amigo Julio, que se foi ontem e estaria de aniversário hoje. Te amo, meu Gordinho Sexy!)
Eu recém havia saído do curso pré-vestibular e subia a rua sozinho. Já passava das 22h da véspera do feriado de 15 de novembro. Minha namorada na época, tinha viajado com o pai e eu voltava para casa sem planos. Sem dinheiro, morando com meu avô, no auge dos meus 18 anos, aquela idade em que não se sabe muito bem se ainda somos crianças, adolescentes, adultos ou de tudo um pouco.
Na escuridão estranha de uma rua chamada Floriano Peixoto, o som e a luz de um carro aproximam-se do meu lado direito. De dentro, destaca-se uma cabeça, que junto a um braço, salta pela janela e grita meu nome. Era o Julio, amigo há alguns anos, desde que eu havia chegado de volta a essa cidade, quatro anos antes. Ele desceu, despediu-se do meu professor de matemática, que dirigia a velha Ford Pampa vermelha, e me fez uma proposta:
Vamos ao apartamento da madrinha da minha irmã. Tô com a chave e lá tem uma geladeira cheia de cervejas.
Nossa adolescência não foi o que se pode chamar de responsável. Cada um com seus fantasmas, bebemos quantidades consideráveis de álcool. Pelo jeito, hoje seria mais um desses dias, só que agora de graça e com algo diferente, já que nossos bolsos nunca puderam comprar nada além de cachaça ou vinhos baratos.
Partimos para o chiquérrimo apartamento acima do Banco do Brasil e parecia mentira, mas havia mesmo uma geladeira cheia de cervejas e tão somente cervejas. Foram duas horas de deleite puro malte, acompanhado de um banquete de nada e coisa alguma. Não poderíamos ocupar o estômago com algo mais naquele momento mágico. Quando não entrava literalmente mais nada, decidimos partir para a minha casa, exatamente a 8 quadras e meia dali. Foi como fazer uma travessia de montanha. Quase chegando, paramos no trailer do Alemão para comprar uma Norteña de litro.
Quando enfim chegamos à casa, eu peguei meu aparelho de som portátil, uma fita cassete, coloquei para gravar e com um violão velho, com apenas duas cordas, começamos a compor “músicas”. Julio, que apesar de nunca ter aprendido música, tinha um bom ritmo e “noção melódica”, por assim dizer, começou a “tocar” algo parecido com uma bossa nova (que me perdoem os puristas). A poesia não tardou em sair e a letra de “Vaquinha Mimosa” se fez em minutos. Não paramos de tocá-la até o meio da madrugada, quando a fome bateu.
Eram 3:30, cidade pequena, interior do sul do mundo, ainda Brasil, quase Uruguai. Fazia calor. Saímos em busca de mais cerveja e algo para alimentar aqueles corpos cambaleantes. A primeira parada foi novamente no Alemão, que estava fechando. Devolvemos a garrafa e seguimos na direção da praça, que ocupa todo um quarteirão e é dividida em forma de cruz. Atravessamos pela parte de dentro e chegamos ao lado oeste, já na rua perpendicular.
Pedimos cachorro quente, que estaria pronto assim que se acabasse de preparar os lanches de um casal que havia chegado antes. Nós, que a essas alturas ríamos das nossas próprias caras sem parar, percebemos algo estranho. 
Olha como ela é feia! - me disse o Julio, olhando para a moça. Caímos numa cruel risada. 
Em poucos minutos, o casal subiu numa moto e seguiu pela avenida, bem devagarinho. Pegamos o nosso lanche e seguimos o caminho de volta, exatamente como foi o de vinda, pelo meio da grande praça. Poderíamos ter sentado por ali, mas decidimos comer em casa.
Eu estava de óculos, camiseta velha, bermuda de praia, apesar de estar muito longe do mar, meias até o meio da canela e chinelo tipo Rider, arrastando os pés. Estávamos comendo desesperadamente e andando. Ainda nos primeiros metros, ainda dentro da praça às escuras, o Julio mira em direção à esquina e comenta:
Vai acontecer uma corrida (um pega, um racha…) de motos lá do outro lado!!! - disse empolgado.
Eu olhei por cima do óculos e minha miopia gigante impediu de ver mais além do que 30cm à minha frente. Concordei e segui minha refeição. Escuto motores de motocicleta soarem alto e um estampido, um som como se fosse de um caça da força aérea atravessando a praça. Repentinamente, silêncio. Continuo caminhando, olho para o lado e o Julio não estava mais. Segui caminhando, segui comendo. Estava morto de fome. Dobrei logo depois da quadra de basquete, ainda sem ver ninguém ao meu lado e escuto:
Fábio, eu acho que tomei um tiro!
Com minha delicadeza característica, eu gritei:
Cala a boca, Julio, e anda! Tô com fome e vamos d’uma vez pra casa!
A resposta não tardou um segundo sequer:
Fábio, é sério, eu tomei um tiro!
Irritado, eu olhei para trás e lá estava ele, parado, com as duas mãos no rosto, ainda com o cachorro quente em uma delas, lavado de sangue.
Coooooooorre! - gritei e saí correndo. Nos meus primeiros passos, eu vi o cachorro quente dele passar por mim e eu tive o pensamento mais gordo da minha vida, lamentando a cena da perda de uma comida. Dali até a minha casa eram 4 quadras e meia. Eu juro que fiz estes 450 metros entre o índice olímpico e o recorde mundial. Quando eu pus a chave na porta, ouvi um grito ecoar pela madrugada silenciosa de Bagé, a 150 metros de distância:
Caaaaaaaalma, eu nãããão vooooou morreeeeeeeer! - e eu esperei o gordinho chegar esbaforido.
Nessas horas eu não sabia se ele ia morrer do tiro, que eu nem sabia onde havia sido, ou do coração, pelo susto e pela corrida. Foi aí que vi que a sangueira vinha do rosto, para ser mais exato, da bochecha direita. Fomos limpar o local e não parecia haver qualquer orifício. Apesar do meu amigo ter dito repetidas vezes que ouviu aquele som e, quase que instantaneamente, sentiu um tirão, que fez sua cabeça girar de maneira brusca, só o que víamos naquele momento era um pedaço de pele descolando na covinha do lado direito. Parecia uma queimadura de cigarro.
Não é nada!
É, não é nada!!! - comemoramos feito bestas, aliviados. É claro que a adrenalina “dissolveu” todo o álcool dos nossos corpos e nem pensávamos direito a essas horas, com toda aquela carga de loucuras. Resolvemos dormir, aturdidos.
No outro dia, acordamos, começamos a relembrar os fatos e fomos direto ao banheiro, descolar o papel higiênico que havíamos colocado anteriormente. Parecia tudo bem e que não era algo sério. “Foi de raspão!” - decretamos, sem titubear. Como Julio tinha que ver a irmã, se mandou rapidinho, com a promessa de voltar mais tarde. Um pouco antes do meio-dia, o telefone toca e eu atendo. Era do hospital. Pelo menos, quem falava era o próprio paciente, meu amigo Inho (apelido de família: Julinho).
Fábio, tu nem sabe. Eu estou chupando bala...ops...digo, sim, eu levei o tiro e a bala está alojada na minha bochecha! A radiografia provou! Te prepara, porque de tarde teremos que ir à delegacia!
Assim que chegou à casa da irmã mais velha, o Julio contou toda a história e ela resolveu levá-lo à Santa Casa para fazer uma limpeza. O médico nem havia percebido nada de estranho até que ao passar uma gaze com soro no local, viu que havia “algo mais” por ali. Foram direto para o Raio-X, onde tudo se confirmou.
Horas depois, estávamos nós dois na delegacia. Entre uma declaração e outra, começamos a achar aquilo tudo muito engraçado. Nós dois sempre fazíamos piada de tudo e fomos a atração do local, que tinha um preso por roubo, um jornalista e vários policiais. A descontração foi tão grande, que demorou para o escrivão entender que eu não era nem o acusado do disparo, nem um suspeito. Eu era testemunha. Para completar, no periódico do outro dia, saiu que o filho - se referindo a mim - do “Antonino Collares” - que eu nem sei quem é - e um amigo, haviam se metido numa briga e que um deles foi ferido com gravidade. A meu ver, grave está o cérebro e o ouvido do nosso amigo repórter. Mas isso é outra história...
Com mais exames em mãos, os médicos preferiam esperar para retirar o projétil, o que ocorreu uns 7 anos depois, arrancando uma das mais loucas lembranças das nossas adolescências embriagadas. Era uma bala de revólver 32, parada por uma comemorada bochecha gordinha. O que poderia ser fatal, virou uma história para toda a vida!
P.S.: O que eu acho que aconteceu:
Quando o casal saiu de moto de onde estávamos e rumou pela Av. Sete de Setembro na direção norte, foram parados por três homens de moto na esquina em frente ao Nacional, antigo Bar Bianchetti. O que parece haver passado foi que um dos motoqueiros falou algo para o casal (não se sabe se foi tentativa de assalto ou ofensas verbais etc), e que o homem reagiu sacando uma arma. Quando os três perceberam, deram uma volta rápida e tomaram rumo leste, pela Av. Presidente Vargas, o que os colocou entre o atirador e nós, Julio e eu. Ao disparar - e errar - na direção dos alvos, a bala atravessou a praça e chegou até onde estávamos, a uns 120 metros de distância.
Por mais engraçado que tenha sido o fato, terminou por nos traumatizar por alguns anos. Eu, pelo menos, não conseguia andar pela rua tranquilo. Sempre que cruzava uma moto, eu me encolhia automaticamente. Anos depois, eu voltei ao local e tentei ver o caminho que a bala fez. Primeiro, de dia, eu olhei a partir do nosso ponto de vista na direção da esquina. Pouco se vê, devido a quantidade de árvores, postes, telas de arame etc. Depois, fui até o local do disparo. Foi aí que levei um susto. Como essa bala chegou até nós?
Minha hipótese é que ela veio raspando em tantos obstáculos, que diminuiu a velocidade, a ponto de não atravessar o rosto do meu amigo. Porém, por este mesmo motivo, tenha adquirido uma temperatura muito mais alta do que normalmente teria, apenas pelo atrito do ar. Isso foi o suficiente para cauterizar o buraco que fez. 
Mas...são só opiniões, deduções e que no final, nem importam muito. O que há de pensar, é que não se deve comer cachorro quente de madrugada, pode matar!
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lindodeolhar · 11 months
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"Da naeda beoryeo, good boys gone bad. Da beoryeo, good boys gone bad. Neol saranghaetdeon, good boys gone bad" O coreano cantava a música com uma animação embriagada, os passos que dava pelo terraço eram meio cambaleantes. "Good boy gone bad, good boy gone bad. Good boy gone bad, good boy gone bad. Good boy gone bad" Continuou outra parte do refrão, passando os braços pelos ombros de @haejeans assim que o avistou. "Como está o meu pupilo?" Questionou sorrindo feito um idiota, se escorando levemente no mais novo. "Tó, guardei um pouco de champanhe só pra você". Estendeu a garrafa que tinha nas mãos na direção de outrem. Talvez Sun reconhecesse um pouco de sua própria carência no rapaz, isso explicaria o cuidado que tinha ele e também o fato de sempre querer abraçá-lo.
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