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joyhope · 3 years

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Quase Sem Querer

(Beomgyu e Olívia Rodrigo)

Gênero: drama, romance, escolar

Quantidade de palavras: 1826

Capítulo 1:

Primeiro Encontro

ERA UMA MANHÃ FRIA de segunda-feira,

como se estivesse se despedindo do inverno que passou voando por Garden City -- uma pequena cidade próxima de Sacramento -- durante os primeiros meses de 2022,

pequenos e brilhantes flocos de neve flutuavam pelo céu azul-cinzento, pousando delicadamente no solo e formando uma fina, alva e quase imperceptível camada de neve no asfalto da tranquila Rua Jasmim.

Porém, de repente -- não mais do que de repente,

o perfeito e simétrico caminho de neve é brutalmente executado e aberto por Beomgyu Choi, que pedalava à toda velocidade na falha tentativa de chegar a tempo na escola...

Deitado embaixo dos cobertores e tendo como única iluminação o forte brilho da tela de seu celular;

Beomgyu aguardava ansiosamente o relógio do visor do aparelho dar meia-noite.

Quase não conseguindo conter sua empolgação quando a contagem regressiva para a live com o show gravado do grupo BTS durante a turnê Love Yourself começou.

Entre gritinhos abafados pelo medo de acordar seus pais -- e sua irmã que dormia na cama debaixo -- além de pequenas (e irritantes) pausas para a live carregar por causa do excesso de comentários no chat,

Tudo que o garoto lembrava da noite anterior era de estar chorando horrores com a performance de "The Truth Untold" e de cair no sono minutos depois.

Gritando assustado no dia seguinte quando foi despertado aos berros e chacoalhões por sua mãe, furiosa por ele acordar no horário em que deveria estar terminando o café da manhã e indo à escola.

Com os lábios entre-abertos e as costas tão curvadas que a cabeça quase encostava na mesa da bicicleta, o garoto, exausto, respirava com dificuldades;

Sentindo pontadas na lateral do abdômen e os joelhos dormentes

(uma clara consequência da falta de exercícios físicos e do sedentarismo)

enquanto ouvia gritos, xingamentos e buzinadas sempre que ultrapassava os veículos de maneira imprudente e se arriscava a ficar na frente dos carros ao invés de pedalar no canto da rua:

--- É ASSIM QUE TRATAM O FUTURO DA NAÇÃO?! BANDO DE OTÁRIOS! --- Exclamou após ser xingado mais uma vez.

Soltando um palavrão ao tentar atravessar no sinal vermelho e um carro, que iria atravessar o cruzamento da Rua das Rosas, freiar bruscamente para não atingi-lo,

fazendo com que Beomgyu desviasse às pressas e entrasse na frente de uma caminhonete prateada que tinha o mesmo plano que o garoto.

O motorista freou de supetão e começou a xingá-lo -- de nomes que não valem a pena serem repetidos -- e à dar socos na buzina,

fazendo o garoto aborrecido e trêmulo lhe mostrar o dedo do meio enquanto o xingava de volta.

Começando, assim que o semáforo ficou verde, a pedalar o mais rápido que conseguia para fugir do veículo, subindo na calçada e até pedalando na contra mão para despistá-lo.

Se aproximando cada vez mais da rua de sua escola, a Butterfly High School;

Beomgyu, com os cabelos úmidos de suor e o coração acelerado por causa do mini atrito com o motorista da caminhonete,

tomba a cabeça para trás; gemendo de exaustão ao dobrar a esquina e chegar na Rua das Glicínias (também popularmente conhecida como "A subida que não tem fim").

Se levantando do banco e usando seus últimos resquícios de energia e força para pedalar até o final.

Puxando o ar aliviado, Beomgyu sorri vitorioso ao chegar no topo 12 minutos depois;

Voltando a sentar no banco e tirando os pés do pedal,

-- notando que não havia tráfego no cruzamento da rua Carmélia com a rua Petúnia,

O garoto sente a barriga gelar quando, em fração de segundos, a bicicleta é puxada para baixo pela gravidade.

Descendo em alta velocidade pela rua bem-asfaltada salpicada pela neve que derretia lentamente.

O garoto, ouvindo nada além do que o assovio do vento em seus ouvidos,

fecha os olhos e respira fundo;

aproveitando cada momento daquela maravilhosa aragem.

Ele simplesmente amava andar de bicicleta

Sorrindo ao pensar que, se tivesse equilíbrio suficiente, largaria o guidão, estenderia os braços e gritaria:

"eu sou o rei do mundo!"

Estava tão bom...

Bom demais para ser

verdade.

Pegando embalo quando estava prestes a atravessar o cruzamento -- que era para estar sem tráfego -- Beomgyu sente o ar deixar seu corpo enquanto vê toda a sua vida passar diante de seus olhos quando um carro, que ia virar na mesma direção que ele, cantou os pneus ao frear bruscamente para não atropelá-lo...

E ali -- como se tudo fosse um filme de comédia dramática (digna de Adam Sandler), a cena aconteceu em câmera lenta:

Acabando com suas esperanças de escapar dessa ileso mais uma vez,

Beomgyu foi (hiperbolicamente) atingido em cheio pelo carro...

Ou melhor! o pneu traseiro de sua bicicleta foi atingido em cheio pelo para-choque do carro.

Fazendo o garoto perder o equilíbrio e ir de encontro ao chão congelado.

"E depois dizem que a neve amortece a queda"

Gruniu segundos depois;

mexendo lentamente a mão ralada em direção à sua cabeça, mordendo os lábios ao senti-la úmida de sangue quando a pressionou no machucado em sua testa.

Recobrando a consciência segundos depois ao ouvir os gritos da motorista se sobressaindo a misery business de Paramore -- que tocava em volume alto no conversível branco -- que saindo apavorada do veículo, se aproximava a passos rápido em sua direção.

O garoto, com a vista embaçada, virou a cabeça na direção do carro e piscou várias vezes,

ficando em choque ao descobrir a identidade da motorista;

que era ninguém mais, ninguém menos que Olívia Isabel Rodrigo, uma líder de torcida popular na escola.

"QUE MERDA!"

Pensou desesperado, colocando as alças caídas da mochila nos ombros e, evitando a todo custo o contato visual, se levantou num pulo antes que fosse acudido pela garota,

pegando a bicicleta e cambaleando pela rua enquanto subia nela; ignorando os gritos de Olívia perguntando se ele estava bem e a dor -- que se tornava cada vez pior -- começou a pedalar o mais rápido que conseguia.

Deixando uma garota completamente pasma e preocupada para trás.

Em questão de segundos, a música punk rock que tocava no carro começou a ficar cada vez mais próxima de si.

Sentindo a vergonha tomar conta de si,

junto do medo irreal de ela lhe atropelar (ou por qualquer outra coisa maluca que sua mente assustada inventara)

Levantando da bicicleta, Beomgyu pedalou para perto da calçada e,

com o coração acelerado, virou a cabeça para o lado contrário, fechando os olhos assim que o veículo passou do seu lado de forma demorada;

o ultrapassando em questão de segundos.

Sentindo as pernas bambas e o corpo pesado e dolorido,

Beomgyu se arrastava pela calçada de paralelepípedos desregulares rumo ao estacionamento da escola enquanto se lamentava por perder seu tempo indo à escola:

"Em pensar que eu poderia estar em casa assistindo a Live do BTS".

Ralhou ofegante, limpando cuidadosamente o suor da testa com a manga do casaco acolchoado enquanto se aproximava do estacionamento,

ficando irritado ao, de repente, se lembrar que não tinha assistido nem metade do show de 24 horas.

"Eu deveria ter tomado os energéticos do meu pai... Ou café, sei lá"

"Por que eu tive que dormir?!!"

Choramingava, pensando com pesar em todas as performances que perdeu -- e que perderia.

Dando um sobressalto ao ouvir gritos vindo do lado esquerdo da área repleta de carros.

deixando sua curiosidade falar mais alto,

Beomgyu sente suas energias se renovarem a medida que se aproximava do local de onde vinha o barulho na ponta dos pés,

Abrindo a boca em "O" ao ver o carro de Olívia Rodrigo mal-estacionado na calçada de entrada, com uma parte do para-choque violentamente encostado na guia e o porta-malas na direção da estrada.

E ao lado do veículo, a motorista gritava e xingava enquanto tentava empurrar o para-choque traseiro na direção da guia:

--- Então é por isso que em alguns lugares não é permitido dirigir com dezesseis anos. --- Comentou o garoto, agindo como se fosse um admirador observando uma obra de arte.

"Talvez ela precise de ajuda" Concluiu; impressionado com a força que ela usava para chutar o pneu traseiro.

E eu vou fazer o que?!

O único carro que eu já pilotei foi o simulador do fliperama;

E eu perdi em menos de vinte

segundos!"

--- Eu nunca gastei tantas fichas como naquele dia -- Suspirou nostálgico;

e antes que fosse pego em flagrante a espiando,

lembrou que precisava responder a chamada para ganhar presença e correu na direção da escola.

Praticamente jogando a bicicleta no suporte do bicicletário lotado -- prometendo a si mesmo que assim que pudesse, a trancaria -- correu na direção da portaria,

Ajeitando sua franja de maneira que cobrisse o machucado em sua testa enquanto subia as escadas e entrava no prédio escolar.

Andando pelos corredores frios e desertos e ouvindo o falatório alto vindo de algumas salas de aula,

o garoto engoliu em seco e bateu na porta de madeira maciça da silenciosa sala de matemática:

--- Querida professora Smith. --- Cantarolou de forma persuasiva quando a porta foi aberta por uma mulher baixinha e de olhar cortante, fazendo com que burburinhos tomassem conta da sala. --- Está bonita hoje...

--- Senhor Choi. --- O cortou soando entediada, olhando o aluno suado por cima de seus óculos retangulares.

--- Não preciso nem dizer, não é? --- Falou apontando para o banco do lado da sala e antes que Beomgyu pudesse sequer protestar a porta foi fechada,

fazendo o falatório cessar e o silêncio voltar a reinar dentro da sala de aula.

O garoto, bufando estressado, tirou a mochila dos ombros caídos e a atirou na direção do banco,

sentando logo em seguida e

cruzando os braços,

iniciando sua série de reclamações e xingamentos;

começando a contar os segundos assim que a raiva e a euforia cessaram, restando apenas o cansaço e a sonolência... E a dor.

Se sentindo extremamente entediado segundos depois,

tombou a cabeça para frente e fechou os olhos, sentindo o sono tomar conta de si...

Despertando num sobressalto quando a porta da sala de aula em frente a sua foi fechada com Olívia para fora.

"Ué, de onde de ela surgiu?

Como raios ela chegou aqui tão rápido?"

Se questionou confuso, a observando de maneira discreta:

A garota -- tão irritada quanto estava no estacionamento -- tirou a mochila dos ombros e a jogou com força na direção do banco ao lado de sua sala de aula, se sentando em seguida com os braços cruzados,

começando a praguejar com uma careta de raiva estampada no rosto maquiado;

Dando um sorriso debochado, Beomgyu endireita a coluna e pega a mochila no canto do banco em busca de seu celular.

Por mais egoísta que isso soasse,

Ele se sentia bem melhor sabendo que tinha alguém, aparentemente, tão ferrado quanto ele -- Principalmente se a pessoa em questão fosse um popular genérico como Olivia Isabel Rodrigo.