Capitulo 210
Quando a porta se abriu, era uma sala branca onde a Boreal se encontrava.
Pude ver ela lá, ao longe, em uma enorme e luxuosa cama, nesse enorme quarto branco, ela, a original.
Aquela era a Boreal verdadeira.
Não eu, não a ex do Nathaniel.
Aquela que o Armin do futuro tanto prezava e cuidava.
Aquela que estava protegida de tudo e todos, e a que deu início a todo esse inferno que passamos.
Todos olhavam pra ela estasiados.
Ela parecia tão frágil… mesmo vendo meu rosto ali eu só conseguia ver outra pessoa.
E sim, de fato era outra pessoa.
Mesmo que nossa vida tenha sido tão parecida ao ponto de que o Armin tinha todas as memórias do meu Armin, eramos diferentes.
E agora, veja onde eu estava, de frente com ela, finalmente.
Todos ficaram na porta me esperando enquanto o Armin me acompanhava pra dentro.
Mesmo com todos morrendo de curiosidade pra vê-la, eles se mantiveram na porta.
“Não vão me acompanhar?” eu perguntei ao notar a falta de movimento.
“Eu pedi pra que eles ficassem, por agora, acho que só você deve falar com ela…” O Armin do futuro dizia com olhar cansado e apreensivo, enquanto todos se mantinham em silêncio.
Ninguém se atrevia a entrar, eu caminhei pouco a pouco até sua cama, lentamente, enquanto chamava por seu nome, meu nome, "Boreal".
Bastou uma pequena olhada para a porta pra que seu semblante mudasse completamente.
Armin, que dizia que ela nunca mais havia expressado algo estava claramente chocado, ela olhava pra cada um que estava em pé ali na porta e estava visivelmente surpresa.
"...B…Bo…Boreal…" ela repetia em um timbre baixo e quase que impossível de se ouvir.
Armin estava muito surpreso, ele olhava pra ela com grande espanto.
"Quanto tempo… eu não ouvia sua voz…" ele dizia engasgado tão baixo quanto a voz da Boreal.
Boreal começou a reconhecer a presença de Armin e dos demais na porta.
Seu olhar percorria cada rosto ali presente, e uma mistura de surpresa e emoção tomava conta de seu olho.
Enquanto Armin lutava para conter a emoção que tomava conta dele, dei mais um passo em direção à cama onde ela estava. Apenas o som suave de sua voz repetindo seu próprio nome preenchia o quarto. Aquele quarto completamente branco.
"Boreal... sou eu, Boreal", eu disse, finalmente conseguindo encontrar a voz para falar mais alto.
Seu olho se voltou para mim e, por um instante, pude ver uma centelha de reconhecimento em seu olhar.
Era como se ela estivesse tentando entender a conexão entre nós, as semelhanças e diferenças que nos uniam. Senti um misto de ansiedade e esperança enquanto esperava por sua resposta.
Ela me encarava em silêncio, com um olhar extremamente confuso.
“B…Boreal…” ela dizia ainda mais audível, deixando seus cabelos gigantescos caírem pro lado mostrando um rosto magro e um olhar sem vida começando a brilhar aos poucos.
"Você... Você é a outra... A que viveu uma vida tão semelhante à minha", ela sussurrou, com a voz fraca, mas cheia de significado.
Assenti com a cabeça, sabendo que ela estava se referindo à minha existência como uma cópia, uma versão alternativa de si mesma que havia vivido uma realidade paralela, ela sabia, sabia bem de tudo com toda certeza.
A expressão de Boreal era um misto de tristeza e curiosidade, ela apresentava certa dificuldade pra falar.
Nós ficamos em silêncio por um tempo apenas encarando uma a outra.
Ela olhava pra baixo com olhar perdido e pensativo como se buscasse algo pra me dizer.
"Eu sinto muito pelo que você passou, Boreal. Eu... nunca quis causar tanto sofrimento. Tudo isso... começou comigo", ela disse, com a voz embargada e falha. Dava pra ver com clareza que ela não se comunicava há tempos. Ela embaralhar a pronúncia das palavras e às vezes até a ordem das sentenças, claramente pela falta de hábito.
Armin do futuro por sua vez, tremia, era notável seu nervosismo. Mas ele se manteve quieto e forte.
“Boreal. O mundo lá fora se desfez completamente, não temos mais pra onde voltar, você é nossa última esperança.” Eu falei sem delongas.
Boreal fixou seu olhar em mim, absorvendo minhas palavras. Sua expressão mostrava um misto de compreensão e pesar. Ela sabia que tudo estava em suas mãos, que sua existência poderia determinar o futuro de todos nós.
Armin do futuro se aproximou mais, ele queria falar, mas estava tendo muita dificuldade pra soltar qualquer som, foi quando eu, segurando sua mão delicadamente decidi falar. Minha voz estava carregada de emoção quando falei: "Boreal, você é a chave para consertar tudo o que deu errado. Podemos restaurar a ordem, salvar as vidas perdidas e trazer paz ao nosso mundo."
“E… o que espera que eu faça? Sou só uma acamada suicida…” Boreal dizia com um olhar melancólico enquanto desviava completamente seu olhar. Ainda em seu tom baixo, praticamente inaudível.
“Não é verdade Boreal!” Armin dizia em agonia pela primeira vez desde que entramos no quarto.
Ela olhou pra ele com certo espanto, e logo desviou seu olhar.
“Eu perdi todos que se aproximaram de mim… E se o mundo está se destruindo, é porque eu pisei nele… Me deixem em paz, foi um erro abrir a boca…” ela dizia se virando na cama em grande choro. Seu corpo era magro e frágil parecia que ia quebrar com um simples toque.
“Boreal… Não é verdade.” Armin estava quase aos prantos.
“O dia que essa Boreal perder tudo que eu perdi ela irá entender meus pontos…” Boreal dizia se direcionando a mim e abafando seu próprio choro com a colcha.
Eu comecei a falar ignorando tudo que ela dizia.
“Eu perdi minha mãe pra diretora, digo, pra Sophie. Eu perdi meus dois melhores amigos pro Neuralyzer. Eu perdi meu melhor amigo de infância pro Boris e depois pro Lysandre e vi de perto ele sendo morto as duas vezes que ele morreu, eu toquei em seus miolos e até hoje ainda sinto aquela sensação asquerosa na minha pele e mal consigo comer ovos mexidos sem me lembrar da textura dos seus miolos entre meus dedos. Eu perdi minha casa. Eu perdi meu filho pra ele mesmo. Eu fui deixada pelo pai do meu filho por causa do Armin. Eu vi muita gente morrer na minha frente. Eu fui violentada por uma versão do meu filho. Eu já matei literalmente com minhas próprias mãos, de sentir as vísceras das pessoas que matei entre meus dedos de forma tão asquerosa quanto os miolos do Ken. Eu vi aliados e muitas pessoas que estavam me protegendo morrerem… Quer que eu prossiga Boreal, ou já tá bom? Tem muito mais de onde veio essas informações… Tem certeza que preciso viver mais coisas? Porque eu tô farta dessa merda toda, sinceramente.” eu dizia friamente, enquanto notava que ela havia parado de chorar, mas não conseguia ver seu rosto ainda.
“Eu não espero que tenha uma solução magica, mas que entenda que eu sei muito bem o que é querer se isolar na esperança de que vai tudo melhorar sem sua presença. Por muito tempo pensei que me matando resolveria tudo. Ou até mesmo te matando resolveria tudo, mas… não é bem assim.” eu completei.
O quarto ficou em silêncio por um momento, enquanto minhas palavras ecoavam no ar.
Boreal virou-se para encarar-me, seu olho marejados refletindo a dor e a compreensão.
Sua expressão era de profunda tristeza, mas também havia uma centelha de empatia.
"Eu... sinto muito por tudo o que você passou", ela disse, sua voz embargada.
"Não tinha ideia de que as consequências do meu isolamento eram tão devastadoras. Eu... nunca quis causar tanto sofrimento a você ou a qualquer outra pessoa."
Eu olhei para Boreal, sentindo uma mistura de tristeza e compaixão.
"Nós entendemos que você está machucada e que enfrentou suas próprias batalhas. Mas você não está sozinha nesta jornada. Estamos aqui para apoiá-la e ajudar a consertar o que foi quebrado. Eu me culpei esse tempo todo Boreal. Eu imagino como se sente, eu sei como se sente, tenho total certeza que sei…" Boreal respirou fundo, seu olho encontrando o meu novamente.
"Eu... quero acreditar que posso fazer a diferença, que posso ajudar a trazer a paz de volta. Mas não sei por onde começar."
Eu me aproximei e me sentei na cama e segurei suas mãos com ternura. "Vamos descobrir juntos. Boreal. Temos recursos e pessoas dispostas a lutar ao nosso lado. Ainda há esperança, mesmo nas situações mais sombrias. Não temos mais o que fazer, ou achamos uma solução, ou tudo acabou. Não tem mais nada lá fora Boreal… Acabou tudo." Boreal olhou ao redor, para Armin, para os demais na porta e, finalmente, para mim.
“Eu… sempre fui uma aberração…” ela dizia aos prantos.
“Não Boreal, você nunc—” Antes que o Armin terminasse eu o interrompi. Ele ia dizer coisa gentis, ele ia me por pra cima, mas eu me conheço, eu sei que ali, não era o que eu precisava, eu só sinalizei pra ele com a mão o fazendo calar a boca.
“Sim… sempre fomos. Pra esse mundo do qual não pertencemos. No nosso mundo somos iguais a todos. Você sabia?” falei.
“Eu… tenho noção…” ela respondeu mais calma.
“E se só… fossemos embora…?” ela completou.
Eu podia ouvir a respiração ofegante do Armin, ele queria se meter, queria muito.
“O portal está aberto… Não acho que ia acontecer nada… Sequer sabemos como esse portal se abriu.” respondi.
“Sim… provavelmente iria diminuir, mas as coisas continuariam vazando de uma dimensão pra outra…” ela dizia.
“Temos que achar uma solução pra nossa nova realidade. Essa realidade em que existimos, que essas cosias misticas existem, que tem alienígenas ativamente fazendo coisas, essa realidade que existe por conta da nossa presença… mas como?” falei apreensiva.
“... Força pensamento…” Armin falou ao fundo em tom baixo. De novo ele veio com essa ideia de força pensamento.
Eu olhei para Armin com curiosidade, intrigada com sua sugestão. "Força pensamento? De novo isso?" perguntei, buscando entender melhor o que ele queria dizer.
Armin se aproximou nervoso e ansioso.
"Boreal, a força do pensamento, a capacidade de moldar nossa realidade através da vontade e da concentração é algo que tenho me segurado esse tempo todo. E desde que aprendi que as habilidades do Nathaniel e do Castiel vem disso eu fiquei determinado a explorar isso. A vinda de vocês pra Terra fez com que facilitasse o uso da força pensamento. A força pensamento sempre existiu, mas vocês fizeram com que isso se tornasse algo mais fácil." Boreal e eu nos entreolhamos, processando as palavras de Armin. A ideia de que poderíamos influenciar a nossa realidade através do pensamento parecia surreal, mas também trazia uma centelha de esperança. Convenhamos, nossas vidas eram caóticas demais pra descartarmos essa ideia por mais louca que parecesse. Eu sou um ciclope alienígena de outra dimensão com magnetismo sobrenatural, claro que força pensamento seria o de menos.
"Você está sugerindo que, juntas, possamos usar essa força para encontrar uma solução para os problemas que enfrentamos?", perguntei, um brilho de otimismo surgindo em meu olho.
“Certamente… O mundo gira em torno de vocês, da original pra ser mais exata.” Armin dizia.
“Se sua teoria de força pensamento estiver certa Armin, você quem moldou a realidade inteira, isso inclui a solução.” a Boreal dizia em tom baixo e bem, bem contido enquanto encarava o longe, seu olhar parecia perdido, porem, como se tivesse achado uma resposta.
“O que quer dizer…?” ele falou apreensivo.
“Armin… Você começou tudo junto comigo. Eu trouxe a paranormalidade pra realidade, mas você quem começou a viajar no tempo pra me deixar feliz. Você moldou a realidade com a máquina acreditando estar me ajudando. Você foi o responsável pela destruição das linhas, pelas mortes, por tudo.” ela falava sem medo de machucar ele. E ele? Prestava atenção em silêncio.
“Você moldou tudo com sua força pensamento, e se tudo está girando em torno de mim a culpa é sua.” ela completava enquanto ele se mantinha em silêncio, nervoso e quieto.
“Você acreditou que eu precisava ser feliz pra que você pudesse ser feliz, e começou uma jornada pra me deixar bem após as coisas que aconteceram comigo. Você não esperava que suas atitudes de me privar do sofrimento iriam me levar pra uma tristeza ainda mais profunda e fazer com que as coisas saíssem mais do controle. Na nossa frente temos a prova de que se tivesse respeitado meu espaço e me ajudado a superar o luto ao invés de só voltar no tempo, eu teria amadurecido e superado o problema.” ela dizia apontando pra mim, a sua versão que não foi privada da dor.
E ele? Se mantinha em silêncio só a ouvindo.
“Você não notou quando fez isso Armin, nem eu notei, mas, se tudo começou a girar em torno de mim a culpa foi sua querendo me deixar feliz com sua máquina. Você tentou moldar a realidade inteira pra que ela se adequasse aos meus sentimentos até chegar a um ponto que destruiu a realidade por completo. A partir dai, tudo passou a girar em torno de mim, de verdade, afinal, a realidade já estava simplesmente existindo pra me manter, por culpa sua…” ela disse.
“Eu sou o centro do universo por culpa sua. E sua força pensamento faz parte disso… Mas por agora acreditar que essa Boreal pode ajudar, talvez juntas possamos fazer algo, afinal, a realidade foi moldada pra mim.” ela dizia agora me encarando.
Estava tudo muito confuso, mas eu tentava acompanhar sua linha de raciocínio, que era assustadora.
A sugestão de Boreal trouxe um novo olhar para a situação.
Se Armin do futuro realmente tivesse moldado a realidade através da força pensamento junto a sua maquina, isso significaria que a solução para os problemas que enfrentamos também estaria dentro de nós.
Eu olhei para Armin, percebendo a seriedade em seus olhos.
Ele estava convicto a tempos de que essa era a chave para resolver tudo, me pergunto se ele já pensou isso tudo que foi dito, não duvido.
"Se a força pensamento tem o poder de moldar a realidade, então talvez possamos usá-la para consertar as coisas", eu disse, ponderando as possibilidades.
"Podemos nos unir, concentrar nossas energias e direcionar nossos pensamentos para criar uma nova realidade, uma realidade em que tudo esteja em harmonia." Boreal olhou para mim, seu olho demonstrando um misto de esperança e dúvida.
"Mas como podemos ter certeza de que isso vai funcionar? Como podemos controlar a força pensamento? N!ao tem sentido. Basta pensarmos positivo? Qual certeza teremos que isso está sequer funcionando?" eu falava.
“Eu sou o centro de tudo… E Você é a única versão minha que conseguiu superar tudo e me alcançar. Armin me colocou como centro do universo. O que é considerado o centro do universo pra maior parte das pessoas?” ela dizia.
Eu não conseguia entender sua lógica e nem achar onde ela queria chegar.
Armin, finalmente falou baixo, e um pouco em choque.
“…Deus…?” ouvir aquilo me deixou em choque. Deus? Boreal?
Ela só fechou o olho.
“Deus é o responsável pela vida, pelas mudanças e pelas criações. Não importa o que é Deus ou quem é Deus, mas essa força da qual chamamos de Deus é a responsável por tudo. Se eu sou o centro de tudo… talvez…” ela falava pausadamente.
Tudo estava começando a fazer sentido, e eu estava ficando assustada…
Armin e eu trocamos um olhar, surpresos com a perspectiva que Boreal apresentava.
Ela estava certa em suas palavras, afinal, se a força pensamento realmente moldava nossa realidade, então a solução para todos os problemas também poderia ser alcançada através dela.
Armin e eu olhamos para Boreal, processando suas palavras.
Era uma perspectiva intrigante: a ideia de que poderíamos usar a força do pensamento para moldar a realidade e encontrar uma solução para todos os problemas que enfrentávamos. Soa tão estupido sabe? Ainda assim era uma responsabilidade enorme, mas também uma oportunidade única.
"Você está sugerindo que a solução para tudo isso está em nossas mãos?", perguntei a Boreal, minha voz carregada de esperança e expectativa.
Boreal assentiu lentamente, olhando para nós com um misto de seriedade e determinação em seu olhar.
"Sim, Boreal, você e eu temos o poder de influenciar a realidade ao nosso redor. E se conseguirmos direcionar essa força para um objetivo comum, podemos encontrar uma saída para essa situação caótica."
Armin se aproximou ainda mais, seus olhos brilhando com certa esperança.
"Boreal, acredito que, juntas, podemos canalizar nossa força de vontade e focar em criar uma realidade melhor. Podemos imaginar um mundo onde todos os danos sejam reparados, onde a paz e a harmonia prevaleçam. Claro, após sua criação, não teremos controle do que venha a acontecer, e estaremos a merecer do destino novamente. Mas se4 acharmos uma forma de deixar um aviso sobre tudo isso que aconteceu, creio que as coisas não se repetirão da mesma forma" Boreal olhou para nós com intensidade, e estávamos absorvendo cada palavra.
"Acredito que seja possível usar a força pensamento para corrigir os erros do passado e construir um futuro melhor. Mas isso não será fácil. Requererá concentração, foco e união. Precisamos estar completamente alinhadas em nossa visão e trabalhar juntos para alcançar nossos objetivos." ela completava.
Eu olhei para Boreal com um misto de choque e compreensão. Suas palavras ecoaram em minha mente, e de repente tudo fez sentido.
A culpa que o Armin carregava era imensa, pois ele havia moldado toda a realidade, mesmo que acidentalmente, foi ele quem moldou toda e realidade transformando Boreal original na figura central, na "Deusa" de tudo.
O peso dessa responsabilidade estava estampado em seu olhar.
Boreal, ainda abalada pelas palavras que trocamos, ela falava tudo com um olhar sempre chocado, porém, ela não escondia nada.
Armin por sua vez, olhou para ela e para mim com incredulidade.
Enquanto Boreal, estava começando a perceber o tamanho do poder que tinha em suas mãos e a culpa que carregava por tudo o que aconteceu. Mesmo que quem tivesse começado tudo fosse o Armin.
"Então... tudo isso foi culpa minha?", Boreal perguntou em um sussurro, as lágrimas escorrendo por seu rosto.
"Eu sou a causa de toda essa destruição... de toda essa dor." ela dizia.
“Eu quem sou Boreal… eu quem te fiz ser o centro… você mesma disse.” ele falava cansado.
“Então você já sabia de tudo…?” Eu falei em espanto.
“... Porque acha que eu estava no estado que me encontrei esse tempo todo. Eu sei a merda que eu fiz…” Armin estava com os olhos brilhantes de tantas lagrimas.
“Mas… Eu comecei tudo, eu vim pra ca e–” antes que ela pudesse completar, se perdendo em seus pensamentos, Armin se aproximou dela, segurando suas mãos trêmulas.
"Não, Boreal, você não é a única culpada. Você sequer tem culpa de ter vindo parar em nosso mundo. Eu fui ingênuo e inconsequente, mexendo com poderes que não compreendia totalmente. E você... você foi arrastada para essa confusão sem escolha. Desde que pisou aqui na Terra até toda essa confusão que eu criei ao seu redor." ele dizia tremendo muito e pude ver um choro intenso vindo a superfície.
Eu observava a cena, sentindo o peso da culpa pairando sobre todos nós.
Boreal e Armin estavam mergulhados em remorso e dor, cada um se responsabilizando pela situação caótica em que nos encontrávamos.
Mas eu sabia que não era o momento de nos perdermos em autocomiseração.
Era hora de assumir a responsabilidade e buscar uma solução.
"Armin, Boreal, todos cometemos erros, mas agora precisamos olhar adiante", eu disse com firmeza, aproximando-me deles.
"Não podemos mudar o passado, mas podemos aprender com ele e usar esse conhecimento para construir um futuro melhor. O erro desde o início de todos nós foi justamente esse. Não aceitamos o passado. Não aceitamos os problemas. Agora, juntos, temos o poder de corrigir os erros e encontrar uma saída." Boreal levantou o olho para me encarar, seu olho inchado e cheio de tristeza.
"Mas como podemos consertar tudo isso? Parece tão impossível." Boreal dizia.
"Não será fácil, mas é possível", respondi, buscando as palavras certas para transmitir esperança.
"A força do pensamento que possuímos pode ser nossa maior aliada.” eu dizia tentando me encontrar.
“Desculpe ter colocado tanta responsabilidade sob seus ombros Boreal…” Armin dizia chorando.
Ela só sorriu pro Armin enquanto tocava seu rosto gentilmente “Isso tudo acabou Armin, acabou.” Armin encarava ela com muita tristeza, ele começou a chorar de soluçar enquanto olhava pra ela. Ele parecia aliviado apesar de desesperado. Boreal enxugava suas lagrimas e deu um beijo em seu rosto que desabou de chorar mais ainda, nem parecia aquele cientista com quem convivi.
Ela sorria na minha direção enquanto Armin soluçava. Armin estava mal.
Ele ficou ainda pior ao notar que Boreal acabou soltando uma pequena gargalhada ao notar que Castiel e Ambre estavam brigando na porta.
“Para de gritar seu infeliz! Tá vendo que eles tão falando de coisa séria?!” Ambre gritava.
“EU NÃO TO GRITANDO PORRA! QUE INFERNO! VOCÊ QUEM COMEÇOU PUXANDO MEU CABELO SÓ PORQUE EU TAVA ESCREVENDO NA PAREDE!” conseguíamos ouvir com clareza.
Aquilo deixou o Armin abalado, da mesma forma que ele ficou quando eu estava gravida. E a Boreal notou…
"Antes que eu prossiga, saiba Armin… se eu estou sorrindo agora é graças a você. Não quero que se repita seu sentimento de achar que não conseguiu nada comigo. Foi você que moveu mundos por mim. Foi você que trouxe todos aqui pra me ver. Você conseguiu Armin." Boreal falava olhando terno pra ele.
O Armin mesmo perto de mim é muito contido.
Ele começou a chorar na mesma hora. Digo, mais do que já estava.
Demorou um tempo até ela conseguir acalmá-lo.
Após um curto período, ela abriu seus braços em minha direção.
“Venha. Se eu sou Deus, você é tão centro quanto eu. Vamos acabar com isso de uma vez.” ela dizia calmamente me deixando apreensiva.
“E o que pretende…? “ Questionei encarando seus braços abertos.
“Vamos descobrir juntas Boreal… Você é a minha versão que seguiu em frente, que encarou os problemas, porém, eu sou o centro do universo. Então, eu quero te entregar as rédeas do universo. Você saberá melhor que eu o que fazer com isso…” ela dizia com um sorriso pleno e tranquilo.
Eu estava apreensiva de abraçá-la. Claramente não seria um abraço comum, ela sabia o que estava fazendo, mas eu não sabia… Só me restaria confiar né?
Com um misto de emoções e incertezas, eu me aproximei de Boreal.
Os olhares de Armin e eu se encontraram, ambos cheios de lágrimas e dor.
Sabíamos que o momento era crucial, que tudo estava prestes a mudar.
Com um suspiro profundo, eu me entreguei ao abraço de Boreal. Era um abraço carregado de significado, de confiança e de uma responsabilidade imensa.
À medida que nossos corpos se uniam, senti uma conexão profunda, como se estivéssemos fundindo nossas essências.
"Estamos juntas nessa, Boreal", sussurrei com determinação enquanto fechava meu olho.
"Vamos enfrentar o desconhecido, moldar a realidade e encontrar uma solução para todos os problemas que criamos. Não importa o quão difícil seja, não importa o peso da responsabilidade. Nós temos o poder de fazer a diferença."
Boreal assentiu com serenidade, seus olhos transmitindo uma confiança renovada. "Sim, juntas podemos superar qualquer obstáculo. Vamos usar nossa força pensamento para construir um futuro melhor, um mundo onde todos os danos sejam reparados, onde a paz e a harmonia prevaleçam. Vamos unificar as linhas e acabar com isso tudo." ela dizia.
Ali eu notei que eramos uma só.
Nós conversávamos, mas era dentro de nossa mente.
Eu pude acessar todo o sofrimento que ela viveu, e vice-versa.
Aquele local que nos encontrávamos não era a realidade.
Foi tudo muito rápido pra quem estava de fora, mas pra gente pareciam horas de conversa em nosso subconsciente.
Armin, ainda chorando, observava nossa união com uma mistura de emoções.
As lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto de Armin, mas agora eram lágrimas de alívio e esperança. Era como se um fardo imenso tivesse sido retirado de seus ombros, enquanto ele depositava sua confiança em nós.
Boreal e eu eramos uma só.
Eu sabia o que ela pensava e vice-versa.
Era muito poder, era muito estranho… Foi o Armin que criou isso…?
Armin, ainda emocionado, observava a união entre mim e Boreal com uma mistura de emoções.
Seus olhos inchados de tanto chorar expressavam alívio e esperança, porém, culpa também.
De qualquer forma, era como se um fardo imenso tivesse sido retirado de seus ombros, enquanto ele depositava sua confiança em nós.
Boreal e eu nos fundimos em uma só entidade, compartilhando pensamentos e emoções. Era um poder extraordinário, algo que jamais poderíamos ter imaginado. Não tem mais retorno.
Mas Armin sabia que foi ele quem desencadeou essa transformação. "Eu... Eu sinto muito por tudo isso", Armin murmurou, tentando conter as lágrimas.
"Eu não tinha ideia do que estava fazendo, do poder que eu estava mexendo. Mas agora... agora vocês têm a resposta. Vocês têm a chave para corrigir tudo. E eu só atrapalhei tudo…" Eu olhei para Armin, compreendendo o peso de suas palavras. Apesar de todas as consequências devastadoras, ele ainda era parte de nós.
A dor e o remorso em seu rosto eram evidentes, mas também havia um brilho de esperança. Ele confiava em nossa capacidade de solucionar os problemas criados. "Armin, você não está sozinho nisso", eu disse, minha voz ecoando em sua mente. "Você não pode carregar toda a culpa sozinho. Nós três estamos unidos agora, e juntos encontraremos uma solução para reparar os danos que foram feitos." Armin assentiu, as lágrimas ainda escorrendo por seu rosto. Era um momento de reconciliação e de busca por redenção.
"Eu estou disposto a fazer o que for preciso para consertar tudo isso. É o que vim fazendo…", Armin disse.
"Eu aprendi com meus erros." ele completava.
"Eu... Eu não posso acreditar que isso tenha acontecido", Armin murmurou, sua voz carregada de exaustão. "Tudo o que eu queria era encontrar respostas, entender o universo, ajudar a Boreal, mas acabei causando tanto sofrimento pra todos, especialmente pra quem eu mais tentei proteger... Eu sinto muito." Eu pude sentir a sinceridade em suas palavras. Boreal e eu, unidas em pensamento, compartilhávamos o mesmo sentimento. Através dessa fusão, pudemos compreender a extensão do arrependimento de Armin e seu desejo genuíno de consertar as coisas.
Eu sentia as lagrimas escorrerem do meu rosto, mas essas lagrimas não eram minhas, eram dela, da Boreal original.
Ela chorava em agonia.
Deixei que seus sentimentos tomassem conta de meu ser e ela foi até ele acenando pra as pessoas na porta entrarem em silêncio.
“Eu sei como consertar tudo. Eu sou Deus, por enquanto pelo menos, a’te eu resetar tudo. Eu só tenho duas opções. Apagar tudo e começar do zero ou deixar que tudo que apague e toda a existência de tudo que vivemos suma pra sempre.” eu dizia de forma audível pra todos no local.
Eles prestavam atenção, porém, Armin do presente em um momento de descontração mal colocada como sempre falou “Deus ex machina? Sério? Simples assim? É assim que nosso anime vai acabar?” a vontade de bater não foi pouca.
“Não Armin, não é simples assim. Isso estava escrito desde o início. Essa jornada nunca foi sobre alienígenas ou um milagre salvando o mundo Armin. Essa jornada no fim foi somete pra mostrar que temos que aceitar a realidade como ela é e somente seguir em frente. Foi por tentar mudar tudo que tudo chegou onde chegou.
Foi por você não aceitar meu luto e tristeza que eu cheguei no estado que cheguei. Talvez se tivesse me respeitado e apoiado eu tivesse me curado, assim como a outra Boreal.” ela dizia usando o corpo que agora era nosso.
Pelas reações creio que conseguiam distinguir quem estava falando.
Armin ficou em silêncio e engoliu seco.
“Nós destruímos tudo juntos. Não foi você nem fui eu sozinha, mas os dois juntos. Esses anos todos tudo teria se solucionado se só seguíssemos em frente ao invés de tentar mudar tudo.
Eu queria deixar de existir nesse plano, queria dar um jeito de voltar pra minha dimensão pra arrumar a vida de todos aqui, enquanto você Armin, queria me dar uma felicidade plena sem perdas e nenhum problema na vida. Essa jornada toda não é definida por uma simples maquina do tempo ou um poder cósmico. Parece complexo, mas é tudo muito simples. Quantas realidades nossas não terminaram diferentes?” falei.
“Lutamos contra anormalidade, tristezas, contra as coisas estranhas, mas, convenhamos, tudo sempre foi do mesmo jeito até chamarem atenção pra essas coisas.
Notou que as coisas era muito mais estranhas no início de tudo? Tudo parecia mais caótico. O simples fato de eu ter virado a chavinha e tratado tudo com naturalidade transformou tudo em algo natural. Justamente por isso que com o passar do tempo elas foram se tornando comuns e melhores, se tornando “normais”. Porque eu as encarei diferente.
Normalidade é definida por frequência, por maioria, quando tudo aquilo que era estranho se tornou cotidiano, e quando todos na situação entenderam onde se encontravam as coisas começaram a se alinhar. Só devíamos ter seguido aquele fluxo, mas desde o início eu corria atrás de regular as coisas aos padrões sociais e humanos. Quando convenhamos? Não eram coisas que sequer afetam os demais a minha volta até então.” completei.
As pessoas ao nosso redor ouviam atentamente, absorvendo cada palavra que Boreal expressava através de mim.
Era um momento de revelação e compreensão, onde todos começavam a perceber a verdadeira natureza de nossa jornada.
Armin, ainda abalado pelas palavras de Boreal, parecia refletir sobre suas ações e a maneira como tentou controlar e moldar a realidade de acordo com seus desejos.
Ele se deu conta de que a busca por uma felicidade plena e livre de problemas não era o caminho certo, mas sim aceitar a realidade e seguir em frente.
"Você está certa, Boreal. Nós tentamos mudar tudo, fugir das dificuldades e dos problemas, mas no fim só causamos mais destruição. A jornada era sobre aceitar a realidade e encontrar a paz dentro dela", Armin finalmente reconheceu.
Enquanto as palavras de Boreal ecoavam no ar, uma sensação de calma começava a se espalhar pelo local. Era como se todos ali estivessem conectados, compartilhando o mesmo entendimento e dispostos a seguir adiante.
Olhei para Armin, vendo nele uma mistura de arrependimento e esperança. "Armin, você não está sozinho nisso", sussurrei, permitindo que minhas palavras ecoassem em sua mente mais uma vez.
"Todos nós cometemos erros, mas também temos o poder de corrigi-los. Juntos, podemos encontrar uma solução e construir um futuro melhor." Armin olhou para mim, seus olhos expressando uma nova determinação.
"Sim, juntos podemos superar isso. Eu aprendi com meus erros, e agora é hora de fazer o que é certo", ele afirmou, suas palavras cheias de convicção.
Boreal e eu, unidas em pensamento, compreendíamos que a jornada não era sobre poderes cósmicos ou máquinas do tempo, mas sim sobre aceitação e crescimento pessoal. Com as pessoas ao nosso redor, prontas para seguir adiante, sabíamos que tínhamos a responsabilidade de reparar os danos causados e construir um futuro em que a paz e a harmonia prevalecessem… Dentro do possível, é claro.
O destino do universo estava em nossas mãos, e juntos, todos nós estávamos prontos para enfrentar o desconhecido, aprender com nossos erros e moldar a realidade de uma maneira que trouxesse esperança e felicidade para todos.
O “anime” que Armin mencionou, afinal, não seria o fim de nossa história, mas apenas o começo de uma nova jornada em busca da redenção e do verdadeiro significado da vida.
“Eu sinto o poder percorrer meu corpo. E é isso gente. A partir daqui eu vou só… resetar tudo, até acabar com todas as linhas.” falei respirando fundo.
“Isso significa que… vamos esquecer de tudo…?” Bia falou tímida.
“Eu pensei em… deixar um mecanismo em nosso cérebro pra após o reset recuperarmos nossas memorias daqui um tempo… É a única forma que encontrei de nos permitir viver bem…” quando eu falei isso todos se encararam apreensivos.
“Vamos então… esquecer tudo isso… por um tempo?” Nathaniel tomou frente.
“Sim… Não sei o que vai acontecer. Eu vou distribuir as novas vidas pra cada um de nós e apagar tudo. Mas vou deixar uma data específica pro nosso despertar, pra que não cometamos os mesmos erros de agora. Eu posso arrumar tudo, mas eu não sei como o mundo vai caminhar depois que eu deixar de ter esses poderes. Isso aqui é temporário. E esse universo está destruído já.” falei.
“Eu vou… esquecer de você…?” Armin falou apático.
“É temporário Armin. Vamos nos lembrar depois.” falei.
“E se… até eu lembrar você tiver morrido…? Ou se tiver casada com alguém? Ou se—”
“Armin, lembre-se, a lição: seguir em frente.” falei firme enquanto o encarava.
“Vocês… podem me falar o que querem pra vida de cada um de vocês. Pensei em unir algumas versões nossas assim como a Boreal original fez comigo. Assim como posso fazer uma vida completamente nova pra quem já era alguém, tipo Armin do futuro, presente e passado serem pessoas diferentes.” eu dizia.
“Eu posso ser irmão de verdade do meu irmão?!” Alexy dizia.
“Sem dúvidas!” eu sorri.
“Nesse caso era melhor deixar ele pra deixar de existir…” enquanto Armin falava isso em tom de brincadeira Alexy batia nele, descontraindo o clima.
“...Mãe…” Rémy tomou frente.
Eu pude sentir a Boreal dentro de mim chorando horrores de ver ele ali, com ela, aquele filho que ela nunca teve a chance de conviver.
Ver o Rémy na minha frente me fez pensar que ele queria uma vida feliz, quem sabe com a Vio? Mas quando ele fez o pedido eu só… entendo sabe?
“O que deseja pra sua vida nova Rémy?”
“... Eu quero que apague tudo. Eu não quero participar do despertar…” quando ele falou isso eu confesso que gelei a princípio.
“Não entendo… por quê?” perguntei inicialmente confusa, mas logo entendendo.
“Não me entenda mal… eu amei conviver com vocês todos, mas, eu tenho muitas memórias ruins. Eu vivi maior parte da minha vida viajando no tempo, seguindo um caderno e cometendo crimes, eu não quero lembrar disso eu só quero… ser uma criança normal. Eu quero continuar sendo seu filho mas… Não quero ser um adulto com essas memórias, eu quero ser uma criança sem memórias, eu quero a chance de começar a vida do zero… se puder.” eu fiquei apreensiva a princípio por achar que ele não queria mais ser meu filho, mas ao entender, eu tive paz…
Só o abracei. Eu sei o que ele passou, e provavelmente não sei nem metade. Tudo que prometo dentro da minha mente foi que daria uma vida maravilhosa pra ele, e definitivamente na linha do destino dele eu escreveria que ele seria meu filho.
Eu não sei com farei isso, como farei pra que ele seja meu filho novamente, especialmente sem memória alguma, mas definitivamente ele será.
“Serei a melhor mãe do mundo, eu prometo…” eu cochichei enquanto o abraçava forte.
Meus pensamentos logo foram interrompidos pela Vio falando comigo.
“Boreal… eu sei que não sou a Violette verdadeira da sua linha, mas, já que eu morri lá, eu posso te pedir pra… não apagar minhas memórias? Mesmo eu não sendo a original da sua linha?”
“Violette, não tem isso de original mais. Se você quer isso, de preservar suas memórias, assim será feito.” eu sorria pra ela.
“O-Obrigada… Eu realmente não quero esquecer de vocês, especialmente do Rémy. . . Sei que ele pediu pra ter as memórias apagadas, mas eu quero poder preservar nossos bons momentos e quem sabe poder revivê-los com ele de outra forma.”
“Sabe que ele será uma criança né? Ou quer voltar como criança também?” falei séria.
“S-Sim! Eu sei!! N-não quero voltar criança não! Eu não estou falando de nada nesse sentido Boreal!” ela falava nervosa enquanto eu ria.
“Mas. . . Quero poder mostrar pra ele meus desenhos, ensinar pra ele sobre flores, ficar horas conversando ou só em silêncio sentindo o vento bater na nossa pele, e ver ele se tornar um rapaz ainda mais incrível do que o que eu conheci… D-Desculpa falar essas coisas do Rémy… Que vergonha…“ ela falava se contendo e me fazendo rir.
“Eu agradeço que tenha sido uma das únicas pessoas que deu essa chance pra ele Vio. Obrigada por ver nele o que nem eu fui capaz de enxergar. Pode deixar. Serei grata.”
E nós duas nos abraçamos.
Em seguida ela foi até o Rémy o abraçar também.
O clima de despedida estava nos consumindo.
“Algum pedido especial a mais?” quando falei isso Castiel levantou o braço desesperado, eu já estava pronta pra gritar com ele, sabia que vinha merda.
“Pode me trazer de volta com um dedo que funciona como maquina de tatuagem?” ele falava empolgado.
“Claro que posso Castiel. Mas obviamente não vou!” como eu disse, eu sabia que gritaria.
“PORRA! PORQUE SEMPRE COMIGO?! NA MINHA VEZ NUNCA POSSO NADA! QUE MERDA!” Ambre na mesma hora o cortou e falou comigo.
“Posso pedir pra que ele venha com cérebro depois do reset?” Ambre dizia me fazendo conter um riso.
“Posso tentar… Mas acho que isso está fora da lista de coisa que consigo fazer com poderes cósmicos e fenomenais.” obviamente ouvia o Castiel gritar o triplo.
“Eu quero voltar com cara de protagonista de anime.” Armin dizia.
“Cala a boca seu fedido.” Alexy dizia.
“No mínimo eu podia voltar com a cara do Lysandre. O cara era o mais bonito do grupo.” quando o Armin disse isso todos concordaram.
“Bem, mas saiba que se vier com a cara do Lysandre eu vou te enfiar a porrada sem dó.” Castiel dizia.
“E eu não sentirei medo de te odiar.” eu completava.
“Beleza, deixa essa ideia pra lá… mas o que vai ser do Lysandre então?”
“Vou tentar mover os pauzinhos pra que o Ariel fique com a Priya. Ela é muito apegada a ele, assim, talvez apagando tudo, quem sabe não consigamos dar uma segunda chance pra ele igual farei com o Rémy?” respondi.
“Eu quero ser irmão do Castiel! Por favor!” o Azriel dizia fofamente.
“Porra porque meu irmão?!” ele gritava.
“Porque eu amo ter sua cara e amo você Cassy!” Azriel completava.
“Mosso grupo vai ter o terceiro par de gêmeos, que legal.” Bia dizia rindo.
“E agora vai poder pegar o Az a vontade sem culpa, finalmente hein Bia?!” Alexy falava rindo horrores enquanto a Bia entrava em colapso de tanto rir.
“Agora que pensei, Boreal, como fica o resto do pessoal que nos acompanhou e ficou pra trás? Rayan, Sophie, etc…” Nathaniel questionava.
“Eu darei um bom destino a todos… pelo menos, até onde eu puder, eu só terei controle na criação do universo novo, o que o destino fará eu não terei culpa, me esforçarei pra dar uma vida que não faça com que ninguém termine em sofrimento. Pelo menos vou tentar… Meu pai Eliott eu pretendo mantar-lo vivo e devolvê-lo suas memórias.” quando falei isso Dake tomou frente.
“Teria como apagar somente… meu tio?” quando ele falou isso todos ficaram em silêncio.
Era um assunto bem sério e tenso.
“Claro Dake… de referência apagar aquele crápula da realidade…” respondi indignada.
“Kentin vai voltar?” Armin perguntou.
“Obviamente! Quero dar a melhor vida pra ele. Compensar tudo que ele viveu… Ele com certeza terá o despertar! Eu não quero perde-lo de novo…” era horrível pra mim falar do Ken.
“Mais alguém tem algo a pedir? Nath? Bia?” questionei.
“Eu só não quero esquecer de nada.” Bia dizia.
“Eu… também não quero esquecer de absolutamente nada.” ele dizia com aquele olhar gentil de sempre.
Armin do futuro estava isolado, mas sorria pra todos.
“Armin?” eu questionei.
“Posso não ser fundido com o Armin ?” ele dizia.
“Ah, quer ser uma pessoa a parte Assim como o Alexy e o Azriel? Eu posso faz–”
“Não, eu quero deixar de existir como eu mesmo.” quando ele falou isso todos se silenciaram. Afinal, todos adoravam o Armin do futuro.
“Hã…? Armin…?”
“Eu sei que você pode fazer o que quiser mas… Eu realmente quero só descansar em paz entende? Nada de vida nova ou de apagar minhas memórias antigas. Só, sumir sendo eu mesmo.” ele estava com um rosto que transmite paz, ele não parecia falar no impulso.
“Mas, por quê?!” Rémy gritou surpreso.
“Eu já vi de tudo, já vivi de tudo, e já fiz de tudo. Eu realmente só quero poder finalmente desaparecer. Eu alcancei meu objetivo no fim das contas, estou satisfeito. Por favor, Boreal, é tudo que peço. De coração. Me deixe descansar em paz.”
“...“ Eu tremia, mas eu entendia o que ele queria, e com grande dificuldade eu decidi dar o ele me pediu.
Balancei minha cabeça positivamente depois de muito tempo, eu sequer conseguia olhar pra seu rosto.
Mas ele se aproximou de mim, e levantando meu rosto ele agradeceu.
“Obrigado… Por fim, tenho um último pedido. Avisa pra Boreal o quanto eu amo ela tá?” ele dizia pra mim me encarando no olho com paz.
Uma atitude que o Armin mesmo do futuro tem dificuldade de manter, mas que ele conseguiu.
Era como se ele procurasse a Boreal dele em mim, e eu sei que ela recebeu a mensagem dele. Porque as lagrimas que soltei eram dela, não minhas. Eu podia sentir.
“Ela está aqui, pode falar. Somos uma só Armin.” eu dizia.
Armin soltou mais algumas lágrimas antes de me tomar nos braços e me beijar.
Aquele beijo não me pertencia, e eu conseguia sentir aquilo, aquele beijo era direcionado a Boreal original.
E toda a intensidade do beijo não partiu de mim, e sim dela.
Depois de tanto tempo, eles se tocaram uma última vez, em sua despedida…
Após o beijo, Armin repetiu que me amava, e em seguida direcionou sua atenção pra mim, enquanto se acalmava.
“Eu quero ser desfeito logo, por favor…” ele dizia.
“Agora… de uma vez?” perguntei.
“Quanto antes melhor.” quando ele disse aquilo eu fiquei apreensiva, era como matar uma pessoa muito importante. Mas… eu o entendo, e eu não posso obrigá-lo a viver mais, especialmente depois dele ter já vivido acima do esperado.
Eu estava pronta pra faze-lo desaparecer.
“Posso fazer duas perguntas antes?” eu questionei tocando seu ombro, ele só assentiu com a cabeça.
“Porque um quarto branco?”
“Eu queria… que ela sentisse paz. Eu deixei várias tintas no canto pra caso ela quisesse colorir o quarto como uma grande folha em branco, mas a Boreal nunca quis…” a resposta dele tinha sentido.
“Oh… entendo… E porque força pensamento? Porque insistiu nisso?” perguntei.
“Porque eu notei o padrão lá atrás com o Castiel e o Nathaniel. Eu nunca tive certeza que funcionaria nesse caso, mas estava certo que já havia funcionado com os dois. Logo, existia. Na nossa vida caótica não tinha porque eu ignorar isso e agir como se isso fosse impossível de acontecer.”
“Entendo… obrigada por tudo e todas as respostas…” eu falei.
Ficamos em silêncio um tempo até eu tomar coragem de tentar usar os tais “poderes” pra apagar a existência dele.
Eu chorava, mas vi que estava funcionando.
Meu choro era mais intenso que o normal, pois não eram só minhas lagrimas, mas as lagrimas de duas Boreais…
Todos estavam tensos no local olhando ele desaparecer pouco a pouco.
Pude notar vários de nossos amigos chorando, mas ninguém, nem mesmo Castiel falou nada.
Só aceitaram a escolha do Armin em silêncio.
É… acabou…
Ficamos em longo silêncio na sala.
Eu me direcionei aos meus amigos ao ouvir a voz do Castiel que finalmente falou após o longo silêncio de luto.
“Vamos combinar que quando recobrarmos a memória vamos todos nos reunir no parque de Dinard? Como nos velhos tempos!” Castiel dizia tentando animar o local.
Todos concordaram na mesma hora. Então estava feito, quando tivéssemos os despertar iriamos todos estar presentes no parque.
Tenho muito medo do que vai acontecer após esse reset mas… Mesmo com medo irie seguir em frente.
Sempre seguir em frente.
Nunca mais deixar tudo sair do controle como aconteceu…
Por fim, todos deram um abraço em grupo.
Pude notar desconforto no rosto do Armin mas ainda assim ele não tentou sair do abraço, mas também não conseguia retribuir.
Ele estava muito, mas muito melancólico mesmo.
“Antes de reiniciar tudo, gostaria de escrever no diário uma última vez, pode ser? Sei que o diário vai desaparecer mas… Quero sentir isso uma última vez.” E todos se afastaram e começaram a conversar entre si uma última vez antes do reset enquanto caminhavam pra porta.
Armin era o único que ainda não havia se retirado da sala, era o último a se despedir.
"… ainda vamos nos ver… né?" Armin dizia encostando sua cabeça na minha.
"Com certeza… em poucos minutos."
“... Você tem certeza…?” eu podia sentir a voz dele tremendo enquanto ele falava.
“Tenho Armin. . . Seu sacrifício não foi em vão. O sacrifício de nenhum dos nossos amigos foi.”
"... Obrigado por tudo…" ele falou abaixando a cabeça e desviando o olhar.
"Eu quem agradeço Armin. Bem, até logo" falei dando um último beijo nele.
“Você vai ver como vai ser rápido…” falei cochichando pra ele.
"E-eu te… te amo" ele falou com grande dificuldade me fazendo temer por uns segundos que tudo poderia dar errado, afinal. É minha vida.
“Eu também.” eu me continha pra não chorar enquanto o respondia.
Por fim, ele também se retirou, e ficou só eu e você meu diário.
O poder existe, e eu sei, pois usei do Armin do futuro, mas e ai?
Todo resto vai dar certo?
Armin tem razão, e se minha vida for diferente? E se eu morrer antes do despertar? E se eu casar com outra pessoa quando lembrar do Armin?
Eu não tenho que pensar nisso agora… É importante…seguir…em frente…
Eu, estou nesse exato momento escrevendo uma última vez.
Provavelmente nunca mais vou ver esse diário, e tudo isso está sendo atoa, mas… passei tanta coisa contigo que eu quero escrever essa ultima vez minhas aventuras.
Minha última aventura que depois desse reset nunca vai ter existido.
Se tudo der certo, serão apenas lembranças em nossas mentes.
Foram os anos mais loucos da minha vida e provavelmente da vida de qualquer adolescente
Mas agora, tudo vai acabar.
Obrigada por ter me feito companhia todos esses anos.
Obrigada por ter vibrado comigo, chorado comigo e torcido pela minha felicidade e dos meus amigos comigo.
Esse ciclo se encerra pra começar outro muito melhor.
E se não for tão melhor, tá tudo bem também, vou só levantar a cabeça e seguir em frente.
Mudar o passado não fará as coisas melhores, pelo contrário, pode acabar com quem sou eu e até mesmo com a realidade como vimos…
Eu definitivamente aprendi a aceitar as coisas como são.
Devemos deixar que as pessoas morram, deixar que as coisas ruins aconteçam pra dar chance pra que coisas boas possam vir a acontecer.
E quanto mais a gente tenta impedir isso, pior fica, mais doloroso é, e era isso que eu e todos devíamos aprender.
Eu precisei comer o pão que o diabo amassou pra entender algo que parece tão simples, mas que é tão difícil de pôr em prática…
Bem, eu estou pronta.
Acho que tá na hora de ir com meus amigos e resetar tudo.
Espero que nossa nova vida seja incrível e que sejamos todos felizes, e caso algo ruim aconteça, vamos só aceitar o fluxo das coisas como elas devem ser…
Adeus, diario.
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CAPÍTULO 2
Avisos: Violência
Contagem de palavras: 4,611k
Acordei assustada, minha testa suava muito e minha respiração estava acelerada, fazendo o meu peitosubir e descer rapidamente. Sonhei o mesmo sonho essa noite, não sei se devo chamar de sonho, pesadelo é o mais adequado. Os gritos da minha mãe, o cheiro de sangue e fumaça ainda estavam frescos na minha memória, era muita coisa para uma criança passar. Tentando acalmar a minha respiração, fechei os olhos e tentei tirar toda a agonia que rondava a minha cabeça.
Quando finalmente meu coração parou de bater como um tambor em dia de festa, o sino tocou. Prestando mais atenção onde eu estava, vi o Eren dormindo esticado no chão com a Mikasa o olhando de costas para mim. Ela não deve ter me visto, já que estava com o olhar tão focado no garoto. Coçando os meus olhos para tirar o incômodo de uma noite mal dormida, voltei minha atenção para o Eren. Ele parecia estar na mesma situação que eu estava a poucos minutos atrás, preso em um pesadelo. Finalmente tomei coragem e me levantei do chão frio que eu estava deitada, passamos a noite dentro do que parece ser um depósito, dormimos no chão duro, bem diferente do que estávamos acostumados.
— Acorda ele, Mikasa. - disse finalmente tendo a atenção dela. — Ele não merece ficar preso no mesmo pesadelo. - falei me direcionando para a porta do local. — Vou pegar comida, me espera aqui. Onde está o Armin? - perguntei notando a ausência do loiro.
— Ele está com o avô dele, acho. - ela falou olhando para o chão. Apenas concordei e voltei a tomar o meu caminho para fora dali.
Assim que deixei os dois pra trás pude ver a situação que nós refugiados estávamos. Tinha muitas pessoas em um grande pátio formando várias filas para pegar comida que os soldados da muralha estavam distribuindo. Andando entre a multidão, mesmo que eu tenha me espantado com a grande quantidade de pessoas em tão pouco espaço no começo, analisando melhor eram muitos poucos sobreviventes. Shiganshina tinha uma boa quantidade de população, e ver que apenas isso sobrou, me deu um aperto no peito. Então o meu pai veio na minha cabeça, o que me fez ficar ainda mais triste. Quando chegamos ontem no distrito mais próximo e seguro, eu não consegui dormir sem antes vasculhar todos os que desciam dos barcos e os abrigos lotados de pessoas desoladas que perderam tudo. Fiquei horas e horas procurando por ele, e nada, nem mesmo um sinal da sua presença. A sensação de ser uma órfã me apavorou, mas tentei me acostumar com a situação e aceitar que meu pai realmente morreu naquele massacre, seria mais fácil do quê alimentar uma falsa esperança, embora ainda me arde os olhos pensar que perdi as pessoas mais importantes da minha vida.
Andando ainda com todos esses pensamentos não prestei atenção ao meu entorno e acabei esbarrando com alguém sem querer. Tirando os meus olhos do além e voltando para a pessoa a minha frente para pedir desculpas, vi que havia esbarrado em uma menina com cabelos loiros e olhos azuis. Seu rosto estava tão relaxado e seus olhos transbordaram indiferença.
— Me desculpe, eu não estava prestando atenção. - disse com um leve aceno de cabeça.
— Eu também não. - ela disse. Dei um sorriso muito leve de canto com sua declaração. Estava pronta para virar para ir a uma fila para pegar comida para mim e para os outros, mas a garota que ainda não sei o nome parecia que ia falar alguma coisa. Voltei novamente minha atenção para ela, esperando que falasse algo, mas ela só ficou me encarando por um tempo.
— Está tudo bem? - perguntei franzindo a minha testa e inclinando levemente a cabeça para o lado. Ela ainda não me respondia, mas seu olhar se desviou para o meu colo, logo abaixo do meu pescoço. Quando fui ver o que lhe prendia tanto a atenção notei o colar que minha mãe me dera antes de morrer, e imediatamente entrei em pânico. Não podia deixar as pessoas verem ele, poderia descobrir quem eu verdadeiramente era e minha preciosa cabeça ia ser posta em uma estaca. Limpei minha garganta tocando no colar, precisava de uma desculpa, ainda bem que era uma boa mentirosa, afinal quem esconde sua verdadeira identidade por tantos anos deve ser alguma coisa. —Bonito não é? - comecei. — Vi ele jogado na multidão e peguei. Parece valer muito, não acha? Com tudo isso que está acontecendo, ele pode valer alguns dias de comida garantida. ‐ falei para a garota na minha frente repousando meu olhar em seus olhos para ver se ela caiu na minha mentira. Mas infelizmente, se eu sou uma boa mentirosa ela é uma ótima pessoa em não demonstrar emoção, seu rosto era tão passivo como da primeira vez que nos trombamos. —Nem coloque o olho, eu vi primeiro. - disse com um leve sorriso antes de colocar o colar de volta na parte de dentro da minha blusa. — Você já comeu? Estou indo pegar comida, quer vir comigo? - eu suspirei e perguntei tentando mudar de assunto. Ela desviou levemente o olhar para pensar mas logo voltou a me fitar. Ela acenou com a cabeça e fomos em direção a uma das filas que estava atendendo mulheres e crianças como prioridade, eu fiquei na frente e a menina logo atrás.
— Sabe...- a loira atrás de mim começou a falar e me virei para ouví-la melhor. ‐ Você deveria tomar cuidado com isso. Guarda ele bem, com toda essa bagunça, ele pode ser roubado pela segunda vez. - sua voz era calma e não esboçava muita emoção, mas mesmo assim eu sorri pequeno antes de responder.
— Tudo bem, obrigada pelo conselho. - disse. — O que me lembra, eu não sei o seu nome.
— Annie. Annie Leonhart. - ela finalmente disse.
— Prazer, Annie Leonhart. Sou Diana Edwards. - falei por fim. Queria saber mais sobre ela, mas não acho que agora seja o melhor momento para perguntar o passado das pessoas com toda essa confusão que está acontecendo.
Nós finalmente pegamos nossa comida, eu peguei a mais para o Eren e a Mikasa, a Annie só pegou uma porção, imagino que ela esteja sozinha como muitos aqui.
— Você está sozinha? - perguntei. Estávamos andando juntas, mas sei que íamos nos separar em breve.
— Sim. - ela demorou a responder, mas deu uma resposta firme não dando muitos detalhes.
— Então vem comigo, estou com mais outras pessoas. Não acho que seja muito seguro ficar sozinha em um momento como este. - ela parou e quando percebi que não estava mais sendo acompanhada também parei o passo e olhei para trás. Ela estava olhando para o chão, não conseguia ver os seus olhos. — Prometo que não estou te levando para nenhuma emboscada. - brinquei, mas não acho que eu tinha muito humor para ser engraçada agora. Annie deixou de fitar o chão e me encarou.
— Tudo bem, eu vou com você. - seu rosto estava impassível como sempre. Ela me alcançou e começamos a andar em direção onde o Eren e a Mikasa estavam. Antes de chegarmos até lá encontramos eles fora do depósito. Assim que chegamos perto, estava prestes a apresentar a nova órfã do grupo mas fui impedida pelo Armin que nos chamou. Ele corria em nossa direção com alguns pães nas mãos.
— Meu avô conseguiu comida, disse que era para crianças. - ele finalmente chegou perto e viu que eu também carregava pães. — Ah você também conseguiu? - ele me questionou e eu acenei com a cabeça.
— Quanto mais melhor, não? - eu disse distribuindo a parte da Mikasa e do Eren. Pude sentir uma presença atrás de mim e olhei para trás para ver um soldado da muralha fazendo cara feia para o nosso grupo. O que há com esse cara?
Antes que eu pudesse verbalizar esse pensamento o Eren falou primeiro, acho que eu e a Mikasa compartilhamos o receio dele ir enfrentar o soldado pela cara de desaforo, mas ele não fez nada além de questionar, por enquanto. O Armin explicou que há muitos refugiados e o distrito já sofria com escassez de alimentos, não dá pra culpá-lo, mas fazer cara feia para crianças que acabaram de perder tudo e ainda estarem com fome? Aí já é muita infantilidade.
— Gente, essa é a Annie. - comecei a apresentar a garota ao meu lado, tentando ignorar a situação que nós presenciamos. — Annie, esses são Eren, que eu gosto de chamar carinhosamente de tapado. - o garoto soltou um " como é que é?" Mas eu apenas o ignorei. — O Armin e a Mikasa. - terminei de apresentá-los. Eles se cumprimentaram, e não deixei de notar o olhar muito demorado do Armin nela.
Quando estávamos prestes a nos locomover para comer em um lugar menos movimentado ouvimos uma briga atrás de nós. Nos virando para ver o que tinha ocorrido e vimos alguns homens brigando por comida. Instintivamente, olhei para o Armin que ainda carregava três pães nas mãos e fiz um sinal para que ele os escondesse. Não demoraria para as pessoas começarem a matar por um simples pedaço de pão.
— Vamos, temos que sair daqui...- minha fala foi deixada de lado quando a fala de um soldado, o mesmo que nos olhos com cara feia, chegou nos nossos ouvidos.
Ele falou alguma coisa sobre como os estrangeiros eram horríveis e como nós não merecíamos a comida que estávamos recebendo. A gota d'água foi ele dizer que os titãs deveriam ter comido mais gente, assim restaria mais comida. Um fogo enorme se espalhou pelo meu corpo consumido pela mais pura raiva. Como um ser humano pode falar uma coisa tão horrível dessas? Ele com toda certeza não presenciou um milésimo que nós tivemos que ver, ele deve dormir muito tranquilo pela noite. O pão na minha mão se reduziu a migalhas e uma massa amassada, precisava dissipar minha raiva de algum jeito, acredito que se fosse um pouco menos centrada voaria naquele homem, e o faria se arrepender de dizer essas palavras podres. Recobrei um pouco do juízo quando senti uma mão no meu ombro, era a Annie.
— Você vai acabar com a sua única refeição do dia. - ela disse e só agora olhei para o pão, se é que eu ainda podia chamar assim, que estava na minha mão. Ela pegou ele e trocou pelo dela. Eu estava prestes a devolvê-lo, mas minha atenção foi tomada quando o Eren começou a andar passando do meu lado e indo em direção ao soldado. Sem que tivéssemos tempo suficiente para agir, ele chutou a canela do guarda que falava todas essas besteiras. Sinceramente, ele merecia coisa muito pior, mas não sou impulsiva e sem noção para atacar um soldado o dobro do meu tamanho e que com certeza me derrubaria em dois tempos muito facilmente.
Não demorou muito para que o soldado reagisse e batesse no nosso amigo, fazendo com que eu, Mikasa e Armin fossemos em direção a ele. A garota foi ajudar o Eren que estava no chão com o rosto vermelho pelo esporro que tinha tomado. Eu e o loiro ficamos na frente do Eren, pondo uma barreira entre o garoto no chão e o soldado.
— Perdão, o meu amigo está assustado e com fome e foi por isso que ele descontou em um adulto. - o Armin começou, ele foi muito mais educado do que eu seria nessa situação. Mas não poderia esperar menos dele, ele sempre foi o mais cabeça fria e com simpatia para lidar com pacificamente com essas situações.
— E não acho que bater em crianças com fome seja uma imagem que a polícia quer passar. Não é? - perguntei friamente. O Armin ficou na minha frente dessa vez, me lançando um olhar um pouco mais duro. Ele se inclinou para a frente e pediu desculpas.
O idiota do soldado ainda falou algumas besteiras como que nós só estamos vivos graças a eles e que deveríamos ser mais agradecidos. O Armin concordou e os soldados logo saíram, me virei automaticamente para o Eren para ver a sua situação. A Mikasa o ajudou a se levantar e ainda era possível ver a raiva no seu olhar.
— Olha aqui seu desmiolado. - comecei chegando mais perto dele. — Você vai acabar nos matando, se controla! - dei um tapa na nuca dele, ele reclamou e colocou a mão no local para diminuir a dor. — Mas vem cá, se for chutar alguém, vez vê se chuta com mais força.
— Não vai ter uma próxima vez! - a Mikasa disse nos repreendendo, o Armin fez o mesmo.
— Ele mereceu, Armin. - o Eren disse, depois de uma leve discussão a Annie se juntou ao nosso grupo novamente e fomos comer em um lugar mais calmo, como era o planejado antes de tudo isso ocorrer.
Chegamos em uma área que ainda era aberta e tinha poucas pessoas circulando, ninguém nos incomodaria. Achamos um lugar para sentar e começamos a comer. Agora me lembrei que a Annie me deu o pão dela no lugar do meu amassado.
— Toma. - disse estendendo o pão na direção dela.
— Eu te dei esse. - ela rebateu voltando a atenção para os seus pés que mexiam soltos.
— Mas ele é seu! Me dê o meu amassado, você não pode comer aquilo. - insisti
— Eu já comi. - ela disse e minha cara quebrou. Tentei ainda discutir com ela e dar um pedaço do meu pão, mas ela não aceitou até o Armin ofereceu, mas ela disse que estava bem.
— Se ficar com fome, avisa. Eu tenho sobrando. - o Armin terminou e a loira concordou, finalizando essa discussão. Terminamos de comer em silêncio, mas ele não se seguiu por muito tempo.
— Eu vou voltar para a muralha Maria e vou acabar com todos aqueles seres horríveis! - o Eren começou e eu deixei um suspiro sair.
— Vai pegar a sua vassoura mágica e sair voando até lá pra acabar com todos eles? - comentei ironicamente.
— Você concordou comigo antes! Eles tem que morrer! - ele gritou me fazendo por a mão nos ouvidos. Ele estava bem do meu lado, precisava dessa gritaria toda?
— Eu concordei sim, e vou fazer eles pagarem por todo o estrago que fizeram - comecei a falar e me levantei do seu lado para ficar na sua frente. — Mas no momento, eu e você somos dois fracotes que vão morrer assim que colocarmos os pés na muralha Maria. Nós não podemos fazer nada agora, a não ser lamentar a morte dos que se foram. Agora para de gritar e come a droga do pão, se não, antes de morrer pelos titãs você vai morrer de fome! - falei firmemente, o garoto à minha frente cerrou os dentes e os punhos olhando para o chão. Eu tomei a iniciativa de dar um sermão nele. Certo que quem fazia mais isso era a Mikasa, mas dessa vez senti que deveria falar isso. Parando para notar, eu sempre tive um olhar mais protetor com eles, e no momento, eles são os únicos que me restam, não posso deixar eles morrerem.
Voltando a sentar no meu canto pra terminar de comer achando que a discussão já tinha acabado, me frustrei quando ele voltou a falar. Falar não, gritar. Ele começou a tagarelar um monte, e ainda começou a puxar briga com o Armin com aquele mesmo papo de ser gado. A discussão chegou a um ponto que me fez sair do meu lugar e ficar do lado do Armin tentando calar a boca do Eren, o estopim foi quando ele chamou o seu amigo de covarde. Eu fiquei surpresa, ele nunca foi de falar assim com o Armin, e assim que eu ia dar uma boa nele, no calor da situação, a Mikasa deu um soco no rosto do garoto que o fez cair no chão. Sempre gostei dessa garota.
— Se o Armin é um covarde, então nós também somos. - ela começou, o Eren no chão nem se mexeu mas sei que ele está acordado e ouvindo bem as palavras dela. — Nós fugimos e deixamos a cidade pra trás e não conseguimos fazer nada pra ajudar a sua mãe. - meu olhar que estava no garoto esparramado no chão se voltou para a Mikasa. Eu não soube de como eles escaparam e nem como a mãe do Eren não conseguiu sair da cidade com eles. — Ficar vivo é muito mais importante. Não foi sua mãe que disse? - ela finalizou e pegou o pedaço de pão do Armin que foi jogado nele pelo Eren e caminhou em direção ao garoto no chão. — A Diana está certa. Você tem que comer para sobreviver e eu não vou deixar você morrer de fome!
Ela colocou o pão inteiro dentro da boca do Eren, a situação foi cômica se não tivesse sido tão conturbada.
— A Carla não ia gostar de ver você com fome, honre a memória dela e fiquei vivo e saudável. - falei finalmente dando um fim na discussão. Os olhos dele começou lacrimejar e ele logo começou a chorar, em outra situação não mediria esforços para zoar com a cara dele, mas esse não era o momento. — Você não está sozinho, Eren. - disse bagunçando o cabelo dele e voltando a sentar no meu lugar do lado da Annie suspirando. Ela não disse nada da situação, apenas observou em silêncio.
Com o passar dos dias, nós tentamos sobreviver e ficar longe de problemas. Nós cinco ficamos juntos o tempo todo, mesmo que o Armin tivesse o avô dele, ele sempre ficava do nosso lado. A Annie não interagia muito com os outros, a não ser com o Armin, que ela parecia conversar tranquilamente. Rendeu alguns burburinhos entre eu, a Mikasa e o Eren. Mas mesmo assim, eu era a única que ela conversava por espontânea vontade, criamos uma boa amizade. Mas mesmo com essa aproximação ela não me disse sobre o passado dela, deve ser algo que ainda a machuca.
— Eu e meus pais vivíamos perto da família do Eren. - comecei um dia quando estávamos sozinhas sem conseguir dormir. Deixamos os outros dormindo no depósito e viemos tomar um ar para ver se o sono chegava. — Antes disso meu pai gostava mais do campo, não gostava muito de morar em cidades grandes, então até antes de eu nascer meus pais moravam perto das montanhas de Sajina. Já ouviu falar? - perguntei a loira que estava sentada do meu lado olhando para o céu.
— Sim, é perto do meu vilarejo. - ela disse.
— Minha mãe nunca parou de falar em como a água que descia das montanhas era uma visão única na vida. - só a lembrança do sorriso da minha mãe falando como o lugar era lindo e como seus olhos se enchiam de alegria me deu um aperto no coração. Acho que a Annie percebeu, pois ela parou de ver as estrelas no céu para me olhar. — Sinto falta dela. - disse com a voz embargada inclinando minha cabeça entre os meus joelhos e escondendo o meu rosto que certamente estava vermelho pela ameaça de derramar lágrimas a qualquer momento. Meus pensamentos foram interrompidos por um par de braços que me abraçaram.
A Annie não disse nada, apenas ficou me abraçando. Com a ação, a carapaça de garota forte que tomei nos últimos dias para manter todos bem se desfez e comecei a chorar. Ela permaneceu lá me abraçando, sem dizer uma só palavra, mas pude sentir seu abraço ficar mais apertado e vi seus pulsos cerrados, quase me passou despercebido o chiado de raiva que ela soltou. Dava pra ver que, embora seu rosto sempre estivesse relaxado e com indiferença para todos, ela ainda tinha sentimentos.
Nós ficamos lá por um tempo, até que eu me acalmasse e parasse de chorar. Quando minha respiração finalmente se estabilizou e as lágrimas pararam de descer desenfreadas, o abraço acabou. Ela ainda deixou uma mão nas minhas costas, subindo e descendo para ainda se fazer presente.
— Obrigada, eu precisava disso. - falei esfregando os olhos para limpar os olhos.
— Não precisa agradecer. Eu... - ela começou mas parou desviando o olhar para o chão. Quando eu ia falar algo ela voltou a falar. — Eu sei como é. Se afastar, quer dizer... perder alguém importante.
Eu sorri e passei a mão nas suas costas para tranquilizá-la e mostrar presença. Nós nos olhamos uma última vez antes de voltarmos a olhar para o céu. Não falamos mais nada, nós sabíamos quando não tinha mais nada para se acrescentar. A amizade que criei com a Annie foi muito singela, assim como eu agia como uma irmã mais velha com o Eren, a Mikasa e o Armin, ela também agia do mesmo jeito. Ela se tornou a irmã mais velha que eu nunca tive, eu agradeci por tela conhecido, eu sou muito próxima da Mikasa, mas nunca fui próxima das outras crianças do vilarejo, ela foi minha única amiga por muito tempo. Então fiquei feliz por ter mais alguém para compartilhar minhas tristezas e as felicidades também.
Ficamos mais um tempo lá até o sono finalmente chegar a nós. Fomos juntas até o lugar onde sempre dormimos e nos aconchegamos no chão frio antes de finalmente cair no sono. Mas antes que meus olhos se fechassem ouvi uma movimentação ao meu lado, onde a Annie estava. Mas meu estágio de sono já era tão avançado que não consegui me mover para olhá-la.
— Eu sinto muito. - ela disse. Mas a voz parecia tão longe que mal se registrava na minha mente antes de eu cair totalmente no sono e finalmente dormir.
Nos dias seguintes, tivemos que trabalhar no campo para garantir o alimento. A cidade já não conseguia sobreviver com a alimento que tinham, e com os novos moradores algo precisava ser feito para suprir a demanda de comida. Às vezes eu perdia a Annie de vista, ela sumia do nada mas logo voltava dizendo que tinha ido em algum canto, eu ficava preocupada, mas ela sempre voltava bem então tentei relevar. Eu também não podia reclamar muito dela, eu também precisei dar uns sumiço para dar um jeito no meu cabelo branco que crescia. Às vezes dava sorte de achar carvão ou se não conseguisse, me rendia ao furto, havia poucas lojas de cosméticos nesse distrito mas eu dava um jeito de não ser pega. Era isso ou morrer pelas pessoas descobrirem quem eu realmente era, ai todo o esforço dos meus pais em me salvar teria ido para o lixo.
Já a minha relação com o meu trio fantástico que já era muito próximo, ficamos mais ainda. Nós só tínhamos uns aos outros agora, precisamos nos cuidar. Eu fazia o possível junto com a Mikasa para que o Eren ou qualquer um de nós não morresse de fome. De vez em quando a Annie aparecia com um pedaço de queijo ou geleia, eu e o Armin repreendemos ela porque com toda certeza era roubado, mas no final todos nós agradeciamos e nos juntavamos em uma roda para comer.
Mas depois de um tempo, as coisas ficaram mais difíceis a ponto de cogitarem ter que recuperar a muralha Maria. Vários foram enviados, inclusive o avô do Armin foi mandado. Nós todos ficamos ao seu lado quando ele foi embora, no último momento o mais velho me deu um olhar que dizia "Cuide dele", respondi com um leve aceno. Sabia que essa era uma missão só de ida para muita gente, e por ele já ser de idade, não tinha certeza de que ele sobreviveria. Eu até tentei convencer os soldados superiores para não mandar ele, tanto pela idade avançada como por ser um guardião para nós, mas nada adiantou. A notícia veio depois de algumas semanas, a missão tinha sido um fracasso e que oitenta por cento não sobreviveu, entre eles o avô do Armin.
Ele chorava agarrado ao chapéu que seu avô lhe deu antes de partir, meu peito doeu pela dor que meu amigo passava. A Annie e a Mikasa estavam do meu lado, também comovida pela situação. Ambas não eram muito boas em demonstrar suas emoções, mas eu as conhecia bem, sabia que sentiam pelo garoto.
— Ano que vem eu vou me alistar para a turma de cadetes. - o Eren disse olhando para o chão.
— Eu também! - o Armin disse arrancando um olhar surpreso do moreno ao seu lado.
— Eu também vou. - a Mikasa disse ao meu lado.
— Você não precisa ir! Você mesmo disse que viver é o mais importante. - Eren rebateu a menina ao meu lado.
— E é por isso que eu vou, para garantir que você não vai morrer.
— Eu também vou me alistar. - comecei. — Não vou deixar vocês sozinhos lá dentro, sem contar que o Eren não sobrevive sem a gente. - falei apontando para a Mikasa. Ele ainda me retrucou mas eu passei a cabeça dele entre os meus braços.
— Para de encher! - ele disse soltando meu aperto. Ele se recompôs e direcionou o olhar para a garota loira que ainda estava parada ao lado da Mikasa. — E você? O que vai fazer? ‐ olhei para a garota também.
Nós já havíamos conversado sobre isso antes, ela me disse que também queria entrar para a turma de cadetes, mas não para ir para o Reconhecimento, como eu e os outros queríamos, ela queria ir para a polícia militar. A loira tentou por várias vezes mudar a minha ideia e tentar me convencer a ir para a polícia Militar com ela, mas eu já tinha feito a minha escolha, tinha que vingar a morte dos meus pais. Isso até rendeu uma briga em determinado momento, mas tudo se resolveu, ela respeitou a minha idéia.
— Eu vou para a turma de cadetes. Mas não pretendo me matar indo para o Reconhecimento. - ela começou cruzando os braços e se virando para ir embora. — Vocês deveriam avaliar melhor se querem jogar suas vidas assim. - ela finalizou olhando uma última vez para mim e caminhando para longe de nós. O Eren ia em sua direção, mas eu peguei no seu braço.
— Deixa ela. - eu falei. Ele olhou para o chão com os punhos cerrados e respirou fundo concordando.
— Então vamos nós quatro! - ele terminou de falar e o Armin se levantou indo para perto de nós. Todos concordamos, eu e o Eren já sabíamos o que queríamos, não esperava que o Armin se juntaria a nós. A Mikasa não deixaria o Eren sozinho, então imaginei que mesmo depois de muita discussão, ela iria se juntar a ele também. Mas a discussão não aconteceu, ela apenas concordou sem falar mais nada.
E assim correu, depois de quase seis anos finalmente chegamos a idade de nos alistarmos. E lá estávamos nós cinco, a Annie, Armin, Eren, Mikasa e eu. Sobrevivemos a tudo até agora, e estamos bem aqui no campo de treinamento integrando a centésima quarta turma da corporação dos cadetes. O tempo de treinamento é de três anos, para que finalidade possamos escolher nossa área de atuação. Eu entrei aqui já sabendo o que escolheria, nada irá mudar minha ideia.
Esse é só o começo.
Foi isso amores!! Lembrem-se de curtir, comentar e republicar, se possível!!
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