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Amor sem Medidas - Capítulo 23 - A day at the beach

Micael narrando

Pude perceber que o dia já havia amanhecido através da grande janela em meu quarto.

Esfreguei os olhos e bocejei, ainda sonolento. Ainda deitado, abri os olhos e dei de cara com ela. Sorri.

Sophia ainda dormia, como era de costume, ela adorava dormir até tarde. Mesmo achando impossível, naquele momento, enquanto dormia com a cabeça em meu peito, ela me pareceu ainda mais linda. Seus cabelos loiros estavam bagunçados sobre o travesseiro, e não havia nenhuma roupa em seu corpo, coberto apenas com um lençol assim como o meu. Suspirei profundamente.

Alguns dias já haviam se passado. Dois, eu acho. Eu não tinha certeza, não poderia dizer se foi dias ou semanas, eu e Sophia estávamos em um êxtase tão grande que eu realmente não ligara pra saber a data.

Aproximei um pouco meu rosto do dela, e como nossos rostos já estavam demasiadamente próximos, nossos narizes agora podiam se tocar. Comecei então a distribuir carinhosamente beijos por cada pedacinho de seu rosto.

Quando cheguei aos seus lábios demorei um pouco mais, e a senti sorrir contra os meus. Sorri também, ao ver que ela havia acordado.

― Hmm... Olha só que acordou antes de meio-dia... ― Eu disse e ri baixinho, ela me acompanhou. Esticou o corpo, se espreguiçando e finalmente abriu os olhos azuis que eu tanto queria ver. Eles pareciam ainda mais brilhantes pela manhã.

― Como se você me deixasse dormir até essa hora... ― Ela levantou o olhar para me encarar, depois se deitando novamente a cabeça em meu peito e fechando os olhos.

― Tem razão. ― Eu disse, acompanhado de uma breve risada. ― Ei, nada de dormir de novo, vamos levantar e aproveitar o dia... ― Eu disse, balançando seu ombro levemente.

― Quando você diz isso só me faz ter mais vontade de ficar na cama. ― Ela gemeu e tirou minha mão de seu ombro, e se conchegou ainda mais em meu corpo.

― Tudo bem, então pode ficar aí. ― Eu disse, saindo de seu abraço e me levantando da cama.

― Aaaaah não, eu quero ficar na cama com você. ― Ela reclamou antes de me puxar pelo braço, me fazendo desequilibrar e cair sobre a cama.

Sophia então se deitou sobre meu corpo, me fazendo deitar junto, e isso me deixava tonto e desnorteado uma vez que estávamos completamente nus. Ela sorriu maliciosa.

Eu tinha que parar isso antes que eu não conseguisse mais resistir, e pode acreditar, a tentação era realmente muito grande.

― E que tal a gente descer pra tomar café-da-manhã? Eu estou faminto... ― Eu disse, olhando intensamente seus olhos azuis, e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

― Tudo bem... Eu também to morrendo de fome. ― Ela reclamou e crispou os lábios, depois rolando para o lado, saindo de cima de mim.

Nós dois nos levantamos ao mesmo tempo. Eu fui em direção ao meu banheiro, e comecei então a fazer minha higiene bucal. Pelo espelho vi que Sophia pegava no chão minha camisa, a vestindo depois. Algumas roupas nossas estavam espalhadas pelo quarto, resultado da nossa noite anterior que havia sido, digamos, bem agitada e quente.

Sophia vinha em direção ao banheiro, fechando apenas três dos vários botões da camisa, deixando-a um pouco aberta e incrivelmente sexy.

Ela esperou que eu terminasse de escovar meus dentes e começou sua própria escovação, enquanto eu pegava uma cueca boxer e uma bermuda qualquer, vestindo-a.

Ao terminamos de estar um pouco mais decentes, saímos do quarto juntos e fomos até o quarto de Emmy, conferir como nossa pequena estava. Ela ainda dormia, e isso com certeza ela havia puxado de Sophia. Deixamos ela dormir, saímos do quarto e descemos as escadas.

Fomos para a sala de jantar, onde encontramos a mesa devidamente posta, mas Rosa não estava por ali, devia estar algum outro cômodo da casa. Em pouco tempo nos sentamos um ao lado do outro e começamos a devorar tudo que tinha sobre a mesa, estávamos famintos, a noite anterior tinha sido bastante exaustiva pra nós dois.

***

― Eu tava aqui pensando... O que acha de irmos á praia hoje? ― Eu disse, sugerindo. Dei mais um grande gole no meu café.

― A ideia é ótima, mas você não tem que ir trabalhar? ― Ela disse, levantando uma sobrancelha, enquanto mastigava.

― Eu até tinha, mas você já viu que horas são? É quase meio-dia, e eu teria que estar no meu escritório ás sete da manhã pontualmente. ― Eu disse, olhando-a. ― Provavelmente o meu pai vai cobrir meu turno hoje, como ele sempre faz. E a culpa de eu ter ficado na cama até tarde é toda sua, senhorita!

―Minha?! ― Ela me olhou, surpresa, fingindo total inocência.

― É, sua sim. A culpa e toda sua por ser assim, linda, perfeita, sedutora... Você sabe que eu não resisto. ― Eu disse com a voz um pouco rouca, em seguida a puxando firmemente pela cintura, fazendo-a sentar em minhas pernas.

Ela olhou pra mim, e com o sorriso mais lindo do mundo selou nossos lábios por um rápido instante. Comecei então a beijar sua clavícula, subindo os beijos para seu pescoço. A pele dela era macia, quente e perfumada, e me fazia perder a razão completa e insanamente. Podia senti-la arfar.

― Mica... ― Ela gemeu manhosa, tentando inutilmente se afastar do meu abraço. ― Agora não... Deixa eu terminar o meu café-da-manhã, ainda preciso de comida pra sobreviver. ― Ela disse, rindo. Cessei os beijos em seu pescoço e Sophia me olhou intensamente, em seguida selando nossos lábios novamente por alguns segundos. Ela saiu de meu colo e voltou para sua cadeira, de onde voltou a comer.

Eu também voltei á me concentrar na comida, precisava me alimentar bem.

― Mas e a praia... A gente vai ou não? ― Eu perguntei, voltando para o assunto da praia, o qual nós não tínhamos resolvido nada. Dei uma mordida na minha fatia de bolo e olhei para Sophia.

― Ah, por mim tudo bem. Faz quase um ano que eu não vou á praia, e eu também nunca levei a Emmy, quero ver se ela vai gostar ou não. ― Ela disse e sorriu, talvez imaginando qual seria a reação da nossa pequena filha, e eu a acompanhei.

― E eu to louco pra mostrar pra minhas duas meninas com eu surfo bem! ― Eu dizia, realmente animado. Fazia algum tempo que eu não surfava, já estava sentindo falta. Era uma das coisas que eu mais gostava de fazer quando tinha um tempinho livre.

― Humm... Olha só quem é convencido. ― Sophia olhava pra mim sugestivamente, com um sorriso nos lábios. Também a encarei.

― Eu não sou convencido, eu apenas tenho consciência das minhas habilidades. ― Eu a contradisse, e então abaixei a cabeça, prestando atenção na minha refeição.

― Convencido. ― Sophia reafirmou, soltando uma risadinha. Eu me mantive em silêncio. Suspirei profundamente, me sentindo um tanto quanto idiota. Ouvi que Sophia havia se levantado, mas não levantei o olhar para verificar, até que a senti passar os braços ao redor de meu pescoço, abraçando-me por trás. ― Meu convencido. ― Ela então sussurrou em meu ouvido, mordendo o lóbulo de minha orelha. Eu fechei meus olhos com o gesto dela, sorrindo inevitavelmente.

***

Sophia narrando

Terminei de vestir meu biquíni estampado, e fui até o closet e procurei um vestidinho soltinho para pôr por cima do biquíni. Eu agora tinha me mudado oficialmente para o quarto de Micael, e estava sendo maravilhoso. Esses últimos dias estavam sendo simplesmente os melhores desde a minha vinda pra cá, eu estava num sonho. Um sonho muito real, onde nada mais lá fora importava.

Voltei minha atenção para a busca do vestidinho, e depois de alguns minutos procurando finalmente o achei. Sorri satisfeita. Coloquei-o por cima do biquíni, depois pondo um óculos de sol em meu rosto e me olhei no espelho. Ajeitei meus cabelos e por fim eu estava pronta.

Emmy já estava acordada, e eu a tinha deixado dentro do seu cercadinho enquanto me vestia. Agora eu iria a arrumar para nosso passeio, e enquanto eu a arrumava, Micael disse que estaria no porão, o qual eu nem sabia que existia até hoje. Ele estava procurando sua prancha de surf.

Fui até o cercadinho que agora estava no meu quarto e de Micael, e me inclinei sobre ele, para pegá-la.

― Está ansiosa princesa? ― Eu falava com ela, enquanto a trazia para meus braços. ― Uau, você tá pesadinha hein. ― Eu constatei ao pegá-la. Minha pequenina estava mais gordinha, e mais linda também.

A levei para seu quartinho e a coloquei dentro do berço, enquanto eu iria até sua cômoda procurar um biquíni para vestir nela. Não demorei muito até achar um maiô fofíssimo qual eu havia comprado no dia em que fui ao shopping e encontrei com Lua pela primeira vez. Oh céus, como o tempo passava rápido...

Peguei também a roupinha que vinha para colocar por cima do maiô, e ao enfim separar tudo, a peguei do berço e a coloquei sentadinha sobre o trocador. Troquei sua roupinha calmamente enquanto ela estava quietinha com sua chupeta e depois de minha filha estar devidamente vestida, a trouxe para meus braços.

― Vamos terminar de arrumar a bolsa e descer que seu pai já deve estar nos esperando... ― Eu falava com Emmy durante o trajeto para meu novo quarto, onde eu havia deixado a bolsa já com algumas coisas.

Mas então eu parei no meio do caminho, de repente, me dando conta do que eu havia falado. Eu havia acabado de falar que Micael era o pai da minha filha... E ao contrario do que eu pensei isso não soou nenhum pouco estranho. Parecia, na verdade, a coisa mais normal do mundo.

Com um sorriso nos lábios, suspirei e tratei de deixar isso pra lá.

Chegando ao quarto, coloquei Emmy sobre minha cama e a entreguei um de seus brinquedos para que ficasse entretida enquanto eu terminava de arrumar a bolsa. Coloquei tudo o que precisaríamos para um longo dia na praia, talvez um pouco mais que o necessário, mas eu não me importava.

Ao finalmente terminar de pôr tudo dentro da bolsa, a coloquei sobre um de meus ombros e fui até minha cama, me inclinando para pegar Emily. Com tudo pronto, desci com minha filha para o andar de baixo.

Na sala de estar me surpreendi ao ver Micael.

Minha respiração acelerou gradualmente e meus batimentos falharam. Eu ainda não conseguia compreender como ele conseguia ficar cada vez mais lindo, mais irresistível. Estava ali parada em sua frente, o olhando aparvalhada. Ele sorriu ao ver que eu havia chegado, mostrando seus dentes brancos e alinhados.

Ele estava lá, com uma prancha de surfe na mão, e sem camisa. Não imaginava que vê-lo assim me deixaria nesse total estado de torpor. Admirei a pele morena, os ombros largos e o peitoral definido. Meus olhos, tomados de uma gula sólida, se detiveram em seu abdômen bem trabalhado e conforme eu descia mais um pouco o olhar, meus olhos chegaram ao ponto certo. A visão me causou uma sensação quente e deliciosa.

― Que foi...? ― Mica perguntou, visivelmente confuso por meu olhar penetrante.

― Nada... É só que você me pareceu incrivelmente sexy assim de surfista. ― Eu o encarava firmemente, e mordi levemente meu lábio inferior.

Micael apoiou a prancha no sofá e veio até mim, sorrindo largamente pelo elogio que o fiz. Pôs sua mão grande em minha cintura e aproximou seu rosto do meu, depositando em meu pescoço um beijo falsamente casto. Iniciou um pequeno caminho de beijos até meus lábios, onde ele apenas roçou os seus carinhosamente.

Apesar de querermos, não poderíamos encompridar aquele momento, pois eu ainda tinha Emmy num braço e duas bolsas no outro. E tanto nossa filha quanto as bolsas estavam pesando.

Micael me ajudou levando Emmy que foi para seu colo de bom grado e uma das bolsas. Nós saímos da casa e eu segui Mica até a garagem, e ele foi em direção á um de seus carros. Assim que saímos pude ver que o sol brilhava intenso no céu, e que o dia estaria perfeito para passar na praia.

Enquanto eu arrumava as bolsas e Emily na cadeirinha dentro do carro, Micael estava do lado de fora pondo sua prancha na parte de cima do carro, e ao terminar, entrou no carro e se sentou no banco do motorista. Eu já estava sentada ao seu lado, no banco do carona.

Ele ligou o carro e nós partimos.

***

― Acho que ali está bom. ― Eu disse apontando para um ponto um pouco mais á frente.

Eu e Micael havíamos acabado de chegar e estávamos tentando achar um bom local para ficarmos. Eu tinha achado um bom lugar, onde tinha uma sombra generosa, e não ficava muito longe de onde Mica havia estacionado o carro, caso precisácemos de algo. A praia estava parcialmente cheia, então teríamos que achar logo um lugar.

Andamos até lá e eu estiquei duas cangas grandes para que pudesse nos acomodar enquanto ficássemos ali. Micael colocou as bolsas sobre uma das cangas e eu peguei Emmy de seu colo, trazendo-a pra mim.

Me sentei na outra canga, colocando Emily sobre minhas pernas. Vi que Micael tirava os chinelos colocando-os num canto, e sua expressão parecia ansiosa enquanto arrumava sua prancha embaixo do braço.

― Aonde vai? ― Perguntei, sorrindo.

― Surfar. Vou mostrar pra você que não sou convencido, eu só sei que sou bom. ― Ele disse, levantando as sobrancelhas desafiadoramente e a voz no mesmo tom. Eu ri e ele se abaixou, dando um beijinho no topo da cabeça de Emmy e depois na minha.

― Toma cuidado, tá? ― Eu pedi, o olhando preocupada. Ele apenas sorriu.

― Eu sempre tomo. ― Ele alisou levemente a maçã de meu rosto para em seguida correr como uma criança em direção ao mar.

Eu o observava, mesmo que de longe. Micael havia deitado na prancha e com a ajuda dos braços remava para mais longe da beirada, onde eu supus que teria mais ondas. Eu ainda conseguia vê-lo, então não me preocupei.

Voltei então minha atenção para Emmy, e vi que ela havia engatinhado para longe e que esticava o bracinho para tentar tocar a areia, me fazendo rir. A puxei de volta para perto de mim, e ela protestou fisicamente, se debatendo.

― Calminha meu amor... Você já vai poder brincar na areia, espera só um pouco. ― Eu disse, a sentando novamente em minha pernas.

Retirei a roupinha que ela usava por cima do maiô e os chinelinhos, guardando-os em sua bolsa. Peguei o protetor solar infantil e passei em seu pequeno corpo e rostinho, para que não se queimasse. Peguei também dentro da bolsa, um saquinho com brinquedinho de praia, para que ela se distraísse.

Espalhei os brinquedinhos na arei ao lado da minha canga e sentei Emmy ali, onde eu pudesse ficar de olho nela enquanto a pequena brincava. Aproveitei que ela estava entretida e me levantei retirando o vestido branco, praticamente transparente, que eu usava por cima do biquíni. Voltei á me sentar e comecei á passar protetor solar em meu próprio corpo, enquanto tentava ficar de olho em Emily e Micael ao mesmo tempo.

Me concentrei então em Micael, e em sua performance sobre as ondas. Ele realmente não estava brincando quando disse que era bom. Sorri, com um orgulho imenso ao vê-lo se levantar e ficar de pé sobre a prancha, assim deslizando sobre as ondas.

Olhando de longe parecia bem fácil, mas eu tenho certeza de que se eu tentasse, iria cair antes mesmo de ficar de pé, atrapalhada do jeito que eu sou. Ri com meus pensamentos, já podia me imaginar levando um belo de um tombo.

***

Eu enchia meus pulmões de ar o máximo que eu podia, depois soprando para encher aquela maldita piscininha inflável. Praguejei mentalmente por ter esquecido de ter trazido alguma bomba para encher aquela coisa, porque olha, tava difícil. Parecia que quanto mais eu enchia, mais vazia ela ficava.

O calor não ajudava em nada, e meu pulmão começava á doer pelo esforço. Passei á mão na testa, tentando limpar o suor que ali já se formava. Afastei um pouco a piscininha e vi que ela não estava não vazia assim.

― Ai filha, sua piscininha vai ficar assim mesmo, a mamãe já cansou. ― Eu disse, respirando pesadamente.

Emmy olhava para a piscina colorida e chamativa ao seu lado, e como era de se esperar, ela riu gostosamente ao apertá-la. Eu a peguei e coloquei dentro da piscininha, mesmo vazia, ela olhava ao redor, e eu coloquei seus brinquedinhos dentro da piscina.

Sorri ao ver que ela se divertia.

Quando eu voltei meus olhos para o mar, senti um repentino desespero ao não conseguir achar Micael lá. Ele não estava em parte alguma, eu olhava para todos os lados, e nada dele. Eu já começava á me preocupar.

Mas a preocupação se foi no momento em que meus olhos encontraram os seus, e eu suspirei aliviada.

Ele havia saído do mar e andava, lentamente (e sensualmente, devo dizer para você), até onde eu estava. Meus olhos se fixaram em seu corpo escultural molhado, deixando a cena incrivelmente quente. Ele mexeu nos cabelos negros que estavam molhados e grudados em sua testa. Eu sorri para ele, tentando acalmar meus batimentos.

Micael sorriu e se sentou ao meu lado, e quando se inclinou para selar nossos lábios, eu me afastei ao sentir gotas de água pingar de seus cabelos em meus seios e barriga.

― Ai, a água tá gelada! ― Reclamei, limpando os locais onde tinha pingado as gotas.

Micael balançou a cabeça e riu, e mesmo sobre meus protestos, inclinou seu corpo sobre o meu e me beijou. Não demorou uma fração de segundo para eu corresponder ao beijo com o mesmo entusiasmo, ignorando as várias gotas de água que caiam em meu corpo. Nos separamos por falta de ar, estávamos ofegantes.

― A água está deliciosa. ― Micael sussurrou e mordeu meu lábio inferior, eu arfei com sua atitude. Ele se ajeitou e sentou-se ao meu lado, entre mim e Emily. ― Eu só saí porque o mar estava calmo demais, tinha poucas ondas... Mas a água estava ótima para se banhar. ― Ele disse, olhando distraidamente para Emmy que brincava na areia. Eu descansava minha mão sobre a dele, acariciando-a. ― Vamos dar um mergulho?

― Aaahh, mas a água tá tão gelada... ― Eu disse, com preguiça. Não estava afim de entrar no mar.

― Como você sabe que a água tá gelada se você nem chegou perto do mar? ― Ele perguntou, levantando uma sobrancelha sugestivamente.

― É, mas...

― Nada de “mas” Dona Sophia, eu não acredito que você vem á praia e não vai entrar no mar. A água não tá gelada, confia em mim. ― Ele disse, com seu olhar pidão, simplesmente impossível de resistir.

Suspirei, finalmente vencida.

― Ainda não sei como você e a Lua conseguem me convencer á fazer qualquer coisa que quiserem. ― Eu comentei, rolando os olhos.

― É um dom, minha cara. ― Ele brincou e riu gostosamente, me fazendo rir também. Micael se levantou prontamente, depois se agachando para pegar Emmy, que esticava os bracinhos para ir pro seu colo. ― Vem cá filha, vamos pra água... Você gosta de água não é? ― Ele falava com ela e eu apenas ria.

Me levantei também e sacudi a areia do meu corpo, depois acompanhando Micael que já estava indo um pouco mais á frente com Emmy, em direção ao mar.

Ele entrou na água com Emily, que adorou. Eu hesitei, parando á beira-mar, sentindo a água tocar meus dedos dos pés, que por sinal tava sim gelada.

― Você vai ficar parada aí? É sério, depois que você entra na água, nem se importa com a temperatura. Explica pra sua mãe, filha. ― E Micael olhou pra Emmy, que riu sem entender nada do que acontecia, e nós rimos também.

Respirei fundo tomando coragem e dei alguns passos á frente, entrando na água. E ela estava fria. Não tanto quanto eu imaginava, mas estava sim.

Andei até onde Micael estava e peguei Emmy de seu colo, trazendo-a pro meu. A água batia na altura da minha cintura, um pouco acima na verdade.

Vi Micael mergulhando e alguns segundos depois ele imergiu um pouco mais longe, depois nadando de volta para onde eu estava. Ele sorriu e eu soltei um grito, surpresa quando senti ele jogar água em mim e em Emmy.

Eu me vinguei jogando água nele, é claro.

E foi aí que começou nossa guerrinha, que, em pouco tempo já havia virado uma brincadeira. Eu e Micael ríamos e molhávamos um ao outro, como duas crianças. Emily, que ora estava comigo e ora com Micael, estava simplesmente amando aquilo. Ela adorava uma bagunça, e bagunça na água mais ainda!

Emmy fechava os olhinhos e ria com vontade ao se mexer e espirrar água pra todo lado. Seus cílios agora molhados davam a impressão de que eram ainda maiores.

A nossa guerrinha terminou num empate. E, como nós dois ganhamos, comemoramos com um beijo. O mesmo não durou muito, pois Emmy havia ficado entre nós e não nos deixou aproveitarmos.

Tá certo que agora nós arranjávamos qualquer desculpa esfarrapada para trocarmos um beijo, ou ás vezes nem precisávamos de desculpas, mas não podíamos fazer nada, era simplesmente mais forte que nós. Eu estava perdidamente viciada em seus lábios, eu estava perdidamente viciada nele.

Após alguns minutos, nós decidimos sair do mar. Micael pegou Emmy de meu colo, segurando-a com um braço, e com o outro ele entrelaçou sua mão na minha. Saímos, e voltamos até onde nossas coisas haviam ficado.

Chegando, eu torci meu cabelo para retirar o excesso de água, logo depois me sentando sobre a canga esticada na areia. Peguei dentro da bolsa a toalha de capuz de Emmy e Mica a entregou pra mim, para que eu pudesse secá-la.

― Eu acho que vou comprar uma água de coco... Você e essa pequena sabem como me cansar. ― Ele disse se referindo á mim e á Emmy. Eu ri enquanto tentava a secar, mas ela se mexia demais para isso.

― Eu vou querer uma também.

― Tudo bem. Vou até ali no quiosque e já volto. ― Ele avisou, depois pegando sua carteira em minha bolsa e indo até o quiosque que ficava perto. Eu até podia vê-lo.

Voltei minha atenção para minha filha, e depois de finalmente terminar de secá-la, eu a soltei e ela imediatamente engatinhou graciosamente até a areia, voltando para os seus brinquedos. Me virei pra ela, e a imitei, começando á fazer um castelinho. Estava meio sem forma e não tão bonitinho quanto eu costumava fazer quando criança, mas dava pro gasto.

Poucos minutos depois vi Micael voltar, e quando chegou se sentou ao meu lado, também de frente para Emmy. Ele me entregou minha água de coco enquanto tomava a sua própria.

― Viu? Entrar no mar nem foi tão ruim assim quanto você disse. ― Ele falava enquanto mexia distraidamente na areia ao seu lado, dando forma á um pequeno e uniforme montinho.

― Eu não disse que seria ruim, eu só disse que não queria entrar na água porque poderia estar muito fria. ― Eu disse, defendo meu ponto de vista, tomando um gole da minha água de coco.

― Mas a água não tava gelada. Você tava errada do mesmo jeito, e eu tava certo, sempre estou. ― Ele disse, sorrindo presunçoso. E como se não bastasse, ele ainda destruiu meu pequeno e feio castelinho de areia com sua mão grande e bruta.

― Ei! ― Reclamei, estreitando os olhos para ele, fuzilando-o com meu olhar mais intenso. Mas ele nem ligou.

― Acho que mereço um prêmio, não? ― Ele disse sugestivamente, me olhando, ignorando meu olhar mortal.

Mas então, decidi mudar de tática.

― Pelo quê?

― Por estar sempre certo, oras. ― Micael falava como se fosse óbvio, e eu tive vontade de rir, mas me controlei.

― E que tipo de prêmio você quer? ― Eu sorria maliciosa enquanto me aproximava dele. Já havia deixado minha água de coco de lado, assim como ele.

― Que tal esse? ― Ele sussurrou, aproximando ainda mais nossos rostos. Eu passei a língua por meus lábios, que agora me pareciam extremamente secos. Fechei os olhos lentamente ao perceber que ele já estava perigosamente próximo. Senti seu nariz roçar levemente no meu nariz, e meus batimentos aceleraram consideravelmente.

Eu não pensei em outra coisa que não fosse beijá-lo. Deslizei minha mão sobre sua nuca e ele puxou meu corpo de encontro ao seu. Senti seu calor e cheiro inebriante moerem meu juízo. Ele tomou meu lábio inferior entre os seus, arrancando de mim um gemido baixo e contido, e em seguida deslizou sua língua por meus lábios entreabertos e mergulhou num beijo intenso.

Enquanto nos beijávamos arrebatadoramente eu, disfarçadamente, desmanchei o montinho de areia que ele fazia, como vingança. Ri internamente.

***

O sol já começava á se pôr quando nós decidimos voltar pra casa.

Estávamos exaustos e morrendo de fome, tínhamos gastado muita energia durante todo o dia. Começamos então á guardar nossas coisas dentro do carro, e não era pouca coisa. Quando por fim terminamos, ajeitei Emmy na cadeirinha no banco de trás e fui me sentar.

Agradeci mentalmente por o trajeto até nossa casa não ter demorado, eu estava louca por um banho para tirar toda essa areia do meu corpo.

― Eu vou tomar um banho e depois eu faço alguma coisa pra gente comer, tá? ― Eu avisei á Micael, que estava ao meu lado, enquanto eu me virava em direção ás escadas.

― Não precisa, acho que vou pedir comida japonesa, pode ser?

― Pode sim. Eu to cansada demais pra não fazer outra coisa que não seja ficar deitada. ― Eu disse, reclamando. Micael riu, indo até o telefone fixo para ligar e pedir nossa refeição.

Eu subi, com Emmy nos braços. Ela também estava cansada, então achei melhor dar banho nela primeiro.

Tentei não demorar muito ao banhá-la, e logo a levei para seu quartinho para que pudesse vesti-la. Coloquei nela um conjuntinho de body e calça, depois uma meia. No body estava escrito “Daddy’s favorite girl”, e eu não pude deixar de sorrir.

Quando terminei de arrumá-la, coloquei em sua boquinha uma chupeta e depois a coloquei dentro do cercadinho, para que eu pudesse tomar um banho.

Também não demorei muito no meu, apenas tirei a areia e o sal do corpo. Sequei meus cabelos com uma toalha e enrolei meu corpo em outra. Fui até meu mais novo quarto.

Eu definitivamente estava cansada demais para me arrumar, então peguei dentro do closet um short velho e um casaco moletom. Os vesti por cima da roupa íntima e depois penteei meus cabelos.

Depois, voltei até o quarto de minha filha para pegá-la. E, enquanto a amamentava, decidi passar na “sala da perdição”, talvez ver um filme por lá. Eu só tinha ido lá uma vez, no dia em que eu cheguei aqui.

Micael narrando

Terminei de fazer a ligação ao restaurante japonês, e fui então subir para tomar um banho. Quando passei pelo corredor vi a porta do quarto de Emmy fechada, então supus que Sophia estivesse lá com ela.

Fui para meu quarto e tomei um banho rápido em meu banheiro. Saindo, fui até o closet e peguei apenas um calção de dormir. O vesti e depois eu fui atrás de Sophia.

Entrei no quarto de Emmy, mas quando abri a porta nenhuma das duas estavam lá. Estranhei.

Mas, quando eu ia continuar minha procura, ouvi a campainha tocar. Bufei audivelmente e desci as escadas, para ir atender a porta.

Quando abri a porta, vi que era apenas a entregadora do restaurante japonês. Peguei as duas sacolas com o que eu tinha pedido e a paguei.

Com as duas sacolas, voltei a subir as escadas, para procurar Sophia. Procurei em todos os quartos ali, mas em nenhum deles ela estava, nem Emily.

Até que percebi que o único lugar que eu não havia procurado ainda era no terceiro andar da casa, a minha sala da perdição. Sorri triunfante.

Subi mais um lance de escada, finalmente chegando á porta que daria á minha sala favorita. A abri, e confesso que me surpreendi ao ver que ela realmente estava lá.

Sophia estava de costas e procurava alguma coisa na grande estante. Emily estava sentada em um daqueles tapetes de atividade, e parecia entretida. Ambas estavam na parte da sala em que ficava o meu “cinema particular”, a parte dos jogos ficava do outro lado.

Fui até Sophia, que não me viu chegar, e se assustou um pouco quando eu depositei um beijo em seu ombro. Ela se virou e eu ri.

― Trouxe a nossa janta. ― Anunciei, levantando as sacolas e a mostrando.

― O cheiro tá ótimo. ― Ela disse e riu, e então se virou novamente. Percebi que ela estava procurando algum DVD dentre a pilha enorme que tinha ali. ― Qual gênero você prefere? Comédia? Romance? Suspense? Terror?

Eu fiquei olhando para ela pensativo. O que eu deveria escolher? Pensei imediatamente em duas opções: comédia ou terror.

Comédia porque eu amava ver Sophia sorrir de forma espontânea, era tão gracioso o modo como ela sacudia os ombros enquanto ria, e seus dentes brancos e alinhados eram tão encantadores, mas o melhor de tudo eram os olhos azuis brilhando de forma única e esplendorosa.

Terror porque eu amava ver Sophia frágil, procurando proteção em meus braços, se aninhando em meu peito, enquanto podia abraçá-la forte, oferecendo proteção e carinho.

― E então? ― Ela perguntou, ainda esperando uma resposta minha.

― Hmm... Acho que terror. ― Disse, sorrindo.

Ela pegou o DVD e foi até o aparelho para coloca-lo.

Enquanto eu me sentei nas almofadas gigantes que ficavam sobre o chão, perto de onde Emmy estava.

Tirei as comidas das sacolas e as abri, realmente pareciam deliciosas. Percebi que Sophia voltava, e então ela se sentou ao meu lado.

Nós jantamos enquanto assistíamos o filme, e quando terminamos de comer, Sophia se agarrou em mim com medo, mas ela não admitiria nem sob tortura. Ri com meus pensamentos.

Algum tempo depois, eu e Sophia percebemos que Emmy estava quieta demais, e quando percebemos, ela estava dormindo ali. Minha pequena havia dormido de cansaço.

Eu a peguei, com cuidado para não acordá-la, e a trouxe para meu colo. Ela dormia de bruços sobre meu peito. Eu acariciava seus poucos cabelos com uma mão e a outra eu matinha em volta de Sophia, a abraçando.

O filme demorou para terminar, e quando terminou, eu e Sophia estávamos quase dormindo ali mesmo.

― Sophia? ― Eu a chamei baixinho. Ela estava abraçada á mim, praticamente dormindo de olhos abertos.

― Hun? ― Sua voz baixa não era mais que um gemido.

― Acho melhor você ir pra cama, está quase dormindo aí...

― Eu to com preguiça de levantar... ― Ela disse, meio que dormindo, e se espreguiçou. ― Acho que vou ficar por aqui mesmo essa noite.

Eu preferi deixa-la ali. Me levantei com cuidado, segurando Emmy para não acordar ela. Fui com ela até seu quarto e a deitei em seu berço, dando um beijinho em sua cabeça. Cobri seu pequeno corpo com uma manta quentinha e ajeitei a chupeta em sua boca. Depois saí do quarto, deixando-a dormir.

Resolvi passar em meu quarto e peguei alguns cobertores e travesseiros, e os levei para cima, onde Sophia estava.

Chegando na sala, a encontrei já dormindo. Sorri ao vê-la ali.

Ela dormia tranquilamente sobre as grandes almofadas, e eu fui até ela. Coloquei delicadamente um travesseiro em baixo de sua cabeça e em seguida cobri seu corpo com o cobertor. Eu me deitei ao seu lado, porque era óbvio que eu não a deixaria dormir ali sozinha. Fiquei de frente para ela, velando seu sono, mas não por muito tempo, pois fui me entregando ao cansaço e adormeci também.

#somic #asm #asm23 #emmy #dengo

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