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#Maturidade Após O Ensino Médio
obsesseddiary · 8 months
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PARA A PESSOA QUE AMEI QUANDO CRIANÇA
Ah, você, a pérola que reluzia naqueles corredores de ensino fundamental! Desde o momento em que pus meus olhos em você (2010, 8 anos), eu soube que estava destinada a uma paixão épica, afinal, quem poderia resistir ao encanto de alguém que era um clone barato do Justin Bieber? Claro, eu passei todo o nono ano (2015) desejando apenas uma coisa: ser notada por você. E acredite, eu estava disposta a esperar, mesmo que isso significasse esperar até o final do Ensino Médio, ou até o fim do universo, se necessário.
No entanto, um plot twist aconteceu quando alguns informantes me revelaram que, durante todos esses anos (do Ensino Funtamental), você estava ocupado fazendo um show privado de bullying só para mim com a forma que eu reagia ao te ver (mesmo de longe). Acredite, quando eu soube disso, meu coração foi partido em um milhão de pedacinhos. Eu desejei profundamente que fosse um equívoco, mas, para a minha desgraça, eles tinham vídeos para provar. Sim, você era o mestre da arte de zombar de mim, enquanto eu aqui, imaginando como ser sua amiga, porque, admito, eu era péssima nisso. E pensar que tudo o que eu queria era ser sua amiga. Oh, a ironia!
E agora, sete longos anos se passaram desde que meu coração foi esmagado por suas palavras cruéis. Adivinhe só? A vida pregou uma peça em você. Você está... bem, como posso dizer isso delicadamente? Mais "maduro" que o Justin, para ser gentil. Aqueles anos de glória no ensino médio parecem ter deixado algumas marcas. E a melhor parte? Se você ousar se aproximar de mim, respirar o mesmo ar que eu, esteja preparado para enfrentar o pior. Pode me ver por 10 segundos, mas vai passar a vida lembrando, eu vou garantir isso. Não há Deus que possa te salvar dessa. Eu sei que isso pode arruinar minha vida, mas se isso também arruinar a sua, acredite, eu considero isso uma vitória doce e saborosa. E estou pronta para viver no inferno só para assistir você implorando por misericórdia enquanto sua vida desmorona. Você brincou com a pessoa errada!
Ah, como era engraçado, você não tinha motivos reais para agir daquela maneira. Eu posso provar isso, acredite, porque até o ano passado, eu ainda guardava os cadernos onde escrevia sobre você. Desde as coisas mais bobas até as "mais maduras", como eu imaginava, porque, afinal, eu acreditava que um dia nos casaríamos e você teria o prazer de ler cada página. No entanto, atualmente, eu adoraria que você lesse essas páginas, só para perceber o quão mesquinho você foi com alguém que só queria segurar sua mão, dar um beijo na bochecha, ou até mesmo ouvir um simples "olá" ou um convite para lanchar no recreio. A ironia da juventude perdida, não é mesmo?
Reze para todos os deuses e sorte que existem para nunca passar do meu lado ou estar no mesmo ambiente que eu, porque, se por alguma infelicidade cósmica isso acontecer, eu juro que você vai se lembrar de mim de uma forma que nunca imaginou. A ironia do destino é implacável, e a vida tem uma maneira engraçada de nos fazer confrontar nossos próprios demônios do passado. Portanto, esteja preparado, pois os fantasmas da escola podem voltar para assombrar quando menos esperar.
Eu poderia simplesmente não me importar, deixar tudo para lá, mas, sinceramente, é muito mais divertido assim.
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theheborn · 1 year
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POSSO FAZER UMA PERGUNTA?
Meio dia e quarenta e cinco. Finalmente o sinal do Colégio Estações soava estridente e reverberante por todas as salas e salões do pequeno prédio. Kauã juntava suas canetas gel coloridas pela carteira e as guardava no estojo de lona cinza fosca, enquanto o Professor Álvaro apagava todas as equações matemáticas da lousa escura com um apagador velho de feltro.
-Pessoal, corrigirei os exercícios na próxima aula. – dizia espalmando as mãos na esperança de limpar o resíduo de pó de giz branco que usara há pouco.
 Ka já havia terminado todas as vinte equações graças a Olívio Bragança Santtiago, o garoto mais popular de toda a escola. Ele havia copiado todas as respostas de Yolanda Branco, a mais inteligente em matemática e física da classe, e repassou tudo para Gabrielle Loir que, por sua vez, era a melhor amiga de Ka e sentava-se na carteira ao lado. Este grupo privilegiado não precisou gastar suas preciosas horas resolvendo lições de uma matéria tão confusa. 
A classe era composta por apenas doze alunos que já se conheciam há anos, mas mesmo assim tinha suas divisões e panelinhas. Colados à mesa do professor ficavam os ditos “rebeldes da classe”, três roqueiros com cara de bravo mas que não faziam mal a ninguém. No canto do fundo direito ficavam os populares, e no meio da sala o grupo dos “sem grupo”, estes não eram rebeldes, nem populares e geralmente falavam com todos da mesma forma. Levou um bom tempo após se formar no ensino médio para Ka perceber que essas classificações de grupos só existiam em sua cabeça. Ele foi um dos últimos alunos a integrar a sala e inicialmente se via como um “sem grupo” por não se entrosar com os demais, sempre se escondendo dentro do blusão de moletom da escola. Por acaso entrou para o grupo dos populares quando estava no 7º ano, um dia que a professora de inglês o juntou com Gabrielle Loir para realizarem uma apresentação simples a respeito da famosa ponte de San Francisco valendo nota, e com muito custo a garota ultrapassou as barreiras de gelo do colega e se tornou sua melhor amiga. Ela tinha cabelos ondulados de fios muito finos castanhos escuros com algumas mechas loiras, os olhos sempre chamavam atenção por conta do lápis kajal reforçado que os contornava e os alongados cílios cobertos por máscara preta. No 5º ano, Olívio e ela namoraram, e isso apontou os holofotes para a garota que levou fama de uma das mais bonitas da sala. Eles namoraram por três ou quatro meses, depois perceberam que eram melhores amigos do que amantes.
Fazer parte dos populares, entretanto, não tornava Ka um garoto popular, apenas mais um participante do clubinho e isso já bastava para ele. Com o tempo sentiu que aqueles seriam seus amigos por toda a vida.
-Nós vamos para a casa da Laís, querem ir também? – perguntou Olívio para Gabrielle e Ka.
-Não posso. Minha mãe precisa de ajuda na loja durante a tarde, vamos receber as mercadorias hoje e terei que catalogar tudo. – disse Gabrielle bastante convincente.
-Eu... Eu preciso cuidar do meu irmãozinho enquanto minha mãe trabalha, da próxima vez eu vou. – disse Ka mesmo sabendo que sua presença talvez não fosse fazer falta.
-Ah, tudo bem! Se mudarem de ideia já sabem onde vamos estar! – respondeu Olívio saindo da sala com a mochila nas costas.
Gabrielle e Ka trocaram olhares e aguardaram alguns segundos para sair da sala.
-Que desculpa esfarrapada! Seu irmão estuda à tarde e você fica atoa em casa, todo mundo sabe disso! Hahahaha! – disse a garota rindo alto enquanto desciam as escadas para o pátio do colégio.
-Olha só quem fala! Toda semana os fornecedores entregam mercadoria? Desse jeito a loja da sua mãe vai virar um depósito de roupas! – retrucou Ka.
Os dois sempre escapavam dos encontros que os outros amigos faziam depois da aula, aconteciam coisas lá e não se sentiam prontos para esse nível de “maturidade”. Ka sempre esperava a mãe de Gabrielle vir buscá-la no portão do colégio, só depois caminhava até o ponto de ônibus.
O sol daquele dia não perdoava quem recebia seus raios calorentos, Ka tentou se abrigar na sombra que o poste projetava na calçada até que avistou a condução se aproximando no asfalto fumegante. Já sentado no ônibus, a paisagem passava corrida pela janela, ele era o destaque vestindo uniforme amarelo-canário. Já havia se acostumado a atrair olhares dos passageiros por conta da roupa radiante. O Colégio Estações tinha seu brasão dividido em quadrantes representando as quatro estações do ano: Outono, Inverno, Primavera e Verão. Cada estação designava as séries dos alunos e possuía uma cor específica de uniforme para identificá-los:
Outono era terracota escuro e detalhes magenta, para alunos da Educação Infantil; Inverno era azul maya com detalhes em branco, para alunos do Ensino Fundamental 1; Primavera era verde água com detalhes em roxo, para alunos do Ensino Fundamental 2; Verão era amarelo canário com detalhes laranja, para os alunos do Ensino Médio;
Ka admitia a péssima escolha na paleta de cores de sua escola. Ele só tinha amizades com o pessoal de sua sala, não se entrosou com os demais alunos durante os intervalos e não sentia necessidade. O Ensino Médio trouxe mais do que apenas disciplinas difíceis, todos agiam diferente e mostravam ter interesses maduros e impulsivos. Talvez fosse a puberdade, quase todos já haviam dado seus primeiros beijos e contavam suas experiências com namoradinhos e namoradinhas. Ka apenas ouvia os amigos e tentava parecer entendedor do assunto, mas nunca tinha se aproximado de ninguém tão intimamente.
Devo ser o único adolescente de quinze anos que nunca beijou ninguém! Nem pensar que vou revelar isso lá na escola, eles achariam patético! Além disso, não tem possibilidade de eu beijar algum menino, todo mundo é hetero! Saco! - pensou ele lembrando de Olívio e Io contando como tinham se divertido na matinê do último final de semana, e contabilizando quantas pessoas haviam beijado lá.
Logo Ka desceu do ônibus em que estava e precisava caminhar dois quarteirões até sua casa. Passou em frente ao Colégio Estrutura, onde seu irmão Dieto estudava, os portões já estavam abertos e duas professoras recebiam as crianças que chegavam. Ao fundo de uma avenida larga ficava uma tenda de circo laranja e azul, era um centro esportivo comunitário com cursos focados em artes circenses, e sua casa ficava ao lado. Um portão estreito de ferro que dava passagem a um extenso corredor ladrilhado e, ao fundo, mais um portão de ferro que bloqueava a visão da modesta casa de apenas um quarto que dividia com a mãe e o irmão. Antes que pudesse trancar o primeiro portão, Ka ouviu o grito de Melissa.
-Deixe aberto, estamos atrasados! – ela gritou arrastando o pequeno Dieto pelo braço.
-Eu imaginei! Não a encontrei no portão da escola como de costume. – disse o garoto dando passagem para os dois saírem correndo.
-Seu irmão me avisou de última hora que tinha uma lição para fazer – disse Melissa lascando um beijinho na testa de Ka -, aí me atrapalhei nos horários!
-Tchau Ka! – disse Dieto enquanto tentava acompanhar os passos largos e apressados da mãe!
Melissa já estava vestida com o uniforme de trabalho. Cabelos presos num rabo de cavalo alto. Batom vinho, máscara de cílios, o perfume doce costumeiro, anéis e pulseiras dourados, camisa da empresa, calça jeans e um par de scarpin marrom. Ela era cobradora de ônibus, mas se arrumava bem e transbordava vaidade com os cuidados na aparência. Sempre foi uma mulher muito bonita e chamava atenção de todos ao redor. E o irmão com a bermuda azul náutico com listra amarela na lateral e camiseta branca da escola. 
Ka acenou para o baixinho, e observou até os dois sumirem com a distância. As tardes sempre eram solitárias, ele passava maior parte do tempo no notebook que seu pai dera de presente e se distraía aprendendo as coreografias das cantoras que gostava, baixando músicas em mp3, ou se arriscando na cozinha quando sentia fome. Porém o programa de computador que todos os adolescentes de sua idade usavam era o Mensageiro, onde podiam adicionar os amigos através do e-mail e conversar por mensagens, e figurinhas animadas. Ao entrar em casa, Ka corria para tomar um banho rápido, esquentar a marmita que Melissa deixava no micro-ondas e ligar o notebook para conversar com o pessoal da escola, mesmo tendo passado a manhã inteira com eles. Quando se conectou no Mensageiro um aviso piscante apareceu na tela inicial do programa.
+¨..{[[(dark boy)]]}..¨+ diz: taa on? 
Pela foto do perfil deu para ver que era um dos alunos do 3º ano do ensino médio que sempre fazia piadas ofensivas sobre ele pelos corredores do colégio. Tinha cabelos encaracolados rentes aos ombros e franja que caia pela testa mostrando apenas a barra das sobrancelhas grossas e retangulares, seus olhos eram cor de mel, pele com poucas espinhas e um vestígio de barbicha rala e falhada pelo queixo. Também tinha um piercing no canto inferior da boca carnuda, e um sorriso muito largo de dentes perfeitamente alinhados. Ka o detestava com todas as forças, evitava passar por perto durante o intervalo ou nas aulas de Educação Física, pois sempre escutava o grupinho dele tirando sarro do seu jeito de andar, falar e até o modo que respirava. Olívio foi mais esperto, fez amizade com os trogloditas e se safou de algumas gozações mais pesadas. Tudo mudou naquele ano, quando esse garoto adicionou Ka no Mensageiro e começou a conversar sem agir de forma grosseira como de costume.
(*~*)+kaaua+(*~*) diz: aham, to comendo agr
+¨..{[[(dark boy)]]}..¨+ diz: saí do banho agr e to vendo anime. achei q naum fosse fikar on hj, demorou pra entrar
(*~*)+kaaua+(*~*) diz: eh q vc tem sorte de morar perto da scola, meu bus demorou uma cota pra passar
+¨..{[[(dark boy)]]}..¨+ diz: skaosakosk eh vdd, aff man hj a prof de quimica me juntou com a bia pra fazr tabalho --”
(*~*)+kaaua+(*~*) diz: naum gosta dela?
+¨..{[[(dark boy)]]}..¨+ diz: ahh ela eh deboa + tah querendo ficar cmg...os mlk ja me contaram q ela gosta de mim, mas eu gosto de outra pessoa ae néeh
(*~*)+kaaua+(*~*) diz: auhsuhausha sei como eh, tbm to gostando de uma pessoa ae
+¨..{[[(dark boy)]]}..¨+ diz: hmmmm E quem eh? estuda na nossa scola??
(*~*)+kaaua+(*~*) diz: sim + não eh da minha sala. conta vc primeiro d quem tah gostando O.o
+¨..{[[(dark boy)]]}..¨+ diz: skaosakosk ué a pessoa q eu gosto tbm naum eh da minha sala
Com o passar do tempo, o tal dark boy - que se chamava Venice - mudou e mesmo que na escola ele tratasse Ka apenas como colega, não era explícita a intimidade que construíram na internet. Ninguém desconfiava, pelo menos, era o que parecia. Durante os intervalos os dois cruzavam olhares demorados e Venice por vezes ficava com as bochechas coradas soltando um sorriso escondido. Todas as tardes depois que chegava da escola, Ka passava horas e horas num chat infinito com o garoto, mas nunca teve coragem de se declarar. No fundo tinha medo daquilo ser uma pegadinha e no momento que revelasse sua paixão secreta, Venice iria espalhar a fofoca pela escola e todos iriam rir de sua cara. Ou talvez fosse apenas uma amizade e contar a verdade sobre seus sentimentos estragaria tudo para sempre.
Em uma manhã nublada, já no fim do recreio, os alunos do ensino médio subiram as escadas de volta às suas respectivas salas de aula. Ka de braços dados com Gabrielle, conversavam sobre como fariam o trabalho de biologia sobre vírus e bactérias.
-Oi Kauã…- disse alguém nos degraus de trás.
Era Venice, desta vez desacompanhado de seu grupo de amigos trogloditas. Ele usava a calça de tactel bastante larga e o moletom do uniforme amarelo. Ka totalmente desajeitado apertou o braço da amiga e respondeu com a voz falhada.
-Oi Venice!
-Hmm v-você ficou sabendo que hoje a minha turma vai dividir a sala de informática com a sua? A professora Marta, de filosofia, faltou e a coordenadora decidiu juntar as séries para que não ficássemos de aula vaga. - disse o garoto mordiscando a parte de dentro do piercing que tinha no lábio inferior. 
Por um momento Ka pensou que ele estivesse fazendo bico, mas tentou não se entregar a fantasia de sua fértil mente.
-Nossa que legal! Quero dizer, não sabia disso. - respondeu entusiasmado. -Mas não tem computador suficiente para todo mundo…
-Pensei exatamente isso, acho que vão colocar geral em duplas ou trios… Se quiser, a gente divide um PC, sei lá. - disse Venice olhando para o alto.
-Claro! Quero dizer, pode ser… Vamos ver como vai ser né.
Eles subiram até o corredor das salas de aula do ensino médio, acima da piscina da escola que aquecia e umedecia o ar.
-Bem, eu vou lá na minha sala pegar a apostila. A gente se vê no laboratório de informática. - disse Venice acenando discretamente.
Eles se separaram e entraram em suas salas. Gabrielle olhava muito desconfiada para o amigo, parecia um investigador analisando pistas de um mistério não solucionado.
-O que foi aquilo? Desde quando você e Venice-bobão são amigos?
-N-não somos amigos, também não entendi ele vir falar comigo. - respondeu Ka parado no batente da porta com o rosto corado. -Talvez ele queira se aproximar de mim para chegar mais perto de você.
Boa! Ela vai acreditar nessa história com certeza, qual outra explicação poderia ter?! Nenhuma!
A menina manteve o silêncio enquanto retirava a apostila de informática da bolsa, e depois respondeu com ironia.
-Parece que ele não quer nada comigo, nem me cumprimentou. Estava mais interessado em dividir o computador com você!
Ka suspirou fundo e sentiu as costas molhar de suor.
-Sem chance! V-vamos para o laboratório de informática logo e garantir o nosso computador! - disse ele tentando mudar o foco da conversa.
Aos poucos os alunos do primeiro ano foram se dirigindo até a sala de informática, onde o professor Lopes aguardava para iniciar a aula. Era um cômodo retangular de paredes metade azuis e metade brancas com uma lousa branca ao fundo. Na outra ponta havia quatro janelas de vidro onde era possível ver o corredor das salas do ensino médio e, logo abaixo, a piscina da escola. O espaço do meio era decorado por baias de mdf com computadores e cadeiras de rodinhas. Ka e Gabrielle escolheram um computador ao fundo, na parede das janelas, pois lá era mais difícil do professor ver eles assistindo vídeos na internet ao invés de realizar as tarefas da apostila. 
-Droga! Esqueci minha apostila na mochila, vou lá pegar! - disse o garoto se esgueirando pelo corredor de cadeiras de rodinhas.
-Eu trouxe a minha, pode acompanhar comigo. - disse Gabrielle.
-Tem atividade para responder, prefiro fazer agora do que ter que copiar tudo depois.
No mesmo momento os alunos do terceiro ano médio entraram, sendo guiados pela coordenadora Paula. Esta havia sido professora do pré escolar e, depois de alguns anos, assumiu cargo na coordenação. Usava uniforme social preto com o emblema do colégio no blazer, e os cabelos loiros estavam sempre bem presos num rabo de cavalo apertado. A cada passo dado, Ka sentia seu coração palpitar só de imaginar cruzar com Venice pelo corredor. Ele chegou até a porta e saiu em direção a sua sala de aula comum, mas o garoto não apareceu.
Correu até a carteira onde se sentava e rapidamente apanhou sua apostila de informática na mochila. Quando desligou a luz e fechou a porta, pôde ver uma sombra de alguém maior sendo projetada pela iluminação da piscina. Virou o rosto no susto pensando ser seu professor ou outro colega de classe que também tivesse esquecido algum material, mas era Venice parado com o olhar fixo.
-Venice! Me deu um susto! - disse Ka apertando a apostila entre as mãos.
-Desculpe. Eu estava no banheiro, você está indo para o laboratório?
-Sim, só vim pegar minha apostila.
-Vamos juntos então.
O tempo não durou nem três segundos, não deram nem dois passos antes de Venice voltar a falar.
-Ka, eu fiquei pensando e… Eu preciso saber uma coisa de você, passei a noite com essa curiosidade martelando na minha cabeça.
Ka engoliu seco. Sabia que o garoto ia perguntar a respeito da pessoa misteriosa por quem ele era apaixonado, quase sempre era questionado sobre isso por mensagens no computador.
-O que aconteceu? - respondeu na tentativa de ganhar tempo e alguém aparecer no corredor.
-Bem, a gente conversa todos os dias e… Você sabe que eu gosto de uma pessoa aqui da escola, eu também sei que você gosta de alguém... Quem é? Preciso saber! - Venice disse com a respiração pesada e trêmula.
E agora o que eu faço? Todo mundo está aqui do lado na mesma sala de aula! E se eu contar que gosto dele e for tudo armação para me zoar? Mas e se não for?
-Do nada você vem com esse assunto? De que importa isso agora? É melhor voltarmos para a sala de informática, a aula já deve ter começado. - respondeu Ka de forma evasiva e caminhando na lateral para seguir até o corredor.
Venice estendeu o braço contra a parede e bloqueou a passagem de Ka, depois fez o mesmo com o outro braço. Prendeu Ka como se fosse sua caça.
-Me fala Ka… De quem você gosta? - Venice encarava os olhos de Ka sem piscar. Seu pomo de Adão subia e descia conforme ele engolia saliva da boca esperando uma resposta.
Que loucura! Ele está me prendendo contra a parede bem do lado das janelas da sala de informática! Todo mundo consegue ver!
Num ato impulsivo e coagido pela situação, Ka respondeu de uma vez a maldita pergunta.
-Você! É de você que eu gosto!
Os dois ficaram em silêncio por poucos segundos, e o rosto de Venice corou expressivamente como se tivesse ficado o dia todo debaixo do sol intenso. Ele abaixou os braços sem dizer nada, Ka esperou alguma resposta, mas ele não falou. E então, já arrependido de ter contado a verdade, Ka saiu apressado para a sala de informática e se sentou ao lado de Gabrielle.Venice entrou após alguns segundos na sala, se sentou no outro extremo da sala.
Gabrielle observou o amigo durante a aula toda, talvez esperasse que ele contasse o que havia acontecido. Mas ele se manteve quieto o resto do dia. Ela não disse que havia visto a cena pela janela da sala.
Quando Ka voltou para casa, ligou o notebook e acessou o Mensageiro na esperança de poder conversar melhor com Venice, mas o garoto apareceu com status offline.
Eles nunca mais trocaram mensagens, na escola, as vezes cruzavam olhares e desviavam rapidamente. Ao final do ano letivo Venice se formou e saiu da escola. Ka nunca mais o viu.
Venice nunca voltou a ficar online.
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nextlevelhqs · 2 years
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[ 18+ / NENHUM / TIPO 1. ]
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NOME LEGAL: Yu Sanghun.
STAGE NAME: Mr. Yu.
PRONOMES: Ele/dele.
NASCIMENTO: 10/01/1994.
CIDADE NATAL: Sachang-ri, Gyeonggi, Coreia do Sul.
POSIÇÃO: Guarda-costas do LOOPiNG e do Cherry Berry na Atom Entertainment.
CONTA: nl_sanghun.
FACECLAIM: @/87_mk.
TOKENS DE CARREIRA PRÉVIA
-.
BIOGRAFIA
  TW: bullying, depressão.
"Tiny tweaks can lead to big changes", prega a psicóloga Amy Cuddy. Essa profissional explanou em várias de suas palestras a importância que até os menores detalhes têm. E essas afirmações da americana podem ser notadas na trajetória de vida de certo coreano cujo futuro foi diversas vezes alterado graças às mais simples ações. 
Quando menino, Yu Sanghun sofria por ser excluído de grande parte das brincadeiras de seus colegas de classe. Isso porque o tamanho do aluno não condizia com sua maturidade. Desde criança, sua personalidade amável e sua falta de sagacidade eram notáveis. Assim, diziam para o "bebezão" não se meter nos jogos dos mais ágeis. 
Fortuitamente transformando algo ruim em uma coisa boa, desde muito novo se dedicou piamente aos estudos e às atividades escolares. Afinal, ele não tinha amigos, nem hobbies e os canais de desenhos nem sempre funcionavam na televisão antiga da família. No pacato vilarejo de Sachang-ri em Gyeonggi, poucos eram os entretenimentos, ainda mais quando a companhia era escassa. 
Anos após começar a estudar com afinco, Sanghun participou de competições escolares que trouxeram renome a ele e ao pequeno colégio de ensino primário localizado no pé da montanha. Faziam parte do comitê de premiação as autoridades locais e dentre elas a polícia, organização pela qual o garoto se tornou fascinado naquele momento.
Graças ao seu esforço - e a sorte de ter essa oportunidade batendo em sua porta -, o filho único dos Yu teve a chance de deixar para trás a infância de memórias dolorosas e a diminuta cidade no interior. Durante o ensino médio, ele lutou para manter a bolsa de estudos que havia lhe levado a Seul. Caso a perdesse, teria que voltar para a terra natal uma vez que os pais não tinham condições financeiras para sustentar o filho no internato elitista onde este conseguira o patrocínio. 
Os esportes, obrigatórios no lugar onde estudava, ajudaram Sanghun a descobrir os exercícios físicos como válvula de escape. Por ser grandalhão - chamou a atenção do treinador de futebol americano, mas foi durante a recuperação de uma cotovelada no rosto que - sentado no banco de reservas - assistiu ao ensaio da equipe de cheerleaders do internato feminino vizinho da instituição onde residia. Os movimentos coreografados eram perfeitamente executados pelas garotas habilidosas que chamaram a atenção do menino não apenas por sua beleza, mas principalmente por sua força.
Como se não bastasse a fala característica do interiorano e a fixação com os estudos, o rapaz tinha agora outro motivo para ser o principal alvo de um delinquente da escola: era o mais novo membro da equipe de torcida. A provocação contra o pacifista de corpanzil se tornou tão intensa que Yu - pela segunda vez em sua vida - foi transformado em um pária social. A fixação em aparências e status era ainda maior na capital, a ponto de até mesmo a namorada terminar o relacionamento com o adolescente por conta da infâmia que lhe perseguia.
A partir daí, Sanghun foi engolido por uma espiral de destruição. Por consequência de algumas más escolhas não apenas perdeu a bolsa de estudos como também foi expulso da instituição que frequentava. Para sustentar a si mesmo, trabalhou como part-timer durante o tempo que restou até o alistamento militar. 
O serviço para o exército foi intenso, mas foi essencial na formação do caráter do jovem que aprendeu a não se vitimizar diante das adversidades. E - mais do que a capacitação física - aquele treinamento mental foi o que salvou a vida de Yu uma vez que a onda de infortúnios ainda não havia acabado e ele precisou batalhar contra a sua mente cativa na própria tristeza.
Ao concluir a conscrição, voltou a trabalhar em lojas de conveniências e restaurantes, ora como entregador, ora como atendente de caixa e - algumas vezes - até mesmo como segurança de pequenos estabelecimentos. Apenas anos depois, decidiu retomar os estudos e concluir o ensino médio por meio de um curso supletivo.
Com o certificado em mãos, foi capaz de conseguir um emprego melhor em uma empresa de motoristas. Nesta, conduziu os mais diversos carros para os mais distintos clientes. Inclusive o CFO de uma companhia canadense, este teve o voo atrasado o que fez o chofer Yu aguardar no saguão do aeroporto no momento em que um um grupo de famosos chegava à cidade. 
Os garotos faziam parte de um famoso boygroup pertencente a uma grande agência de talentos. Esses atraíram uma multidão de fãs alucinados que os cercava durante todo o trajeto até a saída, porém durante o percurso um dos rapazes - distraído - acabou se afastando do grupo e perdendo a proteção dos seguranças. O jovem começou a ser atacado pelos admiradores bem diante do lugar onde Sanghun aguardava a chegada do contratante de seus serviços.
O motorista Yu, sem pensar nas ações seguintes, se colocou em meio a confusão e quando alcançou a gola do rapaz tirou-lhe das mãos dos fanáticos puxando-o para longe da confusão. Sanghun não sabia, mas naquele momento ganhava o favor do astro cuja voz fez com que o chofer recebesse uma proposta da ELEVATE LABELS. E mais uma vez, um pequeno ajuste na trajetória do homem fez com que grandes mudanças ocorressem em sua vida.
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universekhq1 · 2 years
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Você viu a novidade? Parece que Kwon Seyeon, mais conhecida como Themis, entrou para as redes sociais, já ouviu falar dela? Dizem que ela parece tanto com a Kang Seulgi! Ela nasceu em 10/07/1997 na cidade de Busan, Coreia do Sul e atualmente tem 25 anos. Ela trabalha como sub vocalista e rosto do grupo Caterpillar na MAEUM Entertainment, que sortuda... Enfim, achei o user dela, vai lá seguir em @uv_sey. ( ooc: -18 )
Demais informações.
Etnia: coreana.
Moradia: dormitório do grupo.
Personalidade: Sey é bastante carinhosa ama ficar abraçada com as suas amigas e também é bastante protetora com elas, num geral é bem animada ama fazer piadas e alegrar a todos a sua volta. Mas também é bastante desconfiada principalmente por causa de seu passado em relação a possíveis relacionamentos, muito sensível também tem uma grande facilidade para chorar e também é bem dramática.
Conceito: Seu conceito para o público foi escolhido para combinar com sua posição no grupo mostrando na maioria elegância e pureza, maturidade e protetora principalmente com as membros e seus colegas de empresa mais novos, nas câmeras e programas de televisão se mostra bastante brincalhona fazendo as filmagens serem divertidas e arrancando bastante risadas.
Fofocas/rumores.
1- a muitos boatos que com seu dinheiro das vendas dos álbuns e trabalhos como modelo, Seyeon os usa para ajudar a manter um Orfanato em seul após a flagarem entrando em um que estava prestes a fechar
2- rumores que em sua época de escola era muito popular por sua gentileza e carisma, mas pelo o que dizem na época a mesma tinha entrado em briga com um menino por causa de outro menino que a enganou e usou, fazendo até mesmo seus amigos da época entrar no meio para a defender, rolando até ameaça
3- alguns fãs teorizam que Seyeon não gosta de um idol masculino de outra empresa e que os mesmos eram ex-namorados
Background/headcanons.
  Seyeon sequer imaginou que estaria onde está neste momento. Nascida e crescida em Busan a mesma não era nem um pouco voltada a música e as artes, o máximo que era chegada música era as que ela ouvia, mas vamos admitir ela até gostava de dançar, mas isso fica mais para frente. Seyeon cresceu como a menina inteligente mas amigas de todos, e fazia de tudo para ajudar todos sejam vizinhos, colegas de escola e até professores, nunca foi um problema conviver com outras pessoas.
  Ensino médio a mesma coisa na escola, tirando o fato de um desentendimento com um aluno de outra turma a confusão foi grande, e abalou muito a garota e foi nisso que a aproximou de música de fato, levada pela a tristeza de ter o coração partido e ter sido enganada e até humilhada, Seyeon ouviu uma música que a representava neste exato momento. Isso entrou tanto na mente dela de "como uma música pode me representar tanto em qualquer momento?" E como um estalo a mesma decidiu que faria isso, faria música queria fazer as pessoas se sentirem bem e se sentirem entendidas, sozinha sem um professor resolveu treinar canto e um pouco de dança estava decidida e nem seus pais a faria desistir.
  Quando a mesma viu que algumas empresas estavam fazendo audições, Seyeon não perdeu tempo, se inscreveu e foi em todas as audições que podia, sendo aceita só em uma, e vendo que era uma baita oportunidade não perdeu tempo em aceita. Lembram quando eu disse que a mesma não tinha problemas com convivência? A coisa passou a mudar no período de trainee, nunca tinha presenciado tanta competição quanto entre trainees, o desespero, a incerteza de se um dia vai ou não ter seu debut, o medo, tirando essa parte a mesma tentava ao máximo não deixar levar por esses sentimentos negativos e se esforçar ao máximo para conseguir seu lugar em um grupo, obviamente já sabemos a resposta que ela conseguiu não é?
  Agora como integrante de um grupo Seyeon também se esforça ao máximo para nada dar errado, tentava ao máximo não se envolver em polêmica, ou brigas internas, como sempre, gentil e generosa, sempre querendo ajudar suas amigas de grupo ou até mesmo staffs.
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kaimcinza · 4 years
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“Ta com dó? Leva Pra Casa” – Quem dera!
Me avise se já tiver ouvido essa história. Um dia comum andando em uma rua também comum sou parado por um cara numa moto, me aponta uma arma e leva meu celular. Meu precioso celular de Mil Reais parcelado no cartão que ainda nem terminei de pagar. Reconheceu a história? Pois é bem comum.
Nos primeiros momentos, vem o sentimento de medo, raiva, frustação e ódio. Eu assumo ODIO!
Mas depois eu paro para pensar e tenho PENA, DÓ do assaltante. Não você não leu errado eu tenho dó do cara que me roubou, sabe por que?
O meu precioso celular vale para MIM R$ 1.000, além de todo o conteúdo da minha vida que 
Está lá dentro, para o ladrão uns R$ 300,00 no máximo.
Mas para ele começa uma nova história assim que ele aponta a arma e leva o celular, um sentimento de medo, desconfiança e raiva, sabe por que. Se ele for pego vai levar um ‘esculacho’ da polícia e vai pra tranca por um celular que ele nem consegue vender por um terço do valor que vale.
Alguns agora estão pensando, ‘Ah, mas culpa é dele, ele escolheu viver assim’. Ok pensamento anotado, mas quero ir um pouco além para contar o porquê da minha DÓ.
Eu nasci em uma favela, comunidade ou qualquer nome que se queira dar, quando criança, criança mesmo 7 anos vi gente morrer, vi cadáveres, vi e vivi esculacho da Policia, e não, não vou demonizar a imagem do Policial que está fazendo seu trabalho e também sente medo, raiva, frustação e ódio, mas vou falar do que sei.
Nessa favela, ou em qualquer outra, temos mais algumas histórias comuns, uma família pobre tentando sobreviver da melhor maneira que dá, às vezes, um pai, uma mãe e alguns filhos, outra só a mãe e seus filhos, só um pai, ou até só uma avó calejada da vida e seus netos.
O Pai quando ele existe e é presente trabalha 8 horas por dia, com 1 hora de almoço e leva entre 1 e 2 horas para ir e voltar, só ai já se vai metade do dia 12 horas isso se ele não fizer hora extra, a mãe em geral tem uma rotina igual, com um ‘plus’ cuidar da casa, comida filhos.
Qual tempo realmente sobra para esses pais pararem e estrem próximos dos filhos? Como ir nas reuniões da escola, estar presente, ver os amigos que ele anda?
Na minha experiência, não dá as crianças acabam se criando sozinhas nessa ótica, os pais fazem o melhor que podem, os professores fazem o melhor que podem com o pouco que tem (Assunto para outro Texto), mas nós nos viramos.
Lembra quando eu falei que vi gente morrendo e morta aos 7 anos, pois é, não tinha maturidade para saber e entender o que era aquilo, nem aos 12 quando alguém me ofereceu um trocado para fazer um ‘corre’, entregar algo para alguém, ou as 16 quando me pediram para dar uma ‘fita’ do lugar onde eu trabalhava.
Na verdade, eu tive muita maturidade, olhando para traz, eu tive que ser muito maduro pois eu nasci onde criança vira homem mais cedo e podia ter caído em uma destas armadilhas da vida. 
Mas eu encontrei os livros, a música clássica, serio na favela e outras tantas coisas que me ajudaram, meus pais também me ajudaram a ser uma ‘Pessoa de Bem’, mas o resumo é que eu TIVE SORTE.
Na quebrada as vezes nem os médicos dava o plantão, imagine se a Sorte iria dar. 
Voltemos a história, uma criança de 12 anos, sem muito suporte da família, com uma educação precária, sem apoio do estado e sobrevivendo em situações surreais para a maioria de nós. Se envolve ou é envolvida em algo errado, vai fazer uma entrega em troca de dez, vinte reais e fica super feliz, por que vai comprar um pacote de bolacha, um refri ou outra coisa.
Ela não sabe ainda, mas meus amigos é ai que o bicho pega, ela não tem maturidade ou apoio real para entender o que está rolando. Faz um corre hoje, uma fita amanhã, e aos 15 já esta envolvidão no caminho errado, e o pior muitas vezes os pais estão suando tanto que não perceberam o que aconteceu com seu anjinho.
Agora aos 15 ele quer ostentar, afinal na tv na internet, há um mundo de marketing e de vidas de luxos sendo esfregadas na nossa cara.  Ele quer ter uma moto, para dar rolê, roupas daora e etc e pra isso precisa de dinheiro, dinheiro que ela não ganharia no caminho honesto, mas lembre-se aos 12 ele não tinha maturidade e se envolveu, agora já é difícil sair por que ele sabe que o dinheiro vem rápido, mas vai rápido.
Ele continua nessa vida, e as vezes vai crescendo na carreira, sem trocadilhos, de aviãozinho para assaltante, segurança, gerente de boca etc... Ele desiste de estudar após o ensino médio, isso é se chegou até lá, para ter mais tempo para o trampo, paranoico, sempre dormindo de olho aberto para um outro cara não o pegue desprevenido, sempre com medo da polícia, afinal ele é o inimigo público número um.
Ele as vezes sem perceber acaba aliciando e influenciando a geração de crianças e adolescentes que vem depois da dele a seguir o mesmo caminho, mesmo sonhando que seus filhos tenham uma vida melhor que a dele, fora deste mundo, que façam faculdade, assim como os pais dele sonhavam.
Ele não se acha o vilão e na verdade ele é apenas um produto descartável, por que se ele ‘roda’ e é preso ou morto, tem alguém para assumir seu lugar e manter o negócio funcionando.
Ele não estudou, não teve apoio, não teve estrutura, cara dá pra saber facilmente que ele não é um mestre do crime ou um supervilão, as vezes é até respeitado na comunidade por ser um Robin hood  moderno, e por proteger a quebrada a ‘Tirania’ e opressão.
Mas alguém em algum lugar é inteligente, estudado e rico as custas dele. Afinal a maconha vendida não é plantada na favela, a cocaína não tem origem na favela e com certeza o Fuzil não foi fabricado lá.
Este fuzil, sequer foi fabricado no brasil, consultei a FENAPEF (Federação Nacional dos Policiais Federais) em uma matéria de 2010 o fuzil custava até 60 mil no Rio de Janeiro, vendido ilegalmente é claro.
ALGUÉM comprou esse fuzil na Rússia ou em outro pais ilegalmente, importou de barco ao avião ilegalmente, cruzou a fronteira brasileira, trouxe por nossas estradas passou para um revendedor que vendeu ao traficante a 60 Mil reais (isso em 2010, então calcule a inflação hoje). Esse alguém não é o garoto do começo da história que se envolveu as 12 e mal terminou os estudos, é alguém com influência, poder, inteligência e contatos internacionais.
O que é feito nas comunidades é enxugar gelo, é sempre sobre nós nos matando, sejam policiais mortos em confrontos com bandidos, bandidos mortos em confrontos com policiais, seja acerto de conta entre criminosos, seja a bala perdida que achou a cabeça de alguém que nada tem que ver com essa história.  Enquanto alguém acende seu charuto com cheiro de sangue das ruas. NOSSO SANGUE!
Entendo quando o Emicida diz na sua música Levanta e Anda: Só agua na geladeira e eu querendo salvar o mundo. Porque essa é a realidade enfrentada diariamente por muitos de nós!
Bem voltando a dó que eu sinto do meu assaltante que levou meu precioso celular de mil reais, é que ele provavelmente passou por tudo isso, ele nem tem noção de tudo isso que escrevi, mas ele tem medo! Medo de ser pego por roubar um celular, uma carteira, um carro e ir para a cadeia, nosso maravilhoso sistema prisional onde ele ficará ‘guardado’ por alguns anos. Vai ter tempo de pensar na sua vida, por um longo tempo, até pensar em sair dessa vida.
Mas quando sair de lá, maduro, o mundo não é maduro para lhe receber, ele não tem profissão, é ex-presidiário, não sabe falar direito, o que ele vai fazer e o que nós a sociedade vamos fazer com ele?
Quanto tempo vai demorar para ele, pensar que para sustentar sua família, ele poderia fazer só mais uma ‘fita’, por que emprego está muito difícil para gente normal, e ele não é mais gente normal.
Enquanto isso um caso já esquecemos de um caso de cocaína sendo transportada em um helicóptero de um famoso político que não deu em nada.
Resumindo quando o cara, um adolescente, em algum ponto dessa história que contei me assalta, me dá vontade de sentar com ele em um bar, pagar uma cerveja e perguntar se realmente vale a pena todo o risco e dor que lhe aguarda em seu futuro, os 300 reais que ele vai conseguir com meu celular.
Tenho Dó dele, ele é apenas uma marionete num sistema maior, as vezes por própria escolha, as vezes por causa de todo um cenário maior.
Você que está lendo até aqui faça alguma coisa! Converse com os jovens da quebrada, espalhe essa mensagem, vai e compartilha seu conhecimento, de uma oficina de algo que você sabe. 
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juliazeda · 4 years
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Os chineses
Acomodou-se na cadeira do terraço. A vista dava para os condomínios deslumbrantes de Laranjeiras, protegidos por janelas refletoras blindadas. Luziam no céu noturno aquelas construções envidraçadas, semiocultas por uma dúzia de palmeiras gigantescas, como se simultâneo à sua imponência desavergonhada viesse certo desconforto, uma timidez reluzente. O metal frio da cadeira aderiu às suas coxas. Fazia calor.
Era uma festa. Ou melhor, fim de festa. Todos tinham nome de artista e cecê.
Virgínia foi quem a trouxera. Ultrapassada a porta, desaparecera entre as cabeleiras e os floreios de fumaça. Mesclara-se perfeitamente. Ou quase perfeitamente. Percebia-se um nervosismo em sua gargalhada bêbada, uma vontade insuprimível de impressionar mas sem perder a postura, isto nunca, pois andaria corcunda com olhos caídos até morrer em algum quartinho mofado aos trinta e quatro — tudo como queria que acontecesse. O nariz de Virgínia se arrebitava numa curva delicada; era linda, lindíssima, e conversava com a anfitriã num canto da sala, resvalando o braço na cortina, dengosa. Após um cigarro fumado, esquecera-se dela.
Inês era o nome da anfitriã. Tinha uma cara redonda e corada, e olhos azuis, como um boneco. Oamordaminhavida quando referida por Virgínia. Inês gostava dela, sabe, num nível razoável. Era filha de algum mandachuva da música vanguardista brasileira, tocava prodigiosamente seis instrumentos e naquele ano estava prestando audiovisual para a federal do Rio. Era engraçada e quando bebia, falava cuspindo, socava a mesa e pegava no quadril de Virgínia com os dedos gorduchos, nos quais a menina bonita entrelaçava os dela.
O apartamento era meio pelado. O ar carregado de maresia enrugava o papel de parede bege e verde. Um espelho com moldura azinhavrada, ornamentos de prata velha, uma mesa de sinuca no centro bem iluminada e sofás empoeirados apontando para um pôster enquadrado que divulgava um show em mil novecentos e setenta e tanto. Inês era inexplicavelmente como a decoração interior. Meio bege, meio verde.  Usava chinelos de couro nos pés tortos e transpirava um charme junto com o odor de suor. Inêsplicável.
— Hoje fomos à exposição do Alécio de Andrade.
— É mesmo? — olhos caídos. Inêspressiva.
— Sim. Conhece?
— Ah, acho que sim, devo conhecer, sim.
— Era um fotógrafo muito talentoso. Intelectualíssimo.
— Boto fé.
— Aí, Inês. — era Tom, estrábico, comprido, esmilinguido. — Dá pra acender esse aqui dentro?
— Dá não, Tom, só lá fora.
— Quebra essa pra mim, tá um calorzão.
Inêsorável. Tom não queria se mover para longe do ventilador. Mas Inês era incontestável — e surgiram rumores de que sua estadia na banda estava por um fio, e ela era a vocalista, e a guitarrista principal, e a empresária, e a produtora também. No terraço, contra sua vontade, acendeu o baseado com os dedos suarentos. Viu seu assento metálico tomado por uma figura esguia e imóvel, indistinguível da penumbra, que ele a princípio pensou que fosse assombração até que se pronunciou:
— Você é daqui do Rio?
— Era. Moro em Éssepê faz cinco anos.
— Por que se mudou?
— Porque meus pais quiseram, ué.
— E você fez o ensino médio todo lá?
— Fiz, ué. Não, imagina, parei de estudar no ensino médio. Que besteira.
Papo furado era algo que Tom superara anos atrás. Estrábico, comprido, esmilinguido e acima de tudo, direto, sem rodeios.
Contemplou o panorama enquanto fumava. Pensou em sua infância no Leblon, no lugar de lanches, nas padarias, nos prédios antigos azulejados, nas árvores robustas, na luz que se infiltrava pela folhagem, em sua locadora favorita, nas ruas que desembocavam na praia, no mar que o engolia, o mascava e o cuspia, nas caminhadas até a escola, seus amigos abastados e bronzeados, com suas empregadas que cozinhavam os mais saborosos manjares e suas moradias fresquinhas, brancas e aconchegantes, tudo cheirando a alfazema; como era feliz... E logo, a constatação de uma felicidade finda tornou-se um questionamento: por que tão infeliz esta noite? Estrábico, comprido, esmilinguido, direto, sem rodeios e acima de tudo, infeliz.
Sentiu dedos finos se emaranhando em seus cachos.
— Me dá um trago disso.
Uma voz rouca, cavernosa...
— Anda, Tom, me dá um trago disso, caralho.
Em tempos passados, Miranda costumava rir mais e quando ria, arreganhava suas pérolazinhas que na época eram brancas e adoráveis. À primeira vista não se apaixonara por ela, na verdade, ficara pouco impressionado. Magricela de cabelos longos, sorriso bonito, estampas florais, toda emperiquitada com colares de sementes, bijuteria barata, falsas intenções. Até que um dia Miranda raspou a cabeça, furou a língua e contraiu uma doença venérea. Algo destoou dentro dele. Tesão pelo viver, foi o que sentiu. E a pediu em namoro.
— Cê não tá sentindo algo estranho no ar hoje?
Ela cuspiu a fumaça em seu rosto.
— Como assim?
— Uma ominosidade, um pressentimento.
— Deve ser a Lua em Escorpião, que é a sua casa 8.
— É, deve ser.
Ele aspirou o cheiro acre que recendia dela. Miranda vestia uma bermuda com estampa de camuflagem e uma regata roxa-repolho que caía frouxa em seu corpo. Pés imundos. Mamilos zarolhos que não o desfitavam por nem um só momento. Já fora convencionalmente bonita, mas temia envelhecer materialista como seus pais e logo se desprendeu das amarras da vaidade. Tom ainda a apreciava. Que criaturinha estranha que escolhera para amar.
— Mica.
— Oi.
— Cê me acha feio?
— Acho.
Silêncio.
— E gosto.
— Gosta?
— Gosto.
Eles se entreolharam, apaixonados. Olhos caídos.
Enquanto isso, Lui se debruçava sobre o parapeito, distante, contando os carros que davam a volta na praça. Tinha um cabelo muito escuro, muito preto, quase azulado. Olhos pretos — castanhos em segredo. Branco, lábios reptilianos finos como navalha. Pensava no frio, recordava-se de uma menina loura e do seu desprezo. Foram um casal em Julho. Congelante como todas as mulheres francesas, cansou-se dele e agora aproveitava o fim de ano em sua comuna, igualmente congelante. Nesta noite, Lui se encontrava em um estado particularmente saudoso, no qual contava os carros que davam a volta na praça para abafar pensamentos de reencontrá-la naquele país das neves e cortar seu pescoço com os lábios finos como navalha.
Os prédios espelhados refletiam varandas douradas e sinalizadores vermelhos. Lembrava um céu estrelado. Lui pensava também no futuro, debruçado sobre o parapeito, inclinando-se ora para frente, ora para trás. Era um tecladista exímio. Mas também poeta. E Inês não aceitava suas composições, argumentando que era plágio do Nick Cave e que não cantaria em inglês (era uma atitude colonizadora). Vingativo, secretamente imaginava sua futura página da Wikipédia: Luís Afonso de Mello Pereira (São Paulo, 29 de Setembro de 1999) é um músico, escritor, jornalista e ex-vereador brasileiro, mais conhecido como Lui Pereira. A carreira, tanto artística como política, fez com que ganhasse notoriedade internacional, além de trazer marcos profundos de valor intelectual para a história e a cultura brasileiras. Cresceu em um ambiente mormente burguês, na Vila Leopoldina, com pai engenheiro agrônomo e mãe farmacêutica, ambos elementos repressores durante o desabrochar de seu talento criativo. Aos onze anos, pediu de aniversário um violão e ao invés de um instrumento de cordas, foi presenteado com um piano clássico. Apesar de contrariado no início, interessou-se por composições de Bach e Beethoven, aperfeiçoando seus estudos e tornando-se um prodígio musical notável. Os primeiros contatos com bandas alternativas coincidiu com a aproximação de Pereira com a maconha, na pré-adolescência, junção que resultou em seus trabalhos iniciais: músicas produzidas inteiramente no teclado, inspiradas nas composições experimentais da banda francesa Air e acompanhadas por ruídos gravados pelo próprio artista (barulhos urbanos, diálogos de festas, falas de professores e polêmicas gravações de encontros íntimos de consentimento duvidável). Pereira permaneceu sumariamente experimental até o amadurecer de ideias, ocorrido no último ano do colegial. Àquela altura, frequentava uma escola local que lhe apresentou seus primeiros companheiros musicais, Inês Assumpção e Tom Morais. Juntos, os três se apresentaram em incontáveis festivais e shows para amigos próximos. Pereira logo se distanciaria de seus colegas de banda e posteriormente serviria como grande influência em seus trabalhos futuros, uma vez que estes, cegos e extasiados pela fama de início de carreira, acabariam sucumbindo à indústria cultural para se arrependerem na maturidade, já excluídos há muito do topo das paradas. Em Abril de 2017, Lui conheceu Camille, uma estudante intercambista da França, que o cativou e o estimulou a escrever sua primeira boa canção, segundo ele. No final de Julho, Camille retornou à sua comuna natal, rompendo o breve romance. Em 2040, a francesa afirmou em uma entrevista à Rolling Stone que Pereira fora "o grande amor de sua vida e ao mesmo tempo, o maior arrependimento — por tê-lo deixado". Aquela francesa metida à Julie Delpy. Filhadaputa.
— Vamo perguntar ao nosso poeta. — Tom ia vindo em sua direção, muito estrábico. — Lui é o nosso poeta.
— Que é? — murmurou, de mal humor. Com o sopro de uma aragem fria, seu devaneio se dissipou.
— Que você acha dos astros hoje?
Sobre os astros, não tinha nada a dizer. Mas Lui achava Tom o maior bocó. Miranda se escorava em seu ombro, linda e torta, e ele não conseguia (ou não parecia) valorizar uma coisa dessas. Com a falta de uma resposta, insistiu, ainda mais estrábico:
— Que você acha sobre ser o cara mais bonito da banda?
— Tem o Fred também.
— O Fred não vale.
— Por que não vale?
— O Fred é japonês. Chinês, sei lá.
Lui voltou o olhar à vista. Conseguia escutar o mar. Ou talvez fossem os carros.
— Chinês é feio. — e então arregalou os olhos, agora muito estrábico de tão nervoso, apercebendo-se da sombra à sua esquerda, empertigada na cadeira. — Sem querer ser racista.
Inês enfiou a cara pra fora. Seu rosto redondo esboçava um início de emoção.
— A Vivi vomitou no banheiro todo. Uma ajuda seria bacana.
Tom, entendendo a insinuação como uma ordem, marchou até o toalete e chafurdou os pés naquela água azeda. Inês olhava as costas magrelas de Virgínia, encurvadas sobre a privada, contraindo-se a cada regurgitação. Era impossível dizer se sua expressão denotava desprezo ou apreensão. Inêscrutável.
Lui hesitou antes de deslocar-se ao banheiro. Virou para Miranda. Olhou-a de cima a baixo.
— Acho que você deveria largar dele e ficar comigo.
— Com ficar você quer dizer transar?
— Sim.
Ela baixou a cabeça. Só se via a ponte de seu nariz oleosa, brilhando. Estava magoada.
— Não sei, Lui. Aquela gonorréia foi braba.
— Tudo bem. — lambeu os lábios, finos que nem navalha. — Eu entendo.
E foi até o banheiro para pairar inerte, como Tom. Mesmo que o achasse o maior bocó, prosseguiu em co-escrever uma música com ele, a respeito de gorfo e desejos sexuais reprimidos.
Miranda sentou no chão e cruzou as pernas. Viu-se subitamente sozinha, com a Lua amarelando em Escorpião e o som das ondas quebrando na areia. Ou talvez fossem os carros no asfalto. Sentiu a pressão da atmosfera mudar ou um calafrio atravessando seu corpo. Notou uma presença no canto esquerdo da varanda, que por um instante, quase tomou forma, até se erguer da cadeira de metal e adentrar o apartamento. A presença, que estivera escutando tudo com um silêncio aquiescente, ultrapassou a porta do banheiro e despediu-se mentalmente da amiga. A cena do lavabo era como uma pintura a óleo barroca: uma luz alaranjada jorrando sobre a virgem pura encurvada e semi-nua, e anjos espreitando-a do negrume, suas testas maceradas e semblantes austeros. Encostou a porta atrás de si, cautelosamente. Entrou no elevador — uma luz clara e insípida que atordoa os sentidos. Deixou de pensar na varanda enquanto atravessava a rua. Que desastre havia sido aquilo. Nas vitrines das lojas, os manequins vestiam trapos. Em sete minutos, chegou à porta de seu apartamento, girando as chaves no dedo. Acendeu as luzes, cumprimentou o gato, serviu-se um copo d'água, mas a inquietude não passava.
Como eram brancas aquelas paredes.
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exteriorizedheart · 4 years
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Feedback
Madrugada de sábado. Me encontro transcrevendo diversos textos por mim escritos há anos para o Google keep, para que não os perca por aí. Os tinha nas notas do celular antigo, que se perderam, mas por sorte os postei num tumblr dedicado exclusivamente à eles. Ao re-lêlos com calma, percebo que muito mudou com o tempo e a experiência. Eis aqui o feedback de cada um (Os feedbacks não estão necessariamente em ordem de escrita dos textos).
A vida é estranha:
"Life is strange" segue sendo um dos melhores jogos que cruzou minha vida, porém a reflexão que fiz ao finalizá-lo não se mantém mais tão consistente. Eu, sim, fiz coisas na minha vida que o eu do segundo ano do ensino médio não era capaz de vislumbrar: passei em primeiro lugar na faculdade, entrei no diretório acadêmico de comunicação da mesma, apresentei duas peças, entrei para um curso profissionalizante de teatro, comecei a trabalhar na empresa da minha mãe...
É, fiz coisas. Mas não graças ao jogo. Essas coisas foram apenas acontecendo, e eu fui as vivendo. Claro que a grande maioria fui eu que causei, mas não foi pensando no game. Eu "pensar em fazer" realmente se concretizou mais do que o esperado (e fico imensamente feliz por isso), mas a reflexão causada pelo jogo, apesar de válida e importante, mostrou-se praticamente inútil, já que nunca mais cruzou pela minha cabeça desde sua escrita e não foi ela que desencadeou o acontecimento de coisas.
Chuva:
Um texto bonito, porém pedante. Muitas pessoas gostarem dele, eu incluso. Porém, o dia de sua escrita foi o único em que eu realizei tal reflexão. Nos demais, apenas reclamei da precipitação, apesar de, por vezes, ela me agradar.
Teoria da impressora:
Sigo incrédulo com o funcionamento do fax e da impressora. Realmente fenomenal.
Sobreviva:
A reflexão é válida, porém equivocada em partes. Sim, existem diversas pessoas que vivem em função de um trabalho que não as agrada em aspecto nenhum, outras amam a sua fonte de renda e passariam horas sem fim realizando as tarefas necessárias para a sobrevivência (eu com atuação). E assim é a vida. Somos obrigados a abdicar de certos prazeres por conta de nossas obrigações, o que não é agradável, mas é necessário. E essas abdicações agregam e indicam maturidade e experiência.
Devemos levar em conta também que o "viver", expressado por mim no texto como lazer e ócio, é essencial para a "sobrevivência cega" criticada por mim aos 16 anos, já que o ser humano é uma criatura social que precisa de momentos de ócio.
Não acho que seria uma reflexão que eu mais maduro consideraria válida para escrever um texto inteiro sobre. Só a faço agora por conta dos feedbacks.
Coisa boa:
Esse pseudo poema (cujo título veio muito antes da canção de Gloria Groove) foi uma mera tentativa de parecer mais forte do que realmente sou diante do mundo homofóbico em que vivo. Eu me ofendo, sim, com alguém gritando "viado" pela janela do carro. Me agride muito alguém me mandar tomar no cu. Minha língua não é espada, já que engulo muito sapo. Meu corpo não é escudo, já que temo por minha integridade física. E, por fim, eu tenho muito medo do presidente e de seus eleitores.
Abandono:
Ai, viadinho. Percebi que, de fato, muita gente me ama, preza por mim e confia em mim. Quem tem que ficar do meu lado vai ficar sempre que possível. Algumas se afastarão e isso é inevitável, mas faz parte da vida. E sim, concordo comigo quando disse que se deve valorizar os ensinamentos deixados pelas pessoas que passaram por seu caminho.
Wes:
Wesley. Mais uma vez escrevo para você, mas nem de longe com o mesmo sentimento do texto antigo. Pegando o gancho do feedback anterior, venho dizer que, sim, você me ensinou muito. Você me ensinou a analisar melhor a situação quando entro em conflito com alguém, e a enxergar que, muitas vezes, o problema não sou eu. Você me ensinou que pessoas que se dizem suas amigas podem estar manipulando situações para fazer você parecer o monstro. Sim, tenho memórias boas de nossa amizade, mas você foi uma das pessoas mais tóxicas e manipuladoras com quem tive o desprazer de conversar. Acredito que seus problemas físicos são reflexo de sua própria toxicidade e veneno. E stalkeando seu Twitter (coisa que não me orgulho de ter feito, mas que de uma forma sádica me fez bem) só consigo pensar em uma coisa: impressionante como todos a sua volta são tóxicos e péssimos e você não. Estranho, não acha, lírio do campo? Faça o que achava que eu fazia em demasia e olhe mais para o seu umbigo, para ver se finalmente encontra o problema.
Uau. A poc aqui é rancorosa.
Colar, Starbucks e trem:
Ainda gosto de observar as pessoas no trem e o álbum da Lorde se mantém constante em minhas playlists. A garota que me "trocou" segue sendo minha melhor amiga, e eu não sinto há tempos a melancolia que sentia quando escrevi esse texto. Sou muito mais feliz.
Infelizmente, eu perdi ou roubaram o colar que comprei nessa data. Eu o usava todos os dias.
Eu joguei a pulseira fora:
Deus. Escrevi esse para o primeiro menino que gostei. Saímos uma única vez e eu jurava que ele era a paixão de minha vida. Em minha própria defesa, foi o primeiro menino que eu saí e que me deu atenção, então minhas expectativas estavam na lua.
Apesar de minha ingenuidade, gosto muito do texto. Não sinto mais absolutamente nada por esse garoto, mas sinto que o poema me representa muito, no que tangencia minha capacidade de sentir. Apesar de estar mais enrigecido, eu ainda sou bastante intenso. E quem se incomodar que lute.
Esmalte - carta aberta ao meu pai:
Quase dois anos, e esse é o único texto que se mantém constante desde o dia em que o escrevi; de sua palavra inicial até o ponto final. Minha sexualidade nunca mais foi discutida com meu pai, e não sei em que pé ele está quanto à isso. Sigo desconfortável dentro de casa, e as facadas verbais que ele me deu aquele dia ainda doem como feridas recentes.
Algo que não foi escrito na época: ele leu. No dia após dizer tudo o que disse, ele foi viajar a trabalho e leu tudo o que escrevi. Ele me mandou uma mensagem se desculpando, e disse que iríamos resolver tudo isso quando ele voltasse.
Mas ele nunca voltou. E continua exercendo seu preconceito fantasiado de preocupação.
Ele não sabe que a maior dor que já senti na vida foi ele que causou. Ele não sabe que eu preferia levar um soco na cara do que ouvir o que ele disse para mim.
E o feedback chega ao fim. Que aventura. Haviam outros textos melancólicos demais no meu tumblr, mas eram sofrimentos passageiros que não existem mais e que não valem a pena serem transcrevidos. Foi interessante notar o quanto amadureci em um intervalo relativamente pequeno de tempo.
Algo agradável que se manteve e se manterá constante é o meu mote; minha frase icônica que ninguém além de eu mesmo sabe que é minha; a frase que é traduzida imageticamente, na minha opinião, por uma coração cujas veias e artérias possuem flores no lugar de sangue; a frase que ainda expressa claramente minha opinião sobre a bondade e o sentimento:
Não há nada mais lindo que alguém que carrega seu coração fora do peito.
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betabugblog · 4 years
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Adeus fundamental, olá maturidade
“Passei! ” E vários sorrisos e abraços e encontros futuros sendo marcados, todos meus colegas pareciam tão felizes de terem se formado, alguns muitos surpresos, verdade seja dita, eu também fiquei. Um ou outro até me perguntou se eu tinha passado também e para minha surpresa pareciam genuinamente felizes quando eu disse que sim. Todavia, no geral, a conversa era entre eles e era óbvio que quando se aproximavam, era mais no interesse de conversar com o Pedro do que com sua sidekick.
Para comemorar, eu e o Pedro tomamos sorvete, ele tocou seu violão, andamos pela cidade e entramos em loja após loja fingindo ser filhos de turistas americanos que não entendiam nada de português. Fomos pegos uma ou duas vezes, mas no geral, eu me diverti bastante, finalmente o ensino médio chegou, mais três anos e vida adulta. A ideia de uma aparente maturidade que subitamente chega quando você entra no ensino médio me diverte, melhor dizendo, me aquece.
É uma pena que nem tudo nesse dia perfeito foi perfeito. Mesmo tentando atrasar o máximo finalmente cheguei em casa, contei as novidades e meu pai só acenou, tenho certeza que ele nem sequer escutou o que falei, enquanto mudava de canal para encontrar um jornal que daria a notícia da forma que ele queria escutar. Minha mãe estava na cozinha e sem tirar os olhos do fogão disse que já sabia, que eu nunca tinha perdido e não iria começar agora e terminou adicionando que o jantar ficaria pronto em uma hora.
No caminho para o meu quarto, de volta para o meu mundo, caixas cheias de poeira interrompiam a passagem. Peguei uma das caixas e tinha escrito “enfeites” e ainda bem que estava sozinha pois não consegui esconder meu descontentamento.
Dezembro chegou.
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ans1a · 5 years
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Paixonite
Com todas essas coisas passando pela minha cabeça, acabei esquecendo de pensar novamente no coração. Eu, quando adolescente, sempre fui prisioneiro das paixonites, mas parece que o tempo passou. Hoje, não consigo mais me imaginar apaixonado como aquele eu do ensino médio.
Não que eu não ame mais, longe disso. Eu só não acredito mais naquelas coisas de comédia romântica, como amor à primeira vista ou coincidências entre apaixonados. Meu coração já não segue mais essas ações imaturas. Bom, pelo menos é o que eu acho.
Já deve ter pelo menos uns 7 anos que não me apaixono. A última vez eu lembro bem, foi no colégio. Uma garota nova entrou na sala, eu estava no 2º ano do ensino médio. Ela tinha luzes no cabelo e gostava muito de desenhar, o que me instigou bastante a puxar conversa com ela. Puxei, me tornei amigo dela e a paixão, em algumas semanas, começou a me capturar. Que merda, eu diria.
Na época não tinha nome, mas os adolescentes hoje chamariam de friendzone o que vivi. Fiz de tudo por ela sem qualquer retorno, mas tinha medo de pedi-la em namoro pra não estragar nossa amizade. Que tolo fui. Quando finalmente tive coragem, chegou a notícia de que ela estava namorando. Aquilo simplesmente me destruiu.
Por isso que afirmo hoje que paixão não é pra mim. Eu até pensei em algum momento em me tornar Padre, pra nunca mais pensar nisso. Enfim, eu tive após isso alguns desejos, mas nada perto de um grande amor ou uma paixão. Até recentemente eu comecei a sair com uma garota que mora perto da minha casa, e eu tive um pequeno interesse, mas aquilo que eu sentia na adolescência jamais voltou.
Eu não sei se tenho medo de me apaixonar ou se não tenho confiança em mim mesmo, só sei que não tenho mais inclinação à paixão mais. Muitos diriam que isso é apenas eu me travando de viver, mas eu acho, hoje, que paixão é realmente coisa de adolescente, a maturidade traz novas visões às relações humanas.
Mas quem sabe, eu ainda posso mudar. Eu ainda quero casar, amar alguém pra vida toda. Talvez um romance adolescente não seja má ideia...
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pipocacompequi · 5 years
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[PIPOCA EM SÉRIE] “InuYasha” (1996), de Takahashi Rumiko por Sophia Moon.
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O anime "InuYasha" ou "A Fantástica História Feudal de InuYasha", é derivado de  uma série de mangá shōnen (estilo direcionado ao público jovem ou público masculino, entretanto recebe atenção do público feminino) escrita e ilustrada por  Takahashi Rumiko e publicada na revista Weekly Shōnen Sunday entre 1996 e  2008, totalizando cerca de  56 volumes. 
O anime foi produzido pela Sunrise e exibido no Japão pela Animax de 2000 até 2004, entre outras emissoras. Sua segunda temporada chamada InuYasha: Kanketsu-hen (Ato Final) foi exibida de 2009 a 2010 pela Ymiuri TV.
Possuindo quatro filmes e cinco OVAs (Original Video Animation, ou seja, um ou mais episódios de anime lançados diretamente no mercado de vídeo, normalmente produzidos com maior qualidade e em prévia exibição na televisão ou cinemas), além de video games e uma light novel.
No Brasil, o anime foi exibido tanto em TV aberta no programa matutino da TV Globinho da Rede Globo, quanto em canais fechados como Cartoon Network, Animax e a antiga Fox Kids. Em 2004, o Ministério da Justiça baniu a exibição do anime em TV aberta antes das oito horas da noite por julgarem-no muito violento; os canais fechados, por não terem obrigação, legal seguiram com a programação normal de exibição do anime ate 2011 e meados de 2013.
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A sinopse do anime consiste em: uma colegial chamada Kagome vivia com sua família ao lado de um templo milenar em sua cidade, sua renda familiar vinha da venda de artigos sagrados e religiosos, contando também várias histórias sobre a origem do templo e do poço, conhecido como “Honekui No Ido” (Poço Come Ossos) que fica dentro do templo.
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Um dia, Kagome se aventura dentro do templo bem ao lado do poço, de repente um monstro a puxa para dentro do poço e por meio de um portal em seu fundo, indo parar “Sengoku Jidai” (Era Feudal).
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Ao voltar no tempo, Kagome tira o selo que aprisionava InuYasha um “hanyou” (um yokai é um ser sobrenatural dotado de poderes que não é nem bom ou mal especificamente em sua essência. Um hanyou é um mestiço originário da junção da raça humana com a raça yokai) em uma árvore antiga da região a “Goshinboku” (Árvore Sagrada)  e em seguida, acidentalmente, quebra um artefato perigoso e muito poderoso, a “Shikon No Tama” (Jóia de Quatro Almas), e descobre ser descendente de uma poderosa “miko” (sacerdotisa), antiga guardiã da Jóia, portanto a única que pode encontrar seus “Shikon No Kakera” (fragmentos da Jóia) recuperando assim a “Shikon No Tama” (Jóia de Quatro Almas).
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Dividida entre duas eras, Kagome se junta a InuYasha na busca pelos fragmentos perdidos na “Sengoku Jidai” (Era Feudal) enfrentado poderosos inimigos e vivendo aventuras em uma das eras mais perigosas da história do Japão, enquanto tenta se formar no ensino médio em sua era de origem.
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O anime possui um enredo simples com personagens cativantes, um traço bonito - com estilo bem característico dos animes lançados nesta época - cores vívidas, e apesar de parecer muito disperso, causa grande identificação entre os telespectadores por se passar na fase mais complicada da vida dos jovens: a adolescência.
Os personagens propostos por Rumiko (mesmo que alguns já estejam na fase adulta) apresentam uma imaturidade e insegurança muito característica da adolescência. A história de como um hanyou (mestiço) lutou ao lado de seu grande amor e seus amigos contra seu pior inimigo, é contada através dos olhos de uma jovem que divide seu tempo entre lutas, perigos com provas, testes e tarefas da escola onde estuda em sua era.
O anime segue como uma grande metáfora sobre as fases da vida, hormônios, inseguranças e o dia a dia, até se alcançar a maturidade, usando de alegorias e criaturas naturais da mitologia japonesa, e como plano de fundo, a era feudal japonesa - uma era que veio logo após o declínio da antiga liderança do clã Ashikaga, marcada por muitas guerras e disputas de grandes clãs pelo poder, para assim controlar todo o país.
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Kagome e InuYasha são os personagens principais presos em um triângulo amoroso e desenvolvendo seu relacionamento de forma progressiva e tímida ao longo do anime - como é característico dos jovens nessa fase da vida. O mestiço que começa sua jornada com uma cega busca por poder e descobre sua força na caridade, união e boas ações; a humanidade que achava ser sua maior fraqueza se torna sua grande aliada em sua jornada unindo-se a humanos e a yokais (seres sobrenaturais da mitologia japonesa) para lutar pelo bem maior. A humana de outra era aprende mais sobre si mesma ao observar e apoiar InuYasha  e seus amigos, se tornando gradativamente uma jovem cheia de compaixão e maturidade, aprendendo com as relações que vai estabelecendo ao longo do anime, levando em consideração e com sabedoria, o sentimento e as ações de outras pessoas - antes de tomar suas decisões - o que lhe prepara para as responsabilidades da vida adulta.
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Seus personagens secundários são igualmente inspiradores: Sango - uma jovem tayjia (exterminadora de yokais) que teve sua família assassinada - Miroku um houshi (monge) amaldiçoado – e Shippo - um jovem kitsune (raposa de sete caudas, um ser sobrenatural tradicional da mitologia japonesa) que teve seu pai assassinado por yokais (seres sobrenaturais da mitologia japonesa) que usavam um Shikon No Kakera (fragmento da Shikon No Tama) para demonstrar seu poder - começam a jornada com o simples propósito de vingarem-se, custe o que custar, porém, ao longo de sua jornada descobrem na amizade, na união e no amor um motivo para viver, um propósito muito maior e significativo que lhes serve de combustível para juntos derrotarem o inimigo em comum.
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Sesshoumaru também é um personagem secundário, porém, sua jornada não começa com pretensão de vingança, apesar de usar isso como pretexto para lutar e perseguir seu inimigo, seu propósito na verdade é uma busca incansável por descobrir a si mesmo, carregando uma imensa mágoa de seu pai um conhecido dai yokai (grande yokai) o Inu No Taisho (Cão General) - que protegia as terras do leste e travou grandes batalhas em vida  - por sempre favorecer seu irmão mais novo que para ele não passa de um mestiço, isso o faz nutrir um ódio doentio por InuYasha e um grande desprezo por seres humanos.  Ao longo de sua jornada, Sesshoumaru passa por vários testes e provações que moldam seu caráter de um frio assassino para um protetor de inocentes, que leva consigo uma humana que ele ressuscitou, alimentando um enorme carinho e compaixão por sua existência.
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O vilão Naraku é um hanyou (mestiço) que teve sua origem no desejo doentio do humano Onigumo de possuir a miko (sacerdotisa) Kikyo levando-o a oferecer sua alma a mil yokais (seres sobrenaturais da mitologia japonesa) para que seu desejo se realizasse, surgindo assim o maior vilão que todos os moradores da era feudal teriam que enfrentar. Simples e sem muitas ambições, porém extremante inteligente, Naraku  tem como missão de vida contaminar a Jóia de Quatro Almas com energia maligna. Ele representa uma ameaça constante aos personagens e lança inúmeros desafios a eles, testando-os enquanto busca se tornar mais forte para finalmente cumprir seu objetivo. Naraku é como uma metáfora para o mal que carrega sentimentos como orgulho, obsessão, ódio, falsidade, ambição doentia, culpa e o que o cultivo de tais sentimentos provocam em nossas vidas.
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Com muita sabedoria, Rumiko carrega seus diálogos de mensagens sábias e inspiradoras, levando a frente conceitos básicos da formação de um jovem para a sociedade japonesa: honra, coragem, respeito, glória, humildade, sabedoria, empatia e determinação.
Todas as músicas de abertura e encerramento.
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Em sua criação, todos os seres possuem luz e trevas, o que de fato importa é o caminho que decidem seguir, todos são passíveis de condenação e salvação, pois, de dentro da luz ainda pode sair trevas, e em meio às trevas, pode-se chegar à luz. InuYasha é um anime que deixa claro a dualidade do ser humano e como a vida é baseada em lutas diárias no interior de cada pessoa.
A mensagem que o anime investe em passar, é que, todos podemos aprender com nossos erros e evoluir trazendo assim uma perspectiva de vida iluminada ou podemos optar pelo caminho do mal, cultivando sentimentos ruins e negligenciando a nossa saúde tanto mental como física, o que o anime aponta como sendo um comportamento autodestrutivo. Podemos ser salvos, bastando apenas querer.
Sobre a autora:
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Sophia Moon, estudante de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás. Cinéfila, fã da cultura asiática, encantada pelo terror e obcecada por criar histórias em diferentes universos. Amo desde filmes trash a grandes produções cinematográficas, sou apaixonada em mitologias e particularmente a da criação do Tolkien.
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É certo que a vida é uma estrada à qual precisamos percorrer. Durante o trajecto encontramos pessoas à quem passamos nutrir sentimentos, sejam eles magnânimos ou insatisfatórios. Encontramos aquelas pessoas que nos ajudam a derrubar alguns obstáculos, vencer alguns medos, superar algumas barreiras e também tem aquelas pessoas que nos deixam pra baixo dificultando o nosso progresso.
Jane Brandão Parker, uma linda jovem que sofre de complexo de inferioridade devido ao bullying sofrido durante todo o ensino médio vê sua vida mudar após ingressar na universidade. Lidar com o medo da rejeição é sua luta diária e uma paixão avassaladora pode ser o começo para sua cura ou sua perdição.
Patrick Thompson, herdeiro de uma rede de escritórios de advocacia entre outros empreendimentos mais conceituados de Nova York trava uma luta diária contra a rejeição de sua mãe.
Em busca de seu lugar no mundo vê seus sentimentos mudarem quando conhece Jane.
Juntos irão se redescobrir mas precisarão primeiro lidar com seus bloqueios e crescer para que o amor não esmaecer.
Um sacrifício por aposta será feito, corações serão quebrados, brigas, intrigas, separação e reencontros.
Jane e Patrick precisarão de muito mais que um sentimento para superar os obstáculos que atrapalham seu romance e lidar com às consequências dos seus erros com maturidade.
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toriirp · 3 years
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TAKUYA - ( @memeshikutorii )
Nome completo: Takuya Matsumoto Shin
Data de nascimento: 04/11/1986
Local de nascimento: Tóquio, Japão
Etnia: Nipo-coreano.
Residência: Liberdade
Ocupação: Sócio no Ansan Bar, Restaurante e Karaokê
FC: MINUE - Solo
Temas de interesse: Angst, Crack, Fluff, Romance, Shipping, Smut.
Trigger Warning: Abandono parental, bullying, uso de drogas, overdose, morte.
Biografia: 
Takuya não foi muito motivo de felicidade desde a sua concepção. Dois adolescentes, quase adultos, vivendo um romance sem qualquer consequência em mente no Japão dos anos 80. Seu pai, um nipo-coreano que estava terminando o ensino médio sem nenhuma perspectiva do futuro e uma japonesa que sonhava com o estrelato, quem sabe se tornar cantora ou atriz? Mariya e Seunghyun ainda tinham um futuro pela frente, por isso, a notícia da gravidez não foi a melhor coisa que eles escutaram.
As famílias brigaram muito com ambos. Já não viam com bons olhos o relacionamento dos dois, mas ao menos a decência de assumir o filho Seunghyun teve, colocando seu sobrenome dele, e aquilo foi tudo que ele fez. Desapareceu após a formatura, deixando Mariya com um filho. Ainda bem que sua avó queria ajudar a garota, aceitando-a em sua casa enquanto ela procurava estudar e trabalhar, e ao mesmo tempo, ser uma mãe presente na vida de Takuya, que havia se tornado uma benção na vida da mulher.
Durante sua vida, era evidente que sua mãe e sua avó estavam dispostas a fazer de tudo para ele e não deixá-lo sentir necessidade de nada, mas Takuya nunca entendeu a ausência do seu pai. Via seus avós e bisavós casados, mas sua mãe não - e quando falou na escola, pela primeira vez, que a mãe não era casada, que não conhecia o pai, o burburinho foi grande. Algumas crianças até quiseram levar isso pra frente e transformar em bullying, mas desde cedo Takuya mostrou que não tinha nenhuma paciência para aquelas brincadeiras - e foi assim que acabou expulso de sua primeira escola, aos 10 anos.
Algumas transferências ocorreram durante sua vida, pois apesar das boas notas, o jovem tinha uma paciência difícil de domar, e o interesse nulo em qualquer coisa da vida. Isto é… Até o dia que ele tocou bateria pela primeira vez. Tinha 15 anos e no clube de música da última escola pelo qual passou, tinha uma bateria. De início, não sabia exatamente o que fazer, mas aceitou entrar no clube e se responsabilizar em aprender a tocar aquele instrumento.
Não parou por ai. Acabou se interessando por instrumentos de corda também, e até tentou cantar. Foi assim que acabou se juntando com seus amigos, que já tinham uma noção da cena visual kei, e montaram uma banda: X-TRAY. Assim que se formaram no ensino médio, o grupo de jovens - que consistia em sete pessoas no total, sendo quatro da banda e o resto se encarregava da produção - começou a fazer algumas gravações caseiras, e a banda se apresentava nos bares que permitiam a entrada deles. Takuya, que adotou o nome artístico Izaya, era o baterista da banda, e praticamente o agente deles.
Sua mãe tinha um certo medo que ele se decepcionasse, mas também estava feliz porque, de certa forma, o filho seguiria o sonho antigo da mãe. Era como se, de certa forma, ele pudesse realizar o que ela tanto almejou. Então era a maior fã e apoiadora do filho, e dentro do possível, fazia de tudo para promover a banda para seus amigos e filhos.
Demorou três anos para que conseguissem assinar com uma gravadora, e agora seus projetos eram maiores, mais relevantes. A banda cresceu até o ápice, até que… Não tinha mais para onde subir, então o único caminho era pra baixo. Takuya já havia se lançado como um cantor solo, que fazia uma reinterpretação de clássicos do enka para o rock, há pelo menos quatro anos, ainda mantendo seu nome artístico Izaya, e cada membro também tinha seu projeto solo. A queda real começou quando vídeos dos membros com groupies em “momentos íntimos” foram divulgados em fóruns de visual kei. Isso teve início em 2013, e eram vídeos tanto antigos quanto novos.
Enquanto Izaya continuava se promovendo e promovendo a banda, Takuya estava constrangido, ainda mais quando aquilo chegou à sua mãe e sua avó. Mas ainda bem que pode se apoiar nelas, pois outros membros não tinham algum lugar de apoio. Aos poucos, a base que formava a banda foi desmoronando, e pareceu ruir por completo com a morte do vocalista, devido a uma overdose. Naquele momento, decidiram pelo fim oficial do X-TRAY.
Takuya passou alguns anos ainda trabalhando com música, apenas como produtor, quando um dos antigos membros da banda o mandou um e-mail. Havia se tornado sócio de uma boate no Brasil e era lucrativo, talvez fosse o que Takuya precisasse para um novo começo na vida. A língua seria um desafio, mas já havia usado o Google Tradutor algumas vezes para responder fãs e poderia fazer aulas ali, e sabia inglês. Daria seu jeito, de qualquer forma.
Então embarcou para o Brasil em 2015, se estabelecendo no bairro da Liberdade, próximo ao emprego. Inicialmente, fazia todo tipo de bico naquela boate. Garçom, bartender, consertos, manutenção e cuidados com as máquinas de karaokê, e quando seu português se tornou melhor, até host chegou a ser. Diferente do jovem que vivia se metendo em brigas, Takuya havia se tornado um homem que tinha facilidade em fazer contato com o público, em deixar as pessoas confortáveis perto dele.
E quando eu ex-colega de banda resolveu que era sua hora de voltar para o Japão, foi Takuya quem assumiu seu lugar como sócio da boate. E após algum tempo, finalmente havia juntado dinheiro o bastante para comprar uma casa para sua bisavó e sua mãe, que haviam concordado em se mudar para lá depois do falecimento do bisavô. Sua mãe acabou se casando com um brasileiro que conheceu na Liberdade, descendente de japoneses, e a bisavó era a maior entusiasta de conhecer culturas novas - volta e meia ela se perdia em São Paulo porque havia se empolgado e ainda não sabia usar mapa digital. Mas tudo bem, todos viviam felizes daquela forma.
Dentro da boate, para preservar sua identidade, havia há muito adotado novamente o nome Izaya, o que acabou se tornando um segundo nome para ele. Duvidada muito que alguém o reconheceria, e estava bem assim. Também, tinha um canal onde às vezes postava algo envolvendo música. Não havia largado sua paixão.
Personalidade: 
Com o passar dos anos e a maturidade batendo na porta, Takuya aprendeu a ser uma pessoa calma, fácil de levar, mas ainda assim, sempre tinha um pé atrás com todos que conhecesse. Talvez isso fosse um resquício do início da banda, quando sempre tinha que lidar com alguns contratantes caloteiros. Sabia reconhecer um de longe, inclusive.
Apesar de ser difícil de irritá-lo, quando alguém consegue essa proeza, não é fácil acalmar o japonês. Uma vez com raiva, tende a ser explosivo e agressivo, o que não são coisas do qual ele se orgulha. Começou a frequentar um templo budista próximo de sua casa logo que se mudou, e com a prática do yoga e da meditação, conseguiu ganhar mais controle sobre essa parte da sua personalidade.
Ambições para o futuro: 
O que mais deseja é abrir uma lojinha de conserto e confecção de roupas para sua bisavó, que era uma ótima costureira e sempre quis ter seu próprio negócio. Também quer reatar os laços com seus avós, pois estes não tinham uma boa relação com sua mãe e, assim, acabou não criando uma proximidade com eles.
Deseja, mesmo que de forma independente, continuar com a música na vida, pois aquela sempre seria a maior paixão de sua vida.
O que é a Liberdade para o seu personagem?
Um novo começo. Conseguiu reestruturar sua vida e de sua família ali, e mesmo que estivesse longe do seu país, conseguia matar um pouco da saudade andando pelas ruas, visitando os comércios. Era como se ainda pudesse ter um pouquinho do Japão em sua nova vida.
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hxveabreak · 6 years
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❛ — ☪ * ˙˖✶Facilis descensus Averno
⧼ ✢ Fácil é a descida ao inferno, pois a subida para o topo da pirâmide social é difícil, ao menos para quem nasce fora desse círculo. Para Catarina, no entanto, fora algo tão simples quanto respirar ou andar de bicicleta, e graças ao sobrenome Young, teve uma vaga garantida entre os populares desde o nascimento. Talvez se fosse uma loira oxigenada, uma ídola adolescente ou uma garotinha má e mal comportada, tivesse se tornado membro do quarteto temido de North Shore, mas sua gentileza fizera com que fosse acolhida pelos prep. Não que ela tenha ficado insatisfeita, na verdade, nunca importou-se com os rótulos que alimentavam o preconceito. Mas aceitou sem protestos a posição que lhe ofereceram. Antes, porém, de saber como a garota chegou na prateleira onde está, o que acontece em sua mente, coração e até mesmo em seu portão, existem algumas coisas que precisa saber sobre Catarina.
Ninguém nunca lhe disse que os mais novos deveriam pagar pelos pecados dos mais velhos. Nunca lhe disseram também que o mundo era um lugar justo. A separação dos pais aconteceu quando tinha apenas quatro anos de idade, e nunca pararam para explicar para a dona dos finos fios castanhos o porquê da mamãe estar indo embora ou se um dia voltaria a encontrar a progenitora. Ninguém desejou gastar tempo como uma garotinha como Catarina, por mais inteligente que fosse para sua idade, e então, mesmo pequena ela fechou-se para o mundo quando o lar voltou a ser um ambiente ruim para se criar uma criança. No meio do caos e de disputas judiciais, foi a amizade travessa de um garotinho mais velho que manteve a herdeira dos Young’s nos eixos. Brincavam pelos jardins, aprontavam nas festas de gala e principalmente compartilhavam de suas histórias.
Aos cinco anos dela, eles faziam tudo juntos. De mãos dadas e sentados nas sombras de jantares importantes, balançavam seus pés na cadeira e compartilhavam de piadas infantis. A maior parte delas era sobre o cabelo de alguma convidada ou como o paletó do senhor Leoncio não fechava quando ele estava sentado. Aos seis não importou o quanto implorou para o pai, ela não foi matriculada na mesma instituição que Milo, mas não era como se algo tão pequenino fosse interferir na amizade dos dois. Com quinze, seus pés já tocavam o chão quando se sentavam para os mesmos jantares luxuosos, e agora não mais riam de piadas inocentes, mas deixavam os comentários para serem feitos em particular após uma taça de vinho. Aos dezesseis, ele foi o responsável por sua primeira valsa quando o pai decidiu apresentá-la para a sociedade em um baile de debutante. Ela nunca ficou tão bêbada, e fora ali que disse que o amava. Não como das outra vezes, mas de verdade. 
O romance durou um ano, e foi o melhor ano da vida de Catarina. As amigas a superestimaram por estar namorando um rapaz mais velho — mesmo que a diferença fosse de alguns meses, ele irradiava maturidade — e alguns diziam que seriam rei e rainha do baile na formatura. A pressão do pai pareceu desaparecer sobre ela, e Joseph gostava de Milo — ao menos das partes que conhecia do rapaz e de sua família. Já Catarina gostava de tudo nele, principalmente das partes sombrias que julgava ser a única a conhecer. Mas mesmo conhecendo esses pedacinhos do mais velho, não poderia esperar por algo similar ao que ele fez. Ele, que foi seu primeiro amor, seu primeiro beijo e também seu primeiro homem, acabou se tornando também a sua primeira decepção. Mas ela não o culparia, Milo sempre teria prioridade em sua vida e mesmo sendo quase masoquista, havia sido uma honra sofrer por ele. 
Foi no meio de conflitos amorosos e da dor da primeira decepção, que Catarina tornou-se mais próxima daqueles que haviam lhe abrigado pouco antes. Quando foi convidada à sentar-se junto do clique no refeitório, soube que aquilo era decorrente da fortuna acumulada pela família — e talvez da beleza que ostentava —, mas não era como se encaixasse em outro lugar. Talvez com os geeks, mas não sentia-se totalmente à vontade junto do grupo. Fora fácil superar o término do romance ao lado das preps, que faziam festas do pijama com sorvete de chocolate e comédias românticas ruins. Fora fácil superar Milo com desfiles de moda em Milão. Tudo sempre pareceu ser fácil para quem é um prep. E a mesma Catarina que não importava-se com os cliques, não implicou com as vantagens que ser uma princesinha lhe trouxeram. A selva do ensino médio parecia um safari super seguro para a Young, que acabou acostumando-se com a posição lhe imposta, lidando bem com ela com o passar dos tempo. Mas se existe uma coisa que Catarina não esquece é que a descida ao inferno é fácil.
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bilgates · 3 years
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'Letra M, de Mãe': na era digital, mães contam como é criar os filhos sem saber ler
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Em minidocumentário do G1, quatro mulheres relatam como não puderam participar ativamente da vida escolar dos filhos e inúmeras dificuldades surgidas pela falta de instrução. ‘Letra M, de Mãe’: na era digital, mães contam como é criar os filhos sem saber ler A gestação traz muitas dúvidas para mulheres que se preparam para ser mãe. Em geral, pesquisas na internet ou desabafos em grupos nas redes sociais ajudam a solucionar algumas delas. Para mulheres que não sabem ler, o apoio fica mais restrito. Neste dia das mães, o G1 publica o minidocumentário “Letra M, de Mãe” sobre mulheres que tiveram dificuldades na criação dos filhos, por não terem estudos. Simone de Souza, 48 anos, é uma dessas mulheres. Ela parou de estudar ainda criança para ajudar a cuidar dos irmãos em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Quando teve filhos, sentiu o impacto da falta de estudos para poder criar as crianças. Maria de Lourdes Ferreira, 62 anos, migrou do Rio Grande do Norte para o Rio de Janeiro quando ainda tinha 9 anos, para trabalhar em “casa de família”. Pouco depois, também abandonou a escola. Sem instrução, pouco pode participar da vida escolar dos filhos. Além de Simone e Lourdes, há ainda as histórias de Maria Cristina da Silva, 37 anos, e Maria José Penha, 62 anos, também mães que não completaram os estudos. Elas ilustram os desafios que o Brasil ainda enfrenta na educação: o abandono escolar e a evasão. As gravações ocorreram em 2019, antes da pandemia, e retratam o retorno destas mulheres aos bancos escolares em turmas de alfabetização de adultos de um projeto voluntário de uma igreja na Zona Sul do Rio de Janeiro, para atender quem teve o ensino interrompido. Em março de 2020, as aulas foram interrompidas. Essas mulheres falam sobre os prejuízos que o fechamento das escolas trouxe na aprendizagem, um desafio a mais que deverão enfrentar na vida. Simone de Souza e Maria Cristina da Silva durante as aulas presenciais de educação de jovens e adultos, antes da pandemia. Gustavo Wanderley/TV Globo Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apontam que, em 2019, mais da metade dos adultos acima de 25 anos (51,2%) não havia completado os estudos. Os motivos principais para evasão entre jovens de 14 a 29 eram: necessidade de trabalhar (39,1%) pouca atratividade da escola (29,2%) gravidez (23,8%) afazeres domésticos (11,5%) Até março de 2020, o Brasil tinha 3 milhões de estudantes matriculados na EJA. A situação é pior para aqueles que não se alfabetizaram. Há 11 milhões de analfabetos no país, acima de 15 anos, que não sabem ler nem escrever. Moradora de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, Simone de Souza conta os desafios de voltar a estudar na maturidade. Ela frequentava turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) antes da pandemia, e teve que interromper os estudos. Gustavo Wanderley/TV Globo Entre os analfabetos, 50,13% são mulheres. O percentual aumenta conforme a idade vai avançando: acima de 40 anos, 52% dos analfabetos são mulheres; acima de 60, 56%. Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), as mulheres somavam 49,3% das matrículas antes da pandemia – os dados indicam que, para elas, voltar a estudar ainda é um pouco mais difícil do que para os homens, o que pode impactar em gerações futuras. “Os estudos mostram que aumentar os níveis de educação das pessoas jovens e adultas têm enorme benefício para as novas gerações. Famílias mais educadas são mais capazes de dar valor à educação escolar e de acompanhá-las em seu desempenho”, afirma a doutora em educação e professora da USP Maria Clara Di Pierro, doutora em educação e professora da USP, especialista em educação de jovens e adultos. Especialistas em educação afirmam que pessoas sem estudos têm uma leitura menos crítica do que ocorre ao seu redor, e maior dificuldade de fazer análises globais das situações. Os dados indicam que muitas delas são navegadoras frequentes da internet, usam redes sociais e aplicativos de mensagens, mas são facilmente enganadas com notícias falsas, não compreendem ironias, metáforas e frases em sentido figurado. Entre alunos de 15 anos, matriculados regularmente, 67% não sabem diferenciar fatos de opiniões, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O índice pode ser maior entre aqueles que não estudam. “A mãe com menos repertório vai oferecer menos a essas crianças, os cuidados de higiene, de alimentação, nutrição. Quando entra na escola, é outro desafio: o desafio não só da mãe acompanhar o conteúdo para ver se a criança está aprendendo, mas de também de poder dialogar com a escola. Muitas vezes, a mãe não conhece aquele ambiente, porque ela não frequentou. É um espaço estranho”, afirma Ana Lúcia Lima, que coordenou o estudo Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) Brasil. Mas, mesmo com todas as dificuldades, mães sem estudo podem contribuir para o desenvolvimento dos filhos de diversas maneiras. “A narração de histórias que não precisam ser lidas no livro, a memória do seu lugar de origem, contar a história da família, cantar com o filho, brincar com o filho, tudo isso é extremamente importante também. A mãe pode sempre, se ela tiver essa intencionalidade explícita, contribuir com o letramento do seu filho”, afirma Ana Lúcia Lima. Estudos após a maternidade Maria de Lourdes Ferreira (à esquerda) nas aulas presenciais de educação de jovens e adultos, antes da pandemia. Gustavo Wanderley/TV Globo Simone conta que só estudou até o primeiro ano do ensino fundamental. Levou a vida trabalhando como empregada doméstica, mas ao ter filhos, sentiu as amarras que a falta de instrução poderia lhe trazer. Quando uma das meninas ficou doente, pegou um remédio para medicá-la. Achou que fosse o correto, só que não sabia ler o rótulo. Não fosse um vizinho para alertá-la, Simone conta que poderia “ter matado” a criança. Maria de Lourdes, que migrou do Nordeste, parou de estudar no quinto ano. Sem instrução adequada, ela não conseguia empregos melhores, e não pode participar ativamente da vida escolar dos filhos. Ela se emociona ao lembrar que ou cuidava dos filhos da patroa, ou cuidava dos dela. Maria Cristina da Silva, 37 anos, é dona de casa e mãe da Nicole, de 10 anos. Ela conta que pede ajuda ao marido quando a menina tem dificuldade com o dever de casa, ou quando precisa sacar dinheiro. Cristina conta que, quando recebe uma mensagem por escrito e não consegue ler, manda para o marido ou para a filha. Ela sonha ser menos dependente, se expressar melhor, participar mais da educação da menina e se tornar professora. Maria José Penha estava nas aulas da EJA antes da pandemia, mas teve que interromper os estudos. Gustavo Wanderley/TV Globo Há também Maria José Penha, 62 anos, empregada doméstica aposentada. Há mais de 30 anos saiu de João Pessoa (PB) e trabalhou por todo esse tempo para a mesma família. Seu projeto de vida era dar aos filhos a oportunidade que não teve. Já criou três. Ela lembra que, quando ia ao médico, pedia para uma amiga preencher os formulários porque não sabia ler as informações pedidas. Em 2019, comemorava as conquistas com a alfabetização, iniciada um ano antes. Pandemia Os estudos foram interrompidos com a pandemia. Em maio de 2021, ainda não haviam sido retomadas. Sem o acompanhamento próximo dos professores, ficou mais difícil estudar. “Chorava todos os dias porque eu não podia ir à aula, não podia ter contato com as pessoas que a gente ama”, afirma Maria José. “Tirou tudo. Tirou minha liberdade, tirou minhas aulas”, conta. “Não teve aula, não teve nada, então fiquei isolada em casa. Sinto muita falta do contato com as minhas professoras, colegas de sala de aula e das pessoas que estavam ali três dias por semana. Fez muita falta, foi muito ruim mesmo. Eu perdi o ano todo”, afirma. Simone sentiu a perda de pessoas próximas por Covid e afirma que esqueceu o que já havia aprendido. “Perdi amigos, familiares, pensei que ia perder o meu emprego, mas graças a Deus eu não perdi. Quando acabar isso, a gente vai ter que voltar do zero, por que o que a gente estava aprendendo já esqueceu. Mas a gente vai continuar”, conta. “Agora é muito mais urgente aprender a ler e escrever corretamente, sem medo nenhum e conhecer um novo mundo. Eu to torcendo que minhas aulas comecem”, relata Maria José. Retrato de um Brasil sem estudos Combate ao analfabetismo ainda é desafio no Brasil. Entre eles, 50,13% são mulheres. NA educação de jovens e adultos, elas eram 49,3% dos matriculados até março de 2020. Reprodução/TV Globo Entre a população de 6 a 14 anos, a taxa de escolarização está acima de 99%, mas começa a cair entre os que têm 15 anos ou mais. Entre as pessoas de 18 a 24 anos, 32,4% se declaram escolarizados. Já para quem tem mais de 25 anos, a taxa de escolarização era de 4,5% em 2019. Mas três a cada dez brasileiros (29% da população) de 15 e 64 anos ainda são analfabetos funcionais – pessoas com dificuldades de leitura, escrita e de operações simples de matemática. Entre os matriculados no ensino médio, 13% ainda estavam nesta situação em 2019. E no ensino superior, 4%. A educação de jovens e adultos no Brasil Especialistas em educação alertam que as matrículas na educação de jovens e adultos são muito reduzidas no Brasil e o investimento público no setor é baixo. Em 2019, sob a gestão do governo Jair Bolsonaro e do ministro Ricardo Vélez Rodríguez, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) foi extinta. Aulas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Rio de Janeiro. Gustavo Wanderley/TV Globo Até março de 2020, dos três milhões de pessoas matriculadas na EJA, 1,7 milhão estudavam em turmas do ensino fundamental e 1,2 milhão no ensino médio. Para especialistas, seria preciso investir em novas formas de educação para este público, e romper com um modelo escolar feito para crianças e adolescentes. Maria Clara Di Pierro, doutora em educação e professora da USP, defende uma flexibilização no formado de aulas, com jornadas escolares mais curtas e que não se estendam por todos os dias da semana. A ideia é possibilitar um respiro para que esses adultos consigam conciliar os estudos com outras necessidades de vida, como a responsabilidade familiar e profissional. O preconceito social em relação à aprendizagem na idade adulta também contribui para a falta de investimento na área, mas a psicologia da educação sustenta que uma pessoa saudável pode aprender perfeitamente na idade adulta e na velhice, segundo Di Pierro. Veja vídeos de Educação ‘Letra M, de Mãe’: na era digital, mães contam como é criar os filhos sem saber ler
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recantodaeducacao · 3 years
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Após decisão judicial, adolescente que adotou ‘homeschooling’ é impedida de se matricular na USP
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Aos 17 anos, a estudante Elisa de Oliveira Flemer viu a euforia da aprovação em 5º lugar no curso de engenharia civil da Universidade de São Paulo (USP) se transformar em apreensão por ter sua entrada no ensino superior barrada após uma decisão da Justiça. A moradora de Sorocaba, que decidiu em 2018 adotar o método de homeschooling, no qual um aluno não frequenta uma instituição de ensino formal e passa a aprender em casa, não tinha documentos que comprovassem a sua formação e, com ajuda do Ministério Público, deu entrada em um pedido de liminar para poder entrar no ensino superior. A juíza Erna Tecla Maria, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), porém, negou o pedido, afirmando que o método de ensino não está previsto na legislação e que a jovem não tem documentos que comprovem sua maturidade para frequentar o ensino superior.
A maturidade da filha ainda aos 15 anos, no entanto, foi um dos motivos pelo qual a mãe de Elisa permitiu que ela fizesse o ensino médio seguindo um método próprio de estudo, já que as aulas da escola não satisfaziam as curiosidades da adolescente. “Ela via o tempo sendo mal aproveitado. As aulas eram muito cansativas, muito repetitivas e vazias e ela conseguia em casa estudar muito mais e aprender muito mais do que na sala de aula. Ela não se adaptava porque era muito entediante para ela”, explica Rita de Cássia de Oliveira. Antes de decidir deixar os ensinos formais, a garota passou por quatro escolas particulares, mas não se sentiu desafiada por nenhuma delas. Em casa, a rotina para conseguir a sonhada aprovação em um curso na área de engenharia da computação no exterior fez com que o trabalho fosse dobrado: em um período ela focava em assuntos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em outro estudava para o Standard Assessment Task (SAT), uma espécie de Enem internacional que permite a entrada de alunos em algumas universidades dos Estados Unidos.
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“Minha filha estuda sete dias por semana. Ela estuda muito. Ela não é um gênio. Nada veio para ela de graça. Ela estudou, ela aprendeu. Ela faz revisões constantes, ela tem um método de trabalho que ela própria desenvolveu que funciona para ela. Ela descobriu a maneira correta de aprender e é o que ela aplica para o aprendizado dela”, afirma Rita de Cássia. As ações judiciais movidas pela família de Elisa pediam que a estudante tivesse o direito de fazer o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que no momento só é permitido para maiores de idade. O aniversário de 18 anos da jovem é em setembro, um mês após a data de aplicação do exame nacionalmente. Com isso, se ela não puder se matricular em 2021 e passar novamente no vestibular, tem risco de ter a matrícula negada por falta de documentação mais uma vez em 2022. Com o encerramento do prazo de entrega dos documentos para matrícula na USP e a decisão judicial em mãos, ficou a sensação de frustração. “É uma luta inglória. É tão absurdo isso. Por que a dúvida de que ela tenha capacidade? Eu não peço nenhum benefício, só quero que a Justiça autorize a minha filha a se sentar e fazer todas as provas do Encceja, do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio, para ela provar que naturalmente tem esse conhecimento”, explica Rita.
Agora, o advogado da família, Telêmaco Marrace de Oliveira, pretende protocolar uma ação pedindo que a USP assegure a vaga da jovem e que a juíza permita que a garota curse concomitantemente o ensino superior e o ensino médio, que, de acordo com os cálculos dele, seria concluído em cerca de um ano. “Há várias decisões no Brasil que compreendem que um jovem que tem capacidade um pouco mais avançada, passando no vestibular dessa magnitude, de alta complexidade, poderia frequentar a universidade e paralelamente fazer o ensino médio”, pontuou o advogado. A reportagem buscou o Tribunal de Justiça de São Paulo para ter maior acesso à decisão judicial, mas foi informada de que o caso corre em segredo de justiça.
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