Tumgik
autoraporumtriz · 1 year
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eu tentaria morrer hoje se não fosse a vida,
se não fosse essa vida que aos poucos e bem pequenos passos, eu me construí
e eu me destruí também,
inúmeras e inúmeras vezes,
e em todas elas eu renasci,
de novo e de novo
e de novo.
estando aqui, no agora, de pé
olhando toda essa poesia que a chamam vida.
e se não fosse a poesia, eu morreria
a poesia prevalece!
a vida, permanece!
todas as vezes que me vi diante uma situação singular e intransponível, eu tremi
e temi
e fugi
ou, pelo menos, tentei
mas voltei e enfrentei.
de uma forma ou de outra a gente sempre aprende a lidar com nossos demônios,
matando-os ou fazendo amizade com eles.
e agora te confidencio, pequeno demônio: estou com medo!
mas estou aqui.
pela vida, pelas palavras, pela poesia.
me sinto apta a te enfrentar.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 2 years
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fechei os olhos e avistei uma constelação,
aos poucos, mais e mais estrelas apareciam e me deixavam perplexa,
o rastro de um cometa
uma iluminação sem fim,
sem som
silêncio
um vácuo total.
abri os olhos e me enxerguei.
dei um trago no cigarro que estava quase se apagando,
pegou fogo de novo,
e queimou,
assim como minha pele queima sob o sol,
iluminada pelas estrelas
num quarto escuro e frio
num movimento, vi minha sombra na parede
me movi novamente
vi meu corpo dançar naquela sinfonia calma e singela
desperta!
eu estava acordada,
bem acordada
como num sonho em que a gente se belisca pra se dar conta da realidade
eu me movia e sabia que era eu
o eu e o eu sombra
nós duas, uma
dançando o movimento das estrelas,
iluminadas,
queimadas pela ponta de um cigarro velho,
queimadas pelo fogo que emanava dos meus corpos
era eu e eu,
comigo mesma,
eu e minha sombra, realizando os meus mais profundos desejos, como num sonho,
mas estavamos despertas.
resolvi parar de me mover,
a sombra também.
quieta!
agora era só eu, deitada na cama, olha pro teto que é branco, mas, tava tão escuro que eu não sabia.
a lâmpada piscou
mais um trago
olhos fechados pra ver estrelas,
esperando borboletas saírem do meu estômago,
nada.
sem estrelas, sem borboletas.
decidi que estava sozinha a partir dali,
a partir dali, não viveria mais à sombra de mim mesma,
eu era meu próprio sonho,
minha constelação,
eu era infinita naquele espaço tempo.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 2 years
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leito 02
ela já tinha passado por tanta coisa até chegar ali,
já tinha sido muita coisa nessa vida,
mas agora, estava imóvel,
alternando o olhar do branco cego do teto para a escuridão profunda ao se fechar.
o barulho era sempre o mesmo,
aquele bipe insuportável que penetra o ouvido e fica tinindo até o fundo do cérebro.
respirar estava difícil,
falar, impossível
mas ela ainda estava ali.
num dado momento o bipe deu lugar a uma sirene alta,
e todos que estavam ali, rapidamente, assumiram seus postos de emergência.
ela decidiu que estava cansada demais, e queria um momento fora daqui.
enquanto flutuava por todo o quarto, passeando tranquilamente, visitando um por um,
médicos e enfermeiros tentavam ser Deus e trazer uma vida de volta.
12 minutos foi o tempo de sua morte,
deu tempo de olhar outras cores até ficar imóvel de novo,
deu tempo de pensar que a vida ainda é boa e vale a pena seguir tentando.
do alto do leito 09, eu ouvi a paciente do leito 02 morrer e ressuscitar em 12 minutos.
e eu fiquei feliz que ela tenha decidido voltar.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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Se eu esquecer, me lembra.
Me lembra das músicas que eu gosto, dos passeios, as bebidas, os cheiros e gostos.
Me lembra das roupas, sapatos, cabelo e maquiagem.
Me lembra que eu gosto de mexer com a terra, tocar violão e ler letra de música.
Me lembra que não sou obrigada.
Se eu esquecer quem sou, me lembra.
Me lembra que antes de ser dois, eu sou uma.
E que essa uma, importa.
Me lembra,
Me lembra que eu gosto de macaquices e criancices, que eu rio solto e ando flutuando,
Me lembra que amo dançar e fechar os olhos pra sentir a batida da música na minha cabeça,
E que eu trago sempre que fico atordoada,
Se eu esquecer, me lembra
Me lembra que amo ser mãe, mas não quero parir de novo
Me lembra que amo cachorros, mas prefiro gatos
Me lembra que quero paz,
E quando eu estiver desnorteada com tantas responsabilidades,
Me lembra que posso respirar.
Se eu esquecer, me lembra.
Pode ser que eu me esqueça.
Já me esqueci outras vezes.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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eu sou uma sobrevivente. aos 13 e aos 16 tentei tirar minha própria vida. aos 18 tentei dormir pra sempre. além da marca temporal, adquiri problemas no fígado e um excesso de zelo da minha família. ao longo de 9 anos, desde a última tentativa, o pensamento de morte incorreu inúmeras vezes. eu ainda sou uma potencial suicida. ou talvez uma suicida não praticante. quero morrer todo dia, mas escolho viver. e tem sido doloroso desbravar todas as angústias que me levaram a compor esse sentimento, mas, sinto todos os dias que chego mais perto de uma verdade boa pra mim. as vezes dói profundamente, que acho que não vou aguentar, mas eu tenho propriedade pra falar que o afeto, a atenção e o cuidado com minha saúde mental que minha família teve/tem comigo em todos os momentos de escuridão, me livraram da morte tantas vezes. nos momentos bons eu tenho vontade de viver e seguir lutando. nos momentos ruins, minha família faz eu lembrar de quem eu sou e do quão bom é compartilhar a vida com eles. escutar a dor do outro, acolher, ser amparo, é difícil quando o outro está em negação de si mesmo. achar que o outro está fazendo drama e quer chamar atenção é mais simples. é mais simples não estar lá quando tudo desaba. mas é quando tudo desaba que sabemos quem está pronto pra ver nossa vida florescer. e, graças a Deus, tenho uma família que sempre está ao meu lado me ajudando a florescer dia após dia. eu sou uma sobrevivente. e seguirei sendo por mim, por nós. @autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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quanto mais escrevo,
mais me calo
e nesses rabiscos de papel, me encontro.
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sobre tantas e tantas coisas,
o abismo que há entre querer fazer algo e levantar da cama.
apagar o cigarro e evitar o gole de uma bebida qualquer.
reaprender quem sou, olhar ao longe quem eu era e quem eu ainda quero ser.
não consigo me observar no agora, estando constantemente em estado de vigília.
sei tudo um pouco,
sei de tudo que me tem, que há em mim, e tudo que me aquece o coração
e tudo que o apedreja também
sei de tudo, pouco
pouca coisa eu sei que está sendo escrito aqui,
tantas palavras que eu gostaria de gritar,
como quando coloco aquela música pesada no som do carro, no último volume, fecho os vidros e grito até acabar o ar.
eu pego uma garrafa de água, vazia, e bato no volante até amassar por completo.
eu acelero na via, esperando um acidente que me desacorde por um espaço de tempo suficiente pra eu não ter que continuar do jeito que está,
só que eu não faço ideia de que jeito está,
eu só estou sendo,
ando sendo tantas coisas, há tanto tempo, que não sei mais quem eu sou.
e encontrar o que eu gosto anda sendo tarefa difícil,
falar "não quero mais" não é tão mais simples agora
falar não é simples
ouvir, mais complicado ainda.
me ouvir, tá muito barulho por aqui,
são muitas vozes, muita gente, tá um tumulto danado e não tem saída,
as saídas de emergência foram bloqueadas e o segurança na porta diz que só pode ir quando a festa acabar,
mas eu não tô entendendo,
nem fui convidada pra essa festa,
o que que eu tô fazendo aqui?
me arrastaram pra cá desacordada, eu disse,
mas riram na minha cara e falaram "vc veio dirigindo até aqui, a 160 por hora"
e eu não me lembro,
eu não me lembro de nada
só quero sair e ir pra casa,
mas eu não consigo falar.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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eu entendo que o amor não é pra fazer ninguém sofrer e sim pra abarcar toda dor e maldade e fazê-las desaparecer.
mas, em certos momentos,
aqueles pequenos,
os menores mesmo,
quando a gente ama, do fundo da alma, e a gente deseja permanecer embriagado naquele amor, afogando em afeto,
dói.
dói demais.
pq a gente se confunde.
a gente confunde entre o ser e o ter
e o sentimento de posse transforma o amor em vaidade.
eu faço uma bagunça com todos os papéis que tenho que desempenhar na vida,
e coloco afeto em tudo
e tudo me afeta na mesma intensidade.
eu sinto muito por isso.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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Hoje, esses dias. Todos esses dias. Eu tô bem assim, apaixonadinha. Euzinha. Aquela menina de sempre, que sempre foi profunda e dramááática demais. E é dessa que eu gosto, hoje, e todos esses dias.
Todos os dias que eu sinto – e tenho sentido tanto – gosto mais, porque me lembro mais e me lembro muito de mim, de quem eu era, de quem eu sou.
Sinto que posso me (re)escrever de novo e sentir todas as coisas que sinto e despejar elas aqui, nesse papel digital. Meu velho lápis se foi, a lapiseira também. Sobraram os dedos e o teclado, e o cabeção que não para de pensar nunca. Mil e uma coisas nessa cabeça que não tem cabelo loiro e sim castanho.
Gostei de voltar a sentir. São todas essas coisas que tu desperta em mim, e eu me sinto viva de novo e de novo e de novo e todos os dias, hoje, esses dias e todos esses dias juntos.
Eu amo o brilho e a força que transmitimos um pro outro e acho que não é só minha essa percepção. Eu espero que não. Eu desejo que não. Porque sempre quero poder ser essa pessoa que tá sentindo tudo, o tempo todo. E vou gostando de mim assim, desse jeitinho, devagarzinho, um passinho de cada vez na minha reconstrução de quem eu me tornei depois de tantos trancos e barrancos. E eu vou subindo escada acima, as vezes cansa, as vezes cai, as vezes sento e admiro a vista, porque daqui do alto é bonito demais. E eu vou assim, as vezes dá vontade de descer, voltar pra onde era confortável e seguro, mas quando vejo o quão profundo e escuro que é pra voltar, parece um abismo, eu choro, repenso de novo, e falo “é, tenho é que subir mesmo”. Toda e qualquer escadaria pra chegar no santo é alta e demorada, mas a gente chega lá um dia. Ou talvez não. Então, se não chegar, eu penso, pelo menos tu estava comigo e eu pude admirar todas as paisagens bonitas que passaram. Cansei, chorei, sentei, sofri, mas não me rendi em nenhum momento, e só olhei pra trás pra ter certeza que tava seguindo o caminho certo.
Se é pra ser pra sempre assim, eu já não sei. Não me cabe saber, nem ouso procurar essa resposta. Mas que agora tá tudo bem, ahh, isso está. O caos inteiro do universo penetra no meu peito, e eu sinto a dor de tantos e de muitos, e eu quero abraçar cada um. Mas pra isso, preciso me abraçar. E estou me abraçando muito nesse momento e gostando muito dessa figura sensacional que estou sendo hoje, esses dias. Hora ou outra não vou querer ser eu, vou inventar personagem, sair de cena, querer ser má, coadjuvante, figurante. Mas eu sei que só eu posso protagonizar essa vida aqui, que eu tenho hoje, e que não sei mais por quanto tempo ainda vou ter. Então hoje, e todos esses dias, agradeço pelo presente de estar viva, aqui, mesmo com o tudo explodindo lá fora, aqui dentro reina o bem e o amor, e eu tô sã e salva com muita sorte.
Não quero mais ver gente morrer. Mas não tenho poder pra tanto. Emano meus santos e santas, reis e rainhas, deuses e deusas, e toda permissão que tenho pra orar e vibrar, e libero as energias positivas em forma de pensamentos, intuição e oração. Que aconteça o que tiver de acontecer, eu tô pronta, entrego, confio, aceito (dependendo do que for, talvez eu chore) e agradeço. Mas o importante é que hoje, esses dias, eu tenho sentido tudo e sentido muito. E essa sou eu, a pessoa que sente e percebe o interno e o externo, e “traduz” em um monte de coisa rabiscada (digitada) no que faz sentido (ou não) pra mim e pra você.
Obrigada por ler até aqui. Se não entendeu nada, vamos ter que dar um jeito de entrar na minha cabeça e consertar o corretor, porque realmente não tá fácil.
Obrigada. É isso. @autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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He’s trying to be a normal person, like everybody. Bullshit. People like us never can be normal or have a ordinary life. We was born to do some things that another people never understand. We are here for a reason. A big, big, big and different reason. And it’s happening. Right now. Everything that you look around, is part of the plan. We are faded to do this extraordinarily thing. To be extraordinary.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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first chapter
this pain. this sickness. this horror show. I hope something, but I don’t want. I want something, but I don’t know. My life is all of this shit that I have to support, cause I can’t choice. I can’t see the future, and the pass are following me. And this scared me. And this hurts me. And I feel this pain like an energy in my body.
I say to myself "take it easy", but nothing that I can do is enough. Is so fast. More than I can.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years
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sabe, sobre todas essas coisas. o individual e o coletivo. eu olho minha filha sentada vendo TV e me acalma o coração por ela simplesmente respirar. eu tomo meu vinho no conforto da minha casa, com comida, cobertor e internet e me sinto egoísta por ter as coisas que lutei pra ter, pq milhões de pessoas lutam todos os dias e não tem nem metade. não é justo. e eu não sei fazer com que seja. o interno e o externo se chocam, divergem, entram em conflito. quando precisamos ser o todo, separadamente. quando precisamos ajudar sem abraçar. quando trabalhar 8, 9 horas por dia não faz mais tanto sentido. eu só quero voltar pra casa viva e ver minha família viva. quando o básico, o trivial, se torna o que mais importa. quando lavar a mão salva uma vida. quando não ver uma pessoa, não abraçar, é sinônimo de cuidado e amor. mas, e se não pudermos mais abraçar? tipo, nunca mais. e se não abraçarmos quem amamos pela última vez? e se não dissermos tudo que queremos dizer e deixarmos o afeto tomar conta e amanhã essa pessoa se for? pq a vida tá assim, mais frágil do que nunca. e entre o não abraçar e o abraçar vc se encontra num abismo confuso. e quando ela se vai, nem o último adeus não é mais possível. aquele corpo gelado não pode ser aquecido por velas, lágrimas e orações. é só mais um corpo gelado indo pra debaixo da Terra junto com todas as oportunidades que vc tinha pra abraçá-lo e não abraçou. indo com todas as palavras que vc tinha pra dizer e não disse. indo com a ausência e solidão. no entanto, vc só estava querendo que tudo ficasse bem. e todo mundo só quer que tudo fique bem. e não sabemos mais o que é certo ou errado. e cada dia é um dia a mais e não a menos. e ir seguindo a intuição é a maneira mais sábia de permanecer são, pq já atingimos altos níveis de contágio da loucura e não dá mais pra controlar. é viver e aproveitar o agora sabendo que a nossa vez vai chegar em breve.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 6 years
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são 02:36 da manhã.
eu tô parada em frente ao berço da minha filha.
pensando em quanto a maternidade me transformou.
eu tô pensando em tudo que me aconteceu pra eu chegar até esse momento aqui.
foi um nascimento desejado. a vinda pro Estado de Goiás. a infância feliz. a adolescência nem tanto. a escolha do curso e da universidade. o estágio na Redutep. a música Home. a Avril Lavigne e a Diablo. o transbordar. a humildade e o aceitar. enfim, o Lucas e eu. e o resto todo. e essa mistura que gerou essa coisinha que eu olho agora no berço.
e é tão perfeita.
eu não aguento de tanto amor e felicidade.
é como se eu ganhasse um presente por segundo.
não. é melhor ainda.
e as dificuldades da maternidade?
não as encontrei tão severas ainda.
o parto foi traumático. mas eu já passei por outras coisas traumáticas na vida.
meus peitos doíam nas primeiras mamadas. mas eu já tive dores bem maiores na vida.
as noites são longas e cansativas. na verdade, não dá pra dormir mais que 3 horas seguidas. mas eu passei a faculdade toda fazendo isso.
a maternidade não é sofrida. não é esse drama todo.
mas, sabe o que dói?
dói ver essa coisinha minúscula chorar de cólica e nenhum remédio, nenhum peito, nenhum ninar resolver. e seu bebê te olhar com um olhar de dor dilacerante.
dá vontade de chorar junto. dá vontade de pegar aquela dor pra gente.
por mais que Maria Edy (graças a Deus) tenha poucas dores de barriga, a cada vez que ela tem eu sinto que ela não merece. que eu deveria sentir aquela dor por ela. e que se eu pudesse, arrancaria aquela dor com muitos beijos.
sabe o que mais dói?
ver minha pequena se agoniar de calor nesse Goiás mil graus. é dar banho e em poucos minutos ela já estar suada de novo e se agonizando de novo. e aí pensar "se eu colocar ventilador posso comprometer o sistema respiratório dela, se for ar condicionado, pode dar problema também, se eu colocar pouca roupa, pode ventar e dar pneumonia, mas muita roupa ela vai fritar...." e uma série de pensamentos e opiniões de outras pessoas. e aí dói. dói não saber o que fazer pra amenizar uma situação tão simples. dói querer fazer o certo e acabar fazendo errado. isso dói.
mas uma coisa aprendi: tudo passa.
e a maravilha e a dor desse primeira fase da maternidade passam.
e esse terno momento olhando Maria no berço, passa.
e no fim das contas, eu só quero eternizar tudo na memória (e no papel - quando dá).
eu só sou uma menina que acabou de nascer mãe.
(autoraporumtriz.)
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autoraporumtriz · 6 years
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Nota de gratidão ao IPOG GO:
Quando é pra reclamar a gente faz textão, quando é pra elogiar, a gente faz textão também.
Hoje retomei às minhas atividades acadêmicas desde que Maria Edy nasceu. Meu marido está viajando, eu já havia perdido dois módulos. Minha mãe não podia me acompanhar na aula, ficando com ela de fora pra que eu pudesse assistir aula e eventualmente sair para amamentar, meu pai também não. Fui só eu e Maria. Saí de casa mais cedo pra conversar com a professora antes, verificar se não teria problema ter um bebê em sala de aula.
Cheguei atrasada.
Goiânia. Calor de mil graus. No meio do caminho começa uma ventania. Maria abre o berrero. Trânsito congestionado. Não encontra estacionamento. Finalmente um lugar que dava pra colocar o carro. Chuva. Pensei mil vezes em voltar pra casa. Pensei "é o universo não querendo que Maria assista aula comigo". As janelas do carro semi abertas, pra tentar ventilar o máximo que podia naquela chuva abafada e de repente um colega de sala passa. Eu gritei "eeei, você, você mesmo! você estuda na minha sala não é? pede alguém do IPOG pra me buscar aqui no carro com sombrinha".
O local da minha aula era longe de onde eu tinha estacionado. O segurança veio com um guarda chuvas enorme. Me disse "só um momento que estamos tentando um estacionamento pra senhora". Tentou em um, tentou em outro, nada. Tudo lotado. Eu falei "tá tranquilo, vambora pra aula" e o segurança pegou o bebê conforto de Maria e nos deixou na porta do prédio. Maria abriu o berrero. Sentei no hall e amamentei. Amamentei com o coração na mão. Com a expectativa de que alguém reprovaria meu ato. Só sorrisos. Só elogios à minha filha e sua fofurice. Troquei Maria. Subimos pra sala. Literalmente paramos a aula da professora e pra minha surpresa ela estava com uma barriguinha maravilhosa esperando o seu pequeno e achou o máximo ter um bebê na sala dela. Maria reclamou um pouquinho e se aquietou. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Intervalo e mais dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou bem na hora do exercício em grupo. Aquela cara de "quero mama!!!!" Vamos lá. Fui pra fora pra não atrapalhar a atividade dos meus colegas. Perguntei à equipe de apoio, por precaução, se eu poderia amamentar ali mesmo, no hall das salas, todos disseram que sim sem pestanejar. Sentei numa cadeira e amamentei. Um homem passou e sorriu. Depois voltou e perguntou: "você quer uma sala reservada para amamentar?" Eu disse que não, que estava tudo bem. Ele falou " eu trabalho aqui e você pode se sentar em uma cadeira mais confortável pra poder amamentar sua filha, se quiser te levo lá" eu disse que estava tudo bem e que só iria se isso fosse um problema pro IPOG, ele mais que depressa disse que não era problema de forma alguma e que apenas estava me oferecendo um conforto maior, caso eu quisesse. Me senti segura com a fala dele. No fim da aula um segurança me acompanhou até o carro e me ajudou a levar as coisas (eu não precisei pedir, ele já estava me esperando). Me senti segura e respeitada dentro do IPOG. Senti a equipe e os colegas preocupados com o bem estar meu e da minha filha. Voltaremos amanhã e domingo. E nos próximo módulos. E eu vou terminar minha pós. E minha vida não vai "parar" por causa de Maria. Muito pelo contrário, Maria move meu mundo mais rápido do que tudo que já experienciei.
Obrigada aos colegas.
Obrigada IPOG.
Em dias de mimimi, o respeito e gratidão sobressaíram.
(autoraporumtriz).
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autoraporumtriz · 6 years
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A depressão é um cão dos diabos.
Você não se vê com depressão até que ela te mate. E eu digo "mate" porque ela, de fato, te mata. Você continua ali com atividade cerebral e coração batendo, mas sem nenhuma reação a nada e qualquer coisa.
É bem esquisito.
Um dia você não quer mais sair de casa. No outro, nenhum programa de tv te agrada mais. No outro você não se levanta da cama. E aí ela te mata.
Seu choro sem motivo intensifica. Tanto a lágrima que escorre quanto o motivo que lhe falta.
Mas são tantos.
Mas você não sabe escolher.
Você chama seu melhor amigo pra te visitar.
Você não consegue falar "amigo, acho que tô entrando em depressão, vem cá me dá uma força". Você só consegue falar "ei, qualquer dia desses passa aqui em casa pra tomar um café", e não, teu amigo não te leva a sério. Ele não vai.
Ele não tem tempo.
Ele trabalha. Estuda. Tem vários compromissos.
O café de vocês fica pra depois.
E você pensa "poxa, estou incomodando..".
E aí não chama mais teu amigo pra tomar um café.
Você nem faz mais café.
E aí a pessoa que mora com você pergunta se você está bem e você diz "sim" com essa cara cínica e mentirosa. E a pessoa mesmo percebendo que não está, mesmo conhecendo sua cara cínica e mentirosa, diz "ok". É mais fácil pra ela acreditar em você do que arcar com a responsabilidade de cuidar de alguém depressivo.
Não está tudo bem.
Não vai ficar tudo bem.
Não é uma fase.
Não é frescura.
Não é preguiça.
E você a cada dia que passa consegue lidar menos com isso.
E menos.
E menos.
E menos.
Até que acaba.
Ela te matou.
(Autoraporumtriz.) 
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autoraporumtriz · 6 years
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Semana 38.
A maternidade nunca foi a minha cara. Aos 13 anos fui diagnosticada com SOP e meu ginecologista disse que eu teria uma grande dificuldade de engravidar, e além de aos 13 eu não ter perspectiva nenhuma mesmo de ser mãe, essa informação contribuiu pra que eu internalizasse e reprimisse o desejo pra não me frustrar. E assim foi feito.
Sempre fui a guria que estudava muito, que ninguém botava fé que ia casar um dia, quiçá ter filhos! Fui festeira, namoradeira e muito trabalhadeira.
Não acompanhei a gravidez das minhas cunhadas. Não me interessei por isso. Quando terminei a faculdade e realmente entrei pro mercado de trabalho, minha carreira era prioridade. Entrei na pós graduação, foquei em trabalhar e dar o melhor de mim, afinal, eu tinha encontrado o que eu queria fazer da vida. Aos 22 eu era a pessoa mais plena que uma pessoa de 22 anos pode ser.
Daí me aconteceu o Lucas.
Gente, o Lucas.
Num piscar de olhos, mudou tudo.
Em menos de dois anos, a gente ficou, se estranhou, namorou, se estranhou de novo, casou, se estranhou mais ainda, e estamos tendo Maria.
Foi o melhor fechar e abrir de olhos que tive.
O casamento e a construção do nosso lar gerou uma Shayene que nem eu mesma conhecia.
A maternidade está me transformando em algo que eu não tenho ideia de como começar a explicar.
As prioridades inverteram. As necessidades mudaram.
Eu ainda amo meu trabalho, me esforço muito pela minha carreira e pretendo ser muito ativa na minha profissão até não conseguir mais. Mas, eu descobri que há vida além disso. E uma vida bonita demais. Prazerosa demais. Intensa. Completa.
Limpar a casa nunca foi tão maravilhoso. Saber que eu tenho aqueles cantinhos pra limpar, aquela geladeira (que eu e Lucas dividimos em 10 vezes) pra lavar, aquele hack (que compramos pela internet) pra tirar poeira, são atividades que não tenho preguiça, mas sim prazer em fazer, porque sei do que eu e Lucas passamos pra conseguir, e se não fosse nossas famílias não teríamos nem metade do que temos hoje, não só de coisas materiais, mas principalmente em estabilidade psicológica/emocional para adaptarmos às mudanças.
Ir visitar meus pais é o melhor rolê que eu possa querer fazer. Eu aaaamo ir vê-los. Tomar um cafezinho com meu pai, fofocar com a minha mãe e confessar pra ela que eu não tenho a mínima ideia do que é uma contração (embora eu tenha sentido várias nos últimos dias, mas não tô sabendo lidar).
Aos 24 eu tô mais perdida que cego em tiroteio. Eu nunca tive tantas incertezas em minha vida. Nem na adolescência, em plena crise de identidade, eu estive tão em dúvida quanto estou agora. Só que dessa vez eu me sinto leve e tranquila, e ciente de que a incerteza faz parte do processo e que a permanência da estabilidade é só algo que criamos, mas que na verdade estamos eternamente numa busca.
Estou na busca da maternidade. E eu sou toda desajeitada pra ser mãe. Ainda não me familiarizei com os nomes “pagão”, “cueiro”, “mijão”, entre outros. É tudo novo. Eu sinto dores o tempo todo. Minha barriga parece uma melancia branca. Mas eu tenho certeza de que minha Maria Edy vai ser amada e cuidada o tempo todo, mesmo que a mãe seja eu. Minha disposição pra aprender é infinita. E eu não desisto de querer ser a melhor mãe do mundo (depois da minha, claro. pq ninguém supera a minha mãe. é impossível.).
38 é um número desesperador pra quem está grávida. Poxa, 38 semanas. São 266 dias de grávida. Tem um ser humano pronto na sua barriga, que a qualquer momento pode sair com sua cara de joelho berrando e gritando querendo abocanhar seu peito e te fazer a pessoa mais feliz do universo. E eu tô muito ansiosa pra isso. Eu tô querendo muito ver se a cara da Maria vai ser o meu joelho ou o do Lucas. Se ela vai chorar a noite inteira ou dormir como um anjo de Deus. Se vai ser esperta ou se vai demorar mil anos pra sorrir. Se vai ter cólica e me deixar desesperada ou se vai sujar 15 fraldas por dia. Nunca tive tanta expectativa pra ver/conhecer alguém como estou com essa coisinha que agora parece um alien dentro da minha barriga.
As pessoas romantizam a maternidade/gravidez de uma forma, que até hoje, em plena 38° semana, eu estranho certas coisas. Nunca me falaram que a criança soluça na sua barriga ou que ela enfia o pé debaixo das suas costelas causando um incômodo terrível. Nunca me falaram que você começa a não dormir já na gravidez (eu jurava que era só quando o bebê nascia e chorava de madrugada). Nunca me falaram dos hormônios e da chuva de emoções que a gravidez carrega. As sensações de solidão, o medo, e até mesmo arrependimentos. Não me falaram dos sangramentos do pós-parto, o baby blues, e o resguardo do parto normal. E não, eu não pesquisei isso na internet antes de ficar grávida, porque eu não tinha ideia de que essas coisas existiam/eram assim. Mas mesmo com tudo isso, a maternidade nos enlouquece de uma forma masoquista, porque você quer logo que aquela carinha de joelho venha morder teu peito, e todas essas coisas que não te avisaram não tem importância, desde que você tenha aquela coisinha nos seus braços, logo.
Eu não sei se Maria nasce hoje ou se daqui 2 ou 3 semanas ainda. E sim, tô bem cansada de todo mundo me perguntando isso o tempo inteiro. Mas eu sei que é normal. Eu me pergunto isso o tempo inteiro. Pergunto pra ela também. Pergunto pro médico. Pergunto pra Deus. A ansiedade é de todos. E se estamos ansiosos é porque queremos bem. E depois dessa breve análise, me sinto em paz pra continuar respondendo os curiosos e acenando e sorrindo pros palpiteiros da maternidade.
24 anos não foram nada em relação às minhas últimas 38 semanas. Além de Maria, uma Shayene também está nascendo. E já me sinto bem orgulhosa pelas duas.
Aos 24, não me importam os 24. E sim as 38 e todo o futuro que isso me reserva.
(Autoraporumtriz.) 
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autoraporumtriz · 7 years
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workaholic
Havia sido um dia bem cheio. Já acordou pilhada, com 101 preocupações que lhe perturbaram o sono.
Um paradoxo. Atrasou-se para o trabalho porque estava trabalhando em casa para adiantar as coisas no trabalho.
Acelerou o carro na pista. Freadas em cima dos quebra molas, várias e várias ultrapassagens perigosas. 
5 minutos de atraso, que fim!
Ok. Nada aconteceu.
Olhou sua lista infinita de atividades. Ok mais uma vez. Respira que vai dar certo.
O telefone toca. Respira três vezes. 
Esporro 1 - check; (Motivo: desconhecido).
Ok.
Corre. Sorri. Explica. Entende. Faz. Esporro 2. Ouve. Fala. Atende o telefone. Esquece alguma coisa. Responde o WhatsApp. Manda e-mail. Esporro 3. Alimenta o sistema. Esquece outra coisa. Briga por preço na contratação do serviço. Chora pelo desconto dado na venda. Esquece uma coisa importantíssima. Pensa. Esporro 4. Planeja. Organiza. Executa. Respira. Opa, lembrei! Faz xixi. Toma um café. Volta pro computador, temos uma reunião em 5 minutos, todo o cronograma tem que estar pronto! Corre. Sorri. Explica. Entende. Faz...
Pronto! 18h. Vamos pra casa!
Eeeeepa, perai, você viu aquele e-mail?
Caramba, estou dirigindo, em casa vejo!
Não, mas é muito importante!
Ok. Mas estou no trânsito, daqui a pouco te ligo.
Mas eu preciso te contar o que aconteceu pra você entender o e-mail.
Ok. Quando eu chegar em casa a gente faz uma tele, tô dirigind..
Você não acredita! O cliente disse...
(Acionar o viva-voz)
Aham..
Aham..
Aham...
Amanhã cedo fazemos uma reunião e resolvemos isso, ok? Hoje não há o que fazer.
Aham..
Aham...
Aham..
Entendi, mas hoje não há o que fazer. Quando eu chegar em casa leio o e-mail e deixo uma resposta elaborada. Amanhã reunimos e discutimos este assunto.
Aham...
Ahmmm
(Infinitas tentativas de finalizar uma conversa que já está finalizada)
Graças a Deus! Acabou. Em casa!
Caralho. Preciso ler aquele e-mail. Nossa! lembrei do que eu tinha esquecido.
Putz!! Tem aquilo também!
Nossa, vou acessar a rede da empresa e resolver isso agora. Nooooossssa, tinha aquilo, caramba, era muito importante!!
Calma. Ok. Respira. Anota.
Quer saber? Vou dormir...
Eeeeeeei! Que que c tá fazendo?
Trabalhando.
Trabalhar você trabalha das 08h às 18h, vem guardar as vasilhas, colocar comida pra cachorra, fazer a janta e depois deixa a cozinha arrumada! Você falou que ia lavar as vasilhas ontem e não lavou. Tá folgada demais.
Ok. Mãe sempre tem razão.
(Autoraporumtriz.)
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autoraporumtriz · 7 years
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Como dizer palavras que só ficam vagueando pelo pensamento, sem nexo algum? Coragem. Responsabilidade. Força. Erros. Acertos. Amor. Vontades. Isso é tudo o que eu penso de você. E, de alguma forma, os significados de cada uma dessas palavras se entrelaçam e formam o que você é, pra mim. Ninguém nunca conhece ninguém de verdade. A intimidade precisa ser conquistada. E, ainda assim, há locais inacessíveis na intimidade de cada um. Percepção. Intuição. Eu gosto do seu sorriso e de ouvir sua voz. Algo me diz que você é bom, e, um dia te contarei sobre minha filosofia do “bom” (isso é bem importante pra mim). Você quer ir devagar. E você precisa disso. Bem lá no fundo, você quer segurança. Mas na superfície, quer algo beirando a insanidade. A juventude está pulsando. E é ela quem fala mais alto. Mas você tem ouvido bom. Sabe escutar suas próprias experiências. É isso que eu percebo. De forma meio torpe, mas percebo.
(Autoraporumtriz.)
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