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#pulsões
senatorex · 1 year
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ANNA FREUD
Logo, o ego do neurótico adulto teme as pulsões porque teme o seu superego. Sua defesa é motivada pela angústia do superego. 
Enquanto a nossa atenção se confinar à defesa contra a pulsão, estabelecida pelos neuróticos adultos, consideraremos o superego uma força temível. Entendemos que ele é o autor de todas as neuroses, É o fomentador de discórdias, o ‘‘mexeriqueiro” que impede o ego de entrar em entendimentos amistosos com as pulsões. 
Fixa um padrão ideal, segundo o qual a sexualidade está proibida e a agressão é declarada anti-social. 
Exige determinado grau de renúncia sexual e restrição da agressão, que é incompatível com a saúde mental. 
O ego é completamente despojado de sua independência e reduzido à posição de um instrumento para a execução dos desejos do superego. 
O resultado é tomar-se hostil à pulsão, sendo incapaz de qualquer fruição. 
O estudo da situação de defesa, tal como se revela na neurose dos adultos, im- pele-nos a prestar a maior atenção, em nosso trabalho terapêutico, à análise do superego. 
A diminuição no seu poderio, a modificação na sua severidade ou - como alguns chegarão mesmo a dizer - a sua total abolição significarão o desafogo do ego e o concomitante abrandamento do conflito neurótico, pelo menos em uma direção. 
Essa noção do superego como raiz de todos os males neuróticos inspira grandes esperanças de uma profilaxia das neuroses. 
Se a neurose é produzida pela austeridade do superego, então àqueles que têm de cuidar de crianças caberá apenas evitar tudo o que possa contribuir para a formação de um superego de excessivo rigor. 
Devem arranjar as coisas de modo que os seus métodos educativos, que são posteriormente internalizados pelo superego, sejam sempre suaves e brandos; o exemplo dos pais, de que o superego se apodera pelo processo de identificação, deve ser uma expressão de suas reais fraquezas humanas e de sua atitude tolerante em relação às pulsões, em vez de um arremedo de código moral excessivamente rigoroso, impossível de ser posto em prática. 
A agressividade da criança também deve ter uma saída no mundo exterior, para que não fique bloqueada e dirigida para dentro. Se isso acontecer, o superego ficará dotado de características cruéis. Se a educação for bem-sucedida nesse aspecto, podemos considerar que os seres humanos assim lançados na vida estejam livres de angústias, isentos de neuroses, capazes de desfrutarem a existência sem a dilaceração de conflitos internos. 
Mas, na prática, a esperança de erradicar a neurose da vida humana é considerada ilusória pelos educadores. Ao passo que, do ponto de vista teórico, é destruída assim que damos o passo seguinte na pesquisa analítica,
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fredericolimablog · 2 years
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"Como vimos, o objeto é levado ao Eu, desde o mundo exterior, primeiramente pelos instintos de autoconservação, e não se pode descartar que também o sentido original do ódio designe a relação para com o mundo exterior alheio e portador de estímulos. A indiferença se liga ao ódio, à aversão, como um seu caso especial, após ter surgido primeiro como seu precursor. O exterior, o objeto, o odiado seriam sempre idênticos no início. Se depois o objeto se revela fonte de prazer, ele será amado, mas também incorporado ao Eu, de modo que para o Eu-prazer purificado o objeto coincide novamente com o alheio e odiado."
— Sigmund Freud in Os instintos e seus destinos
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ga-psicanalisando · 1 month
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Já se sentiu em ambientes, ou perto de certas pessoas como se fosse proibido ser autêntico, honesto, feliz e empático ?. Parece um crime ser genuíno nas demonstrações de afeto, os ambientes e as pessoas têm suas vibrações (se você acredita) tão densas e carregam quase um aviso para se afastar, ao mesmo tempo que elas sorriem, você tem esperança na humanidade mas nem sabe como, ainda. Elas entregam exatamente o que você sentiu no ar (o aviso), esses episódios se repetem tantas vezes que você começa à adentrar na mesma sintonia daquelas pessoas ou daquele ambiente, cada momento que você pensa em sorrir, dançar, pular, ser espontâneo, autêntico, você recebe praticamente um choque de dentro pra fora como um tipo de punição, como aquela coleira de choque para cães; sim, para cães, porque as tentativas de adestramento é mútuo e em massa, por todos os meios. Você deve ser "posturado", deve sempre ser sério porque as pessoas confundem seu semblante com o direito que elas não tem; não deve sair por aí sorridente porque vão dizer "tá sorrindo pra mim porquê ?, não sou dentista"; você não deve cumprimentar as pessoas, isso é coisa de gente idiota, emocionada, bobona, espere sempre que falem com você primeiro, caso contrário você deve ficar calado, a menos que queira se constranger; pare de rir alto nos lugares, vão achar que você é ou está ficando louco, coisa do tipo; você não deve dançar pela rua, pular, você é basicamente proibido de expressar toda e qualquer emoção ou sentimento, até que esteja em um lugar "seguro" e "íntimo", fora isso, o mundo vai perseguir você para te engolir vivo, a menos que seja superficial, medíocre, mesquinho, frio, hipócrita, saiba não apenas julgar, mas condenar também (é importante). Se você conviver muito tempo em ambientes e com pessoas que precisa sempre estar reprimindo o que sente, o que pensa, o que planeja, sonha, seus desejos, suas pulsões, seus possíveis segredos; quando você menos esperar, todo seu organismo físico, todo seu estado mental estará sempre alerta, tenso, em estado constante de estresse iminente.
O lugar mais seguro e íntimo deve ser nosso interior, nos últimos dias estive seguro de afirmar que a saúde mental deve ser a prioridade; não o trabalho, não a família, não as amizades; mas a qualidade da nossa saúde mental. É exatamente do estado/saúde emocional e mental que dependem nossas decisões, nossas escolhas, nossas capacidades de ser sensatos para mantermos ou não núcleos de relacionamentos, permanecer ou não em um trabalho (que ainda envolve se relacionar) e usar nossos potenciais com lucidez para investir em uma saída, em um recomeço, em uma nova jornada profissional, pessoal, íntima, profunda e de impactos à longo prazo. Compreendo que nem sempre é preciso se importar com o que os outros pensam, basta ser sensível o suficiente para sentir a pressão esmagadora que distorce e bloqueia seu astral, você não perde o brilho, mas se distrai facilmente do que realmente deveria dar importância, começando a ser possível dizer que se importa com o que os outros falam e pensam, contudo, só você sabe o que e como realmente acontece/funciona.
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naiadh · 2 months
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pulsões de vida ou de morte que é feito o homem moderno?
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inutilidadeaflorada · 8 months
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Até Mesmo Vilões Precisam de Afago
Nossas mentes se interpassam Nossas vontades se apequenam Há um trato e um rancor entre máscaras públicas Como máquinas que copiam o cheiro do cotidiano
Provocam meu drama errático Eu entretenho com meu teatro pragmático Eu sou Mefistófeles ofertando pactos Eu um Dionísio adoecendo lábios com o vinho
Minha pele escreve um marasmo A tua entalha rosários Aproveitando da angústia de nossas pupilas Para somarem-se as contas
Sincronizo a mudança de pavões Trêmulos em palavras dóceis Sob suspeita de tal encanto Nos braços que o amam
Eu não bebo da espontaneidade do homem Mas sim das cores quentes que a noite desenha E eu sempre volto ao exílio-purgatório-paraíso Onde encontra-se mais dúvidas do que respostas: Tua pele
Não jogo dados com a descrença Não aposto colisões com o comício Fique comigo até céus vazios costurarem sonhos E nosso tato tórrido construir pulsões a esmo
Tingir pavimentações de véspera da nossa saliva Iludir os faróis que deterioram nossa ciranda Tânatos tácito desgovernando-me até os ossos Respirar o ritmo do teu espaço. Destruir ímpetos
O sabor aos lunáticos, me recita teus caminhos A forma como desmancha paradoxos E engrandece os prazeres mais gentis Era visto por todos como um pecado tardio de Lilith
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blogdojuanesteves · 10 months
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FORMA REFORMA > Fernando Santos
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O fotógrafo paulista Fernando Santos, após experiências passadas com pintura, marchetaria, cerâmica, escultura, conservação e restauro de obras de arte, como escreve o editor e curador paulista Eder Chiodetto "segue criando instâncias de reflexão sobre a faculdade do olhar, desta vez centrado na forma como deciframos a ilusão construtiva das imagens pelos aparatos fotográficos." É o que ele mostra em seu primeiro livro Forma Reforma (Fotô Editoral, 2022). Explica também o curador, que o artista busca fundar novas percepções visuais ao rearranjar a lógica que move objetos ordinários e suas representações performativas.
Forma Reforma é uma síntese de imagens que nos levam diretamente ao corolário modernista brasileiro, com certa dose construtivista, entre outros movimentos, onde podemos encontrar filigranas de autores como o carioca José Oiticica Filho (1906-1964) entomólogo e fotógrafo, Geraldo de Barros (1923-1998), fotógrafo, pintor e designer paulista ( a nos lembrar de sua série Formas e Fotoformas. leia aqui review  https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/150170667411/geraldo-de-barros-fotoformas-e-sobras) igualmente nos aproximando dos clássicos surrealistas como o americano Man Ray (1890- 1976) com suas experiências sem câmara e arranhando as projeções e sombras da artista gaúcha Regina Silveira, além do húngaro László Moholy-Nagy (1895-1946), mestre da Bauhaus  e também construtivista, artista ao qual Chiodetto faz referência em seu texto.
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Na perspectiva do curador, esmiuçando alguns de seus detalhes:  " Uma apara de papel fina, longa e com dobraduras imprecisas, interceptada a caminho do lixo pelo artista, ganha o protagonismo num plano horizontal monocromático - esse local inerte, o ponto zero a partir do qual espocam os gatilhos criativos de Santos. A apara, amparada pelo plano, vê seu corpo esguio e desleixado sensualizar-se. Formas rebeldes que ora tocam, ora se distanciam do plano reto, ganham volume e volúpia. Figura e fundo criam artífices e segredam deleites formais. O artista entra em jogo e habilmente lança um foco de luz."
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Fernando Santos com seu belo livro consegue manter um perfil autoral, ainda que identifiquemos estas inúmeras referências, o que é intrínseco à boa arte fotográfica. Em seu progresso enxergamos uma função ontológica calcada nos metadados que insere em suas imagens, ora com papéis cortados em formas geométricas, esculturas de arame, certas assemblages ou fusões quiméricas.
É preciso lembrar que a retomada mais ampla dos modernos  dá-se a partir de 2006, com a exposição Fotoclubismo Brasileiro, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, que mostrou recortes como a Retrospectiva Fotoclubistas Brasileiros dos anos 1940 a 1970, a exposição do acervo do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 2016 com curadoria da artista mineira Rosângela Rennó e seu respectivo livro; o aumento da coleção Moderna para sempre do  Itaú Cultural, depositados no livro Foto Cine Clube Bandeirante: Itinerários globais, estéticas em transformação publicado pela Almeida & Dale Galeria de Arte,em 2022,  com curadoria do paulistano Iatã Cannabrava e o curador cubano José Antonio Navarrete, fundamentais para a legitimação da fotografia mais abstrata, distante dos perfis mais convencionais e essencialmente como prática artística. 
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Neste sentido o trabalho de Santos dá continuidade a este movimento adicionando outras interpretações de sua lavra trabalhando com suas próprias referências e mantendo sua independência autoral, "investigando as fissuras das representações imagéticas visando desconstruir um jogo ilusório" como bem escreve Chiodetto em seu texto no livro. Uma busca por novas percepções visuais que rearranja a lógica que move objetos ordinários e suas representações performativas.
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Na sua performatividade enxergamos o mover e ser movido por pulsões espaciais, entre matéria em movimento e imobilidade, amoldando-se a  princípios somáticos, uma espécie de alegoria quando o autor cria suas abstrações primárias, como a formatação da escultura de arame para depois ser fotografada. O elemento estático destes que ganham movimento em suas estruturas, refletidas nas fotografias ou nas inúmeras representações gráficas que compõem o livro, onde vemos certo pluralismo proposto pelo autor.
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Para Santos, escreve o editor,  a fotografia é um veículo paralisante que visa cristalizar os movimentos que ele impulsiona entre eventos escultóricos e gestos performáticos. Por meio do jogo fotográfico, o artista gera mutações que impactam e problematizam ao mesmo tempo três linguagens com as hipóteses que ele propõe em seu palco de representações: aplaina a tridimensionalidade do objeto-escultura, furta o movimento coreográfico e performático que anima seus personagens ordinários (aparas de papel, arames, pedaços de vidro etc.) e, por fim, o processo finaliza-se com a criação de fotografias que se esgueiram entre ser um documento da experiência ou obras acabadas que encapsulam todos esses movimentos. Movimentos esses que surgem na ressurreição dos objetos já cancelados em seus usos na sociedade e findam, sem acabar, no momento em que são iluminados na ribalta planificada do artista para, assim, saltarem do ordinário para o extraordinário."
Mesmo não sendo mais possível considerar a natureza em si como um objeto da fotografia, a necessidade de discuti-la e manuseá-la engendra o caminho do autor. O que nos leva a pensar no livro Ponto e linha sobre o plano (WMF Martins Fontes, 2012)  publicado em 1926 pelo artista moscovita Wassily Kandinsky (1866-1944) não somente por algumas imagens de Fernando Santos serem assemelhadas a do autor russo, mas porque está conectado a sua teoria da Forma, que concebia, como necessidade, a elaboração de uma estrutura lógica para atingir a ressonância interior na construção da abstração. Embora o genial artista não tenha pensado exatamente na fotografia, podemos fazer esse paralelo com a pintura e suas referências que deságuam nas suas significâncias subjetivas.
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Voltando a Chiodetto, "Ainda que as câmeras fotográficas tenham desde sua origem adotado os parâmetros da perspectiva renascentista e com isso criando ilusões especulares que nos levam a intuir distâncias entre planos e pontos de fuga em um suporte bidimensional, as fotografias são um constructo que tentam em vão mimetizar a experiência do olhar." Entretanto é notável que o autor subverte essa ordem ao propor uma diferente ótica em suas construções, como suas figuras que formatam camadas óticas sustentadas por um diacronismo expresso em suas tessituras cujos elementos plásticos são o resultado mais evidente.
Por meio do jogo fotográfico, escreve o curador, "o artista gera mutações que impactam e problematizam ao mesmo tempo três linguagens com as hipóteses que ele propõe em seu palco de representações: aplaina a tridimensionalidade do objeto-escultura, furta o movimento coreográfico e performático que anima seus personagens ordinários (aparas de papel, arames, pedaços de vidro etc. e, por fim, o processo finaliza-se com a criação de fotografias que se esgueiram entre ser um documento da experiência ou obras acabadas que encapsulam todos esses movimentos."
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Mas, estas experiências mais do que interessantes, ainda assim propõem ao leitor o lugar do fotógrafo: testemunhar suas cenas ou ceder à ilusão de contemplar a proposta do autor e seus efeitos. Se no conceito abstrato a representação das imagens é distanciada da realidade, interpretamos aqui a "forma" como a capacidade da obra permitir observações diversas em relação a sentimentos e emoções. Vemos no livro elementos cuja formatação é regida pela figuração, com objetos reconhecíveis e uma proposta mais objetiva, que paradoxalmente nos levam ao modelo renascentista ressignificado por artistas na vanguarda de escolas como Vkhutemas e Bauhaus, com artistas que reconhecemos neste livro, como o russo Aleksandr Rodchenko (1891-1956) ou na obra do já citado Moholy-Nagy.
Imagens © Fernando Santos.   © Juan Esteves
Infos básicas:
Concepção e fotografias: Fernando Santos
Edição: Eder Chiodetto e Fabiana Bruno
Coordenação: Elaine Pessoa
Projeto gráfico; Rafael Simões
Tratamento de imagens: José Fujocka
Impressão: Ipsis Gráfica e Editora
Edição de 500 exemplares
como adquirir: https://fotoeditorial.com/produto/forma-reforma/
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amamaia · 2 years
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Eu leio você
Quem conta com a displicência alheia pra alimentar seus demônios morrerá na intoxicação de sua própria mediocridade. Se você precisa ter alguém te adorando pra se sentir viva você já é pura carniça que perambula por aí sem se dar conta.
As redes sociais virtuais (e não só as redes mas todas as possibilidades de publicação e publicização de pensamento) deveriam ser ferramentas de um diálogo ainda necessário com um mundo evidentemente adoecido pois há o que ser movido. Há o que ser dito. Há o que ser lido.
Mas é mais que preciso ter a compreensão das pulsões de seus filtros pessoais e intransferíveis (como seu mapa natal, por exemplo) para lograr êxito no seu intento ao invés de ser vítima de seu ego. Estamos no reino dos corpos midiáticos. É fácil cair em engodos num ambiente de superestímulo ao consumo desenfreado da própria imagem.
Quando alguém me diz que tem medo de se enredar - e isso é bem abrangente - está realmente mostrando o reflexo de suas ações e nada mais pois quem confere devoção e poder a qualquer mundo é quem está fazendo alguma coisa e não o contrário. Sem vilões, carrascos ou malfeitores externos. A autoilusão é o combustível primário da ansiedade.
Assim sendo, como você mede o êxito das estratégias que estabelece em suas ações de comunicação? O que efetivamente está esperando como retorno? Existem agendas ocultas? Existe algum tipo de compensação por uma carência no mundo real? Há algum destinatário oculto para o que você escolhe mostrar? Quais são os resultados que você busca com cada publicação?
O que você deseja alcançar? Qual é o seu público-alvo? Quem você quer atrair? O láique (aprovação ou adoração) de quem você está buscando realmente?
Quando decidimos investir energia em alguma ação precisamos de diligência e audácia. Quem finge demais na vida real pra conseguir o que quer é apenas diletante. Artistas são perigosos pois dançam a música do Universo. Como você move o mundo com suas escolhas? Qual é a sua verdadeira voz?
Parafraseando Artaud, citado aqui por ser verdadeiro mestre das motivações tragado pelo sumidouro da sociedade, digo que a arte é o duplo da vida.
Seus aprendizados refletem suas escolhas. Suas escolhas dão testemunho de sua vida. E a vida de cada artista é seu legado inscrito no Tempo.
*****
Lembrol: planejamento, realização, acompanhamento e expansão. Uma pitada de escrutínio sempre vai bem como tempero. Sempre.
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sweet123 · 9 months
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Minhas aulas tão voltando, não montei plano alimentar nenhum até agora, tô acumulando com pulsões, não tô conseguindo estudar, brigando com todo mundo, minha vida tá uma merda
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pensadorjoviano · 10 months
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Do profano interior
Do profano interior
Há motivos para redimir o homem?
“Ontem eu esperei até o amanhecer
A janta 'tá no forno, deixei pra você
Por que que você some, some?
Por que que você some?”
~Xamã, "A Bela e A Fera 2"
Três horas da madrugada e estou acordado, com marcas de cinzas ao longo do corpo, incluindo uma cruz invertida na testa. Sim, essa não foi a minha criação. Eu, como boa parte dos brasileiros, fui criado em berço católico. Talvez não tenhamos sido católicos praticantes desde que eu nasci, mas fomos em boa parte da minha vida. Ainda assim, hoje estou aqui, com uma cruz invertida na testa. Isso não significa nada muito espiritual pra mim, já que eu sou confuso sobre o que acredito ou não (embora eu flerte com o catolicismo e esteja inclinado a acreditar no transcendente), mas tem um significado simbólico que diz muito sobre mim. Sim, aquele simbolismo francês de Baudelaire, aquele simbolismo (inverso?) gnóstico e espiritual ou mesmo aquele simbolismo que acompanha a espécie humana desde antes dela ser realmente a espécie humana. O que melhor simboliza o mal? Por que não o ser mais temido e renunciado ao longo da história humana, vilão da maior saga já inventada? A cruz invertida, os rastros de cinza, isso simboliza o mal. Mas, que mal? O mal espiritual, que subjuga a todos e direciona as almas para um destino de fogo eterno? Não. Um mal humano. O mal que brinca, que trai e que engana. “Mas, por que se vestir de mal? Por que querer ser mal? E o que te levou a fazer isso?”. Bom, essa foi a gota d’água:
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“Eu sou todo errado mesmo”. Vendo de cara, pode parecer um pedido de desculpas, mas foi uma confissão, ou mesmo uma liberação. Estaria mentindo se dissesse que minha mente estava vazia, pois na hora me ocorria a música do Djonga “Todo errado”, principalmente com o refrão “Todo errado. Te quero bem mas sou todo errado.”. Eu não tenho leitura (visualização do whatsapp), não tenho online, não tenho foto. Eu não tenho honra e não tenho pudor. E, por mais que pareça estranho, eu me aceitei assim. Talvez seja da natureza humana, talvez não. Sem sombra de dúvidas somos ditados pela biologia, mas não somente por ela. Como animais, brigamos e gritamos, agimos como se tudo se resumisse às emoções e impulsos. Como homens, criamos pontes e prédios, músicas e danças, armas químicas e poemas. Ainda assim, como evidencia o debate entre existencialistas e utilitaristas, algum dos dois lados se sobrepõe ao outro. Freud, em algum momento da sua vida, desenvolveu a teoria das pulsões: o consciente humano seria composto por duas, a da vida (eros) e a da morte (thanatos). Enquanto aquela era mais ligada à autoconservação, essa era ligada à destruição. Percebeu? Vida, morte. Autoconservação, destruição. Água, fogo. Cima, baixo. Isso é… o sagrado e o profano. Mas se o profano é ligado à destruição, por que seria desejável? Talvez realmente não seja desejável, mas possa ser o fim último. Ao terminar a estrada, quem garante que não restará apenas a destruição? Se as coisas são finitas, uma hora elas precisam acabar! Se as convenções sociais - amizades, casamentos, respeito ou fama - são só mecanismos para que a vida em sociedade seja viável, com a falta de sentido em tal sociedade, vem a destruição de todas as bases sociais! Se tudo isso é tão falso como parece ser, qual o mal em ser mal? Há problema em se importar mais com você do que com o outro, além de desequilibrar a tal "harmonia social"? "Vai viver ou tá com dó?". Não desejo influenciar ninguém a nada, apenas estou transformando pensamentos (muito bagunçados, aliás) em palavras. Isso provavelmente ficou superficial e confuso, mas é também assim minha mente, então, era de se esperar.
"Ao caminhar durante a noite escura das ilusões
Assobiando canções e sussurrando xingamentos
Não se esqueça da maldade, clara e vil
Que afoga os sonhos e varre os sentimentos
Ao virar a esquina sem rumo ou direção
Uma orquestra sinfônica, batimento de coração
Não se esqueça da dor, potente e pueril
Que força o choro e implora pelo não
Ao visitar casas vazias, lar de deuses e demônios
Poemas antigos que nunca mais serão recitados
Não se esqueça do temor, presente e juvenil
Que paralisa os outros e espalha o recado
Mas, se andar até o amanhecer
Se conseguir chegar aos campos, sem enlouquecer
Não se esqueça do que foi, do que é e do que será
No fim, é apenas você, quem esse caminho está a trilhar"
~L²
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darkcoldplace · 1 year
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Talvez amor seja as promessas feitas durante momentos íntimos e que cremos que se realizarão e talvez essa crença num futuro incerto e fora do nosso controle seja o suficiente pra amainar nosso espírito.
Crença pura e genuína sem muletas racionais e desculpas lógicas.
Ou talvez o amor seja o comportamento egoísta e altruísta de alguém apaixonado e inebriado.
Tentar ser um só quando somos distintos separados e isolados, cada um com a sua percepção do mundo, seus sentimentos, sua trajetória e traumas.
Talvez o amor seja o maior aforismo da filosofia.
A força motriz do desenvolvimento da nossa espécie, a maior motivação para todas as guerras, impérios e o que mais engendra a existência da nossa espécie nesse planeta.
Talvez o amor seja uma flor na sarjeta, uma semente que deu o azar de cair no ambiente mais desfavorável possível, mas, como um milagre, surgiu e perdurou, efêmera, até o sol e as intempéries a sobrepujarem.
Talvez o amor seja o exercício racional de um comportamento de diálogo compreensão e afeto, a luta diária contra nossas pulsões e desejos, a liberdade de impor a si mesmo uma regra que não se adeque ao nosso desejo primal.
Talvez o amor seja uma incógnita, um vazio, dor, sofrimento e angústia, desespero, falta e a consciência de que estamos sós, perdidos nessa vastidão do universo e que a única maneira de sublimar isso e olhar nos olhos de alguém e dizer: eu te amo.
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afterlikefm · 1 year
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ERA UMA VEZ . . .
Qual é a definição de insanidade? Alice já parou de buscar por isso há muito tempo, se é que em algum momento o fez. Ela se contentou com seu estado mental um tanto aturdido, feliz simplesmente por saber que não estava em um mundo comum agora. Todas aquelas coisas de sua imaginação eram reais, palpáveis, ao alcance de seus dedos. Alice aproveitou aquilo por muito tempo, mas seu coração puro a chamou para um dever mais altruísta: levar aquele mesmo nível de aceitação para outras pessoas.
Com o pensamento de que outras pessoas poderiam precisar da ajuda de sua experiência, Alice buscou pessoas com psiques igualmente atormentadas, tal qual a sua, e as ajudou a liberar seus sentimentos, desejos, perversões, pulsões e ansiedades de maneira mais saudável. A iniciativa Vorpal, tal qual a lâmina que a denominou, buscava penetrar a mente das pessoas que seguiam Alice e enfrentar seus medos e traumas mais obscuros em conjunto, assim podendo guiá-los rumo à resolução e tranquilidade. Ela foi capaz de realmente reunir um grupo invejável em questão de talentos: bardos, pintores, escultores, arquitetos, atores... Em um grupo nômade, viajavam pelos reinos em todos os continentes, levando um pouco de seus pensamentos para exibir em eventos e feiras culturais. A própria Alice, por muito tempo, decidiu nunca ter filhos, temendo que a criança nascesse perturbada pelos mesmos delírios que ela. Todavia, levou algum tempo, mas ela pôde aceitar que aquilo não era uma maldição e poderia ser remediado. Então ela teve um bebê, cujo pai permanece desconhecido até hoje, mas que se tornou o mascote oficial de todos os membros da trupe artística. Alice e os membros, originalmente, chegaram à capital com intuito de se apresentar durante a Seleção. Todavia, alguns deles podem ter ficado animados com a possibilidade de um novo mundo a ser explorado e decidido se juntar ao evento da Fada Rainha. Ela não reclamará e apenas os apoiará, mas já está procurando novos membros para ocupar espaços vagos em sua caravana terapêutica.
ESPELHO, ESPELHO MEU . . . 
Alice Kingsleigh — gênero feminino / 35+ anos / solteira / Artista plástica;
Membro da trupe 1 — gênero utp / idade utp / profissão utp;
Membro da trupe 2 — gênero utp / idade utp / profissão utp;
Membro da trupe 3 — gênero utp / idade utp / profissão utp;
Membro da trupe 4 — gênero utp / idade utp / profissão utp.
FELIZES PARA SEMPRE?
FAMÍLIA HEARTS — Quem poderia dizer que Alice conseguiria um pouco de paz com a Rainha de Copas? Certo, ela ainda deseja cortar sua cabeça às vezes e grita ordens para soldados invisíveis, mas Alice aprecia o bem que suas poções emocionais podem fazer ao mundo e dissemina esse conhecimento adiante com alegria. Elas podem ser um pouco caras, e provavelmente o motivo pelo qual a roda da carruagem está estragada até o momento, mas valem à pena.
FAMÍLIA SONNEN — Após tantas tribulações, Rapunzel reconhece que o povo de Corona merece um pouco de equilíbrio e retorno à saúde mental, portanto é uma veemente apoiadora dos métodos de Alice. Ainda que não possa patrociná-la, visto que os fundos do reino estão baixíssimos no momento, se encarrega de lhe escrever uma carta com parabenizações pela iniciativa todos os meses. Se Alice abre todas e lê em voz alta para os membros da trupe. Se eles escutam ou não, aí é apenas da conta de cada um.
FAMÍLIA WOLF — Você sabe qual é a melhor maneira de acalmar um lobo irritado? Com arte! Quem diria? Uma musiquinha ou uma aula de escultura com argila pode fazer com que eles imediatamente voltem à sua forma humana e esqueçam a raiva. Por isso a trupe Vorpal visita Ferralas pelo menos uma vez a cada três meses, felizes em fornecer aos lobos um pouco de calmaria.
NOTAS DA MODERAÇÃO
CONTOS — Alice no País das Maravilhas; Alice Através do Espelho.
OCUPAÇÕES/PROFISSÕES — Todos devem ser artistas, obrigatoriamente.
SUGESTÕES DE FCS — Seguindo o primeiro personagem aplicado. Nenhum personagem tem parentesco.
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naminhapsique · 1 year
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O pior aconteceu
esses dias enviei uma mensagem para um amigo, sonolenta e ao mesmo tempo eufórica, sem pensamentos eloquentes. querendo muito algo mas não sabendo o que era, anestesiada demais para entender minhas pulsões. com dificuldade escrevi as mensagens.
enviei.
um risquinho.
foi enviado e não recebido. o azul da piscina na foto que eu sempre via virou cinza, um nada, uma massa cinzenta redonda no formato de pessoa. então é isso.
aconteceu.
aquilo que me sucumbiria, aquilo que me paralisaria, aquilo que rompesse meu chão e me partiria ao meio, aconteceu.
o pior aconteceu. o meu "pior de acontecer" aconteceu.
fui bloqueada. da sua vida, mas antes fosse apenas isso. fui também da sua memória, dos seus pensamentos, de tentar te alcançar para tentar te tocar. tocar na alma, no coração, onde dói, se é que dói. espero que esteja doendo.
porque aqui dói, muito, todos os dias, às vezes em maior tempo e às vezes em menor tempo. eu não lembro, não dói. eu lembro, dói. e assim estou indo nesse dói, não dói, dói muito, não dói.
e não há mais o que eu possa fazer ou remediar, apenas esquecer. não olhar, porque não importa mais.
você era meu amigo.
eu era sua amiga.
você bloqueou nosso contato.
não faz diferença com o que vai nos acontecer, porque você não quer saber.
e você não vai saber.
espero que esteja feliz, como me disse que estava. tendo o tempo da sua vida, como me disse que estava. você merece o que está recebendo porque é assim a vida, recebemos o que damos, sempre. o que você entrega você recebe, e o que você recebe foi o que você entregou.
entregou o bloqueio e recebeu-
(o nada).
antes amigos, agora desconhecidos.
o texto está longo, tudo está muito longo. 4 meses são um longo espaço de tempo quando se entra na alma de alguém, por isso vou acabar aqui.
não há mais nada que eu queira falar para o nada.
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fredericolimablog · 2 years
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"Do mesmo modo como um pequeno elástico esticado tende a assumir a forma original, assim também toda matéria viva, consciente ou inconscientemente, busca readquirir a completa, a absoluta inércia da existência inorgânica. O impulso de vida e o impulso de morte habitam lado a lado dentro de nós."
— Sigmund Freud in Entrevista a George Sylvester Viereck, em (1926)
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poemasnublados · 2 years
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Entre a raiva e a serenidade
Vítima terceira da guerra das emoções, morto entre natural raiva e a cultivada serenidade, eterno escravo das pulsões, absorto perante a guerra capitalizada, encontro assim a pior das frustrações: a de nunca conseguir poder fazer nada.
Vendo tantos conflitos já tão vendidos no desconto para TV, incluindo sangue, atrocidades com corpos desaparecidos, os vilões, suspeitam ser de uma gangue, e ao final de tudo isso, ainda exploram a tristeza da família daqueles sumidos.
Desligue sua televisão, adentre na rede, encontrará lá casos parecidos, matérias de corrupção, Fake News, tudo que pede a sua revolta, transportando nas artérias o dinheiro do seu negativo, emocional monetizado com sucesso transcendental.
Vivemos então no bombardeio eterno das nossas emoções, não é à toa o mal do século, a pandemia desse moderno mundo, depressão, ansiedade, o animal humano encontra o seu maior inferno: tratar como marginal essa crise capital. - Poemas Nublados.
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35 – O mecanismo psíquico da transferência
Por Morganna la Belle
Psicanalista
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Se fosse preciso concentrar numa palavra a descoberta freudiana, essa palavra seria incontestavelmente inconsciente.
LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise
1 – O que significa transferência em psicanálise?
A transferência, em psicanálise, pode ser explicada como sendo o deslocamento de sentimentos e experiências que um indivíduo vivenciou com alguma pessoa do passado, normalmente na fase da infância, para a figura de uma determinada pessoa do presente. Tal processo se dá de forma inconsciente.
Esse mecanismo mental, embora seja utilizado pela psique humana desde sempre, desde que o ser humano passou a interagir entre si, foi identificado e conceituado apenas por Freud em suas vivências clínicas e pesquisas sobre o psiquismo humano. É, portanto, uma das maiores contribuições do pai da psicanálise para as ciências da mente, com o fim de identificação de transtornos mentais e a consequente busca de tratamento e cura para tais transtornos.
Importante esclarecer ainda que a transferência não é um recurso utilizado pela mente apenas no ambiente analítico. Tal mecanismo também pode ser observado em outros contextos como, por exemplo, que envolvam a relação entre aluno e professor.
2 – Tipos de transferência
Como se sabe, a descoberta do inconsciente é uma das maiores contribuições de Freud para as ciências da mente. Pode-se considerar então que, como o mecanismo da transferência se dá de forma inconsciente, a descoberta de tal processo tenha sido um desdobramento de sua descoberta principal, que são as instâncias do aparelho psíquico, expostas em sua primeira e segunda tópicas.
Em A Dinâmica da Transferência (1912) Freud identificou a transferência positiva sublimada, que é quando o paciente projeta no analista sentimentos amistosos, até mesmo de admiração e, por conseguinte, se engaja em um espírito de cooperação no sentido de buscar o entendimento do que está causando a neurose. No entanto, identificou também a transferência erótica, que é quando o analisando desloca para a figura do analista pulsões libidinosas recalcadas. E, por fim, Freud detectou também a transferência negativa, que é quando o paciente projeta no analista sentimentos hostis. Considere-se no entanto que, independente do tipo de transferência, é formado um vínculo entre analista e analisando. E é justamente a partir deste vínculo, seja positivo ou negativo, que o analista pode encontrar o fio de Ariadne da questão.
3 – Transferência x Resistência
Ainda de acordo com o clássico de Freud de 1912, as reações do paciente que se manifestam de acordo com o tipo de transferência que se apresenta durante o processo analítico seriam a cooperação e a resistência. A primeira estaria ligada à transferência positiva e a segunda às transferências erótica e negativa.
A cooperação por parte do analisando faz promover uma grande evolução no tratamento porque estabelece um profícuo vínculo de confiança entre analista e analisando. Sendo assim, sentimentos recalcados e aspectos mnemônicos reprimidos passam a emergir com mais fluidez para o consciente. E tudo isso seria potencializado pela utilização do método da associação livre.
No entanto, a resistência faz com que o paciente se ponha a focar na transferência em si, através de seus aspectos libidinais ou mesmo hostis e passe a resistir ou negar que material inconsciente aflore até o consciente. Porém, paradoxalmente, como o analista passou a ser o objeto de tais sentimentos eróticos ou hostis recalcados, pode o terapeuta, através de um meticuloso trabalho de interpretação, trabalhar no sentido de identificá-los e fazer com que ocorra a lembrança pelo paciente do material inconsciente reprimido. A partir daí teria início o processo de cura ou, pelo menos, de maior controle sobre a neurose.
A transferência, portanto, é considerada por alguns estudiosos como uma das principais ferramentas a ser utilizada para se chegar à causa das neuroses. E, como entender o que causa a doença mental é fundamental para que se possa confrontá-la, fazendo cessar os sintomas causados pelo distúrbio em questão e promovendo então a cura do paciente, pode-se dizer que a transferência é de vital importância para o tratamento e cura de alguns transtornos mentais.
4 – Os sentimentos
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Ponto muito importante a ser considerado nos estudos sobre a transferência chamada positiva é o tipo de sentimento que é projetado na figura do analista pelo analisando. Freud descobriu, em suas práticas clínicas, que alguns pacientes passavam a nutrir certo tipo de afeto por ele. Com a evolução deste processo de interação entre ele e tais pacientes, observou que o sentimento inicial de admiração e afeto poderia se transformar em um tipo de amor. E esse amor, em seu entendimento, embora projetado a partir de uma figura do passado, era transferido para uma figura do presente sem perder sua característica de puro e verdadeiro.
Ao ser questionado na época sobre a legitimidade deste amor, Freud insistiu na autenticidade de tal sentimento, que surge do mecanismo da transferência. E, indo mais longe mostrou que, embora tal amor possa evoluir para a eroticidade, ele não temia isso porque assim o vínculo entre analista e analisando se tornaria ainda mais forte, podendo proporcionar a partir daí elementos para a cura do paciente. Freud, portanto, procurava até instigar tal amor.
Fez então uma interessante analogia com a evocação de demônios, prática ensinada em grimórios antigos como a Goétia. Freud publicou em 1915:
Instigar a paciente a suprimir, renunciar ou sublimar suas pulsões, no momento em que ela admitiu sua transferência erótica, seria, não uma maneira analítica de lidar com elas, mas uma maneira insensata. Seria exatamente como se, após invocar um espírito dos infernos, mediante astutos encantamentos, devêssemos mandá-lo de volta para baixo, sem lhe haver feito uma única pergunta. Ter-se-ia trazido o recalcado à consciência, apenas para recalcá-lo mais uma vez, num susto (Freud, 1969/1915, p. 2013).
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Fausto evocando um demônio do inferno
Interessante essa analogia, considerando que Freud era avesso ao misticismo e esoterismo, sendo essa justamente uma das causas de seu posterior rompimento com Carl Gustav Jung. A comparação, no entanto, ilustra bem sua visão a respeito da importância do vínculo afetivo promovido entre psicanalista e paciente através do mecanismo da transferência.
5 – A visão de Lacan
No entanto, os sucessores de Freud, em especial Jacques Lacan, não compartilharam da mesma opinião do mestre. Em 1964, o próprio Lacan publicou em seu livro Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise que o amor projetado pelo paciente no analista é um “falso amor”, uma “sombra de amor”, embora pudesse muito bem ser legítimo em sua origem no passado. Esta visão do sentimento, embora publicada na década de sessenta, ainda é a versão mais aceita até hoje.
Porém, muito importante enfatizar que, embora Freud instigasse tal vínculo afetivo, fazendo dele um poderoso aliado na sua investigação sobre a causa das neuroses de seus pacientes, ele era radicalmente contra o psicanalista se envolver sexualmente com seus pacientes. Ele afirmava que a ponte que fora construída entre a mente do analista e a do paciente seria destruída com a satisfação física de desejos eróticos, frustrando então qualquer possibilidade de cura.
6 – Os casos Bertha Pappenhein e Sabina Spielrein
Isso nos leva então a dois exemplos muito interessantes, envolvendo duas pacientes famosas, sendo o caso de Bertha Pappenhein e o de Sabina Spielrein. O primeiro envolveu Joseph Breuer e o segundo Carl G. Jung.
Bertha Pappenhein, nascida em Viena, ficou conhecida pelo pseudônimo de Anna O. quando foi tratada pelo médico vienense Joseph Breuer, contemporâneo de Freud.
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Bertha Pappenhein
O caso Anna O., pela sua importância na época, é tido como a inspiração para a criação da Psicanálise por Sigmund Freud. Embora Bertha Pappenhein tenha sido inicialmente paciente de Joseph Breuer, ela foi depois encaminhada a Freud, justamente por ter aflorado nela o mecanismo da transferência em relação ao seu primeiro terapeuta.
Ela era de ascendência alemã e judia. Na casa dos 20 anos de idade, ao ter que lidar com dificuldades inerentes à doença terminal de seu pai, desenvolveu um quadro de neurose, sendo mais especificamente diagnosticada com histeria. Tal distúrbio mental causava nela vários sintomas nervosos e físicos. Foi então levada para ser tratada por Joseph Breuer, médico vienense que gozava de muito boa reputação.
Entre 1880 a 1883 Joseph Breuer utilizou hipnose e outros desdobramentos com o fim de tratá-la, sendo que passou a documentar seu histórico clínico como caso Anna O., justamente para preservar a identidade da paciente em questão. Porém, no desenrolar do tratamento clínico, quando aflorou na paciente o processo da transferência, ela então desenvolveu um estado de gravidez psicológica e afirmou em seus delírios que o filho era do Dr. Breuer. O médico então, temendo maiores problemas com sua família e com a sociedade de Viena, abandonou o caso e encaminhou a paciente a Freud.
Freud então passou a tratá-la, sendo que da relação entre Bertha e Breuer e posteriormente entre Bertha e Freud nasceram o conceito de catarse, a expressão cura pela fala e alguns dos outros fundamentos da nova ciência que seria chamada de Psicanálise.
Interessante constatar que Joseph Breuer pertencia ao mais alto escalão de médicos vienenses de sua época e, mesmo com toda sua experiência e conhecimento, não foi capaz de lidar com a manifestação do fenômeno da transferência em Bertha Pappenheim, o que nos leva a fazer a consideração de que o psicanalista precisa ter uma base bem sólida para lidar com determinados casos.
Já o caso de Sabina Spielrein teve um desfecho bem diferente, mas não menos importante para a história da Psicanálise.
Em 1904 Sabina Nikolayevna Spielrein, de família russa e judia, foi encaminhada ao sanatório onde Carl Gustav Jung prestava serviço como médico, sendo também considerada acometida de histeria.
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Sabina Spielrein
No desenvolvimento da relação clínica entre fräulen Spielrein e o Dr. Jung surgiu também o mecanismo psíquico da transferência. Porém ao inverso do que fez o Dr. Breuer, Carl G. Jung tornou-se amante de Sabina. A relação entre Jung e Freud já estava abalada, sendo que isso contribuiu ainda mais para o rompimento entre ambos que se daria mais tarde. Isso porque, como exposto acima, Freud era rigidamente contra o envolvimento sexual entre psicanalista e paciente. No entanto, mesmo com a relação adúltera entre ambos – Jung já era casado nessa época -, o tratamento teve êxito graças ao próprio método de Freud.
Sabina Sipirelrein a posteriori tornou-se uma das primeiras psicanalistas mulheres da história e, após voltar para a União Soviética em 1923, foi uma das criadoras do chamado Berçário Branco, um jardim de infância em Moscou que tinha o objetivo de tratar crianças.
7 – A evolução do conceito de transferência
A concepção de transferência passou por várias renovações a partir de Freud, conforme foram evoluindo também outros conceitos psicanalíticos e psicológicos.
Através dos casos acima expostos, podemos verificar então que não existe fórmula tão rígida em psicologia ou psicanálise que deva ser estritamente seguida para se conseguir a cura do paciente. Isso por causa da complexidade da mente humana, principalmente em sua instância inconsciente. Pensamos que não deve o psicanalista abandonar o paciente por causa das dificuldades do caso, mas também não deve se aproveitar da fraqueza da pessoa em tratamento para se render aos seus impulsos eróticos.
Seja como for, o radicalismo de Breuer e a fraqueza de Jung frente ao fenômeno da transferência talvez tenham contribuído para que estes casos se tornassem referências históricas no mundo da Psicanálise, o que nos leva a concluir então sobre a importância da transferência na história das ciências da mente.
Embora, com o passar do tempo, o mecanismo mental da transferência tenha sofrido várias modificações em sua concepção, ela ainda é utilizada como uma poderosa ferramenta pelo psicanalista para chegar ao inconsciente da pessoa que está em busca de tratamento para restabelecer a sua saúde mental.
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Vou adorar conhecer você!!!
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inutilidadeaflorada · 8 months
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Eis o Súbito Rastro de Desejo Ascendido
Impressionante presunção Mãos subindo e descendo do chão Dançando o enigma da fechadura Escondidas entre purgatórios
Mar literal em fendas O que dizer, águas são palavras Recusadas no meio do caminho Envenenadas de inveja e delitos
Tão subitamente ato inconfessado Fissurando em entregar-se Ater nos lábios em ângulos convencidos Trazer o convexo absoluto do intervalo
No ensejo de areia, proíba-me Tal visitação, serpente comendo dos órgãos Serpentes realocando os ossos da espera Derramando vislumbres de desejo
Fogo em elefantes brancos Uma nome ressentido, eu não o direi Se você não presumir a pronúncia Sepultemos mais essa memória
Nomes que derretem meus trópicos E misturam-se como estrangeiros Carregando nos olhos frestas E pulsões de rosas da noite
Meu clima tropical pede um exorcismo Há perigo em cada ação dúbia Os gestos confessam, as pupilas dilatam O tato atraca-se em territórios desconhecidos
Absoluta espiral afrodisíaca Cada palavra que encontra saída Tua respiração tensionada na minha carne Substâncias que embriagam desconhecidos ao redor
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