A mulher no pântano (Parte 44)
- Tem certeza que é bom dar um traje pra ele? – Ângela perguntou.
- Bem, vamos perder um, mas é certeza que estaremos seguros! – Sabrina respondeu, iniciando a discussão.
- Ainda não acho uma boa idéia ele ficar perambulando por aí! – Freddy comentou.
- Ele não vai ficar sozinho! Seus tios se voluntariaram para dar uma olhada nele! – Donibel respondeu. – Afinal, nessa situação ele até que é útil!
- É, não cala a boca, mas tem nos contado coisas interessantes sobre a mina.. – Sabrina respondeu. – E isso nos leva a uma das nossas missões hoje!
- Exato! – Ronald surgiu, trazendo mapas recém traduzidos por Jessie.
- Como vocês sabem, as minas estão diferentes! Clarence disse que o tal Seis fez ampliações nela e ela perdeu quase toda configuração de antes! – Donibel anunciou. – Se queremos fazer esse novo plano, vamos precisar dos mapas atualizados!
- Sim, tenho consciência... Os acampamentos já foram quase todos evacuados, mas tem alguns que ainda mantêm seus sistemas em funcionamento... – Mirela comentou. – Qual deles vamos escolher?
- É um pequeno, perto da casa da vó Kristen! – Donibel respondeu. – É o único perto! Mas também é o mais perigoso pela região que ele está!
- Mas ainda vamos confiar nesse plano? – Gregor perguntou, inquieto demais para evitar. – E se ele estiver mentindo?
- Bem pensado! – Ronald respondeu. – Não temos como garantir!
- Temos um plano secundário! – Sabrina respondeu. – O ponto de colapso da mina ainda é uma opção! Se Clarence estiver mentindo ou acontecer alguma coisa além do que esperamos... ele vai ser saída...
- Mas e se algum de nós estiver dentro da mina? – Gregor continuou.
- Vai ser um sacrifício... – Donibel respondeu, admirando o caçula.
Todos ali se assustaram com as poucas palavras. Mesmo que fosse apenas uma suposição, a idéia tal futuro abalava qualquer um. Desse vez, não existiria uma escapatória.
- Voltando ao assunto... o dia de hoje vai ser bem cheio! – Sabrina comentou, despertando o grupo.
- Sim, o transporte das distrações começa hoje e ainda teremos os testes finais das armas! – Ronald respondeu.
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- Não faça nenhuma gracinha! – Luner comentou, desacorrentando Clarence da cadeira.
- É claro que não, você é que tá armado! – Clarence respondeu.
A confiança era algo a ser conquistado, mas os riscos eram as pendências que não deviam ser ignoradas. Por mais honroso que fosse a troca de lado, a ajuda com o cofre não teria os olhares de aprovação da Casa Amarela tão cedo. No acampamento, longe do ponto mais fraco da resistência, era onde Clarence apresentaria seu valor.
- O que você pode fazer? – Felipe, que guiava as operações por ali,perguntou.
- Bem, praticamente tudo! – Clarence respondeu.
- Especifique! – Felipe rebateu.
- Eu realmente fazia tudo! – Clarence respondeu, lembrand0-se das vezes que sua função era abusada. – Ninguém de lá gosta de fazer os trabalhos sujos! Pelo menos não gostam de fazer os trabalhos não “gloriosos”! Então, eles mandavam pessoas como eu pra fazer qualquer coisa! Desde construir reatores até limpar privada!
- Não temos nenhum banheiro aqui, então... – Luner comentou.
- Você pode trabalhar com a parte elétrica daqui? – Felipe perguntou.
- Por que não? – Clarence respondeu.
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Observando o reflexo a correr nas águas do rio, acompanhando seu semblante tão cabisbaixo, Gregor se perdia em questões que até a reunião de pouco tempo atrás ainda não tinha pensado. Largado sobre tábuas de madeira e outras tralhas, o Frantzer era atormentado pelas possíveis resoluções da última missão e quase não podia permanecer preso ao presente diante de tantos riscos. As palavras do pai se repetiam em sua mente como as ondas se repetiam conforme o barco atravessava o rio e pela primeira vez, à medida que as coisas prosseguiam, ele sentia que já perdido alguém, preso a um pré-luto.
- Chegamos! O lamaçal é daqui em diante! – Don, preocupado em guiar a embarcação, anunciou.
Protegidos pelas tábuas, o grupo boiou sobre a lama mole e aos poucos eles chegaram até as terras mais firmes. Focados de não chamar a atenção, eles optaram por um caminho pouco usual, as trilhas escuras que cercavam as terras de Kristen.
- Tomem o máximo de cuidado! – Freddy disse, acendendo uma vela. – Esses caminhos são escorregadios e escuros!
- E cuidado com os galhos, estão cheios de aranhas! – Paola comentou, compartilhando a chama de sua vela.
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Entre as barracas do acampamento, Clarence era apresentado a algo inusitado. A visão dos grupos a trabalhar numa completa harmonia e cooperação vinha lembrar ao homem as antigas promessas do grupo que abandonara. Pela união, verdadeira e amistosa, o progresso se fazia, muito diferente de como seu velho lar funcionava. Clarence sentia falta de algo que não tinha vivido, de toda aquela gentileza a cercá-lo em prol de algo maior. De repente, ele sentiu que não era tarde demais para saborear daquilo, ou pelos fazer parte.
- Ah, olha, uma torre raio! – Clarence comentou, aproximando-se do grupo de Rony, a trabalhar nas misteriosas torres.
- Ah, quem é você? – Rony perguntou, assustando-se com o contaminado.
- Calma, ele vai trabalhar com vocês! – Felipe comentou, evitando que uma briga começasse.
- Comigo? Por quê? – Rony, aquietando-se, perguntou.
- Eu entendo de sistemas elétricos! – Clarence comentou.
- Há e quem não entende? – Rony ironizou.
- Seu amigo! Ele tá prestes a tomar um choque da torre-raio! – Clarence respondeu, observando Miguel perigosamente ativar alguns códigos da torre.
- O que? – Rony perguntou, atordoado com o quão o contaminado sabia.
Rapidamente, Felipe deixou o grupo a sós. Mesmo que ainda estive sob escolta de Luner e Enor, Clarence sentiu-se mais à vontade, acudido pelos conhecimentos que tinha para a situação. Delicadamente, ele se aproximou das torres e de Rony e sábio, deixou que sua mente lhe guiasse pelo problema.
- Então, você sabe o que é isso? – Rony perguntou, certificando-se a veracidade da ajuda do estranho.
- É claro que sim! É chamada de torre-raio! Ela trabalha com eletricidade! Mas vocês já sabem disso! Já até ativaram a forma defensiva dela! – Clarence respondeu, observando alguns códigos que emanavam dos sistemas da torre.
- Argh, não exatamente... – Rony suspirou. – Mas, me diga, você trabalhava com elas?
- Argh, não, só ouvi falarem e vi alguns trabalhando! – Clarence respondeu. – Mas se existe uma vantagem em trabalhar nas tubulações é que você fica sabendo de tudo! Fofocas, planos malignos, a obsessão por Selena e rixas dos Soldados Brancos! Tudo!
- Então, você pode ajudar? Ainda não conseguimos ativar ela! Não de forma de consciente! – Rony respondeu, certo de que ocultar sua incapacidade não seria eficaz no problema.
- Argh, claro! – Clarence, sentido a forma amigável do homem, respondeu.
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- Quando os portões de Admitrino fecharem, ninguém entra e ninguém sai! – Dez comentou, levando uma colherada até a boca. – É aí que a mágica vai acontecer!
- “Mas isso ficaria muito explicito! Desconfiariam!” – Quinze leu o bilhete de Sete. – Verdade! Ela ainda faria falta!
- Então o que vocês sugerem? Não vai dar pra se livrar dela dentro das minas! – Dez respondeu.
- Quem disse? – Quinze respondeu. – Até onde me contaram, Seis fez um bom trabalho, mas não fez o melhor! “Alguns cantos das extensões estão frágeis! Se pudéssemos atrair Catorze para lá, destruiríamos dois de uma vez só!”
- Mas ai que eu digo que eles desconfiariam! – Dez respondeu. – Como faríamos isso sem que afetasse fieis? E também, esse lugar estará lotado!
- Nós podemos arranjar uma boa desculpa! – Quinze respondeu.
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- Ai! – Gregor grunhiu, caindo de traseiro depois de um escorregão.
Sob as arvores a escuridão e o frio predominavam. A encosta do morro úmido era uma das poucas coisas a realmente preocupar o grupo em meio futuro confronto. O impasse entre a força das botas pesadas e as camadas de lama a se soltar era única coisa que podia por a missão a perder.
- O que está vendo? – Freddy perguntou, movimentando-se para fugir de se afundar.
- Poucas tendas... o acampamento parece que está quase todo evacuado! – Don respondeu, observando as atividades dos oponentes através de uma lendária luneta. – Mas tem um cercado farpado por todo lado!
- As tendas principais estão lá? – Freddy disse. – Mirela me contou que os planos deles diziam que tendas com máquinas seriam as últimas á partir!
- Se for isso, então sim... – Don respondeu. – Mais ainda temos problemas com o cercado! Ele vai até todo o acampamento! O melhor lugar pra entrar é por um aglomerado de pedras!
- Mas ainda é difícil! É tudo muito estreito! – Freddy respondeu, tomando a luneta.
- A gente podia se cobrir de terra! – Gregor comentou, já mais ciente do que se passava.
- Mas aí ficaria impossível de andar! – Paola respondeu.
- Isso, mas também ficaríamos escorregadios pra passar pelo cercado e pelas pedras! Lembra de quando éramos crianças? – Gregor respondeu.
- Pode até ser, mas como usaríamos nossas armas ou qualquer outra coisa? – Lenneu perguntou. – Com lama a gente perde qualquer aderência!
- Acho que eu sei! – Gregor respondeu. – Poderíamos entrar de dupla em dupla! A primeira entra e tem cobertura do resto do grupo e assim vai...
- Até que não é tão mau! – Don comentou. – Considerando que a abertura mais segura é estreita demais, precisamos passar com facilidade pra ter alguma vantagem!
- Mas quem iria primeiro? – Lenneu perguntou. – Tem que ser rápido!
- Acho uma boa idéia eu e Paola, somos os menores aqui! – Gregor respondeu.
- Pode ser... a gente entra, se limpa e prepara as armas! – Paola respondeu. – Aqui é escuro demais pra alguém nos ver!
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- Então, os suprimentos serão enterrados! – Ronald disse, desenhando alguns rabiscos na lousa. – Faremos aqui, aqui e aqui! Buracos profundos!
- Argh, eu não acho que isso é boa idéia! – Russel comentou, sobressaindo-se na reunião. – Se terra entrar nos equipamentos, ele podem quebrar! E também, pra quê enterrar? Gastaríamos mais tempo pra desenterrar que usando as coisas!
- Tudo bem, escreva sua sugestão que depois eu leio... – Ronald respondeu, ignorando o posicionamento do sobrinho.
Em meio ao caos das preparações, as reuniões eram os únicos pontos de calmaria e silêncio. No entanto, para o filho de Donibel, a organização dos planos não deveria se bastar apenas de ordens e ordens sem sentido. Mesmo mais amigável aos ideais daqueles que muito tempo lhe foram hostis, Russel ainda não podia aceitar aquela reunião como estava. Entre muitos do Sul e outros sem voz, o homem se contorcia em contradições às falas de Ronald.
- Oi, você disse pra eu escrever minhas idéias num papel e eu fiz! – Ao final da reunião, Russel comentou ao se aproximar de Ronald.
- Pois bem, parece que você fez! – Ronald respondeu, deixando a conversa com os sobrinhos de lado.
- Então, eu não acho seu plano muito bom... Quer dizer, não pra agora! – Russel, animado, respondeu, lendo as anotações. – Eu acho que ao invés de enterrar os suprimentos, poderíamos esconder entre as raízes das árvores do rio! Esses equipamentos não têm problemas com água e mesmo assim, poderíamos usar as lonas para protegê-los! Também, nem todos sabem nadar, então o risco de roubarem nossas coisas seria pequeno!
- Entendi... – Ronald, estático, respondeu. – Vejo que você tem muitas idéias, mas, no momento, eu não posso ouvir... Você pode vir conversar comigo mais tarde?
- Sem problemas! – Russel respondeu, observando o tio deixar a sala.
Imediatamente um curto silêncio apareceu e dele, Júlio, Jessie e Oscar surgiram.
- Ele fez aquela cara! – Júlio comentou. – Você tá tão ferrado!
- O que? – Russel perguntou, confuso com as expressões dos três primos.
- Aquilo não foi um bom sinal! – Oscar respondeu. – Não foi um bom sinal...
- E como você sabe? – Russel perguntou, incomodado.
- Eu achava que a cara de desprezo dele já tinha respondido sua pergunta! – Júlio respondeu.
- O que?! – Russel perguntou. – Ele um velho! É a única cara que ele tem!
- Russel, o tio Ronald nunca vai dizer diretamente que a ideia de alguém é ruim! – Jessie explicou. – Normalmente, quando ele não gosta de alguém, ou do que essa pessoa fala ou faz... ele sempre faz gestos ou expressões no rosto!
- É meio uma coisa que ele herdou da vovó! – Oscar comentou.
- É! Quando ele gosta, ele ri ou se aproxima da pessoa... – Jessie continuou. – Mas quando ele odeia, ele deixa os olhos cerrados e olha com nojo!
- É só olhar a boca dele! - Júlio completou. – É como se ele tivesse comido algo muito ruim! Que quisesse cuspir!
- Tá bom, mas o que isso significa? – Russel perguntou.
- Que é melhor você seguir o plano dele! Vai te poupar muita coisa! – Jessie respondeu. – Vai pela gente!
- Ah, minha rola que eu não vou fazer nada! – Russel respondeu. – Se meu pai não conseguiu me convencer a cortar o cabelo, não é meu tio que vai me fazer mudar de idéia!
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- É muito estranho que vocês ainda não tenham desvendando! A maioria dos códigos está gravada na nossa música de oração! – Clarence comentou.
- Pois é, descobrimos essa musica uns cinco dias depois de isso tudo começar! – Rony respondeu. – Mas mesmo assim, essas torres ainda são um mistério! Elas se ativam sozinhas!
- Então isso só pode ser algum defeito! O código está pela metade e por isso vocês só ativam as defesas! – Clarence prosseguiu, checando a lista de códigos que tinham sido anotados.
- Mirela me disse isso! Alguns códigos podem ter sido afetados pela cúpula! – Rony prosseguiu. – Tem algo que a gente possa fazer?
- Eu acho que sim... Jaime me disse nossa oração era especial, que servia para direcionar os fiéis ao caminho certo! Deve ter alguma coisa nela! – Clarence respondeu, colocando o rádio numa frequência em que uma única música contínua tocava. – A gente vai ter que fazer isso à moda antiga
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A travessia pelo labirinto de rochas e metal se mostrou como era previsto. Cansativa, mas segura. Debaixo da escuridão das sombras e protegidos pela lama, as duplas atravessaram os obstáculos pontiagudos. Não tão rápidos e flexíveis como as pequenas criaturas do pântano a se esconder em suas tocas, os seis voluntários surgiam do alto gramado e aos poucos se recompunham.
- Eu sabia que isso ia dar errado! – Freddy comentou, tirando um pedaço de farpa de ferro de dentro do ombro do irmão.
- Bem, estamos dentro! – Gregor respondeu, grunhindo de dor.
- Mas você tá machucado! Não prestou atenção nas farpas? – Freddy prosseguiu, limpando o machucado. – Você está estranho! Mais do que o normal...
- Eu to bem! Só me distraí por um instante! – Gregor respondeu.
- O que há com você, Gregor? – Freddy insistiu.
- Foi o que pai disse hoje mais cedo! – Gregor respondeu, cabisbaixo.
- Aquilo ficou na sua cabeça? Sério? – Freddy respondeu, sábio da facilidade que o irmão tinha de se preocupar. – É só uma suposição, Gregor! Só porque é uma possibilidade não quer dizer que vá acontecer!
- É, Freddy, mas isso tudo aqui era uma possibilidade e está acontecendo! – Gregor respondeu. – E se as coisas derem errado? Alguém de nós vai ter que ficar dentro das minas! Quem vai ser?
- É a situação que vai responder! – Freddy rebateu.
- Não, eu não confio nisso... – Gregor respondeu, levantando. – Se for pra ser alguém, que seja eu!
- Há, não adianta querer dar uma de herói, Gregor! Não é o momento! – Freddy comentou. – Por que deveria ser você?
- Porque não tem ninguém dependendo de mim! – Gregor respondeu. – Você já é pai e Russel tem a Ingrid, que já são uma família! Todo mundo aqui tem alguém! Ou planos pra vida! Mas eu... eu não me importaria de ser útil a quem eu amo...
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- Eu ainda não acredito que a gente fez isso! – Abigail comentou, observando a proximidade da conclusão do projeto que participava.
- Eu sei! Mas é uma pena que não vamos poder testar! Ficamos sem certeza! – Lorna comentou, tirando alguns grudes da máquina.
- Nós fizemos tudo certo! Ela tem que funcionar! – Sabrina respondeu, descendo da escada que levava até o topo da arma.
- Vai funcionar! Mas não dá forma que queremos! – Felícia respondeu, certificando-se de que cada peça estava no lugar certo. – Essa máquina não vai durar muito! Todos esses componentes podem ter ajudado, mas eles são muito inferiores ao ideal! Não podemos criar grandes expectativas!
- É e isso é um saco! Só vamos poder usar essas armas poucas vezes antes dela quebrar! – Sabrina comentou. – Vamos ter que nos planejar pra isso!
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- O que você está fazendo? – Ronald se aproximou do conjunto de barcos.
Sobre o píer, Russel e mais algumas poucas pessoas se ocupavam de enrolar os mantimentos em algumas lonas, preparadas para um esquema quase clandestino. Distraídos, a proximidade do líder trouxe os sopros iniciais para os ares de conflito que viriam.
- Bem, eu achei que seria uma forma de não perder tempo! – Russel respondeu, levantando-se.
- Não perder tempo? Agora teremos que fazer mais uma viagem pra levar essas coisas! – Ronald respondeu. – E sem comentar que eu não deixei vocês fazerem isso...
- Não deixou? Não sabia que isso era uma ditadura! – Russel respondeu. – Eu ainda acho horrível essa idéia de enterrar as coisas!
- E achou melhor ir contra? Quando não temos tempo pra isso? – Ronald prosseguiu, íntegro.
- É, eu achei! De barco essas coisas vão chegar três vezes mais rápido que á pé! E dentro das raízes das arvores, essas coisas vão estar mais preservadas! Se esqueceu o que as toupeiras fazem?
- Eu pensei nisso! E também pensei que a forças das ondas do rio podem levar essas coisas pra longe! Você pensou nisso? – Ronald respondeu. – Claro que não! Agora desfaçam essas trouxas e levem os mantimentos para os túneis!
Ronald deu de costas para o grupo, enfurecendo ainda mais Russel.
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- Eu não sei por que vocês não querem a minha ajuda! – Gaia comentou, observando a família preparando alguns explosivos mais elaborados.
- Ah, querida, é que isso é coisa de adulto! É muito perigoso mexer com essas coisas! – Agness respondeu, tirando um tempo para responder a sobrinha. – Por que você não vai brincar com o Leonard? Vocês podem ir pro acampamento! Finalmente aqui está seguro!
Igual a quase sempre quando as coisas se tornavam interessantes e desafiadoras, Gaia era excluída da verdadeira diversão. Antes, sempre responsável por ajudar o avô, agora os perigos dos novos compostos exilavam a jovem adolescente de participar de algo que realmente lhe fosse uma aventura. Ainda incapaz de entender os motivos dos mais velhos, Gaia, indignada, não pode desobedecer à decisão do pai e mesmo contrariada, subiu na fiel bicicleta e partiu.
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Conforme o as nuvens dispersas e pouco densas se espalharam até se dissipar ao ar, a missão principal do dia chegava ao se ponto de impacto. Pelas pouquíssimas tendas, a chegada delicada não durou muito e quando o grupo não teve mais onde se esconder, a briga começou.
- Vocês tomem cuidado! Eles são poucos mais parecem ser mais perigosos! – Freddy gritou, protegendo-se atrás de algumas carcaças de barcos, usadas em algumas cabanas.
Do outro, também movidos pela chegada do desfecho, os contaminados não se permitiam se conter diante de um grande último ato antes de deixar o lar provisório. Correndo pela tenda em ataque, a líder do acampamento, energética com a tamanha oportunidade, levava suas palavras de sabedoria até seus companheiros, carregando a moral do grupo até um estado de completo vigor.
- Eles não fugirão de nós! – A líder gritou, armando seu grupo. – Não admitiremos deixar esse lugar sem levar um prêmio!
As vozes furiosas acompanharam o grito da mulher.
O tiroteio se intensificou e o real plano teve o fervor que precisava para começar. Atentos, os voluntários se escondiam entre os restos do acampamento, ocupando-se completamente de atrair os inimigos. Entre as ripas e armações de metal, os corpos se prendiam e se confundiam entre as sombras que o terreno formava. Quando a distração se perpetuou, logo deu seus frutos e a tenda principal foi invadida.
- Estou aqui dentro! – Don sussurrou pelo rádio.
- Ótimo! Mirela disse que eles estão com as plantas impressas! Provavelmente dentro algum lugar seguro! – Freddy respondeu.
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- Eu não suporto o tio e vocês! Como vocês conseguem?! – Russel comentou, devorando uma coxa de frango.
- Anos de prática! – Júlio respondeu. – Chega uma hora que você só concorda! É mais fácil e mais rápido!
- Há, concordar... Eu não concordo com o que eu não quero! Eu sou um Frantzer! Ninguém manda em mim! – Russel respondeu, descontando suas frustrações em dentadas no osso da coxa.
- E ele também é! – Júlio respondeu. – Ah, só aceita! Você não vai querer começar uma briga de machos!
- Ah, não?! – Russel respondeu, esclarecido.
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Isolados dentro de uma pequena tenda, Clarence e Rony se soterravam cada vez mais em suas especulações. Capturando qualquer indicio de respostas, os dois preenchiam as folhas de cadernos com mais e mais anotações, atentos à musica de oração, quase uma tortura.
- Não faz sentido! Clarence você tem certeza disso? – Rony perguntou, impaciente.
Suas mãos tremiam e sua mente já latejava.
- É claro que sim! Quando eu tava nas tubulações, essa musica nunca parava de tocar e eu sempre ouvia todos dizerem que ela escondia alguma coisa! – Clarence respondeu. – Um fez ela! E o Um é perfeito! Por isso é o “um”...
- Então esse cara deve ser um bom compositor! Eu não entendo nada dessa melodia! – Rony respondeu. – Nem parece que ela tem 10 minutos de duração! Parece uma eternidade!
- É, eu sei! Já ouvi muitas vezes! São 10 minutos e 47 segundos! – Clarence comentou.
- Na verdade não, são 10 minutos e 23 segundos! Você tem que ouvir mais vezes! – Rony riu.
- Não, não! Eu fiquei ouvindo essa musica dentro das tubulações por todas essas semanas! São 10 minutos e 47 segundos de tortura! – Clarence respondeu. – Não é possível que vocês tenham sofrido menos!
De repente, Rony se esfriou.
- Peraí, você tá dizendo que 10 minutos e 47 segundos? Como tem certeza? – Rony perguntou.
- Cada fiel recebe uma gravação da oração! – Clarence respondeu. – Além da que passa nesse rádio!
- Então... tá faltando uma parte da musica! – Rony respondeu. – Na primeira vez que ouvimos, cronometramos o tempo dela! 10 minutos e 23 segundos! – Ele fez uma pausa, também esfriando Clarence. – A cúpula pode estar corrompendo o sinal!
- É, faz sentido... Se ela fez isso com os códigos... E também qualquer coisa dos dois lados... – Clarence respondeu.
- Nós precisamos de uma versão inteira da musica! – Rony anunciou, animado. – Deve ter algum gravador nas tralhas dos contaminados!
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O Sol prosseguiu sua jornada ao céu e de seus rastros as sombras dançavam. Quando os focos de luz aos poucos se perdiam a escuridão se tornou mais densa. Da tenda principal não demorou muito para que a missão tomasse seguimento. Bem como tudo tinha sido planejado.
- Estou indo pra vocês! – Don anunciou, deixando a iluminação artificial da tenda para a escuridão das arvores.
- Eles roubaram alguma coisa! – Um contaminado, observando a figura do Frantzer deixar o cenário, comentou.
Do vigor que já se impregnava, os contaminados se incentivaram ainda mais com a tomada de um de seus pertences. Certos de que nada na tenda deveria estar para trás, eles não tardaram de começar uma perseguição mais intensa ao grupo da Casa Amarela.
- Repito, eles não devem fugir! Os seguiremos até os confins desse pântano! – A líder, preocupada de perder a oportunidade, gritou, levando o grupo até a mata fechada.
De forma inédita o passar dos minutos não trazia conforto. A conquista parecia sempre ameaçada pela raivosa presença de passos violentos, seguindo o grupo por onde quer que fosse.
- Por que esses caras continuam nos seguindo? – Paola comentou, deslizando sobre um morro úmido.
- Será que foi o mapa? – Don perguntou, garantindo a segurança do prêmio.
- O que quer que seja eles não vão parar! Já estão muito longe do território deles! – Freddy respondeu, pensativo. – Não podemos voltar por onde viemos!
- Então vamos pra casa da bisá Kristen! – Gregor respondeu, abrindo o caminho entre os arbustos. – É o único lugar que temos vantagem! Deve ter algum barco nos píeres perto de lá!
- É a nossa única chance... – Freddy comentou, percebendo que o cerco se fechava.
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- Ei, Ronald! – Russel, aproximando-se como um trem desgovernado, gritou.
- O que foi agora?! – Ronald respondeu, recusando-se a olhar para o primo.
- Acha minhas idéias ruins?! Vai se fuder! – Russel gritou, chamando a atenção de todos.
O silêncio se formou. Oscar derrubou a prancheta.
- O que você disse? – Ronald ergueu a cabeça.
- Vai se fuder! Quer que eu repita? – Russel respondeu.
Uma multidão se aproximou, calada, cercando a futura briga e escolhendo seu lado.
- Nossa, gente, parece que eu to vendo uma briga da tia Aurora e da tia Marta! – Antony comentou para os mais próximos. – Será que ele vão puxar o cabelo um do outro? Isso me traz boas lembranças...
A discussão de uma pessoa continuou.
- Vai se fuder, Ronald! Foda-se suas idéias! Elas são uma merda, tá bom?! Eu não vou te obedecer só porque você tem idade pra ser meu pai! Nem se você fosse meu pai! – Russel prosseguiu. – Então vai se fuder, eu faço o que eu quiser! Ninguém manda em mim! Não vou ser um cachorrinho que nem seus sobrinhos!
Ronald suspirou, esperando que Russel parasse as ofensas.
- Já acabou? – Ronald perguntou, atingindo Russel com mais força que seus palavrões.
- O que? – Russel perguntou, esfriando-se.
- Se você tem uma idéia melhor, então me diga, Russel! Estou ouvindo! – Ronald respondeu. – Você estava certo, não é uma boa idéia enterrar as coisas! Estou reconsiderando! Então... o que você sugere?
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O encontro com o lar da bisavó nunca tinha sido tão desesperador e drástico como naquele momento. Nem mesmo o solo tão sádico era capaz de assustar os voluntários quanto a continuidade da presença dos inimigos. Como se ainda estivessem presos a uma briga que pouco estava perto do fim, o pequeno grupo, ameaçado, elaborou mais uma fuga, que não demoraria a se mostrar insuficiente.
- O que é isso? – Gregor, sob as trilhas que levavam até a casa da bisavó, comentou, tropeçando sobre uma peça de madeira.
- Gregor vem logo! – Freddy gritou, enquanto ajudava os primos a ajeitar um pequeno barco para partir.
- Eles vão continuar! Estou vendo um barco se aproximando! – Paola gritou, observando através da luneta uma solitária, mas lotada, embarcação cruzar as águas para perto dali.
- Isso só pode se brincadeira! – Lenneu comentou, puxando Gregor para dentro.
De forma a se juntar ao conjunto de desventuras, a perseguição deixou de ser apenas uma artimanha de defesa para se tornar uma obsessão. Nas águas, o grupo ainda não teria seu descanso e como a uma extensão de seus temores, a briga continuou com um disperso e errático tiroteio.
- Tomem o barco deles! – A líder gritou.
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- Ela disse que tinha perdido ele... – Leonard comentou, enquanto ele e Gaia faziam caminhos na terra, como trilhos de uma estação de trem. – E que tudo tá dando errado por causa disso...
- Mas sua trisavó te disse como ele é? Ficaria mais fácil de procurar! – Gaia perguntou, ocupando-se de entalhar alguns vagões de trem em pequenas peças de madeira, a única tarefa perigosa que lhe encaixava.
Dois dos três mais jovens do pântano tinham a mais importante e difícil tarefa em suas mãos. Distrair-se daquilo tudo não era fácil. Não olhar as máquinas se erguendo ou as pilhas de munições e tralhas perigosas se formando era impossível. Aceitar ser excluído e ignorado era algo que até o mais inocente, Leonard, podia perceber. “Não se preocupe”, os adultos diziam, despreocupados de que as crianças aprendiam os significados daquela rotina e logo as colocaria em prática.
A calmaria da brincadeira durou menos que a primeira viagem dos trens de madeira. Antes de o primeiro deles chegar a ultima estação, uma pequena caixa de fósforos, os ventos soaram sobre a colina onde o mini território repousava, trazendo sons desconexos que rapidamente se tornavam nítidos.
- Leonard! Gaia! – Freddy gritou, observando os dois jovens á distancia.
De repente, Gaia se levantou, acompanhando a mudança de escala.
- O que tá acontecendo? – A pequena Brint perguntou, confusa e assustada com o grupo a se aglomerar, tão nervosos quanto como estavam quando partiram para a missão.
- Vocês precisam deixar aqui agora! – Freddy respondeu, encerrando a brincadeira. – Tem contaminados se aproximando daqui e eles não vão parar!
- Vocês não vão lutar com eles? – Gaia perguntou.
- Sim, vamos afastá-los daqui! – Freddy respondeu. – Olha, eu sei que isso pode ser assustador, mas preciso de você, Gaia...
- Eu faço! – Gaia, não hesitante, respondeu, observando o resto do grupo se armar para uma futura briga.
- Preciso que saia daqui e leve Leonard com você! Também, leva isso aqui pra Casa Amarela! – Freddy respondeu, entregando as plantas das minas nas mãos da menina.
- Pegue sua bicicleta e não olhe para trás! – Gregor completou, sentindo a aproximação do perigo. – Independente do que estiver no seu caminho, você tem que continuar!
- Sim, você entende isso? – Freddy perguntou, focando o olhar na Brint.
- Eu... entendo... – Gaia, preocupada, respondeu.
- Então vai! Diga aos outros o que está acontecendo! – Freddy disse.
Tão rápido quanto aqueles que chegaram a cena, Gaia partiu, tendo como última visão a chegada do real perigo.
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De todas as aventuras, das que participou diretamente e das que não pode estar nas frentes, dessa vez as coisas realmente estavam assustadoras. Gaia estava sozinha. Ela não teria a ajuda de pai, de suas tias, ou mesmo de seus avôs e seus ensinamentos. Ela estava completamente sozinha. Decisões partiriam dela e conseqüências seria suas marcas. Também, pela primeira vez, ela tinha um compromisso maior que si mesma. Enquanto a Brint pedalava pelos píeres e pontes, focada em manter-se em movimento, estável, Leonard se comprimia contra suas costas, num forte abraço, lembrando-a que tinha deveres.
*Bam*
Um tiro em meio à mata, logo no caminho que se seguiria, atrapalhou os planos de se ir em frente.
- O que foi isso? – Leonard, assustado e atordoado com o som, perguntou, quase se desequilibrando.
- Isso... isso é uma coisa ruim... – Gaia, desconsertada, respondeu. – Argh, não podemos mais ir por ali! Vamos... vamos dar a volta!
Como os adultos, Gaia não demorou a notar as faltas de opções para aquela situação. Amedrontada, ela prosseguiu, mantendo-se íntegra para honrar sua voluntariedade. Mesmo que isso fosse tirar dela algo muito importante.
- Nós estamos chegando? – Leonard perguntou, enquanto a dupla fazia uma rápida pausa sob os pés de uma árvore.
- Agora sim! – Gaia respondeu, montando um caminho na cabeça.
Retomando, a bicicleta flutuou sobre as gramas da trilha fechada. Certa de um caminho mais rápido e escondido, que logo levaria ao vasto gramado da Casa Amarela, Gaia prosseguiu seguindo as ordens. Debaixo de sons de tiro, monstro a se aproximar, a dupla avançou até o limiar, atravessando um ponto que não poderia fugir. Na chegada ao fim da trilha, o arbusto divisor de terras desembocou no conflito direto e em meio a decida que levaria ao refúgio, os jovens encararam a luta.
- Crianças! – Um contaminando, do alto de uma árvore gritou, observando um alvo praticamente entregue de bandeja.
Da bicicleta a correr, agora Gaia não se permitia seguir deslizando pelo fácil terreno. Tão focados quanto antes, os oponentes dispersos ousaram atacar e tão amedrontada quanto antes, a jovem ousou se defender. Gélida, Gaia foi forçada a coisas que nunca tinha experimentado. Nem nas chuvas fortes e repentinas que costumava atravessar em suas idas e vindas no pântano, sua agilidade tinha sido tão requisitada como agora. Nem mesmo quando pegava enchentes, a limitar seus caminhos, sua inteligência e raciocínio rápido tinham sido tão explorados. Em ziguezague, ora rápida, ora devagar, agressiva ou não, ela avançou pela descida, evitando os olhares e investidas assustadoras de homens macabros e famintos.
- Não! – Um contaminado, driblado pela garota, gritou, tropeçando em si mesmo enquanto admirava a jovem sumir no horizonte.
As figuras cinza deixaram o cenário e conforme as rodas da bicicleta giravam, a visão da Casa Amarela tomava o campo de visão e o coração dos dois ocupantes.
- Pai! – Gaia, pálida, gritou, chamando a atenção de todos na entrada do refugio.
De repente, as duas crianças se jogaram do veiculo, que se chocou contra uma parede.
- Ei, ei, o que tá acontecendo? – Ernesto perguntou, enquanto a filha se abraçava a ele, descontando todo o medo que sentira na força de seus pequenos braços.
- Eles estão em perigo! – Gaia friamente respondeu, entregando os mapas das plantas.
- Leonard! – Ângela gritou, encontrando-se com o filho, assustado, não tanto quanto Gaia.
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- Isso é incrível, nós perdemos 24 segundos de códigos! – Rony comentou, alegre.
- 24 segundos que eu nem notei! – Clarence respondeu, folheando as páginas de novas informações. – Esses códigos são bem dispersos! São a continuação de alguns outros e tem alguns que são até inéditos! Nunca vi essas descrições...
- Sim, percebi isso! Esse é de alguma porta especifica... esses aqui são de localizações de torretas com metralhadoras! Tipo a do Russel! – Rony comentou. – Mas esse aqui...
- É o único diferente! – Clarence respondeu. – É agora ou nunca!
Tão rápido quanto descobrir o que faltava, o grupo ia em buscar de terminar a luta que travado pela Casa Amarela. Juntando os componentes mecânicos, aos poucos as coisas se reconstruíam e tomavam forma. Sob o céu já neutro, com os borrões do entardecer, as resoluções ficaram à disposição.
- Eu ainda não entendi o motivo da melancia... – Rony comentou, observando Miguel preparar uma mesa de teste.
- Se é como eu tô pensando, isso pode ser muito legal! – Clarence respondeu, incluindo os códigos restantes ao sistema das torres.
- O que você tá pensando? – Rony perguntou, observando o trabalho do contaminado.
- Eu nunca vi uma torre-raio em operação, mas já vi várias simulações de como ela deveria ser... – Clarence respondeu. – Na verdade, essa deve ser o único exemplar que tem aqui... e como tava com problemas ninguém deve ter se importado... Preparado?
Como os tantos testes de antes, o acampamento se dispersou para os pontos mais longínquos, para cada exemplar daquele exército de máquinas. Atentos, mas não ansiosos, os integrantes não hesitaram em se preparar para mais uma frustração e grande manta por onde se protegiam das velhas expectativas.
- Todos aprontar! Vamos torcer para que essas torres funcionem direito dessa vez! – Rony anunciou para todos os segmentos. –Já!
Logo as muitas mãos trabalharam nos acionadores e de repente, o manto da proteção caia diante da forma peculiar dos novos resultados. Tão fascinados quanto a primeira vez que observavam o resplendor do gradeado elétrico, os olhos dos voluntários se fascinaram com os sons dos motores de dentro do casco de ferro. Imediatamente, os vários gritos animados vinham mostrar a Rony que as torres estavam funcionando.
- Ainda não acabamos! – Clarence comentou. – Tem mais!
Agora numa escala menor, o grupo se isolava para se fascinar com outra coisa.
*Zoom*
Uma rápida e potente descarga elétrica surgiu do topo triangular da torre e tão rápido a partir pelo ambiente, ele partiu a melancia em duas partes.
- Uau! – Rony, os tios e o grupo disseram, apreciando a fruta colapsar em si mesma pelo impacto de energia.
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- É a nossa última chance! – Freddy gritou, observando o gramado da Casa Amarela. – Não podemos deixar eles passar daqui! Mas também precisamos de ajuda!
Ainda em perseguição, o grupo se aproximou da segurança e nem mesmo em seu território, totalmente sob seu controle, eles puderam afugentar os inimigos.
- O que mais podemos fazer? – Don perguntou.
- Se Gaia conseguiu chegar, ela pode ter passado a mensagem! – Gregor gritou.
- Temos que segurar! – Freddy gritou.
- Com o que? Nossa munição foi pro ralo! – Paola respondeu.
- Mas a deles também! – Gregor respondeu, notando que os tiros ficavam mais escassos.
Rapidamente, vultos surgiram dos últimos arbustos altos do gramado. Como presas, um a um dos voluntários foram levados pelas garras de uma força desconhecida. Mesmo assustados, eles se entregaram a repentina ajuda, certos de que havia mais proteção ali, que em meio ao ar livre.
- Você vai querer se proteger disso... – Uma voz rouca de mulher, que mais tarde se revelou com o reflexo de um óculos de grau alto, comentou, entregando a Gregor um protetor de ouvido. – Isso vai ser interessante!
Um perigo invisível, o som de uma máquina escapou para os ouvidos desprotegidos do grupo a ousar invadir a Casa Amarela. Velozmente, o sinal estranho invadiu suas mentes e elas perderam o poder sobre si mesmas. Como uma criatura que acabara de ser abatida, os fiéis, não mais corajosos, desabaram ao chão, completamente enrijecidos, incapazes de entender a situação.
- E é um sucesso! – Sabrina saltou de seu arbusto, berrando o sucesso para as primas que não a ouviam.
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A noite chegava e com ela o descanso tinha o protagonismo.
- Olá, Gaia! – Sabrina e Donibel anunciaram, chegando ao quarto a família Brint, onde Gaia se escondia.
- Oi... – Gaia, saindo de debaixo das cobertas da cama, respondeu, tímida.
- Ficamos sabendo do que você fez e estamos muito orgulhosos! – Donibel comentou, tirando um pedaço de chocolate do bolso.
- Nós também! – Ernesto respondeu, abraçando a filha.
- Isso mesmo! Você foi muito corajosa! – Sabrina comentou. – Salvou Leonard e a Casa Amarela! Nunca vi alguém tão jovem e tão bom!
- É... eu não sei... – Gaia respondeu, retraindo-se nas cobertas.
- Como assim? Você foi ótima! Se não fosse por você, o grupo não teria sido ajudado e os mapas se perderiam! – Donibel respondeu. – Você é uma heroína!
- É que... eu não sei se queria ter feito aquilo... – Gaia respondeu, afetando o semblante alegre dos dois líderes. – Eu nunca senti tanto medo assim! Eu podia ter morrido! Achei que queria participar mais, mas agora eu não sei... Não quero mais sentir esse medo!
Os adultos ficaram em silêncio, mas logo reagiram as palavras conscientes da menina.
- Ah, Gaia, não se sinta assim... – Donibel respondeu, enquanto ele e Sabrina se sentavam na cama.
- Sim... Acha que não ficamos com medo disso tudo? – Sabrina perguntou.
- Vocês são adultos! – Gaia respondeu.
- Mas ainda somos pessoas! – Ernesto retrucou.
- Nós estamos com medo disso tudo! O tempo todo! – Donibel respondeu. – Toda vez que uma missão começa nós sentimos medo! Ficamos assim até todos voltarem! E às vezes nós não paramos!
- Sim! Nós somos pais! Sempre quando nossos filhos saem pra lutar, nós ficamos com medo de que eles nunca voltem! Mesmo acreditando em tudo que eles fazem, nós não podemos deixar isso! – Sabrina prosseguiu. – Por exemplo, eu acredito na minha Monalisa! Ela é melhor atiradora daqui e é uma pena que ela tenha seguido o caminho do pai! Mas sempre quando ela sai pra atender alguém num acampamento, eu conto os minutos até ela voltar!
- É, mas não é só isso! Nós temos medo de muitas outras coisas! Não só de agora! – Donibel respondeu. – Quando Russel era criança, nós dois fomos atacados por um bode com raiva! Ele espumava pela boca e seus olhos vermelhos era assustadores! Desde então, Russel nunca vai onde tem bodes! Quando era criança, ele teve muitos pesadelos com aquele bicho! Não duvido que ele ainda tenha até hoje!
- E você? – Gaia perguntou.
- Tenho medo de lacraias! – Donibel respondeu. – Não sei muito bem quando criei esse medo... acho que foi dentro do caminhão do meu pai... mas não suporto ver essas criaturas! Me dão uma sensação ruim!
- Eu tenho medo de larvas! Tenho medo que elas comam por dentro enquanto estou viva! – Sabrina comentou. – Vi isso acontecer com um pássaro e isso nunca saiu da minha cabeça!
- Mas tem remédios pra isso! – Gaia respondeu. – E lacraias não são perigosas se você não encostar nelas!
- São medos, Gaia, nem sempre precisam ser racionais! – Ernesto comentou, apertando a filha. – E todos nós temos! Por isso que eles são mais assustadores ainda...
- Mas você não precisa se curvar diante deles! Nem sempre vai poder! – Donibel respondeu. –Quando Freddy era muito pequeno, ele quase pegou uma lacraia pra brincar... Eu salvei ele! Tive que fazer isso... tudo pela pessoa que eu amo... Exatamente como você fez mais cedo! Só que você foi mais corajosa... não tomou um banho depois disso...
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- Gregor, posso falar com você? – Ronald, saindo de dentre as divisórias, chegou ao quarto do sobrinho, deitado sobre a cama.
- Ah, claro! – Gregor respondeu, imediatamente saindo dos pensamentos.
Delicadamente Ronald se aproximou. Seu semblante frio e triste assustava o homem tão acostumado a vigiar o resplendor do povo do Sul.
- Eu gostaria de me desculpar... – Ronald disse, cabisbaixo de arrependimento.
- Eu não entendi... – Gregor, preocupado, perguntou.
- Quando a Nathália tinha seis anos, eu prometi pra ela a melhor festa de aniversário! – Ronald respondeu. – E ela queria que você fosse, queria mesmo... mas eu disse que você não podia porque seu pai não ia deixar! Depois disso eu inventei várias desculpas pra te manter longe, até que magoei ela... e ela parou de me pedir... Então... eu devo desculpas a você... vocês dois não mereciam pagar o preço da nossa briga!
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O totem que restava! – Kristen gritou, surpresa. – Artroka, você deve ter caído da minha bolsa!
- O tio Gregor que encontrou! Ele me pediu pra eu trazer pra você! – Leonard respondeu.
- E vocês dois fizeram bem! – Kristen respondeu, convidando o pequeno a sentar sobre seu colo. – Agora a família está completa! Quer ouvir a história deles?
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- Me disseram que você queria falar comigo... Selena? Selena! – A voz de Sabrina ecoou, puxando a mulher da profunda imersão que estava.
- Ah, sim! Queria... – Selena respondeu, envergonhada. – É sobre a cura...
- Você está bem? – Sabrina perguntou. – É a primeira vez que te vejo tão distraída! E eu não sei se isso é bom!
- Só estou pensando em algumas coisas... Sabe? O futuro quando isso tudo acabar! – Selena respondeu.
- Sei... – Sabrina respondeu, insatisfeita. – Eu queria conversar com você sobre uma coisa... Eu estava esperando uma hora melhor, mas acho que essa situação também é boa...
- O que é? – Selena perguntou.
- Você entende o que vamos fazer? – Sabrina disse.
- Como assim? – Selena perguntou.
- Nós vamos matar um antigo amigo seu... – Sabrina respondeu. – Mas antes, eu preciso saber se você está ciente disso!
- É claro que sim! – Selena respondeu. – Eu e Oliver até podíamos pensar que éramos amigos... Mas não acho que agora isso signifique alguma coisa! Ele é um perigo para ele mesmo, para vocês e para o mundo todo! As pessoas daqui estão em perigo e isso não pode continuar...
- Fico feliz que entenda isso! Porque realmente vamos precisar dessa consciência para vencer! – Sabrina respondeu. – Não temos tempo de hesitar! E podemos até fazer coisas não gostamos...
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