O GRANDE MUDO
(Transcrito pelo Jornalista Alessandro Rocha Fonseca)
Três meses antes, este artigo de David Nasser — publicado na Revista O Cruzeiro, em 15/02/1964 — profetizava o que iria acontecer no Brasil.
ENGANAM-SE aqueles que vêem no Exército Brasileiro — cerne das Forças Armadas — simples massa de manobra. Mais de uma vez tenho dito que, no momento certo, o grande mudo falará.
DAÍ o meu desacordo aos apelos oposicionistas — e quem vos escreve é maciçamente um homem de oposição — para que os civis democratas se armem e enfrentem as legiões sindicalistas mobilizadas pelos desordeiros, os grandes e os pequenos. A aceitar tranquilamente a tese do nobre o lúcido brasileiro que é o Deputado Bilac Pinto, de que temos de nos armar para a luta nas cidades, nas ruas, nas fazendas, nas casas – estaríamos retirando das Forças Armadas brasileiras o crédito de confiança que elas nunca nos desmereceram.
É PRECISO admitir – e aceitar – o fato de que o conceito de legalidade não é o mesmo para todos. Os militares têm deveres capitulados, muito bem definidos em regulamentos simples, claros e rígidos. Não se parecem, esses freios, com as linhas fluidas da legalidade civil. Isto é a legalidade como nós, civis, a vemos e a interpretamos.
ENTENDEM, os militares, que não compete a eles a dissecação dos atos governamentais nem o exame de sua constitucionalidade. É tarefa para o Parlamento e o Judiciário e só se omitem ou negaceiam em face da inconstitucionalidade de certos atos ou de certas tendências do Executivo, o Exército não lhes pode tomar a vez. Competiria, em última análise, ao próprio Parlamento declarar a nulidade desses atos, coibir essas tendências – e recorrer dramaticamente – numa atitude histórica – ao único remédio legal. Ante o silêncio de um, não há de estranhar-se a omissão do outro.
O EXERCITO (e como exército se aceite a principal força militar) é o defensor, o executor e o mantenedor da legalidade, não o seu intérprete, o seu jurista.
OS democratas brasileiros podem confiar nas Forças Armadas que não se condicionam à vontade unipessoal de um Ministro, por mais honrado que ele seja, nem aos caprichos de um almirante, por mal-intencionado que ele seja.
NINGUÉM pode talar em nome do Exército Brasileiro, da Marinha Brasileira, ou da Força Aérea Brasileira – se a sua fala é antidemocrática. Tenho repetido que os militares são simples civis de uniforme, são cidadãos da classe média que enfrentam os mesmos problemas, sofrem as mesmas angústias, sentem as mesmas depressões, os mesmos temores, as dificuldades Iguais às de todos os brasileiros. Dispam, imaginariamente, o General Jair Dantas Ribeiro do seu uniforme – e o coloquem dentro de um pijama burguês. Ninguém poderia admitir que um general de longo curso, vindo de uma carreira de melo século a serviço da Pátria, a pudesse entregar cegamente aos extremistas. Não devem estar longe dos ouvidos do cabo-de-guerra aquela espantosa declaração de Luiz Carlos Prestes de que lutaria ao lado da União Soviética se esta entrasse em guerra com o Brasil. E hoje são muitos, entre os civis, os nacionalistas impatrióticos, mas, entre os militares, constituem uma minoria irrisória, porém, atuante.
TODOS nós, democratas, devemos considerar as Forças Armadas como a base de uma santa aliança contra a invasão comunista do Brasil. Não importa que se imagine o contrário. Não importa que este ou aquele general, este ou aquele coronel, pareçam engajados na mesma aventura de destruição da nacionalidade. No momento exato, veremos que não será necessário recorrer ao velho fuzil ou à garrucha enferrujada do civil assustado, do fazendeiro que defende a terra dos seus pais como quem defende os sete palmos de seu destino. Na hora absoluta da decisão, eles, os militares, não estarão defendendo apenas as propriedades rurais e urbanas, as liberdades públicas, os alicerces democráticos da Pátria: Eles, os militares, estarão defendendo, contra o comunismo, que não é mais uma utopia, mas uma realidade brutal, as suas carreiras, pois sabem que, vencidos, serão trocados por milícias operárias ou camponesas, como na terra de Fidel.
O GRANDE MUDO – o Exército Brasileiro – a tudo assiste, como um leão reumático, um velho leão do circo brasileiro, dentro da jaula, onde prenderam a democracia. Catucam-no, os Brizolas et caterva. Os falsos domadores se animam, julgando que o Rei perdeu a sua força. Súbito, ele eriça a juba, o pelo se eletriza – e num instante, o corpo de pé, prepara-se para a reação. E daquele animal soberbo, que parecia emudecido para sempre, sai um urro de fogo. O urro democrático.
ASSIM será com a Marinha. Assim será com a FAB. Assim será principalmente, com o Exército Brasileiro. 0 grande mudo. Porque o velho leão – preso e espezinhado na jaula da legalidade – não está morto, embora o pareça.
David Nasser.
1 note
·
View note
Projeto que garante CNH gratuita para o Brasil está prestes a ser aprovado? Saiba mais!
Projeto que garante CNH gratuita para o Brasil está prestes a ser aprovado? Saiba mais!
No Brasil, tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é tão trabalhoso quanto caro e por isso um projeto visa garantir uma forma gratuita de emitir a licença para dirigir. Isto porque justamente por conta do custo, muitas pessoas que poderiam ter o documento ficam sem essa chance de conduzir seu veículo, sobretudo os trabalhadores.
Mas do que se trata essa iniciativa? Veja mais em nosso…
View On WordPress
1 note
·
View note
Bri we’re rewatching Buffy 4x15 & 4x16 and realized
Joyce doesn’t live to see Faith get better
The last real time Faith has with Joyce is when she’s in Buffy’s body, and it’s where Joyce insists to Faith that she can’t imagine what happened to make Faith that way. She tells Faith that she doesn’t believe she’s happy. Faith literally hears Joyce say, to her face (well, Buffy’s face) that she hopes Faith gets the help she needs.
Faith literally goes thru all of 15 & 16 then rushes off to the Angel set & goes on a rampage trying to get Angel to kill her. She finally breaks & then has to see Buffy too. Spends all these years in prison. Has to break out to safe Angel. Finally after all those years gets back to Sunnydale. Ends up at Joyce’s house.
Except it NOT Joyce’s house now, it’s Buffy’s house. Joyce is gone and omg the last thing she sees of Faith is her literally at her worst. She never gets to apologize. I’m blowing myself up BRI!
JOYCE TELLS HER TO HER FACE THAT SHE THINKS SHE NEEDS HELP AND DOESNT THINK FAITH LIKES BEING THE WAY SHE IS! FAITH GETS TO SEE THAT SOMEONE GENUINELY DOES NOT HATE HER OR SEE HER AS EVIL OR BAD! EVEN AFTER SHE HELD HER HOSTAGE! AND SHE NEVER GETS TO APOLOGIZE OR MAKE AMENDS OR DO BETTER BY JOYCE. IM SO UPSET
yeah dude......
Look, Faith's relationship with Joyce is a parallel of her relationship to Buffy, in a lot of ways. Joyce represents the life Buffy has that Faith wishes was hers. Their first meeting is that dinner at Buffy's house, it's Joyce sitting across from her and asking about her life, being visibly delighted by her answers. It's Joyce feeding her. The moment Joyce leaves the table, Faith turns to Buffy. "She's really cool, huh?"
It's only like a scene or two later that we get one of Faith's first and only comments about her family. "My dead mother hits harder than that!" after she's hit in the face by a vampire. Oof.
The nice house, the watcher, the mom that cares, the friends - all these things Buffy has, that Faith covets. All things that Faith eventually resents her for.
There's something unhinged and sad and desperate in the way Faith tries to appeal to Joyce, when she's holding her hostage in This Year's Girl. I mean, it's absurd and that typical Faith mixture of hilarious and pathetic, but pleading with Joyce, trying to earn her validation again - "Buffy dumped us." Maybe that scene would have been different, if Joyce agreed, if Faith could have been convinced they were both victims of a similar heartbreak. Probably not. But maybe.
And like you said, what comes after - Joyce's sympathy, her worry, defending Faith after being bound and threatened by her. It throws Faith so badly. It gets in her head.
By season 7, Faith has cultivated a lot of self-awareness and a lot of self restraint. Buffy's life, and Joyce in particular, has always been a sore spot between Buffy and Faith. She would know better than to make this about her.
But it would have to sting, being in that house with an apology in her throat for a woman who's never going to hear it.
94 notes
·
View notes