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#historiascurtas
lestatsevilclone · 1 year
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Meia Noite
Por: Anna Sinclair
Olhei o relógio:
Meia-noite.
Eu tinha nove horas para pensar no que fazer. 
Meu primeiro instinto foi correr até o armário e pegar uma toalha, mas agora o sangue manchou, além do meu carpete, o branco da toalha. Eu só piorei as coisas… eu sempre pioro.
Insanidade! Eu poderia alegar insanidade! "As vozes mandaram", esse tipo de coisa. Só que todo mundo sabe muito bem que eu não aguentava mais ela. Não aguentava seu sorriso falso, não suportava como ela fazia questão de me sabotar em tudo, e no final agia como se me fizesse um favor? Eu fiz um favor pro mundo inteiro hoje. 
Olhei o relógio:
Meia-noite e meia.
Eu me encontrava andando em círculos ao redor do corpo. Minhas mãos tremiam como a minha máquina de lavar quebrada, na qual eu coloquei a toalha suja de sangue na esperança de que ele fosse limpo. "Eu realmente matei ela" eu murmurava para mim mesma como se fosse um segredo, e era. Resolvi lavar o rosto e comer alguma coisa, uma resposta um tanto desproporcional, mas eu não conseguia olhar nos olhos sem vida dela. Então cobri o corpo com um lençol cor-de-rosa.
Fui para a cozinha e esquentei a pizza no micro-ondas, os trinta segundos mais longos da minha vida. Meus olhos escapavam para a poça sangrenta no meu banheiro social, "merda, aquilo não vai sair." Eu pensei em voz alta.
Bip.
Ao ouvir o aviso do micro-ondas, eu dei um pulo. Meu coração batia a mil por hora. 
Enfim, peguei minha pizza, liguei a televisão e coloquei em qualquer coisa, apenas para distrair o meu cérebro do cadáver ao meu lado.
Olhei o relógio:
Uma e quinze da manhã.
Eu precisava me livrar do corpo. Então, em um pico de energia, peguei uma grande sacola preta de supermercado e o coloquei dentro. Minha sorte é que ela tinha meu tamanho, então eu consigo carregar. Coloquei no porta-malas do carro, liguei o rádio e dirigi até um terreno baldio. Lá eu queimei o corpo, junto com as minhas roupas e a toalha. Foi tão bom, que eu só fui capaz de sorrir.
Olhei o relógio:
Três horas da manhã.
Comecei a limpar tudo, esfregar o sangue no carpete, passar cloro no banheiro. Eu precisava me livrar das evidências. "Mas e a arma do crime?" Eu me perguntei, enquanto jogava água no banheiro. A questão era, eu não me recordava de como ela morreu. Estávamos as duas assistindo televisão, eu tomei meu antidepressivo, com um pouco de vinho, e apaguei. Quando eu voltei a realidade ela já estava morta, e eu com seu sangue nas minhas mãos. 
Ao terminar de limpar, o desespero voltou. Desde que mudei de psiquiatra, minha medicação também foi alterada e eu acho que isso mexeu com o meu cérebro. É claro que matar alguém, obviamente, teria um peso. Eu não sou uma sociopata. No entanto, antes do incidente. Eu já não estava bem. As lágrimas caíam no meu rosto,  como mísseis atingindo a atmosfera. Doía tanto, e eu nem sei o que exatamente causou essa dor.
 "Por quê?" Eu repetia. 
Tudo bem que eu a odiava, mas ela era minha única companhia. A única pessoa que me aguentou a vida toda, e não foi embora. 
Resolvi tomar um banho, acalmar os nervos. Só que antes peguei um comprimido do meu antidepressivo, e tomei com uma taça de vinho. Me ajuda a digerir melhor as coisas.
Olhei o relógio:
Seis e quatro da manhã.
A água caindo no meu rosto me trazia uma sensação nostálgica. Eu ficava muito na chuva quando era mais nova, por esquecer a chave de casa. Eu sempre fui muito sozinha e esse fantasma me perseguiu até a vida adulta. Não importa para onde eu fosse, era sempre eu e a solidão. Eu até tinha um namorado, ele me busca todos os dias às nove da manhã, e me leva no trabalho. Mas em algum momento ele vai perceber… ele vai perceber que eu não sou quem ele pensa. Que eu não mereço ele.
A água cai, e eu sinto o sangue caindo. Deslizando pelos meus pulsos como a chuva fazia. Levando a dor embora.
Quando eu abro meus olhos, estou na frente do espelho do banheiro social. Meu cabelo parece embaraçado e nojento, eu não tenho tido mais a energia de cuidar dele como um dia tive. Embaixo dos meus olhos, círculos fundos e arroxeados. Dormir tem sido muito difícil também, talvez seja por isso que eu me sentia tão cansada o tempo todo. Fui ao menos escovar os dentes, como um ato de autocuidado. No entanto, quando meus olhos alcançaram o chão, percebi que eu pisava em uma poça de sangue. Só que dessa vez, eu não me desesperei.
O corpo estava lá, e eu finalmente percebi. O cabelo preto embaraçado, as olheiras, e a lâmina caída no chão, coberta de sangue. Nesse momento percebi: Realmente nascemos e morremos, sozinhos.
Olhei o relógio:
Sete e quarenta e dois.
O sol já tentava entrar pela cortina, eu apenas me sentei ao lado da banheira, onde meu cadáver descansava eternamente, e esperei.
Oito e dez.
Oito e vinte.
Oito e cinquenta.
Nove horas da manhã.
Depois de buzinar, por um tempo, e não obter resposta. Meu namorado entrou no apartamento com a chave dele, na esperança de me acordar. Mas só achou meu corpo na banheira do banheiro social, morto desde a meia-noite.
Fim.
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lostastronauta · 8 months
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Não sei quanto tempo tenho de vida, sabe?
Só sei que ele está acabando.
Por alguns segundos eu me confundi sobre qual direção tomar.
A nave começou a apitar e eu perdi a oportunidade de voltar para casa.
Para nenhuma direção consigo me mover. Quero, tento, mas não saio do lugar.
Ainda ouço aquele maldito apito.
Céus, eu estava me entretendo com alguns pensamentos bobos. Lembranças.
Estou tentando deixar o desespero apenas adormecer minhas mãos. Não quero que ele suba a cabeça.
Mas a morte dança no mesmo compasso do meu oxigênio.
Céus, que seja rápido.
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libraryoferana · 23 days
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Em um mundo onde a magia é ilegal, e os elfos escravizados se atrevem a ouvir as histórias da antiguidade? Cinco contos de mito, #magia e #monstros #fantasia, #mitoselendas, #historiascurtas, #contossombrios #IARTG #ASMG https://books2read.com/ContosdeErana
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nppalexandresantos · 2 years
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O galo e a pérola Um galo estava ciscando, procurando o que comer no terreiro, quando encontrou uma pérola. Ele então pensou: — Se fosse um joalheiro que te encontrasse, ia ficar feliz. Mas para mim uma pérola de nada serve; seria muito melhor encontrar algo de comer. Deixou a pérola onde estava e se foi, para procurar alguma coisa que lhe servisse de alimento. A história do galo e da pérola nos ensina que cada um de nós considera que algo é precioso de acordo com as suas próprias necessidades. Ao ter encontrado uma pérola, o galo reconheceu que, no seu lugar, um joalheiro teria a sorte grande. Mas para ele, galo, a pérola não servia de nada - o que ele precisava mesmo era de alimento. Em poucas linhas a história ensina para as crianças que somos seres diferentes e com exigências distintas. Psicopedagogia - Neuropsicopedagogia - Psicanálise - NPp. Alexandre Santos - Inst. Aquarela. Por: @npp.alexandresantos Clínica NPp. Alexandre Santos. . . . . . . . . . . . #nppalexandresantos #clinicanppalexandresantos #ogaloeapérola #historiasinfantis #historinhas #moraldahistoria #historiascurtas #pedagogia (em NPp. Alexandre Santos) https://www.instagram.com/p/CYRc0M3lN54/?utm_medium=tumblr
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mazzoni87 · 2 years
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magicfrench · 2 years
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kx87 · 2 years
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heurekatntmitos · 4 years
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A fila no supermercado andava lenta. "Ele não podia estar ali". Os movimentos das pessoas consumiam o pouco de energia que restava em um olhar oscilante, as vezes alienado. Estava chegando a sua vez. A vergonha e o constrangimento aumentou quando ele colocou o saco transparente com apenas três pães e uma lata de sardinha sobre o balcão. Ou apenas eu notei isso? O casal à sua frente ainda colocava as compras nas bolsas do fino plástico verde. Este supermercado ainda dava sacolas aos clientes. Assim que terminaram de guardar as compras, pagaram, e saíram. Só assim o senhor magro e franzino percebeu que a ausência do casal, aumentou a sua exposição, e abriu um espaço maior sobre a vida de sua traquinagem conformada. O incômodo o teria feito sonhar com o menino de outrora pego em fragrante? Nestes últimos dias era assim que se sentia, e como todos o tratavam, quando o viam na rua. A moça do caixa, disse: O que o Senhor está fazendo por aqui? O senhor devia estar em casa! Ele sorriu sem jeito. A partir daí tudo se passou como em um filme de Carlito. Lento, nervoso, em uma alegria triste, e desconcertada, desconfortável. A caixa, ligeira, registrou logo a compra pequena. Ralhou algo novamente com ele, e um novo sorriso balançado, duro e pesado, quase caiu do queixo fino, magro, gotejante. Alguns pequenos gestos de consentimento da cabeça o acompanharam tentando abanar pra longe o abandono que tem o homem com idade. Se sentia envergonhado pela compra pobre de pão e sardinha? Ou "porque não deveria estar ali", como todos falavam na TV? Continua em: https://www.facebook.com/102253071190660/posts/203040507778582/ #contos #literatura #estoriasnarradas #estoriasnarradas #ler #historiascurtas #ebook #contoscurtos #novelas #novelascurta #literatura #ebookmaisvendidos #dramaturgiaonline #dramarurgia #leitores #leitor #spoiler #estorias #contosnarrados #leitura #historiasnarradas #prosa #leitores https://www.instagram.com/p/B-LWAZcJVmM/?igshid=r3rqv6332mif
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lostastronauta · 8 months
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08 de setembro de 2023
Estou seguindo a última data que vi nesse diário, escrita provavelmente com o mesmo lápis que achei preso no meio das páginas.
Estou, daqui de cima, contando as voltinhas da Terra e tentando marcar o tempo.
Quem dera se isso fosse possível hehe. Não consigo ver muita atividade daqui de cima. Já desisti de tentar descobrir quanto tempo tenho de vida.
Você já sentiu o que é estar preso no espaço sabendo que não há para onde se mover, pois todos os destinos estão longe?
Já sentiu a força esmagadora da inércia involuntária?
Olha, não é que eu desisti de tentar achar uma saída. Se fosse isso, a culpa seria minha. E eu seria um astronauta preguiçoso demais para ser escolhido para essa missão.
Não sou preguiçoso. Jamais. Eu só me enrolei com tanta informação de última hora bagunçando minha cabeça, principalmente quando a nave começou a apitar.
É, essas são as notas de hoje.
Se alguém encontrar a Aninha, peço que dêem um beijo nela por mim. Podem contar do fracasso. Mas contem também que o pai dela não é preguiçoso.
Sei que só Deus será testemunha dessas palavras.
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libraryoferana · 5 months
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Em um mundo onde a magia é ilegal, e os elfos escravizados se atrevem a ouvir as histórias da antiguidade? Cinco contos de mito, #magia e #monstros #fantasia, #mitoselendas, #historiascurtas, #contossombrios #IARTG #ASMG #ad https://books2read.com/ContosdeErana
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leopascoal · 5 years
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Amiga do Rei #1
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mazzoni87 · 2 years
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danatiellycosta · 6 years
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Dias de Insônia - Parte 2: Corpo
Me viro como um idiota no colchão, coloco o travesseiro debaixo da cabeça, depois o travesseiro por cima, fecho os olhos com força me concentrando no preto, certo está tudo preto agora dentro da minha cabeça. Não estou pensando mais em nada, não importa mais os problemas do dia a dia, chega não vou pensar na porcaria do meu nome que está sujo novamente. SPC não. Tudo preto.
Tudo preto, estou quase lá mais um pouco e eu durmo, quase posso espreguiçar, estou com sono porra, to me concentrando em não pensar em nada. Que se foda a vida de bosta que levo, já deve ser umas duas da madrugada agora eu mereço dormir, esquecer da merda da faculdade que você inventou de fazer porque se achava artista e depois descobriu com pesar que ela não vai te levar a nada. Porra pensa em preto, preto... Pera. deve ser duas ainda, minha bexiga ta apertada, mas eu já fui ao banheiro duas vezes, não vou levantar de novo, a cama ta quentinha, lá fora ta frio, daqui a pouco tenho que trabalhar. Vou estar um bagaço humano amanhã. Que amanhã que nada, me viro novamente na cama, que range vagabundamente. Cama velha desgraçada, esse barulho é que não me deixa dormir. Se eu não me levantar agora vou acabar molhando o coxão, melhor levantar logo, que não deve ser nem duas e meia ainda, eu vou correr para o banheiro, no caminho bebo água assim evito de levantar novamente.
Me levanto carregado, o corpo pesado e dolorido, mas acordado, acordado pra cacete, corro para o banheiro já sentindo as primeiras gotinhas começarem a molhar a cueca.
Ai meu deus que alivio!
Termino o que fui fazer no banheiro.
Me olho no espelho de relance, e quase sinto ódio de mim mesmo por estar acordado até essa hora, me encarando no espelho e sentindo vergonha de existir digo para o nada.
- Que se dane, não vou até a cozinha agora.
Tomo água na pia fazendo uma conchinha com as mãos, caralho que cede, bebo muita água já imaginando que isso poderia me arrastar para o banheiro mais uma vez. Foda-se não quero mais pensar sobre isso. Não vou mais pensar em preto.
Se o meu corpo não quer mais dormir, eu decido que não quero mais também.
Volto para o quarto, e ouço a porcaria da minha geladeira na cozinha dando um estralo que me assustou, não sei por que, ela sempre fazia esse maldito barulho, só que como a casa estava vazia e escura o barulho me tocou na espinha.
Antes de me deitar novamente ligo a TV, dane-se vou assistir qualquer coisa que estiver passando, me jogo debaixo das cobertas segurando o controle remoro.
Mudo de canais passando bem rápido pelo maior numero de programas e filmes, espero achar algo bem entediante que me de sono o mais rápido possível, mas parece que o ato de apertar os botões do controle deixam uma pessoa ainda mais acordada. Passo por um canal onde tá passando algo religioso, mudo rapidamente de canal, o próximo era um filme legendado, que pela trilha sonora saco que era algo do gênero terror, sou covarde admito, e alias queria apenas dormir, e essas merdas nos acordam de vez, chega de sustos por hoje. Odeio esportes, passo ainda mais rápido pelos canais de esporte não, nada de pessoas com corpos perfeitos e saúdes de dar inveja, correndo, lutando e nadando me lembrando que sou um merda, poxa esportes são deprimentes na madrugada. Canais adultos, porra isso não deveriam ser os nomes de canais de sacanagem, devo ter pelo menos uns cinco canais de sacanagem na TV a cabo, não que eu seja um pervertido nem nada, mas aceitei uma promoção de pacote de canais de filmes. Nada haver, ok passo devagar por esses canais, mas acabo não deixando em nenhum, mas passo de vagar por eles enquanto abaixo o volume no zero, porque esse povo de filmes adultos gritam muito, me pergunto como eles capturam esses áudios, droga tempo demais nesses canais e eu já estou viajando, nossa tenho a nítida sensação de que estão repetindo a cena do cara metendo na mina  porque percebo os mesmos movimentos, cortes lentos de tomadas reprisam a mesma cena, esses filmes estão cada vez mais decadentes. Mudo de canal quando já estou excitado com a merda do filme.
No outro canal passa um documentário da vida animal selvagem na áfrica, ótimo vou deixar ai, e vou torcer pelo leão, na noite passada torci pela zebra, que acabou devorada, dessa vez aposto no predador.
Como ainda estou excitado resolvo bater uma, para sentir sono, fecho os olhos para não ver a zebra morrendo, mas enquanto me distraio comigo mesmo escuto a voz do narrador descrevendo a caçada, e a corrida da zebra com seus movimentos lindos na natureza, mas hoje seria o dia do rei da floresta, hoje o leão não ia voltar para a casa de barriga vazia...
Meus olhos estão quase totalmente fechando agora, não estou mais pensando em preto, nem em nada, talvez apenas tivesse um rosto em minha mente, não sei não me viro mais no colchão. Não me lembro como o leão alcançou a zebra.
Dou um salto no chão com um jato de água que cai sobre mim. não reconheço o lugar onde estou, só sei que está tudo muito escuro e sujo. Um homem estranho se aproxima, me da um soco no estomago que me faz cair no chão, brigando para sentir o ar novamente em meus pulmões.
O cara estranho aproveita de minha fraqueza e me arrasta para uma outra sala, o lugar era um pouco mais claro, porém era igualmente estranho, outro homem entra na sala, eles se unem para me amarrar, amarram minhas mãos para traz com uma corda, depois fazem o mesmo com meus pés, eu não tento reagir pois acho que de alguma forma já estava morto, não estou com medo, só quero que tudo acabe rápido.
Sou dependurado pelos pés em uma corrente no teto, sinto o meu corpo balançar como um pêndulo, sinto vontade de vomitar, estou tonto e enjoado, estou perdido não sei onde estou nem como vim parar aqui, mas de certa forma não queria mais morrer e grito.
- Hei, o que que e isso? Me soltem me soltem!
Os homens não dizem nada, eles tinham facas em suas mãos.
- Não! Pelo amor de Deus, eu não quero morrer!
Um deles se aproxima de mim e começa a rasgar a minha carne de vagar, passando com força a faca da altura do meu peito até chegar ao meu umbigo, eu apesar de acordado e de sentir a faca me rasgar não sinto nada, não estava doendo absolutamente nada. O sangue começa a correr até chegar ao meu rosto, a minha boca e em meus olhos. Meu sangue estava saindo como uma fonte.
O outro homem se aproxima de meu corpo dilacerado pelo corte e começa a abrir minha carne com as mãos, arrancando meus órgãos e minhas tripas sem piedade ou misericórdia, nem mesmo pudor de ser tão violento e cruel quanto se poderia ser.
Porque eu ainda estou vivo depois daquele procedimento, será que estou morto agora, porque não durmo nem depois de morto, essa insônia vai me seguir até depois de estripado? Não grito mais, não sinto dor, eu só queria poder dormir.
Depois de remover minhas vísceras, sou liberto da corrente e desamarrado, e costurado em um processo cirúrgico bem porco pelos mesmos homens.
No final do processo de tortura estava vivo de algum modo, me levanto de vagar, passando a mão em minha barriga costurada até o peito.
- O que fizeram comigo.
- Precisamos de seus órgãos.
- Eu vou morrer?
- Esperávamos que você já estivesse morto.
Responde-me o único cara que me respondia, e eu pergunto meio atordoado.
- Para que vocês precisam desses órgãos? Porque os meus?
- Para a sua mãe, vamos levar para ela.
Minha cabeça da muitas voltas em torno dela mesma, isso era improvável, volto a passar a mão pelas costuras em meu corpo, e começo a chorar e dizer como um bebê:
- Cadê a minha mãe, eu quero a minha mãe... espera cadê ela, eu quero a minha mãe!
Abro os olhos me levanto se sentando na cama, passo a mão na barriga, não tinha nada nem uma costura, nem um relevo, estava tudo certo. Me abraço assustado, ninguém tirou os meus órgãos. A TV estava ligada passava um desenho animado, olho para o relógio que marcava seis e meia da manhã, meu celular dispara o alarme para que eu acordasse, mas eu já estava acordado, antes de me levantar confiro com desconfiança mais uma vez o meu corpo. Eu estava bem. Meu corpo estava bem, eu dormi afinal das contas. Eu dormi, dormi e sonhei.
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mmazzoni · 2 years
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Grazie Mille :)
E vem muito mais por aí!!!
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