Sonoridades: O Gajo e André Henriques proporcionaram concertos exclusivos | Reportagem
A Câmara Municipal de Santo Tirso em parceria com a produtora 1Bigo realizaram este ano mais uma edição do Sonoridades. Tal como nas edições anteriores os concertos realizaram-se no Centro Cultural Municipal de Vila das Aves.
A programação iniciou-se com a pop-eletrónica dos :Papercutz na última sexta-feira, 28 de abril e no dia seguinte atuaram os Glockenwise. Marquei presença nos outros dois concertos: o de O Gajo ocorrido no domingo e no de André Henriques no 1 de maio, Dia do Trabalhador.
O Gajo, projeto do lisboeta João Morais entrou em palco 10 minutos depois da hora agendada e teve uma sala muito bem composta. Perante o incrível espetáculo que presenciei, até fiquei um pouco triste por não ter tido a lotação esgotada. Realmente superou a minha melhor expetativa.
Editado no passado dia 23 de março ‘Não Lugar’, o último trabalho discográfico, esta a ser promovido pelo artista mais intensamente e nesta performance na Vila das Aves foi bem destacado.
O Gajo a apresentar as suas canções // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso
A Viola Campaniça é a razão do ser deste O Gajo desde 2016. Encontrou na Campaniça a maneira de fazer uma marca própria ao nível do instrumento local, ao invés de continuar a explorar guitarras estrangeiras.
Além de João Morais e da Campaniça outros também foram protagonistas nesta noite especial, mais à frente irei referi-los.
As músicas instrumentais de O Gajo têm uma intensidade bem própria, o empenho do artista a tal, como óbvio, não é alheio. Além da Viola Campaniça, João Morais também deu trabalho aos seus pés na manipulação de bombo e pandeireta.
O Gajo bem acompanhado pela Campaniça // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso
Depois de uma intro, o primeiro tema tocado “Tarântula”, um dos mais recentes e igualmente a faixa de abertura de ‘Não Lugar’. Deste álbum “Rebeldança” foi também interpretada.
“Miradouro da Batucada” e “Cacilheiro” não faltaram na setlist e são inspiradas em Lisboa, como o músico fez questão de frisar nas suas interações com o público.
Na interpretação de “Vagabundo” (do EP ‘As 4 Estações: Santa Apolónia’) teve a originalidade de ter sido projetado o videoclipe do tema, no qual uma marioneta à imagem de O Gajo tocava o tema. A performance foi conseguida de forma bem sincronizada.
Com a entrada de 9 músicos do Grupo de Sanfonas da Escola de Música Tradicional da Ponte Velha, escola de Santo Tirso, o concerto entrou numa dimensão. 8 sanfonas e 1 bombo juntaram-se a João Morais e deram um colorido sonoro arrepiante e, assim de repente sem estar a contar, fui transportado para um imaginário da idade média... "Céu Cinzento" e "Há uma Festa Aqui ao Lado", temas de O Gajo e “Toma Lá Dá Cá” da música tradicional portuguesa foram as escolhidas para este momento indelével.
O Gajo com o grupo de sanfonas // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso
O concerto prosseguiu com “Homens de Gelo” e “Bailão e Pedro Cigano”. Quando parecia que o concerto iria ter o seu final, eis que fomos surpreendidos com mais 2 temas. O final aconteceu com o regresso dos músicos do Grupo de Sanfonas da Escola de Música Tradicional da Ponte Velha a pedido de João Morais e tivemos mais um bonito momento musical. Foi mesmo a cereja no topo do bolo.
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A tarde esteve solarenga e depois de um belo passeio com melhor companhia do planeta, eis que eu e a minha namorada seguimos para um fecho de Dia do Trabalhador em excelente estilo: escutar ao vivo André Henriques. Desta vez, na Vila das Aves, o artista atuou a solo. Ao invés do concerto de Fafe (em 2020) quando tocou acompanhado de banda e ao qual tive também a oportunidade de assistir. A reportagem desse evento fafense está disponível aqui.
O músico lisboeta, sobejamente conhecido por fazer parte dos Linda Martini, tem agora também uma carreira a solo. Nesta aparição no concelho de Santo Tirso deu, o que podemos chamar, um concerto exclusivo. Tal como o próprio referiu fez “estreia mundial” de algumas canções novas. Aproveitou a ocasião para as estrear apesar de ter estado dividido, se o fazia ou não.
André Henriques em palco // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso
Quem esteve presente… Teve este belo presente. De ouvir pela primeira vez as canções “Engaço”, “As Janelas são de abrir” (as duas primeiras interpretadas), “Espanto” ou “Os Fantasmas de Amanhã”. Esta última já foi lançada e já pode ser escutada nas plataformas do costume.
André Henriques revelou que este próximo trabalho discográfico ainda não tem data definida para ser editado mas que deverá acontecer depois do verão. Um álbum marcado pela mudança de casa.
André Henriques a estrear novas canções // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso
‘Cajarana’, o disco de estreia foi editado em 2020, poucos dias antes da pandemia do Covid19 ter, oficialmente, chegado a Portugal. Deste álbum tocou várias canções como, por exemplo, “Uma Casa na Praia”, “Pais e Mães e Bichos”, Platão Pediu um Gin” (o artista explicou que o tema fala de solidão e não de filosofia)e “De Tudo O Que Fugi”. Esta última no encore e foi mesmo a derradeira.
A atuação foi incrível e seguida por quem esteve lá (infelizmente a sala não esteve totalmente cheia) com todo o empenho e atenção. Uma performance intimista, num cenário minimalista em tons negros tendo André feito um belíssimo uso da sua voz e das suas três guitarras.
No acolhedor Centro Cultural Municipal de Vila das Aves foi mesmo um verdadeiro gosto ter assistido a este dois belíssimos concertos.
Visão geral do Auditório // © Foto da Câmara Municipal de Santo Tirso
Texto: Edgar Silva
Fotografia: Fotos Oficiais da Câmara Municipal de Santo Tirso
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