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projetosaulo · 6 years
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projetosaulo · 6 years
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Construir mais prisões é a solução?
A curta resposta para essa pergunta seria: Não. A resposta média para essa pergunta seria: A curto prazo, sim. E a resposta longa para essa pergunta é esse artigo inteiro, pois a resposta não é tão simples quanto parece. 
Se apenas encarcerar as pessoas fosse a solução, o Brasil já teria resolvido o seu problema de segurança pública? Não, pois a grande maioria de brasileiros presos atualmente são réus que não apresentam nenhum perigo para a população: Pretos, pobres, e réus primários, devido a seletividade do sistema penal brasileiro que tornou simples prender essas pessoas e complicado prender corruptos. 
Há pessoas que defendem que prender menos seria a opção antagônica a construção de mais prisões, mas como prender menos pessoas? Isso não seria aparentemente impossível e provocaria um caos nacional? Não necessariamente, se prendermos menos, mas prendermos certo. 
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos - CIDH recomendou no ano de 2017 a diminuição de prisões preventivas no Brasil, além de outras dez medidas para regularizar o problema estrutural do sistema penitenciário brasileiro. Concordo com a CIDH e creio que diminuir a quantidade de prisões preventivas poderia colocar o Brasil em um quadro de calamidade pública menor, resultando bem para os civis que estão em privação de liberdade, pois deixaria o nosso sistema prisional menos abarrotado e a qualidade de vida do preso é essencial para sua ressocialização ao invés de sua institucionalização. 
Acredito que a diminuição de presos preventivos deveria ser feita em todo o território nacional com muito cuidado, a partir de audiências de custódia, onde o preso preventivo é levado diante de um juiz para que este possa decidir de forma a manter ou não a prisão preventiva, analisando cada caso. É inaceitável que uma pessoa seja colocada no sistema prisional brasileiro sem nem ser levada a um juiz, tendo em vista que esta pode ser presumida inocente e portanto, presa desnecessariamente e ainda por cima aumentando a despesa pública de forma indevida, já que um preso custa em média treze vezes mais que um aluno de ensino médio, além disso o preso inocente pode sair criminoso, tanto pelo julgamento da sociedade quanto pela frequente adesão desses presos à facções criminosas, por necessidade de sobrevivência dentro dos presídios. 
Para  tentar resolver esse problema da adesão à facções criminosas dentro dos presídios como modo de sobrevivência, temos as APAC’s, que são as Associações de Proteção e Assistência ao Condenado, segundo eles, a revolução do sistema prisional.
Mas não podemos simplesmente olhar as coisas como algo fácil e simples de ser solucionado, até porque se fosse, qualquer político brasileiro já o teria feito. A exemplo do Presidente Michel Temer, cuja solução foi disponibilizar muitos milhões de reais para a construção de uma penitenciária por estado brasileiro, o que por si só apenas impulsiona o encarceramento em massa da população e aumentam as possibilidades de corrupção, já que diminui a burocracia para colocar a mão nesse dinheiro. 
Considerando que um presídio, para ser construído, leva três a quatro anos, qual é a solução enquanto isso? Seria pensar na construção e planejamento desses presídios como lugares mais humanitários um contra-senso? Bem, como eu demonstro a seguir, são muitas possibilidades, e que devem ser aplicadas simultaneamente. 
Ao analisar essa questão acabamos esbarrando em outros problemas que, assim como no caso do sistema prisional superlotado, são estruturais. Podemos citar a corrupção, o racismo, o machismo, a má administração dos recursos públicos, a seletividade do sistema penal brasileiro e também a falta de educação de qualidade. 
Os brasileiros estão cansados de tantos escândalos envolvendo políticos, estamos cansados de golpes democráticos (sendo o Golpe de 2016 um grande exemplo) e estamos cansados da má administração dos recursos públicos, mas se a maioria dos brasileiros não consegue administrar nem sequer suas finanças pessoais, como esperar que possamos fazer isso com o Brasil sem investir em educação de qualidade para todxs?
É curioso como sempre ouvimos dizer que o Brasil é o “país da impunidade” mas ao mesmo tempo temos um dos sistemas prisionais mais abarrotados do mundo. Certamente isso se deve ao fato de que a impunidade no Brasil é privilégio de pessoas cisgênero, brancas e ricas. Espero que pelo menos um desses novos presídios que serão construídos no Brasil nos próximos três anos seja destinado exclusivamente ao encarceramento de políticos corruptos por exemplo, seria um grande avanço. (Esse parágrafo contém leve ironia)
A situação de superlotação é totalmente inaceitável e o nosso país precisaria triplicar as vagas oficiais para prender sem superlotação. O governo parece não se preocupar o suficiente enquanto ocorrem verdadeiras chacinas, afinal, o sangue de alguns criminosos e alguns inocentes derramado, de certa forma, auxilia o governo a não ter que lidar com a questão da superlotação. Acredito que triplicar o número de vagas em novos presídios poderia gerar prejuízo no sentido de servir como condição ideal para a expansão de facções criminosas e impulsionar o encarceramento em massa. Ao invés disso, proponho a construção de escolas e a ampliação do Programa de Educação de Adultos Presos. 
Quando falamos em melhoria das condições de vida da população da carcerária não estamos falando em privilégios para criminosos, estamos falando em dar dignidade a pessoas que um dia, ao cumprirem a totalidade de sua pena, voltarão a circular na sociedade. Como você pretende que essas pessoas saiam de lá? Elas estarão com vocês nas ruas, no trânsito, nos mercados, nas escolas, nas universidades, nas praças... Ocupando a mesma cidade que você. 
Além dos quadros já citados anteriormente, necessitamos de melhora nas condições de saúde, higiene e alimentação para os presos. Como fazer isso com o atual sistema de licitações que nós temos? Sabemos que na teoria é lindo, mas na prática é preciso pensar em alternativas que impossibilitem as grandes empresas de resolverem entre si quem ganhará a licitação antes mesmo que ela ocorra, e simplesmente a resposta não está em estatizar, porque o Estado já está totalmente sobrecarregado para darmos a ele mais uma possibilidade de falhar. Precisamos ter menos pensamentos de interesse privado no poder público!
Acredito que as empresas privadas deveriam TEMER ser pegas em atividades ilícitas e que, quando comprovado esse tipo de corrupção, a punição fosse exemplar. Dessa forma acredito que uma maneira de melhorar a condição de alimentação, saúde e higiene nos presídios seria: Investigar e punir mais severamente as empresas privadas que oferecem essa prestação de serviços, além de solucionar, é claro, a questão fundamental do texto, a superlotação, que provoca condições de higiene totalmente insalubres. 
Os crimes relacionados a droga estão em segundo lugar em motivos prisionais no Brasil, diversos usuários são indevidamente enquadrados como traficantes ou pequenos traficantes, sem maus antecedentes, primários e que são pela primeira vez levados para o sistema prisional. Porém, infelizmente, a sociedade vê no preso uma figura de alguém que necessariamente cometeu crimes gravíssimos, o que dificulta ainda mais a atuação do poder público na melhoria do sistema prisional, precisamos pensar em uma nova estratégia para enfrentar o uso das drogas e criminalizar, mais uma vez, não é a solução. 
Acredito que aqui podemos concordar que a legalização do uso recreativo da maconha iria diminuir significativamente a população carcerária no Brasil. Gastamos milhões por ano com prisões totalmente desnecessárias sendo que poderíamos estar ganhando milhões por ano recolhendo impostos tributados na maconha, porém ao invés disso os contribuintes brasileiros preferem realmente gastar milhões de seus impostos com presidiários que custam caro de um dinheiro que, se fosse melhor empregado, traria lucros para toda a sociedade. 
Já o problema da educação, além de estrutural, é histórico: Ladrões e estupradores de Lisboa costumavam ser banidos para o Brasil e, epigeneticamente falando inclusive, estamos sofrendo com as consequências disso até hoje. Como reduzir a população carcerária brasileira sem passar a investir pesado em educação básica? A dificuldade que se tem nisso é de que os nossos políticos só pensam em se re-eleger para continuar no poder, e educação não é algo que muda em um mandato de dois a quatro anos, pois os frutos só passamos a colher dez, vinte ou até mesmo trinta anos depois do investimento.
Sendo assim, minha primeira recomendação para melhorar o sistema prisional brasileiro é: 
1º) Acabar com a re-eleição de políticos;
Seguido de:
2º) Investir pesadamente em educação básica;
3º) Construir mais presídios imediatamente, infelizmente;
4º) Investimento em prisão domiciliar;
5º) Assim como a CIDH, recomendo a investigação e a punição de delitos cometidos por funcionários do sistema penitenciário, como por exemplo maus-tratos, estupros e torturas, especialmente aqueles direcionados a população LGBT que enfrenta um alto risco de violência extremamente cruel e mortal;
6º) A melhora das condições de alimentação, higiene e de saúde para os presos;
7º) Medidas que impossibilitem a sonegação de impostos por grandes empresas;
8º) Maior prevenção contra a entrada de drogas e armas nos presídios;
9º) Legalização do uso recreativo da maconha;
10º) Construção de um website onde fosse possível, de forma fácil e interativa, a visualização do panorama penitenciário nacional, inclusive prestando contas à população brasileira de cada centavo gasto. Obviamente que temos o Diário Oficial, mas ninguém vai ler aquilo naquele formato, temos que facilitar a chegada de informações as massas, a população pode fazer uma maior pressão no governo na medida em que é informada do que está, ou não, acontecendo;
Além disso:
11º) Desenvolver campanhas de educação e informação pública para combater atitudes homofóbicas e transfóbicas e promover os valores da diversidade e do respeito mútuo;
12º) Juntamente com o Supremo Tribunal Federal, defendo a indenização de presos pelo Estado, por danos morais, quando constatada condição degradante em cadeias. Pode parecer estranho, mas essa é uma medida que de certa forma pressiona o Estado a adotar as outras medidas dessa lista, além de mostrar que é dever do Estado manter em seus presídios o padrão mínimo de humanidade imposto pelo nosso ordenamento jurídico;
13º) Investir em julgamentos mais rápidos;
14º) Investir na organização dos presídios que já existem, separar os presos provisórios de presos condenados, por exemplo, é o mínimo. Não misturar facções, tanto para não gerar mortos por facções inimigas, como para não acontecer de presos não aliados a nenhuma facção se filiarem e acabar fortalecendo esses laços operacionais dentro dos presídios. Não transferir presos de facções regionais gerando novos pontos de operação espalhados por todo o Brasil;
15º) Construção de novas escolas por todo o Brasil;
16º) Implementação de um censo decente para mapear a população carcerária brasileira com recortes de gênero, raça e população LGBT. Segundo a ONU, relativamente poucos países têm sistemas adequados para monitoramento, registro e notificação de ódio homofóbico e crimes transexuais;
17º) Assim como recomenda a ONU, promulgar leis sobre crimes de ódio que visem a dissuadir a violência com base na orientação sexual e identidade de gênero;
18º) Treinar oficiais de justiça, funcionários de prisões, juízes e outros profissionais do setor de segurança, sobre esta questão;
E o que você, seus amigos e outras pessoas também podem fazer para fazer a diferença?
19º) Se você, seus amigos ou membros de sua família foram vítimas de violência motivada pelo ódio, alerte os procedimentos especiais de direitos humanos da ONU enviando um e-mail para [email protected]
Os Estados são obrigados pelo direito internacional a proteger os diretos das pessoas, LGBT inclusive, à vida, à segurança pessoal e à liberdade contra a tortura e os maus-tratos. É responsabilidade dos governos não apenas enfrentar a discriminação, mas também explicar ao público em geral porque é necessário agir, e ter certeza de que medidas adequadas estejam em vigor para prevenir e responder rápida e efetivamente contra a violência quando ela acontecer. 
O papo está bom mas vou parar por aqui e acredito que fiz meu dever, não apenas em fazer a crítica, mas também em apontar soluções para racionalizar o sistema penitenciário brasileiro que prende muito, mas prende mal. Afinal, críticos vemos aos montes, mas precisamos de mais mentes que abrem caminhos ao invés de apenas fechar. A crítica é como fechar um caminho, apontar a solução é como abrir um.
Discussões são sempre saudáveis e quem quiser deixar sua opinião também, eu adoraria poder interagir a respeito disso com vocês. ;)
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projetosaulo · 6 years
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Um Pouco do Mundo Autista
Muitas pessoas podem pensar que isso é algo simples, que simplesmente aprendemos por volta dos dois ou três anos de idade e desde então não paramos mais, mas falar envolve muito mais coisas do que simplesmente a habilidade aprendida de emitir sons compreensíveis a outros seres humanos. 
Falar bem então e saber como e quando comunicar da melhor maneira suas aspirações, vontades, decisões e opiniões é uma das coisas que eu considero mais difíceis a respeito de ser um garoto com traços de autismo convivendo em meio a pessoas que muitas vezes não entendem os problemas sociais que isso pode nos causar. 
Acredito que não saber conversar, debater e respeitar a diversidade de opiniões e vivências que temos por aí é um dos maiores, senão o maior e talvez até o único problema da atualidade. Tudo remonta ao conversar, e tudo pode ser resolvido a partir daí. É falando que guerras começam e terminam. É falando que namoros começam e acabam. É falando que perdoamos e vingamos. 
Ao longo da minha vida, minha dificuldade em falar dificultou bastante meus relacionamentos interpessoais. Muitas pessoas acham que sou tímido, anti-social, que tenho fobia social, que sou introvertido, etc. Tudo isso é uma grande falácia: Eu apenas tenho traços de autismo. Não sou tímido, não tenho absolutamente nenhum problema em conversar com pessoas desconhecidas ou não e nem de fazer apresentações em público. Não sou anti-social no sentido de que até gosto de socializar, mas na maioria das vezes eu prefiro a minha própria companhia que a companhia de outras pessoas. Não tenho fobia social que é um distúrbio neurológico completamente diferente e também não sou introvertido, aliás, quando bem acompanhado, posso ser até que bastante extrovertido. Mas então qual é o seu problema? Você pode estar se perguntando. 
Bem, o problema em se ter traços de autismo não é que somos tímidos e calados, mas é que quando falamos, por vezes, falamos coisas que são frequentemente mal interpretadas, porque as pessoas esperam de nós a capacidade de identificar quando é a melhor hora de falar e a melhor maneira de fazer isso, e nós simplesmente não possuímos essa intuição neurotípica de interpretação de linguagem não-verbal. Para nós, linguagem não-verbal praticamente não existe. O que não é expressamente dito, consequentemente não é captado e entendido, o que pode ocasionar muitos problemas. 
Além disso tem aquilo que eu chamo de estranhamento social, aquele momento awkward sabe? Que você encontra com uma pessoa, fala com ela dois minutos, sai e pensa: Por que eu falei tal coisa ou agi de determinada maneira?! A mente autista, por incrível que pareça, é bem prática e objetiva, se não estamos sempre buscando regras para organizar nossos pensamentos, eles simplesmente se perdem dentro de nossas cabeças, realizar tarefas é como achar uma agulha em um palheiro sabendo onde a agulha está, mas mesmo assim é preciso um método, se não você vai se perder no meio, é necessário traçar uma linha entre você e a agulha, e essa linha são as regras que nós criamos para realizar determinada tarefa. Frequentemente as tarefas são feitas sempre da mesma maneira, porque já sabemos que daquele jeito vamos nos sentir confortáveis e seguros para fazer aquilo e não perdidos. 
Além disso ainda temos as famosas ecolalias, que são palavras ou frases que repetimos depois delas terem sido ditas para nós. Eu faço isso frequentemente quando acho algo engraçado, sempre repito o que a pessoa disse antes de rir daquilo. É um traço marcante nos autistas que nós repetimos falas de desenhos, jogos de computador, etc. Eu por exemplo tinha decorado todas as falas do filme Harry Potter e a Pedra Filosofal quando era criança e poderia simplesmente passar duas horas falando todas as falas (e efeitos sonoros) do filme. Além disso eu também tinha um livro sobre o fundo do mar que eu sabia decorado. Hoje em dia, sei apenas alguns poemas.
Eu nunca tive sinais de ecolalia muito severas, então meus pais nunca desconfiaram que tinham um filho autista por eu fazer parte do espectro mas não ter o transtorno autístico em sí, então como meus traços são razoavelmente apagados, demoraram muitos anos até que eu conseguisse, e consequentemente eles conseguissem entender alguns comportamentos meus, além é claro da transexualidade. 
Nossa mente tá sempre viajando então frequentemente ocorre de começarmos a rir sem nenhuma razão aparente para as pessoas em nossa volta, mas na nossa mente, estamos rindo de alguma situação engraçada que nós já passamos ou que estamos imaginando nós ou alguém passar naquele exato momento. 
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projetosaulo · 6 years
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Uma História para Contar
Hoje vou contar aqui a história da minha avó. Bom, não é bem a história da minha vó, é na verdade como a minha história se cruzou com a história dela. Na verdade mesmo, também não é isso. Calma. Parece que hoje não estou muito bem com as palavras. Posso começar de novo?
Em 2013 minha avó foi diagnosticada com a doença de Alzheimer, para mim, juntamente com câncer, essa é a pior doença que uma pessoa pode ter. Desde pequeno eu sempre tive muito medo de esquecer, esse medo começou com a minha bisavó.
Minha bisavó por parte de pai, a quem eu carinhosamente chamava de Vovó Romana, faleceu quando eu tinha 8 anos de idade, percebendo que meus pais quando questionados sobre a infância deles lembravam-se de poucas coisas, eu tive medo de que um dia eu fosse esquecer da voz doce, dos gestos firmes e do abraço acolhedor da minha bisavó. Nunca esqueci, mas desde então eu criei o hábito de manter sempre um livro de pensamentos como eu chamo, não é bem um diário porque não escrevo nele todos os dias, nem toda semana, nem todo mês por vezes... Mas nele eu coloco todos aqueles pensamentos que eu não quero esquecer. 
Já tenho mais ou menos uns 8 livros de memórias escritas, eles vão desde pequenos de apenas 50 páginas, até o maior de todos que tem cerca de 400 páginas, não sei ao certo... Mas escrever não me impede de esquecer, pois quando leio algumas passagens antigas, por vezes não me reconheço, mas pelo menos isso me permite revisitar o meu pensamento.
Bem, então quando minha avó recebeu a confirmação de que estava mesmo com Alzheimer eu chorei, chorei por estar curtindo o carnaval com meus amigos e receber essa notícia tão terrível, chorei porque estava longe dela, chorei porque eu tinha medo de esquecer e acabei projetando esse medo nela também, ou talvez fosse porque eu tinha medo que ela me esquecesse. Ela nunca me esqueceu. 
Sabendo que logo logo minha avó perderia a sua memória como eu a conhecia, resolvi, de 6 em 6 meses (o maior intervalo foi de um ano), repetir para ela as mesmas perguntas, eu falava “vovó, posso fazer uma entrevista com a senhora?” e ela dizia que sim e eu perguntava coisas para ela, dalí há algum tempo eu fazia a mesma pergunta, por vezes ela respondia de forma diferente, mas eram perguntas bem abertas, fato é que ela nunca me questionou porque eu fazia tantas entrevistas com ela, talvez ela nunca tenha notado que foram várias. Nunca saberei. 
Pois bem, uma das perguntas era “Como eu posso fazer para mudar o mundo?” e em uma dessas entrevistas minha avó me respondeu “Você não precisa mudar o mundo, você precisa só cuidar da sua vida. Você só pode pensar em mudar o mundo se você for dono de uma fábrica algodão.” Vale ressaltar que na época da juventude da minha vó ela trabalhou em uma fazenda colhendo algodão, e que os donos de fábricas de algodão eram homens muito poderosos e ricos. 
Fato é que essa questão sempre ficou na minha cabeça, como eu posso mudar o mundo? E eu nunca consegui aceitar que eu sozinho não consigo, então estou sempre frustrado tentando fazer a diferença e ao mesmo tempo não ser notado. Não quero mudar o mundo pela fama, eu gostaria de mudar o mundo para a minha satisfação e deleite pessoal. E nisso eu acabo caindo naquela de me cobrar demais, não somos perfeitos e eu não sou de aceitar muito bem as minhas imperfeições. 
Mas refletindo algum tempo atrás eu acabei percebendo a sabedoria nas palavras da minha avó naquela entrevista. Cuidar da sua própria vida é uma das mil e uma maneiras de mudar o mundo! Cuidar de você mesmo é uma forma de cuidar da sociedade inteira, porque se a saúde mental de todos estivesse em dia, não teríamos uma sociedade doente. 
Para concluir, eu não vejo cuidar de si como uma coisa egoísta, eu vejo cuidar de si como uma ferramenta para a construção de uma sociedade curada. 
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projetosaulo · 6 years
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Direitos dos Animais
Poucas pessoas sabem, mas eu não como carne desde os meus 14 anos, ou seja, já são quase 9 anos sem comer nenhum tipo de animal. Quanto aos produtos derivados deles, como queijo, leite e ovos e seus respectivos derivados, já parei de consumi-los também há cerca de 1 ano e meio. Em alguns lugares é mais difícil, em outros mais fácil ser vegano. Aqui onde atualmente moro, em Brasília, é extremamente fácil, porém quando viajo ou tenho que comer fora, dependendo do lugar, acabo sendo vegetariano mas dando sempre privilégio para produtos e comidas veganas sempre que tenho essa oportunidade. 
No meu vestuário também sou cuidadoso, nada de couro animal, apenas sintético. Dou preferência para algodão e raramente compro produtos que tenham lã ou penas para me esquentar, pele então nem pensar, nem sintética eu gosto pela aparência da coisa mesmo, exceto quando se tratam de jaquetas.
Nos produtos de higiene pessoal também sou cuidadoso dando sempre prioridade para produtos não testados em animais. Na farmácia já é mais complicado, quase impossível atualmente eu diria, ainda mais na minha condição pois tomo alguns remédios controlados que eu não posso me dar ao luxo de deixar de tomar por não serem 100% veganos, mas no futuro pretendo ser mais atento a isso também, conforme a ciência a humanidade forem avançando nesses debates éticos. 
Existe um documento internacional chamado Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que foi proposto em 1978, percebam o quão recente é o debate de se definir limites aos seres humanos com relação aos outros animais. 
Existe também uma famosa frase de Leonardo da Vinci que diz “Chegará o tempo em que o homem conhecerá o íntimo de um animal e nesse dia todo crime contra um animal será um crime contra a humanidade”. Acredito que a ciência não avançou até esse ponto ainda, mas um dia chegaremos lá, conheceremos melhor a consciência dos animais e como eles funcionam, o que os agride e de que forma isso afeta-os e também a forma como essas agressões nos afetam e são transmitidas para os alimentos que consumimos. No final, é um ciclo que volta a bater na nossa porta, na nossa própria saúde. 
No momento em que lhes escrevo, minha gatinha Penny, uma siamesa misturada com alguma outra raça desconhecida, está deitadinha aqui do meu lado, olho para ela e penso que esse texto é também para ela e por ela que não pode escrever. 
Eu como ativista trans e autista, muitas vezes me pego defendendo os direitos humanos e me esquecendo completamente dos direitos dos animais, embora na minha vida particular eu pratique a defesa dos direitos dos animais todos os dias, em cada refeição uma escolha. Em cada compra, um compromisso. 
Não escrevi o presente texto com a intenção de converter ao veganismo ou de julgá-lo. Sei que 95% da população mundial come, e provavelmente vai continuar comendo, carne. Dessa forma não estou aqui dizendo que vocês que comem carne são assassinos, ou que estão fazendo coisas incorretas e incoerentes e muito menos para colocar imagens chocantes. Estou aqui apenas para informar de forma tranquila uma realidade e dizer como vocês podem fazer sua parte, na medida em que acharem que não é um grande sacrifício, para melhorar a qualidade de vida desses animais que são tão mal tratados nas indústrias alimentícias e farmacêutica. 
A maioria dos meus amigos não são veganos e nem vegetarianos e meus pais, com quem moro, são carnívoros, e apenas combinamos de participar do movimento Segunda Sem Carne aqui em casa, o que tem sido um total fracasso porque meus pais não tem a menor consciência dessa causa, apesar de já fazerem algumas coisas corretas como por exemplo consumir apenas ovo caipira, que vem da nossa chácara. Vocês que não tem chácara também podem impedir que galinhas fiquem em gaiolas, basta comprar o ovo certo no mercado ou fazer acordos com amigos que criam galinhas, para dar contribuições mensais de valor honesto em troca de ovos caipiras. 
Na Inglaterra, 48% de toda produção de ovos já é gerada no sistema de ciscagem livre. No Brasil a JBS e a BRF, as duas maiores empresas de alimentos do país, se comprometeram a não comprar mais ovos de granjas que deixam as galinhas presas - a partir, respectivamente, de 2020 e 2025. O McDonald’s prometeu fazer o mesmo, nos EUA, no Canadá e em mais 20 países, incluindo o Brasil, até 2025. Até lá, eu recomendaria não comprar fora de casa sanduíches que tenham ovos dentro e fazer o que eu disse no parágrafo anterior: focar nos ovos caipiras, assim você pode inclusive preparar sanduíches com ovos caipiras em casa. 
Isso é muito importante de ser feito e uma mudança simples e muito tranquila que vai melhorar não só a sua saúde como a condição de vida das galinhas nas granjas porque a pior situação, de longe, é a das aves: a cada ano, o homem cria nada menos do que 19 bilhões de galinhas, segundo dados da FAO (divisão alimentar da ONU). A imensa maioria vive confinada, ocupando espaço menor que o de um caderno. Muitas nunca veem a luz do dia. Estressadas, elas atacam e ferem umas às outras, o que os criadores tentam evitar recorrendo a uma prática medieval: fazem a chamada debicagem, ou seja, cortam a ponta do bico dos animais. 
Respeito e convivo com as diferenças de pensamentos todos os dias, quando convido um amigo não vegano para comer em minha casa, quando saio para comer na casa de amigos não veganos, quando saímos para jantar em restaurantes que nem sequer sabem o que significa veganismo.
Simplesmente sinto que já falei muito aqui sobre transexualidade e mais recentemente comecei a abordar um pouco a questão do autismo, mas ainda não havia falado nada sobre veganismo e sinto falta de ter ao menos um texto aqui sobre isso, porque é algo que faz parte da minha vida diariamente e incessantemente.
Muitas vezes nos esquecemos de que também somos animais, e por sermos racionais, acredito que tenhamos um compromisso ainda maior para com os animais não-humanos, porque o conhecimento nos trás responsabilidades.
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projetosaulo · 6 years
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Crítica à vinda de Judith Butler ao Brasil
Olá pessoal,
Gostaria de expressar aqui a minha perplexidade com os ataques sofridos pela filósofa americana Judith Butler - responsável pelos estudos em teoria de gênero, - em sua segunda vinda ao Brasil. Foram filmadas ações de manifestantes que inclusive a empurraram no aeroporto. Uma pessoa idosa e do bem ser violentada dessa forma é repugnante.
A verdade é que muitas pessoas, inclusive essas que protestaram contra Judith não sabem a verdade a respeito de suas teorias e o que ela pensa, tudo o que sabem é que falar de gênero provoca muito medo nessas pessoas. Butler é considerada a mãe da Ideologia de Gênero pelos Evangélicos, porém, eles mal sabem o que é e para o que serve o que eles mesmos chamam de “Ideologia de Gênero” um termo que foi construído e usado de forma deturpada por essas pessoas. 
A Teoria Queer de Judith Butler só se torna mais poderosa a cada ataque, pois ataques também promovem. Falem bem, falem mal, mas falem dela. E é exatamente isso que as pessoas que são contra ela estão fazendo: Promovendo-a cada vez mais. E fato é que apesar das críticas à sua vinda, ela contou com o apoio de vários cientistas sociais e conseguiu estar aqui passando sua mensagem para a construção de uma nova sociedade com mais amor e respeito.
Fato é que as pessoas tem medo da igualdade, que é o que promove Judith Butler, as pessoas que estão no poder querem que os outros continuem sendo seus vassalos, não querem que as pessoas fiquem em um patamar de igualdade porque para os poderosos isso significaria perda de status social.
Para que a sociedade entenda gênero como uma construção social é apenas uma questão de tempo e o progresso é inevitável. De nada adiantará tapar o sol com a peneira.
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projetosaulo · 6 years
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Conversa com a mãe de uma menina trans de 9 anos
Então gente, mês passado conheci uma mãe de uma menina trans de 9 anos de idade através da minha psicóloga que propôs para pela uma reunião comigo e outros homens trans para que ela pudesse conhecer pessoas trans, conversar conosco e ter uma melhor ideia de como apoiar a filha dela nesse processo. 
Bom, primeiro de tudo acho importante dizer que eu achei incrível a atitude dela de estar procurando respostas para os dilemas da filha, pois não é uma situação fácil na nossa sociedade e só dela estar bem intencionada e procurando dar o apoio necessário pra a filha, já é ponto positivo para ela, acredito que a visibilidade que estamos recentemente ganhando na mídia também tem feito o seu papel. 
No caso dela, a filha tem muita dificuldade de dizer como se sente e ela fica apavorada sem saber o que está se passando na cabeça da filha, eu me identifiquei com essa mãe porque eu também tenho uma namorada que tem dificuldade em dizer como se sente e que também me deixa doidinho por causa disso. 
Então, uma dica que eu dei para ela foi sempre conversar normalmente sobre o tema, nunca fazer caras de espanto ou brigar quando o assunto surgir, porque isso só faria com que a filha dela se fechasse ainda mais dificultando mais ainda a intervenção dela como mãe. 
Mas nem tudo são flores, essa mãe em questão ainda estava em processo de aceitação da situação da filha e durante toda a conversa permaneceu chamando-a de filho e em negação a respeito do real problema. Ela tem procurado se informar e pesquisar mais sobre o assunto e acredito que ela tenha potencial para ser uma mãe incrível para essa menina em um futuro próximo. 
No dia-a-dia da casa dela, ela me contou que é mãe solteira, mora com os pais, que dão pitaco na educação da filha dela, o que acaba dificultando a situação das duas pois a família da mãe é bastante religiosa e a mãe em sí é espírita. Minha mãe também é espírita e inclusive deu de presente um livro espírita para essa mãe que fala sobre a transexualidade para auxiliá-la nesse processo de aceitação e saída do armário como mãe de uma menina trans. 
A menina de 9 anos eu não cheguei a conhecer, mas pelo que eu entendi do que conversei com essa mãe e com a minha psicóloga ela deve estar morrendo de medo de assumir essa identidade feminina, hora falando que é de fato uma menina e em outros momentos voltando atrás, o que deixa a mãe dela muito confusa, mas é normal ter dúvidas, quando eu estava me descobrindo trans eu também tive, o que é algo que poucas pessoas trans falam pois existe muito o discurso de que quem é trans “sabe e pronto”.
A mãe da menina durante a conversa também pareceu um pouco preocupada com a questão hormonal e com as cirurgias, explicamos para ela como funcionava e o conhecimento a libertou, tenho certeza que depois desse bate-papo ela saiu de lá bem mais tranquila, sabendo que o tratamento hormonal é algo que leva tempo, que é possivelmente para o resto da vida e que as mudanças não acontecem da noite para o dia, e que, se bem acompanhada, não causará problemas de saúde. 
Eu acho que a melhor coisa que pais de uma criança trans ou pessoa trans podem fazer por nós é nos proteger, que é a real tarefa dos pais, ser o nosso escudo protetor. Bater no peito e dizer ess@ é meu filh@ e pronto. Ninguém vai discutir com um pai ou com uma mãe quando você estiver usando o nome social da sua criança, já para a criança é sempre alvo de contestação. E é muito importante ter esse apoio dos pais. 
Precisamos ser felizes! E tenho certeza que é isso que a grande maioria das mães e pais desejam para seus filhos: A felicidade. Então gostaria de deixar claro aqui nesse texto para possíveis outros pais e mães de pessoas trans lendo, a importância que vocês tem na nossa vida e o quão a transexualidade é parte intrínseca de nós, o quanto a transição é necessária e muitas vezes um caso de vida ou morte. 
Cada família funciona de uma forma então não posso me responsabilizar e dizer que como funcionou para mim vai funcionar para a criança de vocês, a única coisa que eu posso dizer é: Tentem não chocar seus filhos com péssimas primeiras reações, porque é isso que os faz fechar-se e é isso que os traumatiza para sempre. 
Abraços fraternos,
Saulo Oliveira
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projetosaulo · 6 years
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Desabafo Sobre o ENEM
Olá pessoal, resolvi fazer esse post para relatar uma situação muito chata que aconteceu comigo no ENEM e que eu gostaria que não se repetisse com mais ninguém, mas infelizmente fiquei de mãos atadas. Servirá para alertá-los para que quando forem solicitar alteração de nome para o INEP, certifiquem-se de que o cartão de confirmação de inscrição e a prova de vocês seja impressa com o nome correto.  
Fazendo a história ficar mais curta, mesmo com todos os procedimentos administrativos necessários feitos através de comunicação direta com o INEP ainda sim eles conseguiram emitir o meu cartão de confirmação de inscrição e, consequentemente, a minha prova, no meu nome antigo, mesmo eu já tendo tudo retificado judicialmente. Puxaram os dados do primeiro ENEM que eu fiz, ou seja, puxaram o nome incorreto mesmo eu tendo feito uma solicitação de correção do meu nome para o INEP com bastante antecedência. Simplesmente depois que o cartão de confirmação é emitido, não é possível mais a alteração do mesmo, o que é um absurdo, deveria haver uma confirmação antes da impressão. 
Fiquei completamente abalado com isso. Muito estresse. Tentei resolver de todas as formas e não consegui, simplesmente por uma falha do sistema do INEP, transfobia institucional e dos funcionários.
Pensei em entrar na justiça através do Ministério Público da União contra o INEP, mas me foi dito que eu não poderia ser representado pelo MPU porque meus pais ganham mais do que a cota que eles atendem e, se eu fosse fazer no privado, com certeza a indenização seria insuficiente para pagar as custas do processo em si... E além do mas, eu não estava e não estou atrás de dinheiro, eu estou atrás de querer mudar essa situação para que outras pessoas trans não passem pela mesma coisa que eu passei futuramente. Inclusive, tenho um amigo que teve o mesmo problema, a sorte dele foi ter solicitado o nome social também como uma medida de precaução, acabou tendo que fazer a prova com o nome social mesmo já tendo feito a alteração de seu nome judicialmente, como era feito na época. Tenho outro amigo que disse que NUNCA conseguiu alterar o nome dele no ENEM.
Quando liguei para o INEP para resolver a situação por telefone, fui atendido por uma funcionária despreparada que me perguntou qual era o nome antigo, eu respondi a ela que estava constando um nome que eu não gostaria de repetir em voz alta, aí ela se tocou de que essa era uma informação totalmente desnecessária para a minha solicitação e a conclusão do trabalho dela e não perguntou novamente, o mesmo não aconteceu com outro amigo meu, que falou da mesma forma mas não adiantou, a funcionária insistiu que ele dissesse o nome incorreto em voz alta, mais de uma vez, de forma totalmente desnecessária porque é uma informação que eles não precisam para procurar no sistema qualquer coisa que seja.
Para comprovar que eu era eu mesmo na hora da prova, foi solicitado que eu levasse comigo, além dos meus documentos de identificação pessoais, a minha sentença, pois a minha sentença é o único documento que possuo hoje que consta o nome antigo. Achei absurdo sequer cogitarem a hipótese deu ficar na mesma sala de prova com inúmeras meninas, sendo provavelmente o único homem da sala já que existem muitas mulheres com o mesmo nome que o meu antigo - e as salas são divididas dessa forma, - e ainda ter que passar pelo constrangimento de apresentar minha sentença judicial para fiscais de sala totalmente despreparados. 
As salas de prova são distribuídas de acordo com o nome que consta no cartão. Então, entrei com um pedido de re-alocação, para que eu pudesse ao menos fazer a prova em uma sala separada dos demais, me foi dito que eu teria que chegar mais cedo no local de prova, assim que abrissem os portões no próprio dia do exame e conversar com o Coordenador de Local e solicitar a re-alocação para ele. Outro absurdo pois estavam me deixando na mão de uma pessoa provavelmente também despreparada e que se não desse certo eles não poderiam fazer nada por mim. 
Resumindo: Iria eu enfrentar toda essa situação só para terminar de ficar estressado e acabar com a minha saúde mental? Resolvi então, por esse motivo, não fazer o ENEM e nem prosseguir com uma ação contra o INEP por não ter dinheiro e nem tempo para me desgastar emocionalmente com mais um processo depois de já ter passado por dois processos, um para alteração do meu nome e outro para alteração do meu gênero. Estou simplesmente cansado. Já ouvi péssimos relatos de pessoas trans sendo maltratas por fiscais no local de prova, não estava com a cabeça no lugar o suficiente para enfrentar isso e todos os possíveis constrangimentos.
Enfim, muita coisa precisa ser mudada... Fico pensando o tanto que pessoas cis só precisam se preocupar com fazer a prova em si, e não com toda essa questão desgastante que certamente prejudicaria meu desempenho na prova... Talvez seja esse um dos motivos de não existirem muitas pessoas trans com ensino superior, e aí a sociedade usa essa mesma desculpa para nos apagar e dizer que "não existem pessoas trans qualificadas"... De forma que o abuso social entra num ciclo infinito.
Sigamos, avante... Rumo a uma sociedade mais justa.
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projetosaulo · 6 years
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9 Coisas que (quase) todo garoto Trans já passou (ou vai passar)
1º Ficar com receio de entrar no banheiro masculino: Seja porque você nunca fez isso antes, seja porque você não sabe como se portar lá dentro, seja pelo medo de terem apenas mictórios e portas que não fecham direito, ou por você ficar com medo de encontrar algum colega/amigo que não está acostumado a lhe ver ocupando esse espaço ou simplesmente por você não se achar cis-passável o suficiente. Esse é um medo muito comum na vida de um homem trans. 
2º Atender telefonemas que perguntam se aquele é o número da fulana: Quando você vê aquele número desconhecido te ligando você já se prepara para fazer a voz mais grossa que você consegue para ver se a pessoa se toca de te tratar no masculino, mas aí é pior do que o que você previa: Eles querem falar com a fulana e você já está cansado de fingir que você tem um irmã gêmea travessa que vive utilizando seu CPF e número do celular. 
3º Responder uma pergunta polêmica: Bem, geralmente a questão não é simplesmente a pergunta em si, mas quem está perguntando. Pessoas desconhecidas ou pouco íntimas frequentemente se sentem no direito de perguntar a você como você transa ou o que, com riqueza de detalhes, você tem entre as pernas. E sim, já sabemos que nós trans estamos todos exaustos de pessoas cisgênero achando que somos o Google e exigindo que tiremos todas as dúvidas delas. 
4º Mas agora você é homem!: Já não bastasse essa frase simplesmente negar o fato de você ter nascido do gênero masculino, ela também vem carregada de discursos masculinizantes. Ah! Agora você é homem e tratado como um, aliás, como dois. Homens trans frequentemente tem que performar sua masculinidade para serem aceitos na sociedade, afinal, um homem trans feminino?! Por que não continuou mulher?! Contém ironia. 
5º Quando pessoas LGB desconsideram o seu gênero: Todo mundo sabe que flertar já não é facil para pessoas cisgênero, imagine para pessoas trans. Uma recente pesquisa nos EUA revelou que cerca de 27% das pessoas teria um amigo trans, e menos ainda, 17%, estaria aberto o suficiente para namorar uma pessoa trans. Ok, agora você é trans e 80% das suas chances de conhecer alguém legal já estão minadas, aí você resolve se envolver com uma pessoa LGB achando que por ser LGB ela vai te tratar melhor: Infelizmente não é isso que acontece. Homens cisgênero gays afirmando para homens transgênero que não sabiam que mulher era tão bom assim. Pessoas se dizendo bissexuais única e exclusivamente porque namoraram uma pessoa trans antes e depois da sua transição. E mulheres cisgênero lésbicas dizendo que mulheres trans não tem o que elas gostam. 
6º Todas as pessoas trans pensam da mesma forma: Se um ativista trans falou alguma baboseira, pronto, você será automaticamente presumido de ter a mesma opinião a respeito do assunto que aquela pessoa, afinal, todas as pessoas trans pensam da mesma forma. Contém ironia parte dois. 
7º Dificuldade no mercado de trabalho: Simplesmente o problema começa antes mesmo de fazer sua primeira entrevista, quando você fica em dúvida se colocará seu nome social, nome de registro ou ambos no seu CV. Além disso, qual seria o momento ideal para revelar que você é trans? Quantas oportunidades de emprego você perderá por não ser cis-passável ou por não ter o nome de registro retificado?
8º Gritaram seu nome, pera, esse nome está errado: Você está lá numa boa aguardando sua consulta no hospital quando chega a médica na porta do consultório com o seu prontuário na mão e eis que ela chama SEU NOME DE REGISTRO não retificado, mesmo você já tendo conversado na recepção e pedido para ser chamado pelo nome social, tudo deu errado. O que fazer agora? O mesmo que faria se tivesse peidado, finja que não foi com você. Depois de ouvir umas três vezes chamarem seu nome errado você se levanta e volta pra recepção para resolver o problema, afinal, você não quer apanhar na saída de um heteronormativo brutus que também está na sala de espera. 
9º Fulan@... Err.. Quer dizer... Fulan@!: Quem nunca passou por isso que não atire a primeira pedra. Não tem situação mais chata que essa, a não ser quando a pessoa nem tentar acertar tenta, ou pior, quando erra todo o tempo e não se dá nem conta. Se você é uma pessoa trans, esse é aquele item da listinha que você com toda a certeza do mundo terá problemas. Você fez amizade com alguém, ainda não houve a oportunidade de falar a respeito da sua transexualidade de modo que, a pessoa pode pensar que você é cisgênero. Ok. Você e seu(sua) amig@ estão em casa batendo aquele papo eis que chega sua mãe e te chama pelo seu nome de registro. 
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projetosaulo · 6 years
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Hormônios: Tabelinha e Testosterona
Olá pessoal, 
Sempre que vou ver artigos a respeito de útero, ovários, trompas e etc., vejo que o comum é utilizar uma linguagem feminina e não neutra, então, resolvi escrever esse texto para que homens trans se sentissem confortáveis em aprender mais sobre o assunto. 
Se você é um homem trans pré-t e gostaria de saber quando estará MENstruado ou deseja engravidar (ou não engravidar, embora seja menos útil nesse caso), isso pode ser-lhe particularmente útil. Caso você seja um homem trans em tratamento hormonal e deseje saber um pouco mais a respeito dos ciclos hormonais, também pode continuar lendo esse texto.
Atualmente são inúmeras as opções de métodos contraceptivos para homens transgênero, cada um com sua particularidade, características, benefícios e impacto na saúde do homem trans e das mulheres. Um médico ginecologista poderá lhe explicar direitinho e retirar suas dúvidas. 
A tabelinha é um método antigo de contracepção com base na contagem dos dias férteis e vem ajudando muitas pessoas com útero e ovários a aprender um pouco mais sobre o seu próprio corpo e como ele funciona. Pode ser também chamada de método de Ogino-Klaus, Calendário ou método rítmico. Entretanto, é pouco utilizado para esse fim, pois não é um método confiável. Foi um método muito utilizado antigamente pelas mulheres, numa época em que nem se falava na existência de homens transgênero e as mulheres não tinham nenhuma liberdade.
Durante o ciclo menstrual, que dura em torno de 28 dias, existem duas partes: Antes e depois da ovulação. A primeira parte do ciclo menstrual pode variar de homem para homem, indo de 13 a 20 dias. O primeiro dia do Ciclo Menstrual é o primeiro dia da menstruação. Por volta do sétimo dia, o óvulo começa a ser preparado pelo corpo do homem trans para a fecundação pelo esperma. Até o décimo primeiro dia, o útero é preparado para receber uma possível gestação, ficando mais espesso para acomodar o bebê. A partir do vigésimo quinto dia, a menstruação tende a ocorrer para eliminar os vestígios do preparo para a gestação e iniciar um novo ciclo. 
Teoricamente, as pessoas com aparelho reprodutor dito feminino estão mais férteis na metade de seu ciclo menstrual, correspondendo a um intervalo de pelo menos cinco dias.
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Caso o ciclo menstrual seja de 28 a 30 dias, os dias férteis, ou seja, a ovulação, período em que a gravidez pode ocorrer, ocorre entre o décimo segundo e o décimo sexto dia do ciclo, mas para determinar realmente qual é o intervalo médio de um ciclo menstrual, considerando que nem todo homem transgênero possui um ciclo menstrual regular, é preciso acompanhá-lo entre seis meses e um ano, não sendo algo assim tão simples, exigindo disciplina para que funcione corretamente.
Para quem já está em testosterona não terá mais que se preocupar com nada disso, pois sob os efeitos da testosterona não é possível seguir esse mesmo método. A dosagem de testosterona raramente varia, sendo passado geralmente 1ml (Durateston) ou 2ml (Deposteron), a variação fica destinada aos ciclos, ou seja, o intervalo de tempo entre uma dose e outra. O ciclo pode variar de 7/7 dias, 15/15 dias ou de 21/21 dias, como é mais recomendado para até o terceiro mês de aplicação. Para saber quando tomar a próxima dose, é fácil, basta contar no calendário a quantidade de dias do seu ciclo após o primeiro dia de aplicação, ou seja, o primeiro dia será o dia seguinte a aplicação. 
Por exemplo: Um homem trans que tenha tomado sua dose dia 02/12, e tenha um ciclo de 15 em 15 dias, deverá tomar sua próxima dose dia 17/12, e assim por diante. Caso haja atraso da dose por algum motivo, conte o próximo ciclo normalmente, não tente compensar aplicando antes ou depois, procure sempre fazer as aplicações o mais próximo possível do dia correto. 
Caso tenham alguma dúvida, fiquem livres para me enviar.
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projetosaulo · 7 years
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Mensagem para Jornalistas: Como tratar pessoas transgênero?
Aqui falo dos cinco erros mais comuns em reportagens escritas por jornalistas cisgênero a respeito de pessoas transgênero. Não saia por aí falando besteiras, dê uma boa olhada nessas dicas:
Erro número 1: Citar o antigo nome da pessoa trans
Esse erro é muito comum e geralmente é o primeiro encontrado em muitas reportagens, “fulana, que se chamava fulano” ou “fulano, que se chamava fulana”. É como se houvesse um roteiro de como escrever uma reportagem sobre uma pessoa transgênero e essa fosse a regra número um. Bem, esqueçam isso! Existe um motivo pelo qual a pessoa trans fez a retificação de seu nome: É um nome com o qual ela não se identifica, que não a representa, e que muitas vezes jamais a representou e só lhes trouxe problemas. É horrível perguntar qual o “nome antigo”, ou pior: Qual o “nome verdadeiro” das pessoas trans, porque muitas vezes o “nome verdadeiro” dela é o próprio nome social para aquelas que ainda não fizeram a retificação de seus nomes (seja judicialmente, ou agora, extrajudicialmente).
Erro número 2: Errar os pronomes
Esse erro é bem clássico também de acontecer, mas se tratando de uma reportagem escrita é preciso ser extra cuidadoso. De preferência, se você é uma pessoa cisgênero escrevendo uma reportagem sobre uma pessoa transgênero, seria legal se você pudesse perguntar a ela quais seus pronomes prediletos e termos polêmicos, e ao final do texto pronto, antes de publicá-lo, mostrar o texto para que a pessoa transgênero revise e veja se sentiu confortável com a forma com que você abordou a questão. É muito comum chamar meninas trans de “filho” e homens transgênero de “filha” e isso está errado. Devemos chamar as meninas trans de filhas e os meninos trans de filhos.
Erro número 3: Pessoas Transgênero não se identificam com seu sexo biológico
Bem, por incrível que pareça, muitas pessoas transgênero não possuem disforia genital alguma e se identificam sim com seu sexo biológico. Eu por exemplo sou um homem trans e me identifico com meu sexo biológico: Sou do sexo masculino. Pode parecer confuso a primeira vista, mas entenda que não se identificar com o sexo imposto no nascimento é diferente de não se identificar com o seu sexo biológico. Já falei sobre isso antes aqui. 
Erro número 4: Patologizar as Identidades Transgênero
Chamar a transgeneridade de “condição” é um problema, pois utilizando esse termo você está automaticamente concordando que pessoas trans são doentes, essa classificação está atualmente sendo revista e eu recomendo para mais informações você visitar esse link aqui de uma campanha muito bacana da ULTRA - União Libertária de Travestis e Mulheres Trans e do IBRAT - Instituto Brasileiro de Transmasculinidades, além de outras entidades.
Erro número 5: Tratar a transexualidade como se fosse algo ruim
Muitas reportagens utilizam-se de termos pejorativos e que tratam a transexualidade como se fosse um grande e irreparável drama na vida de pessoa trans e das que a cercam, como se pessoas trans tivessem vidas totalmente fora do comum e fora da realidade. “A saga de ser uma pessoa trans” ou “A saga de ter um filho trans” ou “A saga de se namorar uma pessoa trans” como se fosse um peso para as pessoas cisgênero se relacionar com uma pessoa trans. As barreiras estão na sociedade, isso não temos como negar, mas incluir essas barreiras nas nossas falas e reportagens também não ajuda. Uma pessoa trans tem uma vida normal como qualquer outra pessoa, pessoas trans podem ser artistas, podem ser militantes, podem ser políticos, podem ser diplomatas, historiadores, concurseiros, médicos, advogados, empregadxs domésticxs, etc. Uma pessoa trans pode ter uma vida normal, ter amigues, namorades, ficantxs, etc. Pessoas trans algumas vezes tem famílias que os aceitam e que os tratam de forma correta também, então não trate pessoas cisgênero que se relacionam com pessoas transgênero como se elas estivessem fazendo um favor, como se estar com uma pessoa trans fosse algo horrível. Não há nada de horrível nisso, a maioria de nós somos pessoas honestas assim como pessoas cisgênero. 
As vezes focamos demais nas diferenças e esquecemos das semelhanças. Somos todos humanos e merecemos respeito.  Genocídio se faz também aos poucos, cometido também por quem se omite e por quem não se educa. 
P.s.: Todos esses erros (e muitos outros, infelizmente) foram encontrados na reportagem de capa da Revista Veja nº 52 de 18 de Outubro de 2017 pela reporter Giulia Vidale. Foi o que inspirou esse texto. 
P.s.2: Isso também vale pro dia-a-dia.
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projetosaulo · 7 years
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Olá pessoal!
Tem tempo que não falamos sobre a mastectomia por aqui, então, além de linkar abaixo desse post TUDO que temos aqui no Projeto Saulo sobre a mastectomia, vim também deixar para vocês uma imagem do orçamento que eu fiz com o Dr. Erick Carpaneda. Algumas pessoas me questionaram dizendo que o preço que paguei foi acima da média para esse mesmo médico, queriam saber se tinha sido isso mesmo que eu havia explicado aqui pelo tumblr, e sim! Foi isso mesmo! A foto está aí para comprovar.
Quaisquer dúvidas podem continuar me enviando que eu respondo com muito prazer. Estou preparando algumas postagens bem bacanas pra cá então continuem de olho <3 
Grande abraço a todos!
CHEQUEM TAMBÉM TUDO RELACIONADO A MASTECTOMIA:
1) Quanto eu irei precisar ao total (exames pré-operatório, cirurgia e pós-operatório)?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/162124256913/custos-mastectomia-pr%C3%A9-e-p%C3%B3s
2) Como é a primeira consulta com o Dr. Erick Carpaneda?
 https://projetosaulo.tumblr.com/post/153449652078/primeira-consulta 
3) Como foi sua consulta com o cardiologista?
 https://projetosaulo.tumblr.com/post/153599451628/consulta-com-o-cardiologista 
4) Como estava o resultado com 8 dias de pós cirúrgico (foto)?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/160599708513/left-pre-testosterone-pre-surgery-esquerda
5) Tem algo que eu possa fazer para tentar não ficar com a cicatriz muito larga?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/163886772768/fita-micropore
6) Como foram os primeiros 14 dias de pós cirúrgico?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/156924067318/fiz-a-mastectomia
7) Como você estava depois de 21 dias?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/157234872788/3%C2%AA-consulta-com-endocrinologista-e-p%C3%B3s-operat%C3%B3rio
8) Como você estava depois de 39 dias?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/157981874593/39-dias-p%C3%B3s-mastectomia
10) Como você estava com 41 dias de pós-cirúrgico?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/158130955663/%C3%BAltima-consulta-p%C3%B3s-mastectomia
11) Como estava o resultado com 98 dias de pós-cirúrgico (foto)?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/161019625938/left-pre-testosterone-and-pre-surgery-esquerda
E a pergunta não relacionada a cirurgia, mas que todo mundo sempre quer saber: 12) Quais documentos eu preciso para retificar o meu nome/gênero judicialmente?
https://projetosaulo.tumblr.com/post/160708571738/lista-de-documentos-para-retifica%C3%A7%C3%A3o-de-prenome
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projetosaulo · 7 years
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Decreto nº 37.982 de 30 de Janeiro de 2017
Olá pessoal, 
Muitas pessoas tem dúvidas a respeito da existência de alguma norma que verse a respeito da utilização do nome social, precisamos ficar por dentro dessas normas para que possamos reivindicar nossos direitos sempre que necessário. Então, é sempre bom baixarem esses decretos no celular de vocês e ter sempre em mãos para apresentar.
Existe ainda o decreto da ex-presidenta Dilma Rousseff, que já chegou a ser alvo de revoga, mas a bancada conservadora dessa vez não conseguiu seus objetivos e o decreto 8.727 (LINK:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/D8727.htm) CONTINUA EM VOGA, e é válido para todo o território nacional, a partir de 28/04/2017.  
O novo decreto que apresento aqui versa apenas sobre o âmbito do Distrito Federal e Territórios.
Então, deixo aqui um link para a publicação da norma no Diário Oficial da União para que vocês possam ler, na íntegra:
http://www.buriti.df.gov.br/ftp/diariooficial/2017/01_Janeiro/DODF%20022%2031-01-2017/DODF%20022%2031-01-2017%20INTEGRA.pdf 
O Diário Oficial da União (DOU) é um dos veículos de comunicação pelo qual a Imprensa Nacional tem de tornar público todo e qualquer assunto acerca do que se tem ocorrido no Poder Executivo sobre o âmbito Nacional, Distrital e Estadual. É a forma que os governantes chefes do poder executivo tem de se comunicar com a imprensa, e, consequentemente, com a população. Basicamente, é um Jornal, extremamente confiável, onde se publica, em tese, tudo que é feito no governo. 
O decreto nº 37.982 é a primeira publicação presente no DOU desse dia, então está bem fácil de encontrar no link acima, mas como as vezes o formato do DOU não agrada muito para se ler facilmente, deixo também um outro link aqui abaixo, onde poderão encontrar apenas o decreto em um formato de texto que eu acho mais bacana:
http://www.tc.df.gov.br/SINJ/Norma/5346cac4208b48159dbea271a652326d/Decreto_37982_30_01_2017.html
Um decreto é uma ordem administrativa emitida pelo poder executivo para o cumprimento de uma norma, nesse caso, o chefe do poder executivo que emitiu o decreto foi o Governador do DF Rodrigo Rollemberg. 
Outra dúvida que se tem é, onde podemos exigir que esse decreto seja cumprido, já que ele diz que é válido apenas para o “âmbito da administração pública direta e indireta do Distrito Federal”. Bom, administração pública se define como o poder de gestão do Distrito (Estado, Federação, etc), no qual inclui o poder de legislar e tributar, fiscalizar e regulamentar, através de seus órgãos e outras instituições, visando sempre o serviço público efetivo. 
A administração pública direta é exercida pelo conjunto de poderes, nesse caso do DF, onde os órgãos do governo, que procuram (ou deveriam) satisfazer as necessidades e anseios da população, - como educação, cultura, segurança, saúde, etc., por meio da prestação de serviços - não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio, nem autonomia administrativa, exercendo suas funções diretamente. 
Na administração indireta, o Distrito nesse caso, transfere a execução das funções para que outras pessoas jurídicas, ligadas a ele, possam realizar. É a famosa e famigerada terceirização. É composta pelas autarquias, fundações, sociedades de economia mista, empresas públicas e outras entidades de direito privado. 
A palavra autarquia deriva do grego que tem como significado “si mesmo” e “comandar”. Portanto tem-se uma autarquia quando é possível “comandar a si mesmo”, sem que seja preciso ajuda ou autorização para algo. A autarquia é uma unidade autônoma e faz parte da administração indireta. É diferente da terceirização, é como se fosse uma extensão de um setor da administração distrital (no nosso caso aqui).
Uma fundação é considerada um fundo autônomo, que tem, por finalidade, uma ação definida em seus estatutos por seu instituidor ou instituidores. Uma fundação é diferente do chamado cooperativismo pois é impessoal, no sentido de sua operacionalização, podendo inclusive mudar a operacionalização e/ou ampliá-la, de conformidade, sempre com a lei. 
Espero que este post tenha sido útil para facilitar o entendimento de alguns termos presentes no decreto e que nem sempre estamos acostumados a ver. Qualquer dúvida vocês podem sempre entrar em contato comigo através das perguntas aqui do próprio tumblr ou pelas minhas redes sociais @ssauliv.
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projetosaulo · 7 years
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Transexualidade e Autismo na Infância
Olá pessoal, 
Nesse post queria falar um pouco mais sobre mim e sobre como foi a minha infância. Poucas pessoas sabem, mas aos 18 anos eu fui diagnosticado com TEA - Transtorno do Espectro Autista - e gostaria de falar sobre minhas experiências navegando o mundo na infância sendo um garoto transgênero e com TEA e porque eu demorei tanto tempo para descobrir que sou ambas essas coisas. 
Tanto o TEA quanto a transexualidade são coisas que eu sempre lidei em mim desde que nasci, mesmo até então sem saber que essas coisas tinham um nome e que existiam outras pessoas que se sentiam como eu, mas antes de prosseguir quero ressaltar aqui que luto pela despatologização das identidades trans, porque justamente por possuir um transtorno que eu sei muito bem que a minha transexualidade não é um deles. 
Como portador de TEA sempre foi muito difícil pra mim aprender normas sociais, como eu deveria agir em determinadas situações, o que eu deveria falar... Sempre fui uma pessoa socialmente estranha, e hoje em dia aceito isso numa boa, mas já foi uma grande questão para mim. Na época da minha infância eu costumava imitar as outras pessoas bastante, porque eu ficava sempre muito perdido em situações sociais, não sabia como agir/me portar. Eis que um belo dia foi-me dito que eu deveria imitar as meninas e não os meninos como eu gostava, desde então, eu absorvi isso para mim de uma forma que foi muito difícil me desvincular na vida adulta. Muitas crianças se recusaram já em fase infantil a aceitar viver como pregam as regras  do gênero que lhes foi atribuído ao nascer, eu não, eu aceitei que aquilo era algo que eu não poderia mudar. Achei que tinha que conviver comigo mesmo daquela forma para sempre. 
Por muito tempo eu achei que as pessoas cisgênero e neurotípicas se sentiam tão incomodadas quanto eu me sentia com minhas questões, pois todas as vezes que eu tentava verbalizá-las, as pessoas me diziam todas “ah, mas eu também me sinto assim, blá blá blá” e aí davam exemplos que faziam sentido para elas, e eu saía com a impressão de que eu era igualzinho a todo mundo. Foi assim que eu demorei até os meus 18 anos para ser diagnosticado com TEA e até os 21 anos para me entender transgênero. 
Sempre me considerei um menino muito educado, e não conseguia entender (em alguns pontos não consigo entender até hoje) porque algumas pessoas me consideravam mal educado. Eu não via problema, e não vejo até hoje, em arrotar em público por exemplo, e fui incapaz de absorver que isso era algo a ser evitado. Assim como outras normas sociais que eu nunca pude cumprir muito bem, por simplesmente não entendê-las ou não concordar com elas, não consigo fazer algo com o qual eu não concorde ou que não faça sentido para mim, e isso torna algumas interações sociais totalmente frustrantes, especialmente quando eu era mais novo. 
Por eu ser uma pessoa bastante literal, eu tenho dificuldades de entender qualquer coisa que não fosse explicitamente dita, de captar coisas que ficam nas entrelinhas. Sabe quando você me diz, “ah, mas você sabe muito bem o que eu quis dizer!”... Pois é, eu não sei. Na verdade, sempre me frustrei com essa frase porque eu nunca faço a menor ideia do que as pessoas querem me falar e não consigo entender o porque de você querer dizer uma coisa, mas na verdade dizer outra. Não faz o menor sentido para mim. 
Sempre que alguém me ensinava alguma regra, aquilo era imediatamente absorvido por mim, a não ser, é claro, que eu não visse nenhum sentido naquilo. Então regras que faziam sentido viravam para mim caminhos seguros enquanto que regras que não faziam sentido entravam por um ouvido e saíam pelo outro. 
Hoje, depois de muitos anos de prática, consigo começar a identificar melhor quando as pessoas estão falando sério ou quando é uma brincadeira, mas ainda erro até hoje, por mais que eu tente aprender como essas figuras de linguagem funcionam, são muitas possibilidades e apenas elas dão um nó no meu cérebro. É muito difícil esse tipo de interpretação para mim. 
Até a primeira série eu não gostava de brincar com outras crianças, eu tinha apenas dois amigos na escola, e eu brincava com eles e só conversava e andava com eles, além dos professores. Isso mudou quando entrei na primeira série, hoje segundo ano, porque aí aprendi a ler e passei a escolher os livros ao invés das pessoas. Não gostava de brincar com as outras crianças e passava basicamente o intervalo inteiro lendo algum livro. Em casa, brincava sozinho, mas utilizava os brinquedos para brincar de uma forma diferente da convencional. Os carrinhos por exemplo eram usados para brincar de engarrafamento, ficava horas enfileirando-os e fazendo-os andar, um atrás do outro, centímetro por centímetro, e ficava encantado por criar padrões e regras na forma de enfileirá-los. Outra coisa que eu gostava de fazer, era pegar o carrinho, virá-lo de cabeça para baixo e ficar olhando a roda girar. Objetos girando sempre me trouxeram uma paz, uma forma de me concentrar em meio a tantos estímulos do ambiente o tempo todo. 
Em casa, eu tinha regras próprias para zelar pela paz nos ambientes, e não eram raras as vezes em que eu escrevia essas regras em um papel e fazia todos da casa segui-las. Todas as pessoas seguindo as mesmas regras para mim era um alívio. O caos me deixa estressado e a rotina faz com que eu me sinta seguro. Então saber como todos iriam se portar em determinado ambiente era crucial para que eu não tivesse um “ataque de nervos” ou fizesse “birra” como minha irmã costumava chamar. Na verdade, era nada mais nada menos do que um “meltdown” sensorial, ou seja, meu sistema ficava tão sobrecarregado com o acúmulo de sensações, pela hipersensibilidade dos sentidos típica do TEA, que eu entrava em curto. Para me sentir melhor, muitas vezes tinha que abaixar em algum canto e segurar minhas pernas de forma bem forte, gritar, quebrar algo ou bater nas paredes. Isso fazia com que o meu cérebro deletasse todos aqueles estímulos que estava recebendo ao mesmo tempo e se concentrasse apenas no estímulo bem forte que eu estava lhe dando. Fazendo essas coisas, dentro de no máximo uma hora eu estava pronto para navegar o mundo novamente. 
Hoje em dia, quando acontece um meltdown  eu demoro cerca de um dia para me recuperar, quando algum amigo meu me chama para sair e eu não vou, algumas vezes é por isso. Sair de casa e socializar é um grande evento para mim, nem que seja apenas ir até a costureira ou até a farmácia. Exige muito de mim e do meu cérebro e muitas vezes eu fico extremamente sobrecarregado, daí preciso ficar um tempo em casa para me recuperar. 
A minha infância não foi infeliz, muito pelo contrário, mas mesmo assim, hoje em dia escolho por “anular” essa fase da minha vida, porque lembro-me bem como era horrível ter que lidar com a imposição de um gênero ao qual eu não me sentia pertencente e como era difícil para mim não me enxergar igual as outras crianças em pensamentos e formas de agir. Eu estava totalmente perdido, e hoje, me conhecendo melhor, vejo o quanto é bom saber quem eu sou e o que eu tenho, e usar das minhas potencialidades e aceitar minhas dificuldades. 
Foi a primeira vez que eu resolvi escrever sobre o TEA, espero que tenham gostado e que tenha sido útil para vocês de alguma forma. Caso tenham alguma dúvida ou queiram que eu poste mais vezes a respeito disso, me falem :) 
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projetosaulo · 7 years
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Fita Micropore
E aí galera, tudo certo?
Tenho recebido algumas dúvidas a respeito de como utilizar a fita micropore. Bom, essa fita é excelente tanto para quem é pré-T ou pré-cirurgia, quanto para quem está se recuperando da mastectomia quanto para quem já está com a mastectomia cicatrizada e fez pelo método da dupla incisão... E eu vou explicar bem o porquê!
Quanto ao custo dela é algo que varia bastante, mas é uma fita relativamente barata (a partir de $9 até $30 dependendo do tamanho, marca e espessura) e que pode ser encontrada em praticamente qualquer farmácia.
A primeira utilização dessa fita é para esconder os seios/mamilos. Não vou negar, se os seus seios são muito grandes como eram os meus, será mais difícil utilizar essa fita com este fim sem a necessidade de um binder, mas se os seus são pequenos (tamanho: PP/P/42) vai dar super certo. Quanto a como prender, isso varia de pessoa para pessoa, existem várias técnicas diferentes, alguns prendem de dentro para fora, outros de fora para dentro e outros para baixo, recomendo tentar de todas as formas até encontrar a que você se sente mais confortável. Uma dica importante aqui é proteger os mamilos com um pedacinho de gaze ou algodão, a fita é bem grudenta e talvez você não sinta fazendo pela primeira vez sem, mas com certeza no final da semana você terá machucado seus mamilos se ficar tirando/colocando a fita sem nenhuma proteção.
Outra boa utilização, aliás excelente, é para quem fez a mastectomia pelo método da dupla incisão, assim que você retirar seus pontos já poderá iniciar a utilização da fita. Quando retiram-se os pontos, chances existem de que, como a sua pele não estará mais sendo segurada pelos pontos, a cicatriz possa abrir e com isso ficar bastante larga. Se você quer uma cicatriz fininha converse com o seu médico a respeito da utilização da fita, queria muito que tivessem me dito isso antes deu fazer a minha cirurgia ou durante a minha recuperação! A fita poderá ser utilizada com a finalidade de não deixar a cicatriz abrir J genial, não?
Outra coisa, algumas pessoas afirmam que é bom não deixar a cicatriz pegar sol nos primeiros nove meses depois da cirurgia, que isso auxilia para que a cicatriz fique menos marcada possível, se é verdade ou não, só testando para saber. Aí a fita entra em jogo para que você possa tomar sol sem camisa e sem expor as cicatrizes. Estou com 7 meses de pós-operatório e tenho utilizado esse método. Minha cicatriz apesar de estar grossa em um trecho, está sumindo de forma muito satisfatória.
Outra coisa: Leia as instruções da fita micropore! Ela é extremamente grudenta, e algumas pessoas tentam retirá-la com água quente ou álcool, quando na verdade o método mais eficiente é retirá-la com óleo mineral, como está escrito nas instruções da embalagem. Assim evita de ficar com resto de cola ou de machucar sua pele.
Além de postar coisas aqui sobre o universo transgênero tenho pensando em começar a postar também a respeito do autismo de alto funcionamento, é algo que vocês gostariam de ler a respeito?
Qualquer dúvida podem entrar em contato através das perguntas aqui do Tumblr que eu farei um post explicando sua pergunta detalhadamente.
Grande abraço,
Saulo
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projetosaulo · 7 years
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Custos Mastectomia (Pré e Pós)
E aí galera, tudo certo?
Aqui estou fazendo mais um post para contar exatamente qual o preço total que se gasta para realizar a mastectomia bilateral masculinizadora, incluindo os custos dos exames pré-cirúrgicos (para quem não tem plano de saúde), da cirurgia em si e os custos dos remédios/etc pós cirúrgicos. 
Segue aí a lista de exames pré-cirúrgicos:
- Ecografia Mamária (N 60.0)    
 - Hemograma completo (Z01.7)    
 - Coagulograma (Z01.7)     
- Bioquímica (Sódio, Potássio e Cloro) (Z01.7)     
- Glicose, Uréia, Creatinina (Z01.7)     
- EAS (Z01.7)    
 - Sorologia para HIV (Z01.7)     
- Hepatite B e C (Z01.7)    
 - T3/T4 (Z01.7)     - TSH (Z01,7)    
 - Beta HCG (Z01.7)     
- Avaliação Cardiológica para Risco Cirúrgico  
A ecografia mamária fica em torno de R$150, os exames de sangue ficam em torno de R$550 e a avaliação cardiológica de risco cirúrgico fica em torno de R$280 caso você já tenha um resultado de exame de eletrocardiograma recente, se tiver que fazer o eletrocardiograma, sai por R$330. Ou seja, todos os exames pré-cirúrgicos para quem não possui um plano de saúde saem em torno de um mil reais (R$1.000,00). Salgado né? Para quem tem plano de saúde esse preço pode cair para R$200 que será cobrado a mais na mensalidade do plano de saúde, dependendo de como funciona o seu plano, é claro.
O meu orçamento da mastectomia ficou o seguinte  R$7.800,00 de cirurgia + R$1.900,00 do anestesista + R$3.000,00 da clínica + R$165,00 do colete pós-cirúrgico = R$12.865, porém não se desespere, esse é o preço cobrado para quem não pexinxa, se você é um pexinxador nato o preço da cirurgia pode cair para R$8.000,00 no total.
Durante a recuperação eu tomei dipirona monohidratada de 1g para dor, durante os oito primeiros dias, foram +- 20 comprimidos que me custaram R$20,00. Além disso também fiquei em tratamento com suplemento de ferro, por conta da fraqueza, que me custou mais R$20 mangos. A arnica de uso interno custou-me R$50, tomei ela nos primeiros 15 dias e ainda sobrou meio pote, então você pode dividir  numa boa com algum amigo que também vá fazer a cirurgia. Comprei também dois potes de óleo mineral, que me custaram R$15, mas hoje percebo que não precisaria ter comprado dois, apenas um teria sido o suficiente. 
Outro post explicando mais sobre a minha primeira consulta com o cirurgião plástico Érick Carpaneda, para vocês conferirem: https://projetosaulo.tumblr.com/post/153449652078/primeira-consulta
Então, basicamente, você vai precisar de R$8.300,00 a R$14.000,00 para todo o procedimento, incluindo os gatos pré e pós operatório.
Qualquer dúvida podem entrar em contato através das perguntas aqui do Tumblr que eu farei um post explicando sua pergunta detalhadamente.
Grande abraço,
Saulo.
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projetosaulo · 7 years
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Já tenho a sentença do Juiz, e agora?
Olá Galerinha, tudo bom?
Tenho recebido muitas perguntas de uma galera que está perdida em relação a o que fazer após receber a sentença positiva o juiz para a alteração de nome/gênero.
A primeira coisa será ir até o Fórum onde está o seu processo, e pedir uma cópia da Petição Inicial, da Sentença do Juiz e do Trânsito em Julgado.
Com a cópia da sentença e do trânsito em julgado em mãos você deve se dirigir até o cartório onde você foi registrad@ e pedir a emissão de uma nova Certidão de Nascimento com os dados corrigidos. Essa certidão pode demorar até 4 dias úteis para ficar pronta, ou pode sair no mesmo dia, depende do cartório. Caso seu processo tenha corrido na via pública, com representação da Defensoria Pública, provavelmente você será isento de pagar a taxa da segunda via (cerca de cinquenta reais) e terá que pagar apenas a taxa do cartório (menos de dez reais).
Com a certidão de nascimento em mãos você poderá ir em vários órgãos para fazer a alteração dos documentos seguintes. 
Alguns órgãos receberão uma correspondência com efeito de ordem judicial para fazer alteração do seu nome nos cadastros deles, um desses órgãos é a Receita Federal. Porém esse sistema é bastante lento e pode demorar até 6 meses para que os seus cadastros estejam atualizados. Já vi alguns casos em que após 1 ano do processo de retificação arquivado os dados ainda não haviam sido totalmente corrigidos.
Para verificar se o seu nome encontra-se corrigido no seu CPF entre no site da Receita Federal: http://idg.receita.fazenda.gov.br/ Nesse site é possível solicitar qualquer certidão referente a Receita Federal, se constar o seu nome certo é porque o seu cadastro foi corrigido.
Saulo, e se o meu nome estiver errado nesse site? Bom, aí você terá que ir pessoalmente até a sede da Receita Federal da sua cidade, normalmente pelos relatos que recebi eles fazem a alteração no mesmo momento em que você vai lá pessoalmente solicitar.
Em breve postarei mais a respeito de como tirar os documentos após a retificação de pré-nome. Qualquer dúvida por favor entrem em contato!
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