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#grécia antiga
estrelasemmanchete · 8 months
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Racismo na Grécia Antiga!!
Na Grécia Antiga, um lugar rico de mitologia e avanços culturais, conseguimos encontrar reflexos surpreendentes sobre questões raciais. No entanto, é importante lembrar que a sociedade grega não enfrentou o racismo da maneira que hoje é visto, mas havia distinções entre os "bárbaros" e os gregos civilizados.
Imagine os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, onde atletas de todas as partes do mundo iam para Olímpia. Entre eles, há um talentoso corredor negro chamado Lykon, vindo da distante Etiópia. Seu tom de pele escura se destaca entre os atletas gregos, e alguns sussurros de curiosidade e até mesmo de desaprovação surgem nas arquibancadas.
No entanto, à medida que Lykon se prepara para a corrida, ele é inspirado pela história de um lendário herói grego, Aquiles. Lembra-se de que Aquiles, o grande guerreiro, também teve sua história marcada por sua pele, não pela cor, mas pela sua vulnerabilidade no calcanhar. Isso o faz perceber que, no final das contas, todos os seres humanos têm suas próprias características distintas, independentemente de sua origem.
Quando a corrida começa, Lykon supera todos os preconceitos e corre como o vento, provando que a verdadeira grandeza está na habilidade e na determinação, não na cor da pele. À medida que ele cruza a linha de chegada, os aplausos da multidão grega ecoam, mostrando que a aceitação e o respeito podem transcender as fronteiras da raça.
A história de Lykon na Grécia Antiga é um exemplo de como, mesmo em uma época marcada por diferenças culturais e desconhecimento, a celebração da diversidade e a superação de preconceitos podem ser inspiradoras. Hoje, celebridades modernas também desempenham um papel crucial na luta contra o racismo, usando sua influência para promover a igualdade e a aceitação, lembrando-nos de que a beleza verdadeira está na diversidade que enriquece nosso mundo.
Eai, o que achou do post da semana?
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oh-lilly-dear · 2 years
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Grécia Antiga, ou Hélade
Grécia Antiga ou civilização grega é como conhecemos a civilização formada pelos gregos no sul da Península Balcânica e que se estendeu por outras partes do Mediterrâneo, além das Cíclades, pela Ásia Menor e por regiões costeiras no Mar Negro.
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Região marcada pelo relevo montanhoso, colonizada inicialmente por diferentes povos nômades em busca de alimentos nas regiões mais quentes e férteis do continente europeu. O relevo acidentado dificultou a comunicação entre os povos, o que os levou a certo isolamento. Dessa forma, a Hélade não constituiu um reino ou império centralizado, mas uma região marcada pela descentralização política e o surgimento de diferentes sociedades.
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A historiografia tradicional dividiu a história da Grécia Antiga conforme seu desenvolvimento político e social:
Período Pré-Homérico (2000 a.C. até 1200 a.C)
Inicialmente, a civilização grega foi formada por cretenses, aqueus (também chamados de micênicos), dórios, eólios e jônios.
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Antes do domínio grego, o território era povoado pelos pelasgos, povo de origem autóctone (originário da região em que habita). Com a chegada dos aqueus, em 2.000 a.C., povo de origem indo-europeia, se expandiram pela região dominando a população que habitava a ilha de Creta.
Os cretenses dedicavam-se ao comércio marítimo e haviam estabelecido uma talassocracia (governo comandado por uma elite comercial). A sociedade cretense era mais complexa e dinâmica em relação às outras. Em Creta já existia, por exemplo, propriedade privada e a divisão em grupos sociais, com o domínio dos ricos comerciantes. Sua religião era matriarcal, porém sua sociedade era patriarcal.
Do sincretismo cultural entre aqueus e cretenses, originou-se a civilização e a cultura creto-micênica, base para a formação das sociedades e culturas gregas durante os períodos Arcaico e Clássico.
A civilização creto-micênica dominou economicamente toda a região do Mar Egeu. Por meio do comércio, conectou diversas regiões do mundo antigo, o que lhe proporcionou um período de prosperidade.
Por volta do século XII a.C., com o objetivo de comercializar na região do Mar Negro, os creto-micênicos avançaram para a região da Ásia Menor (atual Turquia) e enfrentaram os troianos, povo que controlava a passagem do Estreito de Dardanelos, o qual dá acesso ao Mar Negro. Essa guerra ficou conhecida como Guerra de Troia.
Em 1.200 a.C., os dórios, povo de tradição militar, começaram sua entrada efetiva nos domínios creto-micênicos. O maior poder bélico dos dórios, que dominavam armas de ferro, culminou na queda da capital, Micenas, e provocou a Primeira Diáspora dos gregos, também motivada pela escassez de terras férteis. Esse episódio marca a passagem do período Pré-Homérico para o período Homérico.
Período Homérico (1150 a.C. a 800 a.C.)
O nome desse período é em homenagem a Homero.
Após as invasões dos dórios, a maioria das cidades gregas desapareceu. Os habitantes da Hélade, inclusive os invasores dórios, devido à necessidade de proteção e sobrevivência, retomaram a vida em pequenas comunidades familiares, denominadas genos, cuja principal atividade econômica era a agricultura.
Em cada geno havia um chefe religioso, militar e político: o pater, homem mais velho, mais sábio ou mais valente. Por volta do século VII a.C. essas comunidades começaram a se desintegrar.
Os genos se desarticularam por conta do crescimento demográfico e o estabelecimento da propriedade privada. Gradualmente os gregos passaram a adotar outra forma de organização social: as fátrias, união de grupos familiares, também motivada pela busca de terras férteis. Como os proprietários de terras eram minoria, para evitar rebeliões dos demais, muitas fátrias se reuniram, dando origem às tribos.
O desenvolvimento demográfico das tribos e a junção de diferentes tribos resultaram na formação de novas cidades-Estado, denominadas pólis.
Outra consequência da fragmentação foi a Segunda Diáspora. A parte da população que ficou sem terras partiu em direção à Ásia Menor e às penínsulas Itálica e Ibérica. Esse processo ajudou a promover a expansão colonialista de algumas pólis, como Atenas, que fundaram domínios em regiões ricas e de solos férteis visando se estabelecer de alimentos e matérias-primas.
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O processo de colonização enriqueceu as metrópoles (cidades-estado mãe), pois envolvia a exportação de trigo das colônias para a Hélade, aumentando a oferta de alimentos na região.
Os aristocratas possuidores de grandes propriedades produtoras de azeite e vinho também enriqueceram, pois houve aumento da demanda. Portanto, podemos considerar a Segunda Diáspora grega muito mais abrangente que a Primeira.
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ovnihoje · 2 years
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Pensadores da Grécia Antiga consideravam a vida extraterrestre
Pensadores da Grécia Antiga consideravam a vida extraterrestre
Havia escolas de pensamento na Grécia Antiga que especulavam sobre a vida extraterrestre na tentativa de responder às muitas perguntas sobre o universo. Crédito da imagem: Pexels/karatara A visão de mundo aristotélica de um cosmos unificado e finito sem extraterrestres foi muito influente no pensamento grego antigo. No entanto, a possibilidade de vida além da Terra começou no mundo grego…
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O mundo inteligente e artificial dos homens...
Antes de começar a escrever fui ler o poema de Carlos Drummond de Andrade "o homem, e as viagens" que nenhuma máquina seria capaz de escrever, apenas o homem e suas emoções reais...
Inteligência artificial continua sendo (para mim) um assunto para filmes de ficção. Mas tenho plena consciência do flerte de alguns seres da nossa espécie para com esse tema. E admito que me diverte pensar que o homem considera possível a sua substituição por um cérebro artificial, uma vez que nem desvendou os mistérios que temos dentro da cabeça. Não faz muito tempo, estávamos no meio da…
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dansiqueira · 1 year
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O contexto sócio-político na Filosofia da Grécia Antiga
O contexto sócio-político da Filosofia da Grécia Antiga está ligado à formação das cidades-estado (polis), à democracia, à guerra e à busca pela sabedoria e pelo conhecimento. A Grécia Antiga foi marcada por conflitos entre as cidades-estado, como Esparta e Atenas, que tinham diferentes sistemas políticos e sociais. A democracia ateniense, por exemplo, permitiu a participação política de seus…
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latinotiktok · 2 years
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edisilva64-blog-blog · 8 months
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🏛Desafio Histórico A Era Dourada da Grécia Antiga - Teste Seus Conhecime...
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estestrechos · 2 years
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Na linhagem de monstros nascidos de Fórcis e Ceto, o lugar de honra é reservado às serpentes. Os sons estridentes emitidos pela goela das górgonas ou modulados pelas mandíbulas ligeiras são exatamente os mesmos das serpentes rangendo e batendo os dentes em uníssono. A serpente, o cão e o cavalo são as três espécies de animais cujas forma e voz entram mais especialmente na composição do "monstruoso". Enquanto a "voz brônzea" de Cérbero (khalkeóphōnos) ressoa nas moradas de Hades, as erínias, quando Ésquilo as compara às górgonas, emitem grunhidos e rosnados estridentes (oigmós, muganiòs oxús); elas rosnam (múzō), como "rosna" nos Infernos o longo gemido dos homens supliciados; elas "soltam a voz como um cão", diz o poeta trágico, e o termo empregado (klaggaínō) lembra a klaggḗ dos mortos na Odisseia, como o gemido estridente (eriklágktēs) das górgonas e de suas serpentes. O cavalo, pela maneira de se comportar e pelos sons que emite, também pode representar a presença inquietante de uma Potência dos Infernos manifestando-se sob a forma animal. Ao nervosismo, à tendência a desembestar de repente em consequência de um terror súbito, como o terror provocado pela Potência demoníaca de Taráxipo, o Terror dos cavalos (tò tôn híppōn deîma), a agitar-se e tornar-se bravio a ponto de devorar carne humana, a estremecer, babar e transpirar uma espuma branca, devemos acrescentar o relincho, o barulho dos cascos pateando a terra, o ranger surdo dos dentes (brugmós) e o ruído sinistro dos freios entre as mandíbulas, provocando terror ao chamar a morte. No vocabulário equestre, gorgós tem significado quase técnico. Para o cavalo, gorgoûmai significa bater os cascos com impaciência. Xenofonte observa, em A arte equestre, que é terrível olhar para o cavalo nervoso, impetuoso (gorgós ideîn); que suas ventas dilatadas o fazem gorgóteros; que, quando se juntam em manadas, os cavalos parecem mais ardentes e fogosos (gorgôtatoi) por causa das pateadas, dos bufidos e dos relinchos multiplicados pelo grande número. —Jean-Pierre Vernant
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eddyscheidegger · 11 days
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QUANDO TE VIEREM COM FOFOCAS... COLOCA EM PRÁTICA A PROVA DOS TRÊS FILTROS DE SÓCRATES:
Na antiga Grécia Sócrates tinha uma grande reputação de sabedoria. Um dia veio alguém encontrar o grande filósofo e disse-lhe:
- Você sabe o que eu acabei de ouvir sobre o seu amigo?
- Espere um pouco - respondeu Sócrates - antes que você me conte, eu gostaria de fazer um teste para você, o dos três filtros. - Os três filtros?
-Sim,- continuou Sócrates - antes de contar qualquer coisa sobre os outros, é bom tirar o tempo de filtrar o que se quer dizer. Eu chamo de teste dos três filtros. O primeiro filtro é a verdade. Já verificou se o que vai me dizer é verdade?
- Não, eu só ouvi. - Muito bem. Então você não sabe se é verdade. Continuamos com o segundo filtro, o da gentileza. O que você quer me dizer sobre o meu amigo, é algo bom? - Ah, não! Pelo contrário.
- Então - questionou Sócrates - você quer me contar coisas ruins sobre ele e você nem tem certeza se elas são verdadeiras. Talvez você ainda possa passar no teste do terceiro filtro, o da utilidade. É útil que eu saiba o que você vai me dizer sobre esse amigo?
- Não, a sério. - Então - concluiu Sócrates - o que você ia me contar não é nem verdade, nem bom, nem útil; por que você queria me dizer?
Melhoremos a nossa vida ...........
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klimtjardin · 2 months
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Da poética à estética: o que é dar sentido? | Análise da identidade visual do NCT
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{Aviso de conteúdo: LONGO | Introdução: conceitos | 1. Como funciona na prática | 2. Minha visão sobre o assunto | 3. Identidade visual do nct | 4. Em cima do muro? | Conclusão}
Caras queridas, o conteúdo de hoje toca em assuntos mais técnicos. Quis trazer um pouco da teoria para que vocês entendam o que é conceitualizar, o que é criar uma imagem e como isso acontece (ou não) no nosso querido NCT.
Vamo que bora?
Introdução: conceitos
Todo mundo já ouviu a palavra estética empregada nem que fosse em uma piada {aqui no Tumblr, então, é a casa do "aesthetic" e de uns anos para cá, o Tik Tok também virou}. Mas vocês sabem qual a origem da estética e da irmã siamesa dela, a poética?
Para explicar-lhes devemos retornar no tempo, na Grécia Antiga. Aristóteles estudou e classificou as artes literárias em diferentes poéticas, sendo elas: comédia, tragédia, epopeia e poesia lírica. Divisões que futuramente se tornariam os nossos conhecidos gêneros literários.
O que isso quer dizer?
A poética é como uma narrativa. É sobre o que se trata a história. Ela é aplicável em todas as artes, mesmo as não visuais. Hoje em dia talvez a gente chame a poética de "tema" ou "tema central".
A estética diz respeito aos elementos que aparecem para contar a história. No caso das artes visuais é mais fácil visualizarmos, mas eles estão presentes em todas as artes de uma forma geral. Por exemplo, a literatura se apresenta em forma estética de texto. A arquitetura de construções, e cada construção também segue uma linha estética dependendo do arquiteto, e assim por diante.
Como funciona na prática?
Para dar um exemplo bem prático, vou usar o NCT, obviamente.
Sabemos que existe uma história do NCT que envolve os sonhos, não é? Então, essa é a nossa narrativa, a nossa poética.
Já a estética fica por conta dos elementos que são usados para contar essa história. No caso, fica a critério de cada diretor que faz cada MV. Geralmente o NCT tem um visual "tecnológico", mais polido e etc., então essa se torna a sua estética.
Minha visão sobre o assunto
Como penso que foi/é o processo criativo em relação ao NCT e porque isso é importante?
Bem, vamos começar pelo básico: qualquer peça de arte tem poética e tem estética. Ou seja: existe uma história por trás dela e como ela irá ser contada.
Pensando no quesito prático ou lógico, a estética não é algo essencial na nossa vida como comer e dormir o é, por exemplo. Porém, é claro que como artista sempre vou defender a beleza! A beleza é e não é essencial. O que seria de nós sem as histórias que contamos? O que seria de nós sem a beleza e o romance? Já dizia o professor Keating: é isso que nos mantém vivos!
Então, sim, é importante pelo menos na arte que haja uma organização das coisas, que haja então beleza.
Identidade visual do NCT
Vou traçar um caminho do abstrato para o concreto. O ponto de partida é a música, o mais abstrato em quesitos visuais.
Como é a sonoridade do NCT? Isso vocês bem sabem! Eles trabalham com inspirações no metal pop, industrial pop {tudo isso fica escondido debaixo do guarda-chuva "edm", mas está lá}. As músicas dos Neos são conhecidas por serem barulhentas, terem sons incomuns, "sons de construção", essa seria a marca sonora deles.
Agora, como transformar um som em imagem? Por que é preciso uma imagem. Como serão distribuídos os conceitos sem ela? As capas dos ��lbuns, os MVs, os figurinos, tudo isso...
O que acredito ocorrer é que, dentro da SM não há uma equipe focada somente nisso. "Como não, Klim?" É fácil chegar a essa conclusão quando percebemos que, geralmente, de um comeback para outro as ideias não se conversam. Existe um fundinho de conceito, sim, não é tão bagunça. Mas também não existe uma identidade tão demarcada. A SM contrata um diretor diferente para cada MV. Ou seja, cada estúdio de filmagem fica encarregado de dar o seu toque no MV. O que tem de errado nisso? Não tem nada de errado nisso, porém, ocorrem certas quebras de narrativa, isso é inegável. "Quem conta um conto aumenta um ponto", especialmente se não há uma direção única para qual se está caminhando {isso é tudo minha opinião, não sei se é de fato assim que funciona, mas é o que parece para mim}.
Calma, nem tudo é derrota! É claro que existe, sim, uma linha de coerência no visual deles. Fica implícito que o NCT trabalha com os conceitos "punk." Vou deixar um infográfico abaixo, joguem no Google para entender mais a fundo:
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Figura 1. Infográfico da estética punk
O punk é uma estética distópica. Tudo a ver com a sonoridade deles, que é meio caótica por assim dizer. Você ouve uma música do NCT, você reconhece sons de metal, de vapor, de instrumentos que não são musicais. Ponham aí Kitchen Beat, Chain, Superhuman, SOS, ISTJ, Hands Up, Turn Back Time, Unbreakable... Que vocês vão perceber.
Acho genial que eles tragam esse visual, que se alinha diretamente com a música: aí vem a coerência.
Vou pegar alguns MV's de exemplo para que vocês vejam isso na prática:
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Figura 2. Turn Back Time e Kick It = cyberpunk
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Figura 3. Phantom e 2 Baddies = decopunk
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Figura 4. Moonwalk = steampunk
Não são MV's irretocáveis ao meu ver. Meu olhar tem algumas críticas a respeito deles, mas aí entra também a questão de quanto $$$ se tem para fazer todo esse conteúdo visual. Enfim, acho que se a SM abraçasse essa ideia do punk e a levasse além, como a única linha a ser seguida, nós teríamos histórias melhores contadas e conseguiríamos identificar com mais facilidade o que é do NCT ou não, assim como conseguimos fazer com a música deles {a SM já faz isso muito bem com as aespa, não custava nada...}
Em cima do muro
Na análise do Wish, comentei sobre Favorite. Já tenho toda uma opinião formada sobre o álbum Sticker em si e Favorite vem de brinde nesse pacote. Quando foram lançados os teasers, fiquei muito feliz porque sempre quis ver o NCT 127 fazendo algo com conceito fantasioso, acadêmico ou vampiresco {maldita expectativa!}.
Favorite é aquilo que não é uma coisa nem outra, e tem um excesso de CGI que rouba a beleza do que poderia ser, transformando o conceito em algo bem infantil. Se o intuito era ser o Crepúsculo dos MV's de Kpop, então a missão foi cumprida com sucesso kkkk, mas noto que tivemos conteúdos extra/variedades que ficaram melhores que o MV em si. Vamos nem comentar a capa do álbum, né, meninas?
Outro MV terrível desculpemmm é o de Ridin'. Um dos meus comebacks favoritos do Dream, arruinado pelo visual desconexo. Tem referência nele? Tem, mas ele é tão mais ou menos. O que salva é aquela transição do Haechan estalando os dedos. É nítido que foi feito às pressas, dado o número de quadros em que os membros só estão lá sendo bonitões e não acrescentando algo à narrativa. Os efeitos péssimos para encher linguiça... "Klim, você está exagerando!" Meus bens, assistam We Go Up e Ridin' um seguido do outro e vocês vão entender exatamente o que estou falando.
Boom poderia entrar aí também, a falta de paleta de cores me incomoda {e nem vou tocar no assunto álbum físico que é TEnebroso} e Beatbox {apesar de eu amar porque é fofo}. Ainda bem que tivemos ISTJ para salvar a nação!
O WayV é sempre lindo e sempre entrega! Tirando, talvez, Kick Back, mas passo pano. Para mim é a unit que mais tem coerência visual.
Outra coisa que me incomoda, mas aí é questão >da minha poética< em particular, é o vazio. Ay-Yo é um bom exemplo. Ai, como me incomoda aqueles espaços vazios no MV! Apesar de, talvez a intenção ser essa mesmo. Sou muito do artesanal, queria ver muito mais cenas e objetos de cena construídos e não colocados em CGI. Mas é bem provável que a SM não esteja disposta a investir nessas coisas, porque isso demanda tempo. Entra na equação tempo x custo x qualidade:
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Figura 5. Que roubei do Gaveta para ilustrar a equação.
Mas nós que trabalhamos com artes manuais bem sabemos que não é necessário tanto gasto para fazer algo bom de verdade, é mais necessário tempo e dedicação, afinal, a beleza vem dos detalhes.
Conclusão
O que eu espero que vocês entendam com esse post é que a estética (e a poética também) tem uma função importantíssima de dar sentido.
Se eu te perguntar qual a estética do NCT, você provavelmente vai olhar para os lados, analisar e demorar para chegar em uma conclusão. Além da cor verde neon e do Neobong, não existe algo mais palpável dentro do universo do NCT que o represente. Ok, talvez a 🌱, mas isso é uma piada interna criada pelo Mark, não é algo que tenha sido definido como conceito do grupo desde o início. Até mesmo o Neobong por vezes se torna uma incógnita: é um android? é um prédio? é um picolé de limão?
"Coisas tecnológicas" até podem se encaixar no quesito da estética, mas mesmo assim, existe uma falta de coerência.
É lógico que conceitos podem mudar. Ninguém é obrigado a seguir fazendo a mesma coisa da mesma forma por anos {apesar de isso ser o que traz autenticidade a algo}. Porém, contudo, entretanto e todavia, não acho que alguma equipe realmente tenha sentado junto para decidir "isso faz parte da estética do NCT, isso aqui não, os projetos irão seguir essa linha ou essa daqui".
Creio eu que a SM não tenha uma equipe dedicada a isso. Provavelmente eles apenas contratem estúdios de filmagem e cada diretor com sua equipe parte do zero ao criar um comeback.
É daí que surge o problema "mas a música título não tem nada a ver com o resto do álbum, nem o MV com os teasers, nem com a estética geral do projeto." Bem como não tem nada a ver com o comeback passado e o retrasado e há um ruído na forma como a história é contada.
Foram poucas às vezes que presenciei acontecer de forma coerente; bons exemplos são Glitch Mode e We Young, ambos álbuns que carregam músicas {não todas porque também não é necessário} que condizem com seus conceitos do início ao fim. Mas mesmo assim entre eles não há qualquer conexão {ou quase}, o que é triste.
A poética e a estética são capazes de dar sentido a algo.
Como eu disse, seria muito bom ver algo que é a marca registrada do NCT. Que bom que pelo menos com a música dá para dizer isso, mas falo visualmente. É muito legal que cada comeback seja diferente e tenha um novo conceito, mas dá para fazer isso também tendo uma estética definida. Que você bata o olho e diga "ah, isso aqui é NCT, sem sombra de dúvidas!", porque cria autenticidade e cria conexão com a história que é contada, e por conseguinte, com o público.
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tinyznnie · 9 months
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Mine (Jaemin’s Version)
Jaemin x leitora gênero: fluff, e um tiquinho de angst wc: 1.6k Mine (Taylor's Version) - Taylor Swift warnings: menções a alcoolismo e problemas familiares n/a: especial pra lala (@ncdreaming) porque no outro o Nana sofreu, tinha que fazer um final feliz pra ele
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Você conheceu Na Jaemin no segundo ano da faculdade. Por alguma coincidência do destino, vocês acabaram na mesma aula de Arte, Cultura e Estética, e ele trabalhava na cafeteria perto do campus, que você sempre frequentou porque a cafeína era sua melhor amiga no curso de Arquitetura. Ele era o barista, e por estudarem juntos, ele já te chamava pelo nome quando você entrava no estabelecimento, e depois de duas semanas, ele já sabia seu pedido de cor. Ele deixou uma cidade pequena e nunca quis voltar, especialmente depois de começar a faculdade e, bom, de te conhecer.  Ele tinha aquela aura calma e relaxada, que contrastava totalmente com a sua. Já você veio de uma família não muito funcional. Teve que lidar com alcoolismo bem cedo em sua vida, visto que seu pai era um alcoólatra. Isso fez você crescer sozinha e ansiosa, sempre sentindo que tinha que cuidar das pessoas ao seu redor, e quase nunca se arriscando. Isso incluía sua vida amorosa. ‘Por que se preocupar com amor se ele nunca dura?’ Você dizia.
“Bom dia, Nana.” você disse enquanto caminhava com uma pasta pesada em seus braços. 
“Bom dia linda, o de sempre?” ele perguntou com um sorriso, o mesmo que ele torcia pra funcionar quando ele finalmente tivesse coragem de te chamar pra sair.
“Sim, por favor.” você falou meio ofegante e desajeitada enquanto procurava a carteira na bolsa.
“Fica tranquila, esse é por conta da casa. Já te chamo, ok?” Jaemin sempre era simpático, mas isso com você se ampliava em pelo menos 10 vezes. 
“Muito obrigada, Nana.” você sorriu de volta. E que sorriso. Jaemin podia jurar que era abençoado pelos céus só por ter a oportunidade de sempre te ver sorrir daquela forma. Foi o gatilho que ele precisava para te convidar pra sair, escrevendo num guardanapo se você estava livre no fim de semana. 
Quando você recebeu seu café e o guardanapo, sua testa se franziu. Aquilo veio por engano, certo? Não tinha chance de Jaemin estar te chamando pra sair. Então, deixando suas coisas numa mesa, você foi até o balcão.
“Nana, acho que isso veio por engano.” você falou mostrando o guardanapo.
“N-não não, é pra você mesmo. Desculpa se foi estranho, você po-“
“Eu topo.” você o cortou, sorrindo abertamente. “Sábado, às cinco né?” 
“Isso, você pode me mandar seu endereço? Ai eu vou te buscar.” ele pediu um pouco nervoso, e estava visível na forma que as mãos dele tremiam um pouco. 
“Mando, claro. Nos vemos na aula amanhã?” você perguntou, bebendo mais um gole de seu café.
“Sim, claro. Até amanhã!” Jaemin sorria de orelha a orelha enquanto via você pegar suas coisas e sair, indo pra mais uma bateria de aulas, mas agora, ele sabia que pelo menos tinha uma chance.
No dia seguinte, quando se viram na aula, Jaemin mal conseguia ouvir a voz dos colegas enquanto discutiam algo sobre a Grécia antiga ou outro assunto que ele nem se deu ao trabalho de saber qual era, porque tudo que ele ouvia e enxergava era você, sua voz, seu sorriso, seus cabelos sempre tão bem cuidados, a forma que você se vestia, que parecia ser algo completamente básico pra você mas que pra ele, te deixava parecendo uma super modelo. 
A aula seguiu como sempre, só com Jaemin te admirando mais do que de costume, e quando menos se deu conta, já eram duas da tarde de sábado, três horas antes de seu encontro com Na. Você se encontrava andando de um lado pro outro, escolhendo o melhor modelito pra encontrar o coreano.
Às cinco em ponto, Jaemin tocou a campainha da casa de sua mãe, nervoso enquanto segurava um buquê com poucas rosas em mãos, mas eram lindas.
“O-oi. Você tá linda.” ele sorriu bobo. “São pra você.” o buquê foi estendido em sua direção. 
“Muito obrigada.” você também sorria como uma adolescente, especialmente porque nunca tinha recebido flores antes. 
Jaemin te levou até um parque, onde se sentaram na beira da água, comendo algumas coisas gostosas que ele tinha levado na mochila, rindo, se conhecendo melhor, e no fim da noite, com o braço dele ao redor de seus ombros, vocês viram as luzes da cidade refletidas na água.E  mesmo que fosse inconsciente e você não quisesse admitir, você sabia que algo tinha começado ali. 
(…)
Um ano depois, você e Jaemin dominavam o mundo adulto juntos. Já tinha uma gaveta (ou duas) com as suas coisas no apartamento alugado do garoto. Não era grande, mas cabia vocês dois perfeitamente, já que você passava boa parte do seu tempo lá. Jaemin sempre achava que te conhecia bem, até que um novo segredo seu se revelava pra ele no meio de alguma conversa da madrugada ou enquanto preparavam algo pra comer, e a cada dia que passava ele entendia mais e mais do porquê você ser tão cuidadosa. A verdade é que, nos primeiros encontros, você ainda estava bastante cautelosa em relação ao rapaz, e agora ele entendia o porquê. Na verdade, ele entendia todos os seus pequenos hábitos, como se fossem um quebra cabeças perfeito, e se assegurava de não cometer nenhum tipo de erro que causasse algum gatilho em você, por conta do relacionamento dos seus pais. “Nunca vamos cometer os mesmos erros que seus pais”, ele sempre dizia. Mesmo quando as coisas eram complicadas, vocês se mantinham positivos.
“Amor?” ele chamou enquanto entrava no apartamento, sabendo que você estaria lá dentro.
“Oi bebê.” você respondeu, sorrindo fraco com a visão do namorado. As contas espalhadas ao seu redor na mesa e sua expressão cansada quase fizeram o coração de Jaemin se quebrar. “Como foi o trabalho?” 
“Foi tudo bem. Essas contas são novas?” ele perguntou, beijando o topo da sua cabeça antes de se sentar ao seu lado. 
“Aham. Eu tava fazendo as contas e vamos ter que economizar de novo esse mês.” você suspirou pesado. Era cansativo nunca terem dinheiro suficiente e sempre precisarem abrir mão de coisas para pagar contas. O seu estágio de arquitetura não pagava exatamente bem, nem o estágio de jornalismo de Jaemin, então basicamente vocês precisavam se apertar. 
“Ah amor, tá tudo bem, é só esse mês, certo? O próximo vai ser melhor.” Jaemin estava otimista como sempre. Com ele, o único momento pra ficar triste era quando ele não tinha você ao seu lado. De resto, tudo poderia ser resolvido.
“É, vai sim.” você deu um pequeno sorriso, encostando a cabeça no ombro dele e respirando o perfume maravilhoso do namorado. “Vai dar tudo certo.” 
“Mas, ahn, eu tenho uma coisa pra você.” ele comentou enquanto mexia no bolso da calça. Você estava tão absorta no momento com ele que mal notou a movimentação.
“O que-“ as palavras morreram na sua garganta quando você viu o anel com uma pequena pedra brilhante. 
“Eu sei que a situação não é a melhor agora, e eu ia deixar isso pra um outro momento, mas queria te lembrar que somos eu e você contra o mundo, sempre.” ele falou com um sorriso. “E nós não precisamos fazer nada agora, mas, casa comigo? Um dia?”
“Claro que sim!” 
E você sabia que tudo ficaria bem.
(…) 
Eram duas e meia da manhã daquela madrugada de quarta-feira e você e Jaemin discutiam, profanavam palavras venenosas um para o outro. Nem lembravam mais porquê a discussão se iniciou, mas ela ficava cada vez pior. 
“Ele é meu chefe, Jaemin! Você acha que eu gosto da forma nojenta que ele me trata? Claro que não, mas eu não posso largar o emprego, precisamos dele!” você gritava, passando as mãos pelo rosto. 
“Ah é? Ou isso não é só uma desculpa pra você ficar lá com ele o dia inteiro enquanto eu me mato na revista?” ele retrucou, vocês dois já muito alterados pela emoção da briga, os hormônios à flor da pele. 
“Jaemin, só cala a boca! Chega!” as lágrimas rolavam por seu rosto enquanto você saia pela porta do apartamento, descendo rapidamente as escadas até finalmente chegar a rua. Respiração ofegante enquanto você se preparava para tudo desmoronar, se preparava pro adeus. Porque você já viveu aquilo antes, com seus pais, e sabia que a despedida era o que vinha depois. 
Mas Jaemin te surpreendeu, vindo atrás de você e te abraçando, mesmo contra sua vontade e fazendo um cafuné gostoso em seus cabelos.
“Eu nunca vou te deixar sozinha.” ele sussurrou e quando você se acalmou um pouco, ele voltou a falar. “Eu me lembro de como nos sentimos sentados na beira da água, e toda vez que eu olho pra você, parece a primeira vez, parece o dia que eu te vi entrar pela porta da sala e você balançou todo meu mundo. Eu me apaixonei pela garota cuidadosa que cuida de todo mundo menos dela mesma. Você é a melhor coisa que já foi minha.” 
Aquilo foi o suficiente para você chorar ainda mais, se agarrando a ele, a briga totalmente esquecida enquanto vocês relaxavam nos braços um do outro, sabendo que tudo ficaria bem, vocês tinham um ao outro. 
Eventualmente, a situação de vocês melhorou. Jaemin conseguiu um emprego melhor e você também, em um grande escritório de arquitetura da cidade, e aos poucos, as coisas foram se ajeitando. Vocês tinham grandes planos e com alguns anos de trabalho duro, conseguiram comprar seu apartamento e se casaram. E agora você se preparava para dar uma notícia especial. 
“Amor, cheguei!” Jaemin falou alto enquanto entrava no apartamento, indo até você na cozinha. 
“Oi oi, aqui, pra você.” você entregou a caixinha, sorrindo de orelha a orelha. 
“Esqueci alguma data?” ele falou enquanto o pânico tomava sua expressão.
“Não, amor, só quis te presentear.”
“Ah, então muito obrigado, não precisava e…” ele parou no meio da frase, olhando a caixa aberta e depois para você. “Eu vou ser papai?” 
“Surpresa!” 
E com certeza, Na Jaemin é a melhor coisa que você já teve.
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zipmoonchild · 2 months
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It is honorable for a young man killed and mutilated in battle by a bronze spear. In his death everything he has done sounds beautiful. – Homero
Paideia and Areté go hand in hand in order to achieve human excellence. The fundamental idea is the desire for beauty, associated with the concept of truth, goodness and excellence. In this way, in ancient Greece, heroism was differentiated from mere brutal disdain for death, thus generating the desire for death.
A beautiful death was an achievement, an eternal glory that was transformed into memory and poetry for those who were honorable in life, when they went through the formation of the Paideia and the conquest of the Areté. The greatest example is the warrior Achilles, who went through this educational transition and achieved great qualities, then became one of the main characters in the Trojan War, performing honorable deeds and making many sacrifices. Even though he was killed, hit in his weakest point (the heel) by a poisoned arrow, he was remembered in songs, poems and funeral rites. Achilles' glory was worth the life he paid, his honor prevailed with his beautiful death. Therefore, Areté is linked to honor, inseparable from the skill achieved in the Paideia and from merit. The denial of honor In contrast, the greatest human tragedy. This is where the Greek-Roman peoples concentrated their entire social order.
PT-BR
A Paideia e a Areté caminham-se juntos para ser conquistado a excelência humana,a ideia fundamental é o desejo pelo belo,associado a concepção da verdade,do bem,da excelência. Dessa maneira, na Grécia antiga,diferenciava o heroísmo do mero desdém brutal pela morte,logo gerando-se o desejo pela morte.
A bela morte era uma conquista ,uma glória eterna que se transforma em memória e poesia para aqueles que foram honrosos em vida,quando passaram pela formação da Paideia e a conquista da Areté. Exemplo maior,o guerreiro Aquiles que passou por essa transição educacional e conquistou amplas qualidades,então,tornou-se um dos principais personagens na guerra de troia, realizando feitos honrosos e muitos sacrifícios. Mesmo sendo morto,atingido no seu maior ponto fraco ( o calcanhar) por uma flecha envenenada, ele foi lembrado em cânticos, poemas e ritos fúnebres. A glória de Aquiles valeu a vida que ele pagou,a sua honra prevaleceu com a sua bela morte. Pois,a Areté está ligada a honra,inseparável da habilidade conquistada na Paideia e do mérito. A negação da honra é em contrapartida, a maior tragédia humana. Onde os povos gregos-romanos concentra-se toda sua ordem social.
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diegosouzalions · 8 months
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Uma coisa que eu não vi ninguém falando: apareceu a Rainbow Diamond, mesmo tenha sido apenas uma interpretação da Magenta. Ela é muito linda. Curioso a Magenta desenhar ela sem os sapatos e com brincos. Ela é a cara da White
Ela tem o estilo da antiga Grécia ou Roma só que espacial
Parabéns mesmo 💎
Muito obrigado! Realmente pouquíssimos prestaram atenção nisso, mas fico feliz por você ter notado. E realmente, Rainbow tem um design bem diferenciado.
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imninahchan · 4 months
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⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ning yizhuo interpreta CIRCE
𓂃 ഒ ָ࣪ 𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒: AKRASIA ato I, literatura sáfica, narrativa épica, grécia antiga, fantasia, mitologia grega, misandria, ação, harém, literatura erótica (sexo sem proteção, oral fem, sex pollen?, scissorring, a leitora é mais ativa, EEUSEIQUEVOCÊSSÃOTUDOPASSIVONASMASPFVMEDAUMACHANCEVIDASATIVASIMPORTAM, dirty talk).
Tô muito animada pra essa série, eu sou louca por mitologia grega. Tomei a liberdade de completar os mitos a serem expostos no decorrer dos capítulos com a minha própria interpretação criativa, para poder amarrar o enredo. Porém, não deixo de citar as minhas fontes (para esse ato I) sendo a Odisseia, a obra contemporânea Circe e O livro das Mitologias;
Acho que esse é o texto mais rico que eu já produzi, não só porque me levou tempo e pesquisa. Se você gosta da minha escrita como um todo, leia mesmo que não curta literatura sáfica, é só pular qualquer parte sexual que fica safe.
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⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ⓞⓑⓡⓘⓖⓐⓓⓐ ⓟⓞⓡ ⓛⓔⓡ
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───── ⸙.
⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ATO I ⠀⠀ ⠀⠀ o mito de circe
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ESTA CANÇÃO COMEÇA E TERMINA NUMA TEMPESTADE. O raio que corta a imensidão noturna clareia tudo ao redor em vão, pois não há uma porção firme à vista para naufragar os restos do barco.
A trilha incandescente desenha pelo céu, semelhante a uma erva daninha, com seus ramas desaguando de canto em canto, e tomando mais e mais espaço até se perder no horizonte. Gigante, o vazio aberto faz parecer que está presenciando a fúria de um célebre titã, colossal e temido. O clarão que se estabelece pelo momento é capaz de cegar os olhos, construir a fantasia de um eterno vácuo sem cor ou forma.
E o som que sucede o fervor visual te faz tapar os ouvidos, encolhendo a postura. Jura, pelo resto de sanidade que ainda lhe resta, o compasso das ondas chocando-se contra o casco de madeira até muda de curso, como se a frequência reverberante fosse a potência que rege os mares.
O corpo tomba, para o caminho oposto em que a embarcação simplória é jogada. Bate com o peito na borda, os braços são jogados para fora, quase toca a água salgada com a ponta dos dedos. Senta-se sobre o estrado, afogando a pele da cintura para baixo no pequeno oceano que se forma dentro do barco. O supremo do mar não tem motivos para estar te atacando assim, pensa, o irmão dele, sim, pode estar enfurecendo o cosmos para te impedir de atracar em segurança. Quer a sua morte, nenhum rastro do seu cadáver quando a carcaça de madeira despontar em uma ilhota qualquer. Ninguém saberá nem a cor dos seus olhos.
— Nêmesis! — esforça-se para bradar mais alto que o repercutir das ondas quebrando.
Levanta-se num único impulso. Mal se alinha sobre os próprios pés, cambaleia conforme a embarcação nada por cima da maré, até se escorar no mastro. Abaixa o olhar.
— Nêmesis... — o título divino ecoa, agora, com mais fraqueza, tal qual um sussurro em segredo. Cerra os olhos. — Eu louvo a Nêmesis dos olhos brilhantes, filha de Nyx de capa escura...
Ó, grande deusa e rainha, Celebro-vos, a vingadora dos oprimidos, Que observais, que garantis que todo mal seja punido. Imparcial e inflexível, distribuidora da recompensa certa, Escutai meu lamento.
— Injustiça atormenta minhʼalma — confessa. — Sejais o corte da minha lâmina quando eu cruzar o destino de meu inimigo. Não deixeis que o sopro de vida opoente seja mais eterno que o meu. E eu vos prometo: será a minha alma pela dele.
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QUANDO CIRCE NASCEU o nome para o que ela viria a se tornar ainda não existia. Chamaram-na, então, de ninfa, confiando que seria como a mãe, antes de si, e as tias e as centenas primas. Modesto título, cujos poderes são tão singelos que mal podem assegurar-lhes a eternidade. Conversam com peixes e balançam-se em árvores, brincando com as gotas de chuva ou o sal das ondas na palma da mão. “Ninfa”, eles a chamaram, não apenas como em fada, mas em noiva.
Sua mãe Perseis era uma delas, uma náiade, filha do grande titã Oceanos e guardiã das fontes e águas doce. Belíssima, de ofuscar os olhos ao focar em outra coisa senão o brilho de sua pele feérica. Captura a atenção de Hélio, numa de suas visitas aos salões do primogênito dos titãs. Não havia nada igual Perseis.
Oceanos tinha uma aparência abatida, de olhos fundos na cara e uma barba branca beirando o colo. Seu palácio, entretanto, era um exímio refúgio situado nas profundezas das rochas terrestres. A estrutura se levantava em arcos altos, os pisos de pedra reluziam como a derme de bronze no corpo de Hélio. Pelos corredores amplos, era possível ouvir a dança das ondas, liderando a um infinito caminhar em que não se sabia o começo ou fim do leito rochoso. Nas margens, floresciam rosas acinzentadas, em cachoeiras dʼágua onde se banham as ninfas. Rindo, cantando e distribuindo as taças douradas entre si. Ali, se destacava Perseis. Não havia nada igual Perseis.
— E quanto àquela? — Hélio sempre se apaixonava por coisas belas, era seu defeito. Ele acreditava que a ordem natural do mundo era agradá-lo aos olhos.
Oceanos já conhecia o caráter do titã do sol, o brilho dourado em todos os netos que corriam de um canto ao outro pelos salões não o deixava esquecer.
— É minha filha Perseis — responde, num suspiro cansado. — Ela é tua, se desejar.
Hélio a encontrou no outro dia. Perseis sabia que ele viria, era frágil mas astuta, a mente feito uma enguia de dentes pontiagudos. Sabia que a glória não estava nos bastardos mortais e quedas nas margens dos rios. Pois quando estiveram frente a frente negociou, “uma troca?”, ele perguntou, poderia tê-la em seus lençóis apenas através do matrimônio. Teria o encanto de outras flores nos jardins que se espalham pela terra, mas nenhuma delas jamais reinaria em seus salões.
No dia de seu nascimento, Circe foi banhada e envolvida pela tia — uma das centenas.
— Uma menina — anunciou.
Hélio não se importava com as meninas. Suas filhas nasciam doces e brilhantes como o primeiro lagar de azeitonas. E mesmo quando olhou para o bebê emaranhado na colcha, sem reconhecer seu esplendor jovem, manteve sua fé.
Circe não era nada como Perseis.
— Ela terá um casamento digno — o titã acariciou a pele recém-nascida, feito uma bênção.
— O quão digno? — Perseis soou preocupada.
— Um príncipe, talvez.
— Um mortal?
— Com o rosto cheio dessa forma... Não sei se podemos pedir por muito.
A decepção estava clara na face de Perseis.
— Ela vai se casar com um filho de Zeus, com certeza — ela ainda insistiu, gostando de imaginar-se em banquetes no Olimpo, sentada à direita da rainha Hera.
Circe cresceu rápido — ou perdeu a noção do tempo enquanto cuidava dos irmãos. Os pés descalços correndo pelos corredores escuros do palácio do pai, sem um nome pelos primeiros quinze anos de vida. “KIRKE”, a chamaram, a princípio, para repreender quando olhavam nos profundos olhos amarelados e o choro estridente como uma águia que se senta ao canto do trono de Zeus.
O palácio de Hélio era vizinho a Oceanos, enterrado nas rochas da terra. As paredes pareciam não ter fim, extraídas de obsidiana polida. O titã do sol escolheu a dedo, gostava como a pedra refletia sua luz, superfícies lisas pegavam fogo quando ele passava. Mas não pensou na escuridão que deixaria assim que partisse.
Circe viveu na noite. As vistas demoram a se acostumar com o clarão que as rodas da carruagem celestial do pai descia dos céus. Bem-vindo de volta, papai, clamava, porém era recebida em silêncio.
Aos poucos, se acostumou a não falar tanto. Não retribuir, não repreender, não se opor. Não questionava por que não reluzia na água feito as outras náiades, ou tinha os cabelos castanhos e sedosos, por mais que os escovasse com os pentes de marfim. Na época de se casar, também não argumentou contra o matrimônio com um príncipe de uma cidade qualquer. Até hoje, ela não se lembra do nome exato.
Para classificá-lo, poderia usar um termo que fosse do horrendo ao desprezível, com tranquilidade. Sua boca tinha gosto salgado, e o som de sua voz martelava profundo na cabeça da jovem toda vez que abria a boca para dizer algo. Circe não se agradou da cama, da casa, das restrições, dos apelidos enfadonhos que recebia nas noites em que o álcool o tomava o juízo. Então, ela o matou.
Rebelde, insensata, má, foram algumas das palavras que ouviu de sua mãe ao ser devolvida nos salões do palácio. Era incompreensível para Perseis como sua filha havia retornado para casa sem uma moeda de ouro ou um herdeiro para recorrer um trono. Os cochichos sobre ervas e misturas de água quente não faziam sentido, de onde a prole de uma náiade saberia dosar veneno no cálice de vinho de alguém?
Hélio não sabia o que fazer, consumido pela decepção que tanto esforçou-se para afugentar, embora tenha visto nos olhos daquele bebê o destino miserável que o aguardava. Não queria ouvir quando os sussurros contavam sobre o terror daquele banquete em que o príncipe fora transformado em um besouro azul e pisoteado pela esposa de olhos amarelos.
Só que escutou quando Zeus murmurou em seu ouvido uma solução.
— Se odiais tanto a presença de um filho sem honra, exilai-o longe de suas preocupações.
O castigo pareceu justo. Sozinha, em exílio, Circe não seria a aberração do palácio do titã do sol. Não sentiria mais o gosto salgado dos beijos, as mãos ásperas que um dia já envolveram seu corpo. Seria somente ela e aquilo a que deu o nome de magia. E todo homem que aportasse em cais teria o mesmo fim que o primeiro.
Mas o corpo que amanheceu em sua praia não pertencia a nenhum homem.
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OS SEUS OLHOS SE ABREM DEVAGAR, a visão turva impede que reconheça perfeitamente o ambiente em que está, mas as curvas sem foco à sua frente não negam que se encontra sobre o teto de alguém, em um cômodo bem iluminado e decorado. Pisca as pálpebras, apetecendo, agora, com a pontada que sente se desprender quase que de dentro do cérebro.
Zonza, sente a cabeça pesada. Recosta na parede atrás de si. Os músculos, inicialmente, dormentes te dão a impressão de que está nas nuvens, flutuando. Até que a realidade bate e mais dores se somam ao desconforto. As pernas latejam, mas a pele está emaranhada em um tecido suave e escorregadio. Os braços doem, formigando, e só se dá conta do porquê de tamanho incômodo quando olha para os lados e percebe os punhos erguidos no ar por um pedaço de pano amarrado ao dossel de madeira da cama.
A primeira reação, claro, é se soltar. Luta contra a própria dor para puxar os punhos em direção ao corpo deitado para afrouxar as amarras, força ao máximo que o estado debilitado permite, ouvindo o estalo da madeira. Porém, é em vão.
Franze o cenho. Não deveria ser tão difícil para você conseguir se libertar assim, até que o ressoar de risadinhas doces ecoam pelo cômodo e levam os seus olhos para a beirada da cama, aos seus pés.
Vê a forma que as cabecinhas formam montanhas com seus cabelos esverdeados. Os olhinhos curiosos se erguendo do “esconderijo” para espiar a movimentação que se dá sobre a cama. Murmuram entre si, sorrindo. Ninfas, você soube na hora. Mas elas servem a alguém, quem era sua senhora?
— Saiam, saiam! — a resposta surge com o chegar de outra mulher ao recinto. Ela balança as mãos, causando um alvoroço entre todas as criaturas que estavam escondidas debaixo dos móveis para descobrir mais sobre o estranho que aportou naquela manhã.
As ninfas choramingam, passando por cima das mesas, jogando as peças de cerâmica no chão, mas não desrespeitam a ordem. Deixam todas o quarto, fechando a porta ao saírem.
— Perdoa pela confusão — a mulher diz, com um sorriso —, elas estão morrendo de curiosidade.
Você a assiste se aproximar mais. Acompanha como caminha em paz ao móvel à sua direita para despejar um pouco do líquido da jarra para o cálice. Se vira com o objeto em mãos, te oferecendo.
— Onde estou? — é o que a pergunta.
— Na minha casa — ela responde. — Bebe.
— Me solte — pede, ignorando completamente a oferta. — Com certeza, não estou no lugar onde deveria estar. — Torna a face para o próprio corpo estirado sobre o tecido e não reconhece a roupa que está vestindo. — O que fizeste com as minhas coisas? Onde estão minhas coisas?
— As ninfas te acomodaram — justifica. — A roupa molhada não te faria bem, e não havia mais nada contigo quando te encontramos na praia. Vamos, bebe.
— Mentira! — roga, virando-se para ela mais uma vez. O cálice está a milímetros dos seus lábios, mas não cede. — Eu trazia uma bolsa comigo, em meu barco, e quero de volta.
A mulher parece se controlar para não perder a paciência, respira fundo. Senta-se no cantinho da cama.
— Escuta — começa —, se estavas em alguma embarcação no caminho para cá, os destroços estão no fundo do oceano. Não havia mais nada além de ti.
Você escuta, mas claramente não digere.
— E se não queria perder sua bolsa — ela continua —, deveria tê-la segurado com mais força.
Argh, você grunhe, não conformada com o que ouve. Os braços doloridos voltam a ser flexionados, conforme tenta escapar mais uma vez.
— Não gaste tanto esforço — ela te aconselha —, não vai se soltar.
— O quê... — murmura, impaciente. Te aflige a forma com que puxa com o máximo de força que possui e mesmo assim o tecido nem fraqueja. — On... Onde estou? Que lugar é esse? Não te pedi para que me trouxesse para cá!
— Por que é tão ingrata? — levemente se irrita. Hum, resmunga, erguendo-se para largar o cálice de volta no móvel onde estava. — Está me fazendo arrepender de ter sido tão boa...
— Boa?! — repete, incrédula. — Me mantém presa à tua cama!
— Porque não confio em ti.
— Pois eu não confio em ti.
Ela pende a cabeça pro lado, te observando com pouco crédito. Se inclina, de surpresa, apoiando as mãos nos cantos do seu corpo debilitado para estar pertinho do seu rosto quando diz “certo, quer sair?”
— Espero muito que seja uma guerreira habilidosa e não uma filha de pescador qualquer, porque aí pode conseguir caminhar para fora deste palácio antes que os lobos te peguem. — O tom na voz dela é de pura gozação, como se menosprezasse até o ar que você inala nas quatro paredes do domínio dela. — E que os deuses te protejam para que não seja devorada pelos leões no caminho à praia e possa morrer de exaustão nadando sem rumo pelo oceano.
A ameaça em si não te assusta, o que desperta o seu alarde é a descrição singular. Na mente, as pecinhas desse quebra-cabeça vão se unindo para formular uma resposta para as suas perguntas.
Se lembra da fúria que enfrentou naquela tempestade a mar aberto, sem saber se sobreviveria e onde os destroços do naufrágio iriam parar. No entanto, as suas preces parecem ter sido ouvidas, pois Nêmesis te trouxe para a casa de uma das mulheres mais fascinantes da qual já ouviu falar.
Se lembra do eco da canção nas noites de festa, a lira ao fundo acompanhando a voz que recitava os versos sobre a lenda de uma jovem rebelde, insensata e má. Em exílio em uma ilha, à espreita de nobres cavalheiros que aportassem em seu cais. Embebedando cada um em seus banquetes de recepção e transformando-os em criaturas variadas para cultivar seu zoológico pessoal.
É, você a conhece muito bem. Deveria ter se tocado assim que colocou os olhos no olhar profundo e amarelado como uma águia.
— Esta é Eéia — anuncia o nome da ilha. — Tu és Circe — um sorriso ameaça crescer nos lábios da mulher —, a primeira bruxa.
Circe endireita a postura, não sabendo bem como receber esse título.
— Então é assim que me conhecem... Interessante — murmura, de queixo erguido.
— Cantam canções sobre ti, seus feitos.
— Hm, é mesmo?
— Circe dos olhos de águia. Algumas aldeias te veneram.
— Me bajular não vai fazer com que eu te solte.
Você meneia o rosto para o lado contrário, sem graça depois que suas intenções são desmascaradas. Porém, é obrigada a encará-la novamente mais quando ela te segura pelo queixo, “é minha vez de fazer as perguntas agora.”
— Qual teu nome? Da onde vens?
As suas palavras são engolidas, não emite um som em resposta sequer. E Circe espera, de bom grado, olhando no fundo dos seus olhos em busca de uma pista qualquer, mas não encontra nada.
— Além de ingrata, é muito egoísta — te diz —, como pode saber tanto sobre mim quando não sei nada sobre ti? — Sorri, soltando teu rosto. — Se não vai falar, te aconselho a beber — torna a atenção para o cálice cheio —, até que eu me decida o que fazer contigo, não quero que morra desidratada.
Se inclina, com aquele mesmo tom gozador de antes. “Sabe, é a primeira vez que isso me acontece” , ela conta, “normalmente, eu convido os marinheiros para um banquete e os amaldiçoo, eu odeio marinheiros. Mas tu não és um marinheiro como os outros... Então, pode ser que eu demore um tempo até me decidir.”
E ela não tem pressa. Os dias se somam, pela manhã as ninfas adentram o quarto para te alimentar e saem logo em seguida, silenciosas, porém risonhas. Não vê ou escuta a bruxa, como se ela nem existisse ou fosse a dona daquele palácio. O que compõe a sinfonia para os seus ouvidos é o som dos animais de pequeno porte que invadem pela janela, feito os macaquinhos e os pássaros, e o rugido dos leões. À noite, por vezes, o que julga ser uma união das vozes doces das ninfas te mantém acordada. Os gemidos prolongados, longe de choramingar por dor, mas por prazer.
Não demora a compreender que para Circe, você não tem valor algum. Com o tempo, não tem dúvidas, as servas deixaram de te trazer o cálice de kykeon com uma mistura fortificada com cevada e morrerá de fome. E se não tem valor nenhum à bruxa, talvez seja melhor mostrar para a bruxa que ela tem valor para ti.
— Diga a tua senhora que estou pronta para falar com ela — é o que orienta as ninfas numa manhã.
Circe manda organizar um pequeno festim. Você recebe uma túnica nova e um par de sandálias de couro. É banhada, vestida, o cinto lhe molda a cintura. Quando sai do quarto pela primeira vez, a decoração do lado de fora não se diferencia muito do que via no confinamento. Peças de cerâmica espatifadas pelo chão, cortinas rasgadas pelos animais, as formosas ninfas penduradas nas pilastras, olhando-te com sorrisos bobos nos lábios vermelhinhos.
Atravessa o pátio até o grande salão, sentindo-se pequena entre as feras deitadas sobre o mosaico imenso. Circe está deitada num divã, puxando as uvas do cacho e rindo. Traja uma túnica com detalhes em vermelho e dourado, unida no ombro esquerdo pelo broche de cabeça de leão. As tochas e as velas ajudam a lua a iluminar o ambiente. Ao canto, o som da lira se mistura aos demais instrumentos de sopro e o som da ninfa que cantarola com um coelho no colo.
— Ah, aí está ela! — O sorriso de Circe aumenta ao te ver. Apanha a taça na mesinha de apoio cheia de frutas e o ergue no ar, como se brindasse sozinha, antes de beber um gole.
As servas te acomodam à mesinha redonda em frente ao divã, sentada sobre as almofadas e os lençóis estirados. Um cálice te é oferecido, adoçam o vinho com mel para que a bebida forte desça mais facilmente pela garganta seca. Prova do peixe frito, controlando a própria fome para não parecer ingrata pela sopa que recebia todos os dias.
Os aperitivos parecem se multiplicar nas mesinhas espalhadas pela área coberta, chamativos. Mas você precisa manter a cabeça em foco.
— Espero que perdoe meu silêncio — faz com que a voz sobressaia de leve por cima da música, do canto em coral e do som dos passos dançados no pátio.
Circe espia brevemente na sua direção, com um sorriso pequeno.
— No teu lugar, eu também temeria.
Você leva uma unidade do cacho de uvas à boca, sentando-se aos pés do divã.
— Mas não preciso temer-te agora, preciso?
A bruxa lhe oferece mais um olhar, dessa vez com o sorriso mais largo.
— Pareço com alguém que deve temer?
É a sua vez de sorrir, desviando a atenção para o festejo que as ninfas realizam entre si.
— Não estava em meus planos atracar em tuas terras — admite a ela —, mas estou contente que assim o fiz. Tens me alimentado e por isso sou grata.
— Sou benevolente demais, é um defeito meu.
— E muito inteligente, eu suponho. Especialmente porque vai aceitar a minha oferta.
Ela aperta o cenho, não te leva a sério.
— Oh, tem uma oferta pra mim? — o tom divertido não te intimida.
— Estava certa ao duvidar de uma mulher que naufraga sozinha na tua praia — começa, em sua própria defesa. — Eu não sou filha de um pescador, ou de um comerciante qualquer. Eu naufraguei na tua ilha porque estava fugindo.
Agora, ela se interessa, “e do que estava fugindo?”
— Do meu destino — a sua resposta não é a mais precisa de todas, porém é suficiente. — Uma grande tempestade assombrava o mar naquela noite, eu, de fato, pensei que não fosse sobreviver. Mas eu rezei para que aquele não fosse meu último suspiro, e as minhas preces me trouxeram para cá, para que eu possa concluir a minha missão.
— E que tipo de missão é essa?
Você desce o olhar para o cálice em mãos. À medida que o vinha desaparece, a pintura de um guerreiro empunhando a espada surge no fundo da taça. Vingança.
— Irei subir até o topo da morada dos deuses e castigar Zeus por toda tormenta que trouxe à minha vida.
Talvez fosse a ousadia de subir o monte sem ao menos dispor de um veículo de locomoção, e possivelmente o nome sagrado dito com tamanho desprezo, Zeus, que faz Circe rir como se tivesse ouvido a piada mais bem contada no palco de uma peça.
— Quer se vingar de Zeus?! — claramente não leva seus planos a sério. — Ah, querida, não tem nem uma adaga de bolso para a viagem. Eu posso envenenar-te com esse cálice que segura e tu não conseguirias se defender. E fala de matar Zeus?! O Deus dos Deuses?
Você finaliza o vinho, para mostrar que nem a ameaça da boca pra fora dela te faz temer.
— Não tenho uma espada comigo agora, é verdade. — A olha. — Mas você me dará uma.
Circe apoia o cotovelo no descanso do divã, para chegar mais perto de ti.
— Sinto que as canções que cantaram-te eram enganosas — rebate, com a voz afiada —, pois não sou nenhum mestre da forja. Eu não crio coisas, querida, eu as transformo.
E você não se deixa intimidar.
— Não, não terá que criar nada — argumenta. — A espada que empunharei até o Olimpo será feita pelo próprio ferreiro dos deuses.
— Hefesto? — ela duvida mais uma vez. — E ele já está ciente dessa loucura?
— Ele estará, assim que chegarmos ao Submundo.
O som da risada divertida da bruxa se destaca entre a orquestra. Circe joga a cabeça para trás, manejando a taça em mãos. Recupera o fôlego sem pressa, cruelmente debruçada na comicidade para te penetrar o mínimo de juízo.
Para você, entretanto, não existe uma frase racional sequer que possa te fazer desistir do plano que elaborou meticulosamente em todos esses dias de confinamento. Enquanto as ninfas te alimentavam, tratavam as feridas superficiais que o naufrágio deixou, e os animais passeavam pela sua cama, a mente entrelaçava um percurso ousado desde de Eéia até a região da Tessália. Todas as cidades em que iria passar, com quem iria conversar e quem iria matar pelo caminho.
O riso que recebe agora é só um prelúdio para o choro incessante que despertará no panteão.
— Quando Hefesto me construir a espada, eu te entregarei o metal — você prossegue, inabalada —, e caberá a ti transformá-lo.
“Te confiarei o meu sangue, pois somente um deus pode matar outro deus”, fala, “para que abençoe a espada, e faças dela uma matadora de deuses.”
O sorriso de Circe diminui aos poucos, és uma semideusa, murmura, se familiarizando melhor com a situação que lida.
— Oh, entendo agora... — o indicador circula pela beirada da taça. — Este é um impasse familiar? Por isso quer vingança... Mas, se tratando de família, temo que devo me retirar, pois já tenho impasses desse tipo por conta própria.
Você não se dá por vencida facilmente.
— Pense em tudo que conquistará — apela. — Depois que eu matar Zeus, e eu o matarei — frisa —, quem estará sob o comando do Olimpo, uma vez que eu não disponho de nenhum interesse de poder?
— A Rainha, certamente.
— Não quando o rei dela cairá pelas minhas mãos. — Você se apruma de joelhos, mais pertinho do corpo estirado no divã. — Pode ter muito mais do que a Ilha. Uma mulher tão poderosa quanto tu não deveria estar exilada e solitária.
— Não estou sozinha.
— Eles cantam canções sobre ti, Circe. Sobre teu poder, tua grandeza. Não imagina quantas garotas por aí queriam poder gozar dos mesmos encantos que prega para se protegerem dos homens do mundo.
Apoia-se com a palma no descanso do estofado para se posicionar atrás dela. A boca ao pé do ouvido, feito uma tentação. “Poderia ser adorada como uma deusa, e responder às preces que te rogam.”
“Não tem que se contentar com os marinheiros que aportam uma vez a cada lua cheia, ou às vezes nem mesmo atracam... Não nasceste para viver nessa ilha, por mais que tenha se acostumado a chamá-la de lar. Está aqui porque te colocaram aqui. Zeus te colocou aqui.”
— Meu pai me colocou aqui — ela retruca, cuspindo cada palavra após terem tocado em sua ferida ainda aberta.
— Porque ele ouviu Zeus — você corrige mais uma vez. — Hélio teria feito diferente se não fosse pela influência daquele que chamaram de Deus dos Deuses.
— Você não conhece meu pai.
— Mas conheço Zeus.
“Eu sei do que ele é capaz”, completa. “Eu vivi a sua fúria, se eu não tenho mais uma casa para qual retornar é por sua culpa. Ele já nos causou mal demais”, aproxima-se do outro ouvido, para sussurrar: é hora de fazê-lo pagar.
Circe mantém a postura. Os olhos de águia, antes tão caçadores, agora fogem do seu olhar. Beberica do vinho em mãos, murmurando um “vou pensar com misericórdia”, tentando trazer de volta o mesmo tom gozador que já usou previamente contigo.
— Levem-na para celebrar! — orienta as servas, com aceno das mãos.
— Eu não celebro — você contradiz, em vão, pois as mãozinhas finas das ninfas te tocam os ombros e guiam para fora da área coberta.
É levada até o pátio, no centro do mosaico. Aos seus pés, o desenho que se forma com pedrinhas coloridas ilustra a cena de uma batalha sanguinária, a lâmina reluzente é erguida à mão de uma mulher. Dizem, nos cânticos, que o mosaico encantado no palácio da primeira bruxa revela aos olhos desatentos dos homens que ela embriaga o futuro que os aguarda.
Guerra, sangue, destruição. As faces assustadas e o mar de cabeças rolando não te aflige.
À sua volta os corpos belos e mal vestidos da ninfas rondam-te como presas. Cabelos extensos, passando da cintura e quase no joelho. O brilho da pele feérica cintila sob o banho da lua, somam-se ao ecoar dos instrumentos de sopro, ao tambor, e as vozes tão melosas quanto o mel que adoçou teu vinho.
Se cobrem com o véu, para valsarem ao seu rodar em sincronia. De repente, está com a visão totalmente monopolizada por elas. Aquilo que dizem sobre as ninfas, sua capacidade de hipnotizar quem quer que almejem, aqui pode provar da procedência. Talvez seja o efeito do álcool que ingeriu, é uma boa explicação senão o misticismo daquelas criaturas da floresta, quando a visão fica turva, perdendo o foco de supetão e voltando ao normal.
Sente o som dos tambores batendo no seu coração, o corpo pesar. Esquenta a pele, como se a temperatura ambiente tivesse ido às alturas em um verão mais árido que o normal. Cambaleia, perde a noção de equilíbrio. As vozes cantam no fundo do seu ouvido, parecem moldar o caminho incorreto que as suas sandálias traçam.
Olha ao redor, em busca de algo que faça sentido, e só enxerga a insanidade. Os sorrisos imorais, o mover depravado de corpo em corpo. Os rostinhos falsamente inocentes abraçados às árvores do jardim. Corpos se eriçando feito bestas, unhas pontiagudas como garras de caça. Olhos brilhando na escuridão que se guarda nos limites do refúgio infame da bruxa.
Mas um olhar se destaca entre o mar de lascividade. Grandes, profundos, amarelados. Estreitos nas pontas como uma águia.
Você pisa em falso, vai de encontro ao chão para ser recebida pelo conforto de almofadas e mantas, e descansa a nuca no pelo de um leão. O par de mãos que sobe pelas suas canelas não se importa com o limite que a sua túnica estabelece. Toque quente, queima junto à sua pele, arrepia até o último fio de cabelo. E aqueles olhos ferventes... Aqueles malditos olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Olhos de quem percebe tudo, tudo sem dizer nada.
— Circe — chama o nome dela, segurando em seus ombros, como se evocasse um demônio. — Não me tente, bruxa.
— É isso que achas que estou fazendo? — O sorriso ladino se espalha pela boca como verme. A ponta do nariz roça na sua, respiração soprando contra o seu rosto.
Ardilosa, ela se acomoda sobre o seu colo, permite que o calor entre as pernas te aqueça o ventre por cima da fina camada de tecido que ainda lhes cobre a nudez. Os longos cabelos negros recaem para o canto, conforme se inclina, “nunca conheci nenhuma mulher além das ninfas”, ela conta, “me deixe experimentar você.”
É o feitiço em efeito, só pode ser, pois se doa sem pensar muito nas consequências. A última vez que vê o rosto dela é quando já está se aproximando no meio das suas pernas, com um sorriso libidinoso e os quadris eriçados, de quatro sobre o chão.
Encara a lua cheia no céu noturno. A imensidão vazia às bordas só não te captura a atenção porque o baixo ventre se remexe em prazer. Sente o carinho dos dedos te circulando, escorregando entre as dobrinhas conforme se molha mais e mais. O nariz se esfrega no seu monte de vênus, sensual, inebriando-se no seu cheiro antes de te provar o sabor. Quando a boca vem, você se agarra aos lençóis ao seu redor.
Pode ouvir os sons das ninfas, jura, uma orquestra erótica se fortificando ao pé do seu ouvido como se quisesse te levar à loucura. Desce as mãos pelo próprio corpo, toca os fios escorridos da moça e os toma na palma. Feito a guiasse, mantém o controle da carícia que recebe. Os olhos se fecham, um suspiro longo deixando o seu peito ao se entregar mais e mais. Desde que saiu de casa, empurrando aquele barco simples pela areia até a praia, de todos os possíveis cenários que protagonizaria em seu futuro, nenhum deles envolvia estar aqui onde está, com quem está, fazendo o que faz agora. E não é como se arrependesse, entenda.
Encontra-se à beira, quase derramando, mas não permite-se entregar ao deleite. A ergue pelos cabelos, bruta na maneira de manejá-la de volta aos teus braços. É fácil romper o broche de cabeça de leão na altura dos ombros alheios, maior ainda é a facilidade para desfazer as amarras da túnica que ela usa.
Num movimento único, a coloca sob ti, tão habilidosa com a arte de mover-se que arranca um daqueles sorrisinhos debochados que ela tem. A separa as pernas e se posiciona de modo que possam ficar bem encaixadinhas. A conexão é tão úmida, o seu desejo se misturando ao dela quando se encontram dessa forma. Deixa que a perna dela descanse no seu ombro, movendo os seus quadris contra o corpo feminino.
Circe leva a mão à sua cintura, aperta. Puxa o seu cinto, desfaz a cobertura que a túnica promove somente para poder arrastar as unhas da sua barriga às costelas. E você grunhe, ardendo não só pelo carinho arisco, mas pela ousadia de quem tecnicamente está sob seu controle.
— Má — a sua voz soa mais baixa, num murmuro como se não quisesse que ninguém além dela escutasse. — Pensei que fosse boa, esse era o seu defeito, não era?
Ela se delicia com as palavras, com o tom aveludado. Eu sou quem eu quero ser.
Amar Circe foi uma das melhores coisas que já fez, não só pela experiência nova e erótica, mas também pela conexão que se estabelece ao fazer dela sua primeira companheira. Deita ao canto dela, ao fim, quase se perde com o olhar pelo desenho do corpo nu, de lado com a cabeça sobre os lençóis macios. Os cabelos negros recaem em cascata, são jogados para trás e limpam o rosto corado, os olhos brilhantes.
Ela encolhe de leve a postura, o ombrinho tocando a bochecha.
— Eu vou contigo — diz.
Você apenas sorri, num suspiro que mistura o cansaço e o alívio.
— Mas, se me trair... — ela ameaça.
— Não vou te trair — garante. — Pareço com alguém que deves temer?
Tomam a noite para si, para o ócio. Com o nascer da manhã, porém, devem de partir. Faltam quatro dias para o fim do verão, e se querem uma passagem para o Submundo, estão com o tempo contado.
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dansiqueira · 1 year
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História da Filosofia Antiga - Uma introdução sobre o surgimento da democracia ateniense
A democracia ateniense é considerada uma das primeiras formas de governo democrático na história ocidental. Ela surgiu em Atenas, na Grécia Antiga, por volta do século V a.C., em um período de grande efervescência cultural, política e social. Naquele momento, Atenas havia se tornado a cidade mais importante da Grécia, graças ao seu poder econômico e militar. A democracia ateniense surgiu em um…
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astcrixs · 4 months
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I. INTRODUÇÃO
XOLO MARIDUEÑA? Não! É apenas ASTERIOS, ele é filho de ESCULÁPIO do chalé VINTE E SETE e tem VINTE E UM ANOS IDADE DESCONHECIDA. A TV Hefesto informa no guia de programação que ele está no NÍVEL III por estar no acampamento há CINCO ANOS, sabia? E se lá estiver certo, RIO é bastante CARISMÁTICO mas também dizem que ele é CABEÇA-DURA. Mas você sabe como Hefesto é, sempre inventando fake news pra atrair audiência.
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II. RESUMO
Asterios nasceu na Grécia antiga, em Atenas, na época em que a cidade-estado grega, juntamente com Esparta, era um dos polos, dada como uma das mais poderosas dentre as civilizações. Ele não conheceu sua mãe, tendo crescido sob a tutela de um filósofo charlatão, devoto de Asclépio, na periferia até seus oito anos, quando foi alistado no exército ateniense. Por sua mente extraordinária e seu cuidado com seus aliados, ele acabou por chamar a atenção de uma filha de Zeus, que o convidou à sua companhia e, aos quinze, tornou-se estratego do batalhão de semideuses que ela coordenava.
No ano seguinte em que foi instituído no cargo, uma missão foi dada ao batalhão pelo próprio rei dos deuses, à sua filha, mais especificamente. A missão era de resgate de seu meio-irmão, outro filho de Zeus, capturado por soldados persas devido à guerra que acontecia entre os povos. Haviam recebido um mapa de Hermes para essa missão, no entanto, acreditando que não seriam capazes de interceptar as tropas inimigas antes de chegarem em território persa, Asterios optou por um atalho. Atalho o qual custou a vida de seus companheiros nas garras da Quimera, assim como sua própria dignidade, manchada mental e fisicamente por Zeus com uma maldição.
Com seu psicológico destruído, o jovem ateniense se voltou à bebida para acalmar seu coração, no entanto, o que encontrou foi uma taverna, Lótus, onde ficou aprisionado durante mais de 2500 anos. A taverna se mudou para o novo mundo junto com os deuses e se tornou o que hoje é conhecido como Hotel e Cassino Lótus. Não se sabe o motivo de Asclépio ter decidido tirar o filho de dentro do Cassino, mas o que se sabe é que também retirou dele suas memórias mais dolorosas, portanto, o que se lembra do passado são apenas fragmentos que aparecem em seus pesadelos.
III. HISTÓRIA COMPLETA
Alguns dizem que Asterios nasceu quando uma rainha grega chamou a atenção do Deus da Medicina, outros dizem que ele veio da união de uma Musa e Esculápio, mas a realidade é que pouco se sabe sobre o passado o rapaz, afinal, nem mesmo ele sabe a história completa. Tudo que se sabe é que Asterios é um sobrevivente e um ótimo comediante em horas vagas. Desde que se lembra esteve sob o zelo de Agapetus, um filósofo e médico charlatão, devoto de Asclépio, mas sua vida nunca foi fácil; era obrigado a usar sua mente criativa para tornar as palavras de Agapetus verdadeiras aos olhos daqueles que ele tentava enganar sugerindo poções, ervas mágicas e a cura para as febres e tosses.
Sua história começa realmente aos seis anos, nas terras atenienses, sendo perseguido por criaturas que o imaginário mortal não conseguiria produzir nem sequer em uma vida. As vestes rasgadas, o sangue e o suor se misturando em seu corpo infantil, fazendo arder as feridas abertas, o fôlego escapando por entre suas inspirações, e o terror invadindo seu coração, em pânico, enquanto corria, vez ou outra olhando para trás, para aqueles olhos brilhantes, dourados, em meio à escuridão, cada vez mais próximos. Mesmo que a força já lhe deixasse os músculos, o ar ficasse cada vez mais difícil de se respirar e sua consciência já piscasse, não desistiu. Quando já não havia mais esperança em sua mente, um brilho de luz fez acender a área ao seu redor, o grito monstruoso atrás de si sumindo tão rápido quando surgiu. Esse foi seu primeiro encontro com seu pai, que até então julgava ser apenas o Deus que serviam.
Sob as orientações de seu pai, seguiu trabalhando com Agapetus, aos poucos guiando o homem no verdadeiro caminho da medicina. Sugeria livros e revisões, explicava as ervas medicinais, mostrava misturas que um dia se tornariam medicamentos... Isso durou pouco, entretanto. Tempos de guerra eram famosos por tirar a vida de pessoas que menos as desejavam. Aos oito anos, foi alistado no exército de Atenas, treinando sob a tutela de Lysander, um homem grisalho, rígido, conhecido como veterano de diversas batalhas, mas ferido em guerra e promovido a instrutor para poder repassar seus ensinamentos. Por dois anos treinou sob as asas dele, cada dia um treinamento mais infernal que o último; por suas conexões a Esparta por parte de sua família, o homem não era nem um pouco misericordioso. Isso teria feito de Asterios apenas mais um soldado a cegamente seguir a doutrina do exército, no entanto, ao mesmo tempo que Lysander os condenava ao Hades diariamente, à noite, suas lições eram com Irene, uma devota da deusa da sabedoria que dava nome à cidade-estado, que ensinou a ele estratégia, mas, acima de tudo, modéstia e compaixão.
Os anos de serviço serviram para moldar o caráter de Asterios na pessoa que viria a ser, mas o que realmente selou seu destino foram suas primeiras missões com o batalhão da retaguarda, onde trabalhou incessantemente para guiar seus colegas nas artes da medicina, para poderem assim ajudar os soldados caídos durante as batalhas travadas. Por mais cinco anos serviu nesse batalhão, resgatando os guerreiros mais imponentes que se feriam, fazendo o nome do grupo, que viria a ser conhecido como paraïatrikós (παραϊατρικός), ou paramédicos; termo o qual se perderia na tradução anos depois e voltaria a se tornar importante apenas no futuro. Sua devoção à prática e sua mente estratégica e criativa foram o que culminaram o interesse de Ambrose, filha de Zeus, uma comandante de uma companhia especial do exército ateniense, responsável pelo maior número de vitórias. O convite veio quase como uma ordem de seus superiores para sua realocação imediata à posição de estratego, uma posição de bastante importância, no regime de Ambrose, mas isso viria a se tornar verdadeiramente um caos.
Pelo ano que se sucedeu, guiou habilmente o esquadrão sob comando da filha de Zeus, sempre acertando em suas predições, assim como prestando primeiros-socorros em soldados durante as batalhas. Devido ao sucesso, a glória recebida por Ambrose chegou aos ouvidos de seu pai olimpiano, que a concedeu uma missão direta sob a promessa de eterna glória. A missão era de resgate de um semideus aprisionado, um filho de Zeus como ela, nascido em terras gregas aliadas, mas não em Atenas; Asterios advertiu sobre os perigos que uma missão como aquelas podia oferecer, mas a comandante havia sucumbido ao orgulho típico das proles dos Três Grandes. Sob cobrança de um favor, que Rio nunca viria a descobrir qual fora, o Deus dos Mensageiros, Hermes, forneceu a eles um mapa detalhado, capaz de localizar seus objetivos. Com esse mapa, o filho de Asclépio traçou a rota que deveriam seguir, porém, em seus cálculos - realizados dezenas de vezes -, se fossem seguir pelo caminho convencional, mesmo em marcha constante e com as capacidades sobre-humanas de semideuses, ainda lhes faltaria tempo para alcançarem o grupo de persas antes de chegarem em terras desconhecidas.
Seu maior erro não foi relatar o achado ao comando, seu pecado foi a ganância, afinal, também havia crescido desejando pela glória divina, como qualquer outro grego, e em seu sangue também corria o líquor etéreo dos deuses. Sugeriu uma rota diferente. Por um atalho em meio às montanhas, com anotações que ignoraria do próprio Hermes, advertindo a cautela, guiou o grupo; e a queda das alturas foi mais dolorida. Perdeu seu grupo inteiro para a Quimera que os aguardava em emboscada, incapaz de fazer qualquer coisa senão observar a cena à sua frente e fugir em derrota sob as últimas ordens de sua comandante. Essa fuga, entretanto, não foi vista com bons olhos por Zeus, que enxergou apenas o abandono de sua prole, o fracasso da missão e o erro do filho do Deus da Medicina, amaldiçoando-o em punição por seus crimes.
Punido, mas ainda vazio e incapaz de encontrar o próprio perdão, Asterios tentou curar a mente desolada e o coração pesado com bebidas fortes, acabando por cair nas garras de uma nova armadilha sob o nome de Taverna Lótus. Eras se passaram, o estabelecimento deixou o solo grego para criar raízes no americano juntamente com a polarização, tornando-se o Hotel e Cassino Lótus, porém, Rio continuava lá, perdido. Talvez por pena, ou talvez seu pai só tivesse lembrado que tinha um filho na época, mas foi por obra de Asclépio que o garoto deixou o local. Sua memória roubada de si, fosse por pena ou por graça divina, chegou aos portões do Acampamento Meio-Sangue no final de Julho de 2018. Em seu corpo, a armadura ateniense, em sua mente, apenas seu nome e o de seu pai.
IV. PODER
Restauração: O poder de estabelecer um padrão sobre algo ou alguém, concedendo a esse a habilidade de retomar seu estado original assim que uma alteração ocorra. Diferente da cura, a restauração não permite dar fim a ferimentos que já ocorreram, apenas àqueles que ainda irão ser infligidos sobre o alvo.
V. HABILIDADES
Fator de cura acima do normal & durabilidade sobre-humana.
VI. ARMA
O primeiro anel, que enfeita seu dedo médio esquerdo, foi presente de seu pai durante suas missões com o batalhão de retaguarda no exército ateniense, por guiá-los no caminho do que viria a se tornar a medicina tradicional. Ao pressioná-lo com punho cerrado, ele se transforma num escudo de bronze celestial adornado em prata, bastante reflexivo, nomeado Egó, ou "eu", quando traduzido e, de forma literal, ataques realizados contra o escudo espelhado mágico são retribuídos a quem os aplicou, como um reflexo de si próprio.
O segundo anel, que enfeita seu dedo médio direito, foi recebido por seus próprios méritos no Acampamento, quando se tornou Conselheiro do Chalé de Asclépio. Ao pressioná-lo com punho cerrado, ele se transforma numa espada de bronze celestial com detalhes e fio em ouro imperial, bastante pesada, nomeada Excalibur, como a da mitologia inglesa.
VII. MALDIÇÃO
A marca que envolve seu braço esquerdo com raios negros é a prova de seu pecado, assim como arauto de sua punição. A Maldição do Sacrifício, cujo nome está impregnado em sua mente como uma advertência divina, incapaz de ser apagado por qualquer ser ou divindade sob ordens de Zeus, reflete sua fraqueza. A dor proveniente de cortes, queimaduras, venenos ou qualquer outra fonte, restaurada pelos poderes do semideus será eternamente sua punição; e quando o alvo de seus poderes for ele próprio, o que seria a dor de uma farpa que seja, se torna uma estaca cravada diretamente em seu coração, multiplicando-a pelo dobro do usual.
VIII. CARGOS
Instrutor de Arco e Flecha.
Membro da Equipe de Curandeiros.
Conselheiro do Chalé de Asclépio.
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