Tumgik
#renjun br au
moonlezn · 6 months
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Ela quer, Ela adora
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capítulo III nenhum dinheiro, juro, pode nos comprar a felicidade que eu quero conquistar
notas: ai, junin... sabe? só pras solteiras que vão sofrer comigo nessa, minhas dms tão abertas. até o próx cap, beijo! masterlist
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Até que Junin acreditasse mesmo que era o Malak de verdade, custou você abrir o perfil várias vezes e gastar muita lábia. O próprio produtor teve de ligar de vídeo para convencê-lo de que aquela oportunidade era séria. O garoto levou bem a conversa, e então logo marcaram a primeira reunião online, onde negociaram boas condições na presença do Xamã e dos advogados. O feat realmente aconteceria, e muito bem breve. Porém, a vida não é um conto de fadas.
Adiou muito o dia em que falaria para sua mãe sobre como chegaram até ali. A música nova já estava até em produção quando decidiu abrir o jogo sobre a gravação do estúdio. Obviamente ela não gostou nada.
— Olha, minha filha, você sabe que eu adoro o Juninho. Mas você precisa tomar cuidado com isso de ajudar homem. — ela repreende firme, segura a vassoura até com mais força. — Quero só ver ele fica rico e te troca, te deixa sem nada. 
— Ele não faria isso, mãe. — respondeu sem pensar duas vezes, mas a possibilidade causou uma pontada no peito. Esconde a desconfiança bem, esfregando o bombril na panela de feijão queimado com tudo de si. 
— Eu também acho que não, mas na vida a gente nunca pode achar nada de ninguém. 
Pronto, novo medo desbloqueado. O dinheiro é o de menos, acabaria recuperando depois. No entanto, o que ronda seus pensamentos o tempo inteiro é: será que Junin terminaria contigo quando ficasse bem de vida? Apesar de soar completamente errado, botar a mão no fogo seria arriscado. Ao mesmo tempo, é difícil acreditar que uma história e uma química assim pode ser jogada fora a custo de holofotes. 
Justamente quando as vozes ficaram altas demais, Junin mandou mensagem avisando que estava chegando na sua casa. Sabia que, pelo horário, você já estaria preparada para dormir, toda quietinha no quarto assistindo qualquer coisa na Netflix. O dia dele havia sido longo e cansativo, passou o dia compondo, gravando, editando, refazendo, e tudo de novo — ele precisava te ver, nem que fosse só por dez minutinhos. 
Combinaram de não fazer muito barulho, então em vez de bater no portão (a campainha pifou recentemente), ele mandou a localização em tempo real no whatsapp para que você pudesse esperá-lo. 
Bangu é das duas uma: calor para um cacete, ou frio de congelar os pés. Hoje à noite, a temperatura baixa não te pegou desprevenida, a coberta quentinha e Para Todos Os Garotos Que Já Amei passando pela enésima vez na TV do seu quarto te abrigam muito bem, obrigada. Um olho no filme, outro no mapa, você dá um pulo quando vê que a fotinho flutua pela esquina da sua rua, nem dá tempo de pegar um casaco. Chegando no quintal, a pele arrepia em segundos. 
Abrindo o portão, procura pelo namorado com o olhar, mas ainda nada. Checa novamente o celular e sorri quando vê que se aproxima mais, só que ainda não consegue vê-lo na rua. Até que um carrão preto para bem na sua frente. Como carioca, o primeiro instinto sempre é pensar no pior, por isso já tinha metido a mão na chave de novo, porém o corpo esguio saindo da porta de trás te interrompe.
Ele ajeita a mochila na costas, te lançando aquele sorriso que te faz paralisar. Não bate a porta antes de dar um último valeu ao motorista Robson, pelo que ouviu, e só então caminha até você. Claramente está cansado, o dengo transborda em cada passo e no abraço que te envolve com firmeza, te fazendo dar alguns passos para trás. Ele mesmo fecha a entrada com uma das mãos, sem te soltar um segundo sequer. Basicamente se esparrama por você, esconde o rosto na curva do seu pescoço e passeia as mãos quentinhas pelos seus braços e costas gelados. 
— Tava com tanta saudade. — murmura devagar, relaxando nos seus braços. 
Você encosta a pontinha fria do nariz na mandíbula dele, e também deixa muitos beijinhos onde consegue.
— Eu também, meu amor. — sussurra de volta ao pé do ouvido, apertando o abraço e se aconchegando mais.
— Tá com frio, metidinha? — ele levanta o rosto após notar a textura da sua pele, o olhar preocupado e o apelido desfazem qualquer nó na mente, você se entrega inteira. 
— Tô, mô. Vamo entrar? 
Ele ri da sua manha dramática, pegando em cada lado do seu rosto para dar um selinho nos seus lábios. Guia-o pela mão até seu quarto, tirando a mochila pesada das costas dele ao entrarem, para que ele pudesse descansar um pouco. 
— Me conta como foi no trabalho? — você pergunta, deitando-se novamente e o convidando para te acompanhar. 
— Mô, não vou deitar contigo com roupa da rua. Vou tomar banho rapidinho e já volto, tá bem? 
Você revira os olhos, mas concorda. Observa enquanto Junin futuca suas gavetas à procura das próprias mudas de roupa, encontrando umas extras que nem se lembrava de estarem ali (porque você surrupiou). Ele joga um beijo no ar antes de partir para o banheiro e tomar um banho bem quente para relaxar. Repassando o dia inacreditável que ele teve, permite que a água escorra pelo corpo tenso e exausto, sem se demorar muito porque precisa voltar para sua companhia. 
O bico quase birrento nos seus lábios que ele vê ao chegar de volta no cômodo é tão irresistível que ele não se aguenta, pula na cama e te beija. 
— Já voltei, princesa, para com isso. — ele diz entre risadinhas, beijando seu ombro e pescoço, sabendo que não aguentaria a pose por muito tempo. — Não quer saber como foi hoje não? 
Gatilho.
Na mesma hora você vira o rosto para Junin, permitindo também que te puxasse para deitar abraçadinha nele. As pernas se entrelaçam naturalmente, os olhos se encaram e as digitais do namorado afagam a bochecha com muito cuidado. 
— Cê conheceu eles hoje? — indaga com curiosidade quase infantil, fazendo o namorado assentir com um sorriso grande no rosto. — E esse carro? Você chegou lá e eles te receberam como? Cê almoçou?
— Ó, vou te contar do início. — ajeita a coberta sobre vocês um instante e volta à posição anterior. — Eu cheguei lá cedo né, e aí o Xamã chegou um pouco atrasado só. Enquanto isso o Malak e eu ficamos vendo umas batidas e falando sobre o conceito da música, eles querem até clipe. 
Você faz um O com a boca, chocada, porém muito animada com a ideia. 
— Meu Deus?! 
— Pois é, mô, tive que me controlar pra não fazer essa mesma cara. 
— E aí? 
— Aí quando ele chegou, a gente começou a compor junto. — ele fecha os olhos por um instante. — Eu, cara. Eu compondo com o Xamã. Ele disse que me viu num story e achou muito pica. Enfim, acabou que a gente pegou no tranco e foi escrevendo em cima de uma demo do Malak, ficou foda demais. Aos poucos a gente foi encaixando e mudando umas paradas. 
— Cê ficou satisfeito com a sua parte? 
Conhece bem o seu povo, quando ele entorta o nariz e suspira, já sabe a resposta. 
— Não muito, mas os caras disseram que tá do caralho, então eu parei de mexer toda hora e comecei a gravar. Tipo a gente fez vários takes, vários contracantos e aí de vocal já foi. O que pega agora é a parte de produção né, e o Malak quer que a gente participe do processo, então eu devo ir lá mais duas vezes, pra correr com isso. Aí quando acabou, eles mandaram o Robin me trazer, é um dos motoristas conhecidos deles lá. 
— E por que tem que correr? — esquentadinha como é, já tinha interpretado errado. Achava que eles não queriam perder mais tempo com seu namorado, alguém não tão famoso. 
— Então… — ele se senta, e você o segue. — o Xamã vai fazer um show no Flu Fest mês que vem, e eles querem lançar a música nesse dia. 
— Amor? — você começa, entendendo o que aquilo quer dizer. — Você vai… apresentar… a música… com ele… no show? — profere cada palavra com bastante cautela para que não tenha erros. 
Jun mal aguenta responder, apenas balança a cabeça. Sem pensar você dá um gritinho de felicidade e sobe no colo dele, sendo abraçada na mesma hora. 
— MEUDEUSMEUDEUSMEUDEUS! — exclama baixinho, com medo de acordar alguém depois do berro que deu. — Jun, isso é… perfeito, maravilhoso. Caralho! 
Outra vez deixa muitos e muitos beijinhos pelo rosto emocionado do namorado, que não sabe se ri ou se chora. O dia inteiro tinha retido as emoções, principalmente quando o cantor mencionou o festival, agora, no lugar seguro dele, por fim pode mostrar tudo. 
— Queria que tu lembrasse que se não fosse você, isso não estaria acontecendo. — Junin fala bem sério, procurando seus olhos. — Papo reto, vida. — ele põe uma mecha teimosa atrás da sua orelha. — Eu nunca vou conseguir te agradecer o suficiente por isso, cê parou de fazer o cabelo no salão, aumentou o tempo de manutenção de unha… cara, você é foda. 
— Eu fiz o que qualquer uma faria, Jun. 
— Só se for na tua cabeça. — de forma doce ele aproxima os lábios dos seus. — Você não é qualquer uma, — dá um selinho demorado e amoroso na sua boca. — só você faria isso, eu tenho uma sorte da porra que cê é minha. 
Aquilo te atinge como uma flecha, seus olhos marejados se fecham e uma lágrima escorre bem nos dedos de Junin. Ele percebe que tem algo errado na mesma hora. 
— Que foi, hein? Olha pra mim. 
Abrindo os olhos, deixa que Renjun veja através dos seus muros. 
— Não aconteceu nada, é só que… — você respira fundo, contendo um soluço. — eu fiquei um pouco insegura de te perder nessa história. 
— Nunca! — ele exclama, te puxando ainda mais para si. — Nunca, nunca, nunca. Isso não é nem… Porra, não dá, esquece. Nem pensa nisso, tá? 
Você murmura um tá bem muito fraquinho, então ele beija os seus lábios como um príncipe. MC Junin, o ex-cachorrão de Bangu, vira realeza nos braços da princesa metida que, naquela noite, ele prometeu que honraria em qualquer circunstância. 
Melhor do que dormir agarradinha com Jun, é acordar com ele. Ruim mesmo é ter que levantar para enfrentar a rotina e se despedir um do outro, pelo menos ainda tinham parte do caminho juntos por causa da van. 
Foi a primeira passageira a chegar por causa do horário do namorado, mas não reclamou de levantar um pouco mais cedo, teria mais tempo para ir para o escritório. 
— Opa, bom dia, casal metido! — Nando cumprimenta, bocejando atrás do volante. — Junin, depois quero levar um papo contigo, valeu? Nada demais. 
Vocês se entreolham, desconfiando do que seria. Nando é pá-pum, então qual foi do mistério agora? Renjun até tenta insistir, mas sem sucesso. Só falaria depois. 
Chegou até a cogitar que seria por sua causa, porém, não faria sentido. O motorista sabe que contam tudo um para o outro… só resta, enfim, esperar até o final do dia para que os dois soubessem o assunto secreto. 
É muita coisa acontecendo, o garoto jura que vai explodir. Já tem outra sessão com os caras marcada, mas também agora está preocupado contigo, e aí Nando manda uma dessas… parece que o dia tem trinta e duas horas. 
Quando finalmente guardam a van na garagem, pela milionésima vez Junin lembra ao chefe sobre a tal conversa que precisam ter.
— Meu filho, então… tu tá demitido. 
— Quê? Qual foi, irmão? 
— Não aconteceu nada, Junin. Tu sabe que tu é meu de raça, mas tá na hora de focar no teu sonho. 
O mais novo tenta rebater algo, mas nada vem. Outro dia mesmo Nando dizia que isso era coisa sem sentido, agora quer dispensá-lo para correr atrás da carreira? 
— Olha, eu sei que te desanimei várias vezes. Só que agora tu tem uma chance real, concreta, cara. — Nando suspira triste, óbvio que não queria mandá-lo embora, mas é necessário. — Algo me diz que vai dar certo, e se não der, tu tem um lugar aqui. Mas eu quero que você vá e trabalhe igual um corno pra fazer acontecer. Tá me ouvindo? Acredito no teu potencial, moleque. 
— Valeu, Nando. Pô, vou te orgulhar.
Junin, então, abraça a figura paterna em forma de agradecimento, sentindo o misto de emoções fazer a garganta doer. Não é uma despedida definitiva, quer muito que Nando veja seu sucesso se tornar realidade, como retribuição por tudo que fez por ele. 
Emocionado, Jun abre o celular para te mandar mensagem e contar a fofoca que foi pauta o dia inteiro. O sorriso se desfaz, no entanto, ao clicar no link que você havia acabado de mandar. 
Você: mô, puta que pariu 
Você: olha isso Demorou até que entendesse o que estava acontecendo. O link abriu uma live de MC J.S. no TikTok, que também está sendo transmitida no instagram. No título, lê-se: EXPOSED DO MC JUNIN DE BANGU.
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renjunplanet · 9 months
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| Skinny Love... Huang Renjun
notas. parte 2
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O dia cinzento trazia consigo o frio do outono, juntamente dos arrepios que sentia nos braços e pernas — o cobertor grosso com estampa de onça da sua vó que servia para esquentar seu corpo mal conseguia fazer o trabalho direito. Com uma caneca de café quente nas mãos e o celular tocando baixinho Bon Iver, você admirava o conforto estranho que só o outono sabia lhe trazer.
Estava tirando um fim de semana de folga, tentando largar um pouco a vida acelerada da cidade para aliviar um pouco a mente num lugar tranquilo. E não há lugar melhor que a casa de sua vó, uma casa de praia que só lembram de visitar no verão.
Gostava do lugar, da natureza local e das pessoas — uma bem em específico , mas era uma lembrança distante que já não via há muito tempo — e, principalmente, adorava estar nos braços de sua vó para receber consolo em épocas caóticas como a da semana de provas que chega na segunda-feira.
Café, praia no outono frio, um cobertor de vó e um cenário bonito era tudo o que precisava; estava satisfeita.
— Entra, querido. Sai desse frio se não você vai ficar doente!
Você escuta a voz de sua vó ressoar lá dentro. Olha curiosa para o lugar, em busca de entender o que está acontecendo a poucos metros.
— Licença, vó. — uma segunda voz doce se faz presente, junto a uma silhueta masculina.
Ah, você reconhecia quem era. Reconheceria até se estivesse em meio a uma multidão.
Era ele: Huang Renjun, seu primeiro amor. A pessoa específica que gostava.
Estava diferente, faziam cerca de uns cinco anos desde a última vez que viu o rapaz, ele estava um pouco mais alto, o rosto um pouco mais marcado. Continuava bonito como as flores do quintal de sua vó, ainda sorria da mesma maneira adocicada de antigamente. Ele, mesmo diferente, ainda lembrava o garotinho de anos atrás que brincava com você na praia e ajudava você e sua avó a roubar as rosas da vizinha mal humorada da rua.
Era como um balde de nostalgia. Uma onda grande de saudades e um choque no estômago com a ansiedade de rever novamente seu primeiro amor.
— É só do açúcar que a Dona Lili precisa, Menino Jun?
— Sim, vó. Ela disse que, qualquer coisa, ela me mandava aqui de novo pra incomodar a senhora. — disse rindo de leve.
— Ih, rapaz. Então te prepara pra voltar, porque do jeito que sua vó tá ficando caduca, você vai vir de novo. — ela lhe entrega um saquinho com o açúcar — Vem, bem. Eu te acompanho até a porta.
— Precisa não, Dona. Vai pegar frio atoa. Fica aqui no quentinho. — ele deixa um leve selar na bochecha da mais velha que lhe resmunga um "Ah, querido..." e vai em direção a saída.
Assim que vira o corpo em direção a porta principal da imensa casa, seus olhos se cruzam. Os corpos ficam rígidos e as respirações pesadas. A expressão no corpo se mistura entre as sensações de felicidade, surpresa e vontade de matar a saudade.
Mas nada acontece, porque Renjun vai embora de cabeça baixa, com as bochechinhas vermelhas e o saquinho de açúcar nas mãos, te deixando estática sentadinha no deck do jardim de trás, na esperança que a vó dele o faça voltar para pedir emprestado mais algum ingrediente para sua receita.
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lucuslavigne · 8 months
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𖦹 Just One Day.
Renjun × Leitora.
Waffles de brinde para a planetinha 🤍 ( @renjunplanet )
๑: established relationship, fluffy, Jeno cortando o clima de romance do casal, br!au.
Espero que gostem.
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Estavam na casa de praia alugada alguns dos neos que namoravam, como Taeyong, Johnny, Jeno, Xiaojun e Hendery. Você e Renjun estavam na rede da varanda, aproveitando a brisa e o cheirinho de mar enquanto escutavam Orochi.
— Uma águazinha de côco agora hein... — Renjun falou.
— Nem me diga. — concordou, ainda abraçada ao corpo magro.
“ Eu não consigo mais pensar em outra ” escutou o Huang cantando. “ A gente se parece no jeito de agir ” beijou sua bochecha.
— Você tá muito romântico hoje. — sorriu.
— Algum problema com isso? — perguntou em uma falsa indignação.
— Claro que não coração... — fez biquinho. — Pode ser romântico o quanto quiser. — riram juntos.
— Só tem uma coisa que eu gosto mais do que praia. — te falou.
— Eu, lógico. — completou.
— Bobona. — apertou seu nariz.
— Sem querer cortar o clima do casal aqui. — Jeno falou. — Mas o churrasco já começou, não vão ir comer não?
“ Jeno! ” escutou Taeyong o repreender.
— Ah qual foi hyung? — perguntou. — Se você não quis atrapalhar os dois sinto muito, mas eu não vou deixar eles ficarem sem comer pra' ficar reclamando depois não.
— Ah vai se fuder Jeno! — Renjun esbravejou.
— Jeno você só atrapalha a gente, meu Deus. — reclamou com o amigo do namorado. — O Hendery 'tá comendo a mina dele lá no quarto de visita e você não foi empatar a foda dele. — bufou.
— Ah é? Pois estou indo lá agora. — virou e passou pela porta. — Vem Taeyong hyung! — e arrastou o mais velho consigo.
“ Jeno devagar menino! ” escutaram da escada, fazendo ambos rirem.
— Mas agora é sério, vamo' comer um pouco de carne lá. — o chinês falou.
— Vamo' então.
“ Eu vou te matar Jeno! ” escutaram os gritos de Hendery e a risada alta de Jeno e Taeyong.
— Esse rolê valeu a pena hein. — Johnny disse a vocês enquanto colocava mais carne na churrasqueira.
— Como valeu. — Xiaojun concordou, arrancando risadas de todos.
— Não acabou ainda. — Renjun sussurrou para você. — No meio da noite eu vou me confessar para você, com a Lua de testemunha. — beijou sua bochecha.
— Fofo. — o abraçou pelo pescoço.
— Que amor meu Senhor. — Johnny brincou.
— Cadê sua muié' hein Johnny? — Renjun fingiu estar irritado.
— 'Tá no mar ué'. — riu.
— Que saco viu. — escutaram Hana, namorada de Hendery reclamar.
— Empataram a tua foda foi? — perguntou cínica.
— O corno do Jeno! — Hendery falou.
— Corno é teu pai! — falou.
— Parem os dois. — Taeyong falou. — Vamo' comer primeiro, depois vocês se matam aí.
Todos riram com a fala do "mais responsável" da turma e foram comer, afinal, nada melhor do que churrasco, cerveja e praia não é?
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mint-yooxgi · 3 years
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NCT Drabbles Mini-Masterlist Con't
Important things to keep in mind:
Drabbles are currently closed!
Based off of this post
An asterisk (*) signifies NSFW
OC = Reader
Part One of this masterlist can be found Here - Part Three - Part Four - Part Five
→ A Rose By Any Other... - Yandere!Prince!Jaehyun - Part Two
→ Yandere!Deity!Yangyang
→ Ritual - Yandere!Shotaro
→ Only One Night? - Yandere!Mark
→ Demon!Yuta X Angel!OC* - Part Two*
→ Early Mornings - Demon!Sicheng*
→ Control - Yandere!Demon!Jaehyun - Part Two
→ Come Back To Me - Wizard!Jungwoo - Part Two
→ The Irony of Fate - Yandere!Demon!Ten X Angel!OC
→ Bounty - Demon!Jeno X Vampire!Bounty Hunter!OC
→ Yandere!Yuta*
→ They're Mine - Yandere!Taeyong, Yandere!Doyoung, and Yandere!Johnny
→ Demon!Kun
→ Out of This World - Alien!Haechan
→ Stuck - Yandere!Jaemin
→ Yandere!Vampire!Mark
→ Beautiful Nightmare - Yandere!Incubus!Yuta*
→ No Way Out - Yandere!Taeyong
→ In Your Debt - Yandere!Mafia!Johnny - Part Two
→ I Wrote It That Way - Yandere!Writer!Kun
→ Competition - Yandere!Prince!Jeno
→ Courage - Yandere!Haechan
→ Pick Me - Yandere!Kun & Yandere!Taeyong
→ Suspicions - Yandere!Demon!Jaemin & Yandere!Demon!Jeno
→ Yandere!Student!Renjun X Professor!OC
→ Midnight Stroll - Yandere!Xiaojun
→ Summoning - Yandere!Doyoung X Demon!OC - Part Two
→ Br(C)at - Yandere!King!Cat Hybrid!Taeyong*
→ Confessions - Yandere!Jaemin
→ Yandere!Hero!Johnny X Vigilante!OC
→ Downfall - Yandere!Fallen Angel!Jaehyun X Angel!OC - Part Two
→ I Put A Spell On You - Wizard!Doyoung
→ Trial and... Error? - Yandere!Haechan - Part Two
→ Scared Yet? - Yandere!Demon!Yuta
→ Too Hot to Handle - Yandere!Jaehyun & Yandere!Johnny X Photographer!OC - Part Two
→ Car Crashed Hearts - Yandere!Ten X Therapist!OC
→ Ploy - Yandere!Taeil - Prequel
→ Boyfriend - Yandere!Jeno
→ Wolf!Sicheng
→ Yandere!Mark
→ Hate to Love, Love to Hate - Yandere!Wizard!Jaehyun
→ Home - Yandere!Vampire!Yuta
→ Midnight Storm - Yandere!Entity!Taeyong - Part Two
→ Tongue Tied - Mafia!Yuta X Barista!OC - Part Two
→ Only Time Will Tell - Yandere!Vampire!Jaehyun
→ Howdy, Neighbour - Yandere!Jeno
→ Jealous - Yandere!Hendery X Yandere!OC
→ Produce 101 - Yandere!Prince!Jaemin X Farmer!OC
→ Yandere!Assassin!Doyoung
→ Ex - Yandere!Johnny
→ Date Night - Yandere!Husband!Yuta
→ I Need A Himbo! - Yandere!Jaehyun X Tutor!OC - Part Two ft. Yandere!Sicheng, Yandere!Johnny, and Yandere!Hendery - Part Three - Part Four
→ Victory - Yandere!Demon Prince!Sicheng
→ Who's Your Bias? - Yandere!Haechan ft. NCT
→ Coffee? - Yandere!Shotaro X Nurse!OC
→ Lions, Tigers, and Bears, Oh My! - Yandere!Hybrid!Sicheng & Yandere!Hybrid!Yuta
→ Yandere!Demon!Taeyong*
→ Secrets - Yandere!Renjun
→ I Want You - Yandere!Mark X Yandere!OC - Part Two
→ Petals - Yandere!Jaehyun Hanahaki AU
→ To Love & To Be In Love - Vampire!Jaemin
→ All to Myself - Yandere!Poly!Haechan & Yandere!Poly!Renjun - Part Two
→ Wait on Me - Yandere!Xiaojun
→ My Turn - Vampire!Mark & Vampire!Kun
→ In a World... - Renjun & Jaehyun
→ In the Heights - Wizard!Jaehyun
→ Indifferent - Yandere!Doyoung
→ Yandere!Siren!Ten
→ Yandere!Idol!Kun X Fan!OC
→ Yandere!Knight!Hendery & Yandere!Knight!Mark - Part Two
→ The 'Hate' Act - Yandere!Idol!Jaemin
→ The Killing Kind - Yandere!Assassin!Jeno
→ Appeasement - Yandere!Demon!Ten - Part Two
→ Sleep Watching - Yandere!Taeyong - Part Two
→ Soulmate Acquired - Yandere!Vampire!Johnny & Yandere!Vampire!Jaehyun
→ Indulgent - Yandere!Sugar Daddy!Johnny*
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yang-squared · 6 years
Note
Nct dream, digital world, game type AU?
omg thank you! this is cute!!!
-okay so kind of like chewing gum is what first comes to mind
-i feel like it’d be hyuck’s fault for getting them in there
-and chenle would think it’s a joke
-jaemin and renjun are kinda like “dude this is trippy”
-i think jeno would be in his own world and wouldn’t notice they were gone right away
-mark is fLIPPING OUT
-jisung probably also got them into it
-i think jeno gets a text from someone 
-’Hey so ur friends are stuck in a game, let’s play!’
-cue jeno: wtf this isn’t funny inJOON
-okay anyways
-mark, chenle, hyuck, jaemin, renjun, and jisung are in the game
-jeno has to kind of play that old flappy bird game
-he picks a player as the flappy bird and gets three lives with each
-renjun screaMING “LEE JENO YOU BETTER NOT KILL ME OR I’LL HAUNT YOU”
-so they stare at the obstacles
-jisung is READY fam
-jaemin is kinda like “uhhh i don’t feE l so GO oD gu Y s”
-renjun almost shoves him off their platform for the joke
-jeno ALMOST kills mark
-mark is panICKING “THIS IS MY LAST LIFE GUYS WHAT IS JENO DOING”
-i think it’d be really cute at the end
-they’re depixelizing and stuff when jeno defeats level 20
-they just randomly spawn in the living room
-cue jeno: BROS
-jaemin: Br O
-mark: jeno never do that again wtf man
-i think chenle would just laUGH at all of it???
-jisung and hyuck are kind of excited but also like damn wtf didn’t know we’d be sucked into a gAME
-jeno’s just relieved his friends are back
-and also he didn’t KILL them bc yknow… try explaining THAT one
sorry this is kinda short and sucky, this is my first time doing this! also i just woke up haha. thanks for the ask!!! i thought this was a super cute idea
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moonlezn · 7 months
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Ela quer, Ela adora
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capítulo II eu sou poema e problema pra tua vida, sua metida
notas: como (quase) sempre, não tá revisado. espero que gostem mesmo assim! quero saber o q acharam, minhas dms estão abertas. masterlist
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J.S. é um dos únicos amigos de Junin no meio da arte, é difícil ser amigável entre tanta competição. Os dois esperam atrás do palco improvisado para a apresentação de hoje, você está do outro lado revirando os olhos sem paciência. 
Renjun pediu muito para que você não arrumasse barraco com ninguém desta vez, e tudo está indo bem apesar das meninas invejosas que já tentaram te provocar mil vezes. Elas sempre tentam dizer que Jun merece mais, ou algo parecido, uma pena (para elas) que você confia muito no seu taco. 
O motivo da sua impaciência é justamente J.S, ou Jisung. A cada vez que você consegue vê-lo cochichar com Junin seu sangue ferve. Amigo porra nenhuma. Aquele moleque é olho junto, falso, e claramente está doido para puxar o tapete do seu namorado, enchendo a cabeça dele sempre. Ele não é bobo, sabe que você não o suporta, por isso não deixa barato. 
— Ainda tá com aquela mina? — J.S. termina o quinto latão da noite, rindo com escárnio. Já havia sentido os seus olhares à distância, não perderia a oportunidade de implicar.
Se você não estivesse ao lado de Junin, seria muito mais fácil conseguir engambelar o rapper inocente. Toda tentativa é válida. 
Quando vê o mais velho assentir, nega com a cabeça, fingindo desapontamento. 
— Meus pêsames. — estala os lábios, a ironia no tom de voz incomoda Junin. — Essa daí parou teu trem mermo, hein, Junin? Que merda. 
— Se tu tem algum problema com ela, resolve comigo, irmão. 
— Tô de boa, tenho mais o que fazer. 
Ele, então, entra para apresentar o número que havia preparado. Ainda que talentoso, não se compara ao outro que vem depois. 
Assim que Renjun entra, o palco, a energia, os sorrisos… tudo muda. É como se tudo fosse inteiramente dele, e até mesmo no improviso, o público inventa uma forma de cantar junto e vibrar para prestigiar o artista cheio de intimidade com o próprio dom. 
Sob o olhar atento e um tanto recalcado de J.S, Junin conquista mais fãs e mais seguidores no instagram pelo seu carisma tão cativante. 
Assim que chegam em casa, pedem dois combos de hambúrguer, batata-frita e guaravita no Beto Lanches para matar a fome depois de horas na rua. Enquanto esperam o pedido chegar, conversam baixo no banheiro debaixo da água gelada limpando a pele dos dois. Perto das três manhã, exaustos, finalmente se deitam na cama de casal no quarto do rapper. A adrenalina ainda corre pelas veias do menino, por isso, mesmo com o cafuné relaxante que suas unhas deixam no couro cabeludo, ele ainda está mais acordado do que dormindo. 
— Tá sem sono? — indaga com a voz transbordando manha, se acomodando mais no corpo do namorado. 
— Um pouco. — ele diz, pensativo. — Posso te mostrar uma coisa? 
Morde os lábios ao te sentir balançar a cabeça positivamente. Ele se senta, pegando o celular com tanta pressa que te faz despertar levemente. 
— Que isso? — espia cheia de curiosidade o texto nas notas do celular. 
— Eu meio que escrevi uma música nova. 
Os seus olhos brilham de orgulho enquanto os dele passeiam pelo seu rosto em expectativa. 
— Me mostra agora, seu bobo! — deixa um tapa falso no antebraço que ainda envolve sua cintura. 
Ainda hesitante, ele levanta e pega o violão encostado no canto da parede e traz para o colo ainda que volta ao seu lado. Afina as cordas de ouvido mesmo e começa um dedilhado que noutro dia você o escutou tocar. Parecia distraído naquela tarde, perdido nos pensamentos, mas as notas já estavam adornando a ideia na mente criativa. 
O que que aconteceu?
Tudo mudou quando ela apareceu
Tentei escapar, mas a paixão pegou
Nossa vibe, nosso beijo combinou, amor
— Ah, não acredito… — você fala baixinho, rindo sem acreditar. Ele ri da sua reação envergonhada, porém continua mostrando. 
Você é minha cura
Jura que tu não vai me abandonar?
Me fazendo perder a postura de cria
Admito, não vou negar
Junin é o seu estresse diário, e ele sabe. Sabe ainda mais amolecer seu coração de ferro, usando da própria habilidade para desmontar todos os seus muros. 
Retira o instrumento dos braços do menino e o envolve com suas pernas, deixando um beijo apaixonado nos lábios de Junin, que te corresponde com vontade. A felicidade de você ter gostado da música que ele compôs transborda nos carinhos perigosos pelo seu corpo.
— Você é doido, vida. — sussurra entre o beijo. — É linda, eu amei muito.
— Gostou, é? — ele deixa outros selares pelo seu queixo e pescoço. — É isso que importa.
— E se você gravasse a música? Tipo num estúdio. — você sugere, trazendo o rosto dele do seu pescoço para a altura do seus olhos. 
— Ah, amor… deve ser caro. — a expressão que pinta a face de Junin é de desânimo. — Eu nunca parei pra pesquisar, mas… 
— Mas nada. Amanhã a gente vai ver isso. — ralha com firmeza. — A gente tenta, ué. 
Ele concorda ainda sem estar muito convencido, mas sua animação acaba criando um pouco de expectativa no coração acelerado de Renjun. No entanto, agora o que resta fazer é cair no sono com você nos braços, o verdadeiro tesouro dele. 
Ir trabalhar na manhã seguinte foi complicado. Levantar foi difícil não só por ter dormido pouco, mas também porque sair do abraço quentinho do namorado dengoso era a última coisa que queria fazer às sete da manhã de uma segunda-feira.
As horas estão arrastadas na recepção do Island Offices, o movimento está baixo hoje. Alguns cadastros aqui, outras validações de estacionamento aqui… nada demais. Logo, quando Renjun te liga, não hesita em atender. 
“Bom dia, metida.” 
Já são quase onze horas, que inveja de Junin. Mas, tadinho, ele acorda cedo todos os dias. Conseguiu acordar mais tarde hoje porque Nando liberou que ele começasse a rodar só pela tarde. 
— Bom dia, preguiçoso. Já tá indo trabalhar? 
“Fala isso não. Tô quase saindo de casa, amor. Escuta…” 
Alguma coisa está sendo remexida do outro lado da linha, e então há um barulho de portão. 
“Liguei pra um parceiro meu que conhece um cara com um estúdio por esses teus lados aí.” 
— Hm, e aí? — arregala os olhos, futucando os cantinhos das unhas, nervosa. 
“É caro pra um caralho! Não dá.” 
Revira os olhos, Renjun pode ser muito pão duro para si mesmo. 
— Caro quanto, Jun? — o jeito que pergunta já denuncia que duvida da informação. 
“100 conto por hora, amor.” 
Puta que… 
— Porra! — deixa escapar alto, tapando a boca assustada e olhando para os lados. — Mas calma, não é impossível. A gente vai dar um jeito, amor. 
“Tá bom, minha princesa.”
É óbvio que ele não está nem um pouco confiante. Ao desligar a ligação, você começa a calcular várias possibilidades. Junin está apertado com as prestações do fogão da mãe dele, mas seu cartão já está livre há algum tempo, te deixando mais folgada para economizar. 
O aniversário do namorado é em três meses, e não tinha pensado em nenhum presente ainda. Pronto, já decidiu. 
No quinto dia útil tudo está preparado. O dinheiro bate na conta e você guarda grande parte do que usaria para outras coisas no porquinho do banco, escolhendo a opção de retirada só na data certa para que rendesse um pouco mais.
Sorri para si mesma, a primeira parte do plano está cumprida este mês.
O próximo passo seria mais difícil, não deixar que ele desconfiasse de nada. Como você é e sempre foi extremamente vaidosa, não pode abrir mão de fazer a manutenção das suas garrinhas de acrigel. No entanto, o cronograma capilar no salão vai ter que esperar. 
O Sol de Bangu não tem pena de ninguém, você pensa ao segurar as sacolas pesadas da Monamie pelo calçadão lotado. Comprou vários cremes da Skala para seguir com os tratamentos que está acostumada de casa mesmo, seus fios agradecem. Ainda aproveita para passar no Guanabara para comprar uns lanches para não precisar gastar uma fortuna nas opções super caras da Barra nas próximas semanas. 
Assim você dá o seu jeitinho aqui e ali, sem nem fazer cosquinha no desconfiômetro do namorado inocente. Vira e mexe ele questiona os jantares que você mesma prepara para os dois em casa, ou até mesmo seu tempo livre nos horários que já eram de praxe você estar no salão da Jaque. As desculpas esfarrapadas funcionaram todas as vezes até a metade de Março, quando a própria dona do salão de beleza quase pôs tudo a perder. 
Vocês estavam andando pelas ruas movimentadas do largo, perto da igreja já, e ouviram um assobio altíssimo e um grito pelo seu nome. 
— Ô, mulher. Não fala mais com os outros não, é? — Jaque implica com a mão na cintura, mas um sorriso grande no rosto. Aperta seu corpo num abraço forte, deixando um beijo estalado na sua bochecha. — Poxa, me abandonou, hein? Tá fazendo promessa? Nunca te vi tanto tempo longe do meu cantinho. 
Você tenta disfarçar a cara desesperada com uma risada nervosa. 
— Ah, tia, sabe como é né? As dívidas do cartão… — finge um tom decepcionado. — Mas mês que vem eu volto lá pra gente voltar com os cuidados, tô precisando. — mexe nos cabelos hidratados demais para a mentira que contou. 
— Só acredito vendo. — ela diz, já girando o corpo para voltar para a mesa do bar em que estava. — Manda um beijo pra vovó e pra mamãe, fala pra elas que eu tô esperando elas lá também. Beijo, minha flor. 
Nem dá tempo de se despedir direito, porque Jaque volta apressada para a brahma que está esquentando. 
— Por que tu não vai mais lá? — fofoqueiro que só, Junin pergunta. 
— Eu quis testar um creme que ela não tinha, aí comprei e comecei a fazer em casa. — a desculpa ensaiada na mente cai como uma luva. 
— Mas tu sempre levava os cremes pra lá… — ele desconfia, sua mão suando frio também não ajuda. 
— É, mas também tava enjoada da Sheila… Ela vivia, é… Perguntando da tua vida, aí eu dei um tempo. — procura algum tópico para mudar de assunto. — Nossa, olha, a barraquinha de churrasco não tá aqui. Será que fechou? 
Junin já tinha te falado sobre a tal barraca ter falido umas quatro vezes, então ele repete a informação te zoando por não se lembrar, permitindo que o assunto anterior fosse embora. Você respira aliviada, fazendo a sonsa ao rir de si mesma após jurar de pé junto que o namorado nunca havia mencionado nada. 
Um fato sobre você é que quando você encasqueta com algo, é raro que não se concretize. Portanto, com sucesso juntou a quantia necessária para que Jun pudesse não só gravar a música, como também registrar logo os direitos. No dia 23, um sábado, você pedala na direção da casa do namorado com o estômago revirando de ansiedade. 
Ele te recebe com o carinho de sempre, o cabelo molhado e cheio de xampú te deixam saber que ele correu para abrir o portão para que você entrasse. Você encosta a bike na varanda, rindo do garoto que dispara de volta ao banheiro para acabar o banho. 
Caminha pelos cômodos rumo ao quarto bagunçado, sentando na cama ainda sentindo o nervoso na barriga. Observa enquanto Jun termina de se arrumar, a bermuda de tactel que escolhida não combina nada com a camisa do Vasco que ele passa pelo pescoço após pentear o cabelo de qualquer jeito. O perfume não pode faltar, tem que ficar cheiroso. 
Finalmente se vira para você com um sorriso tímido no rosto. Por incrível que pareça, não gosta de ser o centro das atenções na ocasião. Ele se joga ao seu lado, te trazendo para um abraço apertado. A pele geladinha na sua é como um oásis, e você aproveita para sussurrar os desejos mais lindos sobre a vida dele. 
— Te amo, meu amor. — Renjun responde, te apertando ainda mais. 
Levantam para se sentarem um de frente para o outro, a hora chegou. 
— Eu tenho um presente. — anuncia, então o sorriso dele aumenta. — Fecha o olho. 
Atendendo ao seu pedido, ele também abre as mãos. Você corre para retirar o dinheiro do porquinho e fazer o pix para a conta dele. Para facilitar, caça o celular de Jun que vibra há alguns centímetros dele e põe nas mãos estendidas. 
Ao abrir os olhos, fita o próprio telefone e ri, confuso. 
— Olha as notificações. 
Transferência de R$1000,00 recebida.
— O que é isso? — o garoto quase engasga ao notar o valor. Pisca várias vezes, com medo de estar vendo tudo errado. 
— É pra você gravar e registrar a sua música. — confessa com timidez. 
Será que ele vai odiar? 
— Meu amor… 
Ele deixa o aparelho na cômoda ao lado da cama, olhando para você com os olhos cheios de lágrimas. 
— Ei, não chora.
Renjun te puxa para o colo dele novamente, apertando os corpos com mais força que podia. Ele nunca sentiu por ninguém o que sente por você, e dia após dia você consegue mostrar para ele o motivo disso. Você é o amor dele por inúmeras razões, mas a primeira delas é por ser tão você, tão companheira, tão maravilhosa. 
— Não tem nem o que falar. Você… — as mãos calejadas do rapper passeiam pelos seus braços e pernas com devoção. 
— Então me mostra. — não era para ser sério, mas quando Jun te olha, as faíscas são inevitáveis. 
Bem devagar, deposita beijos nos seus ombros nus e avança pelo pescoço, pela mandíbula. As besteiras que fala ao pé do seu ouvido te arrepiam exatamente do jeito que só ele sabe como fazer. Quando conecta os lábios nos seus, suas digitais se perdem pela nuca e pelas costas firmes num carinho sedento. 
Você tira as peças recém colocadas do corpo do namorado com vontade de explorar os caminhos que já conhece como a palma de sua mão. Ao mesmo tempo, Junin insiste em venerar cada pedaço seu. 
Cada movimento parece ensaiado de tão perfeito, de tão encaixado. É como se, já sabendo tudo sobre o outro, ainda fossem capazes de se surpreenderem nesse fluxo delicioso. 
Satisfeito e ofegante, ele descansa o corpo no seu. A eletricidade ainda percorre pela sua pele quente. 
— Que presente, puta merda. — Junin provoca de propósito, já prevendo o tapa brincalhão que receberia em troca. 
— Você não vale nada. — repreende, mas não deixa de rir da piada idiota. 
Desde então, o mundo parece ter virado de cabeça para baixo. Tudo acontece rápido demais. 
Assim que a música ficou pronta, um movimento enorme de divulgação se deu. A família, os amigos, os rivais, os passageiros (pela insistência de Nando) e todo o pessoal de Bangu postaram nos stories, nos status, nos grupos… Além de, sem que fosse pedido, marcarem grandes nomes do ramo nos posts de Junin. Os perfis das batalhas mais famosas também postaram pelo menos uma vez por dia. 
O menino não poderia estar mais feliz, nem você menos orgulhosa. Os números aumentavam consideravelmente: seguidores, streams, views. Tudo. 
— JUN, MEU DEUS! — você exclama ao atualizar o aplicativo. — Você bateu meio milhão de visualizações no TikTok! 
Entretanto, ele não dá um pio. Está estatelado no sofá, olhando para o telefone com uma cara de horror. 
— Amor, o que houve? — agacha perto dele, preocupada. — Garoto, não me mata de susto! O que aconteceu? — por fim, desvia o olhar da tela e te encara, apenas virando o telefone para você. 
No chat do instagram, você tapa a boca com as mãos ao ler salvemalak. 
Malak ☁️: E aí, mano, tudo bem? Quero te parabenizar pelo sucesso com Minha Cura. Também queria checar sua disponibilidade para fazer uma visita a um dos meus espaços no Rio de Janeiro. Quem me mostrou seu som foi o Xamã, e ele tá maluco por um feat. Bora?
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moonlezn · 7 months
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Ela quer, Ela adora
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capítulo I igual ela não tem, 01, primeira dama
avisos: referências muito específicas sobre o subúrbio do rio, eu posso explicar se quiserem hahaha. pequeno crossover com Garupa. é isso, espero que gostem! masterlist
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Se tem algo que o povo de Bangu sabe é passar calor e que você é do Renjun, vulgo Junin. O cobrador da B44 é conhecido pelo calçadão e pelo largo inteiro, anda pelos bairros adjacentes acenando e batendo nas mãos de quase todo mundo. Esse daí pega a van todo dia, falaí, trabalhador. 
Cada final de semana é um convite diferente para churrasco de fulano de tal, festa do filho de ciclano quem. O queridinho de geral tinha que marcar presença. 
De dia, ele rala e faz o dele; de noite, sai para as batalhas de rap e faz uns corres pela arte. 
Foi numa dessas que ele te conheceu. Obviamente era sua primeira vez ali, foi porque seus amigos te convidaram. A roda estava cheia e as reações eram tão altas que logo o ambiente te fez participar também. Renjun massacrou todos os rivais naquela noite, não sabe dizer se foi inspirado pela sua curiosidade que o encarava, ou se foi apenas resultado da prática mais intensa dos últimos meses. 
Quando ele finalmente ficou livre, te procurou entre os vultos que o elogiavam, mas não te encontrou. Contudo, essa vida é um sopro, se fosse para trocarem uma ideia, ia acontecer. 
Dito e feito. 
O que para Junin era uma surpresa, para você nem tanto. Já tinha visto o bendito várias vezes na van que pega para ir ao trabalho, por isso se admirou ao vê-lo no dia anterior. Nem sabia que ele era rapper, mas você não é parâmetro para nada. Não interage com ninguém no caminho de ida ou volta do trabalho. Entra muda e sai calada, com pagode nas alturas no fone sem fio mais caro do camelódromo de Bangu. Fora que sempre acaba se misturando com as dezenas de pessoas que saltam no mesmo ponto.
Logo ele, nunca ter reparado em você? Impossível. 
O cobrador rouba vários olhares na sua direção enquanto espera a van lotar para sair. Você não tem medo, fita de volta, dá um sorrisinho. Assim ele não aguenta.
Levanta um ponto antes do seu, tirando o fone e pegando o dinheiro trocado no bolso. 
— Vou ficar no próximo, Junin. — Chama-o pelo vulgo, e ele vira a cabeça tão rápido que quase bate. 
— Opa! No próximo para, Nando. — Ele anuncia para o motorista sem tirar os olhos dos seus, nem mesmo confere as notas. — Tem certeza que é no ponto? Se precisar, a gente para mais perto, pô. 
— Não, gatinho, no ponto mesmo. — Você diz, apoiando-se na janela quando o carro desacelera bruscamente. 
Oferece um último sorriso para o garoto, agradecendo ao motorista também. Isso sim era novo. 
— Ih, Juju, enfeitiçou a metida, foi? — Nando caçoa, e alguns passageiros riem com ele. O pessoal que pega contigo no mesmo horário nunca tinha escutado sua voz, com certeza tem algo aí. 
— Qual foi, Nando, que isso. — Ele esconde o sorrisinho convencido ao fingir contar umas notas bagunçadas nos dedos. — Tu acha que eu tenho chance? 
— Se tu não comer mosca como tu sempre faz, tem. — O motorista não perde a oportunidade de botar uma pilha. Na visão dele, Renjun é apenas um menino bobo que precisa acordar para a vida. 
A história se repete no dia seguinte, e no outro, e no outro… Depois de mais uns dias de olhares travessos, de sorrisinhos óbvios e de muitas piadinhas das duas partes, o rapper decide te chamar para sair. Era a última corrida da sexta à noite, tudo que ele menos quer é perder mais tempo. 
— Pô, só um chopp de vinho, falaí. — O menino anuncia, arrancando algumas reações dos passageiros restantes.
Você o desafia com os olhos debochados e um sorriso desacreditado. 
— Não, não. Pra mim só uma cerveja mesmo, afogar a tristeza por causa dessa merda do Flamengo. — Um homem levanta a discussão, o tópico muda. Mas não para vocês dois. 
Renjun chama sua atenção cutucando seu calcanhar com o próprio, fazendo com que se virasse para ele. O menino balança o queixo como quem pergunta o que acha da proposta que ele tinha feito. Você finge ponderar, mirando as unhas de acrigel que precisavam de manutenção. 
Pega o celular e digita uma mensagem rápida para o contato que tinha te chamado recentemente no whatsapp. 
só vou se for chopp do bom, com gosto de fanta uva nem me leva 
Ele ri ao ler a mensagem, mordendo o lábio e ajeitando o boné para trás. Sextou, pai.
Na praça da Guilherme tem de tudo, e o barzinho novo de frente para a estação é para onde vão. Musiquinha ao vivo, petisco bom, papo melhor ainda, ambiente instagramável, tudo para te conquistar de primeira.
— Como você é tão bonita? — Ele diz ao perceber que você já o tinha dado condição o suficiente para chegar. Estão ainda sentados na mesa do bar, já bem mais perto do que antes. 
O sorriso esperto, a mão no seu joelho, o chopp fazendo efeito… Você se aproxima também, deixando a boca bem perto da dele. 
— Bonita não, linda. — Brinca, quase não resistindo aos lábios geladinhos com hálito de cerveja. 
— Linda, — Ele não resiste, te dá um selinho. — mas tão metida. 
Não era uma ofensa, principalmente com as tuas unhas arranhando o disfarce do corte recém feito. Tinha ficado na régua só na esperança de ter esse encontro contigo. 
— Se eu não fosse tudo isso, você não estaria doidinho pra me beijar. — Retruca entre os selinhos que ficavam mais longos, mais profundos, mais molhados. 
— Me. ti. da. — Renjun corta a palavra com beijinhos lentos que te deixam tonta. Após dizer a última sílaba, aprofunda o beijo com experiência. Usa a língua devagar, te puxando pela nuca, se perdendo nos seus lábios.
O que era para ser um encontro virou dois, três… Quatro ficadinhas viraram cinco, seis, sete… incontáveis. Um burburinho começou a crescer sobre um possível namoro dele contigo porque só viviam juntos. Porém havia um problema, Junin perdia a linha.
Certo dia, voltando da manicure com o alongamento tinindo de perfeito, você corre para o ponto na esperança de chegar em casa mais rápido. Chegando mais perto, vê o dito cujo todo se engraçando para cima de uma mixuruca risonha. 
Ele não percebe a sua proximidade, estando de costas para você. A bonitinha não queria pagar a passagem e, além de cair na mentira dela, Junin está se querendo demais com essas risadinhas que conhece bem. 
Já está mordida de uma briga boba que tiveram semana passada que ainda não esqueceu, hoje vai ver o que é bom para a tosse. Desta vez não vai deitar. 
Tira da bolsa os quatro reais que tinha separado e, com toda raiva que tinha, espalma o dinheiro no peito do garoto, que leva o susto mais aterrorizante da vida dele. 
— Princesa, qual foi?! — Renjun exclama, o rosto ficando pálido de medo ao cair em si: fez merda. 
— Tô pagando a passagem da sua amiga, Junin. — Você sorri irônica, acenando os dedos adornados da extensão impecável. 
Vira de costas antes que ele pudesse protestar, traçando o caminho até o ponto de mototáxi do outro lado da rua. Ao subir na garupa de Jeno, finalmente encara Jun outra vez, ele espuma de raiva. Você abraça o abdômen forte do motoqueiro, apoiando a cabeça no ombro definido também. Ele repara a situação, balança a cabeça negativamente e ri da sua gracinha, dando partida por fim. 
O beijinho que joga no ar acaba com o cobrador. Ele não está apenas fodido, como fodido para caralho. 
— Gatinha, aquele lá é o tal do Junin? — Jeno pergunta ao te deixar em casa. Você afirma com uma expressão desgostosa, ainda sem acreditar na pachorra de Renjun. 
— É… — Suspira desanimada, devolvendo o capacete ao dono enquanto passa os dedos entre os fios embolados. 
— Já ouvi falar dele. — Jeno comenta, preparando a moto para a nova partida. — Também já ouvi dizer que ele só tem olhos pra você, sabe como é o corre da gente, os caras falam. 
Sorriu fraco para o mototáxi, agradecendo a tentativa de animá-la. Porém, as palavras mal deixaram uma impressão no seu interior, só consegue focar na imagem dele flertando com a outra lá.
Estão ficando há meses, ele te enche de presente, conheceram as famílias um do outro, todas as coisas que casais fazem. Mas o pedido que é bom, nunca veio. Agora, por causa do que viu, além de sentir o coração apertar um pouco, pensa se não está sendo otária. Quem diria, né. Vividona, toda bandida, caindo na laia de amor falso. Realmente estava achando que daria em algo. 
O lance entre os dois é diferente, te dá frio na barriga, só de vê-lo fica mais feliz. Ama acompanhar Junin nos corres dele, andar de mãos dadas pelo Bangu Shopping nos finais de Domingo, pegar o BRT lotado para ir tomar banho de mar na sua folga, visitar a vovó do menino só para ela ter companhia no lanche da tarde… Talvez só você estivesse sentindo tudo isso. Quando foi que ficou tão cega?
O dia inteiro ele te manda mensagem, mas nenhuma resposta vem. Tenta até te ligar… nada. A cabeça do garoto gira rápido demais, pouco se concentra no serviço o resto da tarde. Ele começa a ficar agoniado, a culpa e o medo atormentam cada pensamento. 
— Qual foi, Junin? Tá com cara de enterro desde cedo. — Nando indaga, estacionando a van na garagem. 
— Ah, bagulho com a minha mina… — Ele responde envergonhado.
— Sua? Tu pediu em namoro? — O motorista usa um tom irônico que incomoda o mais novo. — Tá é de enrolação, isso sim! Vai perder já já, isso se já não perdeu. Avisei pra não ficar se engraçando com…
Para de ouvir. Renjun não fala nada, o choque de realidade o pega desprevenido. Ele estava tão nervoso por você não estar respondendo que não tinha nem pensado que aquela situação poderia desencadear no fim do que têm.
Deixando o cara sem entender nada, Junin sai correndo dali. Ele pega o celular para fazer uma ligação, a amiga atende logo. 
— Lu, tem como pedir uma encomenda pra hoje? — Ele pergunta à menina que está enrolada com as entregas do dia, não fala nem oi. 
A loja de presentes personalizados bombou no TikTok recentemente, então passou a tirar os Sábados para postar os pedidos da semana nos correios. 
— Você não pode estar falando sério. — Ela bufa, sem paciência com os atendentes, com Renjun, com tudo no mundo. 
— Por favor, por favor, por favor… É só o quadro de estrelas, da parada de data… — Tenta convencê-la. — Te pago no pix agora já. 
— Porra, Junin. Que caralho, viu. Passa lá em casa exatamente às seis, vai estar pronto. Me passa a data, o nome e uma frase que você queira botar pelo whatsapp. Anda logo! 
Lu desliga apressada, deixando um sorriso enorme nos lábios do garoto. Agora ele só precisa correr na Americanas e comprar os chocolates que tinha pensado. Vai dar certo. 
Aproveitando que tinha recebido, o garoto escolhe vários chocolates, no entanto sente que ainda falta algo. Corre na loja de perfumes da Paris Elysee, sabendo de cor o cheiro que o enfeitiça. 
Ao mesmo tempo que Junin monta o presente da forma mais delicada possível, o coração dele não para quieto. Não sabe nem se você vai dar essa moral para ele, visto que parece não querer vê-lo nem pintado de ouro. 
Apesar disso, ele precisa arriscar. 
Depois de quase duas horas em Bangu, pegou um uber para a casa de Lu, onde ela entregou a moldura impecável. As estrelas no céu da data do primeiro beijo, os nomes de vocês um ao lado do outro e logo embaixo: 
“Pensando na primeira vez que te vi
Engraçado é eu não ter notado
Que o que eu procurava tava bem ali”
— Vê se com essa você para quieto, Junin. Ela não merece tuas pilantragens não! — Ela ralha bem alto no condomínio, o que atrai os olhares de alguns vizinhos. 
— Qual foi, Lu. Papo erradão esse teu, na moral. — Ele se defende em vão, levando uma porta fechada na cara. 
Confuso e quase ofendido, guarda tudo na mochila e vai caminhando até sua casa, que é próxima. Finalmente a ficha cai, as mãos suam e ele começa a ensaiar o discurso que faria. 
Ao ver o portão branco de ferro entreaberto, a barriga dá cambalhotas. Sua família está sempre em festa, hoje não é diferente. Tem algumas bexigas sendo penduradas, umas tias organizando as mesas… sem sinal de você, todavia. Assim que ele bate no ferro, sua mãe sorri grande para ele. 
— Oi, filho. Achava que você não vinha hoje, na verdade me disseram isso. — Ela te envolve num abraço apertado, deixando um beijo na bochecha. 
— Bença, tia. — Renjun cumprimenta. — É, eu mudei de ideia na última hora. — Desconversa com um sorriso travesso. 
— Ela tá na cozinha terminando de cortar pão, vai lá. — Sua mãe acena na direção da porta de casa. 
Ele pode jurar que é capaz de ouvir o próprio pulso. Ouve uma música sair da caixinha ao passo que se aproxima do cômodo, é um mpb triste. Merda. 
Na mesma hora que você se vira, Junin se encosta no portal, uma expressão saudosa na face tão linda. Porém você junta as sobrancelhas, deixa os últimos pães na mesa e limpa as mãos num pano. 
— O que você tá fazendo aqui? Quem te deixou entrar? — Põe uma das mãos na cintura nua, o cropped e o shortinho jeans que veste te deixam linda. Você está sempre linda. 
— Ei, precisa disso? — O menino toma uns passos na sua direção visando poder te abraçar. Não contava com o braço estendido que o impediria. — Que isso, minha metida, faz assim não. 
— Não me chama assim. Eu sou metida, mas sua… só se for nos seus sonhos. — Você gira o corpo, e ele revira os olhos. O que ele foi arrumar?
— Eu quero me explicar, melhor, me desculpar. — Ele assiste você balançar os ombros com escárnio ao rir. — Eu tô falando sério. Olha pra mim, por favor.
Não deveria, entretanto, atende ao pedido. O olhar sincero de Renjun se encontra com o seu machucado, ele só queria poder te beijar e te convencer a perdoá-lo. 
— Você tem dois minutos. — Cruza os braços e se finge de desinteressada. Não quer demonstrar nenhuma fraqueza na frente dele, já extravasou as emoções como podia, só que ainda dói. É inacreditável que tenha sido feita de idiota a essa altura da vida. Por meses. 
— Eu não devia ter dado confiança e flertado com aquela garota, foi mal. — Junin começa, desesperado pela falta de tempo. Você normalmente leva contagens muito a sério. — Me perdoa por ter te magoado e por ter feito você pensar tanta coisa, mas eu te prometo não fazer outra vez. Nunca mais eu vou te magoar. 
— Nunca mais mesmo, a gente não tem mais nada. — Você declara séria, se repreendendo ao sentir a garganta doer. Que palhaçada é essa, mulher? Por um ficante? 
— Não fala isso nem de brincadeira. — Ele arregala os olhos, apavorado de verdade. Traz a mochila para o peito, abrindo todo desajeitado. 
— Que porra é essa, garoto? — Nunca o tinha visto assim, chega até a ajudá-lo a abrir o zíper. 
Ele tira a pequena cesta de palha preenchida por inúmeros bombons, barras, trufas e outros doces da bolsa. Você segura o presente meio estatelada, não esperava isso hoje. Talvez daqui uns dias. 
Sempre que brigam, é assim. Não se falam, mas depois de um tempo, ele aparece e te mima de diversas formas.
— Jun… — O apelido que só você usa escapa automaticamente dos seus lábios. 
— Bota na mesa, tem outras paradas aqui. — Ele anuncia com a mão dentro da bolsa ainda. 
Assim que você fica com as mãos livres, Junin revela o pacote do perfume primeiro. Sorri com os olhinhos pequenos ao perceber que você se controla para não demonstrar que amou. 
— O meu tava quase acabando, obrigada. — Agradece sem jeito, escondendo também a curiosidade sobre a embalagem misteriosa que ainda falta.
— O melhor deixei por último. — Ele te entrega o presente, e você começa a desfazer o laço com cuidado. 
Nada paga a carinha que você faz quando entende o quadro. Seus olhos ardem com as poucas lágrimas que ameaçam um choro, dando brecha para Renjun, por fim, te abraçar e te encher de beijos por onde consegue. Estava morrendo de vontade de fazer isso desde que chegou. 
— Jun, você não pode me dar esses presentes assim e a gente continuar do jeito que tá. — Dá um ultimato nele, já completamente entorpecida pelo jeitinho marrento dele. O boné para trás colabora. Muito. 
— A gente continua de outro jeito. — Junin diz, mordendo os lábios, falando bem devagar. — Não tem outra que eu queira, você é minha primeira dama, minha número 1. Sempre. Quer namorar comigo? 
O seu bico relutante se transforma num sorriso em questão de segundos. Agarra Renjun pelo pescoço e o beija com tanta vontade que fica complicado. 
— Isso é um sim? — Ele pergunta, tomando seu lábio inferior com os dentes. 
— Sim, seu idiota. — Murmura entre mais um beijo que avermelha ainda mais a boca desenhada do menino. 
Com mais firmeza ele te aperta, feliz que não cabe em si. Ainda se beijam quando, gritando, sua tia entra na cozinha. 
— Olha a putaria, tem quarto não? — A mulher brinca, rindo escandalosa. 
As borboletas conhecidas se manifestam quando Jun ri, escondendo o rosto na curva do seu pescoço por vergonha. Você sempre acha uma graça. 
— Ô Simone, vem dar um jeito no teu povo! 
A exclamação impossivelmente alta da tia atrai sua mãe para a cozinha, onde contam que até que enfim estão namorando. A festa da casa ganha outro motivo, então. Todos os parentes, vizinhos, amigos, os cachorros… ficaram sabendo do início tão esperado do namoro. Até as altas horas da madrugada o papo rende, regado de salgadinho, cachorro quente, guaraná e, claro, muita cerveja gelada.
— Eu te amo, sua metida. — Como uma promessa, ele segreda ao te abraçar na cama, preparados para dormir.  — Não, sua metida. — Sim, cafona desse jeito, a tal ponto. — Eu também te amo, mô. — Sussurra sonolenta, caindo no sono nos braços do pilantra mais romântico de Bangu.
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moonlezn · 1 month
Note
renjun + academia
"com licença, a gente pode revezar?" o menino tímido e de figura delicada se aproximou sorrateiramente do kinesis, onde você fazia um dos primeiros exercícios de sua série.
o suor escorrendo na têmpora não tinha nada a ver com atividade física, ele havia acabado de sair do vestiário masculino após uma longa discussão mental se ele deveria ou não puxar um assunto contigo após semanas de contato visual. porém, sem nem desconfiar, você murmura uma resposta positiva com um sorriso simpático após retirar um dos lados do fone de ouvido.
veja bem, hoje é dia de perna para renjun, ele já usou esse aparelho ontem. pergunte-lhe se liga para isso.
claro que não.
"caralho!" você exclama baixinho ao ver a carga bem mais pesada do que a sua. pondo a mão na boca ao reparar que ele ouviu, vocês riem juntos. "desculpa! mas é que esse aparelho é difícil de progredir carga, tu tá bem demais." admite o motivo da surpresa.
"pô, é só você ir aumentando nem que seja na primeira repetição." renjun fala enquanto faz o exercício. "se você quiser, eu te ajudo. aumenta aí e eu fico aqui pra caso você falhe."
você segue o conselho de seu crush da academia, e com sucesso progride a carga na qual estava estacionada há duas semanas. sem querer parar de conversar, pulam o cardio desta vez só para conseguirem descobrir mais sobre o outro.
"obrigada, renjun." declara pela milionésima vez, estavam já preparados para ir embora. "amanhã você vem treinar?"
"venho." ele responde enquanto pensa num jeito de estender a conversa. "e o pós treino, pode ser um açaí com whey ali na oakberry?" sugere com um pouco de timidez.
"hm..." você finge que vai negar, ponderando por um instante. "mas tem que ter fruta também, sabe? minha nutri passou assim."
ele ri aliviado, afirmando com a cabeça ao seu pedido, ao passo que você o acompanha. ele está ferrado.
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moonlezn · 1 month
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Ela quer, Ela adora
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capítulo V tudo que é meu, tu pode ver, tá na responsa dela e todo mundo tá ligado que ela é minha de fé
notas: eu sou romântica demais pra escrever um cafajeste. nem acredito que escrevi esse ícone outra vez! espero que gostem. <3 masterlist
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Quase um ano depois do primeiro, o segundo grande lançamento do MC Junin estava em fase final de produção, desta vez um álbum de verdade, não somente um EP. O sucesso veio para ficar, o que é quase assustador. A conta bancária de Jun nunca tinha visto dinheiro assim, precisou contratar um especialista em investimento porque o medo de perder tudo era grande. Ele suava frio com a ideia de não poder ter mais a vida que conquistou.
Enquanto dirigia a BMW blindada até Bangu, num dia raríssimo de folga, Junin ouvia as próprias faixas novas com um sorriso orgulhoso no rosto. Colocou pra foder nessas. Ao estacionar na frente de sua casa, ele deixa o banco do motorista com o peito estufado, cheio de coragem. Precisaria. 
A verdade é que desde que o universo Junin virou de cabeça para baixo, o seu mundo também o fez, inevitavelmente. E sabe o que mais machuca? A saudade, a falta de atenção, o tempo separados por causa dos compromissos dele. O sofrimento que vive é todo guardado dentro do seu coração, nunca teve forças de reclamar com o namorado porque o brilho nos olhos castanhos de estar vivendo um sonho te impedia. Obviamente está feliz por ele, mas talvez não pertençam mais um ao outro. 
Quando Renjun anunciou que te visitaria hoje, logo pensou no pior. Chorou durante boa parte da madrugada pensando que seria o dia do término e não pôde evitar se culpar por ter dado a oportunidade de boa vida quando investiu na gravação do single, pois agora seria deixada de lado. 
— Minha metida! — ele exclama e te abraça sem perder nenhum segundo, a saudade gritando no próprio peito. Não reparou na carinha triste estampando suas feições. — Que saudade, minha princesa.
As ações do garoto eram cruéis. Se ele quer terminar, que não te iluda, pelo menos.
— Cadê minha sogra? — entrelaçando os dedos nos seus, ele te puxa pelo quintal e se esparrama no sofá da sala que ele já havia visitado milhões de vezes, mas que não o via há meses. 
— Ela saiu com as crianças hoje. — você se senta na mesinha de centro com o semblante firme, de frente para o futuro ex-namorado.
— Que houve, vida? — preocupado, inclina o tronco na sua direção e procura seu olhar com o próprio. — Tá tudo bem? Eu fiz alguma coisa? 
Sem conseguir conter, deixa um pouco de ar escapar pelo nariz numa risada debochada fraca. 
— Não, Junin. — o vulgo quase sempre era péssimo sinal. — Você não fez nada. 
— Olha, amor, eu vim aqui conversar algo sério com você. 
Na mesma hora o coração sensível provoca ardência nos seus olhos, porém você respira fundo, sem jamais corresponder aos olhos do MC. 
— Pode falar. 
Como sua mente é traíra, algumas memórias vieram à tona. As primeiras vezes, o dia em que foram pegos pela sua mãe e ela defendeu Junin e quase te bateu na frente dele, também quando brigaram feio no início e ele implorou perdão por três dias seguidos na porta do seu trabalho, e a memória mais bonita que tinha: o dia em que fora apresentada ao bem mais precioso da vida de Jun.
Já havia dias que sua ansiedade não lhe deixava em paz. Junin cismou que já era hora de você conhecer sua avó, a mulher que o criou enquanto sua mãe voltou à China à procura de explicações sobre o próprio pai. Em frente ao portão de grade, a tremedeira ataca novamente. 
— E se ela não gostar de mim? 
Renjun ri, depositando um selinho nos seus lábios. Queria parecer tranquilo, mas estava tão nervoso quanto. Não por medo da avó desgostar de você, e sim porque sabe que ele mesmo está tão amarrado na sua que mal via a hora de apresentá-las. 
— Ela vai amar você, fica calma. 
Ele abre o portão e te conduz até a cozinha, onde uma senhora baixinha coloca baos no prato para o lanche da tarde. 
— Lao lao. — o garoto chama em mandarim, capturando a atenção da mais velha. 
— Oh! Vocês já chegaram. 
Você fuzila Renjun com o olhar, ele havia dito que a avó não sabia da visita.
— Nossa, como sua namorada é linda, Renjun. 
Ela sabia bem que não eram namorados, só que nada como uma senhora sem filtro para fazer a carruagem andar mais depressa. Não deu outra, menos de um mês depois o pedido de namoro foi feito. Depois de uma briga? Sim. Em circunstâncias duvidosas? Sim. Porém, foi feito. 
Naquela tarde, você viu fotos do pequeno Huang Renjun e comeu mais de cinco baos com café preto. A delícia da mistura chinesa com brasileira ficou ainda mais gostosa com as risadas entre os três ao ouvir as tramas da vida longa da vovó. 
— Eu não sei muito bem como te dizer isso, então eu… 
— Tudo bem, eu entendo. Você tá sem tempo, não é mais a mesma coisa e… 
— Do que você tá falando? — Junin para nos trilhos antes de tirar o objeto do bolso. — Você acha que eu quero terminar? 
Confusa e com um nó doloroso na garganta, você encara Renjun, finalmente. Até hoje a beleza te pega desprevinida. 
— Não é mais a mesma coisa pra você? — quem demonstra dor agora é ele. 
— Não é isso, Jun… — você suspira. — Você só vive longe, eu achei que… 
— Por isso mesmo. — ele se apressa, agarrando com força o presente que está prestes a te dar. — Eu juntei dinheiro. 
— Não. — você o interrompe. — Não precisa me pagar de volta. 
— Me ouve, metida. Por favor? 
Você balança a cabeça, se calando. Ele finalmente nota o inchaço em volta dos olhos e a irritação que denunciava que você havia chorado. As palavras se embrulham na mente do rapaz, só que ele precisa de explicar logo. 
— Eu juntei dinheiro, e fiz uma coisa. Não sei se você vai amar ou odiar, aceitar ou recusar, mas foi pela gente. Sempre vai ser pela gente. Pensa com carinho, tá? 
Sua boca se abre num O de espanto ao ver a chave dourada cravejada de diamantes na mão do namorado. 
— Jun, o que isso significa? É o que eu tô pensando? — você murmura, a beira de passar mal ou de pular no pescoço do amor da sua vida. 
— Vem ser dona da minha cobertura em Ipanema.
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moonlezn · 6 months
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Ela quer, Ela adora
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capítulo IV saímos do fundo do poço e o jogo virou. joguei seu nome no meu ouro em prova de amor, e agora eu vou...
notas: ele tá de volta! o maior de bangu. tentaram derrubá-lo, mas ninguém se mete com o môzin da metida. postando uma hora mais cedo como pedido de desculpa por domingo passado. espero que gostem! masterlist
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Você: que mlk filho da puta Você: eu vou bater nele
Junin xinga todos os palavrões que conhece porque sabe que não é só uma ameaça. Você sai de casa de qualquer jeito, mal ajeita as roupas antes de sair correndo para a terceira rua à esquerda. Azar de J.S vocês morarem tão perto, Bangu é um ovo. 
Quase chutou o portão, mas ainda tem educação suficiente para respeitar a família do mc, eles não têm culpa de nada. Apenas bate algumas vezes sobre o metal, aperta a campainha incontáveis vezes. Seu namorado liga pela quinta vez sem ser atendido, o celular apenas vibra em vão no seu bolso. 
Uma menina te atende, a irmã doce e gentil de Jisung. Você tinha tomado conta dela quando era mais nova, então ela sorri ao te ver. 
— Tia, desculpa pelo irmão, ele deve estar com inveja. — a pequena Jojo tenta encobrir a burrada do mais velho, mas você abre um sorriso sarcástico. 
— Eu vou dar um jeito nessa inveja agora, Jo. Deixa a tia passar.
Com passos apressados e barulhentos, dirige-se até o quarto do idiota que está dizendo em live que Junin roubou as letras dele e traiu a própria namorada depois de ficar mais famoso. A raiva que ferve o seu sangue faz com que não calcule a força, acaba batendo a porta sanfonada com tudo. J.S. pula na cadeira e corre para terminar a transmissão ao te reconhecer, de repente a consequência ficou real demais. Antes que pudesse acabar, no entanto, você consegue tomar o celular junto com o tripé que apoiava o objeto. 
— Tá com medinho, J.S? É porque sabe que tem cu preso, seu mentiroso do caralho. 
Junin trava no meio da rua, não conseguiu impedir que você se envolvesse na história ainda mais. Puta merda. 
— Oi, gente? Tudo bem, amores? 
— Não acreditem nessa maluca! Ela invadiu minha casa! — ele tenta pegar de volta o aparelho, mas você sobe na cama e o empurra com a mão livre. 
— Primeiro de tudo: não invadi a casa de ninguém, a irmã dele abriu o portão e ainda por cima me pediu desculpa pela tosquice desse invejoso. — você ri com escárnio do garoto que está chocado com a sua ousadia de enfrentá-lo. — Segundo, vou mostrar pra vocês uma coisinha. — abrindo o celular, mostra fotos de todas as batalhas que Junin venceu J.S. — A única vez que J.S. venceu uma batalha foi quando meu namorado não estava. Então vocês acham mesmo que roubar letra dele é um investimento? Faz-me rir. Terceiro, e último, o Junin é fiel, e acreditem, eu tenho olhos em todos os lugares. Já nosso rapper aqui, traiu a ex-namorada mais que dez vezes com pessoas diferentes. Se vocês não acreditem em mim, podem seguir o perfil da Belle, que tá comentando aqui embaixo. O último post dela é o textão e as provas. Agora, boa noite, meu namorado famoso tá me ligando. Beijinhos. 
Você larga o aparelho de qualquer jeito e desce da cama, deixando um tapa estalado na cara perplexa e irritada de Park. 
— Lava tua boca antes de falar de mim e do meu namorado. Faz o teu que tem espaço pra todo mundo, mas se você surtar de novo, eu vou fazer de tudo pro teu nome não crescer nunca. Tá me ouvindo? 
Sem nem esperar resposta, dispara para fora da casa, agradecendo em preces porque os pais do garoto já estavam dormindo. Tremendo de raiva, caminha para casa tentando acalmar a respiração descompassada. 
Ao virar a esquina e ver a figura tensa de Renjun te esperando bem em frente ao portão da sua casa, sente os músculos relaxarem. 
— Amor, o que foi aquilo? — ele corre até você, envolvendo os corpos num abraço forte. 
— Me perdoa, eu não pensei nas consequências, só fiquei com muita raiva e… 
— Passou, tá tudo bem agora. Mas… — toma o lábio inferior nos dentes e esconde um sorriso. — aquele tapa… Eu te amo, sua maluca. Ele poderia ter te machucado, sei lá, ele é doido. 
— Não a ponto de encostar em mim, vida. Ele mereceu. 
Junin revira os olhos e sorri, suspirando. Ele te leva para dentro de casa enquanto deixa alguns beijinhos na sua têmpora, aliviado que tudo aquilo não tinha acabado mal. Ou ele achava que não. 
No dia seguinte, o simples rapper de Bangu acordou com uma bomba: a Choquei havia postado uma notícia oportunista sobre o acontecido.
FAMOSOS: MC Junin de Bangu é acusado de plágio e traição em live, mas namorada quebra tudo
De início, os comentários eram apenas perguntas como “quem são esses?” “famosospra quem né?”. Até que ninguém mais, ninguém menos que o próprio Xamã adicionou o próprio comentário. 
“Não podem ver um pobre se dando bem, ê Brasil.” 
Então a história mudou de curso, todos passaram a saber quem ele era de uma hora para outra. Os comentários defendendo Junin não paravam de chegar, e o resultado chegou nos perfis do rapper rapidamente, o que só ajudou no hype para a performance em conjunto que foi anunciada logo depois.
No dia do festival, a música estava pronta para ser apresentada pela primeira vez. Xamã fez um breve discurso e, finalmente, Junin entrou no palco. Ele brilhou tanto que foi impossível ignorá-lo, em nada permitiu que fosse inferior às músicas anteriores, pelo contrário — e o público acolheu a batida nova com tanta vontade que deu gosto de ver. Você admirou de longe, no backstage, mas não deixou de se emocionar. É verdade, o sonho dele está acontecendo. 
Para melhorar, como uma surpresa, Xamã anunciou que Junin também cantaria seu primeiro single, Minha Cura. Mesmo sem ter passado nada com a equipe, saiu perfeito. O pessoal de Bangu que se misturava na multidão berrou tanto, a energia foi impecável. O primeiro passo para o sucesso estava dado, os produtores começaram a perguntar sobre ele com sede de terem um contrato, um nome promissor começava a se consagrar no cenário. 
O Flu Fest foi um dia inesquecível, que criou oportunidade para uma memória inesquecível. Assim que recebeu o cachê, Junin decidiu te levar para sair. Vocês dois, outback do shopping de Bangu e uma surpresa clichê que ele era doido para fazer desde o momento em que te conheceu. 
— Quer comer mais, metida? — o apelido sai naturalmente a esse ponto, mas é tão carinhoso quanto os olhos apaixonados dele sobre você. 
— Se eu pedir mais comida, vou explodir. — você põe a mão sobre a barriga e faz uma carinha manhosa para o namorado, que arqueia a sobrancelha. 
— Então sem sobremesa hoje? Que pena. — soa como um desafio porque ele já sabe o que você vai dizer. 
— Sempre tem espaço pra sobremesa. 
Você ri ao notar que ele dubla as palavras que saem da sua boca, mas não deixa de dar um tapinha na mão embaixo da sua. O garçom simpático interrompe vocês por um instante, o brownie coberto de calda e sorvete parece delicioso, mas também está acompanhado de um saquinho vermelho de veludo. 
— Renjun Huang… 
Ele mesmo toma o objeto e o abre, derrubando um par de aliança sobre a palma da mão. 
— Eu sei que você odeia essas coisas, mas eu não quero começar uma etapa nova, e complicada, da minha vida sem andar por aí sem teu nome no meu ouro. 
Ele te mostra a aliança menor, o nome dele gravado em letra elegante por dentro faz suas pálpebras arderem, você sorri boba de amor. Tem a jóia colocada no seu dedo com delicadeza, e ele entrega a outra para que você a colocasse logo depois. Além do seu nome, lê-se minha metida como complemento. 
— Eu odeio essas coisas, mas eu amo você, Junin de Bangu. 
Não demorou muito até que outros convites para featurings chegassem, Chefin, Cabelinho, Poesia Acústica. O primeiro EP foi produzido e lançado com doze músicas, seis viraram single, a primeira turnê pelo Rio fez tanto sucesso que se estendeu pelos outros estados da região sudeste do Brasil. Por quase quatro meses MC Junin, o seu Jun, não parou em casa, o tempo ficou curto demais, valioso demais. Enquanto a promoção pelas rádios do Nordeste estava em negociação, você e ele precisariam achar tempo para tomar uma decisão.
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moonlezn · 7 months
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Ela quer, Ela adora
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sinopse: renjun vai do zero aos milhões rápido demais após ter seu talento descoberto quando menos esperava. óbvio que ele leva consigo aquela que sempre foi dele, mas a vida nova traz dificuldades. o relacionamento vai resistir ao mundo que só existe do outro lado do túnel?
carioca!au fluff; sugestivo; angst
CAPÍTULO I; CAPÍTULO II; CAPÍTULO III; CAPÍTULO IV;
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moonlezn · 6 months
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The Story Of Us — Final
— Um amor para a vida inteira Segundo Ato: All of The Girls You Loved Before
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notas: o final do último capítulo... uau. chegou mesmo! espero que gostem, e aguardem com tanta esperança o epílogo.
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A claridade faz seus olhos doerem por um breve segundo, fazendo com que cerre as pálpebras novamente. Esqueceu de fechar a janela. O brilho do Sol e o vento gélido entram e bagunçam as cortinas, você se aperta contra o torso entrelaçado no seu, aninhando-se mais no peito em que adormeceu. 
O cheiro tão único preenche seus sentidos, e você sorri para si mesma. Levanta o rosto, abrindo os olhos já confortáveis com a luz, encontrando os dele preguiçosamente fechados. 
Desde que Renjun admitiu que ainda te amava até hoje, um caminho longo foi percorrido. De início, você escolheu não acreditar. Até fugiu para casa de sua mãe por uma semana, o tempo máximo que Kun conseguiu encobrir as faltas sem justificativa no trabalho. 
Depois disso, fugiu dele novamente; evitando-o, no entanto, dessa vez. Não respondia as mensagens direito, não estava aberta a conversas, fingia que nada daquilo era real. A verdade é que a confusão na sua cabeça estava te sabotando, dando muito trabalho ao namorado. Mas ele conseguiu. 
Custou um pouco até que conversassem, porém valeu a pena cada investida. Cada vez que ele apareceu de supetão na porta do seu apartamento, no escritório, que te levou para jantar, que jogou cantadas idiotas entre as esquinas vazias da cidade para te reconquistar. Custou muito, só que foi justo. Estar contigo é valioso demais. 
— Bom dia… — a voz manhosa interrompe o filme que passa na sua cabeça. — Acordou tem muito tempo? 
Você balança a cabeça ainda sorrindo, afastando os cabelos desgrenhados dos olhinhos pesados. 
É real. Demais.
— Que foi, hein? — ele se ajeita, chegando o tronco para cima para poder te ver melhor. — Panqueca em troca do que você tá pensando. 
— A gente concordou em parar com o suborno, Jun. 
Ele solta uma risada sincera. Como algo poderia preencher sua mente senão este som, este sorriso, esta vida que escolheu reconstruir com ele? 
— Já entendi. — o carinho no seu braço arrepiado aquece a área. — Mas vou fazer panqueca mesmo assim porque você merece. — os lábios desenhados deixam um selar amoroso nos seus, e ele deixa o quarto para cumprir a missão quase diária do café da manhã na cama. 
Não demora até que volte, mas o capricho na bandeja te anima na manhã de Sábado. As panquecas douradas no seu prato estão adornadas com morangos cortados em formato de coração e um pouco de mel, além da companhia do café preto frutado que é o seu favorito. 
— Obrigada, chef. Tá muito bonito. — diz ao passo que oferece ajuda para colocarem a bandeja no colchão sem derramar nada. 
Renjun espera ansioso pela sua primeira garfada, ama quando você aprecia a comida dele. Por isso, sorri grande quando te vê fechar os olhos em apreciação e deixa alguns beijinhos na sua bochecha quando você rasga elogios para ele. 
— Você pensou sobre… aquilo? — ele indaga enquanto mastigam, após um silêncio confortável ter caído sobre o cômodo. 
Seus olhos batem na caixinha preta que exibe o diamante solitário sobre a cômoda ao lado de Renjun. 
Se não fosse o calmante que Jaemin o forçou a tomar, com certeza teria desmaiado. Mal teve tempo de calcular tudo, quando viu, já estava com o joelho no chão, com a pequena caixa revestida de veludo aberta e com o estômago revirando à espera do seu sim. 
Por volta do quarto mês do segundo namoro, Renjun decidiu te provar mais ainda que não estava brincando sobre o quanto te amava. Comprou o anel, te levou ao encontro mais privado possível e, quando não se aguentou mais, fez a pergunta que estava entalada na garganta. 
Apesar das lágrimas emocionadas e da cara de choque, você ainda não tinha certeza se responder era o certo. Ajoelha-se e tira a caixa da mão dele, sem saber o que fazer e calculando cada palavra que viria a seguir. 
— Meu amor, eu te amo tanto… — afaga as bochechas do namorado, que tem o olhar aterrorizado. — Ainda tem muito tempo pra gente… pra gente fazer isso. 
— Você quer terminar?
— Claro que não, Jun. — suspira nervosa. — Só preciso de tempo pra pensar. 
— Me perdoa, eu… eu estraguei tudo, né? 
— Para de pensar besteira. — aperta as mãos dele nas suas. — Vamos dar tempo ao tempo. 
Foi difícil por umas semanas, Renjun ficou com vergonha. Quem teve de reconquistar foi você, mas logo tudo ficou bem de novo. Às vezes ele tinha medo de tocar no assunto por receio de parecer que estava te pressionando a algo, portanto, nunca mencionava. 
Entretanto, aquela caixinha vinha o assombrando demais nos últimos dias, por isso tomou coragem de lembrar da pendência que estava coberta desde então. 
Você aperta os lábios, respirando fundo. Não é segredo que a insegurança de tomar decisões sempre fora um defeito seu, já machucou muitas pessoas por isso, também a si mesma. Queria fazer diferente daqui para frente. 
Não foi há muito tempo que decidiu sua resposta, custou um choque de realidade e um tempo sozinha com os monstros da sua cabeça para enfrentá-los e enxergar o certo. 
Voltou para seu quarto com a xícara quente de chá para Renjun, que encarava a parede tomada por inúmeras fotos que você havia tirado. Repousa a mão sobre o ombro forte, entregando-o a bebida com cuidado. Ele sorri em agradecimento, bebericando o líquido quente e voltando a mirar as memórias expostas no mural. 
— Você é muito boa nisso. Essa é minha favorita. — ele aponta para uma de suas primeiras fotos, a borboleta exibindo suas asas coloridas no banco do parque. 
— Tem um tempo que não tiro foto, devo ter perdido a mão. — sorri sem graça, corando com o elogio. 
— Quem é esse? — Renjun joga a cabeça para o lado, pousando o indicador numa das fotos que tirou de Jaehyun na cabine de seu avô.
Ele estava rindo como uma criança de algo que passava na TV, as covinhas e as rugas no nariz seduziram sua lente em segundos, você se lembra. 
— Um… amigo? Nem eu sei. 
— Vocês, é… vocês namoraram? — ele bebe outro gole do chá na esperança do comichão na barriga ir embora. 
— Não foi muito bem isso. É uma história longa. — você confessa. — Não sei o que essa foto tá fazendo aqui ainda. — um pouco irritada pela lembrança, arranca a foto da parede e substitui por outra rapidamente. 
— Tá tudo bem, ei… — Renjun abandona a xícara na escrivaninha e acaricia seu rosto para acalmá-la. — Eu também tive situações que terminaram mal. 
— Sério? — com um risinho triste nos lábios, você o instiga a continuar a falar. 
— Uma menina da Polônia… É complicado. — bufa e revira os olhos, odiava essa parte de sua vida. — A gente saiu uns dias, ela ficou meio obcecada, mas eu não vi isso na época. Inventou que tava grávida de mim, a família dela forçou um casamento… 
— Renjun Huang, você é divorciado? — a risada que dá é nervosa, falsa que só. O coração apertou ao ouvir as palavras grávida e casamento. 
— Não. Não! — aproxima ainda mais seus corpos, percebendo que você tinha tomado uma distância. — Acabou que o cara que era o pai da criança apareceu com teste de paternidade. O pai dela quase me deu um carro de presente pra pedir desculpas. 
— Meu Deus… 
A sua cara de susto aciona um alerta na mente de Renjun. Ele afrouxa o aperto e você vira de costas para ele, refletindo o que acabou de ouvir. Não está julgando, claro que não. Mas… quase casamento… uau. 
— Tá… tudo bem? 
Não estava. E não ficou por uns dias. Nem você entendia o motivo pelo qual aquilo tinha te abalado tanto. Ciúmes? Medo? O que exatamente era aquilo?
Como ironia do destino, em uma das noites que decidiu caminhar para espairecer, o clima frio beijava seu rosto quando avistou ao longe Jaehyun, sua agora esposa e… um bebê. Eles estavam saindo da loja, o homem com o filho no colo enquanto a mulher trancava a porta e ajeitava o carro. Antes que pudesse dar meia volta, a cena te prendeu mais uns instantes, e ficou impressa na sua mente por mais algumas horas. 
As luzes das ruas se apagavam à medida que o alvorecer tomava conta do dia. A noite mal dormida lhe rendeu um coração arrependido depois de ter se lembrado do tempo que passou com Jaehyun. Ele foi quem te fez perceber mais ainda, na época, que Renjun foi quem mais te fez sentir amada. E ainda faz. 
A história do casamento parecia tão pequena agora. 
Assim que ficou pronta, saiu com pressa na direção contrária da editora, seu destino era outro. A agência mal tinha aberto as portas quando você chegou lá. Jaemin olhou assustado para a entrada, sem saber o que a teria levado ali tão cedo. 
— O que hou… 
— O Renjun tá aqui? 
Ouvindo sua voz, Renjun aperta os passos e atravessa a porta que separa a área restrita da parte da frente do recinto. Ele te fita, você está esbaforida e o cabelo foi arruinado pelo vento. Ainda assim, nunca esteve tão linda. 
— Me desculpa, Jun. Eu fiquei com ciúmes e… nossa, fui uma babaca. Me perdoa, eu não ligo pra nada disso, pra ninguém que veio antes de mim porque… porque eu te amo mais. 
Ele sorri e passa as mãos pelos cabelos. Como é bobo. 
— Eu te amo mais do que qualquer outra pode ter amado, Renjun. E pra mim… sempre foi você.
Renjun limpa a garganta, nervoso com o seu silêncio. Ainda aguarda que você diga algo. 
— Você pensou ou…?
Controlando um sorriso, você se levanta e pega a caixinha, voltando para a cama com ela em mãos. 
— Pensei, Jun. — entrega o objeto para ele, suspirando. O olhar esperançoso dele se desfaz aos poucos, entendendo tudo errado. 
— Olha, eu… eu entendo. Tá tudo bem. 
— Do que você tá falando? — você pergunta rindo. Estende a mão para o namorado, balançando os dedos. — Eu quero me casar com você. 
Ele arregala os olhos, seguindo seu sorriso. Renjun toma você nos próprios braços num enlace apertado, nunca mais te deixaria escapar. Entre muitos beijinhos, ele abre a caixinha e p��e o anel perfeito no seu dedo anelar. 
— A gente tá noivo! — ele exclama baixinho, quase explodindo de felicidade. 
Um dia antes do casamento, você esconde o vestido às pressas ao ouvir os passos de Renjun se aproximando do seu quarto bagunçado. A caixa com as pastas está na cama à espera dele, que insistiu para que você tomasse coragem para abrir.
— Por que não abre logo? — Ele indaga, escorado no batente da porta do quarto. Sorri de canto, mordendo os lábios, tímido. — Até eu tô curioso.
— Não vai ficar com ciúmes? — Você implica, fazendo o noivo revirar os olhos. Ele dá alguns passos até você, afasta a caixa para o lado e se senta na sua frente. Entrelaçam os dedos delicadamente, o carinho te acalma por inteiro.
— Talvez... — O homem estala os lábios, parece pensar no que dizer. Quer te convencer a tirar o band-aid de uma vez. — Vou te confessar que eu tô muito ansioso pra saber o que você escreveu sobre mim, sobre quando namoramos a primeira vez. — Ele esconde o rosto com as tuas mãos, rindo de nervoso.
— Então você tá me rondando por isso, é? — Gargalha quando ele expressa a culpa na face bonita. — E eu achando que você tava tentando me ajudar!
— Também. Todas essas memórias... — Ele acaricia tua mandíbula devagar, olhando cada detalhe teu. — Te trouxeram pra mim. Do jeito que você é.
As borboletas bem conhecidas despertam no teu estômago. Este homem é, sem dúvidas, o amor da tua vida. Por isso que, ao reencontrá-lo, não deixou que ele escapasse novamente.
Então, por que reviver o passado? Como ele disse, além de ele mesmo ter um espaço reservado dentro da caixa para o que viveram há algum tempo atrás, tudo aquilo te ajudou a descobrir o caminho até o teu agora, que em breve seria para sempre.
— Promete que não vai rir, nem me julgar, nem ficar com raiva, ou com ciúmes? — Você pede, quase abrindo a tampa. Sabia que ele riria em algum ponto e também que não te julgaria. Mas...
— Você vai me deixar ver? Sério? — Os olhos brilham de animação. Você apenas assente, e ele se aproxima ainda mais.
Deixa a tampa de lado depois de tirá-la e sorri, se lembrando da própria organização. As pastas coloridas, uma para cada amor, dispostas por ordem cronológica te trazem nostalgia, e você nota a garganta embargar. Já fazia algum tempo do último contato.
Pega a primeira de todas, rosa bebê, e lê o nome Jaemin Na na fronte, escrito com tua caligrafia adolescente. Nunca abriu esta pasta antes, apenas a fez para se lembrar do teu primeiro amor e a guardou. Olha para o noivo, que balança as pernas com nervosismo.
— Vamos começar pelo começo, então…
Passam por todos os seus amores, sem nenhum peso distorcendo suas memórias desta vez. Abrir a pasta de Renjun foi divertido, e não doloroso. Principalmente por saber que estariam juntos para sempre.
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moonlezn · 6 months
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The Story Of Us — Final
— Um amor para a vida inteira... Primeiro Ato: Cruel Summer
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...then fall back together
— Eu ainda tô esperando. — Jaemin incita a explicação que aguarda. 
Vocês se entreolham outra vez, mas agora como um pedido de socorro silencioso. Como explicar, o que dizer? Uma história de amor assim não dá para ser escondida, por isso transborda na forma em que se fitam, como se estivessem hipnotizados, apesar de chocados.
Seria, então, a segunda chance que você pediu nas orações desesperadas após perceber como a ausência dele te machucava cada dia mais? 
Ele repara no pingente que havia te dado de presente, encarando por uns instantes. Você esconde o cordão dentro da blusa, completamente sem graça. A verdade é que o seu coração sempre fora dele, o singelo aviãozinho simbolizava a esperança que nunca se deu o trabalho de superar.
— É uma história longa… outro dia a gente te conta, né? — ele bate com a garrafa d’água na sua, mascarando a angústia das lembranças com um sorriso. 
Você o imita, tomando um gole maior desta vez. O filme que passa pela sua cabeça quase te faz chorar, por dois motivos: primeiro porque olhando para trás agora tudo parece tão simples e fácil de ser resolvido; segundo pois não dá para saber se ele está sentindo a mesma necessidade que você, isto é, de desfazer todos os nós que ficaram no passado e seguir. 
— Mas, falando nisso, como vocês se conhecem? 
Ele já sabe, juntou os pontos. Você contou para ele sobre seu primeiro namorado, é óbvio, eram melhores amigos. 
— Injusto. — Jaemin bufa. — A gente foi amigo de escola e… 
— Jaemin foi meu primeiro amor. — completa quase como se quisesse alfinetar o outro, que arqueia uma das sobrancelhas discretamente. 
— Ah, é esse Jaemin? — rebate na mesma hora. Se existir alguém mais sonso que ele, não quer conhecer. 
Um silêncio constrangedor segue a encarada que ele te dá ao te ver revirar os olhos. Continua expressiva. 
Jaemin arregala os olhos para si e estala os lábios, suspirando. 
— Vou no banheiro. — se levanta arrastando a cadeira de propósito. Que clima. — Quando eu voltar, espero que vocês tenham se decidido se vão agir normalmente ou não. 
O outro acompanha com os olhos o amigo se afastando da mesa, indignado. Você olha para todas as direções menos para frente. Mais uma vez nenhum dos dois fala nada, não por falta do que dizer. São tantas coisas que não dá para entender por onde começar. 
— Desculpa, eu não sabia que… 
— Não tinha como saber. — ele ri baixinho. — Se você quiser, eu vou embora. 
— Claro que não, Renjun. — profere com pressa demais. — É que… o Jaemin chamou a gente aqui, então vamos só fingir que nada aconteceu. 
Aquilo atinge os dois com mais força do que deveria, mas é melhor agir assim. O embrulho no estômago e os sorrisos forçados tornaram-se menos e menos incômodos ao passo que os drinks queimavam sua garganta durante a noite. A fraqueza para o álcool é óbvia, por isso pedem algo para comer, porém não adianta. 
A tensão de lembrar da forma que tudo acabou, de como ele foi embora tão rápido… precisava de algo para desacelerar os pensamentos, as canecas e as taças foram suas companheiras enquanto puderam. Jaemin tratou de separá-las em certo ponto. 
— Depois você bebe mais. — ele ri dos seus protestos bêbados e desajeitados. — A gente vai pra casa, tá bem? 
Próximo demais.
— Deixa que eu levo ela, é caminho. — Renjun apoia seu braço do nele, e você solta um suspiro de escárnio. 
— Prefiro ir com o Jaemin, pelo menos ele me avisou que ia embora. — ironiza com gestos bastante exagerados, mas ele não se ofende. 
Jaemin aperta os lábios para segurar outra risada, levantando as sobrancelhas para questionar o amigo silenciosamente. 
— É complicado. 
— Vou deixar vocês se entenderem. — ele se vira para você — Amanhã a gente se fala, pinguça. 
Então, apesar de chamá-lo várias vezes, ele deixa você e Renjun sozinhos. Orgulhosa como é, se afasta dele, cambaleando para trás. 
— Vou pegar um táxi sozinha. — faz sinal para o motorista mais próximo. — Não vou te dar o trabalho de me levar em casa. 
Entra no táxi que chamou, sendo seguida por Renjun sem nem ver. Você o encara em choque, mas ele te ignora. Passa o endereço para o condutor com a cara mais lavada do mundo. 
— Não vou deixar você ir embora sozinha nesse estado. 
— E cadê o seu carro, tá doido? — pergunta olhando para trás, caçando o automóvel ao passo que se afastavam. 
— Eu não dirijo mais. — confessa num tom de voz mais baixo, sem querer admitir nem para si mesmo.
— Quê? Por quê? 
Renjun para de mirar a paisagem na janela e se volta para você, sem falar nada. Sorri sem mostrar os dentes quando vê na sua expressão a confusão se desfazendo. 
Pode ser a bebida, podem ser as emoções à flor da pele. Foi sua vez de se virar, deixando que as luzes da noite se misturassem com as lágrimas grossas no seu rosto. Por que concordou em sair, em beber, em ficar sozinha com ele? Ainda dói demais a lembrança de que passou por cima dos próprios sentimentos para continuar a vida sem o amor mais real que já teve. 
— Ei, tudo bem? 
Por pouco descansa as mãos nos seus ombros, mas interrompe a si mesmo. Não pode fingir que não existe um abismo de quase dois anos entre os dois, apesar de querer muito jogar tudo para o alto. Te ver chorar de novo é péssimo, principalmente sendo ele o motivo outra vez. 
— Tá tudo bem, Injun. — mente por medo de ser demais. 
O resto da curta viagem foi quieta, mesmo com a preocupação ensurdecedora de Renjun te cobrindo a cada cinco segundos. Quando chegam na frente do seu prédio, ele te acompanha ao sair do carro. Você franze o cenho, estranhando as ações do homem. 
— Obrigada por ter me trazido, pode ir, não se preocupe.
— Eu só… queria te pedir desculpas por não ter tido coragem de contar ao Jaemin. 
— Eu também não tive, então… — você faz um bico e olha para o chão, novamente evitando os olhos vidrados na sua figura. 
— Outra coisa… — ele passa aos mãos pelos cabelos metade castanhos e metade descoloridos. — Desculpa por ter sumido, por não ter ficado e… 
— Renjun, agora não. — interrompe-o antes que a fizesse chorar de novo. — Conversa para outro dia, pode ser? 
Está pronto para responder, mas não consegue. Girando o corpo, caminha até a entrada já destrancada pelo porteiro ao te reconhecer, reprimindo a imensa vontade de olhar para trás para verificar se ele ainda estaria lá. 
Claro que estava, só partiu quando te viu entrar no elevador. 
Renjun percebeu logo que fugir foi o pior erro que ele poderia ter cometido. No primeiro mês trabalhando em outra cidade, viu que nada daquilo adiantava, ele só pensava em você. No entanto, já estava feito. Com que cara voltaria para te pedir perdão? Decidiu, então, arriscar tudo. 
Sem pensar muito em quaisquer consequências, foi para a Alemanha se especializar. Foi difícil fazer amigos nos meses em que esteve lá, fez poucos, mas bons. Ao final do programa, a saudade de casa apertou. 
O retorno, entretanto, não foi tão saudoso quanto esperava. O projeto com Jaemin estava indo bem, claro, aquela área sempre fora promissora para negócios, porém não foi a única razão pela qual Renjun havia sugerido abrir a agência lá. No fundo, ele sabia que tinha esperança de te ver por aí, mesmo que de longe. 
Mesmo conhecendo outras pessoas, nenhuma delas foi um terço de você. A certeza veio assim que te viu de relance ao lado de Jaemin na mesa do bar. O maior erro dele foi ter perdido a melhor amiga e o amor da vida dele por medo.
Deitado na própria cama, relembra o que viveram, e como eram bobos, imaturos, apaixonados. Lembra, então, de como você pediu para que a conversa fosse outro dia. 
Se esse reencontro completamente maluco (maluco demais para ser coincidência), fosse a vida concedendo-lhe uma segunda chance, ele agarraria com tudo de si. 
Portanto, na manhã seguinte, ele reza baixinho no banco de trás de outro táxi para que o porteiro de Sábado ainda seja o mesmo de quase dois anos atrás para que ele possa surpreender. Renjun sabe de cor todas as coisas que te fazem sentir melhor numa ressaca braba, por isso está munido de todas elas, animado para ver qual seria sua reação ao vê-lo. Ao mesmo tempo, o temor de receber uma porta na cara aperta seu estômago. 
Como se os céus estivessem abertos, tudo deu certo. Gastou alguns minutos de conversa fiada com o senhor Giorgio, homem simples com alegria transbordante por revê-lo após todo esse tempo. No elevador, Renjun remexe as sacolas para controlar o nervosismo, quase não nota as portas de ferro se abrindo. Tenta sair apressado, porém o esbarrão leve o desperta. 
— Perdão, senhor. 
Ao olhar novamente para o homem mais alto, arregala os olhos e sorri grande. 
— Kun, nossa! Quanto tempo! — havia se esquecido desse pequeno detalhe.
— É você mesmo? — o mais velho ri com vontade, puxando-o para um abraço. — Tá fazendo o que por aqui, cara? 
Renjun enrola demais e sem querer olha para sua porta. Kun sente uma pontada na barriga, mas não desfaz o sorriso. Era ele o amigo que foi rever ontem? 
— Eu, é… vim… 
Kun olha para o próprio relógio e finge surpresa. 
— Foi mal, irmão. Preciso ir. Depois a gente se fala. — entra no elevador e se vai, deixando Renjun aliviado, porém confuso e muito, muito nervoso. 
Cada passo em direção ao seu apartamento parece uma eternidade, ele pensa. Vê a campainha ao lado da porta e estranha, isso não estava aí antes e com certeza você odiou a ideia. Respirando fundo, levanta a mão para bater na porta. 
— Que susto! — os dois dizem ao mesmo tempo. O braço de Renjun está parado no ar ainda. 
— O que… você tá fazendo aqui? — sai do apartamento para jogar o lixo esquecido fora, só precisa distrair-se da dor de cabeça enorme que lhe atingiu ao acordar.
— Vim te ajudar. — ele balança as sacolas ao te ver voltar pelo corredor. — Mocha ainda é seu antídoto contra a dor de cabeça? 
Você para perto do batente, procurando a verdade no rosto do menino. 
— Renjun… 
— Prometo que não vou demorar. 
Você sempre sede. Não importa se vai demorar ou não agora, ele já está ali. Com gratidão aceita o café e o muffin de blueberry, tentando não pensar tanto no fato de ele ainda saber seu pedido de costume. 
— Tá gostoso? Era o último de blueberry. Tive que comprar e sair correndo, a pessoa atrás de mim também queria.
Acompanha-o na risada fraca. Por um breve instante pareceu que nada havia mudado. 
— O que você quer, Renjun Huang? — usa o sobrenome para que ele saiba que não está chateada com a visita repentina. 
— Conversar. 
— Sobre? 
— Tudo. 
Você suspira no sofá. Ele se levanta da poltrona confortável e se senta na mesinha de centro, olhando nos seus olhos. Fica aliviado ao perceber que não desviou agora. 
— Não sei, Injun. Eu sofri demais… isso porque eu me impedi de sofrer o tanto que tinha aqui dentro, ainda tá tudo… bagunçado. 
Admitir em voz alta na frente dele faz seu peito parecer pequeno para o coração acelerado, as íris marejadas são inevitáveis. 
— Eu ensaiei tudo que queria falar, mas agora eu não sei nem como começar. — ele bufa, escondendo o rosto com as mãos. A manchinha que você adorava prende a sua atenção, ficando borrada pelas lágrimas pesadas se acumulando. — Primeiro, quero muito te pedir perdão. 
Sempre o perdoaria.
— Eu te perdoo. — seca a face tomada pelo pranto. A situação toda é surreal. 
— Me perdoa ter te deixado no hospital, me perdoa não ter conversado sobre terminar, sobre ir embora, por sumir… por te deixar aqui quando você mais precisava de mim, quando eu mais precisava de você. Me perdoa voltar e agir como se nada disso tivesse acontecido, eu sou egoísta demais e percebi que ainda preciso de você. 
Renjun se ajoelha para procurar seu olhar outra vez, levantando o seu queixo com o indicador. 
— Essa foi a pior coisa que você poderia ter dito, Renjun. 
— Não, pode piorar. 
Você funga e o questiona silenciosamente, esperando suas próximas palavras. Ele suspira derrotado, ponderando se vale a pena arriscar. Já fugiu muito. Agora é a vez da coragem. 
— Eu ainda amo você.
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moonlezn · 5 months
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The Story Of Us (Epílogo)
Eu costumava acreditar que o amor era vermelho, mas é dourado. Ato Único: Forever&Ever
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notas! agora é o fim mesmo. demorou pra sair, mas tá aqui o epílogo da minha primeira série. confesso que conforme o final se aproximava, escrever ficou mais difícil, só que ter terminado foi uma grande vitória e alegria pra mim. se você achou esse post de paraquedas, ou se começou a me seguir recentemente, eu te convido a ler o projeto que criei com maior carinho do mundo. foi uma delícia fazer suspense pra revelar quem seria o próximo ex, e principalmente pra revelar quem seria o maridão... obrigada por todo apoio e por terem me dado tanta moral hahaha, sem isso eu nem teria começado. enfim, tsou sempre vai ter um espaço no meu coração como o enredo que me devolveu o prazer pela escrita. e espero poder trazer mais estórias tão complexas quanto, enquanto eu conseguir.
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Estar nervosa assim deveria ser considerado um crime. A porta de madeira parece tão sem graça que dá dó da sua cara de bunda, da qual sua mãe já havia reclamado mais de mil vezes. Tudo que quer é ver Renjun no singelo altar no alto do jardim em que decidiram fazer a cerimônia para aproveitar o fim da Primavera. 
Renjun, por sua vez, está tentando manter a calma com todas as forças que tem, ele quer ser seu porto seguro nessa hora. As mãos suam frio sem parar, e Jaemin, seu padrinho, já gastou uma caixa inteira de lenços de papel para ajudá-lo. 
Quando o trio de cordas começa a melodia suave da marcha nupcial, você e Renjun respiram fundo quase ao mesmo tempo. O pai do noivo se ofereceu para lhe levar ao altar, como um gesto carinhoso de boas vindas oficiais à família. 
Finalmente, nada mais separa você do seu noivo, e todo o resto desaparece das suas vistas. Tanto ele quanto você só têm olhos um para o outro, até mesmo andar parece mais difícil do que antes, tão hipnotizada está pela visão deslumbrada do homem da sua vida à sua espera. 
Renjun não sabia que o próprio pai o entregaria sua noiva, portanto ao vê-los, os lencinhos de Jaemin passaram a ter outro uso, ele não segurou as lágrimas. Desceu os degraus para te buscar, soltando um risinho bobo ao te admirar tão perto. 
— Você é a mulher mais linda do mundo. — ele sussurra após deixar um beijinho nas costas de sua mão, te levando para o altar. 
Não consegue respondê-lo porque a emoção embargou sua garganta e encheu seus olhos d’água, e ainda tem muita cerimônia pela frente. 
— Te amar, Renjun, tem gosto de felicidade. — você começa a ler seus votos tão carinhosamente escritos, olhando nos olhos dele, controlando-se para não arruinar a declaração com o choro que ameaça voltar. — Quando nos encontramos de novo, tudo fez sentido, exatamente quando te beijei na calçada porque fiquei preocupada, exatamente quando não me deixou em paz por isso… — os convidados riem da sua piadinha, o que te dá um momento para respirar. — Te amar, Renjun, é tudo que eu sempre quis. Eu fui feita pra você. 
— A minha cor favorita sempre foi amarelo. — ele inicia, arrancando algumas risadas aqui e ali. — É sério… só que antes de te amar, eu percebi que amava a idealização do amarelo. Os girassóis, o sol, as estrelas, a riqueza, a própria vida que o amarelo dá. Depois de te conhecer, você virou o meu amarelo, nada tem mais graça. Você é mais bonita que os girassóis, o sol, as estrelas, você vale mais do que qualquer dinheiro e me dá mais vida do que qualquer coisa que já experimentei. 
Você o abraça sem nem ligar para maquiagem e cabelo, que fiquem arruinados. O que importa é que ninguém mais põe o dedo entre você e Renjun. Ele é seu, você é dele. E pronto. 
A vida de casados lhes caiu como uma luva, pois tudo que precisavam estava bem ali: viraram um só. A lua de mel, os primeiros meses, o primeiro evento sediado na própria casa — receberam Jaemin, a nova namorada, sua mãe e os pais de Renjun para a noite de Natal, com bastante comida e presentes.
De início, foi complicado organizar a festa sozinhos por causa de tudo que tinham de fazer. Mas depois de verem o resultado e a felicidade nos olhos daquelas pessoas que amavam tanto, tudo valeu a pena.
Já havia passado a festa da Epifania quando você e Renjun voltaram de uma escapada para as montanhas, o inverno nunca fora tão bom. Chegando em casa, você ri da decoração de Natal ainda intacta por toda a sala de estar. 
— Eu esqueci completamente que a gente só voltaria no meio de Janeiro, amor. — você lamenta, já retirando alguns elementos de onde conseguia passar a mão. 
Seu marido, no entanto, te impede de continuar, enroscando sua cintura e fazendo seus tornozelos girarem. 
— Amor, ninguém sabe que ainda tá aqui. É nossa casa, a gente decide. — ele tenta te convencer a descansar um pouco antes de tomar conta da bagunça, usando as artimanhas do próprio carinho. 
Ele beija seu pescoço com habilidade de quem te conhece há várias estações, alcançando os seus lábios com toda doçura que havia guardado só para você. 
— O que você acha da gente jantar fora hoje, hm? — o marido sugere entre beijos molhados, nem dá tempo de raciocinar, você apenas concorda, envolvida demais nos toques. 
— Jun… — você o guia até o quarto, empurrando-o levemente para que se sentasse na beirada da cama. Toma lugar em seu colo, apertando o quadril masculino com as coxas, voltando a beijá-lo logo em seguida. 
— Adiantou o jantar? — ouve o sussurro provocante de Renjun e ri com vontade, sem nenhuma vergonha de estar dedicando toda sua atenção ao pescoço tão bonito do marido. — É o meu prato favorito. 
— Você é tão bobinho, sabia? — diz, retornando aos lábios desenhados dele. — É melhor estar com fome, amor, porque aqui o serviço é completo. — suspira ao sentir os efeitos abaixo do abdômen. — Entrada, principal, sobremesa… 
— Vou querer tudo. 
Apesar de já casados, Renjun nunca parou de te fazer sentir a adrenalina do início do namoro: a aventura, a expectativa, as borboletas. Ninguém haveria de te levar aonde ele te leva, nada o faria sentir o que você faz. 
Naquela noite, depois do amor, ele te segurou nos braços como o bem mais precioso que ele tem, desejando que pudessem ficar assim, juntos e perto, eternamente. Até depois do fim. 
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moonlezn · 7 months
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The Story of Us III
— Um amor real, Renjun Huang. Segundo Ato: Out of the Woods.
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we were built to fall apart...
avisos. menções a sangue, acidente e ansiedade. notas: achei que nunca fosse terminar, mas aqui está. não editei porque queria cumprir a promessa, outro dia eu limpo os errinhos e as repetições. desde já, peço que aproveitem, porque foi com tudo de mim. até o próximo ex!
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PRÓLOGO
— Eu nem me lembrava que tinha escrito isso. — Você diz, observando a folha arrancada de um caderno que nem tinha mais. 
— Isso é bom ou ruim? — Seu futuro marido ri de nervoso, ainda futucando as fotos antigas dentro da pasta amarela. 
— Não sei. Eu escrevi, fechei e nunca mais li. — Você declara, levantando o olhar para fitá-lo. 
No momento em que seus olhos se conectam, seu peito é preenchido por um sentimento inexplicável. Sem pensar duas vezes o abraça, sente o coração acelerado dele colado no seu. 
Aproveita cada segundo da presença dele sempre, mas agora é especial. 
— A gente não precisa continuar, se você não quiser… — Ele sussurra jorrando carinho e cuidado na voz. 
— Vamos, eu consigo…
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Assim como o céu, com suas transformações estonteantes; como o arco-íris que pinta a alegria após a chuva; como as árvores e seus frutos; como as flores que rodeiam o caminho dos passantes… Os primeiros meses com Renjun foram preenchidos de cores vivas, intensas, as quais você nunca havia enxergado. As promessas foram cumpridas, as camisas com cheiro dele foram roubadas e o mundo real da vida jovem adulta foi desbravado com coragem e leveza de dois aviões de papel voando juntos. 
Até que…
A PRIMEIRA RACHADURA
Há semanas Renjun não para de falar sobre esse jantar, tão animado que parece elétrico. Finalmente conseguiu convencer os amigos da cidade natal a visitá-lo, mas queria impressionar, fazer bonito, por isso pediu sua ajuda. Você passou no mercado, organizou a decoração, deu ideias de pratos e jogos para eles se divertirem… está investida também, apesar de não ter certeza se deveria participar. 
— Renjun! Psiu. — Você chama atenção do menino da sua mesa. Ele olha para os lados, pega qualquer objeto para fingir estar trabalhando e vai até você. 
Ele se permite sorrir ao ver que você está batendo palminhas silenciosas. 
— O que você tá aprontando? — Renjun indaga brincalhão, plantando um beijo doce na sua bochecha e se posicionando atrás da sua cadeira para ver a tela do computador. 
— Esse jogo é legal também, minha amiga me mostrou. — Você pausa, aguardando qualquer sinal de resposta, porém segue mesmo assim porque sabe que ele vai gostar. — Você pensa numa nota de zero à dez, daí seus amigos tem que te dar situações e tentar descobrir a nota que você pensou. 
— Me dá um exemplo, eu acho que entendi. 
— Tipo… eu pensei na nota dez. Aí você me fala “um jeito de viajar” e aí eu falo “de avião” porque é o melhor jeito. Ou “uma comida” e eu falo “balde de tirinhas do kfc”. 
— Sabia que você ia falar isso. — Renjun morde os lábios, pensando no jogo. — É maneiro mesmo, tomara que eles gostem. 
Você cruza os dedos e sorri, incluindo mais uma opção na lista que tinha feito. 
— Escuta… — O garoto começa, fazendo com que você o olhe novamente. — Você sabe que eu quero que você vá, né? 
Pega no flagra. Não tinham falado sobre, e como eram os amigos dele… 
— Tem certeza, amor? — Quer esconder o sorriso, então apoia a mão no rosto. — Se você quiser ficar com eles…
— Quero que conheçam você, óbvio. Não vai ter graça sem você, sua chata. — Ao ouví-lo você cede, ele acha adorável.
— Renjun, você pode vir aqui um minuto? — Kun o chama, fazendo com que tenham de se recompor. Ele lança uma careta para você e obedece ao chefe. 
No dia do jantar, seu namorado precisou ficar até mais tarde, então você tomou à frente das coisas. Foi buscar a comida, pôs a mesa e fez tudo que estava planejado. Assim que ele chega, o manda tomar um banho. Falta pouco para os convidados chegarem.
Você não é bem uma pessoa extrovertida, por causa de Renjun tenta vestir seu melhor sorriso e fazer com que os oito amigos se sintam acolhidos e confortáveis. O problema começa pequeno e vai num crescendo silencioso, venenoso. 
Quando eles elogiaram tudo que você tinha feito, Renjun apenas agradece e diz tentei meu melhor pra vocês. De primeira, achou que não era nada demais. Não ajudou por crédito, é claro. Então tenta se desvencilhar do incômodo que arde levemente o seu interior, mas o sorriso fica um pouco menor. 
Os minutos vão passando e em nenhum deles seu namorado te apresentou oficialmente, ninguém ali fica sabendo nem do seu nome. Você repara os olhares educados toda vez que tenta participar da conversa, e isso te desencoraja. 
Tá tudo bem, eles só não se veem há muito tempo.
Não precisa nem ser dito que a última coisa que deseja é tornar a noite sobre você, portanto, dá tudo que tem para não parecer boba, mas se sente tão deslocada que sua feição cai, e o seu olhar fica longe sem que fosse percebida. Mal vê quando todos decidem ir para a sala, estava tão distraída que ficou para trás. 
Você os segue mesmo assim, estranhando o comportamento de Renjun. Assiste os jogos que listou se tornando a causa de várias risadas e piadas internas novas. Nem um mísero olhar na sua direção, nem mesmo do seu namorado. Tá tudo bem.
O grupo dá uma pausa depois de três brincadeiras. Sentada no braço do sofá, Renjun por fim se senta perto de você, porém não repousa a mão na sua coxa como faria normalmente. Você oferece um cafuné no ombro, que segue até a nuca, como de costume. Em qualquer outro dia, como um gatinho, ele teria se esparramado nos seus braços como quem quer mais. Agora, ele se afasta brevemente e seus dedos escorregam de volta para o encosto. 
Não tá tudo bem.
As despedidas ressoam abafadas no seu ouvido enquanto você encarava um ponto fixo qualquer na parede à sua frente. Renjun fecha a porta e caminha até você, preocupado, mas ligeiramente impaciente. 
— O que houve? — Seu silêncio diante da pergunta revira o estômago dele. Ele tenta de novo. — Aconteceu alguma coisa? 
Finalmente cria coragem para mirá-lo. Nos seus olhos o misto de confusão, irritação e tristeza quase transbordam. 
— Não aconteceu nada. — Claro que mente, não tem certeza se quer comprar essa briga. 
— Então tá assim por nada? — O garoto ironiza, suspirando frustrado. 
— Tô como, Renjun? 
— Tá toda estranha, calada, com cara triste. Nem interagiu com ninguém… — Resolve jogar limpo, ele percebeu seu comportamento. 
— Eu não interagi? — O tom te trai com facilidade, soa mais ofendida do que tinha calculado. 
— Esses são meus amigos, sabe? Eu achei que você fosse, sei lá, ser mais amigável e… 
— Eu tentei. — Você o interrompe. — Nenhum deles sequer fez questão de conversar comigo, inclusive você, Renjun. Nem olhou pra mim! — A voz falha, uma lágrima discreta molha a bochecha. 
— Eu? Você tá confundindo as coisas. — Ele até tenta acusar, porém os eventos da noite o contrariam dentro da própria mente. 
— Também confundi quando eu tentei te fazer carinho e você desviou? Ou quando eu ouvi você levar o crédito por tudo isso aqui? — Você levanta, apontando para a sala decorada e para a mesinha cheia de rastros de jogos. 
— Então você quer crédito, é isso? — Ele te acompanha, ficando de frente para você. Te ganha na altura, mesmo assim sua cabeça não abaixa. 
A pergunta te machuca demais. Óbvio que não é sobre o reconhecimento deles, é sobre vocês dois. 
— Tem certeza que você quis dizer isso? — As palavras traduzem o aperto no coração. Espera mais que tudo que seja só o estresse momentâneo falando. — É isso que você realmente acha?
O silêncio que segue é tão tenso que nem um, nem outro é capaz de quebrá-lo. Renjun percebe a besteira que fez, por orgulho bobo disse o que não devia. Será que ainda é tempo de voltar atrás? 
Ele se aproxima devagar e, quando repara que você não recua, te enlaça no abraço mais sincero dentre todos. 
— Me perdoa, eu… não quis dizer nada disso. — O menino reconecta os olhares, doces desta vez, sem te soltar. — Me perdoa por não ter cuidado de você hoje, por tudo, tudo mesmo. 
— Me perdoa também? — Ele ri fraco ao ouvir seu pedido, não era necessário, mas ele sempre te perdoaria, assim como você a ele. Porque vocês são assim, mesmo nas brigas, dão um jeito de seguir. 
A NOITE INESQUECÍVEL 
— Eu preparei um final de semana incrível pra nós dois… — Renjun cochicha num final de quinta-feira super caótico na editora. 
O garoto mal vê sua cara de confusa porque segue falando dos seus planos. 
— Aí depois a gente vai pro cinema e… — Ele, finalmente, percebe que você morde o interior da bochecha, sem graça de interrompê-lo. — Que foi? 
— É que nesse final de semana o Yangyang vem me visitar, lembra? — Você responde meio incerta, tinha avisado seu namorado disso um mês antes, quando o amigo confirmou a passagem rápida pela cidade. — Tem tanto tempo desde a última vez que a gente se viu… 
Odeia ter de fazer isso, ainda mais ao ver a expressão de Renjun pesar. 
— Não, é… eu tinha esquecido. Claro. A gente faz no final de semana que vem. 
Ele tenta ao máximo não deixar que a chateação transpareça, mas a leve ardência incomoda a mente. Normalmente ele falaria logo, não deixaria qualquer sentimento crescer. No entanto, é uma visita importante e ele não quer tirar sua animação. 
Primeiro erro.
De um dia para o outro a sensação se alastra, as vozes ficam altas demais e ele é tomado pela raiva. Yangyang não é seu namorado, por que passar a sexta à noite com ele?
Você lembra de Renjun ao passar na livraria que ele ama, por isso o envia uma foto e aproveita para comprar um dos livros que ele tinha mencionado uns dias atrás. Pede uma caneta ao atendente, e seu amigo ri, já conhecendo sua intenção. 
— Esse deve ser especial mesmo. Só vi uma pessoa ganhar dedicatória grande assim. — Yangyang espia as letras bonitas ornando o papel outrora em branco.
— Ele é. Queria que desse tempo de vocês se conhecerem. — Finaliza o pequeno texto e deixa que o embalo para presente seja feito. 
— Da próxima, talvez? Se for sério assim, a gente vai ter tempo. — O amigo declara, arqueando as sobrancelhas sugestivamente. 
O objetivo inicial era fazer surpresa, mas você é ansiosa demais. Logo pega o celular e anuncia que havia comprado um presente que está doida para entregar. 
As horas passam e nada de Renjun, a animação é substituída pela preocupação e pela insegurança pouco a pouco. Mesmo enviando outras mensagens, ele não responde. É então que percebe que ele pode estar te ignorando de propósito. 
Não, é coisa da sua cabeça.
você: renjun, você tá mesmo me ignorando?
Ele vê mais uma das suas notificações iluminar a penumbra da sala de estar. Só percebeu agora? Ele pensa ironicamente. Para que você tenha certeza, ele abre o aplicativo e visualiza tudo. Dane-se. 
Segundo erro.
A atitude dele te choca, te pega desprevenida. Nunca imaginou que ele faria isso. Resolve deixar o celular de lado, acaba desviando das perguntas do amigo até o fim do jantar e chega em casa exausta. Tanto pelo trabalho, tanto por ter passado o dia inteiro fora, mas, principalmente, por ter sido ignorada de bobeira. 
renjun: já chegou do seu encontro?
Terceiro erro.
Ele só pode estar brincando. Aquilo atinge bem onde não devia, e você pega fogo em segundos.
você: se for pra ficar de graça a gente não conversa hoje
renjun: graça? se fosse você no meu lugar… 
você: eu no seu lugar estaria feliz. o yangyang é meu amigo desde a escola, tá de passagem e veio me ver. algum problema? 
Você joga o celular de qualquer jeito na cama ao mesmo tempo que Renjun se lembra do dia do jantar e de como tudo foi tão carinhosamente planejado para os amigos dele, mas também de como aquela noite terminou. Hoje não será assim. 
Ele te liga uma, duas, três vezes… A sensação ainda arde nele, porém não o suficiente para deixar com que vocês fiquem magoados mais. 
Renjun veste um casaco qualquer e sai apressado, não dá nem tempo do motor esquentar direito. Durante o caminho briga consigo mesmo. Um homem feito ignorar a namorada desse jeito, parecendo criança pirracenta, não faz sentido agora.
A sorte é que o porteiro reconhece o carro e o permite estacionar. Antes que ele pudesse te interfonar, Renjun o impede, dando a desculpa de que quer fazer uma surpresa. 
— Ahhh, vai lá, então. Ela vai gostar, chegou tem um tempinho já. Mas a carinha não tava boa. — O homem diz, voltando ao seu posto atrás do balcão. 
A fala é como um soco na cara do garoto, sabe que existe um estrago feito. Precisa melhorar isso.
Assim que você ouve a campainha, sente um nó se formar no estômago. Tem que ser Renjun, maldita intimidade com o condomínio inteiro que ele tem. O olho mágico te confirma a suspeita certeira, e você abre a porta de supetão. 
Quer tanto ser capaz de manter a cara de brava, só que o cabelo desalinhado e o casaco completamente fora de contexto, junto com as pantufas de ficar em casa dificultam seu empenho. 
Você se afasta da porta e anda na direção da sala, Renjun entra e fecha a entrada, inspirando fundo, pensando em como começar.
— Eu fui um idiota. — O cachorro sem dono fala numa voz manhosa atrás de você, que está parada no corredor. — Eu pensei besteira porque me senti sozinho, o que não é culpa sua de forma alguma. 
Sempre o perdoaria.
Suas pernas estão travadas, não se vira para Renjun porque ainda ameaça chorar. Ele suspira, passa uma das mãos no rosto, desesperado. Uma ideia passa pela mente atordoada do garoto. 
A curiosidade vence o seu corpo quando escuta o barulho do sofá sendo arrastado, assim como a mesinha de centro, o tapete… Ele deixa um espaço vazio bem no meio da sala de estar. 
— O que vo… 
— “Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez!” — Renjun tem uma das mãos estendidas, te convidando para uma dança. A frase de Nietzsche que leram numa pichação outro dia preenche seus ouvidos, e você ri, se lembrando de como ele ficou minutos falando sobre como não concordava com o filósofo. — E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma risada!
Cretino.
Mesmo magoada, se derrete nos braços dele. Não tinha nem música, mas o balançar dos corpos envolvidos no abraço que complementa seu lar é tentador demais para não se entregar. Movimentam-se devagar, você deixa algumas lágrimas desaparecem no ombro do seu amor… 
— Me perdoa, vida. — O sussurro não te assusta. — Eu nunca mais vou fazer isso. 
Nunca amou alguém como o ama. Com todos os defeitos, com todas as dificuldades, é ao Renjun que o seu coração pertence. 
O PONTO DE RUPTURA
A vida adulta é surpreendente, porém árdua.
Aproximando-se o merecido período de férias, um pesadelo estourou bem no colo de Kun. A publicação de uma saga estava fechada, no início do processo de produção e… A autora mandou parar tudo, queria fazer tudo diferente. Dinheiro não era problema para ela, mas a editora virou de cabeça para baixo. A multa do contrato não cobriu metade dos prejuízos e muito menos das reuniões pouquíssimo educadas com os representantes dos fornecedores, das gráficas, das livrarias… O editor-chefe está um caco, e você, como braço direito, não fica muito atrás. 
Há semanas não tem tempo para nada, sua vida se resume a ligações e negociações, nenhum dos seus projetos seguintes pôde ser adiado, por isso trabalha até mais tarde. Os prazos estão batendo na porta, o estresse tomando conta do seu corpo e a distância entre você e Renjun se torna inevitável. 
Para remediar, o convida para almoçar todos os dias. Pelo menos teriam um tempinho juntos. Hoje, no entanto, ele está pensativo, quieto, não tira os olhos do celular. De repente, ele suspira aliviado e você fica preocupada.
— Amor, tá tudo bem? — Você alcança os dedos livres que repousam sobre a mesa, e ele parece acordar de um transe. 
— Sim, sim… — O sorriso que pinta o rosto do menino denuncia o plano mirabolante que tinha acabado de concluir. — Quer saber o que você vai fazer nas férias? 
— Renjun… 
— Você vai pra Nova Iorque. Com o melhor namorado do mundo. — Ele continua sorrindo, ainda mais vitorioso depois de confessar a armadilha que vinha aprontando. 
— O QUÊ? — Põe as mãos na boca, com vergonha pela exclamação alta demais. — Como assim? Você… Como? O que foi isso? 
A felicidade é tanta que tudo em volta nem parece mais importar, e as palavras são grandes demais para proferir. 
— Você me disse que queria ir e eu dei meu jeito. Vai ser rápido, mas vai dar pra aproveitar. — Ele te admira com paixão enquanto você agradece milhões e milhões de vezes. 
A espera pela viagem acendeu uma chama nova na rotina, tudo parece ficar mais leve porque ambos estão contando os dias para sumir dali e viverem o sonho nova-iorquino.
E como vivem. Iniciando pela estrada tranquila e cheia de paisagens de tirar o fôlego, passando pelos bares e pubs, pelos pontos turísticos, pelas inúmeras polaroids que guardariam para sempre, pelos beijos e amores que espalham pelo quarto do hotel, pelas luzes que nunca apagavam… É tudo bem mais do que fantasia, é bem real. 
— Não quero ir embora, Jun. — Você declara no penúltimo dia enquanto caminham de mãos dadas pelo Central Park abarrotado de gente. — Imagina se sentir como Monica Geller todos os dias. — Suspira dramática, e ele estala os lábios como se reprovasse sua referência. 
— Por que não Robin Scherbatsky? — Ele para de andar, perguntando quase sério. O selinho que rouba entrega a leveza da brincadeira, e você aproveita os lábios nos seus. 
— Vou ter que achar o meu Chandler, então. — Provoca num segredo, sorrindo entre os beijos que a sombra das árvores testemunham. 
— Não foi isso que eu disse. — Num último selinho, ele mordisca o seu lábio inferior e te puxa pela cintura para um beijo mais profundo. Ele é o seu Chandler, seu Ted, seu Barney, seu Ross, seu qualquer um. Ele é seu. 
Na volta para a casa, pegam a estrada somente após a quinta conferência na lista, visto que retornar para pegar algo esquecido seria trabalhoso demais. 
O período longe de casa havia trazido outra perspectiva para os dois, logo achou que seria uma boa ideia conversar sobre o que tinha mudado recentemente. Antes de Nova Iorque estavam distantes, brigando por coisas pequenas com frequência, simplesmente fora de sintonia. 
— Acho que nada específico aconteceu, a gente só precisava de um tempo pra gente. — Ele tira a mão da sua coxa para passar a marcha, e logo retorna. 
— Sim. A rotina corrida atrapalhou bastante. Se a gente fizesse coisas diferentes juntos de vez em quando, sabe, tempo de qualidade… — Você sugere num devaneio inspirado pela vista. 
— Seria perfeito. — Ele sorri, apertando sua perna de leve. — É um problema também a gente se ver todos os dias no trabalho. 
Seu olhar se desprende do lado de fora e fixa nele, talvez tenha escutado errado. 
— Como assim um problema?
Talvez tenha sido uma fala inocente, mas as feridas anteriores ainda não estavam preparadas para um toque desses. 
— Não é um problema, é um… 
— Você disse problema? — Indaga um pouco aborrecida.
— Não foi o que eu quis dizer, é tipo uma questão. — De novo se vê preso num buraco do qual não consegue sair. — É difícil ver uma pessoa sempre e não enjoar dela. 
Puta que pariu, Renjun. Péssima escolha de palavras. 
— Então você enjoou de mim? — A confusão é ligeiramente maior do que a irritação que começava a aparecer. 
Ele se vira para você, tão confuso quanto. Encontrar a coisa certa a se dizer agora é impossível. Ele desacelera o carro antes da curva, não podem brigar agora. 
— Não é isso que… 
— RENJUN! 
Os próximos segundos são como um filme que assiste e se esquece logo depois. O carro na mão contrária estava tão rápido e sem controle que, mesmo com a tentativa do namorado de desviar, a colisão acontece. Se Renjun não tivesse mais devagar, o impacto seria fatal. Entretanto, foi o suficiente para pararem no canteiro de cimento que separava o asfalto da mata com agressividade, batendo a cabeça no vidro da janela. 
A tontura que confunde seus sentidos não permite que você socorra Renjun, que tem os olhos fechados e a testa pintada de vermelho. Logo suas pálpebras pesam, e o mundo para de girar. 
Quando acorda, tudo que vê é um teto branco. Passeia os olhos pelo recinto, tudo é branco. A cama, os lençóis, o esparadrapo no seu braço que protege o acesso do soro. Suspira assustada ao reconhecer Kun, que se levanta e sorri pesaroso ao seu lado. 
— A enfermeira já tá vindo, fica tranquila. Tá tudo bem. — A voz doce te oferece o conforto que precisava, e você assente. 
— Cadê o Renjun? Como você ficou sabendo? — Apesar da ardência e da dor na garganta, consegue se expressar devagar. 
— Ele teve só um corte, já teve alta. Eu era o contato de emergência dele. — Ele suspira, claramente evitando a resposta que você busca. Mesmo assim, sente um alívio percorrer o seu corpo. Ele está bem. — Mas você ficou desacordada por mais tempo e… 
— Cadê ele? 
— Ele… foi pra casa. — Kun responde, por fim, o que você menos esperava ouvir. 
De repente você se lembra da briga, do acidente, do medo, e chora. As lágrimas traduzem o seu alívio e a sua mágoa. Ele te deixou ali porque estavam brigados? Não dá tempo de questionar mais nada porque a enfermeira chega, trazendo o médico junto consigo. 
Ele explica que os exames de sangue e de imagem não apontaram nada irregular, por sorte todos os ferimentos foram superficiais, e os poucos pontos na sua testa poderiam ser retirados dali a alguns dias. Passou um remédio para dor e recomendou o retorno caso sentisse outra coisa. 
Kun é um verdadeiro príncipe, segura seu braço até o carro, te ajuda a entrar, mesmo sabendo que você está bem. Ele entra pela outra porta e batuca no volante, não sabe se deve fazer a pergunta seguinte. 
— Sua casa ou a do Renjun? — O olhar dele era preocupado porque já sabia a resposta. 
— Renjun, por favor. 
O caminho é silencioso, a chuva não ajuda a ansiedade que consome seu interior. Calcula cada decisão, procura uma explicação que faça sentido, e nada encaixa. É o tipo de coisa que você só pode saber quando encara de frente, só que coragem é uma das qualidades mais inconstantes da sua vida. 
— Vai ficar tudo bem. — Kun tenta te reafirmar, a certeza entre as palavras te dão força naqueles segundos. Nada teria te preparado para isso, todavia.
Cada andar que muda no pequeno visor do elevador é uma dose maior de nervosismo. Cada passo até a porta do apartamento familiar parece tortura, e quando se abre, quase não processa que Renjun está ali. 
Pálido, olhos fundos e avermelhados, a aura triste e confusa. Completamente revestido de culpa e arrependimento. No momento em que te vê, te abraça tão forte que machuca. Você não reclama, os pensamentos dão um nó e as íris assustadas vasculham qualquer canto.
— Por que você não ficou comigo? — A voz sai num sussurro trêmulo, indignado e magoado. 
Como se fosse possível, o aperto fica mais firme ao seu redor e o corpo maior do namorado estremece num choro copioso.
— Eu podia ter te matado. — A fala é desolada e quase inaudível. 
— Não foi sua culpa, amor. — Você se desfaz do enlace para poder mirá-lo nos olhos. — Você foi o mais cuidadoso que conseguiu, salvou a gente de coisa pior. 
Ele balança a cabeça, não acredita em nada do que diz. A verdade é que ele está completamente cego pela culpa. Quase acabou com a sua vida, o amor dele. Isso não tem perdão, mas ele tentaria mesmo assim. 
— Me perdoa ter te ferido assim… — Ele procura por ferimentos no seu corpo, se demorando nos pontos sob o curativo. — Por ter te deixado lá, por todas as coisas… 
— Amor, não… — Você enxuga as lágrimas grossas que escorrem pelo rosto do menino, sequer se importando com as suas. 
— Eu não sou o cara certo pra você, a gente não pode ficar junto. — Renjun diz mais para si do que para você, tentando se convencer de que aquilo era certo. 
— Isso não é verdade, Renjun. Não fala isso. — Você encosta o nariz no dele, mas ele se afasta. 
— Não posso arriscar te perder assim, eu te amo demais pra não te fazer feliz e não te deixar segura. — Ele declara após controlar a respiração, o tom é firme. Ele realmente fala sério. 
— Então é isso? — Você toma uns passos para trás, alcançando o batente da porta de novo. 
— Me perdoa, meu amor. 
Sem saber o que fazer, ou o que dizer, você vai embora. Corre sem ver que a porta não se fecha até que você desapareça do campo de visão do menino em angústia. 
A VIDA CONTINUA
Após uns dias de descanso por causa do fim das férias e também pelo acidente, precisa voltar ao escritório. Ver Renjun seria qualquer coisa menos fácil, ele sumiu apesar das suas investidas, das suas ligações, até das suas visitas. 
Kun decide, apesar de protestos, te dar carona para o trabalho. Ele não liga para suas birras, te trata bem melhor do que você merece, cuidadoso como um cavalheiro. É claro para ele o quão nervosa você está, por isso ele coloca uma música e puxa uns assuntos aleatórios no carro, adiando o assunto que precisa abordar até o último segundo. 
Quando param bem em frente a porta de vidro, ambos inspiram fundo por razões distintas. Você estende a mão para entrar, ele segura seu braço com delicadeza. 
— Eu preciso te falar uma coisa. — Os olhos buscam na sua face algum sinal que o ajude a prosseguir. 
— Tá tudo bem? Eu vou ser demitida? — A sua sinceridade quase o faz rir.
— Não, não é isso… — Ele segura a risada e se recompõe. — É que o… o Renjun. — Você abaixa a cabeça, e ele chega perto de desistir de falar sobre. — Ele pediu transferência pra outra filial. E por coincidência, — Kun deixa um pouco de ar escapar no nariz. — eles precisavam realocar outra pessoa também… — A mão forte conforta o seu ombro. — Me desculpa. 
Talvez não ter visto Renjun tenha sido bom, ainda não dá para dizer. Foi mais fácil, isso sim. O novo colega, Doyoung, foi apresentado aos membros das equipes naquela mesma manhã e tornou-se a nova vista da sua mesa. 
Dentro de você a vontade de vê-lo é maior do que tudo, e não ter mais a figura espevitada te olhando o dia inteiro faz o seu coração doer por dias, semanas… Pouco a pouco foi se acostumando com a ausência dele, sem esquecê-lo, sem ser capaz de se desfazer da polaroid que adorna seu escritório. Foi difícil tirá-lo do seu mundo. 
A realidade é o trono da verdade. Quem permite que isso seja distorcido somos nós, quando os sentimentos confundem aquilo que sabemos. E, infelizmente, o amor mais real que você já teve não escapou das armadilhas dos monstros da noite escura da mente de Renjun. Entretanto, para todo anoitecer, há um amanhecer para dissipar as trevas. Ainda não é o fim. 
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moonlezn · 8 months
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The Story Of Us III
— Um amor real, Renjun Huang. Primeiro Ato: You Are in Love.
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notas: caras, o tempo tá passando muito rápido. já é o terceiro cap de the story of us! esse romance vai dar o q falar. espero q gostem! <3
SUGESTIVO
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No último período da faculdade, o peso de mais uma mudança enorme caiu sobre seus ombros. Desfazer-se das memórias que recolheu no dormitório, mergulhar de cabeça no oceano das possibilidades infinitas do universo adulto. Precisa de um trabalho, mas a área que quer é tão complicada. Precisa construir a própria vida, mas dar o primeiro passo é impossível quando não se sabe aonde vai.
Conseguiu uma entrevista completamente inesperada para uma vaga na equipe de edição na editora Scarlet, a maior do país, que abriria uma nova filial no Centro da cidade em alguns meses. Obra da senhora Hayden, sua mentora.
— Você já se decidiu, senhorita? — Ela pergunta ao final da aula, te segurando por uns minutos com ela.
— Ainda não… — O suspiro que deixa sua boca é de pura tensão. — Até quando preciso dar uma resposta?
— Bem, o mais rápido possível. — Ela tem um olhar severo. — Só existe uma resposta certa, você sabe.
Claro que sabe o que está na mesa: o mínimo de certeza sobre um futuro, um começo estável. Além, é óbvio, de não desapontar a professora experiente e respeitada no ramo literário, que te indicou para esse processo.
— Sim, sim… é verdade.
— Filha… eu sei que é difícil tomar uma decisão. Mas é necessário arriscar, sim? — Ela deposita uma das mãos no seu ombro, e você enxerga além do lado profissional agora. — Talvez você se encontre na edição, ou não. Porém, é o que você tem de concreto agora. É tudo que você precisa.
Concreto. A palavra bate bem na sua mente e ecoa. A mulher percebe uma chave virar através dos seus olhos distantes e aproveita para revelar o tanto que os entrevistadores gostaram de você, além de mencionar o seu talento para a escrita. É bem verdade que você quase não escuta, mas dentro de si, a decisão está tomada. É prudente que faça o necessário e derrube o castelo de cartas no seu interior.
— Eu vou! — Você declara, sorrindo nervosa, mas ao mesmo tempo animada pela felicidade que nasce no rosto maternal da professora.
Os meses seguintes foram preenchidos pelas despedidas e promessas de amizade para sempre, pelo fim de um mundo e pelo início de outro, o mundo real. Mudou-se para perto do trabalho, bem no coração da cidade que se tornou seu lar. O ponto de vista outrora com vestígios de conto de fadas é iluminado pela luz ofuscante da vida extraordinariamente comum.
Escarlate
Dizer que você mudou muito seria te subestimar. No entanto, primeiros dias ainda te deixam agoniada. Chegando no prédio alto e moderno, você já era aguardada por um estagiário que te ajudou no cadastro obrigatório e também te entregou o crachá individual para liberar a entrada cotidiana.
A editora se instalou em três dos andares do edifício comercial, mas você só ganharia um tour pelas áreas depois de conhecer o editor chefe do gênero literário, o foco da nova filial. Seus olhos percorrem todo canto que conseguem, a curiosidade e o senso de observação conduzem todos os seus movimentos. Chegando no escritório, dá de cara com um homem jovem, bonito, com os fios propositalmente desgrenhados moldando o rosto amigável e sorridente.
— Bem-vinda ao time, é um prazer te receber. Eu sou o Kun. — Estende a mão para te cumprimentar num aperto firme. Ele não é nada do que esperava de um chefe, o que é positivo. O olhar terno e descontraído desfaz um pouco do seu nervosismo.
— Obrigada pela paciência, Kun. — Pensou até em chamá-lo de senhor, porém, achou que não seria natural. Ele não protestou, tudo certo.
O líder então libera o garoto mais jovem para voltar ao trabalho e esfrega as mãos com animação.
— Pronta pra conhecer tudo por aqui? — Ele oferece mais um sorriso na sua direção, provavelmente percebendo que está um pouco desorientada. Você assente, tentando corresponder a mesma energia. — A gente gostou muito de você, a professora Hayden falou tanto do seu talento. — Ele abre a porta de vidro, movimentando a cabeça para que entrasse. — A sua função vai ser ler muito, é claro, mas também… — Ele interrompe o caminhar e se volta para você. — ser o meu braço direito.
A expressão na face dele é engraçada, te faz soltar ar pelo nariz numa risada contida. Kun te acompanha, aliviado por ver uma expressão que não a de susto nos seus traços.
— Tudo bem, vou dar o meu melhor. — Você garante, sem mentir. Daria mesmo. Apesar de ser naturalmente desconfiada, algo em Kun te faz acreditar que ele é uma pessoa pura, boa, transparente.
Passeiam pelos dois andares rapidamente, ele explica qual departamento faz o que e te apresenta para alguns colegas de trabalho. No terceiro e último, ele te orienta sobre a dinâmica da divisão da área. O andar era compartilhado com edição e marketing, o que não é comum, mas devido ao ambiente espaçoso, não causaria problemas.
— É basicamente isso. Logo vai ter a festa de…
— CHEFE! — Uma outra voz masculina é ouvida de longe. Girando o corpo à procura do som, veem o garoto correndo de encontro ao par.
Ele chega um pouco ofegante e com as bochechas quentes, quase de cor escarlate. O cabelo curtinho deixa o rosto harmonioso em evidência, e o estilo impecável forma o combo perfeito. Adorável, você repara. Ele mostra um painel para Kun, que sorri em aprovação. Era o que o outro procurava e precisava.
— Ficou ótimo, pode enviar. — Kun bate no ombro do menor e olha para você. — Esse é o Renjun, coordenador de marketing. Meio maluco, mas gente boa. — Eles riem, mas Renjun abaixa a cabeça, tímido.
— Liga pro que ele diz não, só quando for ordem de chefe. — Ele finalmente te fita, disfarçando a piada do outro. — Bem-vinda, viu? Precisar de ajuda, só chamar.
Você murmura um pode deixar bem baixo, ainda meio confusa com a dinâmica dos dois, e também intimidada pela beleza de Renjun. Ele definitivamente notou algo diferente, o sorriso pretensioso denuncia. Quem interrompe a troca de olhares é Kun, dizendo que precisam seguir com a programação do dia.
Não foi muito difícil. Começou a corrigir uma trilogia de fantasia bem gostosinha de ler, então o tempo passou bem rápido. No horário do almoço bateu perna pelas lojas próximas que já conhecia e não foi tão perrengue para ir embora, a maior vantagem de morar perto. A jornada à frente parece mais excitante do que ontem.
Vinho
A festa de inauguração da nova filial é muito maior do que você pensava, mas pelo menos a roupa que escolheu é adequada ainda. Enquanto entra no saguão lotado, repara nas luzes que pareciam gotas de chuva saindo do teto, e é claro que há dúzias e dúzias de propagandas da editora e seus parceiros por todo lugar. Ouve uns amigos conversando ao aproximar-se do bar, eles dizem que todas as equipes de todas as filiais foram convidadas, por isso a quantidade de gente.
Pede um drink leve só para começar a noite, passando os olhos pelo lugar novamente, à procura de um canto menos caótico para aproveitar a festa por uns momentos e ir embora logo — planeja só marcar presença.
Vê Kun apoiado no balcão, seus olhares se cruzam e ele te cumprimenta com um sorriso. Senta-se no banco vazio ao seu lado depois de encurtar a distância entre os dois.
— Em minha defesa eu não sabia que seria enorme assim. — Ele diz, pensando o mesmo que você. Sua cara te denunciou?
— É uma senhora duma festa. Pelo menos tá regada, né? — Encosta seu drink no dele, pegando-o de surpresa com o brinde. — A gente tem que fazer a linha profissional ou…?
— Você pode se divertir já. — O rapaz toma um gole controlado do drink mais fraquinho do menu. — Eu tenho que esperar até a apresentação dos líderes.
Você ri ao vê-lo revirar os olhos, claramente odiando a ideia de estar em evidência esta noite.
— Bom, então eu vou começar por você. — Levanta do banco porque encontrou o lugar perfeito. — Te vejo depois?
Ele assente e também segue outro rumo. Precisa fazer sala para os outros chefes até que a tal apresentação aconteça.
Caminha concentrada em direção ao oásis que te espera, mas então sente algo empurrar seu braço e seu cardigan branco molhar. Mal teve tempo de processar, só viu a mancha vinho na peça.
— Desculpadesculpadesculpa. Mil perdões. — O desconhecido que é, na verdade, Renjun, pede em arrependimento.
— Tá tudo bem, sério. — Já está com calor mesmo, portanto tira o casaco fino enquanto equilibra o copo numa das mãos. Ele parece reconhecê-la, por fim.
— Ah, a gente se conheceu outro dia, né? — Você balança a cabeça positivamente, apoiando o pano no antebraço e voltando a aproveitar a bebida. A mesa do garoto é a vista da sua, desse modo, o vê todos os dias. Ele, porém, está de costas e sempre precisa correr de um lado para o outro. Compreende que você seja só uma memória distante. — Finalmente um rosto conhecido, só tem gente de outro lugar aqui.
— É verdade! — Exclama após constatar que só consegue ver estranhos em volta de vocês.
— Como reparação pela besteira que eu fiz… — Ele entrelaça seus braços e retoma o caminho que você antes fazia. — Vou te dar o presente da minha companhia. — A verdade é que ele procurava alguém para tirá-lo do tédio.
O banco chique de madeira é muito mais confortável do que a meiuca que somente observam agora. Ele é tão bonito que você mal sabe o que fazer, mas tenta puxar algum assunto.
— Você não é daqui, é? — Você indaga, finalizando a bebida e deixando o copo sobre a mesinha. Ele nega com um hm hm.
— Sou do interior, eu acabei de me mudar. — Ele assiste sua reação surpresa. — Meu processo foi todo online. Eu queria outra cidade, mas vim parar aqui. — Ele bebe mais um pouco do vinho que o garçom o ofereceu há pouco. — E sendo sincero nunca fiz nada de muito interessante.
O jeito que ele confessa isso soa engraçado aos seus ouvidos, então você ri. O olhar dele é um pouco confuso, ainda assim se permite contagiar pelo som. Sem querer repousa a mão no joelho do garoto por um instante, o que só contribui para que fiquem mais leves.
— Mas e você, hein? — Se ele sorrir assim sempre, vai ser difícil focar na conversa.
— Eu já morava por aqui, mas tava na faculdade. — Cruza as pernas e ajeita o cabelo discretamente. Por Deus, é só a segunda vez que se falam. Por que está gostando tanto da atenção dele? — Comecei o processo e vim parar aqui. — Copia a fala anterior de Renjun, que acha graça.
Conversam sobre mais coisas aleatórias, engatando um tópico no outro. O espaço entre os dois já é praticamente inexistente, foram se aproximando quase naturalmente.
São interrompidos pela voz alta no microfone, chamando os líderes para o palco. Renjun e você não movem um dedo, apenas assistem as outras pessoas se amontoando perto dos holofotes.
Então, Kun sobe cambaleante e anda até a posição que lhe era marcada. Ele está alegrinho, se divertiu demais, ao que parece. Os olhos do chefe estão brilhando um pouco mais sob a luz forte, e vocês não seguram a risada chocada.
Quem ri por último, ri melhor. Depois que finalmente foram apresentados, Kun perdeu a linha de vez. Ao passo que o saguão esvazia, vocês dois precisam convencê-lo de que já é hora de ir para casa. No táxi, ele não para de rir. Não consegue nem explicar do que está rindo.
A sorte é que Renjun sabe o endereço dele. O caminho é familiar, e você começa a suspeitar, após uma curva específica, de que sejam vizinhos. Assim que entram na sua rua, checa o GPS no celular do motorista. São mesmo.
Nada é tão ruim que não possa piorar, disse Edward Murphy.
Não são apenas vizinhos de prédio, o apartamento dele é colado no seu. Amaldiçoou-se por não conhecer nenhum dos moradores, foi pega desprevenida.
Kun não parava quieto dentro do elevador, até que ficou zonzo por causa do movimento para cima. Tirou as chaves do bolso com muito custo e te entregou para que abrisse a porta, o outro o ajuda a se equilibrar.
Você espera na sala enquanto eles vão para o quarto. Rapidamente Renjun volta, rindo por causa da situação constrangedora. Não é todo dia que você precisa levar seu chefe alterado para casa. Kun é maravilhoso e tudo, mas ainda é um superior.
Ao chegarem na sua porta, a nuvem embaraçosa ainda persegue o desenrolar da noite.
— Você… — Você começa, sem jeito. Será que ele entenderia errado o convite? — Você quer entrar?
Ele te encara, abre a boca algumas vezes, sem saber o que responder. Ele quer, é claro, mas…
— O cara tá me esperando lá embaixo… — Ele coça a testa, desapontado consigo mesmo, e também meio desconcertado. — E tá meio tarde… — Não queria que você achasse que ele tinha interpretado outra coisa.
— Não, claro. Eu entendo. — Você sorri, abrindo a própria fechadura.
— Mas outro dia? — Ele pergunta antes que você entre, esperançoso.
— Isso… outro dia. Boa noite, Renjun. — Só dá tempo de vê-lo acenar.
Você vai direto para o sofá, soltando o ar que prendeu sem perceber. Algo nele tinha mexido contigo, não consegue parar de repassar as piadinhas e de pensar no sorriso solto do menino. Não queria confundir as coisas, mas garotos engraçados te desmontam fácil.
Ele, por sua vez, mal podia acreditar que realmente tinha recusado a oportunidade de passar mais um tempo na sua companhia. Tudo bem. O que tiver de ser, será.
Depois desse dia, Renjun nunca mais te deixou. Os meses se apressaram enquanto ele vagarosamente se tornou essencial. Fez questão de ser o seu confidente no trabalho, quando o calo aperta é para você que ele corre e vice versa. Ele começou a passar um pouco mais de tempo com a cadeira virada para sua mesa, só para te olhar. Por vezes, tomava o celular para enviar uma mensagem boba e te ver segurar uma risada alta. Ficava ainda mais orgulhoso quando você encontrava os olhos dele e sussurrava “você é um idiota, Renjun Huang”. Seria idiota por um longo tempo se fosse para ter sua atenção.
Borgonha
Renjun ficou preso num projeto e perdeu a noção do tempo, leva um susto ao notar que o computador indica 23:45. Não, não, não. Não mesmo. Logo trata de se espreguiçar, aproveitando para alongar as costas. Inevitavelmente espia sua mesa, interrompendo os movimentos ao ver que você ainda está ali também. Parece tão compenetrada, mas não deixaria que você passasse mais um segundo sequer trabalhando.
— Tá doida, mocinha? Pode desligando isso. — Ele ralha, se apoiando no vidro que rodeia sua mesa.
A voz te alarma, porém você relaxa e sorri preguiçosa ao ver Renjun. A verdade é que o livro que está editando é simplesmente a melhor fantasia que já havia lido, te prendeu tanto que nem viu a hora passar.
— Fiquei imersa na estória… Meu Deus, quase meia-noite! — Você boceja, notando que o menino está com dificuldade para abotoar os botões do próprio casaco.
— Ah, para. Todo mundo sabe que você tá querendo se mostrar pro chefinho. — Ele ironiza, rindo provocante, ainda tentando resolver o problema.
— Melhor querer impressionar chefe do que não saber abotoar a própria roupa. — Você se levanta para ajudá-lo. Resolvido em segundos.
— Touché. — Ele passa a mão pela sua e a segura. — Escuta… bora comer? Não queria ir sozinho.
— Hmmm não. — Fala séria, e Renjun revira os olhos. Murmura um pelo amor de Deus em reprovação. — Mentira, bora sim.
É um hobby muito divertido pilhar o garoto porque ele tem pavio curto, apesar de nunca admitir. Ele tagarela durante o caminho curto até o restaurante 24 horas que disse que era ótimo, o que você duvidou de propósito somente para vê-lo retrucar com as opiniões fortes dele sobre o lugar. Para pior a situação, está vazio. Óbvio que é pelo horário, mas sussurra um “xiiiii” que arranca um grunhido indignado de Renjun. Como é bom vê-lo assim, enfezadinho por nada.
— O que você recomenda que eu coma aqui? — Faz uma expressão duvidosa, contudo Renjun ignora porque fica animado com a ideia de te fazer pagar com a língua.
— O quiche de queijo daqui é bom pra cara… Desculpa. — Ele diz, e você o questiona com uma sobrancelha arqueada. — Ah, foda-se. É tu, né. É bom pra caralho o quiche.
— Hmmm, tá. — Usa um tom desconfiado, recebendo um aperto leve na sua cintura. Infelizmente sorri, o que dá confiança para ele. — Vou querer o quiche, então.
Ele pede o quiche do maior tamanho para a atendente, que bate o pedido no computador. Algo mais?
— Cê gosta de chocolate, né? — Ele pergunta quase brigando, você balança a cabeça. — Me vê um brownie com calda quente também. Vai beber alguma coisa?
— Vou querer um tranquilidade de pêssego, por favor. — Você responde direto para a moça paciente.
— Um americano gelado pra mim. — Renjun finge não ver seu olhar de julgamento. Sem nem pensar ele paga o pedido e te leva pela mão para a mesa mais próxima. — “Trinquilidide di pissigo pir fivir” treco ruim. — A sua cara é de puro assombro, a imitação terrível quase te ofende.
— Tá falando isso só porque sabe que eu ia reclamar de você tomando café essa hora. — Desafia o garoto, colocando as duas mãos sobre a mesa. Ele se rende, fingindo estar intimidado.
— Já falei que isso não funciona pra mim, eu durmo que nem anjo.
O pedido chega logo e vocês dividem o garfo para amassar o quiche. Pela fome, terminam mais rápido do que o normal. Teve de dar o braço a torcer, é realmente delicioso. O brownie não fica atrás, a calda quente é a coisa mais maravilhosa que já experimentou. Renjun não joga na sua cara, todavia. Fica bobo te vendo fazer uma dancinha feliz ao comer.
Apesar de cansado, insistiu em te levar em casa e fazer o trajeto a pé. É menos de vinte minutos, além de que nada paga saber que você chegou bem.
O vento é gostoso, revigorante. Espalha seus cabelos para trás, permitindo que Renjun sentisse o cheiro do seu shampoo tão familiar a essa altura.
Há algo que deixa Renjun mais bonito esta noite. Talvez o rosto tocado pela luz do luar, ou só o sentimento crescendo no seu coração. É tão estranho que até evita olhar para o garoto no trajeto, e é claro que ele repara, não é nenhum bobo. Sabe o que vem acontecendo, também sente a mesma coisa. O problema é que ele ainda está inseguro, não sabe se tomar uma atitude agora seria invadir sua privacidade.
Diminuem os passos em frente ao edifício, ele acena para o porteiro que já o conhece. O silêncio que paira não é ruim, mas o garoto o abomina. Esquenta as mãos no bolso do moletom, te encarando na esperança de que o olhe logo. Não o faz. Ele segura um riso, olhando para o céu.
Faz tempo que não vê as estrelas assim, parecem perto demais para ser verdade. Ele admira, boquiaberto. Você ainda olha para todo canto, menos para quem está na sua frente. Morde o interior das bochechas, como sempre faz.
— Olha pra cima. — Ele segreda, cortando seus pensamentos. Hm? Renjun se aproxima, apoiando seu queixo com os dedos e levanta seu rosto delicadamente.
— Nossa, o céu tá perfeito! — Você deixa escapar através do sorriso encantado. Ele não fita mais as estrelas porque quer capturar cada expressão sua.
— Eu ia fazer uma piadinha agora…
Abaixando o olhar, nota a proximidade maior. As íris do garoto te prendem, e o seu peito fica pequeno demais para o ritmo das batidas do seu coração.
— Injun… — Sai mais como um pedido do que como um de seus típicos protestos contra o engraçadinho.
— Esse céu só não tá mais bonito do que você. — Não é uma piada. Era para ser, mas foi tão honesto que não teve nem coragem de trazer o sorriso arteiro aos lábios.
Você costuma ter uma resposta na ponta da língua, então por que está calada agora? Apenas o mira, os olhinhos brilhantes passeando pelos traços de Renjun. Prende a respiração quando ele se aproxima do seu ouvido. É verdade, ele sopra.
Ele quer tanto te beijar, mas se limita a te dar um beijinho demorado na bochecha. Primeiro porque ele adora provocar, segundo porque só te beijaria quando tivesse certeza do seu querer também. Um arrepio percorre seus braços escondidos pela jaqueta, e é quando você percebe que é real: está apaixonada.
— Amanhã a gente se vê. — Despede-se quase encostando as pontas dos narizes, torturando a si próprio. E então ele vai embora, te deixando confusa e pensativa.
Dormir não é fácil quando tudo que se faz é pensar em Renjun Huang.
Tantas coisas aconteceram ou deixaram de acontecer por causa de insegurança sua, não ouviria o próprio instinto desta vez. Faria diferente com ele porque ele é diferente.
Vermelho
No dia seguinte você aparece no escritório absolutamente decidida a confessar seus sentimentos. O frio que sente na barriga aumenta à medida que os andares passam, entrar pela porta de vidro nunca foi tão complicado. Enrola antes de abrir, anda de um lado para o outro, calcula as palavras, ajeita os cabelos. Respira fundo e entra de uma vez.
O quê?
A mesa de Renjun está vazia, nada fora do lugar também. Tudo exatamente como deixou ontem. Isso é extremamente esquisito, ele nunca se atrasa. Não tem outra alternativa a não ser esperar.
Uma hora depois, ainda nada. Será que tinha acontecido alguma coisa? E se ele estivesse precisando de ajuda? Ele chegou bem em casa ontem? Meu Deus.
Sua mente começa a girar com as possibilidades negativas. Pensa em perguntar a Kun se ele sabe de alguma coisa, porém o vê atolado de papéis enquanto fala ao telefone. Você encara as janelas do prédio da frente sem ser capaz de se concentrar na edição do livro que te espera. Talvez você só esteja pensando demais, com certeza ele está bem.
Começa a corrigir os erros automaticamente, a estória não te interessa mais. Escreve sugestões como observações, mas seu olhar está focado na porta, esperando que ele entrasse.
Três horas depois, não consegue mais se conter. A preocupação te faz tremer de nervoso. Pega o celular escondido e manda algumas mensagens para Renjun, notando que não estão sendo entregues. Ligaria para ele agora mesmo, mas não tem como fugir da mesa agora.
Não pode perdê-lo, não estando tão perto. Não gostando tanto dele. Sussurra para si mesma palavras positivas, ainda checando a entrada de cinco em cinco minutos. Toda vez que sente o celular vibrar é uma tortura. A notificação que aguarda nunca chega.
Novamente no elevador, descendo para ir almoçar, pondera duas coisas: se está sendo louca, ou se deveria procurá-lo. A calçada lotada de pessoas andando apressadas te causa tontura por um instante, sente até vontade de chorar.
Nem percebe a direção que toma, apenas segue o fluxo, se viraria depois.
Renjun vira a esquina da editora quando finalmente se lembra de ligar o celular. O escritor mais filho da puta de todos os tempos fez questão de marcar uma reunião desnecessariamente longa para discutir o conceito da próxima capa de seu próximo livro. Ele odeia autores de fantasia criminal por causa disso, os caras são malucos.
Você interrompe os movimentos abruptamente quando vê que ele está ali, sorrindo para a tela do aparelho que tem nas mãos. Como se sentisse alguém o observando, ele levanta o olhar e aumenta o sorriso quando te reconhece. Aperta os passos para se aproximar mais rápido, sem nem notar a sua cara séria.
— Eu vi suas mensagens agora, tava até te respondendo, olha. — Renjun vira o telefone para você e logo o coloca no bolso novamente. — Cara, pior manhã da minha vi…
— Eu tava preocupada, Renjun. — A familiar ardência no canto dos olhos ameaça, e você inspira devagar. Não sabe dizer se é alívio ou nervosismo.
O garoto finalmente percebe seu estado. O cenho franzido, os olhos quase transbordando, a postura assustada.
— O que houve?
Renjun mal teve tempo de completar a frase porque você o agarrou pelo pescoço e uniu os lábios com toda ternura que percebeu ter guardado todo esse tempo. Ele não demora a retribuir o beijo, suspirando na tua boca ao te envolver pela cintura. O quanto ele queria isso não está escrito.
Nem pensaram nas pessoas em volta, elas só se desviam do casal para seguir o caminho. Algumas até sorriem pelo gesto romântico. Sinceramente, não ligam para mais nada. Só consegue se concentrar no lábio macio do Renjun se moldando ao seu como se fosse feito para isso. Aprofunda o contato ao conduzir o garoto pela nuca com as duas mãos, que se perdem nos fios agora desalinhados.
O dia de trabalho ainda não tinha terminado, e quase se arrepende de tê-lo beijado nas horas seguintes. Ele não te deixa em paz nenhum segundo.
Começou com os quinze emojis de beijinho que ele te enviou assim que voltaram ao escritório. Você fingiu ignorar as mensagens, ele odiou.
Insatisfeito, manda um e-mail. A notificação te faz revirar os olhos. Óbvio que ele sabia que você não abriria, por isso, escreveu no assunto: vai me beijar aqui também? Estalando os lábios, esconde o rosto nas mãos, tentando conter a vontade de gritar.
Olhando na direção de Renjun, repreende-o com a expressão mais dura que consegue fazer. Ele ri, mandando um beijo no ar. Não suficiente, cantarola várias músicas sobre beijo baixo o bastante para não ser repreendido.
Ele resolve, então, ir até sua mesa. O sorriso convencido te causa estresse, e ele não tá nem aí. Apoia-se na divisória, te olhando em silêncio.
— Uma foto dura mais. — Você murmura entredentes. Ele segura uma gargalhada, é tão bom não ser o pilhado para variar.
— Bom, já que você me beijou antes que eu pudesse te chamar pra sair…
— Você planeja me deixar em paz algum dia? — Finalmente gira a cadeira, ficando de frente para o garoto.
Ele inclina o corpo, o rosto bem na altura do seu. Só não rouba um selinho porque ainda não ficou maluco.
— Só se você aceitar jantar comigo. — O tom é desafiador, borbulha seu sangue.
— Só se você cozinhar. — Impõe a condição porque não quer ficar para trás. Ele perde um pouco a compostura quando percebe que encurtou um pouco mais a distância entre as faces.
— Combinado então.
Às cinco horas em ponto Renjun já está com tudo guardado e pronto para ir embora. Enquanto você se ajeita, ele limpa sua mesa e organiza tudo como você faz para poderem partir logo.
O apartamento é bem a cara dele. A essência doce se espalha por toda a decoração simplista e sofisticada, nas plantas bem cuidadas, na cheirinho de lar que invade as narinas assim que chegam.
Renjun te apresenta toda a casa, te guiando pelos cômodos de mãos dadas. É linda e aconchegante. Logo partem partem para a cozinha, pois ele não para quieto. Inventou um risoto meio maluco que jura ser a especialidade dele. Você oferece ajuda, dizendo que pelo menos deveria cortar os vegetais, só que ele é teimoso e não aceita.
O clima é gostoso, leve. Enquanto ele prepara o prato com muito carinho, conversam sobre milhões de coisas como de costume. Ao mesmo tempo, tudo parece ter mudado. A forma como se olham, como se dirigem um ao outro, os toques…
Ele dá o braço a torcer e te deixa colocar a mesa para a janta, o que você faz com maestria porque é a única coisa que teria de fazer. Ao finalmente provar a comida cheirosa e bem apresentada, se surpreende. Além de bonito, inteligente, engraçado e independente, Renjun também é bom cozinheiro. Ele sorri genuinamente feliz pela sua reação surpresa ao gosto impecável do que havia preparado. Comem num silêncio confortável, as mãos entrelaçadas e os olhares tímidos falam mais alto do que as palavras.
— Quer mais vinho? — Renjun pergunta enquanto você caminha até o sofá, se acomodando logo em seguida.
— Só um pouquinho, nem metade. — Acompanha-o despejar a bebida na taça. Ele te mostra a quantidade, você confirma com a cabeça que está perfeito.
Ele segura as taças, levando as duas com cuidado para a sala. Ele se senta bem perto, trazendo suas coxas para cima das dele.
— Brinde? — O menino sugere, o sorriso disfarçado te dá calafrios. Lá vem. Você encosta as taças meio desconfiada, esperando a besteira que ele falaria. — Um brinde ao beijo da calçada e ao da sala.
— Que sala? — Você procura algo em sua mente que a faça compreender.
Ele ri, deixando a bebida na mesinha de centro após um gole que tinge a boca um tanto mais. Antes que pudesse protestar, ele tira a taça de suas mãos e a coloca ao lado da outra. Acaricia as pernas que cobrem as dele ao mesmo tempo que te puxa pela nuca com delicadeza. Rouba um selinho demorado, molhado, dos teus lábios.
— Essa sala aqui. — Renjun sussurra, finalmente iniciando um beijo mais intenso. A língua molha teu lábio inferior, tirando seus sentidos com a troca que começam. A gola da blusa já está completamente amassada entre os nós dos seus dedos.
Para recuperar o fôlego, ele separa brevemente os lábios, mas beija o canto da sua boca, a bochecha e desde a mandíbula até a orelha num ritmo deliciosamente devagar. No pescoço ele se perde, mordendo os lugares certos, sugando levemente só para te deixar molinha no enlaço dele. Agora que pode, ele quer te dar tudo que tem.
Pouco a pouco sente a mão subir da coxa para o quadril, onde aperta a carne com vontade. Num movimento rápido, você se ajeita no colo dele, colocando uma perna de cada lado da figura. Os olhos escuros esbanjam desejo, as digitais masculinas passeiam por cada canto que consegue.
Ele te beija outra vez, mais acelerado, desesperado, bagunçado. Te incendeia por inteiro. Renjun finalmente levanta a barra do vestido, queimando a pele com os dedos curiosos. Guia os seus movimentos contra o quadril que te precisa mais que nunca, chiando sôfrego entre o beijo.
Ao despir suas peças, lançando-as em qualquer lugar, Renjun também despe os fantasmas do seu passado. Na força do amor, faz marcas de felicidade, de cura, de coragem. Por horas a fio te ama absolutamente, cada parte sua. Quanto a você, mergulha de cabeça no oceano que ele é, que ele será. Explora cada mistério escondido.
Antes de adormecerem, Renjun deposita um selar na sua testa, te encara daquele jeito apaixonado que faz seu peito estremecer.
— Que foi? — Segreda curiosa, risonha. Ele acha graça da sua inocência que retorna.
— Você… — Suspira porque não sabe expressar tudo que o coração fala. — Você é minha. melhor. amiga. — Enfatiza cada palavra, esperançoso de que compreendesse tudo que elas continham.
Fora de contexto, não faria sentido. Mas porque são vocês, tem sentido demais. Um eu te amo não seria bom o suficiente, você entende o que ele quer dizer. Sem medir, sem pensar, só de ouvir, você sabe tudo o que Renjun deseja passar. No silêncio, no escuro, na guerra, onde for, entende Renjun. Porque está incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.
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