Sonza e Kodaline, os alvos de todas as atenções – Dia 1 do Authentica | Reportagem
A primeira edição do Festival Authentica finalmente viu todas as condições reunidas após o adiamento de 2021 devido às exigências por parte da Direção-Geral da Saúde (DGS) para a sua realização. A estreia teve lugar na passada sexta-feira tendo continuado no sábado, 2 dias nos quais houve mais de 30 atuações no recinto instalado no Altice Fórum em Braga.
Olhando para o cartaz e para as escolhas musicais (entre o indie, o hip-hop, a eletrónica e o pop) dava para constatar uma forte ambição e igualmente uma exigência elevada por parte da organização. A coexistência de projetos tão diferentes num mesmo dia poderia ter um impacto significativo, do ponto de vista menos positivo, na adesão a um ou outro palco. Foco-me novamente nesta situação mais adiante…
O recinto estendeu-se até ao parque de estacionamento no qual estavam montadas duas tendas, numa delas esteve instalada o Palco Urban. Este foi o único fora de portas, os outros três palcos estavam localizados dentro do Fórum. O Palco Authentica “palco principal” para os grandes cabeças-de-cartaz do festival na arena, o Palco Auditorium para “bandas emergentes” do panorama musical nacional no grande auditório e a Dance Room para os amantes da música eletrónica num espaço num dos andares superiores.
Ao lado do Palco Urban no exterior esteve colocada uma ”street food”. Este espaço para a alimentação não era muito extenso e nem tinha assim muita diversidade na escolha porém, pelo que pude observar e experimentar, cumpriu minimamente o seu objetivo.
Neste primeiro dia, de um ponto de vista pessoal, não existiam grandes interesses a nível musical. Foquei-me sobretudo em perceber as dinâmicas e os maiores interesses das pessoas ao nível musical. Ao mesmo tempo observei a versatilidade do recinto, percebendo os seus melhores pontos e os seus mais frágeis.
Jüra com a sua banda [mais fotos clicar aqui]
Por motivos profissionais cheguei a Braga já com o festival a decorrer e já não vi Quadra, uma banda bracarense pela qual tenho apreço. Ao mesmo tempo que ia tendo o primeiro impacto de todo o espaço interior e exterior, fui assistir a um pouco de Dino d'Santiago. O artista nascido no Algarve atuou a solo tendo apresentando temas como "Nôs Funaná" e "Esquinas" no Palco Urban.
A minha primeira descoberta foi Joana Silva, conhecida artisticamente como Jüra. A artista portuguesa tocou canções do seu EP “jüradamor” com o apoio de três músicos (bateria, guitarra, teclas e baixo). À sua voz adocicada é-lhe adicionada uma componente musical pop de bonito efeito. “Nua”, “somozumnãodois” e "A luz é tudo" foram alguns dos temas que escutei enquanto permaneci no palco Auditorium. Jüra tem uma presença segura em palco comunicado de uma forma simples e fofa.
A minha primeira descoberta foi Joana Silva, conhecida artisticamente como Jüra. A artista portuguesa tocou canções do seu EP “jüradamor” com o apoio de três músicos (bateria, guitarra, teclas e baixo). À sua voz adocicada é-lhe adicionada uma componente musical pop de bonito efeito. “Nua”, “somozumnãodois” e "A luz é tudo" foram alguns dos temas que escutei enquanto permaneci no palco Auditorium. Jüra tem uma presença segura em palco comunicando de uma forma simples e fofa.
Por esta altura eram cerca de 20:30h e caminhava-se tranquilamente pelo recinto. A adesão de público seguia em ritmo crescente porém sem termos uma forte afluência.
Becky Hill em palco [mais fotos clicar aqui]
A primeira atuação do Palco Authentica (o principal) foi a Becky Hill, britânica de 28 anos. A cantora teve um coro de 2 pessoas e várias dançarinas a acompanhar-lhe naquela que foi uma performance muito visual e coreografada. Devidamente apoiada pelo enorme ecrã situado por detrás do palco. "Piece of Me" e "Hold On" fizeram parte da sua setlist para gáudio de uma audiência com muita juventude. Perante si teve uma moldura humana num número apreciável.
Jimmy P. teve forte concorrência pois o seu horário colidiu com o de Becky Hill e mesmo assim conseguiu puxar para si algumas boas centenas de pessoas a uma hora meio ingrata, uma bem propícia para jantar.
Shange com a sua sessão DJ (inicio às 21:30h) e a dupla Ghost Hunt (inicio às 23h) ocuparam o palco Auditorium e tiveram atuações muito pouco concorridas, o panorama era mesmo desolador. Saiu-lhes a fava do dia. Mereciam ter outra sorte.
A brasileira Luísa Sonza granjeou o seu reconhecimento público no Instagram e YouTube. Com essa visibilidade logrou um contrato discográfico e tem tido sucesso no seu país com um som cruzado de funk com dance pop. Trouxe os seus dois álbuns até Braga e foi claramente a rainha da noite. Tal fez-se rapidamente notar com a sua entrada em palco na qual teve uma receção plena de entusiasmo.
Show completo com inclusão de pirotecnia [mais fotos clicar aqui]
Pirotecnia e confettis animaram logo em "Interesseira", o primeiro tema interpretado. No ecrã gigante passavam vídeos auxiliando os ecrãs laterais que davam imagens da artista. Todo um espetáculo de luz e fogo a darem um impacto colorido impressionante. Com o decorrer das canções como "Hotel Caro", "Coração Cigano" ou “Sentadora” o ambiente continuou em alta perante a primeira grande enchente do Festival Authentica. Sendo Braga uma cidade com uma forte comunidade brasileira não foi minimamente de admirar.
Luísa Sonza no Authentica [mais fotos clicar aqui]
Os fãs ficaram rendidos à presença de Luísa Sonza, ela que teve o apoio do público a cantar em coro. Algo que ela agradeceu pois estava rouca devido a ter estado a torcer pelo Brasil durante a tarde no jogo do mundial em que o seu país saiu derrotado.
Antes de voltar a focar a atenção no palco principal foi altura para sair do quentinho e ir até ao exterior. Essa incursão teve o objetivo de ver um pouco o ambiente do Palco Urban onde atuou Rels B. Na estreia do rapper espanhol Daniel Heredia Vidal não foram muitos os curiosos a ver a sua performance. Efetivamente as atenções tiveram concentradas noutra latitude do festival.
O fecho da jornada inaugural no palco principal esteve a cargo dos Kodaline. A irlandesa banda formada por Steve Garrigan (vocalista e guitarrista), Mark Prendergast (guitarrista), Jason Boland (baixista) e Vinny May (baterista) rubricou uma performance de nível elevado indo de encontro ao esperado.
Steve Garrigan o vocalista dos Kodaline [mais fotos clicar aqui]
A pirotécnica fez logo a sua aparição durante "Follow Your Fire", a primeira tocada. Subiu a animação e aqueceu os corações.
O álbum ‘In a Perfect World’, estreia em LP no ano de 2013, teve temas interpretados como “Love Like This” ou "All I Want" (esta foi a última, tocada no encore). Desse disco não faltou também “High Hopes”, outro dos temas incontornáveis.
Com os fãs a cantarem em uníssono num coro bem bonito em diversas ocasiões ajudaram a proporcionar um ambiente caloroso. O encerramento do Palco Authentica na primeira jornada pelos Kodaline foi conseguida com êxito.
Notas gerais do primeiro dia:
- Muito público jovem adolescente e na casa dos 20 anos
- A diferença de temperatura entre interior e exterior foi significativa e um pouco desconfortável. Tal era sentido na transição para o exterior indo pelas escadas de acesso até às tendas.
- Pontos positivos: não choveu e não esteve tanto frio como em noites anteriores.
- Outro ponto positivo: concertos começaram à hora estipulada em quase todos os casos que pude constatar, excepção Rels B.
- Adesão de público esteve, notoriamente, aquém do esperado.
- Alguns concertos do palco Auditorium registaram uma afluência de público muito diminuta, o que foi ingrato para os artistas.
Jason Boland, o baixista dos Kodaline [mais fotos clicar aqui]
- Conceito está bem pensado e acredito que funcione até uma capacidade entre 10/12 mil pessoas. Não acredito que funcione de forma prática para uma capacidade máxima de 18 mil pessoas conforme pensado originalmente pela organização.
- Pirotécnica e confettis aqueceram o ambiente e deram um colorido extra.
- A partir das 22h a noite foi bem mais concorrida coincidindo com a atuação de Luísa Sonza e dos Kodaline.
- O som dos palcos não entrou minimamente em conflito, algo que consegue ser um problema noutros festivais.
- O som do palco principal foi bom. Há no entanto um fenómeno estranho. A partir das colunas situadas a meio da arena até à saída a qualidade não mantém o nível, ouvindo-se com um efeito abafado.
Vejam toda a foto-reportagem do 1º dia: clicar aqui
Texto: Edgar Silva
Fotografia: João Machado
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