Tumgik
#pra sempre uma ferida aberta
versoefrente · 4 days
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Destino
Perder uma pessoa é complicado, perder mais do que isso é doloroso demais. Geralmente não somos acostumados com a perda, sentimos raiva do mundo, do destino e culpamos até quem não tem nada haver com a nossa perda. Não consigo entender isso hoje, mas amanhã ou lá na frente terei a resposta do porque ter dado tão errado. Era para ser nós, nosso amor, nossos sonhos e a nossa vida. Perdi muita coisa em um só pessoa, em você. Perdi um amigo e um companheiro de uma vez só, sem dó nem piedade, nossos planos não irão acontecer, nossas aventuras não iremos fazer e a nossa história não poderá ser contada e muito menos vivida. Hoje eu conto sobre a dor, falo de você nas entrelinhas, nas minhas linhas. Não tenho a minha pessoa para falarmos sobre nada, para cantar músicas erradas, para rirmos por coisa pequena e para discutir. São coisas pequenas que a gente perde que parece que amputou uma parte nossa, coração sente falta e o cérebro tenta se adaptar a nova rotina, rotina da solidão e do vazio imenso quando as pessoas saem das nossas vidas e você saiu da minha e fiquei exatamente assim, desolada. Qualquer coisa que tenho de você mesmo que seja de outra forma já é algo é alguma coisa para alimentar meu pobre coração. Nossa história poderia ser contada da forma mais triste e trágica para as pessoas, porque uma história que acontece sem a vontade do destino querer não fazer dar certo é um sofrimento em dobro é arrancar a casca da ferida todos os dias, porque tentamos fazer dar certo, por dias, semanas e meses, mas não deu, tivemos que pular do barco juntos. Você é a minha maior ferida e não é pequena como uma queda da bicicleta e ralar o joelho é algo muito maior e doloroso. Caímos tantas vezes para nos reerguermos juntos, tantas idas e vidas para no final nos tornamos o que ? Nada, pelo menos não somos dois estranhos e doí, uma dor que acaba com a gente de dentro para fora, mas tudo bem sempre damos um jeito de cuidar e amar de longe, não precisa ser falado ou demonstrado, podemos amar em segredo e no silêncio, mas como perder algo que nunca tivemos? Você nunca foi meu. Você nunca será meu, seu amor não será meu, seus sonhos ? será com outra pessoa, você será o destino de outro ser humano mais não será comigo. Não adianta fazermos birra, bater os pés no chão, chorar, gritar, bater, não importa nada disso, quando não é pra ser temos que engolir o choro e seguir enfrente mesmo com o arrombo que fica no peito, porque seu coração está com outra pessoa que está amando outra pessoa. Então, cabeça erguida, coragem, força e querer sobreviver a mais uma rasteira do destino, tenho que seguir esse mantra e o que posso fazer no momento é deixar você ir, deixar você voar. Então voe, meu amor. Voe, bata suas asas e não olhe para trás, siga seu caminho e vá para o lugar que sempre era pra ser seu, você não é feito para ficar preso, voe longe, voe rápido, conheça o mundo e voe para longe de mim, vou ficar bem, vamos ficar bem, sempre ficamos, te prometo e caso você queira voltar a gaiola fiará sempre aberta para o seu retorno e você não ficará preso, só em meus braços. Te espero em outra vida, mas te espero.
Elle Alber
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moonlezn · 9 months
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The Story Of Us I
– O primeiro amor, Jaemin Na. Primeiro Ato: Fifteen.
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notas: bem-vindos ao primeiríssimo capítulo de the story of us! essa daqui é pra nós, mulheres, que nunca tivemos o amor perfeito na adolescência. o ensino médio aqui segue o modelo norte-americano de 4 anos de duração. aproveitem e se deliciem com a parte 1 desse primeiro amor.
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PRÓLOGO
Uma história é feita de altos e baixos. Aos poucos, com a maturidade, consegue vislumbrar aquilo que é certo ou errado, e também o que é melhor. Teoricamente, as peças que a vida nos prega deveriam doer menos, pela esperteza dos calos criados. Não é assim que funciona.
No entanto, certas peças deixam marcas com significados demais. São até bonitas demais para se perderem nas memórias. Por isso, horas antes do dia que mudaria tua trajetória, você cutuca as unhas e encara a caixa em cima da cama.
Todos os meninos que já amou tinham registros ali dentro. Não eram muitos e alguns causaram feridas que ainda estavam abertas. Pondera se está pronta para abrir, mas seu futuro marido te tira do transe.
— Por que não abre logo? — Ele indaga, escorado no batente da porta do quarto. Sorri de canto, mordendo os lábios, tímido. — Até eu tô curioso.
— Não vai ficar com ciúmes? — Você implica, fazendo o noivo revirar os olhos. Ele dá alguns passos até você, afasta a caixa para o lado e se senta na sua frente. Entrelaçam os dedos delicadamente, o carinho te acalma por inteiro.
— Talvez... — O homem estala os lábios, parece pensar no que dizer. Quer te convencer a tirar o band-aid de uma vez. — Vou te confessar que eu tô muito ansioso pra saber o que você escreveu sobre mim, sobre quando namoramos a primeira vez. — Ele esconde o rosto com as tuas mãos, rindo de nervoso.
— Então você tá me rondando por isso, é? — Gargalha quando ele expressa a culpa na face bonita. — E eu achando que você tava tentando me ajudar!
— Também. Todas essas memórias... — Ele acaricia tua mandíbula devagar, olhando cada detalhe teu. — Te trouxeram pra mim. Do jeito que você é.
As borboletas bem conhecidas despertam no teu estômago. Este homem é, sem dúvidas, o amor da tua vida. Por isso que, ao reencontrá-lo, não deixou que ele escapasse novamente.
Então, por que reviver o passado? Como ele disse, além de ele mesmo ter um espaço reservado dentro da caixa para o que viveram há algum tempo atrás, tudo aquilo te ajudou a descobrir o caminho até o teu agora, que em breve seria para sempre.
— Promete que não vai rir, nem me julgar, nem ficar com raiva, ou com ciúmes? — Você pede, quase abrindo a tampa. Sabia que ele riria em algum ponto e também que não te julgaria. Mas...
— Você vai me deixar ver? Sério? — Os olhos brilham de animação. Você apenas assente, e ele se aproxima ainda mais.
Deixa a tampa de lado depois de tirá-la e sorri, se lembrando da própria organização. As pastas coloridas, uma para cada amor, dispostas por ordem cronológica te trazem nostalgia, e você nota a garganta embargar. Já fazia algum tempo do último contato.
Pega a primeira de todas, rosa bebê, e lê o nome Jaemin Na na fronte, escrito com tua caligrafia adolescente. Nunca abriu esta pasta antes, apenas a fez para se lembrar do teu primeiro amor e a guardou. Olha para o noivo, que balança as pernas com nervosismo.
— Vamos começar pelo começo, então...
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Escola nova, vida nova.
Foi isso que você se prometeu ontem à meia-noite. Além de começar o Ensino Médio, hoje você completa quinze anos, o que planeja manter em segredo. Diante do pontapé de quatro anos de tantas mudanças e tantos planos, precisa ter o primeiro dia perfeito: não atrapalhar o caminho de ninguém, entrar quieta e sair calada.
No entanto, assim que passa pelas portas de entrada, sua amiga Nathália dá um gritinho alegre ao te ver.
— FELIZ ANIVERSÁRIO, AMIGA! — Ela exclama, chamando atenção de vários veteranos ao redor. Você suspira envergonhada.
— Shhhh! Tá louca, é? — Logo a impede de continuar a celebração, pondo uma das mãos sobre sua boca. Com a outra, puxa a amiga para a escada vazia.
— Não é todo dia que se completa quinze! — Ela continua quando você acha seguro libertar os lábios. — É a idade mágica, garota. TEMOS QUE COMEMORAR!
Não controla o olhar de reprovação para a amiga, e ela nem dá bola para sua chatice matutina, como ela chama. Aniversários e primeiros dias são feitos para serem felizes, surpreendentes, e não monótonos. Obviamente você discordava.
Com muita animação Nath comparou seus calendários. Por um milagre teriam a maioria das aulas juntas. Hoje isso não parecia um alívio, entretanto. Se não fosse teu aniversário, talvez...
Os primeiranistas, por tradição, recebem discursos de boas-vindas dos segundanistas. Eles se dividem e vão até às novas turmas para saudar os alunos em nome da diretoria para explicar algumas regras básicas de convívio.
Chegando à sala de aula, tenta tanto fugir da primeira fileira, mas não só não consegue, como é obrigada a se sentar na primeira carteira também. Até agora tudo parece conspirar contra seu planejamento.
— Bom dia, galera! Meu nome é Yangyang. — O menino de cabelo rosa, carismático toda vida, recebe algumas palminhas em retorno e sorri confiante. — Eu faço parte do segundo ano, junto com meu amigo, Jaemin. — Ouve seu tom de voz animado e levanta o olhar do teu caderno para os meninos à tua frente bem em tempo de vê-los acenando para todos.
Vê o tal Jaemin, que carrega um sorriso tímido, e ao mesmo tempo travesso, nos lábios rosados. Ele percebe o teu olhar e o retribui, sem qualquer intenção de desviar. Você sente o sangue aquecer suas bochechas quando ele pisca um dos olhos discretamente.
Você é adorável, ele pensa. Ganhou o dia por te fazer esconder um riso insistente depois de sua piscadela. Definitivamente descobriria mais sobre você.
Na hora do almoço, também não escapa das miradas do mais velho. Com a bandeja nos braços, inspeciona o refeitório atrás de uma mesa vazia para Nath e você. Atraída pela impressão de que alguém te observa, seus olhares se cruzam. Ele te fita, está curioso. Você finge não notar o suor nas palmas, seguindo tua amiga até o lugar que acharam.
Ocorre mais uma vez no horário da saída. Escorado no carro novo de Yangyang, Na te assiste passear pelo pátio banhado pela luz alaranjada do pôr-do-sol. Você mira em sua direção acidentalmente e desta vez não reluta em rir de leve. Ele logo te devolve o pequeno cumprimento. Não sabe bem explicar o que deu nele, mas tua presença estremeceu seu mundo outrora pacato.
No segundo dia de aula, você está visivelmente relaxada. Não é mais teu aniversário e, bem, nem o primeiro dia de nada. Já é razão o suficiente para que você fique mais tranquila. Espera ter uma manhã comum.
Não pode-se dizer o mesmo sobre Jaemin Na. Desde ontem é incapaz de controlar o nervosismo. Precisa ir falar com você agora.
Fechando a porta do teu armário com força, leva um susto ao ver o garoto plantado ali, bem ao teu lado. Ele segura um sorriso largo ao ver teu rostinho.
— Oi, eu sou o Jaemin. A gente se viu ontem no discurso... — Não sabia se aqueles olhares tinham sido insignificantes para você, então não arrisca. — Você é nova por aqui, né? Nunca te vi antes.
— Eu me lembro de você. — Você se escora no armário e olha para ele curiosa. O que um garoto tão lindo queria contigo? — É, me mudei recentemente pra cá. — Ele assente interessado.
— Feliz aniversário, falando nisso. — No momento em que as palavras saem de sua boca ele se arrepende. O preço que se paga por querer arrumar papo.
— Como... como você sabe? — Fica alerta, nervosa. Será que ele ouviu a Nath ontem? Não pode ser.
— Ah, cê sabe... — O rapaz parece procurar uma resposta nos arredores. A mão coça a nuca, precisa inventar alguma coisa. — As notícias correm rápido, né. Pessoal fica curioso sobre os novatos.
Não acredita em nenhuma palavra sequer, e ele percebe porque uma de tuas sobrancelhas está arqueada de uma forma quase ameaçadora. Nem te conhece e já não consegue mentir.
— Eu... não me acha estranho, tá? — Você abraça os livros que tem nos braços, balançando a cabeça firmemente. — Eu meio que procurei sua ficha ontem. — Da tua boca sai um suspiro surpreso, e ele entra em pânico. — Queria descobrir seu nome, e o diretor sempre dá bobeira com esses papéis. Então foi meio que... fácil. Não foi nada demais. Eu vi lá. Não foi um plano mirabolante. Não... não, não, não.
Yangyang reclama pela milionésima vez do plano do amigo. Quer descobrir o nome dela? Vai perguntar! Mas não adianta aconselhar Jaemin quando ele cisma com algo. Por isso, eles estavam na porta da diretoria revisando o passo a passo do que fariam a seguir.
— Se você demorar mais que dois minutos, eu vou embora e te deixo lá. — O de cabelo rosa declara, tentando intimidar o outro. Não faria isso; porém, nunca é demais apressar Na.
Liu entra na sala e vai cumprimentar a coordenadora com um abraço caloroso, usando um tom de voz altíssimo, para que ela não ouça o outro rapaz.
Jaemin corre até o escritório vazio do diretor e logo folheia os papéis em sua mesa. Procura as fichas dos primeiranistas, erguendo o pulso vitorioso ao ver tua foto. Passa o olho rapidamente pelo documento e, além do nome, vê teu aniversário. Quase fica triste por não saber a data antes.
A voz de Yangyang fica mais alta, e ele entende a deixa. Devolve tudo pro devido lugar e se espreita até a saída. O amigo segue-o logo depois.
— Valeu a pena, pelo menos? — Ele pergunta, limpando a garganta cansada pelo tom de voz. — Nunca mais, Jaemin. Nunca. Mais.
Jaemin passa o braço pelos ombros do amigo e bagunça seus cabelos tingidos, murmurando um obrigado ao passo que se dirigem até o pátio.
Observa o garoto se atrapalhar inteiro para se explicar e não contém a risadinha. Sem querer acaba interrompendo as palavras desesperadas, mas ele não liga. Acha graça de si mesmo também.
— Enfim... — Ele puxa mais um assunto, a coragem não podia ir embora agora. — Você topa ir tomar um sorvete comigo depois da aula? É pertinho daqui... Presente atrasado. — Tenta te convencer com os argumentos bobos. Só queria passar um tempo contigo e te conhecer melhor longe dos olhos de todo mundo.
— Só vou se tiver banana split. — O sim mais mal disfarçado da década. Qual sorveteria não teria? — E calda de chocolate.
Você completa, virando-se para ir embora. De costas, morde os lábios e guarda um gritinho nervoso para si.
— VOU TE ESPERAR NO PÁTIO! — O rapaz anuncia e comemora erguendo o punho discretamente. O sino toca, fazendo-o correr com energia para a sala. Deixa a professora entrar primeiro, como o cavalheiro que é, antes de olhar na tua direção uma última vez e fechar a porta.
Chegando na sorveteria, Jaemin cumprimenta o atendente com intimidade. Pede um banana split caprichado e te conduz até a mesa do canto, imaginando que se sentiria mais confortável ali. Ele puxa a cadeira para você sentar, o que faz seu rosto arder. Ele acha fofo.
Honestamente, ele fala bastante, o que te ajuda demais. Repara que gosta de o ouvir falar sobre a escola, sobre a família, sobre o tempo livre... Descobriu até que ele anda de skate. Seria profissional, se não fosse pelo pai, que pediu que ele se dedicasse aos estudos.
Ele te faz algumas perguntas, visando te entender um pouco. Tua cor favorita, prato que mais gosta, o que faz para ficar feliz, se gosta de gatinhos — se não gostasse, não teria coração.
Quando o sorvete chega, os dois pares de olhos brilham de emoção. Na pega a calda e pinta toda a extensão da sobremesa de marrom, sorrindo quando você aprovou a ação com um hummm bem animado. Todavia, ao espalhar os confetes, o garoto estabanado deixa cair alguns para fora da cumbuca. As bolinhas batem na mesa e caem ao chão. Você ri alto da expressão chocada que ele faz, catando logo para que não briguem com ele.
— Foi com muita sede ao pote, Nana. — Você diz e enfia uma colherada na boca. Jaemin se impressiona ao ouvir o apelido, mal reage. Amou ser chamado assim.
Ele percebe que a colher suja o canto dos teus lábios de calda e pega um guardanapo. Automaticamente te limpa, cheio de meiguice, e você fica constrangida.
— Não precisa ficar com vergonha. — Ele sorri, cutucando as costas da tua mão. Olhando para ele, que já te olhava, tenta disfarçar a timidez. — Você é tão linda. — Deixa escapar, e os dois tomam mais uma colher de sorvete completamente acanhados.
Depois de terminarem o doce, Jaemin insiste em te levar em casa. É código de honra. Ademais, já está anoitecendo. Zero possibilidade dele te deixar ir embora sozinha.
Não é tão longe, mas passam uns vinte minutos andando. O garoto anda devagar de propósito, porque você é ótima companhia. A conversa não cessa em nenhum momento, e ele faz questão de te contar inúmeras piadas horríveis, que arrancam risadas sinceras de você, mesmo assim. Teu humor quebrado trabalhou em favor dele.
— Tá entregue. — Os passos são interrompidos ao chegar na frente da tua casa. Te fita em silêncio, parecia ponderar entre falar algo ou não. — Queria te fazer uma proposta...
— Lá vem bomba. Hm. — Você brinca, e ele abaixa a face, rindo. — Pode falar, Nana.
— Se eu te chamasse pra sair, o que você diria? — Pergunta nervoso, caçando alguma reação no teu rosto. Você sente borboletas voando, correndo, sei lá... no estômago. — Se você não quiser, eu entendo. A gente pode ser só amigo, sério.
— Eu quero. Sim. — Parece uma pateta, nada faz sentido. — Eu diria sim, foi o que quis dizer.
— Sábado seria um bom dia? — Jaemin tem um sorriso tão folgado e tão lindo. — Quero te levar pra um piquenique na praça daqui, pra você conhecer.
— Seria sim. — Está tão nervosa que não consegue formar frases. Aprecia cada detalhe do rapaz diante de si, sem assimilar direito que ele realmente te convidou para sair. — Eu gostei da ideia.
— Então essa semana você me fala tudo que você gosta de comer e eu levo. Beleza? — Ele te vê afirmar com a cabeça. Então, toma a liberdade de depositar um beijinho na tua testa para se despedir. — Até amanhã!
Ele se vira para ir embora, dando alguns passos na direção contrária. Jaemin Na é ainda mais bonito sob a meia-luz do crepúsculo, conclui. De repente ele para e gira o corpo de volta.
— Só pra não ficar dúvidas... vai ser o nosso primeiro encontro. Tá bem? — Você não imagina a dose de bravura que te falar isso demandou do interior dele; valeu a pena, todavia, pois te vê sorrir mais uma vez. Retoma, então, o caminho de casa.
Convenientemente, tua mãe abre a porta de casa para deixar o lixo na rua. Nota o garoto há uns metros de distância e você, congelada, observando-o.
— Filha, tá tudo bem? — Preocupada, ela eleva a voz para que a escutasse. Atravessa o quintal apressada e te alcança em segundos.
— OI, TIA! — A voz masculina chama a atenção das duas. — EU SOU O JAEMIN! — Ele quase berra e acena simpático, a mulher devolve o gesto, ainda confusa. O garoto vai de vez, e vocês se entreolham.
— Ele é o Jaemin... — Pela tua cara, ela já imagina a situação. Dá uma risada gostosa. — E ele me chamou pra sair... — Tua mãe não para de rir, porque você estava gelada mesmo. Não imaginava que essa hora chegaria tão rápido.
— Tudo bem... Jaemin é legal e bonito. Tá tudo bem. — Ela zomba, e você a abraça de lado enquanto ela te empurra para dentro. — Primeira semana agitada, hein?
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A semana passou voando, e quando se deu conta já era Sábado. O dia do primeiro encontro. Respira fundo várias vezes porque o horário que tinha combinado com Jaemin já se aproxima. Não sabe dizer se esse nervosismo todo é normal, provavelmente não é.
De cinco em cinco minutos checa o relógio, o que é melhor do que fitar a própria imagem no espelho. Se achasse o mínimo defeito nas roupas, ou no cabelo, ou na maquiagem, entraria em pânico. Se levanta para espiar a janela e vê um carro estacionar na porta de casa. Avista quem esperava sair do lado do motorista, e o coração acelera.
Ele passa pelo quintal com as mãos formigando de ansiedade, está apreensivo para te encontrar logo. Pediu o carro do irmão mais velho emprestado só para te impressionar, mas também porque seria muito melhor para levar as comidinhas do lanche. Toca a campainha após um suspiro aflito.
Você conta sessenta segundos, ajeita a postura e finge uma cara normal. Abre, então, a porta com a mão suada apertando a maçaneta com mais força do que deveria.
— Oi... — Jaemin sorri grande, te contagiando imediatamente. Você o cumprimenta tão tímida, a voz quase não se ouve. Tua mãe abre um pouco mais a porta de repente, sobressaltando os dois.
— Oi, Jaemin. — O tom de voz brincalhão da mulher tem efeito instantâneo nas faces, que coram violentamente. — Não apronta com a minha filha, viu?
Você murmura contra ela em reprovação. Não precisa disso, precisa? Que vergonha!
— Pode deixar, tia. — O rapaz é adorável de tão educado. A mãe gosta dele. — Vamos?
Sem te dar tempo para responder, ele toma tua mão delicada na dele e tagarela até o automóvel.
— Tu não vai acreditar... — Diz, apertando teus dedos duas vezes, querendo que o olhasse. O toque já era tão natural para ele, parecia certo. — Depois de procurar em três mercados diferentes, finalmente, consegui achar o tal do suco de morango.
— Eu falei que poderia ser o de uva, Nana. — Resmunga, quase manhosa. Ele teve tanto trabalho por causa disso, sequer te deixou dividir os preparos com ele. — Já não basta a sua cisma com a geleia. — Você completa ao entrar no carro depois dele abrir para você.
Ele apoia os antebraços na janela, te olhando arteiro. Desvia o olhar do dele, camuflando a vontade de rir.
— Quer que eu te fale agora ou depois? — O menino pergunta. A curiosidade capta tua atenção no mesmo momento. — Eu achei a geleia também.
Ele corre para o outro lado, te impedindo de proferir a pequena bronca. É impossível encobrir a verdade: Jaemin Na está, aos poucos, conquistando um espaço na tua mente com todos esses sorrisos que te provoca.
A praça mais parece um parque, você pensa. O espaço é enorme, preenchido por árvores; descampados cobertos de grama bem verde e barraquinhas de comida.
Jaemin conduz o caminho para uma das poucas sombras disponíveis. Logo você estende a toalha sobre a grama, e ele deixa a cesta de palha ali. Sentam-se ao chão, e o vê tirar a mochila misteriosa das costas.
— O que tem de bom aí? — Indaga, tomando o interior da bochecha entre os dentes. Está genuinamente interessada.
— Não tem como vir aqui e não jogar recorde. — Animado, ele retira uma bola de vôlei de dentro da bolsa. — Você já tá com fome?
Não está com fome, mas mesmo que estivesse... Do jeito que ele te pergunta, dá para notar que quer muito jogar com você. Então se levanta e o ajuda a fazer o mesmo, puxando sua mão.
— Talvez você tome algumas boladas. — Ouve a risada sincera de Na. — Já vou logo dizendo que primeiros socorros não tá na minha lista de habilidades.
— Ser linda tá. — Ele afirma tão despojado, lançando a bola nas tuas mãos, que nem consegue respondê-lo.
A essa altura a ardência no rosto nem te preocupa mais de tão recorrente. Apenas balança a cabeça negativamente, se preparando para devolver o saque de Jaemin. Ele recebe ágil, enunciando 'boaaaa!' como encorajamento. Conseguem manter a bola no alto por várias rodadas até que, empolgado, o garoto aplica força demais, e você corre para rebater com potência igual.
O brinquedo voa longe. Tuas mãos vão para a tampar a boca, que emite uma arfada espantada. O rapaz dispara na direção da esfera, tentando não perdê-la de vista.
Aproveita o instante de descanso para beber um pouco de água, separando também um copo para Jaemin. Com certeza voltaria esbaforido.
Analisa a área em volta, notando que a distância entre os dois já era quase a mesma de antes. Ele sorri travesso segurando o brinquedo numa das mãos; na outra, um raminho de flores campestres.
— Peguei pra você. — Ele estende as florinhas na tua frente e você as aceita, imitando seu sorriso grande. Que sorte ele não poder escutar as batidas do teu coração agora.
Passar a tarde inteira em sua companhia foi assombrosamente fácil. Ele é doce, e engraçado, e fofo, e engraçado, e gentil, e comunicativo, e engraçado... Havia tempo que ninguém te fazia rir assim. Jaemin se orgulha disso.
Ao fim do trajeto de volta, ele abre a porta do carro novamente. Entrelaça os dedos nos teus para te ajudar a sair, mas não desfaz o contato depois.
— E aí? — Ele puxa assunto, desacelerando os passos. — Gostou de hoje?
— Eu me diverti tanto, Nana. — Você diz no momento em que param nos degraus diante da porta.
Um silêncio confortável paira no ar. O olhar do garoto tinha um quê de afeição, e aproximam-se devagar.
— Seus olhos são tão bonitos. — Você enuncia baixinho, como quem confessa um segredo. Isso ocasiona algo dentro do peito do mais alto, e ele não resiste fitar todo o teu rosto.
Quando foca nos teus lábios, a distância diminui mais. Podem sentir as respirações um do outro. Num pedido silencioso, tuas pálpebras se fecham. Desse modo, Jaemin junta os lábios com a ternura digna de um príncipe. Cuidadoso, ele massageia devagar a tua boca com a dele, e você sente a mente girar. Envolve seu pescoço por causa dos joelhos enfraquecidos, as mãos maiores vão para a tua cintura. O sorrisinho não passa despercebido por você durante os selinhos duradouros que terminam o primeiro beijo.
— Boa noite, linda. — Jaemin fala com o nariz afagando a tua bochecha. Ele deixa um cheirinho ali. — Vou te ver entrar.
O rapaz joga os cabelos lisos para trás, mas logo caem na testa novamente. Jaemin é lindo de doer.
Despedindo-se, sobe dois degraus, apenas. É interrompida porque ele gira teu corpo para si outra vez. Antes que pudesse questioná-lo, sente os lábios unidos de novo. Estando mais alta do que ele, muito naturalmente, tuas mãos se perdem nos fios macios na hora em que as dele retornam para a cintura. Assim, tiveram seu segundo beijo.
E o terceiro, e também o quarto.
Não queria arrumar briga com a tua mãe tão cedo, então te deixa entrar, por fim. Só volta para o carro depois que vê a porta fechada. Ele tem pés saltitantes e faz uma dancinha feliz antes de dirigir para a própria casa, alheio ao par de olhos encantados que o acompanham da janela.
Naquele dia, um pensamento louco cruza tua mente enquanto sobe as escadas para o quarto. Talvez Jaemin fosse teu sonhado e esperado verdadeiro amor.
Depois do terceiro encontro, Jaemin te pediu em namoro. Foi simples, mas do jeito que você sempre quis — só você e ele, com uma declaração do quanto ele gostava de te ter por perto e almejava continuar assim por quanto pudesse.
A ideia não parece mais tão absurda depois de cinco meses. No seu aniversário de namoro, Jaemin aparece na tua porta com um buquê de flores, uma carta e um ursinho, não, ursão de pelúcia. Ele sempre se supera.
Ele entra, familiarizado com o ambiente. Vocês se sentam no sofá da sala, a alegria da troca dos presentes transbordando pelo cômodo através dos pés inquietos e nas mãos trêmulas.
— A carta você lê só depois, tá? — Ele te entrega o envelope por último, parece um pouco ansioso.
— Ah, não... Queria ler agora. — Resmunga fazendo charminho. Dá um selinho carinhoso no garoto, que não resiste ao teu joguinho e sinaliza com a cabeça que você pode abrir.
— Antes... — Jaemin toma tuas mãos, deixando a carta cair no estufado. Inspira fundo. Tomando toda coragem que tinha dentro de si, diz de uma vez só. — Eu escrevi a carta porque achei que não conseguiria falar, mas... eu te amo. Muito.
As íris fixam nas tuas, e sente-o apertando teus dedos, se comunicando como é costumeiro. Ele não quer te pressionar a dizer de volta, entende que isso demora. No entanto, o coração do namorado já estava ficando pesado ao reconhecer que guardava o sentimento.
Ele inclina como um gatinho quando o teu polegar alisa a bochecha fofa. Chega até a cerrar os olhinhos.
— Eu também te amo. — Trocam sorrisos aliviados. Jaemin te beija com a brandura que nunca se acostumaria. Os dois repetem as três palavrinhas entre sussurros, que se assemelham a promessas.
Proferindo a declaração sincera, percebe a leveza que encontra lugar no peito. Todo esse tempo a intuição não tinha falhado — fora feita para estar nos braços de Jaemin Na.
Ah, a inocência dos quinze anos é mesmo incomparável...
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girlneosworld · 1 month
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4. sincronia
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tw: tiro, ferimento, agressão, sangue, queimadura, cigarro, menção a drogas & overdose & convulsão. acho que é só.
vão me perdoar se eu postar um capítulo a cada trinta dias? sim? vão? amo vocês. perdão qualquer erro, boa leitura. ♡
— Ei, devagar — Jeno pragueja e você revira os olhos limpando a pinça ensanguentada na toalha molhada — Eu posso muito bem fazer isso sozinho.
O ignorando, concentra sua atenção em tirar a bala de borracha que está alojada no ombro esquerdo do Lee, faz uma careta enquanto mexe na pequena ferida aberta, sendo o mais cautelosa que consegue. Ouve os resmungos que o tenente profere a cada vez que a pinça move a bala, e devido a posição em que estão, sente a respiração pesada dele na sua testa suada sempre que ele sente dor.
— O que você está pensando em fazer? — de repente ele volta a falar, agora em um tom mais baixo que antes. Você levanta os olhos na direção dele brevemente.
— Fazer sobre o quê? — pergunta no mesmo volume e vê quando Jeno bufa, impaciente.
— Como assim "sobre o quê"? A gente precisa fazer alguma coisa com tudo isso que nos falaram — explica exasperado e se remexe no banco — Até um tiro eu levei.
Você suspira e finalmente consegue arrancar a bala do ombro masculino. A coloca sobre uma das folhas de jornal no chão e mergulha a toalha branca na tigela com soro ao seu lado, limpando o sangue em seguida. Ao mesmo tempo, nega com a cabeça.
— Não tava preparada pra ouvir tudo aquilo, muito menos sei o que fazer com essas informações — responde e dá de ombros — E, sinceramente, muda alguma coisa?
— Você disse que os avisaria caso tivesse notícias, deu esperança a eles — Jeno aponta, o rosto retorcido quando sente sua ferida latejar — Isso não vai infeccionar, não, né? Não quero perder meu braço.
Você faz que não, revirando os olhos diante do drama, e ele suspira aliviado. O Lee provavelmente já foi baleado com balas piores em lugares piores ainda para estar tão preocupado.
— Como eu poderia não dar esperanças a eles, Jeno? Vocês ouviu tudo que eu ouvi — diz, aflita, e termina de limpar a pele branquinha dele, pegando os esparadrapos e curativos que trouxeram do hospital.
O rapaz se remexe. Ouviu, sim, as mesmas coisas que você. E é por isso que se sente tão incomodado.
Depois que foi baleado e caiu no chão pelo susto e pela dor repentina, você parou estática no mesmo instante. Os olhos se arregalaram e a respiração travou na garganta, viu o atirador atrás da árvore, gritando para que se desarmassem e colocassem as mãos na cabeça. Não tinham como saber se estavam cercados ou se eram apenas vocês três. Esperava, do fundo do seu coração, que estivesse certa a segunda opção, pois assim estariam de igual para igual uma vez que Jeno estava ferido e provavelmente não conseguiria se defender de imediato.
Então, não obedecendo ao que foi gritado, aponta seu fuzil na direção da árvore. Sua precisão era incomparável, é ágil em atirar no tronco e logo outro disparo é feito contra vocês, esse que passa longe de te acertar. Franze o cenho diante do péssimo tiro e vê a pessoa tremendo ao constatar que não restavam mais balas em sua arma. A situação é cômica, de certa forma, percebe logo que provavelmente era para Jeno ter sido atingido na cabeça ou em outra região mais crítica, mas a falta de habilidade do atirador levou o tiro para o ombro do Lee.
Em passos precisos você vai até o garoto, esse que fica pálido no mesmo instante e tenta correr, mas é impedido quando acerta um chute na parte traseira dos joelhos dele e fica sobre suas costas quando ele cai. Aponta o fuzil para a cabeça deitada no chão e se aproxima do ouvido alheio.
— Vai me falar quem você é e vai me falar agora — esbraveja entre dentes e encosta o cano da arma na nuca dele — Não tenho motivos pra não te matar se decidir não colaborar.
Ele se embola com as palavras quando tenta te responder, se contorce e consegue senti-lo tremer sob você. Seu peito sobe e desce com velocidade, a adrenalina tomando conta de todo o seu corpo. Olha para Jeno de relance e o vê segurando o ombro enquanto tenta estancar o sangramento, se levantando e indo até onde estavam.
— Eu sou... Sou o... — o garoto engasga para dizer e você bufa, sai de cima dele rapidamente e o vira de barriga para cima, mirando na testa escondida pela touca que ele usa. Observa o rosto jovial dele, era provavelmente uns seis anos mais novo que vocês e parecia assustado para se dizer o mínimo — Porcos imundos.
Jeno, que estava de costas checando as balas esquecidas no chão, se assusta quando ouve o impacto do fuzil acertando o rosto do menino. Você o bate agressivamente com a arma, o nariz bonito imediatamente começa a sangrar e fica vermelho, ele geme de dor. Segura as bochechas dele entre seus dedos com força e se aproxima ainda mais.
— Seu merdinha, eu deveria estourar seus miolos por ter atirado nele e agora ainda mais por ser um pivete sem educação — sussurra com a voz arranhada — Última chance. Quem é você?
Move a mão para o gatilho novamente para que ele consigo te responder e ouve Jeno se aproximando atrás de vocês.
— Eu não vou te falar. Me mata se quiser, é só isso que vocês sabem fazer. Assassinos — e então, para reforçar o que diz, ele levanta minimamente o tronco e cospe no seu rosto.
A sua primeira reação é fechar os olhos com força, sente a saliva escorrendo pela sua bochecha ao mesmo tempo que sente a raiva controlando seus movimentos. Sua próxima ação é destravar sua arma e se preparar para cumprir com o que havia dito, mas ouve passos de alguém correndo e Jeno destravando a própria arma. Apoia o joelho no rosto do garoto embaixo de si e se vira para trás, vendo uma garota de cabelos longos e roupas de frio parada diante do Lee, olhando apavorada para a cena em que se depara.
— Ai, meu Deus — ela arregala os olhos e alterna o olhar entre vocês três — Por favor, não mata ele. Eu te imploro. Por favor.
— Ele atirou em mim primeiro, sem motivo algum — Jeno aponta para vocês dois no chão — Vai precisar ser mais convincente.
A garota assente com a cabeça diversas vezes e levanta as mãos em sinal de rendição, dando dois passos na direção do Lee. Ela engole em seco, nervosa.
— Não somos perigosos, eu juro — você ergue uma sobrancelha quando ouve aquilo — Acontece que estamos procurando uma coisa muito importante. Uma pessoa.
— E o que isso implica no seu amigo tentando matar um de nós...? — semicerra os olhos.
— É uma situação complicada. Vocês meio que podem estar envolvidos — ela tenta explicar com a voz trêmula, desvia o olhar de você para o garoto no chão — E você, seu imbecil, tá querendo se matar?
— Esses vermes estão com ela, Zizzy — ele murmura mesmo que não conseguisse enxergá-la do lugar onde estava — Você teria feito o mesmo.
— Não teria, não! — se defende imediatamente, olhando assustada para você e o outro tenente, vocês que por sua vez conversam silenciosamente tentando entender do que eles falavam — Se não fosse tão idiota nós podíamos ter pedido ajuda.
Ele ri sarcasticamente.
— Não vai rolar.
— Do que é que vocês estão falando? — Jeno os interrompe para perguntar — Ajudar com quê?
A garota suspira.
— Uma amiga nossa sumiu há um tempo atrás, bem no começo, quando as pragas ainda estavam chegando na cidade — ela começa a explicar — E nós queremos a ajuda de vocês porque a última vez que a vimos ela estava sendo levada por uma viatura.
— Ela não é minha amiga. É minha namorada — corrige o garoto e te olha em seguida — Vi pelo seu moletom e o boné dele que são policiais.
Você revira os olhos.
— E achou inteligente atirar em um policial? — perguntou de forma retórica — Olha só, menina, não acho que a gente consiga ajudar vocês. A polícia da cidade está unicamente voltada para o controle das pragas agora. Não há o que possamos fazer.
— Vocês tem que saber alguma coisa — começa a se aproximar mas logo é parada pela arma de Jeno apontada na direção dela — Por favor. Estamos desesperados.
— Quem é essa sua amiga, afinal? — o Lee pergunta.
— O nome dela é Eunha. Kwon Eunha.
Você e Jeno se olham imediatamente, as expressões de ambos se iluminando ao mesmo tempo. Não era possível.
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No final da rua havia uma farmácia de família, o comércio ficava no primeiro andar e no segundo estava a casa em que viviam. Mas estava abandonada desde o começo do apocalipse, e desde então Zoe e seu amigo têm vivido alí. Estava tudo surpreendentemente conservado na casa, eles tinham móveis inteiros e um sistema de segurança muito eficaz.
Depois de libertar o garoto, você e Jeno debateram brevemente sobre o que fariam com aquela situação. Entraram num rápido consenso e então seguiram a garota até lá para que conversassem melhor, não querendo arriscar que o som dos disparos tenha atraído alguma praga — mesmo que a sua estivesse com o silenciador. Logo está sentada no pequeno sofá ao lado do Lee e ouve atentamente ao que eles contam a vocês.
— Ela vinha tendo muitas convulsões, por causa da epilepsia. Provavelmente acontecia por causa das drogas — o garoto que se apresentou como Wonbin diz. Ele está sentadobno chão em frente a vocês com uma compressa de gelo no nariz quebrado e Zoe termina de passar uma pomada nos ferimentos no rosto dele.
— Drogas? — Jeno pergunta.
— Sim — continua — Eunha se viciou. No começo ela fazia pra tentar se enturmar, eu nunca gostei, mas não adiantava falar. Ela começou fumando maconha e tomando LSD, mas em pouco tempo já usava de tudo.
— Mas vocês sabem o que pode ter feito com que ela se viciasse? Não deve ter sido de repente — você corre os olhos por eles e ouve Zoe suspirar.
— A gente acha que ela passava por problemas em casa, mas Eunha nunca falava de casa e nem da família dela — a garota te diz — Vivia cheia de marcas, muito abatida. Não saía durante o dia, nem para a escola, era educada em casa. Só conseguíamos falar com ela a noite, quando ela fugia.
Assente, pedindo para que continuassem a contar.
— Quando a gente começou a namorar, eu de cara percebi que tinha alguma coisa errada. Ela nunca nem cogitou me apresentar pra família dela, parece que tinha medo. Em uma das festas que outro amigo nosso deu, ela teve a primeira convulsão na nossa frente, foi desesperador. Mas não nos deixaram entrar no hospital, só fomos ter notícia dela três semanas depois. Não pelo celular, Eunha não tinha mais celular. Logo ela fugiu de novo e nos contou que tinha recebido o laudo da epilepsia. Foi um baque, eu tentei impedir que ela continuasse usando as drogas mas já era tarde demais. Nada a fazia parar.
— A última vez que a gente se viu o apocalipse já tinha começado, mas não tinha chegado na cidade ainda, pelo menos não por aqui. Foi no SaxyClub, uma balada que íamos sempre. Ela estava com o rosto muito pálido, muito magra. Não usava os vestidos bonitos que ela tinha, estava usando um moletom pra cobrir as marcas que eu nunca descobri de onde vinham — Zoe diz com a voz embargada — Eunha teve outra convulsão depois de injetar heroína na veia, no banheiro da balada. Ou uma overdose. Nunca tive certeza.
Você arregala os olhos e olha para Jeno que fazia um curativo em si mesmo de qualquer jeito, ele tem um semblante aflito no rosto, não muito diferente de você. Te parte o coração ouvir tudo aquilo.
— Fui no banheiro ver o porquê da demora e meu mundo deve ter caído naquela hora. Ela estava jogada no chão, o corpo tremia muito, os olhos se reviravam com muita força. Saía uma espuma branca da boca dela e ela não me respondia, eu nunca mais consegui falar com a Eunha — a voz chorosa de Zoe diz. A garota brinca com os próprios dedos para se distrair, mas não consegue esconder a angústia enquanto fala — Essa é a última imagem que eu tenho da minha amiga. Minha melhor amiga. Chamei o socorro, quase não consegui responder quando me perguntaram o nome dela, eu estava desesperada, vendo ela caída no chão daquele jeito. Mas não foi a ambulância que chegou, foi uma viatura. Não lembro quantos foram, mas saíram muitos policiais de lá e a levaram pra fora. Eunha nunca mais apareceu, não sabemos o que aconteceu com ela. E isso é tudo culpa minha. Eu que saía com ela, que incentivava a fugir. Nunca vou me perdoar. Vou carregar pra sempre a imagem da minha melhor amiga se contorcendo em agonia no chão, a boca dela espumando, ela engasgada no próprio vômito, sufocando. Tudo que eu preciso saber é se está tudo bem, se ela acordou no dia seguinte, se minha Eunha está saudável. Caso o contrário eu vou conviver pra sempre com essa culpa. Pra sempre com essa saudade. E é só por isso que temos tanta raiva da polícia dessa cidade. Por isso Wonbin atirou, e agora eu peço desculpas. Só estamos desesperados por qualquer sinal que seja. Vocês entendem, não entendem?
Ela para de falar e seu choro se intensifica. Wonbin também tem as lágrimas molhando o próprio rosto e a sala fica em silêncio. Sua cabeça fica a mil, as mãos chegam até a tremer. Olha para a menina que chora copiosamente e suspira, trêmula, temendo que seja você quem dará a notícia a ela, provavelmente a mais difícil que já ouviu. Sente a própria garganta fechando e não tenta encontrar coragem para falar. Olha de relance para seu parceiro e respira fundo.
— Zoe... — sussurra. Ela levanta a cabeça e te olha, o rosto vermelho e molhado, o lábio inferior tremendo. Você suspira e pega na mão gelada dela, a acariciando — A Eunha morreu.
O restante da cena foi muito doloroso de presenciar, seus próprios olhos marejaram ao ver a tristeza e o choque passar pelos rostos dos dois adolescentes. E mesmo depois de algumas horas, sentada no banco traseiro do camburão enquanto, com muita insistência da sua parte, limpa o ombro baleado de Jeno, seu coração continua apertado dentro do peito. Não sabe o porquê de se sentir tão afetada, tenta se distrair mergulhando o esparadrapo no soro.
Jeno te observa. Consegue ver a aflição enfeitando o seu rosto cansado e abatido, até esquece que tinha decidido te ignorar horas antes. Também martela na própria cabeça tudo o que aconteceu, tentando procurar uma solução desnecessária para aquela situação. No fim, eram só informações que receberam, não tinha nada que pudessem fazer agora que tinham ciência da causa da morte de Eunha. Ela teve uma overdose e isso deveria ser tudo.
— Foi uma coincidência e tanto — ele diz do nada, depois de ficarem vários minutos em silêncio. Você se afasta um pouco para cortar a gaze e assente, suspirando.
— É. Quais as chances disso acontecer justo quando saímos do hospital com a certidão de óbito dela? — murmura — Não consigo nem imaginar como eles estão sofrendo, é uma notícia muito dolorosa de se digerir. Ainda mais no cenário atual.
— Como será que ela virou a principal opção de amostra da cura? — Jeno pergunta, não exatamente para você, mas te faz pensar igualmente sobre a questão que ele traz.
— Sinceramente? Não faço ideia — dá de ombros e finalmente termina de fazer o curativo — Prontinho. Amanhã você limpa e faz outro. Tem que cuidar pra não piorar. Sorte que era uma bala de borracha.
Jeno assente e continua te olhando enquanto você junta tudo que estava usando. Joga as coisas dentro de uma das mochilas e, quando sente o olhar dele sobre você, arquea uma sobrancelha.
— O que foi? Tem sangue no meu rosto? — passa as mãos sobre a testa e as bochechas, tentando se limpar. Ele nega — Para de me olhar assim.
— Assim como?
— Como se quisesse agradecer — faz uma careta e desvia o olhar.
— Não quero. Não te pedi pra fazer nada — o tenente resmunga. Ele checa a hora no seu relógio de pulso e bufa — Ainda temos tempo de ir até Sunvylle hoje. Tá cedo.
Você assente e vai para a parte da frente do carro, se sentando no banco do motorista. Mexe no porta-luvas enquanto Jeno dá a volta para se sentar ao seu lado e acha os celulares que ele pegou de algum carro quando entraram na rodovia, alguns dias antes. Pega um deles e pressiona o botão lateral na esperança de que ele ligasse. Estava em perfeito estado e tinha um fone de ouvido branco e embolado plugado a entrada. Quando vê a tela acender e o aparelho começar a ligar você dá um sorrisinho empolgado.
— Tinha me esquecido disso — Jeno diz quando se senta no banco do carona — Esse ainda funciona, o outro, não.
O celular finalmente liga e aparece a tela de bloqueio, o relógio marca que são oito e vinte e seis da manhã. Desliza o dedo sobre a tela e o desbloqueia.
— Sem senha? — murmura.
— Eu resetei, tá sem nada. Tinha deixado desligado pra economizar a bateria — você assente e olha para ele com o cenho franzido.
— Quando foi que você fez isso? Nunca te vi mexendo nos celulares — pergunta e olha quanto de carga ainda restava, pouco mais da metade. Abre o aplicativo da câmera e se depara com a câmera frontal. Olha o seu próprio reflexo e faz uma careta pelo seu estado. Tem algumas manchas no rosto e olheiras começando a aparecer, vira a cabeça para os lados e checa todos os seus ângulos. O cabelo está preso como tem estado nos últimos dias, e ao perceber esse detalhe, você apoia o celular no parabrisa e o solta, ajeitando com os dedos do jeito que consegue — Pega meu boné alí na mochila, por favor.
— Fiz enquanto estava dormindo, por isso você não viu — faz o que pediu e te entrega o objeto, observando você colocá-lo sobre a cabeça e piscar um olho para a câmera, tirando uma foto. Depois de analisar por alguns segundos, a coloca como papel de parede — Sabe que ele não é só seu, não sabe?
Você se vira para Jeno e estende o aparelho para ele, que te olha confuso.
— Vai. Tira uma você também — fala — Se a gente morrer vamos ter registros, pelo menos.
— Claro que vamos ter registros, nós servimos o nosso país por anos... — resmunga enquanto pega o celular da sua mão e posiciona o rosto na frente da lente — Já estive melhor.
— Todos nós — dá uma risadinha. O observa empurrar a franja para dentro do próprio boné e fazer várias expressões sem tirar foto de nenhuma delas. Ele distancia e aproxima o celular do rosto, muda o ângulo e a iluminação várias vezes até bufar impaciente — Que droga. Quanto tempo tem desde que eu tirei uma foto pela última vez?
— Não é tão complicado, Jeno — revira os olhos. Jeno bate uma única foto de cima para baixo, o rosto coberto pelo boné. Você bate a língua no céu da boca em reprovação e toma o celular dele — Aqui, vira pra mim.
Ele nega com cabeça, se cobrindo com as mãos. Você coloca a câmera no modo traseiro e aponta na direção dele.
— Para, Borboleta. Deixa isso pra lá — resmunga, te ouvindo rir. Logo ouve vários cliques seguidos, você se dedica tanto nas fotos que até se escora na porta do carro — Você é muito chata, nossa.
— Relaxa aí, tenente Lee. É só uma fotinha — usa os dedos em forma de pinça para dar zoom nos rosto dele. Estica uma das pernas e encosta o pé coberto pela bota no ombro bom dele — Olha pra mim.
— Vai dirigir — ele pragueja, tentando te ignorar. Sem sucesso, você o cutuca de novo, agora na região da costela — Me deixa quieto.
Ainda não satisfeita, atinge o mesmo local outra vez. Vê quando a sombra de um sorriso aparece no rosto de Jeno, que tenta ao máximo segurar a risada quando começa a sentir cócegas. Você continua na missão e usa o pé para fazê-lo sorrir para a sua foto, o que não demora muito para acontecer. Ele dá um sorriso soprado antes de agarrar sua panturrilha e te fazer parar. Felizmente, conseguiu tirar sua tão desejada fotografia. Tanto do momento em que ele sorri, quanto do momento em ele te olha e você, enfim, se dá por satisfeita.
— Pronto, tirei. Doeu? — pergunta ironicamente e mostra as capturas para ele que só faz revirar os olhos, não se importando tanto quanto você — Se te deixa feliz, eu sou a tela de bloqueio e você é a tela inicial.
— Tá, tá — desdenha — Agora, se não for pedir muito, dirige essa merda.
Você levanta as mãos em rendição e liga o camburão.
— Tudo bem, senhor rabugento.
Como está concentrada em fazer a baliza para sair daquela rua, não consegue ver, mas Jeno desvia o olhar para a sua janela e esconde o sorriso com as mãos.
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Na ponta dos pés, a loira atravessa a janela do próprio quarto e a fecha em seguida, suspirando aliviada que tenha conseguido entrar. Caminha até o interruptor e acende a luz, se assustando quando vê seu pai sentado na poltrona ao lado da cama.
— Ia dormir sem dar boa noite?
Eunha para no lugar, estática. O coração da menina bate desenfreado, sentindo que teria problemas. Grandes problemas.
— Papai, eu... — tenta se defender mas é interrompida.
— Achei que tinha sido claro o suficiente quando te disse que estava proibida de sair — o homem diz com a voz grave e baixa ��� E olhe só pra você.
— Eu não aguento ficar trancada dentro de casa, o dia inteiro, sozinha — ela se aproxima do pai e se ajoelha — Nem a mamãe fala comigo mais. Eu fico tão triste. É muito solitário aqui. Só quero um pouco de ar. Sinto como se eu fosse um animal, preso. Uma criminosa. Mas eu só queria viver um pouquinho a minha vida, papai.
Ele não dá ouvidos e, ao invés disso, funga duas vezes. Imediatamente Eunha fecha os olhos, derrotada. Os sente ardendo, odeia como se sente insignificante. Ignorada. Invalidada.
— Esse cheiro de cigarro, que coisa horrorosa — murmura ele, com decepção — Pega o cigarro. Agora.
— Eu não...
— Sei que você tem. Pega, anda — a garota pega, tremendo, o maço no bolso da calça e faz menção de entregar, mas ele nega — Acende. E tira a blusa.
Eunha engole em seco e pega o isqueiro também do bolso, separa um cigarro e aproxima a chama, vendo o tabaco queimar aos poucos. Olha para cima, então. Dessa vez o pai pega, o colocando entre os dedos. Primeiro ele dá uma tragada profunda enquanto assiste a garota, hesitante, passar o moletom pela cabeça. Logo ela está apenas com o top rosa cobrindo seus seios.
— O sutiã também.
Com as mãos trêmulas ela faz com lhe é dito, ficando agora nua da barriga para cima. Eunha abaixa a cabeça, se sente tão humilhada. Os olhos se embaçam e a respiração falha, a garota funga um par de vezes. Sabe o que vem pela frente.
— Pai, por favor — pede com a voz chorosa, suplica — Não faz isso comigo. De novo não.
— Vamos ver se agora você fica um pouco mais obediente.
O homem, então, aproxima o cigarro aceso da barriga dela e a queima com a chama, pressiona até que se apague. Eunha uiva com a sensação, sente sua pele carbonizando aos poucos. Morde o lábio inferior com força até que sinta o gosto de sangue, tentando se distrair da sensação do fogo a queimando de forma torturante, devagar.
— Acende de novo.
Dessa vez ele queima a clavícula, e depois seu ombro, então o espaço entre os seios e em seguida o pescoço. O cigarro se reacende várias vezes, substituindo as antigas marcas com as novas. A Kwon chora baixinho, com medo de acordar sua mãe, apoia as mãos no braço da poltrona e afunda as unha alí para descontar dor. Faz o mínimo de barulho possível e aceita seu castigo sem reclamar. Sabe que se pedisse para que ele parasse seria pior, muito pior. Por isso não diz uma palavra se quer quando sente o cigarro queimar a pele da sua bochecha e a ferida arder ainda mais quando é molhada pelas lágrimas da menina.
Quando acorda no dia seguinte, ainda só com as roupas debaixo e deitada no chão frio do quarto, sua janela e sua porta estão trancadas por um cadeado.
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luizmchd · 5 months
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CARTA ABERTA AO AMOR DA MINHA VIDA
Oi, como cê tá? Sabe eu sinto sua falta e as vezes meu olhar fala mais que minhas palavras, e por aqui as nuvens anda carregadas e o que antes era flores soltas voando no céu, é terra seca e sem água.
Mas não se preocupa tá, eu tô bem (pelo menos finjo bem) porque é difícil não enxerga a mudança que sua presença causou na minha história, se tinha marcas de dor, você foi o bálsamo em feridas que você nem causou.
Você me fez feliz, feliz de uma forma tão leve e genuína que meu sonho era viver pra sempre ao seu lado, mas uma hora o sono acaba e acordar se torna um pesadelo desagradável.
Você jogou fora o medo, as incertezas, os anceios e até o receio de ter meu coração partido por você, mas deixa eu te dizer: seria um prazer ter meu miocárdio dilacerado por todo esse amor que tínhamos guardado.
Você me trouxe paz, foi minha paz, meu ponto de chegada e partida, aliás o ponto mais ardente que incendiou cada partícula do meu ser.
Te amei da maneira mais intensa possível e seria vaidade minha não assumir que estou sofrendo por isso, mas não fica chateada, essa dor é minha, e eu preciso sentir até pra lembrar que foi real a vida que partilharmos.
Porém te confesso que não tá fácil, mas eu sigo levando, as promessas de que você nunca ia me deixar, as juras de pra sempre me amar, seus olhos verdes que brilhavam mais que o céu, as estrelas e o luar, seu semblante feliz ao me olhar, as músicas que embalavam nosso amor e o mais importante a felicidade que cê tinha quando estava dividindo comigo um simples abraço.
Nossas fotos estão arquivadas em e-mail, mas nunca serão arquivadas no meu coração e na minha memória. Aliás vez ou outra eu passo na rua e fico imaginando a gente de mãos dadas indo pra tal lugar.
Queria que você nunca deixasse de me amar, mas talvez seja um pedido tolo e um pouco bobo pedir pra que você se lembrasse de mim sempre com amor e carinho, com um amor tão lindo que sorrisos brotassem do seu semblante assim como brotava quando você me encontrava.
E posso te dizer uma coisa, eu me realizei te amando, amei nosso reencontro, nossos encontros, nossas desavenças, nossos desentendimentos, nossos momentos e os lazer em família, nossa nunca imaginei que poderia viver tão intensamente e ser tão amado por você e nossa princesinha.
Mas deixa eu te confessar uma coisa, minha cachorra aprendeu a gosta de você e da menina, tem dias que ela se deita com os panos de dormir que você deixou de lembrança e ficar horas e horas cheirando e se alisando neles, fora as vezes que ela me olha como quem diz: pai cadê aquela moça e aquela garotinha tão fofinha que nos visitava outrora? E eu não sei explicar, só sentir e um oceano nasce na enchente do meu olhar.
Mas eu quero que você saiba que você foi a coisa mais real e intensa que meu peito se permitiu sentir, te amei e amo você como nunca amei ninguém, me entreguei por completo sem faltar uma gota do frasco, lhe banhei com todo o meu amor, e só peço para que você se lembre que aonde quer que eu vá, eu vou levar você no olhar, no coração e na memória com a certeza de que um dia a gente se encontre como você sempre idealizou antes de nos reencontrar (do nada e de repente, numa esquina qualquer de bicicleta ou a pé) e com respostas diferentes das quais usamos quando aceitamos a despedida.
Te amo, sabia? E espero que cê leia isso um dia, e que sorria e que nunca perca a esperança de um dia poder reviver essa plenitude de felicidade que nos dominou e nos mostrou que somos melhores juntos.
@luizmchd
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astcrixs · 4 months
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I. INTRODUÇÃO
XOLO MARIDUEÑA? Não! É apenas ASTERIOS, ele é filho de ESCULÁPIO do chalé VINTE E SETE e tem VINTE E UM ANOS IDADE DESCONHECIDA. A TV Hefesto informa no guia de programação que ele está no NÍVEL III por estar no acampamento há CINCO ANOS, sabia? E se lá estiver certo, RIO é bastante CARISMÁTICO mas também dizem que ele é CABEÇA-DURA. Mas você sabe como Hefesto é, sempre inventando fake news pra atrair audiência.
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II. RESUMO
Asterios nasceu na Grécia antiga, em Atenas, na época em que a cidade-estado grega, juntamente com Esparta, era um dos polos, dada como uma das mais poderosas dentre as civilizações. Ele não conheceu sua mãe, tendo crescido sob a tutela de um filósofo charlatão, devoto de Asclépio, na periferia até seus oito anos, quando foi alistado no exército ateniense. Por sua mente extraordinária e seu cuidado com seus aliados, ele acabou por chamar a atenção de uma filha de Zeus, que o convidou à sua companhia e, aos quinze, tornou-se estratego do batalhão de semideuses que ela coordenava.
No ano seguinte em que foi instituído no cargo, uma missão foi dada ao batalhão pelo próprio rei dos deuses, à sua filha, mais especificamente. A missão era de resgate de seu meio-irmão, outro filho de Zeus, capturado por soldados persas devido à guerra que acontecia entre os povos. Haviam recebido um mapa de Hermes para essa missão, no entanto, acreditando que não seriam capazes de interceptar as tropas inimigas antes de chegarem em território persa, Asterios optou por um atalho. Atalho o qual custou a vida de seus companheiros nas garras da Quimera, assim como sua própria dignidade, manchada mental e fisicamente por Zeus com uma maldição.
Com seu psicológico destruído, o jovem ateniense se voltou à bebida para acalmar seu coração, no entanto, o que encontrou foi uma taverna, Lótus, onde ficou aprisionado durante mais de 2500 anos. A taverna se mudou para o novo mundo junto com os deuses e se tornou o que hoje é conhecido como Hotel e Cassino Lótus. Não se sabe o motivo de Asclépio ter decidido tirar o filho de dentro do Cassino, mas o que se sabe é que também retirou dele suas memórias mais dolorosas, portanto, o que se lembra do passado são apenas fragmentos que aparecem em seus pesadelos.
III. HISTÓRIA COMPLETA
Alguns dizem que Asterios nasceu quando uma rainha grega chamou a atenção do Deus da Medicina, outros dizem que ele veio da união de uma Musa e Esculápio, mas a realidade é que pouco se sabe sobre o passado o rapaz, afinal, nem mesmo ele sabe a história completa. Tudo que se sabe é que Asterios é um sobrevivente e um ótimo comediante em horas vagas. Desde que se lembra esteve sob o zelo de Agapetus, um filósofo e médico charlatão, devoto de Asclépio, mas sua vida nunca foi fácil; era obrigado a usar sua mente criativa para tornar as palavras de Agapetus verdadeiras aos olhos daqueles que ele tentava enganar sugerindo poções, ervas mágicas e a cura para as febres e tosses.
Sua história começa realmente aos seis anos, nas terras atenienses, sendo perseguido por criaturas que o imaginário mortal não conseguiria produzir nem sequer em uma vida. As vestes rasgadas, o sangue e o suor se misturando em seu corpo infantil, fazendo arder as feridas abertas, o fôlego escapando por entre suas inspirações, e o terror invadindo seu coração, em pânico, enquanto corria, vez ou outra olhando para trás, para aqueles olhos brilhantes, dourados, em meio à escuridão, cada vez mais próximos. Mesmo que a força já lhe deixasse os músculos, o ar ficasse cada vez mais difícil de se respirar e sua consciência já piscasse, não desistiu. Quando já não havia mais esperança em sua mente, um brilho de luz fez acender a área ao seu redor, o grito monstruoso atrás de si sumindo tão rápido quando surgiu. Esse foi seu primeiro encontro com seu pai, que até então julgava ser apenas o Deus que serviam.
Sob as orientações de seu pai, seguiu trabalhando com Agapetus, aos poucos guiando o homem no verdadeiro caminho da medicina. Sugeria livros e revisões, explicava as ervas medicinais, mostrava misturas que um dia se tornariam medicamentos... Isso durou pouco, entretanto. Tempos de guerra eram famosos por tirar a vida de pessoas que menos as desejavam. Aos oito anos, foi alistado no exército de Atenas, treinando sob a tutela de Lysander, um homem grisalho, rígido, conhecido como veterano de diversas batalhas, mas ferido em guerra e promovido a instrutor para poder repassar seus ensinamentos. Por dois anos treinou sob as asas dele, cada dia um treinamento mais infernal que o último; por suas conexões a Esparta por parte de sua família, o homem não era nem um pouco misericordioso. Isso teria feito de Asterios apenas mais um soldado a cegamente seguir a doutrina do exército, no entanto, ao mesmo tempo que Lysander os condenava ao Hades diariamente, à noite, suas lições eram com Irene, uma devota da deusa da sabedoria que dava nome à cidade-estado, que ensinou a ele estratégia, mas, acima de tudo, modéstia e compaixão.
Os anos de serviço serviram para moldar o caráter de Asterios na pessoa que viria a ser, mas o que realmente selou seu destino foram suas primeiras missões com o batalhão da retaguarda, onde trabalhou incessantemente para guiar seus colegas nas artes da medicina, para poderem assim ajudar os soldados caídos durante as batalhas travadas. Por mais cinco anos serviu nesse batalhão, resgatando os guerreiros mais imponentes que se feriam, fazendo o nome do grupo, que viria a ser conhecido como paraïatrikós (παραϊατρικός), ou paramédicos; termo o qual se perderia na tradução anos depois e voltaria a se tornar importante apenas no futuro. Sua devoção à prática e sua mente estratégica e criativa foram o que culminaram o interesse de Ambrose, filha de Zeus, uma comandante de uma companhia especial do exército ateniense, responsável pelo maior número de vitórias. O convite veio quase como uma ordem de seus superiores para sua realocação imediata à posição de estratego, uma posição de bastante importância, no regime de Ambrose, mas isso viria a se tornar verdadeiramente um caos.
Pelo ano que se sucedeu, guiou habilmente o esquadrão sob comando da filha de Zeus, sempre acertando em suas predições, assim como prestando primeiros-socorros em soldados durante as batalhas. Devido ao sucesso, a glória recebida por Ambrose chegou aos ouvidos de seu pai olimpiano, que a concedeu uma missão direta sob a promessa de eterna glória. A missão era de resgate de um semideus aprisionado, um filho de Zeus como ela, nascido em terras gregas aliadas, mas não em Atenas; Asterios advertiu sobre os perigos que uma missão como aquelas podia oferecer, mas a comandante havia sucumbido ao orgulho típico das proles dos Três Grandes. Sob cobrança de um favor, que Rio nunca viria a descobrir qual fora, o Deus dos Mensageiros, Hermes, forneceu a eles um mapa detalhado, capaz de localizar seus objetivos. Com esse mapa, o filho de Asclépio traçou a rota que deveriam seguir, porém, em seus cálculos - realizados dezenas de vezes -, se fossem seguir pelo caminho convencional, mesmo em marcha constante e com as capacidades sobre-humanas de semideuses, ainda lhes faltaria tempo para alcançarem o grupo de persas antes de chegarem em terras desconhecidas.
Seu maior erro não foi relatar o achado ao comando, seu pecado foi a ganância, afinal, também havia crescido desejando pela glória divina, como qualquer outro grego, e em seu sangue também corria o líquor etéreo dos deuses. Sugeriu uma rota diferente. Por um atalho em meio às montanhas, com anotações que ignoraria do próprio Hermes, advertindo a cautela, guiou o grupo; e a queda das alturas foi mais dolorida. Perdeu seu grupo inteiro para a Quimera que os aguardava em emboscada, incapaz de fazer qualquer coisa senão observar a cena à sua frente e fugir em derrota sob as últimas ordens de sua comandante. Essa fuga, entretanto, não foi vista com bons olhos por Zeus, que enxergou apenas o abandono de sua prole, o fracasso da missão e o erro do filho do Deus da Medicina, amaldiçoando-o em punição por seus crimes.
Punido, mas ainda vazio e incapaz de encontrar o próprio perdão, Asterios tentou curar a mente desolada e o coração pesado com bebidas fortes, acabando por cair nas garras de uma nova armadilha sob o nome de Taverna Lótus. Eras se passaram, o estabelecimento deixou o solo grego para criar raízes no americano juntamente com a polarização, tornando-se o Hotel e Cassino Lótus, porém, Rio continuava lá, perdido. Talvez por pena, ou talvez seu pai só tivesse lembrado que tinha um filho na época, mas foi por obra de Asclépio que o garoto deixou o local. Sua memória roubada de si, fosse por pena ou por graça divina, chegou aos portões do Acampamento Meio-Sangue no final de Julho de 2018. Em seu corpo, a armadura ateniense, em sua mente, apenas seu nome e o de seu pai.
IV. PODER
Restauração: O poder de estabelecer um padrão sobre algo ou alguém, concedendo a esse a habilidade de retomar seu estado original assim que uma alteração ocorra. Diferente da cura, a restauração não permite dar fim a ferimentos que já ocorreram, apenas àqueles que ainda irão ser infligidos sobre o alvo.
V. HABILIDADES
Fator de cura acima do normal & durabilidade sobre-humana.
VI. ARMA
O primeiro anel, que enfeita seu dedo médio esquerdo, foi presente de seu pai durante suas missões com o batalhão de retaguarda no exército ateniense, por guiá-los no caminho do que viria a se tornar a medicina tradicional. Ao pressioná-lo com punho cerrado, ele se transforma num escudo de bronze celestial adornado em prata, bastante reflexivo, nomeado Egó, ou "eu", quando traduzido e, de forma literal, ataques realizados contra o escudo espelhado mágico são retribuídos a quem os aplicou, como um reflexo de si próprio.
O segundo anel, que enfeita seu dedo médio direito, foi recebido por seus próprios méritos no Acampamento, quando se tornou Conselheiro do Chalé de Asclépio. Ao pressioná-lo com punho cerrado, ele se transforma numa espada de bronze celestial com detalhes e fio em ouro imperial, bastante pesada, nomeada Excalibur, como a da mitologia inglesa.
VII. MALDIÇÃO
A marca que envolve seu braço esquerdo com raios negros é a prova de seu pecado, assim como arauto de sua punição. A Maldição do Sacrifício, cujo nome está impregnado em sua mente como uma advertência divina, incapaz de ser apagado por qualquer ser ou divindade sob ordens de Zeus, reflete sua fraqueza. A dor proveniente de cortes, queimaduras, venenos ou qualquer outra fonte, restaurada pelos poderes do semideus será eternamente sua punição; e quando o alvo de seus poderes for ele próprio, o que seria a dor de uma farpa que seja, se torna uma estaca cravada diretamente em seu coração, multiplicando-a pelo dobro do usual.
VIII. CARGOS
Instrutor de Arco e Flecha.
Membro da Equipe de Curandeiros.
Conselheiro do Chalé de Asclépio.
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interpretame · 2 days
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No coração de quem nunca foi genuinamente amado, reside uma melancolia que grita silenciosamente, um eco doloroso das conexões perdidas e das promessas não cumpridas. Enredado em espinhos de desconfiança, hesita em abrir-se para a possibilidade de ser verdadeiramente amado. Cada gesto de bondade é recebido com cautela, cada palavra de afeto é filtrada através das lentes embaçadas da descrença.
Para essa alma solitária, a harmonia é uma miragem distante, um oásis inalcançável perdido nos desertos da desilusão. Sempre busca por perfeição incessantemente, pois nunca conheceu a beleza na imperfeição, nunca aprendeu a dançar ao ritmo das falhas e dos tropeços que tecem a tapeçaria da vida. A chateação, para ela, é uma cicatriz na alma, uma ferida aberta que nunca cicatriza completamente. Ela acredita que a tristeza não é apenas uma visita passageira, mas sim uma companheira constante, uma sombra que a segue onde quer que vá.
Caminha assim, então, pelas vias tortuosas da existência, carregando o peso de suas próprias mágoas e desilusões. Seus passos são hesitantes, seus olhos cansados refletem a tristeza de uma vida desperdiçada em busca de algo que sempre parece escapar por entre seus dedos. E mesmo ao encontrar, não hesita em afastar de qualquer jeito, porque o amor genuíno pra quem não está acostumado, parece errado. Porque ela está tão acostumada com desprezo, que não consegue apreciar os elogios e os carinhos, tem medo de que vá embora, não tendo percebido que desde então não tem estado sozinho
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alemdomais · 4 months
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dia 1 - uma carta pra alguém que eu amo ou já amei
que estranho saber que essa carta nunca vai chegar ao destinatário. que estranho pensar que ela levou dez anos pra ser escrita e não uma semana, no máximo quinze dias como costumava ser. estranho que não haja nenhuma simbologia nossa muito específica que pudesse te fazer adivinhar que essa seria uma carta indubitavelmente minha já que a rotina e o nível de intimidade fazia você saber de longe as minhas manias.
engraçado que depois de muito ouvir que isso tinha tudo pra ser uma história de amor, e de ter negado tanto, eu preciso hoje dar a mão à palmatória. isso foi sim uma história de amor. com a maturidade dos anos chego agora até a questionar porque diabos não seria. afinal você foi alguém que amei cultivar por longos anos e tentei desesperadamente não deixar ir embora. estranho foi ter te visto partindo aos pouquinhos e me dar conta finalmente, de que eu já não podia impedir que você fosse, mesmo porque eu também já estava de saída sem perceber.
talvez se o mundo não fosse assim tão cheio de padrões e de rótulos, quem sabe tivessem pensado em inventar uma fórmula pra quem esporadicamente perde um amigo pra vida, já que esta é uma das top cinco mais doloridas perdas com as quais a gente precisa lidar e que nem contam pra gente que isso é possível de acontecer doendo tanto assim.
mas acontece.. o fato é que acontece. e dói como nunca nenhuma outra dor vai doer. é uma dor vazia, como se você estivesse com uma ferida aberta em uma área do seu corpo em completo formigamento. uma dor vazia. uma dor que não dilacera, não faz grandes escândalos, não te faz perder o fôlego mas que está ali marcando presença dia após dia até você se dar conta de que já nem se lembra mais como é que foi possível que alguém tão presente tenha te escapado assim, pelo vão da porta sem que você tenha notado.
mas o fato é que no fundo, a gente sempre nota. se tem uma coisa que aprendi nessa vida é que o ser humano tem uma excelente percepção de espaço e ambiente. e ser humano é bicho espaçoso, sabe onde cabe, onde aperta, onde o espaço é vasto, onde tem que dividir morada e principalmente onde já não é mais bem vindo como era antes.
é tão estranho como é possível saber de cara que numa conversa habitual duas pessoas já não caibam mais uma na vida e na história da outra. mas a gente sempre sabe e até dói saber disso, é por isso que demora até vir a verdade completa, nua e crua, sem máscaras e completamente escancarada que te faz perder o rumo dos acontecimentos.
quando o habitual se torna desconhecido, quando a intimidade vira dúvida e a confiança já nem passa mais pela cabeça é quando você entende que já é tarde demais e que a vida soprou de nós uma raiz que parecia impossível de ser arrancada de lugar.
se me tivessem dito que seria você essa raiz, eu teria movido guerras, sem dúvida. com certeza as mesmas guerras que eu movia pra defender o seu nome de quem quer que me dissesse eu estava ali cultivando algo que só tinha futuro da minha parte.
e é por isso que as convencionais histórias de amor nunca vão conseguir chegar aos pés de um amor entre dois amigos que se perdem pra vida.
uma desilusão amorosa, pode ser o marco que te faz se tornar uma outra pessoa como uma forma de superar o que passou, mas isso não é sobre o que somos agora.
eu já nem sei o que somos agora. mas sei que já não somos tem tempo. já não somos mais o que fomos um dia até enquanto ainda tentavámos ser alguma coisa.
a impressão que eu tenho é que a gente se distraiu da nossa amizade. ou talvez eu só tenha essa opinião porque eu tenha feito uma questão imensa até ver essa questão amornar pra depois esfriar completamente. e me distraí nesse minuto. eu fui fazendo a minha vida, fui vendo você fazer a sua, as nossas cartas contando sobre tudo o que vivíamos começando a ficar cada vez mais raras até você simplesmente já não saber mais quem eu sou.
no meu último aniversário, você me deixou um recado sobre o quanto era bom falar comigo e sentir que o passado nunca foi embora. eu concordei por educação mas nós dois sabemos que não é assim.
eu até sinto saudade do que fomos um dia mas quando penso no agora, não existe nenhuma vontade de que você faça parte do agora. ai de mim no passado se me ouvisse dizer isso agora.
eu queria poder te contar que eu me descobri num curso novo, que tentei o vestibular e amei os primeiros meses mas tive que trancar por falta de grana. contar que passei depois um ano e meio em completo desespero e perdida com os meus propósitos mas que ao mesmo tempo, também aprendi a não deixar minhas plantas morrerem e que dessa habilidade surgiu um verdadeiro amor por cuidar de plantas (que você deve ver registros nas minhas redes sociais). queria ter te contado dos amores que eu tive, que foram pouquíssimos mas que foram intensos pra mim porque eu já não amo mais as pessoas como costumava amar. contar que eu finamente aprendi que eu sou o meu negócio mais inegociavel da vida e se estivéssemos próximos, eu sem dúvida faria questão em ilustrar tudo isso numa carta quilométrica como eu costumava te escrever. queria poder indicar as músicas novas que eu conheci e que viraram trilhas sonoras dos momentos em que eu descobri que vale a pena estar viva já que tantas vezes eu tive vontade de chutar o balde e não buscar nunca mais. contar que eu mudei de estilo um milhão de vezes nesses últimos anos e que tentei ser hippie a uns dois anos atrás mas logo descobri que eu sou estressada demais pra isso. que eu tentei viver anos enchendo a minha cara de cachaça pra esquecer dos problemas que você sem dúvida saberia se estivesse perto, mas que eu também descobri que outras coisas me fazem sair de órbita muito mais fácil do que álcool e que tê-las descoberto, me salvou no último ano. eu teria te incentivado a tentar várias dessas coisas porque nosso humor costumava ser parecido, nossa perspectiva de vida também e a gente normalmente se irritava por coisas parecidíssimas. mas todas as vezes que eu penso nessa quantidade de coisas eu também lembro que hoje eu já não sei nada sobre quem conheci. você também não sabe de mim embora às vezes eu ache que eu não mudei nada de dez anos pra cá. mas mudei.. mudei sem nem notar..
quem eu sou hoje jamais faria o que o meu passado seria capaz de fazer pelas pessoas. não é como se hoje eu estivesse fazendo um doce pra tentar dizer ao mundo que eu sou muito frustrada com tudo.. não.. é diferente sabe? é... é uma dor vazia. uma dor como quando eu me dei conta que tinha perdido você.
talvez de todas essas novas coisas difíceis de se lidar e que eu tive que lidar enquanto você esteve fora, ter perdido o seu convívio foi o estopim de tudo e também uma das mais complicadas de se conformar até agora.
e não tanto por você, mas por mim.
porque pra alguém que bateria o pé desesperadamente pra continuar tendo você ali pra dividir o mundo, as ideias, as conversas, os incentivos... pra ser esse alguém de hoje que sequer percebeu que você já está longe a tanto tempo... muita coisa maior do que eu consigo enxergar deve ter mudado em mim.
e mudou sim, é notável no meu comportamento. tenho andado mais seletiva com as pessoas que deixo impregnarem na minha história sabe? acho que autoconhecimento me ajudou bastante a entender que a minha intensidade precisa de alguns cuidados e um deles, é aprender a manter uma distância segura que não me deixe esquecer nunca de que ninguém nesse mundo merece mais defesa e cuidado de mim do que eu mesma — coisa que por muito tempo eu trocaria fácil de fazer por mim pra fazer por pessoas que sequer estavam pedindo a minha ajuda.
é por essas e outras que eu não vejo culpa nenhuma aqui: nem minha, nem sua. você, por sua vez, nunca me pediu pra que eu estivesse ali do seu lado, te oferecendo sempre o meu ombro amigo e jurando que seria daquela forma pra sempre. e eu, se fiz, foi por tomar a minha própria liberdade de acreditar um dia que vínculos sinceros pra mim, deveriam ser tão intensos assim como eu sou. e não devem ser. das coisas mais duras e mais significativas que aprendi quando cresci, a maior delas foi entender que as melhores relações de vida, as conexões mais sinceras partem da leveza. ninguém precisa se esfolar por uma parceria. ninguém precisa se anular ou acumular tarefas demais só pra manter alguém ali ou pelo medo de perder.
mas como disse, eu também não me culpo mais por nada disso. são ciclos necessários e eu tinha que ter vivido o meu. obrigada porque apesar de tanta coisa, você ainda me ajudou a me divertir no meio disso tudo. as lembranças que ficaram foram ótimas e tão boas que servem até de inspiração pra textos que eu escrevo ainda hoje e pra conselhos que eu dou ainda hoje quando me pedem. obrigada por ter sido até um tempo, uma parceria comigo e contamos juntos uma história de amor que nunca precisou de um casal pra ser amor, afinal, grandes amizades também já conseguem deixar grandes marcas e até fazerem estragos grandes também (somos a prova viva). no fim das contas, acho que conseguimos cumprir mais uma das tantas coisas que a gente queria conquistar: servimos de poema pra vida. talvez um pouco melancólico, mas na minha cabeça ninguém acima de nós entregou o melhor exemplo de como amizades eternas também viram pó em razão dos desgastes da vida. mas que honra poder um dia, ter estado inteira com você.
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promodark · 8 months
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PESQUISINHA DELICIOSA
Olá tag, estamos retomando um projeto nosso de 2021 que tinha proposta de uma comunidade dark academia universitária com um pouquinho de suspense e mistério junto!
No meio do nada, precisamente numa área afastada de Gangneung havia um Hanok construído entre o fim da Dinastia Joseon e o surgimento do Império Coreano, foi utilizado pelos imperadores até a ocupação japonesa em 1910. O local estava abandonado por ser marcado como um lembrete de feridas profundas do país. Por isso, não era esperado que o lugar fosse totalmente reformado e se transformasse então numa Universidade.
A Daesun University, criada em 1968 por um descendente direto do Imperador Yonhui, tinha como desejo transformar o patrimônio em um exemplo de prosperidade, um marco para que todos pudessem ter orgulho da nação. Inspirada em Oxford, a Daesun propõe inovação no ensino, expansão de conhecimentos, cumplicidade e foco em brilhantes talentos. Com alunos habitando em acomodação estudantil (repúblicas) - divididas entre pessoas com interesses e características similares - e tendo ideais defendidos pelo Haenim (grêmio estudantil) que nem sempre usam os privilégios para fazer o que é certo.
É comum ouvir burburinhos sobre alunos terem misteriosamente desaparecido em busca de um suposto andar secreto no Hanok (atualmente usado como arquivos gerais da universidade). Alguns acreditam na existência de Gwisin, conforme a mitologia são espíritos de falecidos que não conseguiram atingir seu propósito em vida. Outros, criam conspirações sobre envolvimento da reitoria ou do governo. Mas no final, são tudo teorias, certo? Talvez seja da sua conta em risco caso queira descobrir o que acontece lá.
E então, encara essa ideia? Nossa ask está aberta para quaisquer sugestões, comentários, e perguntas. Caso tenha interesse no plot, deixa um coração ‘pra gente saber! Plataforma: Twitter (X) + Discord. Vagas: 60.
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Richarlison’s Instagram post has me in tears…I hope he knows we’re all very proud of him
Accessible description courtesy of @tothetrashwhereibelong​
[ID: A picture of Richarlison from Brasil's NT crying, with a huge text in Portuguese as the caption. End ID]
Plain text of the translation: “Writing this is definitely the hardest thing I've ever done in my life. Yesterday still hasn't passed, it was impossible to sleep and what happened still hurts like hell. This is a wound that will stay open forever, because we all know the chances we had to get that title.  
And it won't get any better if I say that we did our best, we gave everything, which is part of the sport... As much as it's true, it just makes me more angry. The real thing is that it seems that we lost someone very close, that they took a piece of us. And my friends and I are going to have to live with it - some (or many) won't even get another chance.  
Now it's time to lick the wounds, apologize to all of you and get my head straight. The reality is that football, which has given me everything I have, which has saved my life so many times, yesterday dealt me ​​the hardest blow I have ever received.
Thanks everyone for cheering. If there's a breath in all of this, it was seeing you cheering together again!” End PT
[Pra Todos Verem: Post no Instagram, mostrando o Richarlison chorando. A legenda diz:
"Escrever isso com certeza é a coisa mais difícil que já fiz na vida. Ontem ainda não passou, foi impossível dormir e o que aconteceu ainda dói pra caralho. Essa é uma ferida que vai ficar aberta pra sempre, porque todos nós sabemos das chances que tínhamos de buscar esse título.
E não vai melhorar em nada se eu vier com o discursinho de que fizemos o nosso melhor, entregamos tudo, que faz parte do esporte... Por mais que seja verdade, só me deixa mais p da vida. A real é que parece que nós perdemos alguém muito próximo, que arrancaram um pedaço da gente. E eu e meus amigos vamos ter que conviver com isso - alguns (ou muitos) nem terão outra chance.
Agora é hora de lamber as feridas, pedir desculpas a todos vcs e colocar a cabeça no lugar. A real é que o futebol, que me deu tudo que eu tenho, que salvou a minha vida tantas vezes, ontem me deu o golpe mais forte que eu já recebi.
Obrigado a todos pela torcida. Se existe um alento nisso tudo foi ver vcs torcendo juntos de novo!" Fim da descrição]
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blossomingtrip · 11 months
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Carta aberta a mim mesmo…
Escolhas são fáceis … quando sofremos pra tomar uma decisão é porque ela já foi tomada… E mesmo que doa, não doerá pra sempre o tempo se encarrega de fechar as feridas e sarar a dor. Sempre haverá uma cicatriz que te lembrará do que já passou, e é olhando pra ela que você segue em frente mais resistente, e não repetindo os mesmos erros do passado. Talvez ainda doa, talvez não tenha sarado completamente, mas viver agarrado a incerteza é deprimente. Um desabafo sincero onde posso revelar os mistérios sem me preocupar, minha mente é minha casa onde eu sou obrigada a ficar, então todo dia eu a organizo pra tudo ficar no lugar. Os gritos e o choros que eu dei ninguém ouviu, o grito espremido de uma alma cansada que mesmo ferida, ainda aguenta as porradas que o mundo dá. Um coração ferido e uma mente perturbada, uma família instável, uma casa quebrada. Será que é só comigo? Será que só eu enxergo isso? Será que a culpa é minha? Será que era pra ser desse jeito? Eu não tenho as respostas, também não irei procurá-las, deixo um abraço pra quem ficará nesse meu ciclo, porque a partir de hoje isso acaba, e se tudo isso foi real até a próxima meu chapa…
@blossomingtrip
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charliemelancholy · 6 months
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Prólogo | Pura Felicidade
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Dean e Castiel se arrastam desesperadamente pelo salão do Bunker. Tentando a todo custo escaparem da perseguição interminável de Billie por Dean, Castiel carrega Dean em seus braços que estava agoniando de dor devido a manipulação que Billie estava o fazendo sofrer através de seus poderes.
- É você Dean! É sempre você. - Disse Billie enquanto segue Castiel pelo salão do Bunker com fúria em seus olhos e causa ainda mais sofrimento em Dean.
- Desafia a morte, quebra as regras... você é tudo oque vivo pra corrigir, destruir, domar.
Castiel ampara Dean após ele não aguentar e cair no chão devido a agoniante dor que estava sentindo.
- Você é a desordem humana encarnada!
Billie se aproxima onde Dean e Castiel estavam anteriormente, mas não os encontra no local. Entretando, ela percebe que havia uma porta entre-aberta e caminha em direção a ela.
Em busca de algum lugar onde os dois possam ser esconder enquanto ganham um pouco mais de tempo até pensarem em algo, Castiel apoia Dean em seu ombro enquanto vagam pelos corredores do Bunker em busca de uma sala para se esconderem e a despistarem.
- Aguenta firme! - Castiel disse a Dean enquanto caminhavam pelos corredores.
- Ah Dean. Você não vai escapar de mim. - Billie caminhava pelo corredor enquanto arranhava sua foice na parede do bunker. - Não acha que finalmente tá na hora? Hora do doce alivio da morte? - Provocava Billie enquanto caminhava pelos corredores em busca deles.
Billie estava impaciente, devido ao corte que Dean realizou nela, ela não teria muito tempo de vida. Sua ferida estava a corroendo cada vez mais, e ela não estava disposta a partir deste mundo sem antes de levar um Winchester consigo.
Esses humanos medíocres que sempre desafiam a ordem das coisas, brincando de deuses com a vida e a morte. Billie iria utilizar seus últimos momentos de vida para varrer Dean Winchester da face desta terra e ninguém a iria impedir.
Depois de conseguirem despistar Billie, Dean e Castiel entravam na sala de exorcismo onde possuía algumas estantes repletas de caixas guardadas.
Enquanto Dean se apoiava em uma delas devido a dor que sentia, Castiel colocava a mão dentro do bolso de Dean donde tirou um canivete. Ao abri-lo Castiel realiza um corte em sua mão, utilizando o sangue que escorria entre seus dedos, Castiel começa a desenhar desesperada um selo na porta da sala, impedindo que Billie ultrapassasse a porta e a conexão que ela havia com Dean se dissipasse, fazendo assim com que dor que Dean sofria chegasse ao fim.
- Tudo bem? - Castiel perguntava tenso.
- Tá. - Murmurrou Dean
- Isso vai nos proteger. - Castiel dizia cansado
Poucos segundos depois, Billie encontrava a sala onde eles esconderam. Colocando a mão sobre a porta, ela sente a energia do selo e começa pressiona-la a socando.
- Ela disse que a ferida, tá matando ela. - Castiel dizia cansado enquanto Billie pressionava a porta. - Porque a gente não espera? - Disse Castiel olhando para Dean.
- E se não der? - Dean caminha pela sala a observando.
- A gente luta. - Castiel encara Dean.
- E perde.
- Trouxe a gente pra outra cilada. - Dean olha para Castiel desesperansozo.
- Só porque eu não consegui ferir o Chuck. Porque eu fiquei com raiva e porque eu precisava matá-lo. - Dean abaixa sua cabeça desapontado consigo mesmo. - E só isso oque eu sei fazer?! - Dean se questiona frustrado consigo mesmo.
- Dean. - Castiel caminha em sua direção.
- Esse tempo todo era o Chuck. A gente devia ter ficado com o Sam e o Jack, a gente devia tá lá com eles. - Dean expressava desespero em seu rosto.
Castiel o olha e sente a esperança de Dean se esvair.
Billie pressiona a porta.
- Vai morrer todo mundo Castiel. Vai morrer todo mundo. - Dean olha para Castiel sem forças para continuar em frente lutando. - E eu não posso impedir.
Billie pressiona a porta e Castiel observa o selo se enfraquecendo.
- Ela vai atravessar essa porta. - Dean caminha tenso até Castiel enquanto observa o selo.
- Eu sei. - Castiel diz enquanto teme o fim que os espera.
- Ela vai entrar e vai matar você e eu também. - Dean encara a porta com olhar preocupado.
Castiel olha para Dean nervoso.
- Me perdoa. - Dean abaixa sua cabeça se arrependendo das escolhas que fez.
Castiel engole sua saliva a seco enquanto encarara o nada, pensando em algo em que pudesse ajuda-los. E durante esse breve momento, Castiel se lembra que existe algo que a Billie possui temor.
- Mas tem, uma coisa que ela teme. Uma coisa com bastante coisa força pra dete-la. - Castiel encara Dean refletindo sobre seu raciocínio. - Quando Jack estava morrendo eu fiz um pacto, para salva-lo.
- Você fez oque?! - Dean olha para Castiel tenso.
- O preço era minha vida. - Castiel dizia nervoso e Dean o encarava em choque.
- Quando eu tivesse um momento de pura felicidade, o vazio seria chamado e... me levaria pra sempre. - Castiel olhava para Dean com dor em seu coração e sofrimento em seus olhos.
Dean estava confuso.
Ele era incapaz de entende no momento oque estava prestes a vivenciar com tantas tragédias acontecendo ao mesmo tempo. Mas Dean era capaz de sentir bem no fundo, esse sentimento corrozivo e familiar que entranhava em seu estomago.
Aquele sentimento que ele já teve incontáveis vezes em sua vida, com o bob na UTI do hospital, com Jesse prestes a se sacrificar para cães do inferno com Ellen ou quando Sam se jogou na jaula com Lúcifer e Miguel. Aquele sentimento de impotência, quando não importa quanto você sinta ou deseje, a única coisa que você será capaz de fazer é lamentar e sofrer.
- E porque só agora está me contando?. - Dean questionava Castiel com um grave temor em sua voz.
Billie pressiona a porta mais uma vez.
- Eu fico pensando, desde que eu aceitei a praga, aceitei o peso, eu fico pensando... oque é a pura felicidade pra mim?. - Castiel dizia olhando para Dean com lamento em suas palavras e aflição em seu olhar.
- Nunca encontrei uma resposta. Porque a única coisa que eu realmente quero... - Castiel balança sua cabeça encarando a dura e triste realidade. - É algo que eu sei que não posso ter. - Castiel olha com amor em seus lábios e melancolia em seus olhos para Dean Winchester.
Dean Winchester o encara paralisado.
Billie Pressiona a porta.
- Mas eu acho que eu sei, é eu sei agora. Felicidade não é apenas ter algo, é apenas ser! É apenas dizer. - Com lágrimas em seus olhos, Castiel se coloca no momento de maior fragilidade e plenitude em toda sua vida terrena. Com um amoroso sorriso, Cas expõe seus sentimentos mais verdadeiros e gratificantes para Dean. Ser capaz de sentir todos essas emoções e ter com quem compartilhar é algo imensurável para Castiel. E durante seus últimos momentos, lagrimas de alegria e gratidão se formam em seus lindos olhos azuis.
- oque você tá dizendo cara?! - Dean o questiona com temor em sua voz.
- Eu sei, como você enxerga a si mesmo Dean. - Castiel se aproxima de Dean com uma voz melancólica e soluçante.
- Do mesmo jeito que nossos inimigos o veem. Um ser destrutivo, raivoso, ferrado, um instrumento cego do papai. - Castiel desabafa de forma verdadeira para Dean.
- Você acha que ódio e raiva, que isso... é oque move você, que é oque você é, mas não é. - Lágrimas escorrem dos olhos de Castiel enquanto revela a Dean o quão errado ele está sobre si mesmo, por acreditar que as piores coisas que seus inimigos enxergam nele, é oque torna ele ser alguém capaz de se odiar.
- E todo mundo que conhece você, vê isso.
- Tudo aquilo que você fez na sua vida!
- Todo o bem e o mau que você fez na sua vida, foi por amor.
- Você criou seu irmão por amor.
- Você lutou por este mundo por amor.
- Isso é oque você é.
Durante toda a vida de Dean, ninguém foi tão meigo e carinhoso da mesma maneira que Castiel foi durante todo esse tempo. As palavras de Castiel carregadas dos sentimentos mais genuínos por Dean, o deixaram paralizado. Dean nunca foi um homem capaz de lidar com emoções, sempre preferindo evitar falar sobre esses assuntos ou até mesmo se esquivando deles com alguma piada idiota para deixar ambos desconfortáveis com a situação.
Mas com Billie prestes a matar Castiel e ele enquanto Sam e Jack se encontravam sozinhos e desamparados, Dean se encontrava em seu pior estado para reagir a tudo aquilo que estava acontecendo diante de si.
Billie pressiona a porta.
- Dean, você é o melhor homem da terra! Você é o ser mais altruísta e amoroso... que eu conheço. - Com um pesar em seus olhos lacrimejados e um emotivo sorriso em seus lábios, Castiel compartilha a tamanha admiração e orgulho que possue por Dean Winchester.
Dean olha intensamente para Castiel contendo suas lágrimas enquanto tenta engolir a seco o inevitável.
- Desde que nos encontramos, desde que eu te tirei do inferno, eu sei... que conhecer você me mudou Dean. - Um sorriso se forma no rosto de Castiel enquanto, uma lagrima escorre de seus lindos olhos azuis que, encaravam Dean por finalmente sentir tamanha felicidade por ter tido a coragem de dizer aquilo que manteve tanto tempo guardado pra si.
- Porque você se importou, eu me importei, eu me importei... com você. - Castiel olha para Dean com seus olhos repleto de amor e ternura.
- Eu me importei com o Sam, eu me importei com Jack... eu me importei, com todo mundo! Por sua causa. - Castiel chora ao compartilhar a Dean, o quanto ele foi importante para Castiel por ensiná-lo, não com palavras, mas com suas ações, o quanto vale a pena se importar e lutar por aqueles que amamos. As lágrimas que escorrem de seu rosto enquanto se recorda de todos aqueles por quem ele já lutou e deu a vida para que fossem capazes de viver e serem felizes juntos como uma grande família, o fazem sentir a pura felicidade percorrer por todo o seu ser.
- Você me mudou Dean. - Castiel diz amorosamente com um sorriso emotivo em seu rosto.
Dean encara os olhos de Castiel amedrontado e incrédulo.
- Porque isso parece um Adeus?. - Questiona Dean com temor em sua grave voz.
- Porque é um adeus. - Revela Castiel com dor a verdade para Dean.
Como um cadeado em sua garganta e um peso em seu coração, Dean começa finalmente entender que jamais verá Castiel novamente. Este será o último momento com aquele que desceu dos céus e mergulhou no inferno para salvá-lo do sofrimento eterno.
Castiel encara Dean sabendo que esta será a última vez que o verá. E apesar de seu rosto de apresentar um grande temor pelo oque estar por vir, seus olhos azuis banhados em suas lagrimas, revelavam o maior prazer e emoção que Castiel foi capaz de sentir em toda a sua existência... A Pura felicidade.
Aquela felicidade genuína e totalmente descontrolada. Seu corpo fica totalmente a flor da pele, suas mãos soam, seus pés inquietos, sua mente lateja e seu corpo treme tanto que você se vê incapaz de controlar.
Você é capaz de sentir tudo em tão pouco tempo!
Dor Raiva Medo Tristeza Felicidade Fúria Alegria Pavor Melancolia Frustração e Euforia!
Tudo junto em grande sintonia como uma orquestra e tão confuso e amedrontador quanto uma montanha-russa.
Mas no final, bem no final... você olha e se ve6 chorando de tanta felicidade.
E é neste exato momento, em que você é capaz de reunir todas as suas emoções e desejos que mantem bem no seu íntimo, escondidas, lá dentro, e por todas elas pra fora. Para que assim, você seja capaz de sentir a pura felicidade, pelo menos uma vez... antes que seja tarde demais.
Castiel reúne todos os sentimentos que manteve dentro de si por todos esses anos. Ele sabe que isso irá machucar Dean, mas estando a beira da morta, tudo oque ele deseja neste último momento antes do adeus é que ele seja apenas capaz de ser quem ele realmente é e dizer pelo menos uma única vez oque ele deseja do fundo de sua graça.
Castiel fixa seus olhos azuis e molhados com suas lágrimas no olhar amedrontado de Dean.
Ao abrir seus lábios, Castiel finalmente encontrou a coragem que precisava dentro de si para dizer as palavras que sempre sonhou em dizer, mas nunca se atrevera.
"Dean... eu te amo."
Um sorriso da mais pura alegria e satisfação se forma no rosto de Castiel. O sentimento que se passava em seu coração era indetectável e as sensações que seu corpo tinham eram indescritíveis.
Dean engole seco sua saliva enquanto tenta desacreditar que Castiel está o deixando para sempre.
- Faz isso não! Por favor. - Dizia Dean olhando para Castiel tentando convence-lo a desistir.
Dean olha para Castiel e ver um belo e carinhoso sorriso se forma em seu rosto, Aquele sorriso que o fazia se sentir em casa, se sentir amado, se sentir protegido, aquele sorriso que sempre estava atrás dele logo após uma oração ou quando ele simplesmente mencionava seu nome e surgia repentinamente dentro do seu Impala assustando todos ao redor. Ele jamais veria esses olhos dóceis novamente, esse sorriso bobo que carrega consigo todo amor e carinho que ele jamais viu em qualquer outro ser durante toda sua vida.
Dean sabia que, ele precisava de coragem para abrir seu coração e deixar seus sentimentos falarem por si, pelo menos uma vez em sua vida. Sem abraços de despedidas, sem toques nos ombros, apertos de mãos ou uma piada sem graça... Castiel merece receber aquilo que ele o proporcionou por todos esses anos.
Billie pressiona a porta.
Dean abre lentamente seus lábios, o som de sua saliva e sua língua percorrendo por seus lábios soavam como abelhas produzindo mel. Seus sentimentos estava prontos para serem ditos.
Dean Winchester estava prestes a se fragilizar e agir pela primeira vez somente com o coração. Mas antes que pudesse começar a dizer suas últimas palavras para Castiel, Dean olha para o lado depois de ouvir um som gosmento.
Ao se virar, Dean encara um portal para o vazio se formar diante de si. Seus olhos avermelhados se enchem de lágrimas bruscamente por não conseguir mais esconder a dor que está sentindo ao encarar o fato, de que seu amado Cas será levado pelo vazio. A impotência que sente por não ser capaz de fazer absolutamente nada o corrói e o paralisa.
Ao retornar seu olhar para Castiel, Dean o encontra chorando, mas ele é capaz de sentir a paz em seu olhar. Ele sabia que Castiel não estava com medo, mas Dean estava por eles dois. Castiel não merecia terminar dessa forma, não ele.
E no mesmo instante, Billie rompe o selo que Castiel pos na porta, abrindo-a e entrando na sala furiosa.
- Castiel! - Chamava Dean olhando nos olhos de Castiel soluçando e chorando por sua perda.
Castiel coloca uma mão em seu ombro.
- Adeus Dean. - Com tamanha tristeza em seu rosto e lágrimas em seus olhos, Castiel empurra Dean na parede para que ele não tente o impedir. Ao tocar no ombro de Dean, uma macha de sangue com a palma da mão de Castiel devido ao corte realizado para criar o selo é formado na jaqueta de Dean.
Dean cai no canto da sala sem forças para se levantar.
Billie caminha furiosa com sua foice na mão em direção a Dean.
Castiel se despede de Dean o olhando com um leve sorriso quando o observa e enxerga a mancha de sangue que se formou no exato lugar onde ele tocou o amor da sua vida para tirá-lo do inferno.
Dean encara Castiel amedrontado pelo oque o esperar.
Com um olhar pacifico e sereno, Castiel encara o portal para o vazio. Ele estava em paz consigo mesmo e pronto para partir por aquele que ele sempre amou e sempre irá amar.
O portal do vazio se estende envolvendo completamente Castiel em sua gosma preta. Em seguida, Billie é pega de surpresa e também é envolvida pelo portal do vazio.
Castiel e Billie não reagem e são levados para o vazio.
Dean observa aterrorizado o vazio consumir Billie e Castiel. Até ele se fechar... completamente.
Fim do prólogo :(
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marianamrq · 6 months
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Carta aberta
Querida *****,
Um dia eu conheci uma mulher extremamente bacana, bom papo, que eu achava que acabaria sendo uma grande amiga e companheira pra sempre. Nos conhecemos de uma forma, inusitada eu diria, aplicativo de relacionamento (Tinder), quem poderia imaginar. Claro que eu achei aquilo estranho e vida que segue, já que eu estava ali, que eu pagasse o preço por estar. Ainda bem que não durou muito. Trocamos WhatsApp e nossas conversas se tornaram diárias, de forma leve, encantadora e engraçada, achei que não passaríamos disso, você estava se tornando cada vez mais minha amiga.Para mim não passaria disso, mas tudo que eu imaginava não era o que estava planejado.Fui muito feliz ao teu lado, me senti amada, querida, cuidada, mimada, mas também me senti chateada, excluída, trocada, traída, insegura, mentirosa, enciumada.
Você me mostrou coisas que eu jamais imaginaria conhecer, saber, ver ou ter, mas também me mostrou coisas que eu não queria conhecer, saber, ver ou ter, você me mostrou um lado seu que eu não queria conhecer ou saber. E aqui o oposto aconteceu também.
A junção de todos esses aspectos fez com que todo o tempo em que ficamos juntas contribuímos para a vida uma da outra, tanto com coisas boas como ruins. Você foi meu porto seguro, válvula de escape e companheira por muitos meses e foi difícil pra mim aceitar que esse porto não seria mais meu. Foi difícil aceitar que as nossas rotinas já não eram compatíveis, foi difícil aceitar que já não éramos tão parecidas como pensamos que éramos. Me doeu cada segundo depois do término até há alguns dias saber que não seria mais minha, que eu não poderia te ver, abraçar e beijar, sentir seu cheiro, deitar no seu colo, sentir seu toque e carinho.
Doeu saber que o sexo e o amor tinham acabado, porque convenhamos, mandamos muito bem na cama quando estávamos juntas, éramos foda mesmo! Mas acabou, o ritmo parou, a música na alexa parou de tocar, a conversa deixou de existir e caminhos opostos tomados, em silêncio, nos levou onde estamos hoje. Dói saber que em pouco tempo você já tinha outra menina, não por ser quem é, até porque eu não conheço. Mas por ser alguém quando você disse que não podia mais entrar num relacionamento sem antes curar o que você tinha para curar. Eu acreditei que você ainda estivesse disposta a tentar depois de um tempo de terapia, que colocaríamos tudo em pratos limpos, que eu ia embora, tendo você do meu lado, mesmo quando milhares de quilômetros nos separando mais uma vez. No entanto, acabei no fundo do poço, desesperançosa, desacreditada. Eu me senti traída, trocada e rejeitada. Eu me senti um lixo e que tudo o que eu tinha feito até ali era em vão e desvalorizado.
Hoje, eu espero que esteja feliz, que tenha encontrado um propósito ao lado dela. Espero que ela cuide de você quando estiver doente, que faça risoto e dance com você no silêncio. Mas eu desejo que tudo isso seja completamente diferente de tudo que eu fui, não pior ou ruim, mas diferente.
(aqui tem um trecho que te identifica - achei por bem ocultar)
E hoje mesmo depois de meses, de terapia, de exercícios parece-me que eu ainda não superei você. Eu parei de olhar seus stories estava sendo doloroso demais pra mim. Eu não sei quando esse sentimento vai passar, só sei que vai passar um dia. Revi nossas fotos, revivi momentos extraordinários vendo nossas fotos, relendo os seus textos contando a nossa história e espero que só tenha ficado boas memórias pra você, como ficou pra mim. Apesar dos pesares.
Obrigada por ser quem foi, por ter terminado e por ter me deixado ir sem me procurar e reviver as minhas feridas tão doidas. Ainda não consigo ver o mundo ao lado de outra pessoa que não seja você. Ainda não consigo enxergar como foi ruim o término, não consigo te desejar mal, não consigo ainda ver uma vida incrível que não seja ao seu lado e acho que me enganei por muito tempo acreditando que isso poderia acontecer. Mas eu espero com todo o meu coração que isso mude em breve, porque é muito ruim estar sozinha.Te desejo felicidade, amor, sucesso e prosperidade. Obrigada!
Com carinho,
Mariana
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because-i-lost-it-all · 3 months
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alguns dias atrás tava lendo sobre como é erótico usar canibalismo como metáfora para o amor. para um amor que sente fome, que devora, que ao ascender a luz encontra uma criatura se deliciando nas entranhas daquele que ela mais amou porque amor é fome
é vontade
é insaciável.
e eu sempre fui de experimentar as coisas com uma mordida exploratória,
tirando pedaços daqueles mais próximos de mim e trazendo suas partes pra perto
pra dentro.
e eu deixo a ferida aberta, sangrando; sem saber muito bem o que fazer com todo o estrago que eu causei
porque se amar é consumir não seriam as feridas a prova última de que o amor esteve ali?
não seriam as cicatrizes provas de que em algum momento alguém amou o bastante para desejar, e esse desejo virou ânsia, virou fome
virou saciedade.
eu acho que metáforas sobre o amor como fome refletem muito bem o que o amor é de fato: um instinto tão irracional quanto a própria fome;
por isso eu sempre tiro pedaços,
por isso eu tô sempre coberto de sangue.
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fredborges98 · 4 months
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Seria a insanidade da paixão uma forma singela de tocar na eternidade?
Seria a paixão o descortinar de um corpo revelando sua alma?
Seria tão bela a loucura da paixão que devemos temê-la, evitá-la ou escondê-la por ser incompreendida pela maioria dos mortais?
Numa entrevista, onde a entrevistadora era Clarice Lispector e o entrevistado era, nada mais, nada menos que Vinícius de Morais, o amor e a paixão são averiguados, colocados cada um no seu " lugar" geo emocional,Vinícius tem que "provar" a Clarice que ama e amou,não só o próprio amor, mas amou todas as suas mulheres, e que a paixão é luta inglória, para os que não temem pular do último degrau do trampolim em águas escuras, em noite escura, em águas e noites desconhecidas.
“Vinicius, você amou realmente alguém na vida?”
“Que eu amo o amor é verdade”, responde, “mas isso não quer dizer que eu não tenha amado as mulheres que tive. Tenho a impressão que, àquelas que amei realmente, me dei todo.”
Clarice, certamente por conhecer a biografia do poeta, em via de se casar pela sétima vez, avança: “Acredito, Vinicius. Acredito mesmo. Embora eu também acredite que quando um homem e uma mulher se encontram num amor verdadeiro, a união é sempre renovada, pouco importam as brigas e os desentendimentos: duas pessoas nunca são permanentemente iguais e isso pode criar no mesmo par novos amores”.
Bonita reflexão sobre o amor, em tudo contrária, no entanto, à do poeta, que argumenta: “É claro, mas eu ainda acho que o amor que constrói para a eternidade é o amor-paixão, o mais precário, o mais perigoso, certamente o mais doloroso. Esse amor é o único que tem a dimensão do infinito”.
A entrevistadora retoma a palavra, desassombrada: “Você acaba um caso porque encontra outra mulher ou porque se cansa da primeira?”
Na minha vida tem sido como se uma mulher me depositasse nos braços de outra. Isso talvez porque esse amor-paixão pela sua própria intensidade não tem condições de sobreviver. Isso acho que está expresso com felicidade no dístico final do meu “Soneto de fidelidade”: “que não seja imortal posto que é chama / mas que seja infinito enquanto dure”.
Nas linhas que antecedem a abertura do romance : A paixão segundo GH, Clarice Lispector dirige-se a seus “possíveis leitores” dizendo que aquele livro é “como um livro qualquer”, mas que ficaria “contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada”.
A alma, já formada, a quem Clarice se referia é a maturidade revelada em feridas, hematomas rochidão da alma,de palavras que cortam pior e profundo que afiadas navalhas, taquicardia,sudorese,fobias, traumas, feridas abertas pelas paixões avassaladoras, hoje, invariavelmente, tudo vai parar num tribunal sob acusação de relação abusiva,abduzida é toda paixão,mas antigamente o choro era engolido a seco, quem fica para trás sofre muito mais, a mulher divorciada era alvo de preconceito,preterida pela sociedade, machistas eram muito mais, e sempre foram, as mulheres numa sociedade patriarcal.
Assim temos o amor, o silêncio,a dor, a paixão e a insensatez, na música interpretada por Ellis:
Atrás da Porta.
Por:
Elis Regina
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que inda sou tua
Só pra provar que inda sou tua...
Composição: Chico Buarque/Francis Hime
Por: Fred Borges
O buraco mais profundo feito pelo homem é o Kola Superdeep Borehole, no noroeste da Rússia, com 12,2 mil metros de profundidade.
Ele fica localizado nas seguintes coordenadas: 69.3965°N 30.6100°E
Paralelo 69.3965°N 30.6100°E. Virgínia Wolff e Clarice Lispector- Loucura e Paixão.
Dedicado á todos que se apaixonam, se entregam, se desnudam, esquecem sua própria existência e simplesmente doam seu último "cilindro de oxigênio" a sua paixão.
"Sem paixão, qual a razão de existir?"FVB
O objetivo do poço KSB na Rússia era obter amostras do manto mais profundo da terra.
Hoje o poço encontra-se completamente lacrado.
Alguns moradores da região dizem ser possível ouvir "vozes" e "gemidos" estranhos vindos do buraco.
Dizem ser o suplício das almas supliciadas no inferno...ou seria no paraíso?
O objetivo do "poço" cavado pelo homem em si mesmo é o autoconhecimento, mas como se conhecer sem experimentar, sem se desafiar, sem conhecer cada camada que nos envolve, cada pele, cada manto,cada " crosta" encrustada no nosso DNA, na nossa memória afetiva, emocional,e espiritual?
A Terra é como uma cebola, então a crosta é como a pele fina do planeta. Tem apenas 40 km de espessura. Para além dali, há um manto com 3.000 km de profundidade. Abaixo dele, o núcleo da Terra.
O espírito humano é cebola e alho, ou é explorado em alma camada ou alma dente, a cabeça fica no controle e descontrole das camadas e dos dentes, dente por dente, olho por olho, paixão e rancor, encontro e despedida, completo e incompleto, cheio e vazio, paixão transborda, amor na medida é utopia, paixão é utopia da distopia.Encontro do desencontro.
Assim, Virgínia amou:
Carta de despedida de Virgínia Wolff:
"Meu querido,
Tenho certeza de que vou enlouquecer de novo. Não podemos passar por mais uma daquelas crises terríveis. E, dessa vez, não vou sa­rar. Começo a ouvir vozes e não consigo me concentrar. Por isso estou fazendo o que me parece a melhor coisa. Você me deu a maior felicida­de possível. Você foi, sob todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. Acho que não existiam duas pessoas mais felizes, antes de aparecer essa terrível doença. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando sua vida, que, sem mim, você poderia trabalhar. E eu sei que vai. Veja que nem consigo escrever direito. Não consigo ler. O que quero dizer é que devo a você toda a felicidade da minha vida. Você tem sido extre­mamente paciente comigo e incrivelmente bom para mim. Quero dizer que—todo mundo sabe disso. Se existisse alguém capaz de me salvar, seria você. Perdi tudo, menos a certeza da sua bondade. Não posso con­tinuar estragando sua vida.
Não creio que tenham existido duas pessoas mais felizes do que nós.
V."
Já Clarice não fez uma carta deliberada de despedida, a vida de Clarice foi uma série de encontros e desencontros consigo mesma, talvez muito mais desencontros, pela sensação de eterna despedida, da angustia, do conflito, dilema em suas palavras, aquilo que dá virtuosismo a Clarice ou a Virgínia é sua dor, paixão e sensibilidade, seu profundo "poço", sua capacidade de penetrar o mais profundo possível em seu eu, o que as torna icônicas, elas conhecem seus " gatilhos" e como numa " roleta russa" elas se desafiam a dedilhar pelas letras, palavras, lavra, gravidade da arma, o gatilho e seu disparar, e se ensanguentar, e invariavelmente padecer, padecer da insanidade da paixão pela vida, pela morte como resposta a todas as questões, como se o desafio tivesse as levado ao enigma da vida por meio da própria morte.
A maneira que Clarice encontra é se despedir aos poucos em todos seus romances, numa autobiografia existencial filosófica constante, em epitáfios, principalmente na sua última obra: A hora da estrela de 1977, assim:
"O vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu – a meu mistério.
Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” cairia estatelada e em cheio no chão. É que “quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Embora não aguente bem ouvir um assovio no escuro, e passos.
Quero aceitar minha liberdade sem pensar o que muitos acham: que existir é coisa de doido, caso de loucura. Porque parece. Existir não é lógico.
É melhor eu não falar em felicidade ou infelicidade – provoca aquela saudade desmaiada e lilás, aquele perfume de violeta, as águas geladas da maré mansa em espumas pela areia. Eu não quero provocar porque dói.
(Mas quem sou eu para censurar os culpados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro de mim mesmo: preciso perguntar, embora não saiba a quem, se devo mesmo amar aquele que me trucida e perguntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte do que eu, responde que quer porque quer vingança e responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. Se assim é, que assim seja.)
Irei até onde o ar termina, irei até onde a grande ventania se solta uivando, irei até onde o vácuo faz uma curva, irei aonde meu fôlego me levar."
"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias."
Clarice Lispector.
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, Primeira Edição.
E, por fim, sempre eterna desde sua primeira obra,em seu último bilhete:
“Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.”
Clarice escreveu o seu último bilhete no leito no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, no dia 7 de Dezembro de 1977
Duas mulheres, escritoras, apaixonadas pelo amor, amor às palavras, paixão pela vida, precipício da vida, precipício do poço, do fundo do poço, do fundo do útero, do rio Ouse em North Yorkshire, do também verbo OUSAR,OUSAR se APAIXONAR, do câncer no ovário,onde vieram e jamais sairiam, medíocres nunca ou jamais seriam!
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pandorarx · 7 months
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Quantas vezes escutei que sou linda, gente boa, doidinha, que tenho um olhar cativante e um sorriso mais cativante ainda. Quantas vezes ouvi “você é incrível!”. Quantas vezes me disseram que eu tenho uma inteligência rara e até “eu quero lamber seu cérebro” já me disseram.
Mas ninguém nunca falou “Eu quero você pra sempre”, ninguém nunca disse que me queria fazendo parte da sua história ou que ia me levar pra vida.
O que dói é isso, o que dói é saber que sou tudo isso e mesmo assim permanecer sozinha.
Talvez eu seja apenas um arco-íris na vida das pessoas, que depois ou durante uma tempestade, aparece arranca um sorriso, um sentimento de ter algo que nunca teve e aí, a minha missão foi concluída, e ai elas vão embora, seguem suas vidas certas do que precisam: Tudo aquilo que eu dei!
E sinceramente, eu tô cansada de ser um arco-íris, tô cansada de ser o cicatrizante das pessoas, porque eu também tenho feridas abertas e nada nem ninguém pra ser meu cicatrizante.
Eu sou tudo isso que sempre me dizem! Me descrevo apenas como inefável. É o único adjetivo que me alcança e mesmo assim eu permaneço sozinha!
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rajabez · 10 months
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                “They don't regret hurting you. So don't feel guilty about cutting them off."
tw: menção indireta à aborto.
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                 O silêncio muitas vezes é a pior arma para se usar contra alguém. Gothel bem sabia, bem usava dessa artimanha quando se tratava de lidar com o filho. Quando criança, o tratamento de silêncio era algo rotineiro, aprendeu então a conversar sozinho, com seus poucos brinquedos ou com algum amigo imaginário que inventava. Dessa vez pelo menos ela mantinha o silêncio com todos da academia, deixando os legados em completo escuro quanto ao acontecido. 
Naquela manhã, no entanto, o silêncio foi quebrado. O anúncio oficial da academia não solucionava suas dúvidas, não explicava nada, apenas uma justificativa fraca que Raven não engoliu muito bem. Talvez esse tenha sido seu primeiro erro, não aceitar a desculpa esfarrapada e seguir em frente. Ir até a sala da diretoria e insistir para falar com Gothel foi o segundo erro. 
Após uma certa insistência de sua parte, ela finalmente lhe mandou entrar. Detrás da mesa de mogno, o olhar exasperado da mulher subiu para encontrar o do filho. "O que você quer?" questionou em um tom frio, desinteressado.Já esperando e acostumado com isso, Raven apenas se aproximou da mesa com o cenho franzido. "Por que vocês estão mantendo o dragão da Beren afastado dela? Por que demorar três dias pra dizer algo tão besta como Themys foi destruída e vamos reconstrui-la? Eu mandei algumas mensagens, você não viu?" perguntou diretamente. Sua mãe apenas desviou a atenção e voltou a focar nos papéis que lia e assinava, não sabia o que eram mas não deviam ser tão interessantes quanto ela fingia naquele momento.
"Não vi. Não tenho tempo para ficar no ePhone, Jabez. E o que aconteceu foi o que você viu, o dragão daquela garota idiota é louco, isso que dá tentar domar um dragão selvagem." o desprezo na voz alheia era evidente, quase lhe fez se encolher pois seu plano de virar um domador pelo visto não seria bem aceito.
Tentou não deixar nada transparecer na face, mesmo que ela não lhe olhasse, o reflexo era sempre parecer com a expressão dura, vazia. "Não fale assim, essa é a primeira vez que acontece. Separar alguém de seu dragão é cruel." teimou.
Para sua surpresa, porém, Gothel riu. O olhar da mãe subiu para encará-lo, o deboche brilhando nos olhos dela. "E o que você saberia sobre isso? Foi tão inútil quanto ela em eclodir seu ovo. Não que me surpreenda, já esperava algo assim, seu nome combina bem com você, afinal."
Ah, um dos seus pontos fracos. Ser apontado isso era como jogar sal em uma ferida aberta. Jabez, aquele que traz dor e sofrimento. Os punhos ferraram cerrados e um passo para frente foi dado, não abaixava o olhar pois aprendeu a confrontar as palavras da mãe por mais que doessem. "Posso não saber o que é ter e perder, mas entendo o que é não ter." assim como ela antes, a voz saía agora pesada. Mas para seu descontentamento, a mãe atirou: "Você veio aqui só para me irritar? Eu poderia punir você junto com aquela garota. Acha que eu não vi as roupas que ela vestia, Jabez? O que tinha na cabeça ao fazer isso? Não cansa de me envergonhar?"
As palavras cortavam o ar como uma adaga afiada. Raven deu finalmente um passo para trás, como não recebeu nenhuma repreensão, achava que esse detalhe tinha passado despercebido. Antes, porém, que dissesse algo, Gothel continuou: "Lamento profundamente o dia que confiei em Úrsula quando ela disse que aquela maldita poção me daria uma criança como aquela garota mimada. Desde que você nasceu, nunca fez nada direito, até mesmo uma poção dada como certa você conseguiu estragar." a irritação agora era evidente na voz da mulher. Parecia com raiva de suas antigas atitudes, mas pelo visto com raiva ao ponto de colocar a culpa no filho. O que ela queria dizer com aquilo, afinal? "Eu devia ter escolhido a poção para me livrar de você, não te fazer ter o poder dela." o complemento lhe fez finalmente demonstrar alguma emoção. Surpresa. Gothel tinha tentado mexer com magia para influenciar em seu dom?
Embora não entendesse o porquê daquela mulher gerar uma criança se iria odiá-la pelo resto da vida, não imaginava que havia algo mais por trás disso. Engolindo em seco, apertou mais os punhos fechados, as unhas teriam machucado suas palmas se a luva não protegesse os dedos. "Talvez devesse ter me jogado na floresta quando viu que eu não sai do jeito que queria." disparou. Não ficou para trás para ouvir mais palavras ruins, aquele olhar de desprezo podia ser algo que cresceu vendo, mas combinado com tais palavras que tinha ouvido? Doía. Com passos pesados e firmes, saiu dali daquela maldita sala, a porta batendo atrás de si enquanto marchava para longe.
Talvez agora aprendesse que embora o silêncio pudesse ser doloroso, palavras bem manipuladas também podiam trazer agonia e tormento.
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