Cap. 12
Quando cheguei em casa os jornalistas ainda estavam na porta, subi pela janela e me tranquei no quarto. Nossa eu não acreditava no que estava acontecendo, eu tinha mesmo beijado o Wooyoung?
Me atirei de costas na cama relembrando todos os segundos dos beijos dele e meu corpo inteiro tremeu. Eu nunca tinha sentido nada parecido na vida.
-Lizzy? – minha mãe abriu a porta do meu quarto e eu fiquei de pé para encará-la.
-Oi mãe.
-Filha aonde você foi?
-Fui falar com o Wooyoung.
Ela respirou fundo.
-E o que disse a ele?
-Que não queria mais ser envolvida nas coisas dele, só isso. Por quê?
-Só isso?
-Sim, não atirei nele se é disso que está com medo.
Ela sorriu.
-Sei que não.
Eu fiquei olhando-a firme, eu estava com vontade de contar para minha mãe o que acontecera, mas algo dentro de mim travou, não sei explicar direito o que foi, mas era como se aquele não fosse o momento para isso.
-Fez bem, não te quero mais envolvida em polêmicas por aí.
Olha o motivo aparecendo.
-Ok não se preocupe, não vou estar.
Yeosang acordou cedo e seguiu direto para o banheiro sem incomodar o amigo que provavelmente ainda dormia. Desde que voltara a Holmes Chapel ele estava morando com o San, seus pais simplesmente não voltaram mais, não deram noticias nem nada, ele tentara procurar, mas o que encontrara fora apenas o vazio.
Ele levantou, pegou suas coisas e seguiu na direção do banheiro, quando abriu a porta um grito agudo o fez fechar de imediato.
-Desculpe. – ele gritou na direção da porta e começou a caminhar de volta a seu quarto, mas havia algo errado.
Quem estava no banheiro? Só estavam ele e San em casa, Mingyu tinha saído cedo, segundo o que ele sabia, os pais do San tinham seu próprio banheiro... San não gritava feito uma mulherzinha, o Wooyoung sim, mas o San não.
Yeosang começou a pensar, ah não, e se alguém estivesse invadindo a casa? Era responsabilidade dele avisar, não era? Mas, se alguém fosse invadir a casa, começaria pelo banheiro?
Sua cabeça estava dando voltas quando ele decidiu voltar até lá e ver o que estava havendo de verdade. Mas, o que faria? Abriria a porta novamente? Bateria e perguntaria “ei você invadiu essa casa? Qual o seu nome?” Meio idiota.
Ele caminhou lentamente na direção do banheiro e quando decidiu que ia bater, a porta se abriu bruscamente acertando-o diretamente no nariz, a pancada foi tão forte que Yeosang caiu para trás.
-Ow meu Deus. – foi tudo o que ele escutou.
Sua visão estava turva por causa da pancada e ele estava simplesmente estirado ao chão, sentiu algo quente escorrer pelo nariz e percebeu que era sangue.
-Me desculpe. – uma mão segurando uma toalha se aproximou tocando seu nariz o que fez Yeosang fechar os olhos em uma careta, estava doendo. – eu não te vi, você apareceu do nada atrás da porta. Você está bem?
Ele se esforçou para abrir os olhos e identificou uma garota sentada no chão ao seu lado, ela parecia mesmo aflita enquanto tentava limpar o sangue de seu nariz.
-Não estou legal. – ele falou se esforçando para sentar, a garota o ajudou. – essa porta é meio assassina mesmo.
-Acho que é melhor a gente ir até um médico. – ela falou ainda aflita.
-Não, não precisa eu estou bem. – ele falou e de repente notou algo, aquela garota era a garota que tinha gritado e não o Wooyoung como ele pensara anteriormente, Yeosang teve que se segurar para não rir da imagem do Wooyoung gritando feito uma moça em sua cabeça.
Ele voltou a se concentrar na garota. Era uma invasora? Se fosse, era uma invasora muito bonita.
Os dois ficaram se olhando sem nada dizer, ela estava visivelmente preocupada com o que fizera com o nariz dele e Yeosang ainda estava preocupado com a identidade misteriosa da moça quebradora de narizes.
-Yeosang? Júlia? O que estão fazendo sentados no meio do corredor?
A voz fez os dois se virarem para olhar, San estava de pé encarando-os com um sorriso no rosto.
-O que aconteceu?
-Júlia? – Yeosang falou ficando de pé. – que Júlia?
-Ei eu estou bem aqui. – ela falou rápido ficando de pé também. – pode perguntar pra mim se quiser.
-Eu não, vai que você taca a porta na minha cara de novo.
Os dois riram, San olhou de um para o outro sem entender nada, bom não tinha entendido até reparar que o rosto do amigo estava sujo de sangue.
-Yeosang o que aconteceu?
-Ele estava atrás da porta. –Júlia falou rápido. – e eu abri rápido demais.
San começou a rir enquanto se aproximava do amigo para ver o estrago.
-Isso vai inchar, você sabe, né?
Yeosang fez um gesto afirmativo com a cabeça.
-Sei sim, vou estar parecendo o Pinóquio no nosso vídeo.
San começou a rir, tinha esquecido, hoje eles iam conversar com o Simon para ver a data da gravação.
-Puts é verdade, mas pensa pelo lado positivo, pelo menos todos os seus dentes ainda estão na boca.
Os três começaram a rir.
-Yeosang essa é minha prima Júlia, lembra dela? Ela estava morando no Brasil, Ju esse é o Yeosang meu melhor amigo.
-Sei quem ele é. – ela falou rápido olhando do irlandês para o primo. – eu lembro dele, conversamos pelo Skype uma vez.
Yeosang lembrou do dia e começou a rir sozinho.
-Verdade, bom é legal te conhecer pessoalmente.
San sorriu, Júlia encarou o Yeosang e lhe estendeu a mão.
-Muito prazer.
Ele a apertou.
-O prazer é meu. – ele falou fungando.
-Mais uma vez me desculpe por isso. Não quer mesmo ir até um médico?
-Não acho que quebrou. - Yeosang falou rápido. – mas, qualquer coisa vou sim.
Ela sorriu na direção dele e depois encarou o primo
-Vou pra cozinha agora, acho que já causei confusão suficiente aqui em cima. Até mais.
Quando ela se afastou, Yeosang encarou o amigo.
-Ela vai ficar aqui?
-Sim por algum tempo, algum problema?
-Não, contanto que ela não me acerte de novo está tudo bem.
Os dois riram enquanto Yeosang entrava no banheiro para lavar o rosto e se livrar do sangue.
Naquela tarde após o almoço recebi um telefonema da Eduarda me chamando para ir até a sorveteria que todos se reuniriam lá.
-Todos mesmo? – perguntei já tremendo só de imaginar o Wooyoung.
-Sim, por que? Ainda está chateada com o Wooyoung?
Chateada não era bem a palavra.
-Não, claro que não, isso já passou eu vou.
-Ok até mais.
Quando cheguei até a sorveteria, depois que aqueles malditos jornalistas foram afastados de Holmes Chapel pela segurança da vila, apenas Luiza, Isabela, Eduarda, Mingyu e Woozi estavam lá.
-Isso está um deserto hoje. E o Ateez? – perguntei e eles sorriram.
-Devem estar vindo já. – Mingyu falou com um sorriso.
Eu e Luiza estávamos um tanto quanto deslocadas no meio de dois casais. Peguei meu celular e comecei a olhar as músicas, havia algumas que eu gostava muito, escolhi uma e coloquei para tocar, Luiza, Eduarda e Isabela começaram a bater os dedos na mesa no ritmo da música, Woozi e Mingyu cantarolavam.
-Puts é sério? – escutei a voz do Wooyoung e meu corpo inteiro tremeu mesmo sem ainda ter visto o rosto dele. – eu odeio essa música.
Me virei para ver os sete entrando juntos na sorveteria, estavam tão fofos naquela tarde.
-Boa tarde para você também Wooyoung. – falei firme encarando-o enquanto ele ainda se aproximava, o sorriso de canto de boca que ele me lançou me fez ter vontade de ficar de pé, me pendurar no pescoço dele, beijá-lo e nunca mais soltar. Wooyoung também me olhava de uma forma nada discreta diga-se de passagem. – e o Hongjoon?
Wooyoung me fez uma cara feia, eu sorri.
-Não veio. – San falou rápido.
-Ei Wooyoung, onde você ficou a noite toda ontem? – San perguntou encarando o amigo, eu o encarei também, Wooyoung respirou fundo.
-O Seokmin passou mal.
-Como assim? – perguntamos em coro.
-Ele estava se sentindo fraco e de repente desmaiou, eu e minha mãe ficamos a noite quase toda com ele no hospital.
-E o que ele tem? – San perguntou novamente.
-Não sabemos, ele ficou para fazer uns exames, mas parece que não é nada grave não.
-Que bom, mas ei San, quem é a garota? – Isabela desviou nossos pensamentos e nos fez encarar a garota que estava de pé um pouco atrás do San.
-Ah essa é a Júlia, ela é minha prima.
-A que morava no Brasil? – perguntei.
-Nossa que memória boa Lizzy, é sim, é ela mesma.
Luiza a encarou de mau gosto, eu por outro lado sorri na direção dela e ela sorriu de volta, parecia ser bem simpática.
-Nossa Yeosang o que houve com o seu nariz? – mais uma vez me desconcentrei do que estava fazendo e encarei a Eduarda que olhava meio enojada para o amigo.
-Bati na porta do banheiro, quer dizer a porta bateu nele.
O nariz do Yeosang estava vermelho e inchado.
Vi a prima do San limpar a garganta e sorri, eu conhecia bem o banheiro da casa dele.
-O Yeosang estava atrás da porta quando você a abriu, não é? – perguntei e ela sorriu fazendo um gesto positivo com a cabeça.
-Como sabe?
-Ela já fez isso comigo. – Wooyoung falou rápido com um sorriso passando a mão ao redor do meu ombro, quando os dedos dele me tocaram eu tremi inteira. – mais de uma vez, não é? – ele virou o rosto para me encarar de perto. – ela tem alguma coisa contra meu nariz.
-Pois é. – falei tirando a mão dele de cima de mim e empurrando o rosto dele com as duas mãos, eu estava vulnerável ele não podia ficar fazendo aquilo, não mesmo. – e é melhor o senhor se afastar se não quiser que eu modele seu nariz aqui e agora. – falei fechando a mão em punho.
-Ui. – ele falou se afastando com um sorriso.
Todos começaram a rir enquanto sentavam ao redor da mesa, a prima do San, Júlia sentou de frente a mim e ao lado do Yeosang.
-É sério, que música horrível. – Wooyoung falou de repente assustando todo mundo e pegando meu celular de cima da mesa. – muda isso.
Eu peguei rapidamente da mão dele, ele me encarou e sorriu, aquele sorriso de lado que era a coisa mais perfeita do mundo.
-Não mudo. – falei puxando o celular da mão dele. Não era só porque agora eu sabia que estava completamente apaixonada pelo Wooyoung que eu ia deixar de trata-lo como eu tratava antigamente, não mesmo, antes de sermos qualquer coisa, éramos amigos.
-Garotinha chata. – ele falou me encarando com um sorriso, eu lhe mostrei a língua.
Agora que eu sabia que o Wooyoung odiava aquela música...
-Ela já não tinha acabado? – ele me encarou enquanto tomávamos sorvete.
-O que? – perguntei me fingindo de boba.
-Essa música imbecil.
-Eu coloquei para repetir. – falei simplesmente enquanto comia meu sorvete de limão.
-Eu já te disse que você é insuportável?
-Hoje? Não.
Todos ao nosso redor sorriam nos encarando.
-Então você é.
-Não mais que você.
Ficamos nos encarando, todos começaram a rir exceto a Júlia que não fazia ideia do que estava havendo.
-Acho que vou pedir uma água. – ela falou encarando o café que estava em sua mesa, o engraçado era que todos nós tomávamos sorvete, menos o San que pediu um milkshake, acho que por medo do sorvete dele vir com uma colher e a Júlia que preferiu um café expresso gigante.
Quando ela levantou o braço para pagar a água que o garçom estava trazendo, sua mão bateu no café que de imediato virou derramando tudo. Na mesa? Claro que não, no coitado do Yeosang.
-Ai! – ele gritou dando um pulo da cadeira e ficando de pé. – está quente, tá queimando, tá queimando.
O coitado pulava de um lado para o outro da sorveteria, nós apenas o encarávamos e riamos da cena, quer dizer, a maioria de nós, pois a coitada da Júlia ficou de pé em um salto e se aproximou dele tentando ajudar.
-Me desculpe. - ela repetia enquanto tentava fazer com que Yeosang parasse de saltitar pela sorveteria.
-É a segunda vez que me machuca hoje, caramba isso é tentativa de homicídio, se quer se livrar de mim me avisa.
Todos começaram a rir com mais intensidade, Júlia não pareceu gostar muito da brincadeira. Ela simplesmente se virou para a mesa, pegou a água que o garçom trouxera e jogou em cima do Yeosang, todos ficaram parados olhando. Ela era meio doida.
-Pronto. –ela falou firme quando ele parou encarando-a. – não está mais queimando, pode parar de saltitar agora.
Yeosang ficou paralisado olhando-a enquanto Júlia voltava a se sentar do lado do San e encarava o garçom.
-Por favor, mais uma água e mais um expresso grande.
-Dois! – Wooyoung se manifestou. – eu quero um também.
O garçom fez um gesto positivo com a cabeça enquanto se dirigia de volta ao balcão, Yeosang encarou as costas da Júlia mais uma vez antes de sentar.
-Acho que está todo mundo pirando. – San comentou e Luiza que estava sentada próxima a ele o encarou.
-Pois é, cada dia que passa eu acho que esse pessoal fica mais louco.
San sorriu encarando-a, ela ficou tímida subitamente e baixou os olhos.
-Quer mais alguma coisa Isabela? – Woozi a encarou e ela sorriu olhando-o nos olhos, hoje ele estava particularmente bonito o que a fez se sentir uma garota sortuda por tê-lo por perto.
-Não meu amor, não quero. – ela falou sorrindo, segurando o rosto dele e lhe dando um beijo delicado.
Eu fiquei olhando a cena e meu olhar desviou diretamente para o Wooyoung que também olhava o casal a nossa frente. Como eu queria fazer com ele exatamente a mesma coisa, mas ainda era cedo demais.
-Desculpem o atraso. – a voz do Hongjoon me fez virar de imediato para a porta da sorveteria, mas a reação não foi apenas minha, Isabela se assustou tanto ao ouvir a voz dele que soltou rápido o rosto do Woozi.
-Oi, os meninos disseram que você não vinha. – Eduarda falou sorrindo na direção do amigo que tomou a cadeira ao seu lado.
-Pois é, pensei melhor e resolvi vir.
Hongjoon estava vestido tipicamente como o Hongjoon que todos eram acostumados, um gorro azul na cabeça, casaco de moletom cinza folgado por cima de uma camiseta azul escura, calça preta e tênis brancos.
-Agora é sério, já chega. – Wooyoung falou quando a música no meu celular repetiu pela sei lá, milésima vez assustando todos que ainda encaravam o Hongjoon.
Em um movimento rápido ele pegou o celular da minha mão, tirou a tampa do café que havia pedido e atirou meu celular dentro do copo, eu fiquei sem reação apenas observando a cena.
-Uhhhh. – os meninos falaram já prevendo o desastre que sairia daquilo.
-Wooyoung meu celular! – falei encarando-o, ele sorriu.
-Eu te pedi para tirar essa música idiota. – ele falou por fim.
Eu o encarei, eu estava com vontade de matar o Wooyoung naquele segundo, mas quando olhei dentro dos seus olhos a única coisa que consegui fazer foi pegar meu sorvete, esfregar na cara e nos cabelos dele e depois virar o copo de café em cima da cabeça dele.
Todos ficaram de pé se afastando da mesa com medo de se sujarem, Wooyoung permaneceu com os olhos fechados enquanto café e sorvete se misturavam escorrendo pelo seu rosto.
-Isso não vai ficar assim Thais. – ele falou ainda com os olhos fechados. Eu sorri.
-Está me devendo um celular.
Ele abriu os olhos e me encarou, meu coração acelerou esperando o que viria a seguir, várias coisas passaram pela minha cabeça, mas nenhuma se comparava ao que ele fez.
Wooyoung simplesmente me puxou e começou a beijar meu rosto em diferentes partes, espalhando sorvete e café por todos os lados
-WOOYOUNG! – enfim consegui me recuperar e empurrá-lo, eu estava toda suja quando nos afastamos, ele me olhou com um sorriso.
-Eu disse que ia me vingar.
-Imbecil. – falei dando um tapa no braço dele.
Quando olhei ao redor todos os nossos amigos riam da cena, quer dizer nem todos, Hongjoon estava paralisado nos encarando como se não acreditasse naquilo e Júlia nos olhava estranho.
-Volto em um minuto. – Hongjoon falou seguindo na direção da porta.
-Hongjoon! – Isabela chamou e todos a encararam, Eduarda a olhou com uma cara de poucos amigos, ela deu de ombros e voltou a sentar, Woozi olhou dela para o Hongjoon que seguia sorveteria afora e balançou a cabeça.
Isabela ficou olhando na direção da porta da sorveteria, Hongjoon estava lá de pé, fumando.
-Se quiser ir até lá não há nada que te prenda aqui. – a voz do Woozi a fez virar o rosto e encará-lo com espanto.
-Do que está falando?
-Estou falando de ir até ele. – Woozi falou ao ouvido dela. – de que adianta você ficar aqui se sua mente está lá do lado de fora com ele e aquele maldito cigarro?
Isabela o encarou, ela não acreditava que estava ouvindo aquilo, Woozi sempre fora tão calmo.
-Licença. – ele falou ficando de pé.
-Você já vai? – Wooyoung o encarou ainda com o rosto todo sujo.
-Sim. – foi tudo o que ele falou.
Eduarda encarou a Isabela que olhou para a amiga visivelmente perdida.
-Vai atrás dele! – Eduarda mandou.
Isabela pareceu perdida de inicio, mas ficou de pé e correu na direção do Woozi que já estava praticamente do outro lado da rua. Quando ela passou pelo Hongjoon na calçada diminuiu o passo encarando-o, ele deu uma tragada profunda no cigarro e soprou a fumaça olhando na direção da mesa onde eu e Wooyoung conversávamos e riamos, Isabela baixou o olhar e seguiu agora com determinação na direção do Woozi.
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